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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA

COMARCA DE ... DA ... SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE ....

**PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO DEFICIENTE, nos termos do art. 9º, inciso VII


da Lei 13.146 /2015**

NOME COMPLETO, menor impú bere, nacionalidade, data de nascimento, portador da


cédula de identidade RG nº ... SSP/SP, inscrito no CPF/MF sob nº ..., neste ato
representado por seus genitores NOMES COMPLETOS, nacionalidade, estado civil,
data de nascimento, profissão, portador da cédula de identidade RG nº ...
SSP/SP, inscrito no CPF/MF sob nº ..., ambos residentes e domiciliados na ...,
nº ..., bairro ..., cidade ...., Estado..., CEP:..., por sua advogada e bastante procuradora
infra assinada, conforme Procuraçã o em anexo (DOC.01), com endereço profissional
na ..., nº ..., Bairro..., Cidade... - Estado..., CEP ... e endereço eletrô nico ..., onde deverá
receber intimaçõ es, vem a presença de Vossa Excelência, perante esse juízo federal,
com fulcro no Art. 309 do Código de Processo Civil e na Lei 8.742/93 c/c art. 203
da Constituição Federal, propor a presente:
AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO MENOR
COM DEFICIÊNCIA C/C PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), Autarquia Federal,
na pessoa de seu representante legal, agência localizada na Rua Antô nio Carlos Mori,
189 - Centro, Ourinhos - SP, CEP:19900-080, pelos motivos de fato e razõ es de direito
a seguir aduzidos:
I. DAS PRELIMINARES:
I. I DA TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA:
O Autor é pessoa deficiente, conforme laudo médico colacionado aos autos (DOC.02) e
relató rio de perícia médica realizada pelo INSS (DOC.03), vez que seu diagnó stico
atende a todos os requisitos e conceitos destacados no art. 2º da Lei 13.146 de 2015,
bem como diante do diagnó stico conferido ao mesmo identificando o Transtorno do
Espectro Autista (TEA), nos termos da Lei 12.764 de 2012, art. 1º, § 1º e seus incisos I
e II, o § 2º da mesma Lei que equipara a pessoa com TEA aos efeitos legais da pessoa
com deficiência.
Desta forma, conforme previsã o do art. 9º, inciso VII da Lei 13.146 de 2015, do
Estatuto da Pessoa com Deficiência, o autor faz jus aos benefícios de prioridade na
tramitaçã o processual de procedimentos judiciais e administrativos, em todos os atos
e diligências, bem como nos termos do art. 1.048, inciso I do Có digo de Processo Civil.
I.II DA JUSTIÇA GRATUITA:
Conforme declaraçã o de hipossuficiência em anexo (DOC.4) declaram os
representantes do autor que nã o possuem condiçõ es de arcar com os custos do
processo sem prejuízo de seu sustento e de sua família, declaraçã o está que se
comprova com os comprovantes de gastos e rendimentos colacionados aos autos
(DOC.5), razã o pela qual necessita dos benefícios da justiça gratuita, na forma do art.
98 e seguintes do CPC e do inciso LXXIV do artigo 5º da CF/88.
I.III DA TUTELA ANTECIPADA EM CARÁTER ANTECEDENTE (ART. 303 DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL):
De acordo com a previsã o do art. 303 do Có digo de Processo Civil, em casos de
urgência no deferimento do pedido da lide, poderá o autor requerer a antecipaçã o do
pedido, se comprovado que há perigo de dano ou risco ao resultado ú til do processo,
portanto, conforme se extrai da aná lise fá tica da presente açã o e da carga probató ria
colacionada aos autos é possível compreender a necessidade da concessã o da referida
tutela, vejamos:
• DO FUMUS BONI IURIS
Com base no diagnó stico aplicado no relató rio pericial do INSS, o relató rio médico do
neuropediatra e a avaliaçã o multidisciplinar da APAE, resta evidente que o autor é
acometido do Transtorno do Espectro Autista (TEA), o que atende aos requisitos da
Lei 8.742/93 – Lei Orgâ nica da Assistência Social – LOAS, para a concessã o do
benefício, conforme previsto em seu art. 20:
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo
mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais
que comprovem nã o possuir meios de prover a pró pria manutençã o nem de tê-la
provida por sua família.
§ 2o Para efeito de concessã o do benefício de prestaçã o continuada, considera-se
pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais
barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condições com as demais pessoas.
(GRIFO)
Desta forma, de acordo com os diagnó sticos fornecidos resta comprovada a condiçã o
de deficiente do autor, ainda considerando o que prevê o Estatuto da Pessoa com
Deficiência combinado com a Lei do Autismo, ratificam que o autor deve ser
considerado como deficiente nos termos da Lei e ter seu benefício concedido por força
de Lei, vejamos o que as referidas legislaçõ es em comento descrevem sobre o conceito
de deficiente:
Lei 13.146 de 2015- Estatuto da Pessoa com Deficiência
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interaçã o com
uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participaçã o plena e efetiva na sociedade em
igualdade de condiçõ es com as demais pessoas.
Lei 12. 764 de 2012 – Lei do Autismo
Art. 1º § 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro
autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes
incisos I ou II:
I - deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicaçã o e da interaçã o
sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicaçã o verbal e nã o verbal
usada para interaçã o social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver
e manter relaçõ es apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;
II - padrõ es restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades,
manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por
comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrõ es de
comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.
§ 2º A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com
deficiência, para todos os efeitos legais.
• DO PERICULUM IN MORA
No que se refere ao periculum in mora resta evidenciado em razã o da necessidade de
cuidados especiais ao tratamento do autor, a indisponibilidade dos tratamentos na
rede SUS, tanto dos medicamentos como das terapias necessá rias e ainda a falta de
cobertura do plano de saú de, devido seu diagnó stico o menor necessita de 10 a 20 de
horas de terapias de Fonoaudiologia, Terapias Ocupacionais, Acompanhamento por
psicó logos, psiquiatra, medicamentos controlados e alimentaçã o especial, todos esses
cuidados demandam custos excessivos a família, comprometendo muito além de sua
renda.
A família do autor é composta de mais 4 (quatro) irmã os, sendo que um deles também
possui deficiência e a necessidade de cuidados especiais e alimentaçã o especial, o pai
é o ú nico provedor da família que trabalha e recebe um salá rio mensal fixo totalmente
insuficiente para o pagamento dos atendimentos médicos e alimentaçã o, pois além
desses gastos a família mora de aluguel e até já se valeu de empréstimos para poder
suprir as despesas bá sicas, o que nã o foi possível honrar os pagamentos devido o
comprometimento da renda.
Diante dessa situaçã o, resta evidente que a ausência do benefício a família atinge
direitos e garantias fundamentais do autor, pois seu direito a uma existência digna,
acesso a saú de, educaçã o e sua proteçã o como criança de uma vida minimamente
humana está comprometida devido a situaçã o financeira de sua família, além da
necessidade de proteçã o especial em razã o das desigualdades que sua deficiência o
coloca do convívio em sociedade.
Por fim, diante do que resta comprovado nos autos, verifica-se a presença do
fumus boni iuris e do periculum in mora, requisitos que ensejam a concessão da
liminar inaudita altera pars, pois a cada dia avançado na situação enfrentada é
um dia a menos no progresso de seu tratamento e da continuidade do mesmo,
pois a família está em situação de superendividamento, não tendo mais ao que
recorrer, se não a depender de novos empréstimos e doações para sua
subsistência.
II - DOS FATOS:
A Autora, mã e do requerente, requereu junto a Autarquia Previdenciá ria em ..., a
concessã o do benefício ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA BCP, benefício
de nº ..., que foi INDEFERIDO, o motivo alegado pelo INSS foi que a doença que atinge
o requerente nã o se enquadra nos critérios de deficiência para acesso ao BCP-LOAS
determinado no Art. 20, §§ 2º e 10º da Lei 8.742/93, conforme relató rio do processo
administrativo em anexo (DOC.6).
No entanto, os documentos carreados nos autos demonstram que o Autor é acometido
pelo TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO (TEA), (CID-11:6A02), (CID-10:
F84.0), diagnó stico baseado nos critérios do DSM-V pelo neuropediatra que o
acompanha desde o nascimento, que em decorrência desta enfermidade ele possui
limitaçã o do desempenho das atividades compatíveis com a sua idade, restringindo a
participaçã o social e prejudicando sua inserçã o no mercado de trabalho, futuramente.
Ainda, analisando os documentos acostados nos autos, observa-se que o pró prio
relató rio da perícia realizada pelo INSS foi diagnosticado que o indicador de
impedimentos a longo prazo existe, a avaliaçã o de fatores ambientais foi
diagnosticada como de nível “GRAVE”, bem como sua avaliaçã o de atividades e
participaçõ es também foi qualificada como de nível “GRAVE”, de modo que o pró prio
relató rio do INSS já comprova que o autor atende aos requisitos da Lei 8.742 /93.
No que se refere ao requisito de vulnerabilidade social, conforme se comprova nos
documentos colacionado aos autos verifica-se que o autor vive em situaçã o de risco e
vulnerabilidade social, eis que a renda total é insuficiente para promover a
subsistência da família com dignidade, demonstrando, assim, o estado de miséria em
que se encontra.
Por esses motivos, a concessã o do benefício pretendido se faz imperativa.
Síntese sobre as condições pessoais do autor:
1.Doença/enfermidade
Transtorno do espectro do autismo (TEA) (CID-11:6A02), (CID-10: F84.0)
2.Limitações decorrentes da moléstia
Atraso na linguagem receptiva, expressiva e pragmática;
Hipersensibilidade a barulhos, texturas, mudança de rotina, reagindo com
gritos e choro
Movimentos estereotipados (Flapping)
Dificuldades em manter e realizar contato visual
Falta de interação social
Hábito deletério de mamadeira e chupeta
Sistema estomatognático comprometido
Anda na ponta de pés
Não aponta
Usa dos adultos como instrumentos
Não atende quando chamado
Explora meio e objetos sem funcionalidade
III - DO DIREITO:
III.I DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA:
O direito a seguridade social é garantido e conceituado no Art. 194 da Constituiçã o
Federal de 1988, conforme destacado a seguir:
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de açõ es de
iniciativa dos Poderes Pú blicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
A seguridade social é a resposta e o dever do Estado para com a sociedade destinada a
suprir as necessidades econô micas sociais, sofridas em decorrência da reduçã o
substancial de rendimentos motivados por enfermidades, invalidez, riscos do
trabalho, desemprego, velhice, maternidade ou morte.
É dever do Estado garantir o direito a saú de, alimentaçã o, previdência social, proteçã o
a infâ ncia, assistência aos desamparados, e a todo brasileiro em situaçã o de
vulnerabilidade social, conforme previsã o do art. 6º, caput e Pará grafo ú nico da
Constituiçã o Federal.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá
direito a uma renda básica familiar, garantida pelo poder público em programa
permanente de transferência de renda, cujas normas e requisitos de acesso
serão determinados em lei, observada a legislação fiscal e orçamentária.
Considerando que o direito a seguridade social é capaz de suprir e garantir o mínimo
social, estamos diante de um direito inviolá vel e fundamental que é a proteçã o da
dignidade da pessoa humana, pois o mínimo social sã o garantias que proporcionam ao
cidadã o uma existência digna, suprindo suas necessidades vitais amparadas pelo art.
5º e 6º da Constituiçã o Federal.
O Benefício Assistencial, que foi negado ao autor de forma arbitrá ria e completamente
contraditó rio aos documentos acostados nos autos e fundamentaçã o do Laudo
Pericial, encontra amparo na Constituiçã o Federal, sendo uma garantia constitucional
ao cidadã o, presente no artigo. 203, inciso V, da Carta Magna, vejamos:
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I - a proteçã o à família, à maternidade, à infâ ncia, à adolescência e
à velhice;
II - o amparo à s crianças e adolescentes carentes;
III - a promoçã o da integraçã o ao mercado de trabalho;
IV - a habilitaçã o e reabilitaçã o das pessoas portadoras de deficiência e a promoçã o de
sua integraçã o à vida comunitá ria;
V - a garantia de um salá rio mínimo de benefício mensal à
pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem
nã o possuir meios de prover à pró pria manutençã o ou de tê-
la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
A referida proteçã o constitucional foi regulamentada pela Lei 8.742/93 – Lei Orgâ nica
da Assistência Social - LOAS (regulamentado pelo Anexo do Decreto nº 6.214/07) no
artigo 20, 21 e 21-A e demais normas aplicá veis.
No que concerne aos requisitos para obtençã o do benefício, sua concessã o é destinada
para pessoas deficientes ou idosas (idade igual ou superior a 65 anos) que nã o
possuem condiçõ es de prover o pró prio sustento por seus pró prios meios, nem de tê-
lo provido pelo nú cleo familiar, vivendo em estado de pobreza/necessidade.
Sendo assim, para concessã o nã o é preciso que o requerente tenha contribuído para o
INSS, bastando que este preencha os requisitos previsto em lei.
No caso em tela, o autor é atualmente acometido pelo Transtorno de Espectro autista
(TEA), conforme se verifica no Relató rio Diagnó stico apresentado por seu
Neuropediatra em anexo (DOC.2) e ainda se comprova pela avaliaçã o da perícia
realizada pelo Réu em anexo (DOC.3), vez que foi diagnosticado pelos critérios de
fator ambiental e avaliaçã o do nível de interaçã o com atividades e participaçõ es
sociais em nível GRAVE, além do reconhecimento de que seus indicadores de
impedimentos classificados como de longo prazo, de modo a satisfazer o critério de
deficiência previstos no art. 20 da Lei nº 8.742/1993, §§ 2º e 10º, conforme vemos
abaixo:
Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo
mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais
que comprovem nã o possuir meios de prover a pró pria manutençã o nem de tê-la
provida por sua família. (Redaçã o dada pela Lei nº 12.435, de 2011) (Vide Lei nº
13.985, de 2020)
[...]
§ 2o Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada, considera-
se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma
ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
em igualdade de condições com as demais pessoas. (Redaçã o dada pela Lei nº
13.146, de 2015) (Vigência)
[...]
§ 10. Considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do § 2o deste artigo,
aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº
12.470, de 2011)
[...] (grifado)
III.II DO DIAGNÓSTICO DE TEA (TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA):
Em acompanhamento de rotina no pediatra o autor foi encaminhado para
atendimento junto ao Neuropediatra devido a suspeita do diagnó stico de TEA
(Transtorno do Espectro Autista), diagnó stico esse que foi identificado desde a
primeira consulta com o Neuropediatra em DATA ..., aos 2 anos e 1 mês de idade do
autor, conforme relató rio em destaque abaixo:
COLAR IMAGEM SE HOUVER DO DIAGNÓSTICO
Diante do diagnó stico fornecido pelo Neuropediatra, o autor foi avaliado pela equipe
multidisciplinar da APAE DATA ... que também confirmou o diagnó stico e tem
acompanhado seu tratamento até o presente momento, conforme comprovaçã o em
anexo (DOC.7).
De acordo com o que é comprovado nos autos através dos diagnó sticos e relató rios
médicos é possível compreender de que maneira a deficiência do autor afeta
significativamente seu desenvolvimento, comprovando que seu desempenho é
completamente diferente das crianças da sua idade, afetando diretamente suas
atividades diá rias, bem como sua futura inserçã o no mercado de trabalho que resta
prejudicada.
Tal transtorno afeta diretamente a comunicaçã o daquele atingido, dado que há a
existência de vícios linguísticos repetitivos e bloqueios para iniciar uma conversa,
dessa forma, o convívio no meio social é muito prejudicado, visto a falta de
discernimento do deficiente em reconhecer e expressar emoçõ es.
Durante seu dia a dia, aquele que possui esse transtorno geralmente nã o é adepto a
mudanças rotineiras, nem tã o pouco possui interesse por coisas diferentes, tendo
como diagnó sticos o costume de obter pensamentos, açõ es e padrõ es repetitivos e
restritos.
De acordo com especialistas, existe também uma sensibilidade sensorial que pode
provocar irritaçõ es com o toque ou a falta dele, visto que a deficiência acomete
diretamente o desenvolvimento neuroló gico do menor de idade, que se associam no
presente e futuramente em seus relacionamentos sociais.
Dessa forma, é evidente a caracterizaçã o de deficiência nos moldes da legislaçã o
supramencionada no tó pico acima, no que diz respeito á “impedimento de longo prazo
de natureza...mental, intelectual ou sensorial”, dado que nã o existe uma previsã o de
alta de tratamento, já que o autismo nã o possui cura.
Vale ressaltar a Lei 12.764/2012, que discorre sobre a Política Nacional de Proteçã o
dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, dispõ e que: (grifado)
Art. 1º Esta Lei institui a Política Nacional de Proteçã o dos Direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua consecuçã o.
§ 1º Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro
autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos
seguintes incisos I ou II:
I - Deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicaçã o e da interaçã o
sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicaçã o verbal e nã o verbal
usada para interaçã o social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver
e manter relaçõ es apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;
II - Padrõ es restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades,
manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por
comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrõ es de
comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.
§ 2º A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com
deficiência, para todos os efeitos legais.
[...]
Art. 3º São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista:
[...]
IV - o acesso:
[...]
d) à previdência social e à assistência social.
Excelência é INCOMPREENSÍVEL que a Autarquia previdenciá ria tenha deixado de
conceder o benefício a Autora, pois entendeu que o requerente nã o se enquadra numa
deficiência que cause algum tipo de impedimento a longo prazo, sendo que seu
pró prio relató rio de perícia indica o contrá rio, complemente contraditó rio a negativa
do benefício, sem considerar os laudos médicos e acompanhamento que o autor é
submetido até o presente momento, conforme já comprovado aos autos.
Tendo em vista que a legislaçã o correlata ao caso em comento, se mostra
inegavelmente favorá vel a implementaçã o do benefício requerido, vejamos os
entendimentos dos tribunais que discutem quanto a concessã o do BENEFÍCIO
ASSISTENCIAL Á PESSOA COM DEFICIÊNCIA, que envolva um menor de idade com
autismo:
E M E N T A BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. PORTADOR DE DEFICIÊNCIA.
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA. RECEBE PENSÃ O ALIMENTÍCIA DO
GENITOR. RENDA PER CAPITA INFERIOR A ½ SALÁ RIO-MÍNIMO. SITUAÇÃ O DE
HIPOSSUFICIÊ NCIA DEMONSTRADA. PREENCHIMENTO DE AMBOS OS REQUISITOS
LEGAIS. REFORMA SENTENÇA. CONCEDE TUTELA.
1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora, em face da sentença que julgou
improcedente o pedido, em razã o da ausência da miserabilidade da parte autora.
2. No caso em tela, a renda familiar é proveniente da pensã o alimentícia paga pelo
genitor, ainda assim, a renda per capita é inferior a ½ salá rio-mínimo.
3. Laudo socioeconô mico demonstra a precariedade da residência e a vulnerabilidade
do grupo familiar.
4.Recurso da parte autora provido.
(TRF3, Recurso Inonimado Cível/sp: 0015228-70.4.03.6301, 14ª Turma Recursal da
Seçã o Judiciá ria de Sã o Paulo, Data de Julgamento: 14/03/2022, Relator MARCELLE
RAGAZONI CARVALHO)
E M E N T A BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LOAS. PESSOA COM DEFICIÊ NCIA. MENOR
IMPÚ BERE. SÚ MULA 80 DA TNU. CONDIÇÃ O COMPROVADA. PERÍCIAS MÉ DICA E
SOCIAL. TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA. EXIGÊNCIA DE GRANDE
DEDICAÇÃO DA MÃE. MISERABILIDADE. RENDA PER CAPITA INFERIOR À METADE
DO SALÁ RIO MÍNIMO. CASA CEDIDA EM CONDIÇÕ ES SIMPLES COM MÓ VEIS APENAS
ESSENCIAIS. INTERVENÇÃ O DO PODER PÚ BLICO QUE SE JUSTIFICA.
(TRF3, Recurso Inonimado Cível: 5014696-11.2020.4.03.6183, 15ª Turma Recursal da
Seçã o Judiciá ria de Sã o Paulo, Data de Julgamento: 25/02/2022, Relator: LUCIANA
JACO BRAGA)
E M E N T A ASSISTÊ NCIA SOCIAL. BCP. DEFICIENTE. MENOR IMPÚ BERE. RENDA PER
CAPITA. PRESUNÇÃ O RELATIVA. DEMANDAS EXTRAORDINÁ RIAS EM FUNÇAO DA
NATUREZA DA DEFICIÊ NCIA. RECURSO DO INSS A QUE SE NEGAPROVIMENTO.
1. É devido o Benefício de Prestaçã o Continuada no valor de uma salá rio mínimo (
Constituiçã o Federal, em seu art. 203, V). ao deficiente que comprovar deficiência ou
impedimento de longo prazo igual ou superior à dois anos (pará grafo 2º do art. 20, da
Lei nº 8.742/93, com a redaçã o dada pelas Leis 9.720/98, 12.435/2011 e
13.146/2015e estado de miserabilidade.
2. A renda per capita inferior a meio salá rio mínimo é presunçã o relativa de
miserabilidade.
3. No caso dos autos o autor autista demanda de tratamentos e alimentação
especial que não vem sendo atendida pela renda familiar.
4. Recurso do INSS a que se nega provimento.
(TRF3, Recurso Inonimado Cível: 5000128-82.2020.4.03.6120, 14ª Turma Recursal da
Seçã o Judiciá ria de Sã o Paulo, Data de julgamento: 07/02/2022, Relator: TAIS
VARGAS FERRACINI DE CAMPOS GURGEL)
EM E N T A PROCESSUAL CIVIL. CONSTITUCIONAL. ASSISTÊ NCIA SOCIAL. BENEFÍCIO
ASSISTENCIAL AO IDOSO E À PESSOA COM DEFICIÊ NCIA. ART. 203, V, DA
CONSTITUIÇÃ O FEDERAL. BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PAGO AO IDOSO.
EXCLUSÃ O. ART. 34, PARÁ GRAFO Ú NICO, DA LEI Nº 10.741/03. APLICAÇÃ O POR
ANALOGIA. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS DO STJ (REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉ RSIA). STF. DECLARAÇÃ O DE INCONSTITUCIONALIDADE DO § 3º DO ART.
20 DA LEI Nº 8.472/93, SEM PRONÚ NCIA DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE
APLICAÇÃ O ISOLADA. ANÁ LISE DA MISERABILIDADE EM CONJUNTO COM DEMAIS
FATORES. IMPEDIMENTO DE LONGO PRAZO CONFIGURADO. HIPOSSUFICIÊ NCIA
ECONÔ MICA DEMONSTRADA. RENDA PER CAPITA INFERIOR A MEIO SALÁ RIO
MÍNIMO. VALOR ABAIXO DO PARÂ METRO JURISPRUDENCIAL DE MISERABILIDADE.
INSUFICIÊ NCIA PARA GASTOS COM SAÚ DE. MÍNIMO EXISTENCIAL NÃ O GARANTIDO.
CAPACIDADE LABORAL REDUZIDA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO. DIB. DATA
DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. CORREÇÃ O MONETÁ RIA. JUROS DE MORA.
HONORÁ RIOS ADVOCATÍCIOS. APELAÇÃ O DA PARTE AUTORA PROVIDA. SENTENÇA
REFORMADA. AÇÃ O JULGADA PROCEDENTE.
1 - O art. 203, V, da Constituiçã o Federal instituiu o benefício de amparo social,
assegurando o pagamento de um salá rio mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao
idoso que comprovem nã o possuir meios de prover à pró pria manutençã o ou de tê-la
provida por sua família.
2 - A Lei nº 8.742/93 e seus decretos regulamentares estabeleceram os requisitos
para a concessã o do benefício, a saber: pessoa deficiente ou idoso com 65 anos ou
mais e que comprove possuir renda familiar per capita inferior a ¼ do salá rio mínimo.
3 - Pessoa com deficiência é aquela incapacitada para o trabalho, em decorrência de
impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os
quais, em interaçã o com uma ou mais barreiras, podem obstruir sua participaçã o
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condiçõ es com as demais pessoas, na
dicçã o do art. 20, § 2º, com a redaçã o dada pela Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015.
[...]
13 - Ocorre que o autor, com apenas cinco anos de idade, nitidamente apresenta
quadro delicado, com acompanhamento diá rio na escola e por profissional médico,
sem perspectiva de mudança de situaçã o em um futuro pró ximo. A hipotética
possibilidade abordada pelo perito nã o faz parte da realidade do requerente em um
horizonte concreto, tanto que sequer houve a definiçã o de qualquer prazo nesse
sentido.
14 - Em suma, há nos autos claros indicativos de que a patologia exibida pelo
requerente o impede de realizar e participar das atividades rotineiras da
infância e de interagir com aqueles de sua idade, razões pelas quais, há que se
concluir pela presença do decantado impedimento de longo prazo exigido pela
lei para a concessão do benefício vindicado.
[...]
30 - Apelaçã o da parte autora provida. Sentença reformada. Açã o julgada procedente.
(TRF3, Apelaçã o Cível: Nº 5219723-23.2019.4.03.9999, 7ª Turma, Data de
Julgamento: 30/07/2021, Relator: CARLOS EDUARDO DELGADO)
Sendo assim, considerando que o conjunto de fatores apresentados no Processo
administrativo juntamente aos Laudos e relató rios médicos colacionado aos autos
demonstram a deficiência que acomete o requerente juntamente das condiçõ es
socioeconô micas do autor, demonstram que o requerente nã o irá competir em
igualdade de condiçõ es com as demais pessoas que nã o possuem essas características
impeditivas de convívio social.
É medida de JUSTIÇA a concessã o do benefício ao menor deficiente, pois seu
tratamento está em risco devido as condiçõ es financeira da família e a falta de
tratamento disponível na rede pú blica, portanto, além do risco a sua saú de
proporcionar ao autor o benefício é uma tentativa de equiparaçã o e amparo para si e
sua família, sendo inegá vel o condã o que pressupõ e seu enquadramento para a
assistência requerida.
III.III DA CONDIÇÃO SOCIOECONÔMICA:
Quanto a esta exigência, é nítido que a parte Autora vive em estado de
MISERABILIDADE E SUPERENDIVIDAMENTO, satisfazendo o requisito social
atinente à concessã o do benefício pretendido.
Da aná lise dos documentos que comprovam os gastos e a renda da família observa-se
que o grupo familiar é composto por 06 (seis) pessoas: o autor, com seus 03 (três)
irmã os seu pai e sua mã e, sendo que um de seus irmã os também é deficiente, pois
possui Sequência de Pierre Robin etiopatogenia e recentemente foi diagnosticada
também com TEA (Transtorno do Espectro Autista), conforme documentos
comprobató rios em anexo (DOC.8).
FOTO DO GRUPO FAMILIAR DO CADASTRO ÚNICO
A renda familiar é composta de R$... (...) bruto, sem considerar os descontos em folha
de pagamento, valor este referente ao salá rio do Pai, o ú nico provedor da família, pois
a mã e é desempregada e os demais membros sã o crianças, total per capita da família
ficaria em menos de um salá rio mínimo, sem considerar nenhum gasto ou descontos
habituais em folha.
Conforme se verifica dos documentos colacionado aos autos, os rendimentos líquidos
mensais sã o em média R$...,... (...), considerando a somató ria dos ú ltimos 3 meses,
divido pela quantidade de meses, conforme holerites em anexo (DOC.5) ainda sem
considerar nenhum gasto que compromete a renda da família, o que já reduz a renda
per capita para ...(...), muito inferior a meio salá rio mínimo.
Os documentos colacionados aos autos referente aos gastos mensais e fixos já
comprova a situaçã o de miserabilidade em que o autor e sua família se encontram,
para maior elucidaçã o de valores, segue abaixo a lista de gastos fixos e variá veis que a
família necessita para sua sobrevivência e seus respectivos comprovantes, seguem em
anexo, vejamos:
i. Aluguel – R$... (...) – Declaraçã o de aluguel e comprovantes de depó sito dos
ú ltimos 04 (quatro) meses em anexo (DOC.5);
ii. Contas de Á gua e Luz – R$... (...) , referente aos ú ltimos 03 meses, conforme
comprovantes de pagamento em anexo (DOC.5);
iii. Fraldas, Alimentaçã o especial e bá sica – R$... (...) , conforme cupons fiscais em
anexo (DOC.5);
iv. Medicamentos e consultas – R$... (...) , conforme notas fiscais em anexo (DOC.5);
v. Empréstimo pessoal – R$... (...) , em 12 parcelas de R$1.276, 18, conforme
informe de dívida em anexo (DOC.5), ú ltima parcela paga em Dezembro de 2021,
em atraso devido o comprometimento da renda;
vi. Empréstimo consignado – R$... (...) , conforme comprovante fiscal em anexo
(DOC.5);
vii. Financiamento do carro – R$... (...) mensal, conforme comprovantes em anexo
(DOC.5);
viii. Vestuá rio – R$... (...) , conforme cupom fiscal em anexo (DOC.5).
Excelência é notó ria a situaçã o de miserabilidade em que a família está exposta, o
valor percebido pelo pai em salá rio é totalmente insuficiente para subsistência de sua
família e a mã e tem seu tempo totalmente comprometido aos cuidados de seus dois
filhos deficientes, sem considerar os afazeres comuns da casa, impossibilitada de
trabalhar.
Ademais, devido a deficiência dos filhos os mesmos nã o podem ser cuidados por
terceiros, caso contrá rio poderia agravar o quadro de seu transtorno e a família nã o
possui qualquer condiçã o financeira de contratar profissionais para ajudar nos
cuidados diá rios que as crianças precisam, ficando sob responsabilidade da mã e todos
os cuidados e comparecimento em consultas.
Deve-se considerar que além das crianças deficientes ainda há 02 filhos em
crescimento que precisam de uma condiçã o digna de sobrevivência, a família tem se
privado da compra vestuá rios e por muitas vezes de alimentaçã o bá sica, sobrevivendo
de doaçõ es de seus familiares.
Assim, diante do presente caso, se faz de suma importâ ncia a concessã o do benefício
pleiteado, eis que a condiçã o econô mica evidenciada é claramente incapaz de
promover a subsistência do autor e sua família.
Feitas tais consideraçõ es, tem-se cabalmente demonstrada a situaçã o de
miserabilidade em que se encontra o requerente, tornando imperativa a concessã o do
Benefício de Prestaçã o Continuada, porquanto é dever da Assistência Social prestar
auxílio à queles que dela virem a necessitar, situaçã o que se faz presente in casu.
IV - DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, requer-se a Vossa Excelência, por medida de JUSTIÇA:
i. O reconhecimento da PRIORIDADE DE TRAMITAÇÃO, nos termos do art. 9º,
inciso VII da Lei 13.146 /2015;
ii. A concessã o da Tutela antecipada, pelos fundamentos aduzidos, nos termos do
art. 303 do CPC;
iii. Que seja realizada a citaçã o do Requerido, para que, querendo, apresente sua
defesa;
iv. Concessã o dos benefícios da Justiça Gratuita, por ser o autor pobre nos termos da
Lei;
v. A nã o realizaçã o de audiência de conciliaçã o ou de mediaçã o;
vi. Que ao final seja julgada procedente a presente açã o para que o INSS seja
condenado a CONCEDER O BENEFÍCIO ASSISTENCIAL, titularizada pelo autor,
nú mero de benefício sob nº ..., com DER em ...a que teria direito.
vii. Condenar o INSS ao pagamento das parcelas vencidas, monetariamente
corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros legais morató rios,
incidentes até a data do efetivo pagamento, bem como as parcelas que se
vencerem durante o curso do processo;
viii. Juros e correçõ es legais;
ix. Honorá rios advocatícios de 20% (vinte por cento);
Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, em
especial depoimento pessoal das partes, PERÍCIA MÉDICA E ASSISTENCIAL, oitiva de
testemunhas, juntada de novos documentos, pareceres e jurisprudência, e demais
meios de provas que se fizerem necessá rios, bem como requer a juntada dos
documentos em anexo o que autoriza o presente pedido.
Requer-se, ademais, que toda e qualquer publicaçã o e/ou intimaçã o referente a
presente demanda seja feita em nome de NOME COMPLETO DO ADVOGADO, OAB nº
..., inclusive anotando o nome desta na contra capa dos autos.
Dá -se a causa o valor de R$ 9.600,00 (nove mil e seiscentos reais)
Termos em que
Pede deferimento.
Cotia, 30 de agosto de 2022

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