Você está na página 1de 17

TEORIA JURÍDICA DO DIREITO PENAL

INFRAÇÕES PENAIS

Prof.ª Ana Beatriz Klaim


Pós-graduada em Direito Público
Advogada OAB/PA nº 31.633
INFRAÇÃO PENAL: Ato ou efeito de infringir, violar uma lei,
ordem ou tratado.

• Elementos das infrações penais:


a) Tipicidade
b) Antijuridicidade/Ilicitude
c) Culpabilidade

• Conceitos das infrações penais:


a) Formal: típico e antijurídico
b) Material: efetiva lesão a um bem jurídico
c) Analítico: típico, antijurídico e culpável

• Espécies de infrações penais:


a) Crimes ou delitos
b) Contravenções
• Conceito de Crime:

Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal (DEL


3914/41):

“Considera-se crime a infração penal a que a lei comina


pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente,
quer alternativa ou cumulativamente com a pena de
multa”.

• Aos crimes, a lei comina as seguintes penas:

a) Reclusão
b) Reclusão e multa
c) Reclusão ou multa
d) Detenção
e) Detenção e multa
f) Detenção ou multa
• Conceito de Contravenção:

Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal (DEL


3914/41):

“Considera-se contravenção, a infração penal a que lei


comina, isoladamente, pena de prisão simples ou multa,
ou ambas, alternativa ou cumulativamente”.

• Para as contravenções, a lei comina as penas de:

a) Prisão simples
b) Prisão simples e multa
c) Prisão simples ou multa
d) Multa
• DIFERENÇAS ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO:
• Sujeitos da infração penal:

Sujeito ativo: autor do delito


Sujeito passivo: vítima do delito

• Objetos da infração penal:

Objeto jurídico: é o bem ou interesse que a norma penal


tutela. É o bem jurídico, que se constitui em tudo o que é
capaz de satisfazer as necessidades do homem, como a
vida, a integridade física, a honra, o patrimônio, etc.

Objeto material: é a pessoa ou coisa sobre que recai a


conduta do sujeito ativo, como o homem vivo no homicídio,
a coisa no furto, o documento na falsificação
• Classificação doutrinária de crimes:

1- Crime instantâneo: é aquele cuja consumação ocorre em


um só instante, sem continuidade temporal.
Ex: Estupro (Art. 213/CP)

2- Crime permanente: é aquele cujo momento consumativo se


prolonga no tempo por vontade do agente.
Ex: Cárcere Privado (Art. 148/CP)

3- Crime comissivo: aquele praticado através de uma ação.


Ex: Furto (Art. 155/CP)
4- Crime omissivo: aquele que ocorre quando o agente deixa
de praticar alguma ação.
Ex: Omissão de Socorro (Art. 135)

5- Crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão: é


aquele em que o agente, por uma omissão inicial, dá causa
a um resultado posterior, que tinha o dever jurídico de
evitar.
Ex: A mãe, que tinha o dever jurídico de alimentar seu filho,
deixa de fazê-lo, provocando a morte da criança.

6- Crimes materiais: são aqueles em relação aos quais a lei


descreve uma ação e um resultado, exige a ocorrência
deste para que o crime esteja consumado.
Ex: Estelionato (Art. 171/CP)
7- Crimes formais: são aqueles em relação aos quais a lei
descreve uma ação e um resultado, mas a redação do
dispositivo deixa claro que o crime consuma-se no
momento da ação, sendo o resultado mero exaurimento do
delito.
Ex: Extorsão mediante sequestro (Art. 159/CP)

8- Crimes de dano: são aqueles que pressupõem uma efetiva


lesão ao bem jurídico tutelado.
Exs: Homicídio, furto, etc.

9- Crimes de perigo: são os que se consumam com a mera


situação de risco a que fica exposto o objeto material do
crime.
Exs: Periclitação da vida e da saúde (Art. 132/CP), porte de
arma (Art. 14 da Lei nº 10.826/03), etc.
10- Crimes comuns: são aqueles que podem ser praticados
por qualquer pessoa.
Exs: Furto, roubo, homicídio, etc.

11- Crimes próprios: são os que só podem ser cometidos por


determinada categoria de pessoas, por exigir o tipo penal
certa qualidade ou característica do sujeito ativo.
Exs: Infanticídio (Art. 123/CP), corrupção passiva (Art.
317/CP), etc.

12- Crimes de mão própria: são aquele cuja conduta descrita


no tipo penal só pode ser executada por uma única pessoa
e, por isso, não admitem co-autoria.
Exs: Falso testemunho (Art. 342/CP)
13- Crimes principais: são aqueles que não dependem de
qualquer outra infração penal para que se configurem.
Ex: Furto

14- Crimes acessórios: são aqueles que pressupõem a


ocorrência de um delito anterior.
Ex: Receptação (Art. 180/CP)

15- Crimes simples: protegem um único bem jurídico.


Ex: Homicídio (Art. 121/CP)

16- Crimes complexos: surgem quando há fusão de dois ou


mais tipos penais, ou quando um tipo penal funciona como
qualificadora de outro. Nesses casos, a norma penal tutela
dois ou mais bens jurídicos.
Ex: Latrocínio (Art. 157, § 3º/CP)
17- Crimes progressivos: ocorrem quando o sujeito, para
alcançar um resultado mais grave, passa por um crime
menos grave.
Ex: um sujeito, desejando matar vagarosamente a vítima, vai
lesionando-a de modo cada vez mais grave, até a morte.

18- Crime putativo: dá-se quando o agente imagina que a


conduta por ele praticada constitui crime, mas, em verdade,
é um fato atípico.

19- Crime falho: ocorre quando o agente percorre o iter


criminis, mas não consegue consumar o crime por
circunstâncias alheias à sua vontade. É também chamado
de tentativa perfeita.

20- Crimes vagos: são os que têm como sujeito passivo


entidades sem personalidade jurídica, como família, a
sociedade, etc.
Ex: Aborto com consentimento da gestante (Art. 124/CP)
21- Crime privilegiado: quando o legislador, após a descrição
do delito, estabelece circunstâncias com o condão de
reduzir a pena.
Ex: Art. 121, § 1°/CP

22- Crime qualificado: quando a lei acrescenta circunstâncias


que alteram a própria pena em abstrato para patamar mais
elevado.
Ex: Art. 121, § 2º/CP

23- Crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado: são


aqueles em relação aos quais a lei descreve várias
condutas (possui vários verbos), separadas pela conjunção
alternativa “ou”. Nesses casos, a prática de mais de uma
conduta, em relação à mesma vítima, constitui crime único.
Ex: Participação em suicídio (Art. 122/CP)
24- Crimes de ação livre: são aqueles que podem ser
praticados por qualquer meio de execução, uma vez que a
lei não exige comportamento específico.

25- Crimes de ação vinculada: são aqueles em relação aos


quais a lei descreve o meio de execução de forma
pormenorizada.
Ex: Maus-tratos (Art. 136/CP)

26- Crime habitual: é aquele cuja caracterização pressupõe


uma reiteração de atos, sendo apenas uma ação isolada
não é suficiente para configurar o delito.
Ex: Curandeirismo (Art. 284/CP).
27- Crimes conexos: a conexão pressupõe a existência de
pelo menos duas infrações penais, entre as quais exista um
vínculo qualquer. Por consequência, haverá a exasperação
da pena e a necessidade de apuração dos delitos em um
só processo. As hipóteses de conexão estão descritas no
art. 76 do Código de Processo Penal.

28- Crimes a distância: são aqueles em relação aos quais a


execução ocorre num país e o resultado em outro.

29- Crimes plurilocais: são aqueles em que a execução ocorre


em uma localidade e o resultado em outra, dentro do
mesmo país.
30- Crime plurissubsistente: é aquele cuja ação é
representada por vários atos, formando um processo
executivo que pode ser fracionado e, assim, admite
tentativa.
Ex: Homicídio

31- Crime doloso (art. 18, I do CP): é aquele cujo agente tem
vontade de realizar a conduta e produzir o resultado.

32- Crime culposo: (art. 18, II do CP): é aquele cujo agente


não quer e nem assume o risco de produzir o resultado,
mas a ele dá causa por imprudência, negligência ou
imperícia.
33- Crime consumado (art. 14, I do CP): é aquele que ocorre
quando reúne todos os elementos do tipo incriminador.

34- Crime tentado (art. 14, II do CP): é aquele que ocorre


quando o agente inicia a execução mas não consegue
consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade.

35- Crime impossível (art. 17 do CP): é aquele cuja conduta


do agente jamais poderia levar o crime à consumação, quer
pela ineficácia absoluta do meio, quer pela impropriedade
absoluta do objeto. É também chamado de quase-crime.

Você também pode gostar