Você está na página 1de 40

REDE METODISTA DE EDUCAÇÃO DO SUL

CENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA

CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA

Vitor Karpss

PRÁTICA DE CANTO E TECLADO NO PROJETO OUVIRAVIDA:

RELATOS A PARTIR DA PRÁTICA DE ESTÁGIO NO PROJETO SOCIAL


SITUADO NA VILA BOM JESUS.

Porto Alegre

2018.
VITOR KARPSS

PRÁTICA DE CANTO E TECLADO NO PROJETO OUVIRAVIDA:

RELATOS A PARTIR DA PRÁTICA DE ESTÁGIO NO PROJETO SOCIAL


SITUADO NA VILA BOM JESUS.

Relatório de Estágio apresentado como


requisito parcial para a aprovação no
Estágio Supervisionado III, do Centro
Universitário Metodista – IPA.

Professor/Orientador: Me. Nisiane


Franklin.

Porto Alegre

2018.
AGRADECIMENTOS:

Aos meus pais, Evelise Maria Karpss e Williams Jefferson Martins Costa, que
sempre me apoiaram em toda a minha trajetória como músico, como indivíduo e são a
minha força mais bonita. Agradeço também ao meu padrasto, Fabrício Schumacher
Fermino, que fez forças incansáveis para que eu tivesse as condições de estudar piano.
Agradeço do fundo do meu coração a minha madrinha e segunda mãe, Vandrea Nery da
Silva, que com todo o seu amor e dedicação fez eu ser quem sou hoje. Agradeço a
minha avó, Hilda Maria Karpss, que sempre esteve ao meu lado e disse coisas lindas
para que eu nunca perdesse a fé no mundo. Agradeço ao meu avô, Belvano Dutra
Karpss, que em momentos de desesperança, sempre foi um apoio muito grande
financeira e emocionalmente, pois em diversas situações não tive como trabalhar e
estudar paralelamente. Agradeço ao meu irmão, João Pedro Karpss Martins Costa, que é
para mim um dos maiores exemplos de humanidade e sensibilidade, sem ele e toda a sua
força, eu jamais seria músico e talvez nem estivesse aqui escrevendo este trabalho de
conclusão. Agradeço a minha Orientadora e Mestre de vida, Nisiane Franklin, que teve
toda a sensibilidade e empatia quando, no período de estágio e formação, eu e minha
família sofremos uma agressão dentro da nossa casa, que causou danos financeiros,
emocionais e acadêmicos, perdendo inclusive meu trabalho de conclusão, do qual eu
tive que reescrever praticamente do zero. Agradeço aos Professores do Ouviravida,
Daiana Fülber, Isac Costa e Lucas Kinoshita, aonde realizei o meu Estágio III e aprendi
sobre humanidade e educação musical de uma forma que eu sempre sonhei em encarar
os problemas do mundo e as injustiças, Educadores que realizam essa atividade de uma
forma incansável. São essas pessoas que me inspiram a ser Professor e que eu vou levar
pelo resto da minha vida cada aprendizado, cada troca, e sempre acreditando que se
existe alguma revolução para ser feita, ela será lúdica.

Vocês me inspiram a ser melhor e me dão a certeza


de que o mundo tem solução, e que através do
amor, da Música e da empatia coisas ditas como
impossíveis são realizadas todos os dias.
Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me
adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem
um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade
que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar
de práticas com ela coerentes. (Paulo Freire).
SUMÁRI

O
INTRODUÇÃO:................................................................................................................6

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESPAÇO.......................................................................9

2 CRONOGRAMA:........................................................................................................11

3 OBSERVAÇÕES:........................................................................................................13

4 PLANEJAMENTO DE ENSINO:...............................................................................17

4.1 OBJETIVO GERAL..............................................................................................19

4.2 JUSTIFICATIVA..................................................................................................20

4.3 PLANOS DE AULA.............................................................................................21

5 DESCRIÇÃO DAS REGÊNCIAS:..............................................................................27

5.1 PRIMEIRO DIA (25/09):......................................................................................27

5.1.1 1ª regência de canto (13h30min – 14h20min):...............................................27

5.1.2 2ª regência de canto (14h20min – 15h10min):...............................................27

5.1.3 3ª regência de canto (15h10min – 16h):.........................................................28

5.1.4 4ª regência de canto (16h – 16h50min):.........................................................28

5.2 SEGUNDO DIA (28/09):......................................................................................29

5.2.1 1ª regência de teclado (08h30min – 09h20min):............................................29

5.2.2 2ª regência de teclado (10h20min – 11h10min):............................................29

5.2.3 3ª regência de teclado (11h10min – 12h):......................................................30

5.3 TERCEIRO DIA (02/10):......................................................................................30

5.3.1 5ª regência de canto (13h30min – 14h20min):...............................................30

5.3.2 6ª regência de canto (14h20min -15h10min):................................................30

5.3.3 7ª regência de canto (15h10 – 16h):...............................................................31

5.3.4 8ª regência de canto (16h – 16h50min):.........................................................31

5.4 QUARTO DIA (05/10):........................................................................................31


5.4.1 4ª regência de teclado (08h30min – 09h20min):............................................31

5.4.2 5ª regência de teclado (09h20 – 10h10min):..................................................31

5.4.3 6ª regência de teclado (10h20min – 11h10min).............................................31

5.5 QUINTO DIA (19/10):..........................................................................................32

5.5.1 7ª regência de teclado (08h30min – 09h20min):............................................32

5.5.2 8ª regência de teclado (09h20min – 10h10min):............................................32

5.5.3 9ª regência de teclado (10h20min – 11h10min):............................................32

5.6 SEXTO DIA (26/10):............................................................................................32

5.6.1 10ª regência de teclado (08h30min – 09h20min):..........................................32

5.6.2 11ª regência (09h20min – 10h10min):...........................................................32

5.6.3 12ª regência (10h20min – 11h10min):...........................................................33

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS:......................................................................................34

REFERÊNCIAS:.............................................................................................................36

ANEXOS:........................................................................................................................37
INTRODUÇÃO:

No presente relatório, referente ao Terceiro Estágio Obrigatório Supervisionado do


curso de Licenciatura em Música do IPA, constam os registros das minhas observações
participadas e das minhas práticas de regência enquanto estagiário no Projeto
Ouviravida, sediado no Centro Beneficente São José, na Vila Pinto, no bairro da Bom
Jesus.
Com orientação da Professora Me. Nisiane Franklin (IPA), e supervisão da
Professora Daiana Fülber (Ouviravida), meu terceiro estágio será feito em Espaço Não
Escolar de Ensino de Música. Dentro da instituição concedente, o trabalho de estágio,
consiste em 16 horas de observações, onde, depois, 16 horas são destinadas às práticas
de aprendizado em docência (regências de turma). Não obstante, entre pesquisas de
materiais bibliográficos, leituras e trabalhos de escrita, além das observações ao espaço
e as práticas docentes, o estágio totaliza uma média de 300 horas semestralmente. O
processo de formação do aluno de Licenciatura tem por objetivo qualificar Professores
para lecionar nas Escolas, seja de Ensino Fundamental, Médio, ou até mesmo, em
Espaços não Escolares (como por exemplo oficinas, hospitais, coros e projetos sociais,
que é o caso em questão).
Com base em seu currículo, o curso de Licenciatura em Música do IPA, oportuniza
ao aluno experiências dentro das Instituições de Ensino da cidade de Porto Alegre.
Com amparo legal sob a Lei Federal n° 11.788, de 25 de setembro de 2008.

Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no


ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de
educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de
educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da
educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na
modalidade profissional da educação de jovens e adultos. (BRASIL,
2008. Art. 1º).

Ao final do curso, nos três últimos semestres (5º, 6º e 7º), o aluno vivencia as
práticas de Estágio Obrigatório e Supervisionado, sendo elas em Ensino Fundamental,
Médio e, por fim, em Espaço não Escolar. Sem necessariamente seguir essa ordem, o
aluno tem a oportunidade de vivenciar a dinâmica e o funcionamento de uma instituição
de ensino, tendo como objetivo aprimorar seus conhecimentos ainda enquanto estudante
e proponente a educador. Com orientação e apoiado em materiais científicos, o aluno
tem o objetivo de desenvolver relatórios acadêmicos seguindo normas e diretrizes. As
somas desses três relatórios resultam no chamado Relatório de Conclusão de Curso
(RCC).

No 5º semestre do curso, tive a oportunidade de estagiar em Ensino


Fundamental, optei por desenvolver as minhas práticas na Escola Estadual Especial
Cristo Redentor sob orientação da Professora Me. Jaqueline Barreto. Ao longo das
atividades, entre observações, leituras e busca por referenciais bibliográficos, em
diversos momentos, sejam em aspectos práticos ou teóricos, me deparei com
situações/artigos/teses que reafirmam a importância do Estágio Supervisionado na
formação do aluno enquanto docente. A Escola, na verdade, não possuía um
planejamento voltado para a Educação Musical. Como afirma Romanelli (2006):
Durante as observações o primeiro obstáculo ocorre quando se constata
uma falta de planejamento das escolas no que se refere ao ensino da
música. Ao entrar na escola, os alunos em estágio percebem, na maioria
dos casos, situações em que a arte, que inclui a linguagem da música,
ainda é considerada uma atividade de caráter recreativo.

Nas minhas experiências enquanto estagiário de Música na E.E.E.C.R. estive


frente a uma realidade educacional que para mim, antes do período de estágio, era
completamente desconhecida. Na medida em que eu encontrava situações que me
geravam desconforto por desconhecimento, iniciei busca por referenciais bibliográficos
que embasassem, além das minhas metodologias, os meus objetivos enquanto estagiário
da disciplina naquela Escola. A peculiaridade do ensino de Música em Escola Especial
ficou muito clara para mim nas minhas primeiras observações e se intensificaram no
momento das minhas primeiras práticas. Tive turmas reduzidas, com no máximo 7
alunos, onde cada aluno apresentava uma deficiência distinta, sendo psíquica ou motora,
ou as duas em alguns casos.

A Música é uma ciência que desenvolve diversas áreas do indivíduo entre elas a
Imaginação, a Socialização (em casos de práticas de grupo, como são feitas nas
escolas), a Psicomotricidade e a Comunicação. Essas áreas do desenvolvimento muitas
vezes estão comprometidas em pessoas diagnosticadas com o TEA (Transtorno do
Espectro Autista), como dizem Ávila e Morais em “A música na inclusão de um aluno
com TEA sob a ótica DIR – Floor Time (2014).
Entre a prática e a teoria existem “diálogos” que funcionam como uma simbiose
de conhecimentos, que resultam em um aprendizado mais completo do aluno que almeja
ser um Professor. Os ensinos da música, assim como os demais conteúdos ensinados em
um complexo de educação, necessitam de um embasamento teórico previamente
planejado. Romanelli (2006) salienta que o ponto de partida para um bom Plano de
Ensino acontece no desenvolvimento das observações do espaço, considerando as
peculiaridades das turmas, as características dos alunos, os recursos didáticos
disponíveis e o espaço físico da Escola. Através das minhas observações, constatei que
os alunos das turmas que eu estava encarregado de ministrar aulas de música, possuíam
uma certa dificuldade com questões da motricidade fina, com isso desenvolvi práticas
de percussão onde os alunos manuseassem baquetas e pequenos tambores com fins de
aprimorar a noção de pulso, cantando cantigas folclóricas e marcando o tempo com os
instrumentos.

A Educação Musical possui diversas especificidades e o aluno, estudante de


Licenciatura, encontra no Estágio uma oportunidade de experimentar a realidade prática
e metodológica onde consegue aplicar a teoria em atividades específicas para turmas
específicas, buscando a inclusão dos alunos das Instituições Concedentes, respeitando o
Projeto Político Pedagógico, as diretrizes da Escola e a Legislação vigente.

Já no meu segundo estágio obrigatório, tive a oportunidade de desenvolver as


minhas observações e as minhas práticas em Ensino Médio, no Colégio Estadual
Florinda Tubino Sampaio, localizado no bairro Petrópolis, em Porto Alegre. Sob
orientação do Professor Mestre Fernando Pereira, e sob supervisão da Professora Ana
Paula Farias, na Instituição concedente. Com relação às práticas de Estágio, referentes
ao sétimo semestre do curso de licenciatura em Música (IPA), foram elaboradas em
duas turmas de Ensino Médio (1º e 3º ano). As práticas foram feitas ao longo de 11
encontros com a intenção de conhecer a cultura musical dos alunos da Instituição,
trazendo-as como o objeto principal de estudo nas aulas de música ao longo do estágio.
Desenvolvi práticas musicais com base nos repertórios musicais mais fomentados entre
os alunos das respectivas turmas.
1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESPAÇO:

O Projeto Ouviravida tem na sua história uma responsabilidade muito grande


quando se fala em Educação Musical e Inclusão Social. Atendendo a mais de 600
crianças, em diversas comunidades, desde sua fundação, em 1999, o projeto oferece
aulas de Canto, Percussão e Flauta Doce, com o ensino da teoria e alfabetização musical
na sua base metodológica e pedagógica. Inicialmente, o projeto atendia crianças das
comunidades de Porto Alegre (Vila Pinto – Bom Jesus), Alvorada (Umbu) e Gravataí
(Morada do Vale –Fase III). Por falta de recursos e incentivos financeiros, o projeto foi
forçado a um hiato no ano de 2007, sendo então, somente reconstituído dez anos depois,
no ano de 2017. Financiado pelo fundo Pró-Cultura RS e com patrocínio da Dufrio, o
projeto pôde se reestabelecer com a direção do Maestro Tiago Flores e com a
Coordenação Pedagógica da Professora Nisiane Franklin. Tem como professores a
Maestrina Daiana Fülber, que ministra as aulas de canto. O Professor Lucas Kinoshita,
encarregado da área da percussão, e o Professor Isac Costa Soares, responsável pelas
aulas de flauta.

Hoje o projeto social tem sede na Vila Pinto, no bairro Bom Jesus, em Porto
Alegre, mais precisamente na Associação Missionária Beneficente São José (AMBSJ),
onde atende a 180 crianças em situação de vulnerabilidade social e financeira. A base
pedagógica do projeto se dá em três pilares: Execução, Apreciação e Criação. O aluno
tem a oportunidade de vivenciar o fazer musical desde a aproximação com o
instrumento, bem como às linguagens musicais e, por fim, com o exercício prático e de
composição, tanto individual quanto em grupo. Além das aulas, através do Ouviravida,
o Centro São José, por sua vez, oferece refeições às crianças do Projeto (café da manhã;
almoço e lanche da tarde). O espaço conta com um refeitório grande e uma equipe de
facilitadores que participam no dia-a-dia do projeto, auxiliando na organização e nos
fundamentos do espaço/projeto.
No intuito de aproximar os jovens com o fazer artístico, o projeto oportuniza às
crianças apresentarem-se em festivais, saraus e concertos ao longo de todo o ano, não
somente nas disciplinas de Canto, Percussão e Flauta, mas também em apresentações
inusitadas, como por exemplo, a participação do grupo coral de alunos no show do
Roger Waters, em Porto Alegre, no dia 30 de outubro, no Estádio Beira Rio.

A AMBSJ, localizada na Vila Pinto, traz para a comunidade local e para as


famílias que moram no bairro Bom Jesus e arredores, esta oportunidade educativa,
atendendo às crianças no turno inverso das Escolas. Prontamente, o retorno social do
projeto é de profundo e positivo impacto, tanto no cotidiano das crianças, quanto de
seus responsáveis. O contexto social da comunidade passa por um espectro de desafios.
Tendo em vista seu crescimento urbano acelerado, a comunidade sofre com problemas
de infraestrutura, saneamento, problemas ambientais e sociais, bem como a ocupação
irregular da área, altos índices de violência, homicídio, desemprego e exclusão social.
As atividades do projeto têm início logo pela manhã, 08h30min e vão até o turno da
tarde, no horário das 16h50min, quando há um toque de recolher em razão dos conflitos
sociais e os riscos à segurança dos funcionários, alunos e familiares da comunidade da
Vila Pinto.
2 CRONOGRAMA:
Cronograma de Estágio Supervisionado no Projeto OUVIRAVIDA

Horários de observação: Vitor Karpss

seg ter qua qui sex


8h30 às Flauta
9h20
9h20 às Canto Teclado
10h10
10h20 às Percussão Teclado
11h10

13h30 às Canto
14h20
14h20 às Canto
15h10
15h10 às Canto
16h
16h às Canto
16h50

Flauta – Prof Isac


Canto – Profa Daiana
Percussão – Prof Lucas Kinoshita
Dias Turma/ Atividade Horário Total de
Aluno Horas
11/09 e flauta Observação 8h30 às 9h20 2h
18/09
11/09 e canto Observação 9h20 às 10h10 2h
18/09
11/09 e percussão Observação 10h20 às 2h
18/09 11h10
11/09 e Reunião Observação 11h10 às 12h 2h
18/09 com
Professores
11/09 e canto Observação 13h30 às 2h
18/09 14h20
11/09 e canto Observação 14h20 às 2h
18/09 15h10
11/09 e canto Observação 15h10 às 16h 2h
18/09
11/09 e canto Observação 16h às 16h50 2h
18/09
16h
25/09 e canto Regência 13h30 às 2h
02/10 14h20
25/09 e canto Regência 14h20 às 2h
02/10 15h10
25/09 e canto Regência 15h10 às 16h 2h
02/10
25/09 e canto Regência 16h às 16h50 2h
02/10
28/09, Teclado Regência 9h20 às 10h10 4h
05/10, 19/10
e 26/10
28/09, Teclado Regência 10h20 às 4h
05/10, 19/10 11h10
e 26/10
16h
TOTAL/horas 32h
3 OBSERVAÇÕES:
A prática de observação ao espaço teve início na manhã do dia 11/09/2018, onde
acompanhei as aulas dos professores do Projeto Social nas modalidades de flauta doce,
no primeiro momento, no segundo, observei as aulas de percussão, e no terceiro
momento, as aulas de canto, durante o turno da manhã e tarde na Associação
Missionaria Beneficente São José. A primeira constatação que eu tive através das
observações, foi a importância e a ênfase que os educadores do projeto dão para a
alfabetização musical: com leitura em cima das práticas, abrindo espaço para a criação
dos alunos, estimulando junto ao trabalho coletivo, a composição e, consequentemente,
a criatividade. Nas aulas de flauta doce do professor Isac Costa, notei que a sua
metodologia gira predominantemente em cima da leitura musical. A sala onde é feita a
prática detém uma mesa grande no centro, cerca de umas dez cadeiras e um sofá no
canto. Ao chegar, o professor precisa arredar os móveis e preparar a sala para os alunos
sentarem em roda, com as estantes de partituras. Dado o início da aula, o Professor Isac
apresenta uma música onde os alunos precisam tocar na flauta soprano a melodia que
está escrita na folha que recebem. Do método que o Professor utilizou para passar as
músicas, percebi que se os alunos não as conheciam previamente, ele fazia uma série de
questionamentos, como por exemplo: “Essa primeira nota? Como eu monto ela na
flauta? Quantos tempos de duração tem essa mínima? ”. Os alunos tocaram em
uníssono e o professor observava a digitação e a impostação de ar que os alunos
colocavam ao tocar as notas. Compasso a compasso o Professor ia analisando a técnica
e a execução, e em determinado momento, os alunos tocavam trechos da música
individualmente ou com o auxílio do Professor para que fosse exercitada também essa
prática individual. Cada um tem a sua vez, e a roda segue em um sentido horário ou
anti-horário. O Educador utiliza também o violão para fazer o acompanhamento
harmônico, dando uma profundidade maior para a internalização musical. Conversando
com o Professor Isac no período que antecedia a aula, enquanto arrumávamos a sala, ele
comentou que os alunos ganham do Projeto sua própria flauta soprano e uma pasta com
seu nome para praticar em casa e estudar as partituras que recebem na AMBSJ com a
condição de sua participação no Projeto e depois de seus responsáveis assinarem um
termo de compromisso com o Ouviravida e a presença dos alunos e alunas no Projeto
Social.
Na mesma manhã, após o primeiro horário (08:30 – 09:20), fui encaminhado à
sala onde são realizadas as aulas de Percussão com o Professor Lucas Kinoshita. O
espaço fica no subsolo do prédio, e tem acesso pela frente do centro beneficente.
Observando à aula percebi que os alunos estavam estudando alguns ritmos brasileiros.
Após o Professor escrever no quadro as células rítmicas a serem exercitadas na aula,
rapidamente os alunos tem a possibilidade de escolha dos instrumentos. Naquela
ocasião, auxiliei as crianças pegando os tambores que eram mais pesados, como por
exemplo o Sopapo e as Congas, que ficam separados em um canto da sala. O
Ouviravida tem uma variedade interessante de tambores e idiofones, além disso, alguns
alunos trazem de casa seu próprio instrumento. O Professor Lucas Kinoshita organizou
junto com os alunos a distribuição dos instrumentos de percussão em naipes (separando
os graves e os agudos), e a célula rítmica proposta foi lida e executada, houve um
rodizio onde os alunos trocaram os instrumentos, possibilitando que todos tivessem uma
aproximação com os timbres e vivenciassem a tocabilidade e as particularidades de cada
instrumento. Ao final da aula do Professor Lucas Kinoshita, tivemos um intervalo breve
entre uma aula e outra, onde tive a oportunidade de conversar com ele sobre as práticas
e ele me explicou uma série de questões e propostas que o Projeto Social abrange e tem
como política educacional. O fato é que o Ouviravida atende crianças em
vulnerabilidade social, como foi contextualizado anteriormente neste relatório, e com
isso as práticas possuem um cunho extremamente lúdico, onde o aluno possui uma série
de questões comportamentais atípicas dos outros espaços de educação, e que deve-se
levar muito em consideração a individualidade de cada aluno e sua vivência,
respeitando inclusive a sua não vontade de participação de determinada atividade, não
obstante, fazendo o possível para incluí-lo nas práticas de sala de aula. A alfabetização e
o fazer musical é um direito de todos e o Ouviravida e seus Professores, Coordenadores,
Direção e Colaboradores fazem questão que isso seja uma realidade. Tendo em vista
essa e demais situações, mais uma vez confere a importância do Estágio e suas etapas, a
imersão do aluno de licenciatura que pretende lecionar: “sobre a formação do professor
apega-se à prática como solução para garantir que o professor seja capaz de ressignificar
o que lhe acontece em sua relação direta com a instabilidade e a realidade educativa”
(Morato; Golçalves, 2014, p.112).
Em seguida, me dirigi ao terceiro nível do prédio, aonde fica a sala de aula das
práticas de Canto Coral, ministradas pela Professora Daiana Fülber, a quem me
apresentei e quem seria depois, nas minhas Regências, minha Supervisora na
Instituição. Dado o início da aula, observei que os alunos, entre si, tinham uma
discrepância de idade notável, indo de 9 a 14 anos, mais ou menos, e que todos os
alunos faziam também ou Flauta ou Percussão. A Professora, quanto a sua metodologia,
não se limitava propriamente ao Canto, mas também abordava outros conceitos de
Educação Musical e Musicalização, tanto na parte teórica (de escrita e leitura), bem
como na utilização de instrumentos, entre eles, o xilofone e o teclado, o movimento do
corpo, para melhor internalização musical e acuidade auditiva, era proposto em
atividades onde tinham alguns passos cantados e alguns jogos musicais. O repertório
utilizado pela Professora nas aulas de Canto variava bastante, indo de músicas
folclóricas às populares. Percebi que a repetição fazia parte da metodologia abordada
pela Educadora em momentos que precisava incluir uma música nova no repertório.
Primeiramente, junto ao teclado, ela cantava a música para que os alunos apreciassem e
aos poucos, frase a frase, iria construindo a canção, como se fosse uma “pergunta e
resposta”. Dessa forma os alunos aprendiam rapidamente, pois escutavam a música e
em seguida a executavam, assim, exercitando a apreciação, a técnica e a memória.

O restante de horas das demais observações para completar as dezesseis


obrigatórias do Estágio Supervisionado III, seria feito somente nas aulas de canto da
Professora Daiana Fülber, pois as minhas práticas de regência com grupo seriam
realizadas nas turmas de canto no turno da tarde. No resto da tarde, até às 16h50min,
observei, além das turmas de canto, o ensaio do Coro do Ouviravida, que participa em
diversos concursos, realiza concertos em empresas, eventos e teatros fora da Instituição.
Tive a oportunidade de acompanhar também os ensaios dos alunos que fariam uma
participação no show do cantor Roger Waters, em Porto Alegre na noite do dia
30/10/2018, com a turnê do show “Us and Them”. Era um grupo de crianças bem
comprometidas com as atividades oferecidas pelo Projeto Ouviravida na AMBSJ, após
o convite da produção do artista, vocalista e baixista da banda icônica, Pink Floyd, para
contracenar e cantar a música “Another brick in the wall” no Estádio Beira-rio frente a
bem mais de cinquenta mil pessoas.
No dia 18/09, na terça-feira seguinte, dei início às observações no primeiro turno
da manhã (08h30min), já com os alunos de canto da Professora Daiana, e seguiria o
restante da manhã e da tarde com as demais turmas até às 16h50min. Essas eram as
turmas das quais iria desenvolver as minhas práticas de regência em canto. Eram turmas
com média de 18 crianças com idades de aproximadamente entre 6 e 9 anos, nos
horários das 08h30 às 11h10; alunos com 10 a 14 anos, em média, das 11h10 às 14h20,
tendo o intervalo de almoço dos alunos e professores ao meio-dia. No turno da tarde,
após as 14h20, as idades variavam um pouco mais, pois eram grupos intensivos de
alunos que eram mais envolvidos com o Projeto, em relação a sua frequência e
comprometimento com as atividades, portanto, os professores viram uma necessidade
em dar mais subsídio a esses alunos e alunas que estavam dando mais resposta.

A primeira atividade da manhã do dia 18 consistia numa apreciação audiovisual.


A Professora convidou os alunos a assistirem um vídeo musical dos Barbatuques, sendo
que havia um jogo cantado sobre a chuva e os efeitos de sonoplastia eram realizados
utilizando somente o próprio corpo, reproduzindo o som dos pingos. Após os alunos
somente ouvirem, sem as imagens, foi pedido a eles que descrevessem os sons, os
timbres e a impressão que tiveram da música de uma forma geral. Ficaram surpresos ao
ver que era somente o corpo e que, de fato, não havia uma bateria tocando ao fundo. Foi
realizada a atividade de criação do som da chuva e de trovões com base naquele vídeo, a
Professora gravou com o celular e os alunos depois apreciaram a sua própria
performance. Houve também o ensaio do repertório e os alunos cantaram músicas como
por exemplo: “Peixe vivo”, “Aquarela”, “Canção da meia-noite”, “Vamos fugir”,
“Marinheiro só”, entre outras. Pude perceber que o repertório transitava bastante entre
músicas populares e folclóricas, imediatamente me fiz valer dessa ideia para considerar
as minhas práticas e o formato que seriam exercitadas, desde o movimento com o corpo,
a escolha do repertório, o uso dos teclados, do quadro branco e do xilofone. Ao final da
aula, conversando com a Professora Daiana, ela comentou que percebeu nos alunos,
principalmente nos meninos que estavam em período de pré-adolescência e troca de
voz, uma necessidade maior de referência da voz masculina, muito em razão do registro
vocal, e que seria interessante dar bastante atenção às vozes das meninas durante as
minhas práticas, pois algumas poderiam ter certa dificuldade em assimilar o meu
registro e acabarem forçando para cantar na mesma oitava que eu, pelo fato de eu ser
tenor.
4 PLANEJAMENTO DE ENSINO:
Conforme as minhas observações, conversas e orientações realizadas ao longo
do Estágio, estabeleci um formato de aulas que pudesse seguir uma ordem evolutiva e
complementasse uma organização do estudo de canto e teclado para as crianças do
Ouviravida. Foi estabelecido por mim e pela minha Professora Orientadora, Me. Nisiane
Franklin, a distribuição das 16 horas obrigatórias de prática de regência em Canto e
Teclado da seguinte forma: 8 horas para a aulas de canto com as turmas do turno da
tarde das terças-feiras, dos dias 25/09 e 02/10. Nos dias 28/10, 05/10, 19/10 e 26/10, as
8 horas restantes foram distribuídas em blocos de quatro horas. Portanto, planejei duas
aulas de canto para 4 turmas diferentes e 4 aulas de canto para 4 alunos individuais.

Optei, nas aulas de canto, por um repertório em que os alunos encontrassem


desafios na hora da pronúncia para exercitar a dicção, mas também uma rápida
assimilação das melodias para tornar mais dinâmica a prática de conjunto. Escolhi duas
músicas de repertórios folclóricos diferentes e que tivessem uma estrutura cíclica. A
primeira delas foi “Hani Kuni”, música do folclore dos índios americanos. A segunda
canção escolhi por “Jimba Papalusjka”, música do folclore alemão. Com essas duas
canções eu desenvolvi uma coreografia que os alunos pudessem cantar e interpretar
utilizando os braços e pernas, para exercitar a coordenação motora junto com o canto.
“Mover-se ao tocar é inevitável, até porque o corpo é o único instrumento do qual não
podemos prescindir para fazer música. Qualquer produção sonora que venha de um ser
humano passa necessariamente por algum movimento corporal seu. ” (CIAVATTA,
2009, p. 20). Então, nessas 4 turmas, em 2 aulas, tive como objetivo desenvolver um
trabalho prático que aproximasse o aluno do fazer musical considerando as suas
familiaridades musicais e o universo lúdico infanto-juvenil. Conforme Romanelli (2006,
p.131):

É importante que os objetivos levem em conta as necessidades dos alunos


da turma em que o estágio será feito, o que será verificado durante as
observações. Isso não significa, de forma alguma, limitar-se ao nível de
conhecimento dos alunos, mas partir desse ponto para promover
educação musical.
Dessa forma, estabeleci como metodologia o uso de jogos/canções e a dança
para desenvolver exercícios musicais onde os alunos precisassem trabalhar a escuta, a
memória, o canto, a performance e a composição utilizando também a percussão
corporal. Estabeleci a apreciação como a primeira etapa de cada prática, mostrando aos
alunos, primeiramente, acompanhado do teclado, como a música deve soar. Após a
apresentação, se dá início a etapa de repetição, trecho a trecho da canção: facilitador
canta primeiro a frase melódica e os alunos repetem em seguida. O processo é feito com
todas as partes da canção. Depois de internalizada, é adicionada a
coreografia/dança/percussão corporal.

Ao verificar que o Projeto Ouviravida ainda não possuía um formato de aulas de


teclado, vi a necessidade e a importância de desenvolver um plano de ensino que tivesse
início, meio e fim - que seria retomado por um Professor ou Professora efetivo(a) do
Projeto -, com objetivos bem estabelecidos e com bases pedagógicas da área da Música,
considerando as particularidades do estágio, entre elas: a falta de instrumentos de tecla,
pois como foi mencionado antes, o Projeto não possuía previamente as aulas de teclado,
tendo, na Instituição, apenas um instrumento, o que me leva a alternativa de trazer de
casa meu próprio teclado para acompanhar os alunos nas atividades de aula. Bem como
as particularidades motoras e de motricidade fina dos jovens alunos em
desenvolvimento, e que ainda, em sua grande maioria, nunca tiveram um contato com o
instrumento. Não obstante, visto a familiaridade com os elementos de leitura e escalas,
como por exemplo a de dó maior, vi nesse fato uma forma em potencial de abordagem e
um norte para basear as minhas práticas. Com isso, para as práticas de regência, além de
um repertório acessível, elaborei atividades que desenvolvessem a leitura, a digitação,
os pentacórdios, a noção dos intervalos e a familiaridade com a topografia do teclado.

Com amparo em materiais de estudo em teclado e piano desenvolvi uma prática


inicial que tem o objetivo de familiarizar o aluno com o instrumento através da leitura,
digitação e técnica, observando a altura dos braços, posicionamento das mãos e
movimento dos dedos. Antônio Adolfo (1994, p.4), em seu livro Piano & Teclado, diz
na primeira parte do capítulo “Estudos para os cinco dedos” que:

“A mão tranquila, os dedos arredondados, as unhas cortadas


curtas, de forma que a tecla seja tocada com a cabeça do dedo. A
maneira de tocar deve ser rápida e firme, observando que o
levantar dum dedo corresponda ao abaixar do seguinte, o
movimento deve vir somente da sua articulação. ”
Com isso, desenvolvi uma atividade básica que envolvesse os alunos no desafio
de tocar nota por nota do teclado em graus conjuntos, a execução de cada nota, somente,
poderia se dar através do “toca-solta”. A medida que o aluno estava com seus 5 dedos
dispostos ao teclado, partindo do Dó central com o dedo 1, o dedo 2 tocaria o Ré
somente depois que o dedo 1 soltasse da tecla Dó, e assim, respectivamente, seria feito
com as demais notas do pentacórdio e os dedos da mão direita. À medida que a escala
for executada, a reflexão sobre os intervalos é conversada com o aluno, e com o sucesso
da atividade de graus conjuntos na tonalidade de Dó, os graus disjuntos também seriam
introduzidos na atividade num segundo momento, para desenvolver de forma mais
completa a familiarização com a topografia do teclado, para desenvolver também a
coordenação motora e a consciência de intervalos. Num terceiro momento o mesmo
exercício seria feito transposto partindo do quinto grau, o Sol. A atividade seria
realizada mediante a leitura, e o exercício de familiarização com a clave de Fá seria
introduzida aos poucos, assim como a mão esquerda, relativizando a linha suplementar
do Dó central e a clave de Sol. Atento a todas essas questões que envolvem a
performance, o Professor deve estar constantemente auxiliando o aluno na execução
correta dos movimentos, com fins de evitar o erro comum de todo músico em formação
de acumular manias e cacoetes que futuramente possam atrapalhar o estudo e o
rendimento do estudante de teclado. A digitação e a postura fazem parte do universo de
se estudar um instrumento e devem ser exercitadas de forma correta.

Paralelamente às atividades de leitura e técnica, a importância de um repertório


para desenvolver a prática é fundamental na medida em que o aluno tem a necessidade
de enxergar evolução em si mesmo, partindo da premissa de realização pessoal. Tomei
por decisão trabalhar com os alunos algumas músicas que já eram familiares a eles por
razão de já as cantarem nas aulas de canto que eu havia observado. As músicas foram
“Samba Lelê”, “O sapo não lava o pé” e “Marinheiro só”. Nesta etapa, tomei por
escolha, evitar o uso de partituras para desenvolver, propriamente, a escuta do aluno, e a
transposição das melodias da voz para o teclado. Todas as três músicas em Dó maior.

4.1 OBJETIVO GERAL:

Deste modo, o objetivo da minha prática de estágio está vinculado às minhas


crenças de que a alfabetização musical é um direito de todos, não obstante, o fazer
musical se dá de diversas formas além da escrita e da leitura. O aluno, durante as
minhas práticas, estará constantemente trabalhando a leitura em cima de partituras,
contudo, sempre apoiado à prática para desenvolver a acuidade auditiva e a
sensibilidade musical.
4.2 JUSTIFICATIVA:

Maior parte da minha prática de estágio será feita em grupo (nas aulas de canto
e, até mesmo nas de teclado, algumas aulas serão feitas em grupos de duplas e trios). O
fazer musical está muito vinculado ao universo das coisas não tangíveis e é de suma
importância para a humanidade em toda a sua história. Cunha (2013, p. 347), sobre este
tema, afirma que:

[...] a prática musical em grupo é uma atividade situada,


contextualizada e essencialmente humana. Entende-se, a partir
dessa premissa, que as ações assim localizadas se interconectam
com outras dimensões existenciais como a afetiva, a cognitiva e
a físico-corporal. A produção musical coletiva, interpretada
dessa forma, se estabelece como uma ação que está longe de ser
alienada, desengajada e neutra. Ao contrário, ela provoca
ressonâncias reveladoras de formas de viver, de pensar e de ser
do coletivo que a produz.

O projeto Ouviravida é de uma importância social muito grande quando se fala


sobre oportunidades e educação musical. Nas minhas práticas de regência pretendo
assumir este compromisso com os alunos, incentivando-os através da prática a
desenvolverem suas capacidades motoras, cognitivas e sensíveis através da Música. A
utilização de outras fontes sonoras, além da voz e do teclado é quase indispensável para
as minhas práticas considerando a bagagem musical dos alunos e dinamicidade e
profundidade que uma prática em grupo pode oferecer.
4.3 PLANOS DE AULA:

Neste capítulo constam os meus planejamentos de aula nas modalidades de canto


e de teclado. Alguns sofreram algumas alterações ao longo das práticas por motivos
externos e naturais, que somente através do estágio e do ato de ensinar se é capaz de
compreender, e que serão exemplificados na descrição das regências posteriormente.

Primeira aula de canto:

Descrição das atividades Objetivos Conteúdos Recursos materiais


específicos
- Desenvolver com a - Desenvolver a - Melodia; Canto em Partituras; xilofone;
turma a prática do canto prática em grupo. grupo; Percussão flautas.
“Hani Kuni”, do folclore - Exercitar a corporal; Percepção;
indígena. acuidade auditiva e a Leitura; Prática de
- Dividir a turma e leitura musical. conjunto.
acrescentar elementos de -
percussão, flautas e
xilofones.
- Colocar a turma em
roda centralizada
enquanto fazemos o jogo
da canção.
Segunda aula de canto:

Descrição das atividades Objetivos Conteúdos Recursos materiais


específicos
- Desenvolver com a - Desenvolver a - Melodia; Canto em Partituras; xilofone;
turma a prática do canto prática em grupo. grupo; Percussão flautas; voz;
“Jimba Papaluska”, do - Exercitar a corporal; Percepção; zabumba; teclado.
folclore alemão. acuidade auditiva e a Leitura; Prática de
- Dividir a turma e leitura musical. conjunto; Dança.
acrescentar elementos de - Internalizar o pulso
percussão, flautas e musical utilizando o
xilofones. corpo.
- Colocar a turma em
roda centralizada
enquanto fazemos o jogo
da canção.
- Danças com os alunos
em roda a coreografia
base para a atividade.
Primeira aula de teclado:

Descrição das atividades Objetivos Conteúdos Recursos materiais


específicos
- Primeiro momento - Aproximar o - Digitação; Escala; Teclados; Papel com
destinado a apresentação universo musical dos Melodia; Harmonia; desenho de teclado;
das propostas de aula e alunos a sala de aula. Acordes. lápis.
conversação com os - Desenvolver o
alunos para conhecer conhecimento acerca
melhor suas preferências das notas do teclado
musicais. e os seus registros
- Apresentação das notas (grave e agudo).
dispostas no teclado e o - Exercitar a
conceito de escala. memória e a
- Exercício de digitação coordenação motora.
em cima da escala de dó
maior (sobe e desce).
- Distribuir um papel com
um desenho de teclado
para que os alunos
escrevam os nomes das
notas.
- Apresentar para os
alunos o modelo de
escrita musical em Cifras.
Segunda aula de teclado:

Descrição das atividades Objetivos Conteúdos Recursos materiais


específicos
- Alongamento dos - Exercitar a - Digitação; Escala; Teclados; Partituras;
membros superiores e memória do aluno, Melodia; Harmonia;
mãos buscando os Dueto; Percepção;
- Repetir os exercícios de conteúdos da aula Leitura;
digitação feitos na aula anterior Improvisação.
anterior, de forma breve. - Desenvolver o
- Relembrar as canções conhecimento acerca
“Pega-pega” e das notas do teclado
“Escorregador”. e os seus registros
- Fazer a atividade em (grave e agudo).
cima da canção folclórica - Exercitar
“The Market”, em dueto coordenação motora.
de teclados. - Praticar a leitura
- Exercitar improvisos no musical utilizando as
pentacórdio de C maior. duas mãos no
teclado.
- Trazer para o aluno
a oportunidade de
compor um motivo
melódico através da
improvisação.
Terceira aula de teclado:

Descrição das atividades Objetivos Conteúdos Recursos materiais


específicos
- Alongamento dos - Exercitar a - Digitação; Escala; Teclados; Partituras;
membros superiores e memória do aluno, Melodia; Harmonia;
mãos buscando os Dueto; Percepção;
- Repetir os exercícios de conteúdos da aula Leitura;
digitação feitos na aula anterior Improvisação.
anterior, de forma breve. - Desenvolver o
- Relembrar as canções conhecimento acerca
“Pega-pega” e das notas do teclado
“Escorregador”, e os seus registros
propostas pela Professora (grave e agudo).
Nisiane na primeira aula. - Exercitar
- Relembrar o dueto de coordenação motora.
teclado da música - Praticar a leitura
folclórica “The Market”, musical utilizando as
em dueto de teclados, duas mãos no
proposta na segunda aula. teclado.
- Exercitar improvisos no - Trazer para o aluno
pentacórdio de C maior. a oportunidade de
compor um motivo
melódico através da
improvisação.
Quarta aula de teclado:

Descrição das atividades Objetivos Conteúdos Recursos materiais


específicos
- Alongamento dos - Exercitar a - Digitação; Escala; Teclados; Partituras;
membros superiores e memória do aluno, Melodia; Harmonia;
mãos buscando os Dueto; Percepção;
- Relembrar as canções conteúdos da aula Leitura;
“Pega-pega” e anterior Improvisação.
“Escorregador”, com - Desenvolver o
bateria gravada do conhecimento acerca
teclado em ritmo hip-hop das notas do teclado
e acompanhamento e os seus registros
harmônico. (grave e agudo).
- Abrir espaço para - Exercitar
improvisação utilizando coordenação motora.
somente teclas pretas. - Praticar a leitura
- Relembrar o dueto de musical utilizando as
teclado da música duas mãos no
folclórica “The Market”, teclado.
em dueto de teclados, - Trazer para o aluno
proposta na segunda aula. a oportunidade de
- Ler e tocar o dueto compor um motivo
“Swing Song”. melódico através da
improvisação.
5 DESCRIÇÃO DAS REGÊNCIAS:

5.1 PRIMEIRO DIA (25/09):


5.1.1 1ª regência de canto (13h30min – 14h20min):
No primeiro dia e no primeiro horário das minhas práticas de regência no
Estágio III, me deparei com uma sala um tanto quanto atônita, diga-se de passagem,
pela grande maioria dos alunos que estavam ansiosos pois teriam um professor diferente
naquele dia. Portanto, alguns estavam interessados em me ouvir falar, outros estavam
muito ansiosos para contar coisas e conversarem entre si. Uma massa sonora de
vontades, novidades e energia das crianças. Ao ver toda aquela energia sendo
desperdiçada numa cadeira, achei uma alternativa de tentar foca-las, todas, em um
mesmo ponto. Convidei os alunos a sentar no chão e em roda. O ato de se sentar em
roda, olhando nos olhos é uma prática que vai se perdendo com a idade, infelizmente.
Ao sentarmos todos juntos, com exceção de uma das meninas que não quis participar,
mostrei a eles com a voz e a zabumba a música folclórica “Hani Kuni”. Os mais velhos
riram num primeiro momento, pois é uma canção um pouco performática, e é comum,
nessa idade, sentir vergonha alheia. Encarei com seriedade a canção e ri com eles. Por
fim, gostaram da melodia ao ver que ela ficava muito bonita junto da harmonia e da
percussão. Ao introduzir o jogo da canção, os alunos se sentiram desafiados a envolver
a voz junto de uma coreografia. Depois de algum momento e diversas repetições a
atividade teve bastante êxito e efeito com os alunos.

5.1.2 2ª regência de canto (14h20min – 15h10min):


Por perceber no primeiro horário que os alunos possuíam uma necessidade
grande de fala quando o professor é uma novidade, comecei a aula das 14h20min nesse
sentido: perguntei a cada um deles o nome, que instrumento tocava no Projeto, se era
flauta ou percussão, conversamos sobre os gêneros musicais e suas predileções. Essa
atitude surtiu um efeito positivo, pouco a pouco os alunos ficaram menos enérgicos e a
ideia de que cada um tinha o seu momento de fala enquanto todos ouviam foi
fortificada. Apresentei a música no teclado dessa vez, pedi que um dos alunos da
percussão tocasse a zabumba, escrevi no quadro a célula rítmica e ele já saiu tocando.
Fizemos um rodízio entre os alunos e alunas, pois todos queriam tocar a zabumba,
ficaram bem empolgados com o instrumento, pois era um dos tambores que não tinha
no Projeto, foi também uma novidade. A turma assimilou a música e o jogo com muita
facilidade o que me forçou a improvisar uma prática para suprir o tempo de aula
restante. Lembrei de uma canção dos Saltimbancos, “História de uma gata”, que vi os
alunos cantando em uma das minhas observações. Toquei ao teclado e cantei ela junto
com os alunos, assim, ensaiando uma das músicas do repertório estabelecido pela
Professora Daiana.

5.1.3 3ª regência de canto (15h10min – 16h):


Percebendo que houve bastante diferença nas dinâmicas, utilizei o mesmo
processo para iniciar as atividades: primeiramente com uma rápida conversa. Mostrei
aos alunos a canção “Hani Kuni”, com a voz e a zabumba. Ao tentar ligar o teclado,
percebi que havia faltado luz na AMBSJ, com isso, peguei o xilofone para passar a
melodia. Tive certa dificuldade em executá-la com aptidão no instrumento, por falta de
familiaridade. Os alunos entenderam a estrutura da música e achei mais fácil deixar o
xilofone de lado por hora. Depois de termos exercitado algumas vezes a canção,
apresentei o jogo que acompanha a atividade, os alunos tiveram certa dificuldade em
sincronizar a voz com os braços. Fizemos, então, a atividade de forma mais lenta para
melhor assimilação. A luz voltou e eu fui para o teclado. Os alunos fizeram um rodízio
para tocar a zabumba, e dessa vez introduzi o xilofone. Eu tinha comigo a partitura da
música e distribuí para os alunos guardarem nas suas pastas.

5.1.4 4ª regência de canto (16h – 16h50min):


Nesse horário a aula foi destinada ao ensaio das crianças para a apresentação
com o Roger Waters no Beira-rio, portanto, a minha regência foi participada junto com
a Professora Daiana Fülber. Auxiliei as crianças nos passos da coreografia e aprendi
junto com elas. No período de Estágio Obrigatório, o aluno de licenciatura precisa
aprender a mudar o seu planejamento de aula, considerando o contexto e as
peculiaridades de cada Instituição, dos alunos e dos contratempos que podem ser
encontrados ao decorrer do ato de ensinar. O ato de ensinar é um profundo aprendizado.
A Educação funciona como uma simbiose e o proponente a educador deve estar em
constante desconstrução e reconstrução para melhor entender e aperfeiçoar a sua
metodologia de ensino.
5.2 SEGUNDO DIA (28/09):
5.2.1 1ª regência de teclado (08h30min – 09h20min):
Preparei para aula uma folha de papel que havia um teclado impresso, conversei
com o aluno sobre a topografia do instrumento, perguntando a ele se sabia aonde ficava
o dó. Imediatamente ele foi para a nota mais grave, que realmente era um dó. Fizemos
uma reflexão sobre a disposição das notas do teclado e observamos a sua característica
cíclica: a cada grupo de duas teclas e três teclas pretas, possuímos uma oitava, fizemos a
reflexão do conceito de escala e a tocamos de dó a dó. Elaborei também uma série de
práticas de digitação com base nos exercícios do Hanon, partindo do pentacórdio de dó
maior e depois em sol maior. O aluno apresentou bastante determinação em acertar os
exercícios, contudo, pelo fato de nunca ter tido um contato prévio com um teclado
acabou sentindo certo desconforto nas mãos a medida que íamos exercitando a prática.

A Professora Orientadora Me. Nisiane Franklin estava presenta na primeira


regência e sugeriu dois exercícios em que o aluno tocasse somente as teclas pretas,
criando contrapontos rítmicos e melódicos. A primeira era uma composição chamada
“O Escorregador”, que com os “dedos pinçados” o aluno descia gradativamente as notas
do piano para o grave, precisando, em determinado momento, alternas as mãos
esquerdas e direitas. A melodia era bastante intuitiva e o aluno teve bastante êxito e
demonstrou-se bastante realizado quanto a prática.

5.2.2 2ª regência de teclado (10h20min – 11h10min):


Para a segunda aula da manhã, através da prática com o primeiro aluno,
enxerguei a necessidade de realizar alguns alongamentos dos membros superiores e das
mãos, além disso, redobrar a atenção quanto a postura do aluno no momento da
execução. Após o alongamento escrevemos as notas da escala no teclado de papel e
conversamos sobre escala, como na primeira aula da manhã. Executamos os exercícios
de digitação sobre os pentacórdios de dó e sol. Toquei com o aluno as músicas
propostas pela Professora Me. Nisiane. O exercício teve um bom rendimento, pois o
aluno estava bem engajado com as atividades propostas. Como foi contextualizado
anteriormente neste trabalho de conclusão, os alunos que ganham vagas nas turmas de
teclados e núcleos intensivos dentro do Projeto são aqueles que, ao longo do tempo, vão
mostrando mais envolvimento e presença nas atividades e aulas do Ouviravida.

5.2.3 3ª regência de teclado (11h10min – 12h):


Ainda na manhã do dia 28/09, o horário das 10h20min até 11h50min, a prática
foi lecionada para 2 alunos. Fizemos os alongamentos, os exercícios de digitação e
fortalecimento dos dedos, cantamos os graus dos pentacórdios de dó e sol enquanto
tocávamos de forma bem lenta para sincronizar os dois teclados e as três vozes com
melhor precisão. Tocamos as duas composições propostas pela Professora Niseane, “O
Escorregador” e “Pega-pega”.

5.3 TERCEIRO DIA (02/10):


5.3.1 5ª regência de canto (13h30min – 14h20min):
Para as aulas de canto dessa tarde, preparei em cima de uma música do folclore
alemão, “Jimba Papalusjka”, uma atividade de dança e canto. Mostrei para os alunos,
com o teclado e a voz, como a música ficaria estruturada. Ela obedece ao mesmo
formato de “Hani Kuni” e é na mesma tonalidade de ré menor. Disponibilizo, em anexo,
as partituras de ambas as músicas.

Os alunos do horário 13h30min comentaram da melodia e do acompanhamento


harmônico, acharam a música muito bonita. Depois de repetirmos as palavras da música
para internalizarmos, comecei a passar as notas para eles com o teclado. Cantamos nota
por nota, depois de estarmos em harmonia e familiarizados com a música, propus a
atividade de dança, que imitava passos de Polca, que é uma dança oriunda da Chéquia,
da região da Boêmia. Cantamos e interpretamos a canção.

5.3.2 6ª regência de canto (14h20min -15h10min):


Na segunda aula da tarde do dia 02/10, dois alunos vieram me mostrar que
haviam aprendido “Hani Kuni” na flauta doce, pois guardaram a partitura e estudaram
em casa, então toquei com eles logo no começo da aula acompanhando eles ao teclado
enquanto os demais alunos cantavam. Após essa introdução, fizemos um rápido
aquecimento com os músculos da voz e demos início às atividades planejadas para esse
dia. Mostrei para eles a canção e em seguida pedi que repetissem as palavras sem
entoação, para criar familiaridade com a letra da música. Cantamos a melodia e
estruturamos com base na partitura acrescentando um grito em uníssono no último
tempo, dizendo “Hey!”, o final foi sugestão dos alunos.

5.3.3 7ª regência de canto (15h10 – 16h):


Fizemos o aquecimento vocal e em seguida apresentei para os alunos a música
“Jimba Papalusjka”, aprendemos a letra e executamos com a melodia. Inserimos a dança
e os alunos criaram variações. A aula acabou fluindo muito rápido e vi a necessidade de
improvisação de aula. Lembrei da canção “Superfantástico”, da Turma do Balão
Mágico com o cantor Djavan. Cantamos a música durante um trecho em ritmo de funk.
Os alunos batiam palmas enquanto cantavam, demonstraram bastante familiaridade com
as células rítmicas e convenções do gênero musical.

5.3.4 8ª regência de canto (16h – 16h50min):


Da mesma forma que a aula anterior, os alunos demonstraram bastante
facilidade de internalizar a letra, o canto e a dança, respectivamente. Fizemos a mesma
atividade com a música “Superfantástico”, mas dessa vez, durante alguns trechos, toquei
em ritmo acelerando e retardando, os alunos acompanharam com o corpo o andamento
da música. Gostaram bastante da atividade.

5.4 QUARTO DIA (05/10):


5.4.1 4ª regência de teclado (08h30min – 09h20min):
No primeiro horário da manhã, o plano consistia em relembrar as atividades
propostas na aula anterior, além disso, através das reuniões com a Orientadora Me.
Niseane Franklin, foi proposto que a eu realizasse um trabalho de leitura com os alunos.
A Professora me emprestou um material de estudo para dueto de piano. O livro consistia
em um pout pourri de músicas populares estadunidenses em que o aluno era proposto a
tocar melodias paralelas com as mãos direita e esquerda enquanto o professor tocava
uma harmonização para dar maior profundidade para a as melodias. Os arranjos eram
muito bonitos e os alunos demonstraram bastante satisfação ao tocá-los.

5.4.2 5ª regência de teclado (09h20 – 10h10min):


Ao fazermos um alongamento dos membros superiores e das mãos, demos início
a atividade proposta na aula anterior, que consistia em exercícios de digitação e as
músicas propostas pela Orientadora. Realizamos as leituras do dueto “The market”, em
dó maior enquanto acompanhei harmonizando as melodias do tema no outro teclado.

5.4.3 6ª regência de teclado (10h20min – 11h10min).


Fizemos os alongamentos e relembramos as atividades da primeira aula
realizada em dupla, dessa vez apenas um dos alunos compareceu. Conseguimos tocar as
músicas “The Market” e “Swing Song”, do livro de duetos enquanto harmonizei as
músicas. O aluno demonstrou bastante comprometimento por ter estudado as músicas da
primeira aula.

5.5 QUINTO DIA (19/10):


5.5.1 7ª regência de teclado (08h30min – 09h20min):
Após o feriado do dia 12/10, retomamos as atividades na manhã do dia 19/10,
após os alongamentos relembramos os exercícios de digitação e as músicas sugeridas
pela Orientadora. Tocamos as músicas da segunda aula, “The Market” e “Swing Song”,
após essa atividade tocamos e cantamos a música “Samba Lelê”, para descontrair.

5.5.2 8ª regência de teclado (09h20min – 10h10min):


Com os alongamentos demos início às práticas de digitação e relembramos as
músicas “Pega-pega” e “O Escorregador”. Retomamos as músicas do livro de duetos e
fizemos também uma breve improvisação na escala de dó maior enquanto liguei o
acompanhamento do teclado tocando uma bateria.

5.5.3 9ª regência de teclado (10h20min – 11h10min):


Compareceram os dois alunos nessa manhã, começamos a aula fazendo os
alongamentos e os exercícios de digitação nos pentacórdios de dó e sol. Abrimos espaço
para improvisação enquanto eu harmonizava junto à bateria do teclado em um ritmo de
jazz.

5.6 SEXTO DIA (26/10):


5.6.1 10ª regência de teclado (08h30min – 09h20min):
O primeiro aluno da manhã não compareceu a aula, portanto adiantei o próximo
aluno das 09h20min., alongamos e exercitamos os pentacórdios. Relembramos as
músicas do nosso repertório, “The Market”, “Swing Song”, “O Escorregador” e “Pega-
pega”. No final da aula fizemos uma conversa sobre o encerramento das aulas.
5.6.2 11ª regência (09h20min – 10h10min):
Como um dos alunos faltou, separei a dupla de alunos para que eles tivessem a
oportunidade de uma aula individual cada um. Fizemos os alongamentos e os exercícios
de digitação propostos ainda na primeira aula. Relembramos o repertório e
improvisamos em cima das músicas “Pega-pega” e “O Escorregador” utilizando
somente as teclas pretas. Conversamos sobre o encerramento das nossas aulas.

5.6.3 12ª regência (10h20min – 11h10min):


Iniciamos pelos alongamentos e desenvolvemos os exercícios do Hanon da
primeira aula em cima dos pentacórdios de dó e sol. Tocamos o nosso repertório de
músicas e finalizamos a aula cantando e tocando a música “Marinheiro só”.
Conversamos sobre o encerramento das nossas aulas.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Sobre o processo de formação do docente, os estágios obrigatórios são de suma
importância. O aluno de licenciatura tem a oportunidade de entender como se
desenvolve um planejamento de ensino e é possibilitado a vivenciar, num aspecto
prático e teórico, o cotidiano de uma instituição educativa, seja em escolas, no ensino
médio ou fundamental, seja até mesmo em espaços não escolares. O fato é que o
acadêmico em música fica exposto a realidade de uma sala de aula e é constantemente
desafiado na arte de ensinar, o que, consequentemente, gera um enorme aprendizado.

Dentro de uma sala de aula existem os agentes que criam o ambiente propício ao
estudo: são o professor, os alunos e, ocasionalmente, colaboradores. Estar frente a uma
turma representa uma transição para o estudante de licenciatura. Ele deixa de se
esconder atrás de uma mesa e começa a expor na frente de um quadro uma série de
informações, e através do seu discurso, tem a missão de levantar questões na cabeça do
aluno e chegar ao que chamamos de aprendizado. É um processo que pode ser rápido,
demorado, satisfatório, frustrante, ou tudo isso ao mesmo tempo, pois cada um tem o
seu próprio método de ensino, de aprendizado e de assimilação. A prática do estágio nos
dá a possibilidade ampliar o entendimento sobre o que é ser Professor e o que é ser
Aluno.

No Projeto Ouviravida, tive a oportunidade de vivenciar, mesmo que de uma


forma indireta, um universo bem distante do meu, do ambiente aonde fui criado, num
contexto de vulnerabilidade social. Essa oportunidade educativa e política me fez abrir
os olhos para muitas coisas, no bom e no infeliz sentido. O bom sentido é que: por mais
que a televisão e as grandes mídias não apontem com tanta frequência as suas câmeras e
seus veículos de informação para esses trabalhos nas comunidades que são feitos de
forma tão nobre e resistente, esses atos de coragem - no meio de tanto retrocesso na área
da educação e das artes no nosso contexto sociopolítico e econômico- tendem a
acontecer através de muito esforço e determinação de pessoas que valorizam a cultura.
Essas atitudes geram frutos a longo prazo e sensibilizam o ser através do amor e da
educação. Num contexto de crise social e econômica, as pessoas em maior
vulnerabilidade tendem a sofrer mais. A música vem para reconfortar, incentivar os
laços afetivos e culturais, bem como uma alternativa de resistência, por parte dos
alunos, professores, responsáveis, coordenadores e facilitadores.
O estágio obrigatório III me ensinou muitas coisas sobre música, sociedade e
educação, sem ele, talvez, jamais tivesse a oportunidade de vivenciar um projeto social,
e através dele, já sei que vou direcionar todas as minhas forças para lecionar na
comunidade depois que me formar como professor no curso de licenciatura em Música
do IPA. Desenvolvi minhas práticas em três espaços bem distintos, e sinto que essa foi a
melhor decisão que eu poderia ter tomado. Estagiei em escola de educação especial, em
escola regular no ensino médio e, por fim, em espaço não escolar num projeto social. Li
e vivenciei fontes muito diferentes de educação e que foram de suma importância para
minha formação como professor.

Ficam cada vez mais claras as minhas ambições no mundo da educação musical,
e através disso, eu sinto muita força de mudar as coisas que eu enxergo como erradas e
desiguais no mundo. Sinto que através da Música, coisas ditas como impossíveis são
realizadas e que a musicalidade não cabe a nós, estudantes, professores, artistas, defini-
la como certa ou errada, bonita ou feia. Cabe a nós, como pessoas, apreciá-la e tentar
entende-la quando nos choca no bom e no mal sentido. A musicalização traz muitos
benefícios a quem a pratica: seja coordenação motora, memória, criatividade, a sensação
de pertencimento a um grupo, mais ainda quando se estabelecem relações musicais
através do afeto e do respeito. As pessoas precisam de música, e se não precisássemos
ela não seria algo tão antigo, instintivo, intrínseco e que vem se adaptando ao longo dos
milênios com diversas alterações. A Música já foi sagrada e dizem alguns estudiosos
que surgiu através da necessidade de nos religarmos com quem somos em essência. A
música já teve mais regras e mais dogmas, e já sentimos mais medo, ao longo da
história, de ficarmos compondo, brincando, arriscando dentro dessa ciência, dessa
sensibilidade, dentro dessa necessidade de ser e de criar. Já tivemos intervalos
proibidos, informações e espaços segregados e até mesmo impedimentos morais na hora
de compor ou executar alguma peça. Os maiores feitos e as maiores obras dentro dessa
arte, foram também as mais ousadas e as que causaram maior estranheza num primeiro
momento, na maioria das vezes. A educação musical é um meio de libertar e dar
subsídio à vontade de questionar o som, a história, a estética, a sociedade e até mesmo a
educação musical.
REFERÊNCIAS:
ADOLFO, Antônio. Iniciação piano & teclado. Irmãos Vitale, 1994.

BARBATUQUES. Tum Pá. São Paulo: MCD WORLD MUSIC, 2012. 1 CD (48:15
min). Digital Stereo.

BRASIL. Constituição federal. Brasília, 2008. Art. 1º

CIAVATTA, Lucas. O Passo: música e educação. Rio de Janeiro: L. Ciavatta, 2009.

CUNHA, Rosemyriam. A Prática Musical Coletiva. Revista Brasileira de Música –


Programa de Pós-Graduação em Música – Escola de Música da UFRJ. Rio de Janeiro,
v. 26, n. 2, p 345-365, Jul./Dez. 2013.

FIALHO, Vania Malagutti. A orientação do estágio na formação dos professores de


música. In: Práticas de ensinar música: legislação, planejamento, observação, registro,
orientação, espaços, formação. Org. MATEIRO, Teresa e SOUZA, Jusamara. Porto
Alegre/RS: Sulinas, 2009.

FRIDMAN, Ana. Conversas musicais além-mar: um percurso por processos de


criação, contextos formativos e propostas de improvisação. 1.ed. Curitiba: Editora
Prismas, 2016.

GÓES, Amanda. Corpo percussivo e som em movimento: a prática da música corporal.


Opus, Porto Alegre, v.12, n.1, p. 89-100. Junho de 2015.

MORATO, Cíntia Thaís; GONÇALVES, Lilia Neves. Observar a prática pedagógico-


musical é mais do que ver!. In: Práticas de ensinar música: legislação, planejamento,
observação, registro, orientação, espaços, formação. Org. MATEIRO, Teresa e SOUZA,
Jusamara. Porto Alegre/RS: Sulinas, 2009.

PPC, Licenciatura em Música – IPA. 2017.

ROMANELLI, Guilherme G. B.. Planejamento de aulas de estágio. In: Práticas de


ensinar música: legislação, planejamento, observação, registro, orientação, espaços,
formação. Org. MATEIRO, Teresa e SOUZA, Jusamara. Porto Alegre/RS: Sulinas,
2009.
ANEXOS:

Você também pode gostar