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REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

GOVERNO REGIONAL
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CONSERVATÓRIO – ESCOLA PROFISSIONAL DAS ARTES DA MADEIRA, ENG.º LUIZ PETER CLODE

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Ano letivo 2020/2021

Curso Profissional de Artes do Espetáculo - Interpretação

Dona Margarida
Adaptação de Apareceu a Margarida

De Roberto Athayde

Formanda: Margarida Raquel Freitas Velosa Nº P. 189

Professor Orientador: João David Melo Paiva

Funchal, 14 de junho de 2021

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AGRADECIMENTOS

Muitas pessoas contribuíram para a realização desta Prova de Aptidão


Profissional (PAP). Aqui fica o testemunho da minha gratidão, a todos aqueles que
tornaram possível a concretização deste projeto. Assim, expresso o meu
reconhecimento e agradecimento muito especial:

Em primeiro lugar, agradeço ao meu orientador da PAP, Professor João Paiva,


que me acompanhou durante este processo. Obrigada pelas suas observações
construtivas que me incentivaram. Pelo seu amor ao teatro, empenho e sentido
prático com que sempre orientou-me neste trabalho. Muito obrigada por todas as
suas palavras, ter corrigido quando necessário e sem nunca desmotivar. Pela sua
preocupação em organizar os trabalhos, por ter construído um cronograma de
tarefas, rever sempre que fosse preciso a PAP teórica, pela contribuição à presente
pesquisa,

Agradeço à professora de Interpretação, Dramaturgia e Voz, Diana Pita, pela


sugestão do monólogo utilizado, pela disponibilidade em me ajudar e pelo seu
interesse e motivação.

À professora de Português e Diretora de Turma Natália Ferreira, por


disponibilizar as suas horas para a revisão da PAP e esclarecimento de dúvidas,
pela sua paciência e pela contribuição positiva para o desenvolvimento da PAP.

À professora de Tecnologia Informação e Comunicação (TIC), Lina Granito, por


ter ensinado ferramentas importantes para a criação do design gráfico, do curriculum
Vitae (CV), organização do relatório da PAP e de desenho de luz.

À professora de Movimento, Juliana Andrade, pelas palavras amigas de


encorajamento, incentivo e confiança, por se mostrar sempre disponível e
preocupada com o desenvolvimento da PAP.

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Desejo igualmente, agradecer a todos os meus colegas de turma por me terem


apoiado nos momentos de dúvidas sobre a estrutura ou em tópicos na PAP teórica,
pela motivação e interesses em assistir aos ensaios, dando sempre sugestões.

Agradeço, em especial aos meus amigos mais próximos e colegas de turma, Ana
Pereira, Sandra Pita, Filipe Rocha, Carolina Cardoso e Lisandra Alves. Por estarem
sempre presentes durante todo o processo de trabalho. Pela amizade, e todos os
momentos que partilhamos ao longo destes três anos.

Não posso deixar de agradecer à colega, de turma, Carolina Andrade, que


sempre esteve presente na construção da PAP prática e teórica. Obrigada pela
confiança, pela atenção nos momentos de maior stress, pela compreensão que
sempre demostrou na convivência diária e pela amizade genuína que criamos. E
aos colegas, de turma, Gonçalo Drummond e Luana Granito, por se demonstrarem
disponíveis na partilha de ideias, pelo apoio, motivação e amizade.

Agradeço, a colega do 2º ano do Curso Profissional de Artes do Espetáculo –


Interpretação, Laura Souza, pela disponibilidade em ajudar na parte técnica da PAP.

Quero ainda agradecer, à minha família, pelo apoio que deram, especialmente a
sua irmã, Catarina Velosa, que sempre mostrou interesse e disponibilidade em
ajudar na elaboração da parte prática da PAP. E aos seus pais, pelo auxílio na
execução de elementos cénicos.

Por fim, agradeço a todos os professores que me acompanharam durante estes


três anos, e que estiveram envolvidos no meu processo de trabalho, de uma forma
direta ou indireta.

Muito obrigada!

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ÍND IC E G ER AL
AGRADECIMENTOS ............................................................................................ 3

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10

I – COMPONENTE TEÓRICA.......................................................................... 12

I.I - CARACTERIZAÇÃO DA OBRA ........................................................................ 12


I.II – EVOLUÇÃO DA PERSONAGEM .................................................................... 17
I.III – UNIVERSO DO AUTOR .............................................................................. 20
I.III.I – Biografia ....................................................................................... 21
I.III.II – Obras do autor ............................................................................ 23
I.IV - CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA ............................................................... 26
Ditadura no Brasil....................................................................................... 26
Ditadura em Portugal ................................................................................. 29
Educação em Portugal ............................................................................... 32
I.VI – CONCLUSÃO ........................................................................................... 35
I.VII – REFERÊNCIAS ....................................................................................... 37
Bibliografia .............................................................................................. 37
Webgrafia................................................................................................ 37

II – COMPONENTE PRÁTICA ......................................................................... 41

II.I – CARACTERIZAÇÃO E CABELO ..................................................................... 41


II.II – FIGURINO ............................................................................................... 42
II.III – CENOGRAFIA ......................................................................................... 43
II.IV – DESENHO DE LUZ .................................................................................. 44
II.V – SONOPLASTIA ......................................................................................... 45

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ÍNDICE DE ANEXOS

SUPLEMENTOS TEÓRICOS ................................................................................ 46


Paulo Freire ............................................................................................... 46
Pedagogia do Oprimido ............................................................................. 48
Movimento da Escola Moderna .................................................................. 50
Escola Básica da Ponte ............................................................................. 51

A – DIÁRIO DE BORDO ..................................................................................... 54


1º Período ............................................................................................... 54
Semana 1ª (7/09/20-11/09/20) - Integração ............................................... 54
Semana 2ª (14/09/20-18/09/20) - Primeiro Apoio; O Impacto .................... 54
Semana 3ª (21/9/20-25/09/20) – À Procura de Textos .............................. 55
Semana 4ª (28/09/2020-02/10/20) – Indecisão .......................................... 56
Semana 5ª (05/10/202-09/10/2020) – Mão à Obra .................................... 57
Semana 6ª (12/10/2020-16/10/2020) – “Sumo de Laranja” ....................... 58
Semana 7ª (19/10/2020-23/10/2020) – Correções do Anteprojeto ............ 58
Semana 8ª (26/10/2020-31/10/2020) – Entrega do Anteprojeto ................ 58
Semana 9º (02/11/2020-06/11/2020) – Parte 1.......................................... 59
Semana 10º (09/11/2020-13/11/2020) – Parte 2........................................ 59
Semana 11º (16/11/2020-20/11/2020) – Divisão do Texto......................... 59
Semana 12º (23/11/2020-27/11/2020) – Entrega da divisão...................... 59
Semana 13º (30/11/2020 - 04/12/2020) – Tentativa de adaptação ............ 59
Semana 14º (07/12/2020 – 11/12/2020) – Objetivos ................................. 60
Semana 15º (14/12/2020 – 18/12/2020) – Fim do Primeiro Período .......... 60
2ºPeriodo ................................................................................................ 61
Semana de férias (21/12/2020 – 01/01/2021) - Pesquisas ........................ 61
Semana 16º (04/01/2021 – 08/01/2021) – Aula à Distância....................... 61
Semana 17º (11/01/2021 – 15/01/2021) – Datas e tarefas ........................ 61
Semana 18º (18/01/2021 – 22/01/2021) – Ideias e Movimentação ............ 62
Semana 19º (25/01/2021 – 29/01/2021) - Exploração em Cena ................ 62
Semana 20º (01/02/21 – 05/02/21) – 1ª Apresentação .............................. 63
Semana 21º (08/02/21 – 12/02/21) – O que é a Felicidade? ..................... 64
Semana 22º (15/02/2021 – 19/02/21) – Cenário com corpo! ..................... 64

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Semana 23º (22/02/2021 – 26/02/2021) – PAP já tem esqueleto! ............. 64


Semana 24º (01/03/2021 – 05/03/2021) – Falta de Tempo ....................... 64
Semana 25º (8/3/21 – 12/03/21) – Semana que parece não ter fim .......... 65
Semana 26º (15/03/21 – 19/03/21) – Doc. único da PAP .......................... 66
Semana 27º (22/03/21 – 2/04/2021) - Férias da Páscoa ........................... 66
3ºPeriodo ................................................................................................ 67
Semana 28º (5/04/21- 9/04/21) – Poemas e definição de datas ................ 67
Semana 29º (12/04/21 – 14/04/21) – Dia do corte geral ............................ 67
Semana 30º (19/04 – 23/04) – Autonomia suprema .................................. 67
Semana 30º (19/04 – 23/04) – A PAP continua ......................................... 67
Semana 31º (26/04 – 30/04) – Ensaio em cena......................................... 68
Semana 32º (03/05 – 7/05) – Donas Margaridas ....................................... 68
Semana 33º (10/05 – 14/05) – Ponto da Situação ..................................... 68
Semana 34º (17/05 – 21/05) – PAP em FCT ............................................. 68
Semana 35º (24/05 – 28/05) – Fases finais da PAP .................................. 69
Semana 37º (7/06 – 11/06) – Ensaios Autónomos .................................... 70
C – TEXTO CÉNICO .......................................................................................... 71
D – CRONOGRAMA .......................................................................................... 74
I – Cronograma de Atividades .................................................................... 74
II – Cronograma de Ensaios ...................................................................... 75
E – DESIGN GRÁFICO ...................................................................................... 76
I – Cartaz ............................................................................................. 76
II – Bilhete ............................................................................................ 77
III – Folha de Sala ................................................................................ 78
IV – Convite ......................................................................................... 79
F – CURRICULUM VITAE (CV) ........................................................................... 80
G – AVALIAÇÕES REALIZADAS PELO ORIENTADOR ............................................. 84
1º Período ........................................................................................................ 84
2ºPeriodo.......................................................................................................... 86
3ºPeriodo.......................................................................................................... 88
H – AUTOAVALIAÇÕES REALIZADAS PELA ALUNA ............................................... 90
1ºPeriodo.......................................................................................................... 90
2ºPeriodo.......................................................................................................... 91

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ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 ........................................................................................................ 92
FIGURA 2 ........................................................................................................ 93
FIGURA 3 ........................................................................................................ 94
FIGURA 4 ........................................................................................................ 95

ÍNDICE DE SIGLAS E ACRÓ NIMOS

AM – Apareceu a Margarida

FIG. – Figura

MEM – Movimento da Escola Moderna

PAP – Prova de aptidão profissional

RA – Roberto Athayde

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Pede-se a uma criança. Desenhe uma flor!


Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro
canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado algum tempo o papel está cheio de linhas.
Umas numa direção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves;
umas mais fáceis, outras mais custosas.
A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase que não resistiu.
Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais.
Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: Uma flor!
As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor!
Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração
e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a
criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto
fora dos seus lugares, mas, são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!

Almada Negreiros, A Flor!

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INTRODUÇÃO

Margarida Raquel Freitas Velosa, tem 19 anos, nasceu a 3 de março de 2002,


no Funchal, é a formanda P.189 do terceiro ano do Curso Profissional de Artes do
Espetáculo – Interpretação do Conservatório - Escola Profissional das Artes da
Madeira, Eng.º Luiz Peter Clode (CEPAM).

Começou a desenvolver ideias para a PAP no verão de 2020, onde pesquisou


estilos e géneros de peças, pedindo sugestões a colegas e a professores. Dos
textos que leu destacaram-se: Solidão das Horas de Nelson Rodrigues; Yerma de
Frederico Lorca; O espetador condenado à morte de Matéi Visniec; Casa de
Bonecas de Henrik Ibsen; O doente imaginário de Molière; Seis personagens à
procura de um autor de Pirandello; Os malefícios do tabaco de Tchekov; Kit de
sobrevivência de Diana Pita; Agripina, a menor de Victor Santana; Mary Poppins de
Ricardo neves e Apareceu a Margarida de Roberto Athayde.

A escolha não foi fácil todavia também não foi muito difícil, a aluna pretendia um
texto que fosse desafiante, que permitisse trabalhar uma personagem que
possibilitasse abordar questões relevantes na atualidade e que pusesse em prática
todos os conhecimentos que adquiriu ao longo do curso e a peça Apareceu a
Margarida (AM) de Roberto Athayde (RA) tinha todas essas características.

A obra é uma sátira que fala sobre o excesso de poder. Os métodos utilizados
nas aulas da Dona Margarida representam formas de como as escolhas de vida
podem roubar aos Homens a sua individualidade, levá-los à conformidade e à
submissão sem se aperceberem. A frontalidade do texto dá-lhe a possibilidade de
quebrar a quarta parede e o espetador acaba por encarnar a posição de um aluno.
O público é então desafiado e encorajado a se comportar como um discente rebelde
durante a aula de Dona Margarida. A partir deste contexto de sala de aula o
espetador vê-se

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igualmente sugestionado a decifrar e a comparar as lições de Dona Margarida com


o que estamos expostos atualmente.

Dona Margarida é uma mulher audaz e assertiva, porém também é um ser


oprimido, mostrando assim o seu lado mais frágil e vulnerável. No decorrer da peça,
observam-se as suas incoerências e a sua a personalidade bipolar, contudo,
também é uma flor, que teve a coragem de nascer no asfalto, do ódio, do tédio, da
dor, da opressão da censura.

A formanda tem como objetivos para a PAP questionar e o provocar o público


sobre os valores e estratégicas do sistema de ensino; criar um espetáculo de raiz e
fazer uma apresentação bem-sucedida; conseguir cativar o público transmitindo a
verdade encarnando a personagem o mais fiel possível; melhorar a dicção, a
projeção vocal e a respiração; trabalhar a linguagem e consciência do corpo em
articulação de corpo e voz; aprimorar as capacidades expressivas, gestuais,
corporais e vocais.

Ao longo da PAP teórica são desenvolvidas para além das informações iniciais
– agradecimentos e introdução – a componente teórica que engloba a
caracterização da Obra, a evolução da personagem no texto, o universo do autor
que compreende a biografia e obras do autor – a contextualização histórica, a
conclusão e por fim a bibliografia e webgrafia. A Componente prática refere a
caracterização e cabelo, a cenografia, o figurino, o desenho de luz e a sonoplastia.
Seguidamente os Anexos que constam de: diário de bordo, o texto cénico, o texto
cénico adaptado, o cronograma de ensaios, o design gráfico, o Curriculum Vitae e
as avaliações periódicas realizadas pelo orientador e pela aluna. E por último as
ilustrações.

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I – C OM PON ENT E T EÓR ICA

I.I - CARACTERIZAÇÃO DA OBRA

Sentes-te perdido, oprimido, confuso, perseguido com os padrões


comportamentais contemporâneos e pelo sistema em que somos criados? Se a tua
resposta é sim, então, precisas de umas aulas com a Dona Margarida.

O monólogo Apareceu a Margarida é um clássico da dramaturgia brasileira,


criado por Roberto Athayde. É uma sátira e uma esplêndida metáfora sobre o
fascínio do poder, alertando os indivíduos para os estragos dos regimes ditatoriais
num universo pedagógico.

AM pertence ao movimento teatral da resistência que se desenvolveu entre 1964


e 1984, caracterizado por um grupo de dramaturgos que se posicionou contra o
regime militar de 1964. Nas suas obras foca a repressão contra a luta armada, a
censura, a superação da liberdade, episódios históricos ou situações simbólicas e
alegóricas. AM também relaciona características do teatro absurdo, que surgiu pós
Segunda Guerra Mundial, transborda de uma atmosfera de destruição, dor, perda e
incomunicabilidade do Homem por meio de temas e traços estilísticos que
contradizem radicalmente da tradicional dramaturgia realista.

Neste monólogo, apresenta-se uma professora autoritária e intempestiva, que


passa a aula a subjugar a sua turma, propondo-lhes ensinar “os factos da vida”.

Numa primeira leitura, podemos interpretar que Dona Margarida representa e


crítica somente os modelos de ensino, onde o professor é visto como a autoridade
absoluta. No entanto, se aprofundarmos a leitura e analisarmos a evolução da
personagem ao longo da peça, iremos perceber o quanto pode ser comparada a um
ditador, criada em sala de aula, em que todo o poder está nas suas mãos:

“Vocês têm de compreender que aqui dentro destas quatro paredes vocês não
mandam em nada. É como se vocês não existissem, é claro que tem de pagar.

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Vocês foram obrigados a pagar para entram e agora não podem sair, só quando
Dona Margarida disse. (pág. 20 e 21) [...] Vocês têm que compreender que vocês
aqui dentro não têm voz ativa. Vocês estão nas mãos de Dona Margarida. Vocês
aqui não participam em nada. Dona Margarida não dá permissão para que nada
seja feito sem permissão. Dona Margarida não deixa nada. Não pode isso, não
pode aquilo, não pode nada! E aí de quem não gostar! Dona Margarida não tem
contemplação para os desobedientes. Dona Margarida não tem pena. Dona
Margarida não tem dó nem piedade. Nem dó, nem piedade.” (ATHAYDE,
Apareceu a Margarida, 1973, pág.48)

A personagem personifica as instituições repressoras e, no contexto da sua


produção, o regime militar, apresentando as suas contradições e impondo-se diante
da plateia violentamente. O seu discurso é alternado por picos de agressividade e
de ingenuidade, o que caracteriza o perfil esquizofrénico e contraditório do sistema
educacional; e por cenas silenciosas, caracterizando as analogias com o regime
militar e o ensino, desfolhando assim uma mulher bruta, deixando visível a sua alma
frágil e desvalorizada.

Dona Margarida representa assim o poder governamental, o poder pedagógico,


o poder da igreja, o poder da família e o poder dos padrões impostos e enraizados
pela sociedade. Ela tem total poder para impor a sua vontade perante os alunos -
primeiro tentando encará-los, depois cativá-los e encantá-los, logo de seguida
intimidá-los e, por último, manipulá-los através da armadilha da linguagem e do
comportamento. O seu poder revela-se através das suas habilidades e
competências: ela sabe ioga e levitação, é especialista em sensitivity training
(técnica que, segundo Dona Margarida, consiste em “sentir” o ambiente à sua volta
sem precisar interagir diretamente com ele), compreende os animais, luta jiu-jitsu,
conhece as vibrações do corpo humano, concebe teoria como prática, descobriu o
segredo da sabedoria dos sábios mais antigos, é pioneira de um movimento em prol
da defesa dos animais, é criadora de um método revolucionário de educação, e é
dona de todas as ciências.

O dramaturgo conseguiu ainda associar na obra o seu desinteresse pela escola


convencional, numa série de adversidades à falta de liberdade que a escola

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oferecia, restrições nas suas leituras, ocupando o tempo com estudos de sua
conveniência, sufocando a sua liberdade de pensamento, e em última análise,
criações de relações conflituosas com os professores. AM expõem tais problemas
quando representa a escola em cena como um espaço hostil, intimidador e
incoerente, como se pode observar na fala da professora:

“Dona Margarida quer ajudar vocês a não dizerem nada. Ajudar vocês a não
terem nada de próprio para dizer. É assim que Dona Margarida prepara vocês
para a vida. Porque na vida ninguém diz nada. Ninguém tem nada de próprio
para dizer. [...] Dona Margarida ensina vocês a serem completamente
inexpressivos.” (ATAHYDE, Apareceu a Margarida, 1973, pág.49)

Dona Margarida é uma nova professora do segundo ano do Primeiro Ciclo do


Ensino Básico, que utiliza métodos de ensino completamente diferentes e
antiquados. Nas suas aulas, não há tempo nem espaço para se falar sobre
liberdade e ou autonomia.

Dona Margarida é uma mulher imponente, autoritária, nacionalista, extremista,


maternal, narcisista, extrovertida, provocadora e com um humor instável, por isso, o
seu desejo de assumir o controlo total na sala é demasiado delicado e frágil. Por
esse motivo, ela tem a constante necessidade de se reafirmar, inferiorizando,
humilhando, oprimindo e ferindo as almas mais sensíveis e ingénuas (os alunos).
No entanto esta vontade permanente e repetitiva de tentar manter a autoridade é
incoerente a ela própria, pois Dona Margarida é uma pessoa oprimida que oprime,
não se conseguindo libertar de si própria, do modelo em que cresceu e que é
obrigada a seguir, e isto torna-a infeliz. Esta professora tem ainda a forte
necessidade de evidenciar assuntos que só são de extrema importância,
escrevendo-os no quadro, que significa então a sua principal ferramenta de poder.

Apesar deste texto já completar cinquenta anos desde a sua estreia, continua a
ser uma peça com relevância, convertendo o reflexo do que vivemos atualmente.
Tendo como principal objetivo alterar e despertar a sociedade para questões que se

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preservam até hoje. A peça retrata um círculo vicioso sobre a abundância do poder,
a manipulação, as contradições da sociedade, a repressão, a opressão, a
desvalorização da profissão dos professores, e a necessidade constante que o
Homem tem de se educar e reeducar.

As margaridas são flores que crescem por todo o lado. São simples, frágeis e
belas, inicialmente com um aroma agradável e doce, todavia rapidamente nos
sufoca com o seu cheiro intenso e desagradável, tal e qual a nossa personagem.

Num contexto de resistência à ditadura militar, “Margarida” pode ser claramente


compreendida como metáfora à esperança, aquela que consegue resgatar a
liberdade. Se remetermos à brincadeira de despetalar flores, designada como mal-
me-quer ou bem-me-quer, podemos interpretar como se a flor carregasse em si o
bem e o mal, aspetos que também se pode verificar nas contradições de Dona
Margarida, que ao mesmo tempo demonstra atitudes violentas fazendo ameaças à
turma e oferece e assegura o bem a todos:

“Assim como dona Margarida ensina as coisas ásperas da vida, Dona Margarida
também ensina as coisas simples e bonitas. Dona Margarida ensina a vocês a
poesia do mundo. Coisa que vocês também devem aprender desde cedo. Por
exemplo: apesar de tudo, vocês gostam de dona Margarida. Vocês gostam dela.
Vocês simpatizam com ela. E dona Margarida também gosta de vocês.
Simpatiza com vocês. Apesar de dona Margarida ter que ensinar a vocês às
vezes coisas que vocês não gostam. Isso é poesia.” (ATAHYDE. Apareceu a
Margarida, 1973, pág. 28)

Todos querem ter poder, desejam ser livres, querem dizer o que realmente
pensam, mas não conseguem. As pessoas estão aprisionadas a elas mesmas,
acabando por construir a sua própria ditadura, oprimindo-se e impondo valores,
seguindo a mesma corrente de opinião, quase como se fossem formatações.
Felizmente já não vivemos com o fascismo governamental, porém sofremos com a
ditadura das grandes corporações, do sistema, dos padrões comportamentais, e
sentimos medo de sair ou encaixar nesse “padrão”.

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Assistir à aula da Dona Margarida é perceber e tomar consciência que existem


várias Margaridas pelo mundo, e não é difícil encontrá-las nem reconhecê-las.
Podemos analisar a Dona Margarida em duas perspetivas que acabam por se
complementar, todas querem camuflar-se exercendo poder, querendo sobrepor-se
e mandar nos outros através da arte da persuasão, no entanto por de trás desta
máscara espessa e quase inquebrável encontra-se um ser humano cheio de
complexidades, inseguranças, que rejeita e contém os seus sentimentos.

Dona Margarida é, portanto, muito mais do que uma representação de um


ditador. Nalguns instantes, ela é a voz da pátria, noutros, ela carrega todo o poder
ditatorial. Ela é a mãe da nação, é o símbolo da opressão e do poder. Dona
Margarida, de certa forma, é tão comum e alegórica que se trata na terceira pessoa.
Desde modo, aproxima-se do estilo linguístico dos professores do ensino básico,
mas, sobretudo, demostra a sua personalidade narcisista e egocêntrica, exibindo-a
como ferramenta de poder, considerando-se uma pessoa inteligente e importante,
além disso, ajuda-a a manter um controlo emocional.

Só existe uma maneira de encarar as Margaridas espalhadas pelo mundo –


confrontando-as com o seu próprio reflexo. Neste momento o Teatro é o nosso único
grande espelho. Dona Margarida é louca por partilhar com os alunos aquilo que
pensa, dando-lhes uma abrangência da realidade.

A aluna espera que a personagem consiga dar voz e promover a independência


dos seus alunos, que todos sejam capazes de compreendê-la, que se reflitam
naquele que é o grande espelho e que consigam aceitar a Dona Margarida que há
dentro de si.

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I.II – EVOLUÇÃO DA PERSONAGEM

A Dona Margarida é a nova professora do segundo ano do Ensino Básico.


Representa o poder absoluto, o retrato fiel do homem as suas complexidades e
contradições, e revela as dificuldades da profissão de docente. O cenário é a sua
sala de aula, onde o espectador é visto como um aluno, no entanto nas suas aulas
pouco se fala sobre a liberdade e a autonomia.

Esta professora é altamente imprevisível, impetuosa, habilidosa, autoritária,


extremista, nacionalista, protetora, maternal, provocadora, perversa, cativante,
hilariante, contraditória, com um temperamento instável e sempre carregada de
humor negro.

A professora passa a aula inteira com um desejo insano de assumir o controlo


total tentando sempre reafirmar-se, humilhando e inferiorizando as almas mais
frágeis e ingénuas ali presentes. Porém, esta excitação constante em tentar manter
a autoridade é contraditória em si própria, pois Dona Margarida é um indivíduo
oprimido e desvalorizado. Mas será que ela cresceu e foi educada segundo estes
métodos autoritários ou é obrigada a pertencer e a seguir um sistema que a oprime?

Dona Margarida é muito mais do que demonstra ser, e no desenrolar da peça


observamos a sua decomposição. Os silêncios e os seus suspiros são gritos pela
liberdade, pela sua liberdade, sobrando no final uma alma despida, frágil, solitária,
desprotegida e insegura.

No decorrer do espetáculo a professora altera o seu ritmo, a energia e o


comportamento de forma repentina e brusca, que nos dá a conhecer a mulher
contraditória e alucinada que é.

A aluna dividiu a peça pelas oscilações e as mudanças que a personagem vai


sofrendo havendo, então, vários picos de clímax com significados diferentes e uma
decadência invariável.

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Entra em cena com uma atitude vitoriosa, flamejante, onde o cheiro dominante
que paira o ar é o poder, sonda todos os alunos com um olhar avassalador. Este é
o primeiro pico da personagem, caracterizado como – a ostentação.

De seguida, o ambiente e energia muda para algo mais leve e empolgante,


contudo e jamais a sua tirania sai de cena. É quando a professora tem a forte
necessidade de escrever no quadro, principal símbolo e instrumento de poder, algo
de extrema importância, demonstrando o seu poderoso conhecimento. Este pico é
caracterizado de – a euforia.

Seguidamente, deparamo-nos com uma Dona Margarida mais imatura e


perversa, pico definido – pervertida, mas rapidamente passamos do riso a
intimidação, voltando a ostentação, mergulhando naquela atmosfera de
autoritarismo e de terror, onde se vê obrigada em reafirmar o seu papel e o seu
poder, expondo a realidade tal como ela é. Resultando assim o ápice da crueldade,
da violência psicológica e do delírio/abuso de poder, numa força omnipotente contra
a qual não adianta reagir, pois ela não deixa que isso aconteça, vê os alunos como
meros objetos passivos, porém implausíveis futuros beneficiários após a aula
terminar. As suas atitudes tornam-se fascistas e opressoras, estabelecendo-se
como uma mulher influenciadora e inquestionável diante os alunos, levando-os à
submissão sem se aperceberem, destacando assim a característica manipulável do
ser humano.

De seguida num tom irónico, podemos encontrar o seu instinto maternal e


protetor pelo cuidado como se dirige as crianças, pico caracterizado de – delicadeza,
intercalando com intenções mais agressivas e as atitudes violentas anteriores.

Após este apogeu há uma quebra na energia, como se voltasse à realidade e


tomasse consciência das suas atitudes, surgindo pela primeira vez o seu lado
sensível, ficando desamparada, desprotegida, com vergonha e medo. É aqui, que o
silêncio e os seus longos suspiros preenchem a cena. É nestes momentos que
encontramos uma mulher que se sente sozinha que se refugia nos próprios
sentimentos, como se estivesse debruçada sobre um terreno movediço instável,

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lutando contra os seus próprios demónios. Desta forma deparamo-nos com o lado
mais vulnerável da sua profissão e do homem, pois aquela crueldade baseia-se
somente na capa que carrega diariamente de modo a que transpareça uma pessoa
feliz e com brio. Estes são os únicos momentos em que conseguimos escutar os
seus verdadeiros gritos.

No entanto, quando se senta na cadeira e coloca as mãos sobre a secretária é


como se renascesse, voltando a ganhar poder. Dirigindo-se inicialmente com um
tom dócil, porém irónico contradizendo todas as suas atitudes, e imediatamente
retorna a ser agressiva e ameaçadora com os alunos, ensinando-lhes que só
precisam obedecer-lhe e fazer silêncio.

Repentinamente inicia a aula de biologia num tom hesitante e animado, contudo


desiste de iniciar a matéria. Ao longo do seu discurso, quando fala sobre os
adolescentes, apercebe-se que o que diz a incomoda, causando-lhe ansiedade.
Dona Margarida tem pavor de jovens adolescentes, é a fase na qual o sujeito
começa a ganhar independência, eles sentem que têm a necessidade de assumir a
liderança e muitas vezes a família e a escola perdem o controlo, eles têm demasiada
liberdade e espírito crítico descontrolado. A Dona Margarida jamais poderia ser
professora destes alunos, pois não iria conseguir manter o controlo total perante
eles. A adolescência também a faz recuar até o seu período escolar trazendo
horríveis memórias.

Imediatamente impõem-se voltando ao pico de ostentação, no entanto e em


contraste o seu comportamento é completamente incoerente, estando num estado
de desleixe.

Entretanto começa a crescer uma fúria intensa e avassaladora que enche a sala
num confronto direto com os alunos, e instantaneamente retoma a aula com a
disciplina de biologia, estabelecendo uma ligação com micróbios e vírus referindo-
se metaforicamente aos órgãos da censura, atribuindo-lhes também a nomenclatura
de “bichos”, crítica assim todos os crimes contra os direitos humanos concretizados
durante o período de regimes ditatoriais encobertos pela polícia vigilante.

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Logo de seguida, Dona Margarida utiliza o poder da linguagem para manipular


os alunos, criando uma espécie de revolução em prol da igualdade entre os homens
e os animais. Assim, a professora inicia um movimento de luta das classes
superiores e inferiores, exprimindo um ato da liberdade, em referência a uma
sociedade cada vez mais consumista. Ao longo do seu discurso impõem-se com
exuberância na sala começa a ficar agressiva, e farta. Esta cena corresponde ao
ápice da peça, a exaltação do poder de Dona Margarida atinge dimensões extremas,
como se através da sua linguagem tivesse o mundo nas mãos e entra numa
profunda revolta contra tudo o que esta em seu redor.

Chegando ao fim da aula, Dona Margarida reduz de forma brusca a energia,


retornando novamente à decadência da personagem, fala numa entoação ainda não
utilizada durante a aula, num tom sincero e verdadeiro para com os alunos,
estabelecendo uma certa empatia com eles. Aqui, Dona Margarida tira a máscara
que carregou durante a aula inteira, revelando ser uma mulher realmente
preocupada com os alunos desejando o seu bem e felicidade.

I.III – UNIVERSO DO AUTOR

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I.III.I – Biografia

Roberto José Austregéslio de Athayde, nasceu no dia 25 de novembro de 1949


(71 anos) no Rio De Janeiro - Brasil, é diretor de teatro profissional, ator,
dramaturgo, tradutor, poeta e escritor brasileiro.

Para entender melhor a natureza e o universo de RA, a aluna pesquisou sobre


as suas origens para conhecer o ambiente em que nasceu. Belmiro Maria
Austregésilo Augusto de Athayde, seu pai, imortalizou-se como cronista e jornalista,
mas também como ativista militante político, representando o país como delegado
do Brasil na III Assembleia da Organização das Nações Unidas (Paris, 1948). A sua
produção jornalística tinha um caráter revolucionário, manifestante e de denuncia,
correspondendo com a sua visão política defensora da democracia liberal. Era um
homem autoritário.

Maria José de Athayde, sua mãe, é pouco citada nos seus relatos biográficos,
não há menções que a caracterizam além de seu único papel de mãe e de esposa.
RA caracteriza o universo em família de “fleumático”, descrevendo uma atmosfera
calma e opressiva. Cresceu sob total controlo do seu pai, acabando por influenciar
na pouca intimidade familiar, pois preocupava-se mais com ele próprio do que com
as escolhas de vida dos seus filhos.

O dramaturgo também foi influenciado pela sua tia, Anna Amélia Carneiro de
Mendonça, poetisa, tradutora e uma figura importante no movimento feminista no
Brasil. Foi também fundadora da Casa do Estudante do Brasil e da Associação
Brasileira de Estudantes. A sua prima, Bárbara Heliodora (1923-2015), considerada

uma das mais expressivas críticas teatrais, também o foi uma grande influência para
ele. Foi neste círculo de artistas e intelectuais que amadureceu.

RA cita nas suas entrevistas que, quando era criança, queria escrever como o
seu pai (presidente da Academia) ou como Machado de Assis (fundador da
Academia), considerando-o superior. O próprio questionava-se sobre quem é que
poderia estar acima de Machado de Assis. Chegou à conclusão que só poderia ser

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o português Luís Vaz de Camões. Portanto quando apenas tinha dez, onze anos
ficou obcecado por Camões, tornando-se mais tarde um problema, tendo sido
expulso de três colégios, pois ao invés de estudar, recitava a obra Os Lusíadas.
Quando foi expulso do terceiro colégio, os seus pais desistiram de o matricular em
estabelecimentos de ensino, ficando livre para estudar música, piano e línguas onde
desenvolveu e aprimorou diversas competências para escrever uma peça com um
tema tão pertinente e importante aos vinte e um anos.

Athayde, com apenas quinze anos, começou a ter aulas particulares de línguas
estrangeiras e de piano, no Solar dos Abacaxis, mansão onde morava na altura.
Quando fez dezassete anos, foi para Michigan (Estados Unidos) estudar
composição musical, porém não concluiu o curso. Depois quis estudar literatura
francesa entrando na Universidade de Sorbonne, em França.

Regressa à sua terra natal com vinte e um anos, em 1971, onde inicia a sua
dramaturgia e escrita teatral. Em apenas seis meses escreveu cinco peças de teatro,
nomeadamente: O Reacionário, Um visitante do alto, Manual de sobrevivência na
selva, Apareceu a Margarida e No fundo do sítio, depois interrompe a sua produção
de escrita criativa para montar as suas peças em cena.

Foi precisamente com AM, o seu primeiro trabalho do género de teatro absurdo,
que o autor consegue alcançar a fama e o seu sucesso internacional, sendo também
caracterizado como dramaturgo a partir de uma única peça, pois nenhum dos seus
outros projetos teve repercussão.

Athayde não mostrou o texto a seu pai, nem a sua prima Bárbara, levando-o
diretamente para Paschoal Carlos Magno (1906-1980), uma das pessoas mais
importantes do teatro brasileiro entre as décadas de 40 e 70. Graças a este ilustre
dramaturgo AM chegou as mãos de Luís de Lima (1925-2002), que tinha participado
em Casa de Bonecas de Henrik Ibsen, na versão dirigida por Cecil Thiré, porém,
devido a um acidente de carro fez com que Lima ficasse impossibilitado de encenar
a obra de Athayde. Passando o texto, então, para Tereza Rachel (1934-2016) e
seguidamente para Leila Diniz (1943-2015) até que chegou ao interesse de Marília

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Pêra (1943-2015), atriz que deu o corpo e alma a Dona Margarida. Pêra recebeu
com a sua encenação o segundo prémio Molière de Melhor Atriz do Rio de Janeiro
e o prémio Governador do Estado de São Paulo. (FIG. 1 – consultar página 93) A
sua última encenação foi em 1996.

Foi com este trabalho que RA teve o mérito de ganhar o Prémio Molière de o
Melhor Dramaturgo, que recebeu no Teatro Carioca na cidade do Rio de Janeiro em
1973. A peça, no dia do seu ensaio geral, foi vista por dois grupos específicos, um
organizado pelo seu pai constituído por ilustres personagens, o outro constituído por
representantes da Censura, que, no final, autoriza a sua subida a palco. Desta
forma, os homens da Censura ficaram constrangidos perante os artistas intelectuais
que se encontram na plateia e aprovaram a peça, pois também julgaram que Dona
Margarida representava apenas de uma professora louca e engraçada. Após duas
semanas no palco do Brasil, este fenómeno foi obrigado a ser retirado dos cartazes,
submetida a inúmeros cortes (FIG.2 e 3 – consultar página 94 e 95) e só podia voltar
a pisar os palcos mediante a obrigatoriedade de mencionar o Hino Nacional
Brasileiro.

A peça, foi liberada após negociações e regressou a cena com o Hino Nacional,
e mais tarde foi obrigada a ser substituído pela cantiga de roda “Apareceu a
margarida, olê, olê, olá” (FIG.4 – consultar página 96).

Mais tarde, RA ficou responsável por dirigir a versão da Broadway com a atriz
Estelle Parson, recebendo uma enorme crítica pela produção de 1978.

Sobre a dramaturgia da obra AM, Athayde afirma em sua entrevistas, que não
escreveu uma critica à ditadura militar. Não é autor de esquerda nem militante de
nenhuma vertente ideológica, mantendo-se sempre afastado de debates políticos.

Até ao momento, AM já foi encenada mais de trezentas vezes em redor do


mundo em mais de trinta países, fazendo dela um fenómeno mundial da dramaturgia
brasileira. RA continua ganhando ainda vários prémios com o monólogo AM.

I.III.II – Obras do autor

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O escritor Roberto Athayde contém uma vasta biblioteca de obras inéditas,


sendo mundialmente conhecido devido a algumas delas. Escreveu 26 peças,
todavia nem todas tiveram o privilégio de serem encenadas. Escreveu ainda quatro
romances, alguns livros infantis, produziu uma mini série, dois documentários, uma
curta-metragem e alguns programas de televisão.

De todas as suas obras destacam-se: Apareceu a Margarida, 1971; O


Reacionário, 1971; A Viagem ao Oriente, Um visitante do Alto e Manual de
sobrevivência na selva, ambas em 1974; Os Desinibidos, de 1982; Carlota Rainha,
1994; A Arquiteta e o Rei do Ladrilho, 1988; Os Quatro Pilares da Decência,
1991; Dom Miguel, Rei de Portugal, 1998; A Grande Visita, 2000, além de outros
trabalhos escritos em inglês. Publica volumes de contos e poemas.

A produção do dramaturgo colidiu com um grave problema político: o regime


ditatorial, inspirando-se para as suas criações em temas que abordam questões
políticas e ideológicas, opostas ao regime implementado e apresenta de forma
declarada os seus ideais, em trechos nos quais as personagens discutem cultura,
literatura, teatro e arte em geral num compromisso social no contexto da ditadura.

A sua careira passou por momentos de exílio e picos de grande sucesso,


nomeadamente a adaptação e tradução da peça O mistério de irmã Vap, em 1980,
permanecendo em cartaz durante doze anos seguidos, proporcionando-lhe bens
dos quais usufrui atualmente. Contudo também realizou outros espetáculos, entre o
Apareceu a Margarida e O Mistério de irmã Vap, que foram, e alguns continuam a
ser, muito aclamados.

A imensa produção de Athayde evidência a sua inteira dedicação às suas duas


grandes paixões: a literatura e o teatro. O trabalho do autor envolve uma fusão das
suas experiências pessoais e a sua maneira de ver o mundo.

Conhecer sua biografia e o seu conceito de arte é fundamental para caracterizar


o perfil intelectual e polémico, cujos textos exploram sempre conteúdos densos,
filosóficos, antropológicos, históricos, políticos e psicológicos. Assim sendo, os

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textos de Roberto Athayde estão carregados de referências literárias, artísticas,


políticas e contextuais.

AM é considerada a obra-prima do autor, com mais de duzentas produções ao


redor do mundo e com traduções para cinco línguas: inglês, francês, espanhol,
italiano e grego. Assim sendo, verifica-se duas publicações em livro deste monólogo:
uma datada de 1973, Apareceu a Margarida de Roberto Athayde, diário da direção
de Aderbal Junior, pela Editora Brasília – obra que a aluna usufruiu para a criação
da PAP, e outro de 2003, na coletânea, As peças precoces: Apareceu a Margarida
e outras, publicada pela Editora Nova Fronteira. Registram-se mais tarde, outros
dois, dactiloscristos produzidos no Rio de Janeiro: o primeiro, A Esquisofazia
Didática ou Do que Aterra, Margarida de setembro de 1971, assinado pelo próprio
autor, o segundo, encadernado como livro, ainda com o título Apareceu a Margarida,
produzido pela Alpha Produções Artísticas.

AM por ter conseguido estender-se na história e permanecer em cena em


diferentes países após cinco décadas, a obra de Roberto Athayde universaliza-se,
como um estudo que evidencia o texto dramático num contexto histórico de período
ditatorial em diferentes países, do século XX e, pela interdisciplinar que aborda.

Atualmente AM está sendo encenda pelo encenador e ator Abílio Tavares


ganhando um novo título Todo o Mundo quer ser Dona Margarida. Em 2020, Dona
Margarida retorna a dar aulas e é obrigada a adapta-se ao tempo pandémico que
atravessamos, dando aulas online, no seu canal do Youtube. O diretor decide então
retratar as circunstâncias de instauração duma ditadura influenciada pelo governo e
militares do Brasil. Em 2021, Abílio encena a 2 temporada de AM, criando uma
alusão ao fim das aulas online e o regresso à escola.

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I.IV - CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Ditadura no Brasil

O Brasil, entre 1964 e 1985, enfrentava um cenário de regime ditatorial militar


também conhecida como Quinta República Brasileira, sob liderança de sucessivos
governos militares de naturezas nacionalistas e autoritárias. A última ditadura foi
instaurada durante o governo de João Goulart, presidente democraticamente eleito
pelo povo brasileiro derrubado mais tarde por um golpe de Estado. O regime
ditatorial termina quando José Sarney assume a presidência dando início a Nova
República ou Sexta República.

A ditadura militar brasileira permaneceu durante vinte e um anos, colocando em


prática vários Atos Institucionais 1 , culminando com o Ato Institucional Número
Cinco2 (AI-5) de 1968, que prevaleceu durante dez anos. Este regime adotou uma
diretriz nacionalista, desenvolvimentista e de oposição ao comunismo. Tinha como
objetivo práticas de tortura, censura e controlo sobre a educação, os opositores do
regime e os meios de comunicação. Porém, a repressão Oficial não impediu que os
mais variados grupos sociais tenham se mobilizado em reação aos excessos e aos
abusos de poder do governo militar, pelo contrário à medida que as censuras se
aprofundavam os movimentos de resistência radicalizavam-se.

Os jornais foram amplamente utilizados como principal meio de denúncia,


publicações como o jornal humorístico Pasquim e a Revista Fradim (1971-1980),
equivaleram nas “letras” para confrontar o governo, quase sempre metaforicamente.
Houve imensos escritores que também se manifestaram em relação ao sistema

1
Atos institucionais foram decretos forças constitucionais elaborados pelos governos militares durante o período
da Ditadura Militar. Ao todo, foram emitidos 17 atos nos cinco primeiros anos desse regime, e eles cumpriram a função
de garantir a legitimidade, do ponto de vista jurídico, e a institucionalização de uma ditadura militar.

2
O AI-5, redigido a 13 de dezembro de 1968 pelo presidente Artur da Costa e Silva, vigorou até o ano de 1978. Este ato
determinou, entre outros aspetos, a censura prévia de todas as atividades artísticas, privando a liberdade de expressão
e conferindo poderes absolutos ao regime, cuja primeira ação foi colocar o Congresso Nacional em recesso por quase
um ano.

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político, destacam-se os livros: O mundo do socialismo, de Caio Prado Júnior


(1962); Dez histórias imorais, de Aguinaldo Silva (1967); Feliz Ano Novo, de Loyola
Brandão (1976); Mister Curitiba, de Dalton Trevisan (1976), dentre outros.

No teatro, muitos espetáculos continham um forte teor revolucionário, era


obrigatório encenar, uma antestreia para o órgão responsável pela manutenção da
censura que depois resultava na adaptação e modificação do espetáculo.

Nos palcos do Opinião, Oficina e Arena, as peças eram montadas em confronto


ao conservadorismo social e limites políticos. Está fiscalização englobava conteúdos
sociopolíticos, morais, culturais e religiosos, retratando assim uma opressão política
também conhecida por “linha dura”3. O Centro Popular de Cultura, interligado com
a União Nacional dos Estudantes, partilhava a mesma ideologia que Bertolt Brecht,
que defende que o teatro é arma fundamental no combate político. Com a escritura
do AI-5, muitas companhias de teatro foram abolidas, mas isso não foi mote de
invalidação, gerando assim mais força contra o sistema. Destacam-se os seguintes
artistas e nomeadamente as suas obras: Liberdade, liberdade, de Millôr Fernandes
e Flávio Rangel (1965); Roda-viva, de Chico Buarque, (1967); Papa Highirte, de
Oduvaldo Vianna (1968), entre outros.

Em relação ao cinema, muitas das produções eram realizadas por artistas do


Cinema Novo inaugurado por Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha. Esta arte
que sempre foi uma preocupação fundamental presente nas reflexões sobre a
identidade nacional brasileira, compreendia agora um compromisso político e pelo
combate a tão desejada democracia. Coincidentemente o Cinema Marginal
assumiu-se como vanguarda cinematográfica do país, possuindo um relevante
papel na consciencialização política acerca a realidade do Brasil. Os ilustres filmes
desta época são: O bandido da luz vermelha, de Rogerio Sganzerla (1968); Terra
em transe, de Glauber Rocha (1967); Como era gostoso o meu francês, de Nelson

3 Linha-dura é o termo utilizado para caracterizar um movimento político, que adote posições mais extremistas, e

intolerantes.

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Pereira dos Santos (1971); Opinião pública, de Arnaldo Jabor (1967). E novelas:
Selva de pedra, Janete Clair (1972); O Bem-Amado, de Dias Gomes (1973); Pecado
capital, de Janete Clair (1975) e Roque Santeiro, de Dias Gomes e Aguinaldo Silva
(cesurada em 1975, restabelecida a 1985).

Na música compositores como Caetano Veloso, Chico Buarque, Tom Jobim,


Vinício de Moraes, Rita Lee e Gilberto Gil conseguiram elevar a música nacional.
Motivados pelo movimento de resistência à repressão militar que cercava todas as
formas de liberdade cultural. O Tropicalismo, grupo brasileiro com influência do
Rock’n Roll, foi o movimento emblemático deste período, dedicados a um duplo
objetivo. O primeiro de censurar a ditadura e o segundo de pensar a formação de
uma identidade nacional destacou-se, ao defender o intercâmbio com outras
culturas. Músicas simbólicas: Cálice, de Chico Buarque (1973); Alegria, alegria, de
Caetano Veloso (1967); Aquele abraço, de Gilberto Gil (1969).

No entanto, foi essencialmente na década de 70 que ocorreu o clímax do regime


ditatorial brasileiro, coincidindo com o retorno de Roberto Athayde ao seu país natal.
Este depara-se com inúmeros problemas políticos e sociais, levando o dramaturgo
a reagir, não hesitando em inspirar-se no regime militar, fazendo um forte contraste
com a opressão nos estabelecimentos de ensino, expondo uma grande crítica à
ditadura militar encoberta por várias metáforas filosóficas. Assim sendo Dona
Margarida brotou no asfalto da censura, onde percebemos que há beleza nas
palavras violentas e tiranas desta personagem.

Roberto Athayde veio a tornar-se um ícone da resistência da ditadura militar


quando escreveu o monólogo AM, com apenas vinte e dois anos, em 1971,
estreando no Teatro Ipanena no Brasil – Rio de Janeiro, em 1973. Entretanto, após
a sua encenação foi censurada e para o seu regresso, o autor foi obrigado a criar
várias adaptações. Esta peça além de ser considera o maior fenómeno do teatro
brasileiro, alcançou sucesso internacional, sendo encenada mais de quatrocentas
vezes em mais de vinte países e com cinco traduções até a atualidade.

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Apesar de ser uma peça escrita há cinquenta anos, aborda temas ainda
debatidos nos dias de hoje sem ser necessário fazer muitas adaptações, o que
assusta muitos países com questões ditatoriais. A peça retrata o delírio, o abuso do
poder e ao ego do homem; a intolerância política, sexual, religiosa e psicológica; e
os extremismos. Sendo assim, o autor cria uma personagem docente que critica e
simboliza metaforicamente os regimes ditatoriais ativos no século XX. Desde modo
Athayde leva-nos a mergulhar dentro de uma sala de aula onde ficamos encantados
ou aterrorizados por um humor sarcástico e irónico.

Ditadura em Portugal

Assim como o Brasil, Portugal também passou por um período de ditadura


militar, caracterizada de Estado Novo, Segunda República Portuguesa ou
Salazarismo, em referência a António de Oliveira Salazar, fundador e líder do
regime. Este, tinha como apoio e modelo os regimes fascistas de Mussolini (Itália),
e de Hitler (Alemanha).

Este sistema, surgiu por consequência do golpe militar de 28 de maio de 1926,


dominando-se “Revolução Nacional”, dando início a Ditadura Nacional (1926 a
1933). Estes, foram, conjuntamente, o regime fascista mais extenso da Europa
Ocidental durante o século XX, perdurando por 48 anos. O Estado Novo
permaneceu desde 1933 a 1974, derrubado a 25 de abril pela Revolução dos Cravos
ou Revolução de 25 de abril. Este governo possuía um conjunto de lemas para
demonstrar a sua ideologia e doutrina sendo uns dos mais conhecidos: “Tudo pela
Nação, nada contra a Nação”, “Deus, Pátria, Família” e “Orgulhosamente Sós”.

Era um governo fascista, católico, tradicionalista, anticomunista,


antiparlamentarista, antiliberal, colonial, ideológico, conservador, nacionalista,
corporativo e autocrata. Foi capaz de criar o seu próprio aparelho repressor, a
Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) e/ou Polícia de Vigilância do
Estado (PVDE), que apoiava na censura, na propaganda, nas organizações

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paramilitares (Legião portuguesa), e nas organizações juvenis (Mocidade


Portuguesa).

A evolução do salazarismo foi divida em dois períodos: o primeiro, perdurou até


ao final da Segunda Grande Guerra (1945), comandado por uma ideologia católica
tradicional e ruralista, e por um regime altamente autoritário que acabou por sofrer
consequências da mudança da política com a vitoria da democracia, porém, e
mesmo assim a política portuguesa conseguiu prevalecer. O segundo período
pendura até 1968, ano da queda de Salazar e da sua impossibilidade de continuar
a exercer o cargo de Presidente, sucedendo a Marcello Caetano um país envolvido
numa guerra desde 1961. Não houve mudanças em relação ao governo Salazarista,
apenas uma continuidade da agonia e na burocracia lenta dum sistema,
sobrecarregado por uma guerra sem solução política e por uma emigração
excessiva do povo português para o centro da Europa.

A abordagem do teatro durante do século XX desmembra-se em três partes: o


teatro antes de Salazar, o teatro no estado Novo, e o teatro pós 25 de abril de 1974.

Em 1921 foi publicado a legislação que impunha a censura e proibia os


espetáculos que de qualquer forma fossem considerados desrespeitosos a lei, da
moral e dos costumes portugueses, para isto havia funcionários da censura que
fiscalizavam e reprimiam as obras. Anos depois, é decretado uma nova legislação,
provinda do Ministro da Educação, que impõe ensaios das peças só se fossem
aprovadas, e teriam de ser visionados pela Censura. Esta repressão na arte
provocou no panorama cultural português marcas indeléveis.

Assim eram muitos os artistas proibidos em Portugal, nacionais, estrangeiros e


nomeadamente as suas dramaturgias contemporâneas e/ou clássicos. Muitas obras
estavam impedidas de subir aos palcos portugueses, como foi o caso de algumas
peças de Gil Vicente, Lope de Vega, William Shakespeare, Beckett, Jonesco,
Brecht, Luís Francisco Rebello, Sttau Monteiro, Bernardo Santareno, entre outros.

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Durante o Estado Novo, o clima cultural servia para a propaganda, assim sendo,
o teatro, o cinema e os bailados faziam uma apologia ao regime, caracterizando um
país fictício, destacando os filmes de António Lopes Ribeiro.

No teatro foi criado apoios, um deles foi chamado de Teatro do Povo (1936-1945)
que através de peças previamente principalmente da autoria de Tchekov e
Maeterlinck, que abordassem temáticas e exaltassem a pátria.

Também através do Teatro de Revista, evidenciando os atores Carlos Porto e


Luís Rebello, foi possível retratar e satirizar a sociedade portuguesa da época,
dentro das normas redigidas, exploram temáticas com contextos políticos, a
exaltação patriótica, acontecimentos marcantes da história europeia (principalmente
sobre a Segunda Guerra Mundial), e a falta de liberdade que isto proporcionava. No
entanto, a situação foi agravando e a censura tornou-se mais extremista, sendo
muitos dramaturgos e atores perseguidos, julgados, presos e impedidos de exercer
a sua profissão, concluindo que o teatro a atividade cultural que mais sofreu às mãos
do regime.

O outro apoio foi dos festivais promovidos pelo Secretariado Nacional de


Informação (SNI), que proporcionavam companhias de teatro de amadores, sendo
alguns dos seus espetáculos penalizados. Além disso, o Fundo do Teatro destinava-
se a apoiar companhias que se disponham montar espetáculos que fossem do
agrado do público do regime.

O Teatro Nacional combatia contra a corrente intitulada, encenando espetáculos


de grande teor estético, nomeadamente: Os gladiadores, de Alfredo Cortez; Amadis
de Gaula de Gil Vicente; O Sonho de Uma Noite de Verão de William Shakespeare;
a trilogia de Electra de Eugène O’Neil; a Ascensão de Joaninha de Gerhart
Hauptman; Última Aventura de Quixote de Carlos Selvagem; entre outras. Mais
tarde, foram surgindo outros grupos de teatros, como foi o caso do Teatro Estúdio
do Salitre criado em 1946, a Casa da Comédia, os Companheiros do Pátio das
Comédias, entre outros diversos grupos dirigidos por atores ou autores, como por
exemplo Manuela Porto e de Pedro Bom.

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Nas “letras” destacou-se com a revista Orpheu – Revista Trimestral de Literatura,


publicada em Lisboa e criada em 1915, marcando a entrada do modernismo em
Portugal. Com somente dois capítulos publicados, sendo o terceiro cancelado
devido a dificuldades de financiamento. Contudo, a revista obteve um notável
reconhecimento e o seu vanguardismo influenciou futuros movimentos literários. O
impacto negativo e o escândalo que Orpheu gerou, advém da novidade formal e
estilística de projetos com carácter provocador e critico, de autores importantes das
letras e das artes, como, Fernando Pessoa, Santa-Rita Pintor, Mário Sá Carneiro e
Almada Negreiros, que acabaram por ficar conhecidos como geração d’Orpheu. No
entanto só doze anos depois, a revista começou a ganhar relevância com a criação
da segunda geração modernista, nas páginas da revista Presença, publicada em
Coimbra (1927-1940) que contou com José Régio, Miguel Torga e Vitorino Nemésio.

Educação em Portugal

O sistema educacional em Portugal foi dominado pela ditadura, e como


consequência o país apresentava uma elevada taxa de analfabetismo.

Durante a Primeira República, foi criada a primeira tentativa de solução a este


problema, estabelecendo medidas como: a gratuitidade e neutralidade do ensino, o
estabelecimento do ensino infantil, e a escolaridade era obrigatória até aos 5 anos.
No entanto o seu projeto falha, devido a instabilidade política e económica,
prejudicando o funcionamento do Ministro da Instrução Primária, e o impacto da
participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial.

A rutura da escola republicana com a construção da escola nacionalista do


Estado Novo, assinala uma queda no ensino com uma redução de dois anos de
escolaridade obrigatória e a limitação do programa escolar, delimitando a
aprendizagem a base dos aspetos morais, religiosos e patriotas.

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O pensamento predominante do governo convergia numa valorização da


ignorância, pois quanto menos instruções estes tivessem, menor seria a sua
capacidade em questionar sobre a políticas e a ordem social, assim o povo gerava
um clima de conformação. No entanto, não sendo possível limitar o estudo à
burguesia, procedeu-se a uma redução do tempo e no currículo, ao mesmo tempo
que se ampliou a doutrinação, a ação católica e política. No que corresponde aos
professores, diminui-se o nível das suas qualificações e competências, havendo
uma desvalorização das bases da atividade docente.

O governo defendia os valores nacionais através de um único manual nos quais


constavam os valores tradicionais e ideológicos do Estado Português e optou pela
separação dos sexos, o horário escolar era das 9 horas às 17 horas e só havia um
único intervalo, o da hora do almoço, de manhã as aulas eram para as raparigas e
a tarde para os rapazes. No entanto muitas famílias não autorizavam suas filhas ir
à escola, pois achavam que não era necessário saber ler nem escrever, só
precisavam saber cuidar da casa, para se tornarem boas esposas, cuidar e educar
os filhos.

O método de ensino utilizado era expositivo, no qual o professor limitava-se a


escrever, no quadro, preto a giz, e os alunos copiavam, para os cadernos, de
seguida eram remetidos a um exame extenso que consistia em toda a matéria,
refletindo aquilo que os alunos memorizaram durante as aulas, quem reprovasse
teria de repetir o ano. Este método é do seculo XX, porém tem muitas semelhanças
ao seculo XIX.

O ensino primário foi o que teve mais atenção do estado. Remetia-se a ensinar,
como por exemplo: a glorificação da História de Portugal, o grande Império Colonial
Português, a religião católica, a tradição, os costumes, o serviço à comunidade e à
Pátria, a solidariedade numa perspetiva cristã, e a fraternidade ao país. As
disciplinas do currículo escolar eram: Matemática, História, Língua Portuguesa,
Geografia, Ciências, e Religião e Moral. Tinham de saber a tabuada, os nomes dos
rios, serras, caminhos de ferro e todas as colónias portuguesas.

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A primeira coisa que faziam, todos os dias, quando entravam na sala de aula
era cantar o hino de Portugal e rezar. As salas eram preenchidas com carteiras
alinhadas e parafusadas ao chão. Era obrigatório haver três símbolos alinhados, na
parede frontal: um retrato de Salazar, outro do Presidente Carmona, e, um crucifixo.
A secretária do professor era elevada por um estrado de madeira, demonstrando a
sua superioridade em relação aos alunos. Qualquer professor que expressasse
contra o regime era expulso do cargo.

A excelência dos alunos neste ensino, era alcançado por meio da memorização
de matéria, o objetivo principal era alfabetizar através da intimidação, humilhação e
de castigos severos, além disto, o aluno era proibido de demonstrar o seu espírito
critico, e eram obrigados a usar a farda escolar que normalmente continha o número
da identificação do aluno.

Já o ensino secundário, praticamente não obteve muita atenção do Estado Novo,


surgindo em evidência apenas em 1973. Os principais problemas desde grau de
ensino era precisamente os custos elevados das propinas, uma elevada taxa de
reprovação nos exames de admissão e os graves problemas do aproveitamento
escolar.

Em suma, o ensino durante o regime era constantemente controlado, obtia uma


educação rica nos valores ideológicos defendidos, a religião assumiu uma
relevância no programa escolar. Portugal era um país rico, porém com uma taxa
elevada de analfabetismo e, no qual, o ensino superior só era acessível a uma
classe muito restrita de cidadãos.

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I.VI – CONCLUSÃO

Ao longo destes três anos a frequentar o Conservatório, a aluna apresentou um


desenvolvimento colossal. Ainda no decorrer desta jornada, foi-lhe possível
conhecer pessoas incríveis que ajudaram-na neste crescimento não só profissional
como pessoal.

Desde o momento em que a Margarida se matriculou na Escola Profissional das


Artes da Madeira, esteve muito ansiosa e receosa em realizar a PAP, pois é o projeto
mais importante do seu curso, onde será percetível a sua evolução.

Ao concluir a PAP, a aluna admite que não é um projeto tão complicado quanto
lhe fora transmitido por ex-alunos. É um trabalho que exige desde início
organização, autonomia e autoestima. Porém, ao longo do processo a formanda
sentiu mais dificuldade em abdicar de parte do texto para o limite de tempo
estabelecido, no entanto em cooperação com o orientador, conseguiu estruturar
uma base.

No que concerne à parte prática, a formanda não teve muitas dificuldades, uma
vez que já tinha uma ideia concreta do que queria abordar e trabalhar desde o
momento em que escolheu o texto. Quanto à parte teórica, apresentou algumas
dificuldades na escrita e gramática num todo, todavia não desacelerou o trabalho.

Devido a realização desde projeto, a aluna conseguiu ganhar total autonomia,


empenhando-se ao máximo para superar os seus objetivos, o que fez com
crescesse a nível pessoal e profissional. Esta dedicou-se a trabalhos de pesquisa,
leitura, escrita, planeamentos diários, desenho, criação de design e ensaiar para
conseguir alcançar os seus objetivos e orgulhar-se no seu trabalho.

A formanda entregou-se ao trabalho desde o princípio do projeto. À medida que


foi avançando no estudo da peça e da personagem, a discente começou a
identificar-se com o universo da mesma, acabando assim por criar afeição e respeito
pela Dona Margarida, contudo tentou distanciar-se ao máximo para que isso não
influenciasse o processo de criação, nem que criasse obstáculos.

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A aluna termina este trabalho de criação orgulhosa com o resultado. Foi um


longo processo de aprendizagem, tanto profissional como pessoal, e de imensa
responsabilidade. A discente com este projeto reflete a sua evolução ao longo
destes três anos e ainda consegue abordar temas que a cativam e são de interesse
pessoal.

O desenrolar da PAP procedeu da seguinte maneira:

A primeira fase da PAP consistiu na investigação, na seleção e leituras de textos


pesquisados e sugeridos pelo seu orientador, pela professora de Interpretação e
colegas de turma. Após uma vasta leitura sucedeu a escolha e justificação do texto.
De seguida pesquisou sobre a obra e o autor para realizar o universo do autor.
Depois dedicou-se em investigar e perceber “quem era Dona Margarida” e
simultaneamente fazia uma análise aprofundada ao texto. Desde que a formanda
começou o planeamento do projeto, aplicou-se em redigir o diário de bordo, seguir
o cronograma fornecido pelo professor orientador e guardar os links e referências
usados na concretização do relatório.

Na segunda fase do trabalho, foi realizada uma esquematização, organização e


adaptação do monólogo, recorrendo à divisão de ideias em duas partes – primeira
– ideias fundamentais; – segunda – ideias aliciantes. A aluna começou a
desenvolver e discutir ideias sobre o design gráfico – cartaz; bilhete; folha de sala e
convite.

A terceira fase do projeto, foi a parte prática, sucedendo os ensaios com a


exploração em cena, e mais tarde a limpeza das cenas. A aluna pôde executar as
suas ideias ao mesmo tempo que descobria e criava a personagem.

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I.VII – REFERÊNCIAS

Bibliografia

PEIXOTO, Fernando. História do Teatro Europeu: Edições Sílabo

Webgrafia

Márcia Bechara, (2017). Peça "Apareceu a Margarida", marco contra a ditadura


brasileira, faz sucesso há 40 anos na França. Disponível em:
https://www.rfi.fr/br/franca/20171222-simbolo-da-luta-contra-ditadura-militar-no-
brasil-peca-apareceu-margarida-faz-sucess

APARECEU a Margarida. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura


Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento393600/apareceu-a-margarida%3E
(Acesso em: 25 de OUT. 2020.)

Alfredo Ribeiro. (2007). Reapareceu o Athayde. A vida na montanha-russa do


autor de Apareceu a Margarida, do sucesso milionário ao ostracismo e vice-
versa em poucos anos. Disponível em:
https://piaui.folha.uol.com.br/materia/reapareceu-o-athayde/
(acedido à 10/01/2021)

Fabiana Prudente, (2018).Disponível em:http://www.acervorobertoathayde.com/

TEATRO do Absurdo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura


Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo13538/teatro-do-absurdo (acedido à
11/01/2021)

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Roberto Athayde fala da peça “Dona Margarida”,(2014). Disponível


em:http://casamericalatina.pt/2014/08/28/roberto-athayde-fala-da-peca-dona-
margarida/ (Acesso à: 11 de JAN.2021.)

Redação do Aplauso. (2020). Clássico texto de Roberto Athayde é revistado


em modelo on-line por Abílio Tavares. Disponível em:
https://aplausobrasil.com.br/dona-margarida-online-espetaculo/ (acedido à
11/01/2021)

Librairie Portuguaise e Brésilienn. Biographie de Roberto Athayde. Disponível


em. https://librairie-portugaise.com/book-author/roberto-athayde/

(acedido à 12/01/2021)

ROBERTO Athayde. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura


Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível
em:http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa18639/roberto-athayde

(acedido à 12/01/2021)

Bruno Cavalcanti. (2020). Dona da cena, Marília Medina reavaliza contexto


atemporal de Apareceu a Margarida. Disponivel em:
https://observatoriodoteatro.uol.com.br/criticas/dona-da-cena-marilia-medina-
reavaliza-contexto-atemporal-de-apareceu-a-margarida

(acedido à 15/04/2021)

FabianaPrudente, (2018). Disponível em: http://www.acervorobertoathayde.com/

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PORFíRIO, Francisco. "Paulo Freire"; Brasil Escola. Disponível


em:https://brasilescola.uol.com.br/biografia/paulo-freire.htm

(acedido à 21/04/2021)

Ponte de Lima. Baal17_Comapainha de Teatro. Apareceu a Margarida.


Disponível em:
https://www.cmpontedelima.pt/frontoffice/pages/622?event_id=2591

(acedido à 26/04/2021)

TEATRO de Resistência. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura


Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível
em:https://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo613/teatro-de-resistencia
(acedido à 13/01/2021)

Leandro Júnior. 2015. Manifestações Culturais.


http://educacao.globo.com/historia/assunto/ditadura-militar/manifestacoes-
culturais.html (acedido à 13/01/2021)

David Ressurreição. 2019. Ensino do Seculo 19 VS Ensino do Seculo 21. O que


mudou em 2 anos? https://uniarea.com/ensino-do-seculo-19-vs-ensino-do-
seculo-21-o-que-mudou-em-2-seculos/ (acedido à 25/4/2021)

Ricardo Paes Mamede. 2019. A Longa marcha da educação em Portugal.


Disponível em: https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/ricardo-paes-mamede/a-
longa-marcha-da-educacao-em-portugal-11601415.html (acedido à 25/4/2021)

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Antena na Live. (2016). O 25 de Abril e o ensino e a educação em Portugal.


Disponível em: https://www.antenalivre.pt/noticias/o-25-de-abril-e-o-ensino-e-a-
educacao-em-portugal (acedido à 25/4/2021)

Resumo do Livro: Pedagogia do Oprimido (Paulo Freire). Pedagogia ao Pé da


Letra, 2012. Disponível em:https://pedagogiaaopedaletra.com/resumo-livro-
pedagogia-do-oprimido-paulo-freire/ (acedido a 20/05/2021)

Avinah. (2014). Paulo Freire’s pedagogy of the Oppressed Book Summary.


Disponivel em: www.theeducationist.info/paulo-freires-pedagogy-oppressed-
book-summary/ (acedido a 20/05/2021)

António Nova, (1992). “Nos 25 anos da escola moderna portuguesa”. Disponível


em:
http://centrorecursos.movimentoescolamoderna.pt/25anos/1992_anovoa_spce.
pdf

Jazz Tangcary. ((2021). Cruella’ Make up Collection from MAC Helps Frans
Recreate Film’s Dramatic Looks. Disponivel em :https://variety.com/shop/cruella-
makeup-mac-cosmetics-emma-stone-1234969110/

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II – C OM PON EN T E PRÁ T ICA

II.I – CARACTERIZAÇÃO E CABELO

Para a caracterização de Dona Margarida, é utilizada uma paleta de cores


vibrantes, onde o vermelho é a cor dominante na sua maquilhagem misturado com
o preto.

Este tom vermelho, presente no batom, possui características permanentes na


personalidade da personagem como, a sensação de autoridade, refinação,
elegância, intensidade, grandiosidade, sensualidade e dinâmica.

Já o preto, utilizado nos olhos, é universalmente conhecido como a cor das


trevas, da maldade e dos poderes obscuros, e junto com o vermelho, estas
tonalidades representam cores diabólicas, o caos, a confusão e a desordem, não só
com a analogia existente na aula de Dona Margarida, mas também por um período
de guerra, e culminado por regimes fascistas em redor do mundo.

O penteado da professora é um coque, demonstrando ser uma pessoa


conservadora e independente. No entanto, no desenrolar da peça a personagem
solta o cabelo, desconstruindo a personalidade rígida e salientando a suas
contradições.

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II.II – FIGURINO

A personagem, é uma professora com uma personalidade intensa, poderosa,


rigorosa, frenética e conservadora, por isso, o seu vestuário foi escolhido
detalhadamente para que se adequasse e caracterizasse a Dona Margarida.

Para o figurino, Dona Margarida vai vestir uma camisa branca, uma saia preta,
umas meias de renda pretas e uns saltos altos simples preto. No que corresponde
a acessórios, utiliza brincos dourados, umas luvas brancas, óculos de sol e um lenço
vermelho.

A simbologia para a escolha desde figurino esta associada ao seu nome


“Margarida” também ser um flor: o branco da camisa representa as suas pétalas
simples, a sensibilidade e a pureza escondida na personagem, no entanto também
esta relacionada ao facto de representar a autoridade, a saia e os sapatos ambos
de cor preta dão um estatuto maior a Dona Margarida, e por fim as meias de renda
preta para dar uma aparência mais sensual e antagónica ao espaço que está.

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II.III – CENOGRAFIA

Para o cenário, a aluna tenciona recriar uma sala de aula, fazendo


consequentemente uma analogia a paleta de cores e aos símbolos importantes
presentes na Bandeira de Portugal.

Utiliza um quadro móvel com um bloco A6 de folhas brancas; uma secretária;


uma cadeira; uma haste com a Bandeira Nacional da República Portuguesa,
símbolo da identidade e integridade portuguesa e um dos dois símbolos máximos
do patriotismo do país. – estes são os elementos que em contacto com a
personagem dá-lhe poder e força; estátua do busto de Dona Margarida, com um
lenço amarelo e uns óculos de sol, coberto por um pano verde; dois cubos,
representando um altar, onde permanecerá o busto.

A simbologia das cores presentes na cenografia, esta interligada as cores da


Bandeira Nacional da República Portuguesa, o verde – corresponde aos campos
verdejantes da nação, a sua cor simboliza a esperança do país; o vermelho –
representa a coragem e o sangue derramado pelos portugueses que combateram
em defesa da pátria; o amarelo – presente na esfera armilar, representa o mundo
que os heróis portugueses descobriram nos seculos XV e XVI; o azul, composto
pelas cinco quinas sobre a base branca e traçado a preto.

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II.IV – DESENHO DE LUZ

No desenho de luz, a aluna pretende transmitir uma atmosfera de sala de aula,


dando um especial foco, desde início da aula na Bandeira Nacional da República
Portuguesa, demostrando o amor pela pátria da personagem e o patriotismo
presente na peça. a luz pretende refletir o ambiente em que se insere a ação,
estabelecendo uma atmosfera de sala de aula, mas ao mesmo tempo, de um
interrogatório.

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II.V – SONOPLASTIA

Para sonoplastia, a formanda pretende criar o ambiente de escola. Vai ser


introduzido duas vezes campainha: a primeira, no início da aula, e, a segunda, no
fim da aula. O Hino de Portugal também é introduzido, pois é um símbolo nacional,
com um forte carácter patriótico, demonstrando o universo nacionalista da peça e
tão respeitado pela professora.

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ANEXOS
SUPLEMENTOS TEÓRICOS

Paulo Freire

Quando a educação não é libertadora o sonho do oprimido é ser o opressor.

(Paulo Freire)

Paulo Freire (1921-1997) nasceu no Brasil, é o maior crítico da educação e o


terceiro filósofo mais mencionado, no mundo, devido aos seus trabalhos
pedagógicos, sendo Pedagogia do oprimido o seu livro mais acalmado. É uma das
figuras mais homenageada da história, recebeu prémios da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e obtém grau
honorário de doutor em universidades europeias, africanas e americanas.

Manifestou-se contra o sistema de ensino tradicional (de transferência de


conhecimento do professor para o aluno), e idealizou um método inovador
defendendo a educação como principal procedimento para a transformação da
sociedade e promover a alfabetização em massa. Acreditava que a educação era
um processo de libertação pois, se as pessoas fossem educadas de forma crítica,
poderiam transformar a sua realidade e participar na construção do mundo.

O conceito da pedagogia de Freire está baseado na crítica: da opressão, da


conscientização, da cultura, da comunicação, do quotidiano, da liberdade e a
autonomia, tendo as bases no pensamento marxista. Esta urgência que Freire tinha
em ensinar, está estabelecida com a vivência direta que teve com a opressão na
sua terra natal, Pernambuco, Nordeste do Brasil, espaço social e geográfico de

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ocupação colonial portuguesa, escravidão, exploração bruta colonialista e


capitalista. Desde modo, a alfabetização iria romper o ciclo da opressão.

Atualmente, esta opressão é diferente ao do contexto que surgiu e criou o


pensamento pedagógico e social de Freire, hoje em dia, é exercida pelas categorias
socias, porém é mais subtil, o poder político que os opressores exercem transforma-
se em poder do saber conhecimento, legitimado pelas classes populares que podem
adotar uma atitude passiva. Elas dissociam-se das lutas sociopolíticas, num
contexto político vazio, hierarquizado e hegemónico. A escola reproduz este modelo
hegemónico e coloca-se em prática através dos programas escolares que estão
baseados em normas e valores da cultura dominante, com o objetivo de controlar
os corpos e almas.

A educação e a filosofia proposta do Paulo Freire exigem diálogo entre as


pessoas, atribuindo um enorme privilégio à comunicação para a existência do
homem, e sana as hierarquias fazendo uma distinção entre opressores e oprimidos
como modo de conscientização pela igualdade social.

Em 1962, o filósofo sistematizou o seu método original de ensino, usufruindo do


conhecimento dos campos da psicologia, da oratória, e de uma pedagogia aberta e
disponível de modo a reeducar-se coletivamente com os outros. O professor, tinha
como principal objetivo que os seus alunos adquirissem conhecimento rapidamente
para sentirem-se cada vez mais motivados a aprender. Em 1963, em conjunto com
outros educadores, conseguiram alfabetizar 300 pessoas de Angicos, Região
Grande de Norte, no Brasil, em 40 horas. Este método de ensino foi financiado e
estimulado pelo governo norte-americano através da Aliança para o Progresso, pois
consideravam este sistema essencial para abolir com o comunismo. Mais tarde,
inspirou o Plano Nacional de Alfabetização criando um decreto assinado pelo
presidente João Goulart, e implementou-se a ideia de criar centros de cultura,
todavia todo o seu percurso foi interrompido devido a ditadura militar de 1964.

Freire atingido pela repressão instituída pelo novo regime, foi perseguido e preso
durante setenta dias, vendo-se obrigado a refugiar na embaixada da Bolívia. Ao

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longo deste período, pôde desenvolver e aprofundar o seu conhecimento. O seu


celebre livro Pedagogia do Oprimido, foi escrito no exílio, no Chile, em 1968,
publicado em Nova York em 1970, após licenciar-se na universidade de Harvard, e
traduzida para português em 1975.

Pedagogia do Oprimido

“Quem, melhor que os oprimidos, se encontrará preparado para entender o


significado terrível de uma sociedade opressora? Quem sentirá, melhor que eles,
os efeitos da opressão? Quem, mais que eles, para ir compreendendo a
necessidade da libertação? Libertação a que não chegarão pelo acaso, mas pela
práxis de sua busca; pelo conhecimento e reconhecimento da necessidade de
lutar por ela. Luta que, pela finalidade que lhe derem os oprimidos, será um ato
de amor, com o qual se oporão ao desamor contido na violência dos opressores,
até mesmo quando esta se revista da falsa generosidade referida.” (FREIRE,
Pedagogia do Oprimido, 1968, pág.31)

Pedagogia do Oprimido é a ilustre obra de Freire, escrita entre 1964 e 1968.


Conta com mais de um milhão de cópias vendidas e é o terceiro livro mais citado na
área de ciências sociais. Em Portugal o livro foi publicado pela primeira vez em 1972
pelas Edições Afrontamento.

Baseado em situações concretas, este livro expõem as relações que sustentam


uma ordem injusta, refletindo a violência dos opressores e o medo pela liberdade
que os oprimidos sentem e, uma nova forma de relacionamento entre professor,
estudante e sociedade. Não tem como principal foco a escolarização nem o
desenvolvimento cognitivo, aludindo então, a educação de forma geral, como meio
de ajudar o oprimido a libertar-se da opressão e a não tornar-se num opressor.

É um livro substancial sobre o ser solidário, a vocação ontológica, o diálogo, a


reflexão, a construção do conhecimento, a esperança, o amor e a humildade.

Defende a luta pelo trabalho livre, pela afirmação do ser humano como pessoa
e não como objeto. É uma obra destinada aos revolucionários, que lutam por um
mundo onde a equidade prevalece.

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Os opressores manipulam os oprimidos reprimindo-lhes as suas ideias, vontades


e consciência. Exploram, violentam, humilham e inferiorizam os outros e, ao mesmo
tempo, desumanizam-se nesta desumanização. Os oprimidos, por sua vez,
recebem os opressores em si mesmos, sendo levados a acreditar no destino ou na
vontade de Deus como resposta para a sua miséria e pelo seu sofrimento. Todavia
podem identificar-se com os opressores, atraídos pela aquisição de poder e pelo
padrão de vida, que estes usufruem. Segundo o professor, não se pode esperar que
a superação da contradição entre estas duas forças divergentes provenha dos
opressores, pois estes utilizam o poder para oprimir e não poderiam empregar este
mesmo poder contra a libertação, uma vez que não têm interesse na alteração da
sua confortabilidade, até porque, para muitos, a administração das injustiças e da
desigualdade assegura-lhes a visibilidade de uma imagem de generosidade. Esta
superação deve surgir, portanto, através dos oprimidos, que tem como urgência
atingir a liberdade. No entanto, para alcançá-la é necessário que entreguem-se à
práxis libertadora.

A educação bancária é um conceito deveras defendido pelo filósofo neste livro,


que refere a uma prática de ensino correspondendo à sociedade opressora, onde o
educador coloca-se numa posição de superiorização (dono do conhecimento). Aos
alunos, restam-lhes apenas memorizar e arquivar, sem a hipótese de pensar
autenticamente e de criar. Freire destaca que os professores devem assumir uma
postura revolucionária, incentivando a autorreflexão sobre o ato de aprender e de
assimilar a realidade, assim como devem conscientizar a ideologia opressora,
reconhecendo que é por meio da educação que se pode conquistar a liberdade.

É através do diálogo que conquistam o mundo e exprimem-se. A comunicação,


é algo fundamental para a existência e a socialização do homem. Neste contexto,
alunos e educadores, mediante da cooperação do diálogo, tornam-se aliados do
conhecimento, numa prática reflexiva e transformadora, […] o educador já não é o
que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o
educando que, ao ser educado, também educa […] (FREIRE,1968, Pedagogia do
Oprimido, Pág.96).

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O homem é um ser inacabado, isto quer dizer, que seja qual for a fase da nossa
vida, não podemos pensar que chegamos ao fim, haverá sempre um percurso a
caminhar repleto de descobertas. O indivíduo está em constante mudança. Neste
cenário, insere-se a educação permanente, que não deve ser uma educação que
acomoda, mas uma educação que estimula a transformação e o espírito crítico.

Movimento da Escola Moderna

O Movimento da Escola Moderna (MEM) criado nos anos 60 é uma associação


Pedagógica de Professores e de outros Profissionais da Educação, e formalizado
juridicamente como associação pedagógica em 1976.

No entanto, em Portugal vigorou em junho de 1974, sob forma de Boletim


Interno. Este movimento encontra-se atualmente espalhados por quase todo o
território nacional, organizado em 16 núcleos e constituídos por mais de dois mil
profissionais, determinados na integração dos valores democráticos no espaço
escolar. Tem colaborado sistematicamente com diversas Câmaras Municipais e
com Escolas Superiores de Educação. Em 2001 o MEM foi reconhecido como
Pessoa Coletiva de Utilidade Pública e em maio de 2004, foi agraciado como
membro – honorário da Ordem da Instrução Pública.

A experiência acumulada que os criadores, portugueses, desde movimento


tiveram, durante os tempos da ditadura, constituiu para um ensaio e um investimento
pedagógico inestimáveis para o que foi possível alcançar ao longo das últimas
décadas. Os profissionais que cooperam com a MEM passaram a investir em seus
métodos, uma aprendizagem pela escrita, por exemplo, através de diários de bordo,
aplicando uma maior capacidade de intervenção cívica e social. Assim sendo, o
MEM propõe contruir, através da ação dos professores que integram, a formação
social e democrática dos alunos, assegurando a participação na gestão do currículo
escolar.

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Deste modo, os educandos responsabilizam-se por colaborem com os


educadores no planeamento das atividades curriculares, na interajuda nas
aprendizagens, na investigação, na intervenção e por terem uma participação ativa
na sua avaliação.

É através destas experiências que os valores humanos são postos à prova e


sustentam a justiça, a solidariedade e a reciprocidade. Simultaneamente, esta
vivência de socialização democrática dos estudantes, constitui a base do currículo
nas turmas, entendidas como comunidades de aprendizagem, num envolvimento
cultural e motivador.

Escola Básica da Ponte

A instituição pública Escola Básica da Ponte ou Escola Ponte, surgiu em 1970


em Vila das Aves, do distrito do Porto. O seu reconhecimento manifesta-se através
da capacidade de agir responsavelmente num quadro de autonomia, e por um
modelo organizacional de escola não convencional.

A estrutura organizativa, exige uma maior participação dos alunos, tendo como
intencionalidade a interajuda com os orientadores educativos, no funcionamento e
organização de toda a escola, no planeamento das atividades, na sua aprendizagem
e na avaliação.

Assim, a divisão por anos de escolaridade, turmas ou ciclos deu lugar à


organização por Núcleos, Dimensões curriculares e Grupos Heterogéneos de
Trabalho. Existem 3 Núcleos: Iniciação (primária), Consolidação (corresponde ao 2º
ciclo), e Aprofundamento (3º Ciclo).

O Projeto Fazer a Ponte concilia as atividades práticas em conjunto com o


quadro teórico, com base em trabalhos do fenómeno escolar e do desenvolvimento
humano. Inclui educadores que fazem parte do MEM, e ainda utiliza algumas

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ferramentas pedagogas de Paulo Freire, contribuindo para a autonomia dos alunos,


coarranjando-os a refletir, a discutir e a tomar decisões.

Por sua vez, Piaget, com a sua perspetiva de desenvolvimento dos processos
de aprendizagem, permite compreender o trabalho de autonomia, neste contexto
escolar particular.

Este projeto defende a promoção da autonomia e da consciência cívica dos


alunos, privilegiando o seu progressivo envolvimento nas tarefas e na
responsabilidade de gestão da escola. Não há salas de aula, mas sim espaços de
trabalho, onde são oferecidos, diversos materiais que objetivam promover a
autoaprendizagem: como livros, dicionários, gramáticas, internet, vídeos, entre
outros, ou seja, o aluno procura autonomamente nestes espaços ricos de
conhecimento diversificado.

A escola fundamenta-se em valores de solidariedade, onde todos têm o direito à


palavra e principalmente à interajuda. É na integração nestes ambientes, solidários
e democráticos que ocorre a criação diversificada dos recursos pedagógicos que
vislumbram um trabalho de autonomia responsável e de ajuda mútua, cultivando a
oralidade como fonte primordial.

A exigência de uma diversidade de matérias de trabalho e recursos educativos,


motivação e auxiliam o aluno a procurar respostas adequadas na construção do
conhecimento. É sanado uso de um único manual, igual para todos, assim como
respostas pré-estabelecidas e padronizadas, o currículo é engajado com
metodologias construtivas, implicará o desenvolvimento de muitas outras
competências, atitudes, objetivo e dinâmico, com um constante trabalho reflexivo
sobre o próprio processo de trabalho.

A avaliação e a autoavaliação, nesta escola, carateriza-se por uma prática


continua e sistemática de regulação e autorregulação de aprendizagem. Os testes
só são feitos quando o aluno sente-se preparado para o efetivo, quando sente a
necessidade de aplicar os conhecimentos adquiridos

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Em suma, na Escola da Ponte, não existe um professor que baseia-se somente


a ensinar e um aluno que limita-se a absorver informação. As salas são espaços
amplos de aprendizagem e de interação entre todos os alunos e orientadores
educativos (professores). Os alunos são mais importantes que o currículo, os
conteúdos e ranking de notas.

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A – DIÁRIO DE BORDO

1º Período

Semana 1ª (7/09/20 – 11/09/20) - Integração

O meu primeiro dia a escrever no diário de bordo, o que será que o futuro me
reserva durante estes nove meses?

Esta primeira semana de aulas, foi uma formação com a Professora Maria
Helena Aldinhas, que serviu como uma introdução ao que se irá proceder
durante o ano letivo, especificando a PAP teórica – como elaborar um
anteprojeto, um relatório. Foi tanta informação ao mesmo tempo, que em vez de
facilitar só me deixou mais ansiosa. Realizamos uma visita de estudo a Biblioteca
da Madeira, em Santo António, onde nos foi possibilitado conhecê-la a nível
histórico; todos os procedimentos que executam para zelar os livros, os cuidados
necessários para proteger livros; a sua organização; como encontrar um livro
rapidamente e como conseguir acedê-la através do site, para saber se a
biblioteca contém o que procuramos, como por exemplo: artigos, fotografias,
livros, jornais, dissertações, documentários, entre outros documentos. Foi
interessante a visita.

Foi ainda, nos proposto a realização de um trabalho, que compreendia a


execução da capa, modelo da PAP, resumo do procedimento duma dissertação
à nossa escolha, e por fim bibliografia, de livros distribuídos pela professora.

Semana 2ª (14/09/20 – 18/09/20) - Primeiro Apoio; O Impacto

A primeira semana de aulas!

Estava muito ansiosa por conhecer as novas professoras: de Interpretação,


Diana Pita, e de Movimento, Juliana Andrade. Adorei a energia e o método de

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trabalho delas. Tenho a certeza que vai ser um ano cheio de surpresas. Comecei
a semana bastante motivada.

No dia 18, realizou-se a primeira aula do Apoio à PAP, segundo o respetivo


horário durante o ano letivo, passar-se-á em todas as sextas-feiras desde às
dezasseis horas (16:00) até um quarto para as cinco (16:45).

Durante a aula, o orientador passou a questionar sobre o que eu planeava fazer.


Perguntou “Já tens propostas de textos?” apresentei-lhe, então, dois textos que
penso ser boas escolhas: A solidão das Horas peça de Nelson Rodrigues e Mary
Poppins de Ricardo neves. Depois perguntou “Que tipo de género teatral é que
queres trabalhar?” O que tinha em mente era drama, porém, tendo em reflexão
a conversa que tivemos antes a minha resposta modificou para
comédia/absurdo. E por fim lançou-me uma autoquestão para desenvolver ao
longo do período “Quais eram os meus objetivos para a PAP”. Seguidamente o
orientador deu a sugestão do texto O doente imaginário de Molière que ia ao
encontro das minhas respostas e propôs que pedisse ajuda aos professores de
interpretação para surgir-me mais peças do mesmo género.

Semana 3ª (21/9/20 – 25/09/20) – À Procura de Textos

Durante esta semana li a peça sugerida pelo orientador, porém não me chamou
muito atenção. Então decidi pedir uma opinião a professora de interpretação
Diana Pita, que me recomendou: Os malefícios do tabaco de Tchekov; Kit de
sobrevivência de Diana Pita; e Apareceu a Margarida de Roberto Athayde.

Sexta-feira, decorreu o segundo Apoio à PAP onde fizemos a leitura da minha


proposta do monólogo Mary Poppins de Ricardo Neves. Depois da leitura
procedeu-se a análise do tema e o orientador questionou-me “O que pretendes
transmitir com esta peça e porquê?”. E foi aqui que surgiu o problema. Não
consegui responder, pois, a verdadeira razão de o ter escolhido foi que
simplesmente comecei-me a ver-me aperta no tempo, gostei da forma interativa
que a personagem tinha com o público, da linguagem do texto e conseguia

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imaginar-me a representá-la. Depois, falei ao Orientador sobre as propostas que


a professora Diana Pita tinha me sugerido, e pedi-lhe ajuda, pois não encontrava
a peça Apareceu a Margarida completa. Pesquisamos, e o professor entrou em
contacto com o Clovis Levi, seu ex. professor, que mandou a versão completa
da peça de 1973, em PDF.

A aula, mesmo assim, terminou com novas propostas de textos: À direita de


Deus Pai e Seis personagens à procura de um ator de Pirantello.

Semana 4ª (28/09/2020 – 02/10/20) – Indecisão

Nesta semana li todas as recomendações dadas pelos professores, mas sem


dúvida alguma, a peça que deixou-me fascinada foi Apareceu a Margarida e não,
não foi pelo título da obra.

Esta peça aborda temas sobre o sistema educacional, durante a ditadura


(retratando a política), pois a imagem que a personagem me transmitiu foi a do
Hitler, versão feminina. A peça conseguiu cativar-me, de início ao fim. A
personagem é uma professora maluca com uma energia muito forte e com uma
presença em palco gigantesca. No entanto quando acabei de lê-la fiquei em
comovida ao mesmo tempo de desatei as gargalhadas, pois não consigo
imaginar-me a fazer esta peça. A peça tem muito poder. É uma peça com nome
gigantesco e com grande importância. Tenho medo de fazê-la e não conseguir
dar o que a obra necessita. Ainda demais o dramaturgo está vivo.

Após ficar praticamente a pensar sobre o assunto, durante a semana inteira,


cheguei a conclusão que era exatamente isto que pretendia, algo que me
desafiasse. Sei que é preciso muito trabalho, muita dedicação para conseguir
fazer algo realmente bom, sensível, verdadeiro e acima de todo, que consiga
respeitar não só a obra, mas também o dramaturgo, as atrizes que já incorporam
esta personagem e principalmente a Dona Margarida.

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No dia 2, durante o Apoio à PAP, houve a discussão dos temas da educação e


da política. E implementou-se a ideia que a peça Apareceu a Margarida seria um
bom texto para trabalhar, refletindo o ensino atual. O orientador por fim
esclareceu as minhas dúvidas sobre como elaborar um anteprojeto. No fim-de-
semana pesquisei sobre a peça Apareceu a Margarida. Agora estou indecisa se
escolho Mary Poppins ou Apareceu a Margarida. Não sei o que escolher. Tenho
medo.

Semana 5ª (05/10/202 -09/10/2020) – Mão à Obra

Iniciei o anteprojeto das peças Apareceu a Margarida e atribuir-lhe o título


provisório “A Professora Margarida” e Mary Poppins atribui-lhe o título “A
entrevista de emprego à Mary Poppins”, mais vale prevenir do que remediar, não
é verdade? Comecei também por analisar melhor a peça Apareceu a Margarida,
e decifrar algumas metáforas das lições da professora.

No entanto, li a peça a Agripina a menor, o título e a sinopse atraíram-me e


acabei por gostar imenso. É uma comédia que ridiculariza a História romana e
resume-a de uma forma muito engraçada e cativante, todavia não superou
Apareceu a Margarida.

Não sei qual é o texto que escolho. Não sei se vou ser capaz de fazer um bom
projeto. Não sei se vou sou suficiente. Não sei se estou a fazer o diário de bordo
da maneira correta. “Não sabemos grande coisa. Não sabemos nada de nada”
– Ponto da Situação.

No fim-de-semana pesquisei sobre o Movimento da Escola Moderna. Já tinha


conhecimento do método, mas decidi pesquisar para ter uma ideia mais ampla.

Enviei a primeira versão do anteprojeto versão do meu anteprojecto ao


orientador.

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Semana 6ª (12/10/2020-16/10/2020) – “Sumo de Laranja”

Não tenho muito para dizer sobre esta semana. Estive focada com a disciplina
de Interpretação e isto esta a assustar-me, começo a duvidar que no futuro não
possa ter tanto tempo para dedicar-me à PAP, como tinha planeado no início do
ano. Vai todo correr bem. Pensamentos positivos.

Na aula de Apoio à PAP houve uma conversa sobre o que consistia em a peça
Apareceu a Margarida, falamos o quanto importante esse texto foi e continua a
ser. É um trabalho que tem “muito sumo de laranja, basta sabê-lo como tirá-lo”
– Professor João Paiva.

Semana 7ª (19/10/2020- 23/10/2020) – Correções do Anteprojeto

Esta semana foi semelhante a anterior. Enviei ao orientador a minha segunda


versão do anteprojeto. Na aula de Área de Integração, com a professora Maria
Aldinhas, responsável por ler os nossos anteprojetos, analisou a minha quarta
versão. Não tive nada negativo em destaque, a não ser a organização
bibliográfica. Marquei uma reunião com a minha Diretora de Turma/Professora
de Português para ler a minha quinta versão do anteprojeto. Durante o Apoio à
PAP falamos do texto, como idealizava a cenografia, o figurino, a caracterização
e o universo da personagem, muito vagamente. O professor sempre questionava
do “Porquê?” algumas vezes ficava bloqueada, mas a coisa andava para a
frente.

Semana 8ª (26/10/2020-31/10/2020) – Entrega do Anteprojeto

Esta semana melhorei aspetos do anteprojeto que o orientador disse para alterar
e/ou desenvolver. Enviei finalmente a terceira versão do anteprojeto, para o
Professor Orientador, para a professora Maria Helena Aldinhas e para o Diretor
de Curso o Professor Diogo Correia. Analisei a peça Apareceu a Margarida. Não
sei como adaptar isto de modo a que fique bom.

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Semana 9º (02/11/2020 – 06/11/2020) – Parte 1.

Não tenho muito para dizer sobre esta semana pois estive mais dedicada a
disciplina de Interpretação. A aula de Apoio à PAP foi rápida só foi para fazer o
ponto da situação do processo. Porém na aula de Psicologia com o Professor
Rúben Sousa debatemos sobre “o que é a escola”.

Semana 10º (09/11/2020 – 13/11/2020) – Parte 2.

Não tenho muito para dizer sobre esta semana pois estive mais dedicada a
disciplina de interpretação. A aula de Apoio à PAP foi rápida só foi mesmo para
fazer o ponto da situação. Na aula de Psicologia prosseguimos com o debate
sobre a educação.

Semana 11º (16/11/2020 – 20/11/2020) – Divisão do Texto

Durante o Apoio à PAP foi pedido para fazer uma divisão do texto entre ideias
fundamentais e ideias fixes. Durante o fim de semana, li o texto, e comecei a
dividi-lo, através dos primeiros impulsos, pois se repensasse a escolha poderia
mudar e não era isto o pretendido.

Semana 12º (23/11/2020 – 27/11/2020) – Entrega da divisão

Continuem a dividir o texto e na quinta-feira entreguei ao orientador, o


documento com as ideias fundamentais e ideias fixes. Tenho muita informação
e muito texto. Não sei como irei conseguir um monólogo de 20 minutos no
máximo.

Semana 13º (30/11/2020 - 04/12/2020) – Tentativa de adaptação

Nesta semana tentei escrever algo a partir do texto. É a introdução da aula.

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Semana 14º (07/12/2020 – 11/12/2020) – Objetivos

A aula de Apoio à PAP foi online, estabeleceu-se objetivos para o segundo


período. Durante a aula de Psicologia continuamos com o mesmo tema. Está
sendo interessante ouvir tantos pontos de vista diferentes, mas no fim todos
acabam por interligar-se e estar todos de acordo naquilo que esta sendo
debatido. Uns acabam por mudar a sua opinião por influência à dos outros, e
outros que entram no debate sem coerência. Enfim, uma coisa que me chocou
foi, que alguns disseram que a escola deveria de ensinar a cozinhar. Mas então,
para que serve o Youtube? Na minha opinião não faz sentido a escola ensinar
uma coisa destas. Não fez no sentido na maneira em que foi debatida e
defendida, no entanto, uma coisa que ninguém fala é sobre nutricionismo, isto
sim, é que é importante dar conhecimento. Numa sociedade cada vez mais
dependente das aparecias.

Semana 15º (14/12/2020 – 18/12/2020) – Fim do Primeiro Período

No Apoio à PAP, preenchi a autoavaliação. Hoje foi um dia de superação. Tive


imenso medo, mas agi como se não tivesse. Estou realmente contente com o
trabalho que desenvolvi na aula de Movimento. No entanto esta felicidade só
apareceu devido ao feedback dos meus colegas e o olhar da professora.

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2ºPeriodo

Semana de férias (21/12/2020 – 01/01/2021) - Pesquisas

Durante este período de férias escolar estive a pesquisar medidas do partido


Chega de extrema-direita em relação a educação. Comecei a desenvolver a
parte teórica da PAP, seguindo o cronograma feito pelo orientador. Comecei por
pesquisar o universo do autor – biografia e obras do autor, o que ajudou-me a
perceber melhor o universo da obra e a personagem. Realizei uma pesquisa ao
longo dos dias, de opiniões das crianças e dos adolescentes sobre o ensino
educativo de Portugal e do Brasil, e conclui, de uma forma geral, que os próprios
não gostam do sistema a que são obrigados a estar, e este é o primeiro passo
para que haja mudança O sistema de ensino esta errado e quem esta a dize-lo
são os próprios alunos, não só verbalmente mas também através da sua
motivação.

Semana 16º (04/01/2021 – 08/01/2021) – Aula à Distância

O Apoio à PAP, foi realizado através do método do ensino à distância por


precaução. Durante esta semana estive a desenvolver a biografia do autor.

Semana 17º (11/01/2021 – 15/01/2021) – Datas e tarefas

Nesta semana organizei o diário de bordo, tenho escrito nele, porém as semanas
e as respetivas datas não estavam em ordem. Comecei a selecionar informações
para a contextualização histórica e obras do autor. Durante o apoio à PAP,
começamos a estabelecer tarefas e datas para dar início à exploração em cena.
Definimos algumas características da personagem e o que pretende
debater/fazer em cena. Dei também início à construção do monólogo sobre a
apresentação da Dona Margarida, primeira cena. Enviei ao orientador a biografia
e o diário de bordo do primeiro período.

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Semana 18º (18/01/2021 – 22/01/2021) – Ideias e Movimentação

Desenvolvimento da parte teórica da PAP – Universo do Autor Biografia e Obras


do autor) e Contextualização da Obra.

Possível ideia: utilizar um esqueleto (como é referido no texto original) dando-lhe


uma conotação ao renascer de uma ditadura representado não pelas atitudes da
Dona Margarida, mas também por todos os acontecimentos histórico e políticos
que têm acontecido, especialmente, nesta primeira face do século XXI, e
também para simbolizar a desmoronação da democracia. Acaba por ser o ciclo
da vida, e da História, que não é nada mais nada menos, que uma mera
repetição. Tenho de começar a desenvolver e finalizar a última adaptação do
monólogo. Ainda vai demorar, mas pretendo tê-lo no final de fevereiro. Irei ler e
selecionar as ideias fundamentais da segunda aula, já devia ter feito isto a
imenso tempo, é verdade, mas tenho uma ideia desde início que pode ser
inserida nessa cena.

Discuti esta ideia no Apoio à PAP e o professor compreendeu o meu ponto de


vista, o problema é: como ter acesso a um esqueleto! Vamos colocar esta ideia
guardada e pensar noutra alternativa.

Enviei ao orientador quatro versões diferentes da tabela da movimentação com


o respetivo texto.

Semana 19º (25/01/2021 – 29/01/2021) - Exploração em Cena

Comecei a explorar a cena, em casa, para levar para o Apoio à PAP algo mais
ao menos bem estruturado. Estou a gostar imenso desta exploração, acho que
o projeto vai ter pernas para andar. Já tenho proposta de figurino e de
caracterização concreta e quase finalizada. Hoje abdiquei do meu apoio à PAP,
pois a minha colega precisava mais do que eu. No entanto assisti a aula.

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Semana 20º (01/02/21 – 05/02/21) – 1ª Apresentação

Esta semana, questionei muito sobre quem realmente é a Dona Margarida. A


imagem que tinha dela no início está completamente desfigurada agora. Ela aos
meus olhos já não é só uma mulher maluca e fascista. Dona Margarida é muito
mais do que demonstra ser, ela tem um bom coração e tem consciência das suas
atitudes. Aquilo realmente é uma aula com uma lição que nos deixa a refletir
sobre as nossas escolhas e o modo de como nos comportamos. Dona Margarida
demonstra a realidade, algumas vezes de maneira nua e crua, e outras através
de metáforas. A Dona Margarida quando age de uma forma mais imponente
sente-se bem, porque tem poder, é ela quem finalmente manda, mas quando
atinge o seu auge ela apercebe-se das suas ações e deparamo-nos com um ser
humano despido, frágil, infeliz e solitária que se oprime. Ela é como um muro
cheio de tijolos que não deixa nada passar, quando algo é jogado contra ele
parte, o muro mantém-se em pé, mas agora esta rajado. Utiliza e abusa do poder
que tem com as crianças para se sobrepor (porque são crianças, mas se fossem
adolescente ela não seria mesma Dona Margarida) e por isso, tem a constante
necessidade de reafirmara a sua presença, esta é uma das causas de o seu
nome repetir por volta de cem vezes ao longo da peça.

Hoje é dia 4, estou mesmo muito feliz. Estava muito nervosa que este dia
chegasse, porque ia apresentar a minha primeira posposta em cena. Mas correu
bem. Não algo foi incrível e muitas das coisas que fiz foi por impulso e improviso.
Mas fiquei muito feliz pelo feedback do orientador e da Carolina. Estou muito
motivada. Como também não tinha todos os elementos cénicos presentes
(bandeira; estátua e rádio) foi um pouco difícil ter a perceção da minha
manipulação para com eles. Tenho de aprender a andar com saltos, sem que
abafe a minha voz! Surgiu a ideia de substituir o marcador por tinta em spray
para dar mais força e impacto á cena, deixando um traço mais grosseiro, e cobrir
o quadro branco com papel de cenário. Também surgiu a ideia de adicionar uma
bengala como adereço e luvas como figurino.

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Semana 21º (08/02/21 – 12/02/21) – O que é a Felicidade?

Durante o Apoio à PAP discutimos sobre “o que é ser feliz; como se procura
felicidade; a Dona Margarida é feliz quando tem poder, porém quando o perde,
é quando vemos a verdadeira Dona Margarida”. Esta semana estive a trabalhar
a parte prática. Enviei ao orientador a junção das quatros versões de movimento.
Tenho uma página de movimentação e texto.

Semana 22º (15/02/2021 – 19/02/21) – Cenário com corpo!

Esta semana foi carnaval, e aproveitei para comprar material para o cenário.
Comprei dois paus de madeira, um para a haste da bandeira, outro para a
bengala e comprei gesso para a estatua. Fiz o molde da minha cara com o gesso
e sinceramente, ficou horrível. Também não se podia esperar muito mais. Não
fiz nada em relação a PAP teórica.

Semana 23º (22/02/2021 – 26/02/2021) – PAP já tem esqueleto!

Esta semana finalizei a Caracterização da Obra, Contextualização Histórica e a


Introdução. Enviei ao orientador. Tive reunião com a Professora de
Português/Diretora de Turma para corrigir a escrita da PAP.

Semana 24º (01/03/2021 – 05/03/2021) – Falta de Tempo

Esta semana foi complicada, tive imensos trabalhos e está sendo difícil conciliar
tudo. Estou frustrada, tinha planeado ter o monólogo finalizado até ao final do
mês passado. Sinto que não tenho tempo suficiente para tudo. Há imensos
trabalho de FCT, e este mês parece que tudo triplicou, tenho nas mãos muitas
responsabilidades e estou preocupada com o meu trabalho e com trabalho dos
meus colegas, que acaba por ser também o meu trabalho. Só desejo que os
meus colegas apresentem algo que se orgulhem e que não se arrependem de

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ter confiado em mim. Porém, está a ser difícil, vejo imensas pedras pelo caminho,
mas, mais vale ter pedra no caminho do que nos rins.

Vai tudo correr bem.

Semana 25º (8/3/21 – 12/03/21) – Semana que parece não ter fim

9/3 - Esta semana foi a mais exausta que tive. Passei a semana inteira com
receio do meu trabalho. Tenho medo. Sexta-feira tenho ensaio da PAP e ainda
vou gravar a cena de movimento para o trabalho de FTC da Carolina, estou
nervosa, não sei se irei conseguir fazer um bom trabalho. As pessoas criam
demasiada expectativa sobre mim, não sei porquê. Não quero desiludir a
Carolina.

11/3 - Consegui organizar o meu tempo e reservar quatro horas de ensaio à PAP,
tentei dedicar-me de corpo e alma. Acrescentei mais cenas de movimentação e
texto, dividi melhor as ideias consoante as oscilações de humor da personagem.
Levei para a escola todos os elementos cénicos para que sexta-feira não se torne
num dia apresado.

12/3 – Estou feliz comigo mesma. É raro isto acontecer. Penso que consegui
fazer um bom trabalho para a Carolina, não era o que ela tinha pensado
inicialmente, mas ela e a professora Juliana gostaram. Elas duas juntas
conseguem dar-me uma energia que não consigo explicar por palavras o quanto
de bom é. Dão-me um ponto de vista diferente que deixam-me refletir de uma
maneira estrondosa.

No apoio à PAP, fiz a minha segunda apresentação/ensaio e é sempre prazeroso


fazê-lo. Fiquei satisfeita com a opinião final dos meus colegas que assistiram
(Sandra, Filipe e Carolina) e com a do professor. Foi apontado alguns aspetos
para melhor a nível de articulação; ter atenção a intensidade da voz; e a
movimentação inicial – tenho de cantar o hino parada; decidimos retirar de cena
o rádio, pois não era muito importante a sua presença; a bengala tem de ser

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cortada porque esta muito grande para o meu tamanho; a disposição da estátua
vai passar a estar em cima de um pilar e não em cima da secretária e é como se
a Dona Margarida fosse inaugura-la; e surgiu a ideia de utilizar uma antena de
rádio como “palmatória”. Agora, tenho de dar continuidade a peça sabendo que
já tenho perto dos 8/10 minutos e ainda estou praticamente no início da peça.
Não sei como irei fazer isto em 15/20 minutos, por mim não haveria limite.

Semana 26º (15/03/21 – 19/03/21) – Doc. único da PAP

Esta semana, não tive tempo para trabalhar na PAP, só coloquei todos os
documentos da Componente Teórica num único documento e enviei ao
orientador.

No apoio à PAP, preenchemos a autoavaliação e temos por encerrado o 2º


período. Foi um dia de reflexões. Apercebi-me que tenho muita sorte de estar
onde estou e ter tido o privilégio de conhecer pessoas incríveis, tanto a nível
pessoal como profissional que admiro imenso.

Semana 27º (22/03/21 – 2/04/2021) - Férias da Páscoa

Durante as férias dei por finalizado os agradecimentos. Dei continuação ao


monólogo, no entanto, visto que este muito extenso (versão adaptada completa:
10 páginas) decide cortar algumas coisas (versão adaptada com cortes: 7
páginas). Iniciei a evolução da personagem, criei o índice, a capa e coloquei-os
no documento único. A minha maior dificuldade é sem dúvida escrever a
evolução da personagem porque eu sei quem é a Dona Margarida, porém tenho
alguma dificuldade em escrevê-la. Iniciei a componente prática (escrita),
desenhei e escrevi o figurino da personagem. No dia 26/03 enviei o meu primeiro
rascunho do relatório da PAP e as duas versões dos monólogos.

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3ºPeriodo

Semana 28º (5/04/21- 9/04/21) – Poemas e definição de datas

Esta semana não tive tempo para desenvolver a PAP, pois estive a trabalhar no
projeto da CRIAMAR em parceria com a Casa das Artes, que consiste na
declamação de poemas.

Durante o Apoio à PAP, estivemos a organizar datas e tarefas. A partir desde


mês só haverá ensaios no espaço.

Semana 29º (12/04/21 – 14/04/21) – Dia do corte geral

Neste Apoio à PAP estivemos a cortar o monólogo, deixando-o com quatro


páginas. Estive a desenvolver a caracterização da Obra.

Semana 30º (19/04 – 23/04) – Autonomia suprema

Nesta semana estive a trabalhar no monologo, definir intenções e


movimentação. Continuei a desenvolver a Caracterização da Obra, a
Contextualização Histórica e o Universo do Autor,

Durante o Apoio à PAP estive a ensaiar autonomamente.

Semana 30º (19/04 – 23/04) – A PAP continua

Esta semana continuei a desenvolver o relatório da PAP, estive a pesquisar


sobre a Pedagogia do Oprimido obra de Freire. Encontrei esta obra e
respetivamente este filosofo enquanto pesquisava sobre a situação educacional
do século XX, e deparei-me com uma frase desde autor “Quando a educação
não é libertadora o sonho a alcançar é ser opressor.” Relacionei logo com a Dona

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Margarida e fiquei intriga com o trabalho deste senhor decide prosseguir com a
pesquisa desta vez tendo em consideração as os livros de Paulo Freire.

Semana 31º (26/04 – 30/04) – Ensaio em cena

Durante esta semana continuei do desenvolvimento da PAP escrita -


componente teórica e prática. Neste Apoio à PAP apresentei até à página 3.
Depois junto com o orientador estivemos a limpar/retificar a cena.

Semana 32º (03/05 – 7/05) – Donas Margaridas

Na aula de TIC, com a professora Lina Granito, esclareci algumas dúvidas que
tinha em relação á formação do Índice automático (afinal é mais simples do que
parecia). Na aula de Apoio à PAP estivemos a falar sobre o universo de Dona
Margarida, a evolução da personagem, a debater ideias para o cartaz, folha de
sala, convite e bilhete.

Semana 33º (10/05 – 14/05) – Ponto da Situação

Durante esta semana antecipamos o apoio à PAP para quarta-feira, dia 12, para
fazer o ponto da situação da PAP, pois sexta-feira é a apresentação da minha
turma com o espetáculo da peça Ponto da Situação de Tim Etchells, na casa da
Cultura de Câmara de Lobos.

Em relação à PAP, estive a pesquisar imagens para o design gráfico. Trabalhei


no monólogo, tenho de memorizar isto o mais rapidamente possível.

Semana 34º (17/05 – 21/05) – PAP em FCT

Nesta semana começamos em FCT a trabalhar nas PAP’S. No dia 17 estive a


até às 9 horas a trabalhar na parte prática, mais concretamente na cenografia,

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fiz uma armação para prender o bloco A6 branco no quadro, para utilizá-lo
durante os ensaios, uma vez que o bloco é partilhado com o Gonçalo Drummond.
Após finalizar a armação prossegui a trabalhar no relatório da PAP na
componente prática, no entanto não consegui avançar muito pois não tinha
internet na escola. Então decide trabalhar na parte prática. Terça-feira foi ao dia
de defesa nacional, aproveitei a experiência para analisar o comportamento dos
militares. A parte mais interessante da visita ao quartel, foi no final, durante a
cerimónia de hastear a bandeira de Portugal. Na quarta-feira desenvolvi e
atualizei a tabela de movimentação e de texto acrescentando uma nova coluna
designada de intenção, na parte da tarde trabalhei a parte prática em cena.
Quinta-feira foi proibido trabalhar na PAP durante as aulas de FCT, devido aos
nossos comportamentos, então a professora Diana propôs exercícios, o
primeiro, era para trabalhar a voz em diversas situações tendo como base um
poema selecionado pela professora, o segundo, foi um trabalho em grupo,
consistia em trabalhar o corpo, tínhamos de criar uma personagem e uma
situação e tinha de ser percetível de onde vínhamos e para onde íamos. Sexta-
feira durante o apoio à PAP, tirei fotos para o design gráfico.

Semana 35º (24/05 – 28/05) – Fases finais da PAP

(24/4) Estive a organizar o relatório da PAP, já o tenho praticamente tudo


concluindo. Preciso de agendar uma reunião com a professora Natália Ferreira,
para corrigi-la e já fica prontinha, ficando totalmente disponível para trabalhar a

parte prática. Estou levemente preocupada, ainda não consegui memorizar


totalmente o texto.

(26/4) Estive a trabalhar na parte prática, marquei movimentação, adicionei e


cortei texto e ainda substitui um elemento cénico – cadeira básica por uma
cadeira com rodas tem o encosto amarelo e o acento azul. Esta escolha sucedeu
principalmente pelas cores do objeto, fazendo assim simbologia com a Bandeira

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Nacional da República Portuguesa, e por outro lado proporciona mais


movimentação a cena. Tenho de tirar carta de cadeira de rodas.

(27/5) Iniciei por fazer os cronogramas: de ensaio e de atividades. Não estou


gostando da estética nem do modo de organização, vou refazê-los durante o fim
de semana.

(28/4) Conclui o cartaz. Iniciei por criar o convite, bilhete e a folha de sala.

Semana 36º (31/05 – 04/06) – Entrega ao Orientador

Durante esta semana, adaptei o texto porque em vez de ter 15 minutos, tenho
quase meia hora de peça. Foi talvez uma das partes mais difíceis durante todo
o processo de trabalho, pois já tinha ganhado uma ligação com o texto e ter que
abdica-lo foi complicado.

Semana 37º (7/06 – 11/06) – Ensaios Autónomos

Esta é a semana oficial que termino a PAP escrita. Não acredito que isto já esta
a acabar. Ao mesmo tempo que estou feliz por acabar o secundário e conseguir
finalizar o projeto da final do curso orgulhosa com o meu trabalho, sinto-me muito
perdida e já com saudades dos momentos vividos durantes estes três anos. Vou
sentir imensa falta do Conservatório.

Estamos a três semana de apresentar a PAP e o stress está a aumentar. Apesar


de por um lado estar satisfeita com o meu trabalho por outro, estou insegura com
a parte prática. Tenho ainda muito trabalho pela frente para que consiga obter
um bom resultado e alcançar todos os meus objetivos.

Durante esta semana ensaiei dentro no horário estabelecido no cronograma. Na


quarta-feira tenho reunião com a professora Natália, para corrigir a PAP escrita
e na sexta-feira, finalmente irei encadernar.

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C – TEXTO CÉNICO

Dona Margarida

VIVA PORTUGAL! Olá! Eu sou a vossa nova professora! Dona Margarida! Vou
escrever no quadro para não se esquecerem. Dona Margarida. Sou eu. Eu sou
a vossa nova professora. E como podem ver ali no quadro…está um pouco
longe! Não está? Todos conseguem ver o quadro? Vocês aí atrás, vem o
quadro? E aqui, conseguem ver o quadro? A Dona Margarida vai escrever uma
palavrinha. Conseguem ver? E vocês conseguem ver? C de Concomitantemente
e U de Unilateralidade. Cu! O quadro é muito importante para aprender a
literatura, e a história, e a matemática, e a geografia, e a ciência e biologia. Mas
ninguém está aqui de livre e espontânea vontade, não é verdade. Todos estão
aqui obrigados quer queiram, quer não. E a razão para isto acontecer é muito
simples. A Dona Margarida vai explicar. É que a escola é um segundo lar. Algum
de vocês pediu para nascer? Não?! E algum de vocês foi consultado sobre a
conveniência do seu nascimento. Também não. Então já viram que a escola
sendo um segundo lar é a mesma coisa. Vocês têm de compreender que aqui
dentro não mandam em nada, é como se não existissem. Mas é claro que vocês
têm de pagar. Vocês foram obrigados a pagar para entrar e agora não podem
sair, só quando Dona Margarida disser. Mas eu não quero ser dura com vocês.
Para a Dona Margarida, a melhor aula é aquela em que há uma atmosfera de
compreensão, de estima, de amor entre a professora e os alunos. Aquela mesma
atmosfera de carinho e solidariedade que cada um de vocês encontra em casa,
no seio da vossa família. É uma dádiva da natureza. Tudo tem as suas vantagens
no mundo. Mas se há uma coisa que a Dona Margarida não tolera, é a
desobediência. Eu não admito ter de interromper a aula por causa de um aluno.
Ouviram bem? No fim de cada ano há uma coisa chamada de exames. É a prova
mais difícil que irão fazer. Não passar no exame é a maior desgraça da vossa
vida. É a vergonha que cai como um manto negro sobre o nome da vossa família.
E o que fazer para evitar isto? É só preciso obedecer e fazer. Silêncio! Silêncio!
Têm de fazer silêncio. E manter uma boa postura nas cadeiras. Sem uma boa
postura não se pode fazer nada. Tu aí, minha filha! Onde é que pensas que

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estás? Senta-te direita. Vocês estão aqui dentro para aprender! Vocês pagam
para aprender! Isto quer dizer que vocês não sabem nada. E como não sabem
nada a aula de hoje é de biologia. Não, quem não sabe nada, também não sabe
biologia. A Dona Margarida vai ensinar algo mais simples, mais primário. Sabem
o que é matemática? Não sabem pois não. Vocês são todos burrinhos. Pois eu
vou vos ensinar o que é uma conta de dividir. Dividir é cada um querer ficar com
mais do que o outro. Vou repetir, apontem. Dividir é cada um querer ficar com
mais do que o outro. Aí matemática. É a base de todas as disciplinas, e esta
conta de dividir tem de ser aplicada em todos os setores da sociedade. É preciso
que a aprendam antes que cheguem a adolescência. A adolescência! É a idade
mais perigosa que há. Tornam-se todos rebeldes contra a família, contra a
escola, contra os professores. E é para prevenir isto que Dona Margarida está
aqui. Não pensem que podem apelar ao diretor. Fiquem sabendo que o diretor
está ao lado de Dona Margarida. Dona Margarida de certa forma é o diretor. Eu
não quero ser dura convosco. Dona Margarida está aqui para vos ajudar. Mas
para isso é preciso que Dona Margarida sinta no ar o desejo de aprender.
Amanhã, quando forem adultos, vão compreender melhor as palavras de Dona
Margarida. Aí vão se arrepender dos maus pensamentos que tiveram de Dona
Margarida. Sim, vocês não vão negar que têm maus pensamentos sobre D.M.
Ou vão? Quem têm coragem de dizer agora o que pensa sobre Dona Margarida?
Podem falar! Vivemos numa democracia! Falem! Ninguém diz nada? Seus
covardes. Seus merdas. Dou soco na boca do primeiro que se atrever. Aqui
dentro quem manda sou eu! E vou dar esta matéria toda nem que vos prenda
aqui dentro. Vocês sabem o que é um micróbio? São uns bichinhos muito
pequenininhos que matam toda a gente, mas que ninguém vê. Existem aos
milhões e matam milhões todos os dias. Todo o mundo sabe, mas ninguém faz
nada porque ninguém vê. Isto é muito importante que aprendam. Há muita pouca
coisa neste mundo que se vê portanto, ouçam Dona Margarida, se algum dia
vocês virem alguma coisa podem dar-se por felizes. Hoje em dia não se vê quase
nada. São poucos aqueles que veem alguma coisa. Vocês, por exemplo, não
veem absolutamente nada. Se vissem não estavam aqui a pagar para eu falar
sobre as coisas que ninguém vê. Mas… a eu não quero ser dura. A educação é
uma coisa seria! É nela que se encontra o futuro do nosso país! O futuro está
nas vossas mãos! Um Homem que lê é superior a um Homem que não lê.
Lembrem-se da conta de dividir! É disso que irão viver. Disso e de comida. A
Dona Margarida é vegetariana. Quero que, de hoje em diante, cada um de vocês
se torne vegetariano, num esforço para fazer justiça e mudar o mundo. Este é o
grande desejo de Dona Margarida! Mudar! Mudar tudo! Mudar a mente de cada
um de vocês. De que serve a minha autoridade se não pudesse mudar-vos? Se
D. Margarida diz que vocês têm de pôr a mão na consciência é porque vocês

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têm, quer queiram quer não. Tenho poder para mandar em cada um de vocês.
E vocês tem de obedecer. Vocês estão aqui porque não sabem nada. Vocês são
incapazes de compreender o esforço e o sacrifício de uma professora! Vocês
são uma merda! A vida é uma merda! Esta aula é uma merda! Esta escola é uma
merda! Já estou farta de vocês. Vão-se embora. RUA! Desculpem-me. Não é a
primeira vez que isto acontece. Dona Margarida promete que isto não vai voltar
a acontecer. Dona Margarida tem de se cuidar, mas não se preocupem, não
pensem que Dona Margarida vai morrer. É só uma questão de se cuidar. Dona
Margarida vai estar sempre aqui convosco. Dona Margarida não vai parar de
ensinar. Dona Margarida nunca vai parar de ensinar. Hoje são vocês. Amanhã
serão os vossos filhos. Dona Margarida não é perfeita. Todos nós temos as
nossas manias. Dona Margarida é assim. (Toca a campainha.) Ouviram? Acabou
de tocar. Dona Margarida quer que todos vão para casa e pensem no que
aprenderam hoje. Dona Margarida quer que descansem porque a vida não é feita
só de estudos. Mas Dona Margarida ainda tem muito para ensinar. Agora vão
todos para casa. E lembrem-se das palavras de Dona Margarida: procurem fazer
sempre o bem. É a única coisa que traz a verdadeira felicidade. Dona Margarida
fica aqui à vossa espera. Até á próxima aula.

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D – CRONOGRAMA

I – Cronograma de Atividades

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Seleção do Texto
Escolha do Texto Justificação da escolha do
texto
1º Esboço - divisão de ideias
2º Esboço - separação de
ideias
Adaptação do 1ª V. Monólogo
Texto
Movimentação e Texto
2ª V. Monólogo
3ªV. Monólogo
Estudo da Personagem
Universo do autor
Caracterização da obra
Revisão da
Contextualização Histórica
Leitura
Introdução
Evolução da Personagem
Conclusão
Diário de Bordo
Anexos
Cronogramas
Sessão de fotográfica
Design Gráfico
Criação e Montagem
1ª Versão
Entrega do
2ª Versão
Relatório
Versão Final

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II – Cronograma de Ensaios

CRONOGRAMA DE ENSAIOS
seg ter qua qui sex
08:00 09:00
09:00 10:00
10:00 11:00
11:00 12:00
12:00 13:00 PAP PAP PAP PAP
13:00 14:00
14:00 15:00
15:00 16:00
16:00 17:00
17:00 18:00 PAP
18:00 19:00 PAP
19:00 20:00
20:00 21:00

Este cronograma corresponde aos ensaios dos meses de maio e junho. A aluna,
ensaiava durante a parte da manhã nas aulas de Formação em Contexto de
Trabalho. Na quarta, à tarde, ensaia por autonomia própria. Os ensaios de sexta-
feira coincide ao horário estipulado de Apoio á PAP juntamente com o orientador,
das 16:00 às 17:40, contudo a formanda começou a ensaiar até às 19:00.

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E – DESIGN GRÁFICO
I – CARTAZ

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II – BILHETE

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III – FOLHA DE SALA

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IV – CONVITE

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F – CURRICULUM VITAE (CV)

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G – AVALIAÇÕES REALIZADAS PELO ORIENTADOR

1º PERÍODO

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2ºPERIODO

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3ºPeriodo

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H – AUTOAVALIAÇÕES REALIZADAS PELA ALUNA

1ºPeriodo

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2ºPERIODO

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Figura 1 – Textos e excertos de jornais e revistas sobre a atuação de


Marília Pêra em AM.

Fonte: Jornais e revistas diversos, 1973, Acervo Pessoal de RA.

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Figura 2

Fonte: Jornais Cariocas, 1973, Acervo Pessoal de RA

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Figura 3

Fonte: ATHAYDE, 1971; 1975.

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Figura 4

Fonte: Jornais Cariocas, 1973, Acervo Pessoal de RA

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