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Colenda Comissão Processante

Excelentíssimo Presidente da Comissão Processante Vereador Leandro Sérgio


Bezerra
Processo de Cassação: Denúncia 04/2023

Fábio Luiz Andrade, brasileiro, casado, Prefeito do Município de Porecatu,


portador do RG n. 6.605.256-7, inscrito no CPF sob o n. 004.411.199-13, residente e
domiciliado na Travessa Vereador Henrique Vidal, 48, em Porecatu, Estado do Paraná
por meio de seu advogado, dirige-se, respeitosamente, a Vossas Excelências, com
fundamento no artigo 5º, XXXIV, alínea a, da CF/88, e art. 5º, inciso III, do Decreto
201/1967 para apresentar Defesa Prévia em relação à Denúncia n. 04/2023
apresentada por José Roberto Esposti, o que faz nos termos que seguem.

I. Resumo da Denúncia

1. Trata-se o presente feito de denúncia por suposta infração político-


administrativa apresentada por José Roberto Esposti em face do denunciado, Prefeito
do Município de Porecatu, sob os seguintes fundamentos: (i) o loteamento São Miguel
teria sido aprovado pelo Decreto 02-22, em sua segunda parte, contrariando o disposto
no art. 7º, da Lei 1.266/2007, pois, deixou de oferecer à municipalidade área para fins
de equipamento urbano, para construção escolas, postos de saúde ou outro bem, visando
à melhoria nos bairros, bem como área para praça; (ii) a área deveria ser doada ao
Município de Porecatu e não incorporada ao Patrimônio da Demori, enriquecendo
ilicitamente o loteador.

2. Afirmou, por isso, que o denunciado incorreu na prática das infrações prevista
no art. 4º, incisos VII e VIII, do Decreto-lei 201/1967.

3. Requereu, então, abertura de processo para cassação do mandato eletivo do


Prefeito

II. Da Improcedência da Denúncia

4. Conforme adiante será esclarecido, a Denúncia 04/2023 deve ser julgada


improcedente, com a absolvição do denunciado.

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5. O denunciante afirmou que o denunciado teria incorrido na prática das
condutas descritas no art. 4º, incisos VII e VIII, do Decreto-lei 201/1967:

Art. 4º São infrações político-administrativas dos Prefeitos Municipais sujeitas ao


julgamento pela Câmara dos Vereadores e sancionadas com a cassação do mandato:
VII - Praticar, contra expressa disposição de lei, ato de sua competência ou omitir-se na
sua prática;
VIII - Omitir-se ou negligenciar na defesa de bens, rendas, direitos ou interesses do
Município sujeito à administração da Prefeitura;

6. Alegou na denúncia, basicamente, que a segunda parte do loteamento São


Miguel foi aprovado com irregularidades, pois, deixou de dar a destinação prevista no
art. 7º, da Lei 1.266/2007, em seu inciso I, alíneas “a” e “b”, e inciso II.

7. Ocorre que tal alegação é totalmente infundada. O loteamento São Miguel


passou por toda a tramitação legal exigida para sua aprovação e o imóvel matriculado
sob o n. 17.765 do CRI de Porecatu foi devidamente destinado ao Município como
área institucional de 19.734,18 m2.

8. Segundo o Projeto de Loteamento aprovado, nenhuma irregularidade


apontada pela denúncia tem fundamento. A área pública está de acordo com o inciso
II do art. 7º da Lei 1.266/2077, ao passo que, como dito, o a área institucional doada

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ao Município para a implantação de equipamentos urbanos é de 9,18%, isto é, superior
ao mínimo legal de 7% do inciso I, a da Lei 1.266/2077. A área destina à construção
de praças encontra-se contemplada na área institucional doada ao Município.

9. É o que se infere do projeto de loteamento aprovado, nos termos do quadro


abaixo resumido:

10. Portanto, não há nada de ilegal na aprovação do loteamento. Pelo contrário,


cumpre registrar que quando o denunciado assumiu a gestão do Município de
Porecatu, deixada pelo ex-Prefeito Walter Tenan, encontrou a situação do loteamento
São Miguel – que antes era o Loteamento Monte Cristo – totalmente desorganizada e
com diversas irregularidades e ilicitudes que serão devidamente apuradas pelas
autoridades competentes, mas que teve de sanar, para que fosse, de fato, regularizado
o procedimento.

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11. Além do mais, não bastasse a inexistência de qualquer ilegalidade na
aprovação do loteamento, mesmo que ela existisse – o que se admite para argumentar
– deve ser levado em consideração que o Prefeito foi eleito pelo voto popular, razão
pela qual o presente procedimento que pode levar à cassação de seu mandato deveria
estar respaldado em prática induvidosa e grave de infração político-administrativa,
que testemunhe contra o seu mandato, o que não é o caso aqui.

12. Eventual cassação do mandato do Prefeito, certamente, feriria o princípio


da proporcionalidade, que precisa ser observado nas decisões em âmbito
administrativo, inclusive, as de natureza política, de modo que é necessária a
manutenção de seu direito legítimo de exercer o mandato, sob pena de violação ao
princípio da proporcionalidade, visto que da narrativa da denúncia, de modo algum é
possível se concluir pela aplicação de penalidade tão grave ao denunciado, aa partir,
ainda que em tese, de uma mera irregularidade.

13. Desse modo, é absolutamente improcedente a denúncia, devendo ser


arquivada de plano ou, na remota hipótese de prosseguimento, o denunciado deve
ser absolvido, tendo em vista a inexistência de infração político-administrativa
cometida pelo denunciado.

III. Pedido

14. Diante de todas as considerações expostas, requer:

(i) preliminarmente, o arquivamento das Denúncia 04/2023 por ser


absolutamente improcedente, nos termos da fundamentação;

(ii) na remota hipótese de não se decidir pelo seu arquivamento, seja a Denúncia
04/2023 declarada improcedente pelo Plenário, com a absolvição do denunciado.

15. Requer, por fim, a produção das provas em direito admitidas, especialmente,
a juntada dos documentos que seguem acostados, bem como a oitiva de testemunhas
cujo rol segue:

(i) JAIR DEMORI JUNIOR, portador do RG n. 6544861-7, e inscrito no CPF/MF sob o n.


018.485.159-95, residente e domiciliada na rua Tiradentes, 631, Centro, Cianorte (PR);
(ii) BENEDITO REIS DE OLIVEIRA CAIRES, portador do RG nº 4.919.634-2 PR e inscrito
no CPF/MF693.945.019-15, endereço profissional na rua Barão do Rio Branco, 344, Centro
Porecatu (PR);

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(iii) LUCAS JOSE OLIVEIRA CAIRES PINHEIRO, portador do RG nº 10.090.870-0 PR e
inscrito no CPF/MF nº 082.749.619-27, endereço profissional na rua Arthur Inacio Nunes, nº 39
Vila Iguaçu, Porecatu (PR);
(iv) CLAUDIA APARECIDA DE ARAUJO BUENO, portadora do R.G. nº 22.034.309 SP, e
inscrita no CPF/MF sob o nº 831.846.949-68, residente e domiciliada na Rua Armando
Catenacci, nº19 - Vila Iguaçu – Porecatu-PR;
(v) DEVANIL REGINALDO DA SILVA, Deputado Estadual, podendo ser encontrado na
Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, na Praça Nossa Senhora de Salete, s/n - Curitiba -
PR - 80.530-911;
(vi) ALEXANDRE CURI, Deputado Estadual, podendo ser encontrado na Assembleia
Legislativa do Estado do Paraná, na Praça Nossa Senhora de Salete, s/n - Curitiba - PR - 80.530-
911;
(vii) LUIS FELIPE BONATTO FRANCISCHINI, Deputado Federal, podendo ser encontrado
no Gabinete 265 - Anexo III, da Câmara dos Deputados, Palácio do Congresso Nacional - Praça
dos Três Poderes Brasília - DF - Brasil - CEP 70160-900;
(viii) CARLOS ALBERTO GEBRIM PRETO, Deputado Federal, podendo ser encontrado no
Gabinete 635 - Anexo IV, da Câmara dos Deputados, Palácio do Congresso Nacional - Praça
dos Três Poderes Brasília - DF - Brasil - CEP 70160-900;
(ix) JOSÉ ROBERTO ESPOSTI, brasileiro, divorciado, advogado, portador do RG b.
4.175.584-9 PR, CPF: 754.201.039-49, residente e domiciliado na cidade de Porecatu (PR), na
Rua Amador Parra Gomes, 15, Vila Ferrarezi, CEP 86.160-000;
(x) WALTER TENAN, inscrito no CPF 238.836.269-53, portador do RG 140.999.64 PR,
residente na Rua Julião Barrueco, 14, em Porecatu, Paraná;
(xi) ALEX TENAN, Vereador, inscrito no CPF 008.003.629-50, portador do RG 8853275-9
PR, podendo ser encontrado na Rua Sidney Ninno, 440 Centro, Porecatu, Paraná;
(xii) EDUARDO PRANDINE, brasileiro, agropecuarista, inscrito no CPF sob o n.
039.579.249.52, residente e domiciliado na Rua Souza Naves, 2645, em Londrina, Paraná, CEP:
86.015-430;
(xiii) MARCO AURÉLIO CAVALHEIRO MARCONDES, brasileiro, advogado, inscrito no
CPF sob o n. 033.650.209-50, residente e domiciliado na Rua Caracas, 213, em Londrina, Paraná,
CEP: 86050-070.

Nesses termos, pede deferimento.

Porecatu (PR), 20 de abril de 2024.

Maurício de Oliveira Carneiro


OAB 30.485 PR

Fábio Luiz Andrade

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