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RESUMO
O presente artigo é fruto de pesquisa de natureza bibliográfica, tem como objetivo pesquisar
os impactos positivos que a leitura do cordel exerce sobre as crianças autistas (TEA).
Portanto, parte-se de temáticas sobre inclusão e como isso contribui para o desenvolvimento
do sujeito no seu âmbito cultural e social. O cordel é importante no meio escolar, pois
estimula a criança a mostrar sua criatividade através do humor, da poética da oralidade e da
performance. Esse artigo busca investigar como esse efeito acontece e quais as estratégias de
aprendizagem para a educação, e o porquê é importante utilizar essa arte popular hoje bastante
massificada em todas as mídias sociais, inclusive. Assim, a pesquisa conta com as
contribuições de Zumthor (1997), Grandin (2015), Silva (2012), Tereza Cristina Santos
(2022), Vygotsky (1997), entre outros teóricos. Percebeu-se que este gênero poético pode
contribuir para o desenvolvimento da aprendizagem da criança autista, dentro do seu tempo.
Neste sentido, percebe-se importância que a literatura de cordel pode exercer na sua vida: para
além de inclui-la, pode suscitar, ademais, a quebra da maior das barreiras, a do preconceito.
1
Graduanda do Curso de Letras Português da Universidade Estadual do Ceará - UECE, E-mail:
jessicasouto@aluno.uece.br. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5657584948549236
2
Graduanda em Letras - Português; Universidade Estadual da Paraíba; Campina Grande, PB; E-mail:
daniely.silva@aluno.uepb.edu.br . Lattes: http://lattes.cnpq.br/3698152471492270
3
Professora Mestra da Universidade Estadual do Ceará-UECE, Psicóloga Escolar e Clinica. E- mail:
candidapsicologia@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/1173529226252106
4
Doutor em Linguística (UFPB) e docente efetivo da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Líder do
Grupo de Pesquisa de Estudos da Oralidade (GRUPEO/UEPB/CNPq). E-mail:
marcelonobrega@servidor.uepb.edu.br. Lattes: http://lattes.cnpq.br/8438556222953242. Orcid:
https://orcid.org/0000-0002-1692-959X .
ISSN: 2358-8829
INTRODUÇÃO
O gênero cordel pode ser visto de forma preconceituosa por se tratar de uma “arte do
povo”. Pode não ser bem visto para se trabalhar dentro do ambiente escolar, pois dependendo
do contexto em que se manifesta pode ter uma linguagem informal. Na escola é cobrada uma
linguagem mais formal/erudita. No entanto, quando olhamos com outros olhos, a literatura de
cordel pode contribuir para o aprendizado da criança, especialmente as que são autistas
(TEA), através do mundo ludíco, da interação e perfomance. A escola é o ambiente ideal para
esse desenvovimento junto com os professores e todo o quadro docente que regem esse
aprendizado e inclusão.
A literatura de Cordel é a poesia popular, herdeira do romanceiro tradicional, e, em
linhas gerais, tributária da literatura oral (em especial dos contos populares),
desenvolvida no Nordeste e espalhada por todo o Brasil pelas muitas diásporas
sertanejas. Refiro-me, evidentemente, à literatura que reaproveita temas da tradição
oral, com raizes no trovadorismo medieval lusitano, continuadora das canções de
gesta, mas, também, espelho social de seu tempo. Com está última finalidade,
receberá o qualificativo- verdadeiro, porém reducionista - de "jornal do povo"
(HAURÉLIO, 2016, p.12).
É uma literatura muito rica e que concede aos professores recursos para sua utilização.
De acordo com Almeida; Felizardo (2015), confome citado por Pedrosa (2017, p.02), “O
ensino escolar para os portadores do TEA representa um desafio contemporâneo para os
educadores e familiares, uma vez que as alterações neuropsiquiátricas afetam as áreas de
comunicação e comportamentos restritos e repetitivos”.
O intuito deste artigo é investigar os efeitos que a literatura de cordel causa no
aprendizado das crianças com (TEA). O resultado do cordel na vida delas é o que intriga e
motiva a querer saber mais. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), estima-se que há cerca de 2 milhões de autistas no Brasil. A população
total no país é de 200 milhões de habitantes, o que significa que 10% da população estaria no
espectro (IBGE,2022).
ISSN: 2358-8829
METODOLOGIA
Este artigo é fruto de pesquisa de natureza bibliográfica, a fim de entender o efeito que
a literatura de cordel causa em crianças com TEA e qual o resultado desse efeito em sua
aprendizagem.
A pesquisa foi então bibliográfica. Para tanto, busquei apoio em O cérebro autista-
Pensando através do espectro de Temple Grandin, Richard Panek · 2015, no qual estuda a
ciência sobre o autismo. Também a Editoria: Censo 2022, que trás uma matéria sobre os
avanços para a comunidade TEA. O American Psychiatric Association (APA) Manual
diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5, alguns artigos científicos, vídeos no
youtube entre outros. Diante das dificuldades que as pessoas com necessidades especiais
enfrentam na sociedade, percebeu-se que é muito importante falar sobre o tema inclusão,
ISSN: 2358-8829
autismo e educação. É importante também que mais pesquisas continuem a surgir e tomar
espaço. Mudando de certa forma a nossa atual realidade.
REFERENCIAL TEÓRICO
AUTISMO E CORDEL
Atualmente é muito comum ver que há em sala de aula, seja ela pública ou particular, mais
de uma criança com TEA, algumas usam o cordão do quebra-cabeça que as identificam. De
acordo com o IBGE, o número de pessoas com autismo é bem significativo. Antes não se via
o interesse da sociedade nesse grupo de pessoas autistas, elas eram excluídas, taxadas como
pessoas desequilibradas, doentes mentais e sofriam muito preconceito.
Conforme a Lei 12.764 de 27 de dezembro de 2012, a pessoa com transtorno do
espectro autista (TEA) é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.
Em 1906, o psiquiatra Plouller começou os estudos voltados para a demência e usou o
termo autismo para adjetivar reações dos pacientes e falar sobre si mesmo. Bem depois, o
psiquiatra suíço Eugen Bleuler usou o termo pela primeira vez para referenciar pacientes com
esquizofrenia (MARTINS, 2007, grifo meu).
Os estudos continuam com o psiquiatra Leo Kanner, em 1952, quando ele publica a
obra “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”, Onde observa que na infância as crianças já
apresentavam os primeiros sintomas. (COLLABS, 2020, p.01).
Até o inicio dos anos 80, o autismo esteve classificado como esquizofrenia infantil ou
concebido com um tipo específico de psicose, o que atualmente não é mais aceito
(MARTINS, 2017, p.61).
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5
(referência mundial de critérios para diagnósticos), pessoas dentro do espectro podem
apresentar déficit na comunicação social ou interação social (como nas linguagens verbal ou
não verbal e na reciprocidade socioemocional) e padrões restritos e repetitivos de
comportamento, como movimentos contínuos, interesses fixos e hipo ou hipersensibilidade a
estímulos sensoriais. (COLLABS, 2020).
Cada pessoa com TEA apresenta um grau de gravidade diferente, o que vai ser decisivo
para o seu desenvolvimento intelectual/social. Todos têm direito a educação, a inclusão e a
luta contra o preconceito. A LDB/96 assegura esse direito às pessoas com necessidades
educacionais especiais (BRASIL, 2013; GRANDIN; PANEK, 2015).
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O professor pode explorar todo o universo disponível na literatura de cordel para que o
aluno compreenda e internalize esse gênero. Claro, respeitando seu tempo de aprendizado e
sendo um facilitador no processo. Assim sendo, Silva diz: “Entender e dominar o mundo
singular dos indivíduos com autismo é ter a oportunidade de participar de um milagre diário: a
redescoberta do que há de mais humano em nós e neles.” (SILVA, 2012, p.19).
É uma conquista a cada dia quando a criança com TEA responde aos incentivos feitos
pelo professor. É uma luta diária e constante. Sabemos que mesmo que o professor não seja
especializado em atender todo o seu publico, ele dará o seu melhor, pois para atender crianças
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com alguma necessidade ou que precise ser acompanhada em sala, o professor precisa fazer
um investimento a mais na sua formação. E por tanto, cabe também à escola dar esse suporte
educacional e inclusivo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O papel do professor como facilitador no ensino do aluno com TEA
Essas garantias são todas mediadas pelo professor e a escola, assim como a própria
família. O aluno com TEA deve se sentir seguro e ter a certeza que o ambiente escolar irá lhe
abrir portas inimagináveis. Apesar do pré-conceito existente, deve-se compreender que a
pessoa com TEA é antes de tudo um ser humano. É capaz de aprender dentro de suas
limitações, tem sentimentos e busca cada vez mais conquistar seu espaço.
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De acordo com Cunha (2013, p.15), Conforme citado por Chaves (2014, p.11) “O ensino
e a aprendizagem escolar são dois movimentos que se ligam na construção do conhecimento.
É uma construção dialógica e não imperativa; expressão imanente da nossa humanidade, que
abarca também o aprendente autista”.
Partindo disto, entende-se que o aluno com TEA atinge seu desenvolvimento quando ele usa a
sua voz para transmitir e expressar aquilo que a poesia quer nos dizer.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A forma como o professor trabalha, aborda, mostra e explora o universo do cordel fará
com que o aluno com TEA desenvolva a poética da voz, a performance. O efeito do cordel é
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através das rimas é desenvolver a linguagem e permitir que eles desenvolvam um pensamento
crítico.
A interação em sala de aula é de suma importância para esse aprendizado, assim como o
apoio da família, da sociedade e das leis em geral.
No que tange a inclusão, faz-se necessário uma maior intervenção. É preciso fazer mais
“barulho”, incluindo mais, conquistando mais espaço e dando oportunidades, o preconceito se
fará distante da realidade das crianças com TEA.
Percebe-se a necessidade das mídias fazerem parte desse movimento de divulgação dos
direitos autistas. Tudo hoje em dia é muito globalizado e tudo que cai na rede virtual ganha
visibilidade catastróficas. Sendo assim, para disseminar todo o preconceito e mostrar que
todos merecem respeito, nada melhor que o apoio das mídias sociais para chegar cada vez
mais longe.
REFERÊNCIAS
CHAVES, Maria José. A criança autista e seus primeiros momentos na escolarização. Editora
realize, Anais VI FIPED, p.1-12, 2014. Disponível em:
https://www.editorarealize.com.br/editora/anais/fiped/2014/Modalidade_1datahora_22_05_20
14_22_23_04_idinscrito_676_c262702b33d026cdfa30e13fa09cb75b.pdf. Acesso em: 19 de
Agosto de 2023.
COLLABS. O que é Autismo? Autismo e realidade. São Paulo, SP. Disponível em:
https://autismoerealidade.org.br/o-que-e-o-autismo/marcos-historicos/. Acesso em: 19 de
Agosto de 2023.
Editoria: Censo 2022. Uma pergunta que abre portas: questão sobre autismo no Censo
2022 possibilita avanços para a comunidade TEA. Disponível em:>
https://censo2022.ibge.gov.br/noticias-por-estado/36346-uma-pergunta-que-abre-portas-
questao-sobre-autismo-no-censo-2022-possibilita-avancos-para-a-comunidade-tea.Acesso em:
19 de Agosto de 2023.
GRANDIN, T.; PANEK, R. O cérebro autista: pensando através do espectro.
1. ed. Rio de Janeiro: Record, 2015.
HAURÉLIO, Marco. Breve histórico da Literatura de Cordel. 2-ed. São Paulo: Claridade,
2016.
MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. A literatura de cordel como patrimônio cultural. Revista
do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 72, p. 225-244, abr. 2019.
PEDROSA, Débora Helen Alves. o transtorno do espectro autista (tea) e a inclusão escolar.
Disponível em: https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigo_66.pdf .Acesso
em: 19 de Agosto de 2023.
SILVA, Ana Beatriz B; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, Leandro Tadeu. Mundo
Singular: entenda o autismo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.
ZUMTHOR, Paul. Introdução à poesia oral. Trad. de Jerusa Pires Ferreira. São Paulo:
HUCITEC, 1997.