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DOCUMENTO DE TRABALHO 6

Por que motivo a Extensao Publica


de Moçambique suspendeu a
implementaçao do Programa
Nacional de Extensao Agraria
(PRONEA)?
Hélder R. Gêmo e Pius Chilonda

Abril 2015
ÍNDICE
Sinopse ....................................................................................................................................................................................... iii
Lista de acrónimos ...................................................................................................................................................................... iv
Agradecimentos ........................................................................................................................................................................... v
1. Introdução e contexto ............................................................................................................................................................. 1
2. Extensão agrária em Moçambique ......................................................................................................................................... 8
3. Extensão agrária pública em Moçambique ..........................................................................................................................14
4. Avaliar o contexto da implementação do PRONEA .............................................................................................................27
5. Conclusões ...........................................................................................................................................................................46
6. Caminho a seguir ..................................................................................................................................................................48
Anexos .......................................................................................................................................................................................50
Referências ................................................................................................................................................................................52

LISTA DE QUADROS
Tabela 1—Explorações agrícolas com acesso a serviços de extensão (públicos, privados e de ONGs), de 2002 a 2008, em
percentagem ...................................................................................................................................................................... 7
Tabela 2—Funcionários de extensão e encarregados em sete das 12 empresas que trabalham atualmente na extensão
privada da cultura do algodão no país ............................................................................................................................11
Tabela 3—Comparação das abordagens e metodologias dos três principais fornecedores de extensão ...............................14
Tabela 4—Cobertura total de famílias planeada e alcançada, trabalhadores de extensão no terreno e taxas médias de
cobertura a nível individual pelos trabalhadores de extensão ........................................................................................24
Tabela 5—DR “na quinta”, por cultura, de 2004 a 2008 ............................................................................................................26
Tabela 6—Disseminação de tecnologia através de demonstrações “na quinta” ou por agregado familiar (Ag.Fam.) .............27
Tabela 7—Uma comparação das principais características do primeiro PDE e do PRONEA .................................................28
Tabela 8—Progresso no desenvolvimento de capital humano entre 1996 e 2008, a nível nacional, provincial e distrital, por
habilitações académicas e ano de avaliação ..................................................................................................................40
Tabela 9—Distribuição de veículos (operacionais e não operacionais) ao nível central e provincial (SPER) da DNEA, de
2004 a 2008 .....................................................................................................................................................................41
Tabela 10—Motociclos e bicicletas utilizados pela extensão pública ao nível provincial/distrital, de 2004 a 2008 ..................42
Tabela 11—Disparidade nos meios de transporte disponíveis para os trabalhadores de extensão no terreno entre 2004 e
2008 .................................................................................................................................................................................43

LISTA DE FIGURAS
Figura 1—Linhas gerais do estudo .............................................................................................................................................. 3
Figura 2—Área total de explorações agrícolas e terras cultivadas em Moçambique, 2000 a 2010 ........................................... 5
Figura 3—Número de trabalhadores de campo na área da extensão pública (esquerda) e número de agricultores cobertos
pela extensão pública (direita) ........................................................................................................................................... 9
Figura 4—Número total de pequenos agricultores ou agricultores familiares envolvidos na produção sob contrato de algodão
e tabaco através da extensão privada .............................................................................................................................10
Figura 5—A hierarquia utilizada na disseminação de tecnologias por parte das empresas privadas envolvidas na extensão
da cultura do algodão ......................................................................................................................................................12

i
Figura 6—Pilares do primeiro PDE, implementado entre 1999 e 2004 ....................................................................................16
Figura 7—Número de distritos cobertos pela extensão pública entre 2004 e 2010 ..................................................................17
Figura 8—Pilares do segundo Plano Director de Extensão, com implementação prevista entre 2007 e 2016 ........................18
Figura 9—Organização estrutural da DNEA ..............................................................................................................................22
Figura 10—Estrutura organizacional e funcionamento da extensão pública ao nível das províncias (incluindo os distritos) ..23
Figura 11—Número de associações de agricultores cobertas por extensão pública (2004–2008) (esquerda) e número de
membros de associações de agricultores assistidas (direita) .........................................................................................25
Figura 12—Fatores políticos e institucionais que afetaram a implementação do PRONEA (2007–2010) ...............................29
Figura 13—Os principais estádios, na extensão pública, da contratação de pessoal novo desde a sua criação, em 1987 ...30
Figura 14—Funcionamento Organizacional do sistema de monitorização e avaliação da extensão pública ..........................32
Figura 15—Total de funcionários de extensão pública no nível central, provincial e distrital (1996–2009) .............................41
Anexo Figura 1—Regiões agroecológicas de Moçambique ......................................................................................................50
Anexo Figura 2—Localização e relacionamento de funcionamento ilustrativos dos serviços de extensão pública (DNEA). ..51

LISTA DE CAIXAS
Caixa 1—Quadro concetual de Swanson e Rajalahti para o planeamento e implementação de programas e reforço de
sistemas pluralista de extensão e aconselhamento agrários ............................................................................................ 2
Caixa 2—Papel do MINAG na extensão agrária .......................................................................................................................14
Caixa 3—Componentes, subcomponentes e atividades principais de cada componente do PRONEA ..................................19

ii
SINOPSE
A agricultura desempenha um papel crucial na segurança alimentar e na redução da pobreza em Moçambique, contribuindo
em média para cerca de 25 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Contudo, apesar do importante potencial
agroecológico do país e da necessidade de aumentar a produção, a produtividade agrícola continua a ser baixa. O fosso
que continua a existir entre a produção doméstica de alimentos e a procura, assim como os atrasos verificados nas
exportações, representam problemas importantes.
No âmbito dos esforços para resolver esses problemas, o governo e outras partes interessadas do setor agrícola
reconheceram o papel crucial que os serviços de extensão têm no aumento da produtividade. O governo desempenha um
papel importante no sistema de extensão através do Ministério da Agricultura (MINAG). Este documento avalia fatores
críticos que restringiram a implementação bem-sucedida do Programa Nacional de Extensão Agrária (PRONEA), pela
Direcção Nacional de Extensão Agrária (DNEA) do MINAG, que resultou na decisão de interromper o PRONEA, em 2010,
três anos após o seu lançamento. Um quadro concetual para o planeamento e implementação de programas e para o
reforço de sistemas pluralistas de extensão e aconselhamento agrários identificara fatores que deveriam ter sido levados
em conta antes de lançar o PRONEA, para reduzir o risco de insucesso. A análise tem como base o estudo de literatura
sobre a extensão agrária em Moçambique, documentos oficiais, entrevistas com informadores e especialistas primordiais e
visitas de campo a várias províncias.
A análise concluiu que os fatores relacionados com a concetualização, implementação, monitorização e avaliação do
PRONEA levaram ao seu insucesso e consequente interrupção. No geral, a avaliação enfatiza a necessidade de serem
efetuadas mudanças institucionais para apoiar a implementação bem-sucedida de programas de extensão agrária pública.
Note-se que foi iniciada a implementação de um novo modelo do PRONEA no segundo semestre de 2012.

iii
LISTA DE ACRÓNIMOS
CAADP Programa Compreensivo de Desenvolvimento da Agricultura Africana
CAP Censo Agropecuário
DAF Direcção de Administração e Finanças
DE Direcção de Economia
DINAP Direcção Nacional de Pecuária
DNDR Direcção Nacional de Desenvolvimento Rural
DNEA Direcção Nacional de Extensão Agrária
DNER Direcção Nacional de Extensão Rural
DNFFB Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia
DNSA Direcção Nacional de Serviços Agrários
DNTF Direcção Nacional de Terras e Florestas
DPA Direcção Provincial de Agricultura
EMC Escola na Machamba do Camponês
FAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
FIDA Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola
IAM Instituto do Algodão de Moçambique
IIAM Instituto de Investigação Agrária de Moçambique
INE Instituto Nacional de Estatística
INIA Instituto Nacional de Investigação Agronómica
INIVE Instituto Nacional de Investigação Veterinária
IPA Instituto de Produção Animal
M&A Monitorização e avaliação
MADER Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural
MINAG Ministério da Agricultura
NPDA Nova Parceria para o Desenvolvimento de África
ONG Organização Não-Governamental
PAEI Política Agrária e Estratégia de Implementação
PDE Plano Director de Extensão
PEDSA Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário
PROAGRI Programa Nacional de Desenvolvimento Agrário
PRONEA Programa Nacional de Extensão Agrária
SDAE Serviços Distritais de Actividades Económicas
SISNE Sistema Nacional de Extensão
SPER Serviços Provinciais de Extensão Rural
SUE Sistema Unificado de Extensão
T&V Treino e visita (modelo de extensão agrária)
TIA Trabalho de Inquérito Agrícola
VIH/SIDA Vírus da imunodeficiência humana / Síndroma da imunodeficiência adquirida

iv
AGRADECIMENTOS
Este relatório foi preparado entre Julho e Outubro de 2011, no seguimento dos esforços institucionais no sentido de instruir
a remodelação do PRONEA, o Programa Nacional de Extensão Agrária. Este processo foi liderado pelo MINAG, com o
apoio técnico e financeiro do FIDA. O relatório foi substancialmente retrabalhado para publicação.
Os autores desejam expressar a sua gratidão ao Ministério da Agricultura de Moçambique (MINAG), especialmente à
Direcção Nacional de Extensão Agrária (DNEA), por lhes ter dado a oportunidade de avaliar a implementação do Programa
Nacional de Extensão Agrária (2007-2010). Foi uma experiência de aprendizagem valiosa e esperamos que os nossos
resultados contribuam para a preparação do nosso programa de extensão pública.
Este trabalho não teria sido possível sem o contributo de informadores e especialistas em extensão e investigação
primordiais, ao nível central do MINAG, bem como nas províncias e distritos visitados. No MINAG/DNEA, os autores
gostariam de agradecer especialmente à Eng.ª Sandra Silva, ao Eng.º Inácio Nhancale e aos membros do quadro superior
de extensão pela sua cooperação. Agradecemos também o contributo de informadores primordiais de ONGs selecionadas,
parceiros de desenvolvimento e organizações de agricultores. Os autores agradecem também ao diretor nacional do Fundo
Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Eng.º Custódio Mucavele, pelo seu apoio na disponibilização de
documentação e informação relevante.
Finalmente, os autores gostariam de agradecer ao Dr. Emmanuel Mwendera, antigo investigador principal no Instituto
Internacional de Gestão da Água (IWMI - África Austral), à Dr.ª Precious Zikhali, economista e ex-diretora do Tesouro
Nacional, República da África do Sul, e ao Prof. Burton Swanson, da Universidade do Illinois, pelos comentários valiosos
fornecidos nesta avaliação.

v
1. INTRODUÇÃO E CONTEXTO
Desde a sua criação, em 1987, a extensão agrária pública em Moçambique desempenhou uma função importante no
sistema de extensão em geral, através do Ministério da Agricultura (MINAG). Isto foi especialmente verdade após a
SUMMARY | APRIL 2010
emergência de outros fornecedores de serviços de extensão no setor privado e junto das organizações não-governamentais
(ONGs). Em Agosto de 2007, no seguimento da implementação do primeiro plano diretor de extensão (PDE), de 1999 a
2006, o MINAG lançou o Programa Nacional de Extensão Agrária (PRONEA), um programa nacional de extensão com um
prazo previsto de oito anos (2007–2014) e um orçamento total de 50 milhões de dólares americanos (FIDA 2005).
Esperava-se que o FIDA, um importante parceiro de desenvolvimento para a extensão pública, outros parceiros de
desenvolvimento e o governo financiassem o PRONEA através do orçamento do setor agrário, ao abrigo do Programa
Nacional de Desenvolvimento Agrário (PROAGRI).1 No entanto, o PRONEA foi cancelado em Dezembro de 2010, com base
num acordo entre o FIDA e o governo (MINAG e FIDA 2010).
A decisão de interromper o PRONEA baseou-se nas conclusões e recomendações da terceira missão conjunta de
supervisão anual do PRONEA (ou análise intercalar do programa). Realizada no final de 2010, esta missão incluiu
consultores externos do FIDA e alguns profissionais de extensão do MINAG. Concluíram que, apesar de algum progresso
em certas atividades planeadas, o desempenho do PRONEA foi muito baixo em vários componentes importantes do
programa (MINAG e FIDA 2010). Esta avaliação identificou os principais motivos por detrás desta decisão como sendo
problemas com o modelo do programa, uma preparação institucional fraca para a sua implementação e alguns
desenvolvimentos problemáticos da política agrícola na altura da implementação.

1.1. Âmbito e lógica do estudo


A justificação para este estudo está dividida em três partes:
1. O facto de cerca de 69 por cento da população rural moçambicana depender da agricultura para a sua
subsistência implica que a extensão agrária desempenha uma função chave na melhoria da segurança
alimentar, geração de rendimentos e redução da pobreza, especialmente nas zonas rurais (INE 2011).
Isto suporta a necessidade de investigação para reforçar a informação e os sistemas de extensão
baseados no conhecimento no país.
2. A extensão pública é importante dentro de um sistema de extensão pluralista. Como acontece em
muitos outros países que usam o modelo de extensão nacional pública (Eicher 2007), a extensão
agrária é uma das principais funções do ministério da agricultura, particularmente no que diz respeito ao
apoio da produção de pequenos agricultores. Uma avaliação de como o MINAG geriu e implementou a
extensão pública não servirá apenas para instruir a tomada de decisões e a criação de políticas com o
objetivo de melhorar o funcionamento de todo o sistema de extensão. Servirá também para melhorar a
capacidade do sistema de apoiar com eficácia os pequenos agricultores.
3. O PRONEA tinha o objetivo de ser o veículo através do qual seria implementado o segundo Plano
Director de Extensão pública (PDE) (MINAG 2006a), de 2007 a 2016. O PRONEA devia ser
implementado num período de oito anos (2007-2014), a nível nacional, porém numa base gradual.
Neste contexto, torna-se crucial avaliar o motivo pelo qual a implementação do programa foi cancelada.
A avaliação contida neste relatório foi feita com o objetivo principal de retirar lições que irão instruir a
conceção e implementação de futuros programas de extensão agrária em Moçambique.

1.2 Objetivos do estudo


O objetivo geral do estudo é avaliar os fatores críticos que afetaram a implementação do PRONEA e que restringiram o
desempenho e sucesso do programa.
Os objetivos específicos foram:

1
Desde a sua criação, em 1987, a extensão agrária pública tem sido principalmente suportada por parceiros de desenvolvimento através de bolsas e subvenções
internacionais. O FIDA tem sido um dos principais parceiros de desenvolvimento envolvidos na extensão agrária pública.

1
 Avaliar a preparação institucional dos serviços de extensão pública para implementar o PRONEA, usando os
seus componentes, atividades planeadas e resultados esperados
 Avaliar o apoio institucional do MINAG aos serviços de extensão pública na implementação do PRONEA - uma
avaliação baseada em princípios e compromissos de implementação feitos entre o governo de Moçambique e
o FIDA SUMMARY | APRIL 2010

 Avaliar o papel do contexto que prevaleceu na altura da implementação em termos dos desenvolvimentos
relevantes das políticas no setor agrícola. Isto é particularmente importante dado que o PRONEA tinha o
objetivo de reforçar o sistema de extensão pluralista através de iniciativas de terceirização e parceria com
outros fornecedores de extensão e organizações locais relevantes.

1.3. Quadro concetual e metodologia


O QUADRO CONCETUAL
Como principal quadro de referência para este estudo, usámos o quadro concetual de Swanson e Rajalahti para o
planeamento e implementação de programas e reforço de sistemas pluralistas de extensão e aconselhamento agrários
(2010). Este quadro, apresentado na Caixa 1, foi usado para identificar e analisar os diferentes passos ou fatores que
deveriam ter sido levados em consideração na implementação do PRONEA. Dá uma ênfase particular à criação de ações
colaborativas e complementares entre a extensão pública e outros fornecedores de extensão, bem como com outras
organizações locais relevantes que trabalham no desenvolvimento rural e agrícola. É de notar que a formação de novos
relacionamentos e a melhoria da conexão com outros agentes não-governamentais foi uma das metas chave do PRONEA.
Caixa 1—Quadro concetual de Swanson e Rajalahti para o planeamento e implementação de programas e reforço de
sistemas pluralista de extensão e aconselhamento agrários

O quadro tem uma natureza participativa. Promove a consulta e a participação, não só pelos beneficiários mas
também por uma vasta gama de partes interessadas que caracterizam um sistema de extensão pluralista. Adicionalmente,
o quadro destaca a importância da implementação de um sistema robusto de monitorização e avaliação (M&A) que
promova intervenções e aprendizagem com base em dados, incluindo a identificação de e a emancipação em relação a
restrições institucionais. Por conseguinte, espera-se que as etapas do quadro reduzam o grau de incerteza e,
consequentemente, o risco de insucesso.
Em termos práticos, a implementação total dos nove passos destacados no quadro acima é compreensivelmente
difícil de conseguir de uma forma sequencial e atempada. Fatores de confusão, tais como recursos limitados, urgência
política na conceção e implementação de programas de extensão ou uma baixa capacidade de utilizar dados e informação,
podem minar os programas e projetos de extensão abrangentes. No entanto, se os projetos ou programas de extensão
grandes e a longo prazo, tais como o PRONEA, deveriam e devem ser implementados com sucesso num contexto de
extensão pluralista (como é o caso de Moçambique), então é necessário considerar os passos ou fatores vistos como
críticos entre os nove indicados acima.

2
METODOLOGIA
O estudo segue as linhas gerais indicadas na Figura 1. Começa com uma caraterização aprofundada do sistema de
extensão pluralista em Moçambique. Continua com uma descrição analítica da evolução do sistema desde que foi
estabelecido. O passo principal do estudo é a identificação de fatores institucionais e políticos críticos que tenham
SUMMARY | APRIL 2010
prevalecido durante a implementação do PRONEA e que tenham consequentemente afetado este processo e os resultados
a partir dos quais retiramos as nossas conclusões e recomendações.

Figura 1—Linhas gerais do estudo

A metodologia incluiu a análise da literatura e dos documentos oficiais existentes, entrevistas com informadores e
especialistas primordiais e visitas de campo a sete distritos em três províncias. Foram críticos para a análise três
documentos -- o primeiro plano diretor de extensão pública (PDE) (MAP 1998), o segundo PDE (MINAG 2006a) e o
documento de conceção para o Programa de Apoio Agrícola, PRONEA (FIDA 2005). Os três documentos encontram-se
aqui resumidos:
 Primeiro plano diretor de extensão pública: Preparado em 1996 e 1997, o primeiro PDE foi aprovado em
1998 pelo governo de Moçambique como um dos componentes do Programa Nacional de Desenvolvimento
Agrário (PROAGRI). A primeira fase do PROAGRI foi implementada de 1999 a 2004, com uma extensão até
2006, o mesmo período de implementação do primeiro PDE. O PROAGRI foi o primeiro programa de apoio
orçamental ao setor agrícola (AOSAg) do país. Foi implementado através de oito componentes verticais (do
nível central ao nível local) e pelas dez Direcções Provinciais de Agricultura (DPA). O programa focou-se no
fornecimento de serviços públicos no setor agrícola. Os seus componentes eram: (i) desenvolvimento
institucional, (ii) investigação, (iii) irrigação, (iv) silvicultura e vida selvagem, (v) gado, (vi) gestão das terras, (vii)
apoio ao cultivo e (viii) extensão. O PROAGRI foi concebido com a visão de transformar o outrora Ministério da
Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER) numa instituição moderna com vista ao apoio do setor público
ao setor agrícola; para aumentar a produção agrícola e a produtividade de forma a melhorar os rendimentos e
a segurança alimentar em zonas rurais; e para proteger, conservar, desenvolver e assegurar o acesso público
a recursos naturais numa base sustentável.
O primeiro PDE tinha como objetivo um esforço concentrado na extensão agrária pública em 52 distritos
selecionados com base em critérios estabelecidos; a unificação da extensão pública (cultivo, gado e
agroflorestal) sob um sistema flexível que empregue diferentes modelos de extensão; o reforço do capital
humano; a monitorização e avaliação regular; a descentralização e a delegação em termos de gestão e tomada
de decisões dentro da extensão pública para as províncias; e a promoção de um sistema de extensão pluralista
que envolvesse o governo, o setor privado e as ONGs numa ação coordenada (MAP 1998).

3
 Segundo plano diretor de extensão pública: A ser implementado de 2007 a 2016, o segundo PDE incluía a
maior parte dos objetivos do primeiro PDE. No entanto, o segundo plano destacou a necessidade de uma
grande descentralização da extensão a nível distrital; uma colaboração com os parceiros locais dentro do
âmbito dos fornecedores de extensão pluralistas, incluindo através de iniciativas de terceirização; e a
aprendizagem através da ação por via da implementação de diferentes modelos de extensão SUMMARY | APRIL
(MINAG 2010
2006a).
 PRONEA: Com implementação planeada de 2007 a 2014, o PRONEA foi concebido para operacionalizar o
segundo PDE, focando-se no estabelecimento de parcerias entre fornecedores de serviços públicos e de
outros serviços no setor agrícola. Os recursos deviam ser alocados para coordenação técnica, supervisão,
monitorização e avaliação e apoio institucional e técnico ao nível central; para as atividades de transferência de
tecnologia de extensão e de coordenação a nível das províncias; e para a implementação de atividades de
extensão a nível distrital. A implementação do PRONEA foi concebida para aumentar gradualmente a
abrangência do programa nos distritos de Moçambique no curso da sua implementação. Com um custo total
avaliado em 50 milhões de dólares americanos, o programa ia contribuir para um aumento da produção de
diferentes bens, com base na adoção de tecnologias de aumento de produção por grupos beneficiários. As
tecnologias de gestão pós-colheita introduzidas ao abrigo do programa tinham o objetivo de melhorar o
armazenamento pelos agricultores e de apoiar o acrescento de valor através da introdução de métodos de
agroprocessamento e da assistência de produtores na procura de bons mercados (FIDA 2005).

Para esta avaliação, usámos também relatórios anuais de extensão pública disponíveis, assim como literatura sobre
a extensão agrária de Moçambique para recolher informação e dados secundários relevantes.
Foram entrevistados informadores primordiais, principalmente através de discussões de grupos focais que incluíam
trabalhadores de campo na área da extensão (a nível distrital) e funcionários que trabalhassem nos serviços provinciais de
extensão rural (SPER). Ao nível central, entrevistámos diretores e chefes técnicos nas direções nacionais do MINAG e
institutos relevantes. As nossas perguntas eram abertas e orientadas para recolher informação relevante a nível local e
central. Os informadores primordiais estavam envolvidos no tema da provisão da extensão agrária pública em Moçambique
enquanto parte regular do seu trabalho ou de outras atividades ou porque conhecem o assunto - neste caso, o sistema de
extensão de Moçambique e, particularmente, a extensão pública no âmbito deste estudo. Entre outras utilizações, as
nossas entrevistas a informadores primordiais tinham o objetivo de:
 Determinar o que as pessoas veem como assuntos ou problemas importantes
 Compreender a forma como os diferentes grupos compreendem ou dão significado a um assunto
 Avaliar o que as pessoas identificam como as causas ou origens do assunto ou problema; e
 Identificar estratégias ou ações que as pessoas acreditam serem possíveis ou eficazes (Garkovich 2009).

Entrevistámos também informadores e especialistas primordiais de outras instituições relevantes além do MINAG.
Estas entrevistas tinham o propósito de avaliar os principais assuntos, tais como:
 O grau de disseminação da conceção e objetivos do PRONEA, particularmente no que toca à
consciencialização dos participantes e à partilha de informação relevante sobre o PRONEA dentro e além do
MINAG
 A preparação da DNEA para implementar o programa conforme planeado e particularmente de levar a cabo as
melhorias e alterações necessárias ao próprio funcionamento da Direcção e no seu relacionamento com as
principais partes interessadas
 A função do MINAG como um todo na implementação do PRONEA
 A função dos parceiros chave na implementação do PRONEA
 Desenvolvimentos de ligações esperadas e interação entre agências de extensão pública e as principais partes
interessadas;
 Perceções da viabilidade das metas do PRONEA dadas as circunstâncias em torno da implementação do
programa.

4
Entrevistámos 68 pessoas a diferentes níveis. As províncias e respetivos distritos que visitámos incluem Maputo
(distritos de Boane e Moamba), Sofala (Dondo e Nhamatanda), Manica (Gondola e Sussundenga) e Gaza (Chibuto). Foram
selecionados com base no volume de atividades de extensão, relevância para o estudo e a sua acessibilidade, dados os
nossos recursos limitados para apoiar visitas de campo.
SUMMARY | APRIL 2010
No restante desta secção introdutória, providenciamos breve informação de base sobre o setor agrícola de
Moçambique e um breve historial da sua extensão agrária, com um enfoque no atual sistema pluralista e no papel do
MINAG dentro desse sistema. Em seguida, a secção 2 providencia uma descrição analítica da trajetória da extensão
pública, com um enfoque na sua estrutura organizacional, funções e em algumas das suas principais concretizações em
termos de resultados. A secção 3 discute o conteúdo do PRONEA em pormenor. A secção 4 avalia o contexto político e
institucional que rodeou e afetou a implementação do PRONEA. As secções 5 e 6 resumem as nossas conclusões e
recomendações ao nível das políticas.

1.4 O setor agrícola em Moçambique


A economia de Moçambique continua a depender grandemente da agricultura, com uma contribuição setorial para o
Produto Interno Bruno (PIB) total calculada em 25 por cento, de 2007 a 2010 (INE 2011). Em conjunto, as explorações
agrícolas de pequena e média escala perfazem cerca de 99,3 por cento dos 3,8 milhões de explorações agrícolas.
Predominam as pequenas explorações agrícolas. Calcula-se que a área total de terreno cultivado esteja nos 5,6 milhões de
hectares (INE 2010a). Figura 2 mostra tendências na área total de explorações agrícolas de pequena e média escala e no
total de terras cultivadas desde 2000. Apesar de um aumento ligeiro mas consistente no número de explorações agrícolas
de pequena e média escala, entre 2000 e 2008, calcula-se que o aumento na área total cultivada não tenha sido tão
consistente no mesmo período.

Figura 2—Área total de explorações agrícolas e terras cultivadas em Moçambique, 2000 a 2010

Da estimativa de um total de 36 milhões de hectares de terras aráveis em Moçambique, cerca de 3 milhões de


hectares são potencialmente adequados para irrigação (FAO 2005). Nas dez regiões agroecológicas do país (anexo I,
Região (R) 1 a R10, regiões de potencial marginal, moderado ou elevado), Moçambique foi dotado de um potencial
considerável para diversas culturas anuais e perenes e para várias espécies de animais, nomeadamente gado, cabras,
porcos e aves. Moçambique também tem potencial para um aumento na silvicultura e na pesca de água doce, incluindo
através do desenvolvimento da aquacultura. No entanto, a produtividade agrícola também é constrangida por vários fatores,
que incluem:
 Serviços de apoio chave limitados, tais como investigação e extensão (Gêmo et al., 2005); ou apoio à
comercialização, processamento e mecanização, preparação e cultivo das terras - que é especialmente
necessário para os agricultores comerciais emergentes em terras irrigadas (MINAG 2010c)
 Fraca utilização de contribuições agrícolas, incluindo água para irrigação (INE 2000; INE 2010a; MINAG 2010c)
 Investimento público e privado limitado no setor agrícola como um todo e particularmente para apoiar uma
produção aumentada; e

5
 Capacidade limitada de as políticas e instituições agrícolas contribuírem com eficácia para o reforço da
coordenação intersectorial e para a formulação de políticas com base em dados, planeamento, monitorização e
avaliação (MINAG 2007a; Ministério das Finanças 2010; MINAG 2010f).

Para lidar com tais restrições, em 2011, o governo aprovou o Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector
SUMMARY | APRIL 2010
Agrário ou PEDSA (MINAG 2011b). Espera-se que o Plano Estratégico seja a política de orientação para os próximos 10
anos, ao abrigo da Política Agrária e Estratégia de Implementação (Ministério da Agricultura e Pescas (MAP) 1995). O
Plano Estratégico providencia o quadro político para a implementação em Moçambique do Programa Compreensivo de
Desenvolvimento da Agricultura Africana (CAADP). O governo adotou o processo do CAADP e lançou-o em Dezembro de
2010, em colaboração com vários agentes do setor agrícola (MINAG 2011a, Gêmo 2011). O quadro do CAADP será
implementado através de políticas e instituições nacionais agrícolas. Tanto o PEDSA como o CAADP pretendem aumentar
a produtividade agrícola e a segurança alimentar e reduzir a pobreza, reconhecendo a necessidade de:
 Aumentar o investimento com o objetivo de ter pelo menos 10 por cento do orçamento público total anual
direcionado para a agricultura
 Melhorar a gestão dos recursos naturais, particularmente da água para irrigação, para reduzir os riscos que as
alterações climáticas representam para a produtividade agrícola
 Assegurar a participação dos principais agentes interessados na aceleração do desenvolvimento do setor
agrícola
 Criar políticas harmonizadas e instituições eficazes; e
 Reforçar os principais serviços de apoio, incluindo a investigação e a extensão.

A FUNÇÃO DA EXTENSÃO NO SETOR AGRÍCOLA


É suposto a extensão agrária fornecer o conhecimento e capacidades necessários a homens, mulheres e jovens rurais, de
uma maneira informal e participativa, para melhorar a sua qualidade de vida (Qamar 2005). A extensão agrária ajuda a
aumentar a produtividade agrícola e os rendimentos da exploração agrícola, fornecendo um quadro através do qual os
agricultores são organizados em grupos funcionais para ganharem acesso a crédito, insumos, serviços de mercantilização e
informação sobre programas governamentais (Hanyani-Mlambo 2002).
Em África, o CAADP destaca a função da extensão (e da investigação) na disseminação e adoção da tecnologia
como um dos fatores críticos que aumentam a produtividade agrícola (NPDA/CAADP, 2003). No entanto, o
desenvolvimento e a sustentação de serviços de extensão agrária, particularmente sistemas públicos, têm sido um
problema em muitos países em desenvolvimento e particularmente em África (Eicher 2002; Gêmo et al. 2005). Como afirma
Eicher (2002), um dos maiores problemas que enfrentaram os ministérios da agricultura africanos nos anos 1990 foi o
colapso quase total das instituições nucleares (investigação) e de extensão que forneciam serviços a explorações agrícolas
familiares de pequena escala.
Em Moçambique, o governo e outros agentes agrícolas veem o papel da extensão como sendo crucial nos esforços
para aumentar a produtividade e a produção (MAP 1998; MADER 2004b; MINAG 2011b). Criada apenas em 1987, a única
extensão agrária pública de Moçambique é relativamente nova quando comparada com outros países da África Austral,
como o Zimbabué, a Tanzânia e o Maláui (Hanyani-Mlambo 2002; Rutatora e Matee 2001; Chinsinga e Cabral 2008). A
extensão privada começou maioritariamente no início dos anos 1990, no seguimento da privatização de grandes
explorações agrícolas estatais, particularmente na região do norte (províncias de Niassa, Cabo Delgado e Nampula) e, até
certo ponto, na região central (províncias de Zambézia, Manica e, mais tarde, em Tete). Apesar de algumas ONGs
providenciarem serviços de extensão já no início dos anos 1990, a extensão pelas ONGs cresceu grandemente após o
acordo de paz que pôs fim à guerra civil em Moçambique e que foi assinado em Outubro de 1992, 2 altura em que a maior
parte destas organizações deixou as atividades de emergência e passou para esforços relacionados com o
desenvolvimento agrícola e rural. Assim, Moçambique tem um sistema de extensão pluralista desde o início dos anos 1990
(Gêmo et al. 2005).
O contributo da extensão para o desempenho agrícola é bem conhecido, particularmente na transferência de
tecnologia, apoio a organizações de agricultores, facilitação de ligações ao mercado e gestão de recursos humanos

2
O país foi afetado por uma guerra de 16 anos, que terminou em Outubro de 1992 com a assinatura de um Acordo de Paz.

6
(Hanyani-Mlambo 2002; Gaaya 1994). Em Moçambique, a extensão é particularmente importante porque, geralmente, a
produtividade ainda é muito baixa e as organizações de agricultores e outros grupos agrícolas comunitários continuam a ser
amplamente subdesenvolvidos. Apesar de as explorações agrícolas pequenas e médias representarem 99,3 por cento do
número total de explorações agrícolas (INE 2010a), a maioria destes agricultores enfrenta restrições de produção e de
mercado. Independentemente disso, o potencial para a produção de culturas, criação de gado e pesca SUMMARY
de água| APRIL 2010
doce/aquacultura é elevado a moderado em muitas das dez regiões agroecológicas do país (Anexo 1). Mais ainda, a
agricultura é o principal meio de subsistência para 69 por cento da população rural (INE 2011) e para algumas pessoas das
zonas periurbanas, o que lhe dá uma função essencial no aumento da segurança alimentar e do bem-estar de pessoas
particularmente pobres.
No geral, a extensão disseminou práticas agrícolas melhoradas, especialmente para as culturas alimentares
(principalmente por serviços de extensão públicos e de ONGs); e tecnologias básicas como sementes melhoradas
(principalmente, variedades de polinização livre, OPVs), tração animal para aragem e transporte de colheitas, vacinas
contra as doenças mais comuns em animais domésticos (como a doença de Newcastle na produção rural de galinhas),
tecnologias de irrigação a baixo custo (por ex. bombas a pedal) e celeiros domésticos melhorados (extensão pública e, em
certa medida, extensão por ONGs); e informação de preços e mercados, especialmente para as culturas alimentares
(extensão pública e por ONGs). Os fornecedores de extensão agrária também ajudaram a registar as organizações de
agricultores (extensão pública e por ONGs) e ajudaram na educação de adultos; facilitaram ligações ao mercado (extensão
por ONGs e, até certo ponto, extensão pública); ajudaram a recolher dados e informação a nível local, incluindo através de
estudos agrícolas, para responder às necessidades informativas do MINAG (extensão pública); e promoveram a produção
pelos pequenos agricultores de culturas de rendimento — principalmente, algodão e tabaco — através de esquemas de
contratação que incluem o fornecimento de insumos, assistência técnica agrícola e a compra de produção pelos promotores
(extensão privada).
Apesar da importância da extensão, a cobertura total tem sido limitada, conforme mostrado na Tabela 1.

Tabela 1—Explorações agrícolas com acesso a serviços de extensão (públicos, privados e de ONGs), de 2002 a 2008,
em percentagem
Províncias 2002 2003 2005 2006 2007 2008
Niassa 10,6 9,2 13,7 23,1 12,1 8,9
Cabo Delgado 18,7 14,2 15,8 11,4 5,8 6,8
Nampula 16,1 16,5 18,7 9,8 8,5 10,9
Zambézia 9,5 8,6 10,3 9,7 11,6 6,6
Tete 19,9 16,3 16,0 13,4 13,5 12,8
Manica 14,9 8,9 11,6 14,9 10,9 7,5
Sofala 19,8 24,0 21,1 16,9 14,4 10,2
Inhambane 4,6 9,9 7,8 6,6 7,4 4,6
Gaza 10,4 18,4 22,2 15,3 7,7 4,6
Maputo 11,0 14,5 11,0 9,8 19,9 6,8
Média nacional 13,5 13,3 14,8 12,0 10,1 8,3

O acesso aos serviços de extensão refere-se à interação física entre agricultores e trabalhadores de extensão ou
habitantes locais com formação que apoiam as atividades de extensão. Tabela 1 mostra que, no período de 2002 a 2008, a
cobertura máxima calculada foi atingida em 2005 e sofreu posteriormente um declínio até 2008. Isto contraria o desejo
expresso pelo governo de aumentar os serviços de extensão durante este período específico. É de notar que a cobertura
em declínio aconteceu numa altura (2006-2008) em que a extensão pública se estava a expandir em todo o país a um
passo acelerado. Em parte, esta cobertura em declínio está ligada ao baixo aumento no número total de funcionários de
serviços públicos, apesar da expansão geográfica.

7
2. EXTENSÃO AGRÁRIA EM MOÇAMBIQUE
Como foi mencionado anteriormente, apesar de já existir há 27 anos, a extensão agrária é relativamente recente e ainda se
encontra em fase de consolidação em Moçambique. Atualmente, os três tipos de fornecedores de serviços (públicos, do
SUMMARY | APRIL 2010
setor privado e ONGs) utilizam cinco dos seis modelos básicos de extensão identificados por Eicher (2007):
1. O "modelo público nacional", adotado pelo MINAG, referido neste documento como extensão pública
2. O modelo de Treino e Visita (T&V), também utilizado de forma modificada pela extensão pública desde
1987
3. O modelo de Escola na Machamba do Camponês (EMC), também utilizado pela extensão pública
desde o final da década de 19903
4. O modelo de ONGs, que engloba diferentes tipos de organizações; e
5. O modelo privado, que tem sido utilizado para as culturas do algodão, do tabaco e para algumas cultu-
ras emergentes, como as sementes de sésamo e a soja, através de esquemas de produtores sob con-
trato.

Várias ONGs redefiniram as suas coberturas aos níveis provincial e distrital, enquanto outras também redirecionaram
o foco das suas intervenções para, por exemplo, o apoio especializado em questões de mercado, os problemas
relacionados com o VIH/SIDA e a atribuição de poderes às mulheres. De um modo geral, têm sido implementadas
atividades holísticas de extensão por algumas ONGs internacionais desde o final da guerra civil (Gêmo et al. 2005).
As escolas de treino agrícola são potenciais fornecedores de serviços. Contudo, as funções que as universidades e
outras instituições desempenham no fornecimento de serviços de extensão têm sido limitadas. As restrições a nível
orçamental e o número limitado de docentes a tempo inteiro nas áreas da agronomia e veterinária têm dificultado as
contribuições dessas instituições no fornecimento de serviços de extensão agrária aos agricultores (Gêmo 2006).

2.1 Extensão pública


O lado esquerdo da Figura 3 mostra o número de extensionistas no terreno entre 2005 e 2009. Em 2009, a extensão
pública empregou 781 funcionários a nível nacional, incluindo 693 trabalhadores e supervisores de extensão no terreno, 64
funcionários técnicos e administrativos ao nível das províncias e 24 a nível central. O número de trabalhadores de campo na
área da extensão foi reduzido ao longo do tempo para menos de 700. O lado direito da Figura 3 mostra a cobertura da
extensão pública aos agricultores entre 2004 e 2009. Em 2009, a extensão pública era realizada em áreas rurais
selecionadas de 126 distritos (MINAG 2010f), em comparação com os 66 distritos em que intervenção era realizada em
2004 (Gêmo et al. 2005). Isto reflete uma expansão impressionante de cerca de 60 distritos em cinco anos. 4 Em 2009, a
extensão pública fornecia serviços a 378.043 pequenos agricultores, a nível nacional.

3
Eicher (2007) observou que existe um debate entre os especialistas em extensão sobre se a EMC é uma abordagem ou um modelo. Em Moçambique, o
"modelo público nacional de extensão" é referido como "extensão pública (serviços)", enquanto o sistema T&V e o modelo (abordagem) da EMC são
geralmente considerados metodologias de extensão.
4
Esta foi a mais rápida expansão da extensão pública desde a implantação formal do serviço, em março de 1987.

8
Figura 3—Número de trabalhadores de campo na área da extensão pública (esquerda) e número de agricultores
cobertos pela extensão pública (direita)

SUMMARY | APRIL 2010

A Figura 3 indica que, entre 2005 e 2006, houve uma redução significativa de funcionários no terreno (extensionistas
e supervisores). Em 2007, o número total de trabalhadores na área da extensão manteve-se muito baixo. Nessa altura, os
governos locais atribuíram novas funções aos extensionistas a nível distrital. Em 2006, foram criados novos serviços a nível
distrital, os Serviços Distritais de Actividades Económicas (SDAE). Os SDAE englobam serviços agrários – anteriormente
representados a nível distrital pelas antigas Direcções Distritais de Agricultura (DDAs) – assim como outros serviços
públicos, tais como as pescas, a indústria e o comércio, o turismo e as minas, de acordo com as principais atividades
económicas de cada distrito. Alguns dos trabalhadores na área da extensão foram designados diretores dos SDAE ou
indicados para trabalhar como chefes das "unidades agrícolas" dos SDAE. No entanto, alguns dos extensionistas
demitiram-se das suas funções. A expansão acelerada da DNEA levou à transferência entre diferentes distritos de muitos
desses extensionistas, tendo algumas dessas transferências sido feitas para distritos rurais longínquos. Alguns dos
funcionários não aceitaram essas transferências e optaram por se demitir dos seus trabalhos.
Apesar da redução considerável dos funcionários de campo na área da extensão, em 2006 e 2007, a cobertura aos
agricultores aumentou (consultar o lado direito da Figura 3). Os informadores primordiais da DNEA afirmaram que o
aumento da cobertura se deveu à expansão da EMC, especificamente nas províncias de Manica, Sofala e Maputo. Apesar
de isso poder explicar em parte o aumento da cobertura, existem diferentes perceções sobre o que constitui a cobertura aos
agricultores. Por exemplo, enquanto alguns extensionistas acreditam que a cobertura inclui toda a população das aldeias
sob a responsabilidade destes, outros consideram que esta inclui apenas os agricultores que interagem com eles
regularmente. Estes conceitos diferentes podem contribuir para a sobreavaliação do número de agricultores com cobertura.
Em termos de financiamento, a extensão pública tem sido apoiada principalmente pelos parceiros para o
desenvolvimento, com alguma contribuição do governo. Desde a sua implantação até ao final da década de 1990, foi
financiada principalmente através de projetos específicos aos níveis central e provincial. Esses projetos envolveram
diferentes parceiros para o desenvolvimento, em particular o FIDA, a Agência Dinamarquesa para o Desenvolvimento
Internacional (DANIDA), o Banco Mundial, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a
Agência Alemã de Cooperação Técnica (GTZ), esta última durante as primeiras fases da extensão pública. Uma ONG
internacional, a Sasakawa Global 2000, também participou no cofinanciamento da extensão pública entre 1996 e 2003.
Desde 2001, a DNEA é financiada principalmente através do mecanismo comum de fluxo dos fundos (MCFF) do
PROAGRI. Desde então, a DNEA não teve qualquer tipo de financiamento significativo "extraorçamental", apesar de ter
recebido algum apoio através de pequenos projetos específicos. Nesses projetos, incluem-se o Programa Especial da FAO
para a Segurança Alimentar (SPFS, do inglês Special Program for Food Security) para dois distritos da província de
Zambézia (2001 – 2003); o SPFS para 12 distritos das províncias de Sofala, Manica e Maputo (2003 – 2009); e o apoio da
FAO para a criação de EMCs em três distritos da província de Sofala e em dois distritos da província de Maputo (2009 –
2011), no âmbito da iniciativa das Nações Unidas (ONU) “Woman Empowerment and Gender Equality Program”. A principal
função destes programas foi promover a expansão das EMCs e fazer a transferência de tecnologias de baixo custo através
da extensão pública em algumas áreas de distritos selecionados.

9
Não se encontram disponíveis informações sobre os custos por unidade da extensão pública. O primeiro PDE público
(MAP, 1998) estimou que o custo médio anual por agricultor atingia os 17 dólares americanos por ano. Isto aparenta ser
uma subavaliação, mesmo tendo em conta que, à época, os trabalhadores na área da extensão com diplomas (equivalente
a 12 anos de escolaridade) recebiam salários de cerca de 200 dólares americanos, utilizavam bicicletas como o principal
meio de transporte para a zona de intervenção e o equipamento de trabalho consistia principalmente SUMMARY
em botas |deAPRIL 2010
borracha,
capas impermeáveis e fitas métricas.

2.2 Extensão privada ao nível das mercadorias


A extensão privada tem sido mais ativa na região norte e, em certa medida, na região centro, devido à adequabilidade
agroecológica dessas regiões para sustentar culturas de rendimento, como o algodão e o tabaco. No que diz respeito à
produção de algodão sob contrato, existem 12 empresas privadas envolvidas, através de esquemas de subcontratação,
com milhares de pequenos agricultores, enquanto existem apenas duas empresas (Sonil e Mozambique Leaf Tobacco
(MLT)) na indústria do tabaco.5 Os fornecedores de extensão da cultura do algodão funcionam com base em esquemas de
concessão (Concessões de Algodão), que consistem em autorizações do governo que permitem que as empresas
funcionem em certos distritos durante um determinado período de tempo (5 a 10 anos, ou mais). As empresas do algodão
funcionam principalmente nas províncias de Nampula, Cabo Delgado, Niassa e Sofala, assim como, em certa medida, na
província de Zambézia. No caso do tabaco na região central, a MLT tem sido a principal empresa a promover a cultura em
determinados distritos das províncias de Tete, Zambézia e Manica, funcionando de modo semelhante ao caso do algodão.
A Figura 4 mostra o número total de pequenos agricultores envolvidos no cultivo sob contrato de algodão e tabaco através
de esquemas de subcontratação.

Figura 4—Número total de pequenos agricultores ou agricultores familiares envolvidos na produção sob contrato de
algodão e tabaco através da extensão privada

As empresas privadas são responsáveis por assegurar a entrega dos principais serviços relacionados com as
cadeias de valor do algodão e do tabaco, desde o fornecimento de insumos, a assistência técnica no terreno e a
comercialização dos produtos até ao processamento (parcial) e à exportação. Além do cultivo sob contrato de algodão e
tabaco, foram surgindo algumas iniciativas para a promoção das sementes de sésamo e de soja através de regimes de
subcontratação nas regiões norte e centro do país.
Em termos de funcionários de extensão, não foram encontrados dados abrangentes e atualizados sobre o total dos
mesmos no setor privado durante a realização deste estudo. As informações disponibilizadas pela MLT (que é a maior das
duas empresas atualmente envolvidas na promoção da cultura do tabaco) indicam que, em 2011, a empresa tinha 478
funcionários de extensão a trabalhar com cerca de 118.000 pequenos agricultores, maioritariamente na região central do
país. Contudo, não foi possível obter informações sobre as qualificações e a experiência profissional desses trabalhadores
de extensão. Os produtores de tabaco sob contrato com a MLT estão organizados em "clubes de pequenos agricultores",
cada um com 15 a 25 membros. Em 2011, havia cerca de 8000 clubes de pequenos agricultores produtores de tabaco a
trabalhar com a MLT. A área média cultivada pelos produtores sob contrato é de cerca de 0,60 ha. A MLT destaca a

5
Uma terceira empresa pediu permissão para se estabelecer na província de Nampula, mas ainda não entrou em funcionamento (MINAG/ DNSA 2011).

10
utilização de "boas práticas agrícolas", particularmente a rotação de culturas e as iniciativas locais de reflorestação (MLT
2011).
Além disso, um estudo encomendado pelo IAM sobre a extensão privada da cultura do algodão (Givá et al. 2011)
revelou que esta envolve mais funcionários de extensão do que, por exemplo, a extensão pública. No entanto, a extensão
SUMMARY | APRIL 2010
privada da cultura do algodão depende fortemente dos agentes de extensão locais que não têm qualquer tipo de treino
formal, em vez de depender dos trabalhadores profissionais de extensão, como é demonstrado na Tabela 2.

Tabela 2—Funcionários de extensão e encarregados em sete das 12 empresas que trabalham atualmente na extensão
privada da cultura do algodão no país
Número de
funcionários com
Qualificação essa qualificação
Nível Universitário (Licenciatura) 10
Diploma 22
Certificado 61
Escola secundária 103
Agentes de extensão local sem 1124
treino/qualificações formais (encarregados)
Total 1320

As estatísticas mostradas na Tabela 2 foram reunidas a partir de sete das 12 principais empresas que promoviam a
produção e a comercialização do algodão à época.6 A utilização de um número elevado de encarregados destina-se a obter
o máximo número possível de produtores sob contrato sem depender necessariamente de muitos trabalhadores
profissionais de extensão, particularmente se tivermos em conta que os encarregados são responsáveis por transmitir as
práticas recomendadas de cultivo aos produtores sob contrato.
O uso de encarregados representa também um problema para os trabalhadores de campo na área da extensão
responsáveis pela supervisão, que têm de assegurar que os encarregados estão a cumprir as tarefas previstas no terreno
dentro do prazo estabelecido e cumprindo os requisitos. Givá et al. (2011) indicam alguns dos principais problemas que
afetam a extensão privada da cultura do algodão:
 As dificuldades em efetuar o registo dos agricultores no início de cada época e em fornecer o apoio necessário
às organizações desses agricultores
 O conhecimento limitado sobre doenças, pragas e pesticidas por parte de alguns funcionários de extensão
(particularmente os provenientes de escolas secundárias), apesar da experiência (os anos de trabalho) dos
mesmos ajudar a combater esses problemas
 As ligações limitadas entre a implementação no terreno e a investigação, de modo a atualizar os
conhecimentos mais relevantes
 O treino limitado em metodologias de extensão, incluindo as relacionadas com o fornecimento de apoio a
organizações de agricultores
 As dificuldades em assegurar que os produtores sob contrato utilizam os níveis recomendados de pesticidas e
os aplicam com a frequência necessária. Muitas vezes, os produtores sob contrato consideram que os
pesticidas se tornam "dispendiosos" quando essas recomendações são rigorosamente seguidas.

6
As sete empresas inquiridas (de um total de 12) incluem a Sociedade Algodoeira de Namialo (SANAM), a PLEXUS Mozambiques Ltd., a OLAM Algodão
do Vale do Zambeze, Ribawè e Murrumbala, a Sociedade Algodoeira do Mutuali (SAM), a Sociedade Algodoeira do Niassa (SAN/ JSF), a Chipata e a
Companhia Nacional do Algodão (CNA) (Givá et al. 2011).

11
Figura 5—A hierarquia utilizada na disseminação de tecnologias por parte das empresas privadas envolvidas na
extensão da cultura do algodão

SUMMARY | APRIL 2010

A Figura 5 mostra a hierarquia operacional utilizada na disseminação de tecnologias por parte das empresas privadas
envolvidas na extensão da cultura do algodão. Givá et al. (2011) observaram que a disseminação de tecnologias por parte
das empresas privadas envolvidas na extensão da cultura do algodão implica principalmente relacionamentos de cima para
baixo (setas em apenas uma direção, de cima para baixo), exceto no caso do relacionamento entre os supervisores no
terreno e os trabalhadores de campo na área da extensão, que foram ilustrados como tendo um relacionamento interativo.
Contudo, apesar de existir um tipo claro de relacionamento "dominante" proveniente do topo na hierarquia (ao nível do
diretor de produção), com vista a garantir a responsabilização rigorosa dos diferentes níveis, existe a necessidade de ter em
conta a responsabilidade de transmissão de informações de baixo para cima nessa hierarquia, desde a preparação das
terras para a fase da colheita até à comercialização dessa colheita. Isso significa que existe um relacionamento bilateral (de
cima para baixo e de baixo para cima), mas que o relacionamento de cima para baixo é muito importante para assegurar o
"domínio" geral do fornecimento de extensão e o controlo das ações no terreno.
Não existe muita literatura sobre o financiamento e os custos associados à extensão privada. 7 No entanto, o antigo
CEO da AGRIMO, uma grande empresa do algodão, informou-nos de que os custos da extensão privada podem variar
consoante, entre outros fatores (L. Pereira, comunicação pessoal):
 a qualidade dos funcionários no terreno (em termos dos níveis de treino e da experiência) e o equipamento que
utilizam
 a complexidade das operações no terreno relacionadas com as diferentes culturas
 a disponibilidade das empresas privadas para o desenvolvimento das competências dos agricultores para além
do que é necessário, de forma a gerir determinadas culturas de rendimento
 a introdução de novas tecnologias e práticas agrícolas que requerem muitas vezes treino e supervisão técnica
adicionais aos pequenos agricultores, durante as primeiras épocas agrícolas; e
 o nível de investimentos de "responsabilidade social", tais como o cofinanciamento de estradas e escolas
primárias em zonas rurais, bem como ações semelhantes que possam ajudar as comunidades locais.

7
Por exemplo, a MLT investiu aproximadamente 25 milhões de dólares americanos na época agrícola de 2010/2011 para a produção de tabaco através de
esquemas de produtores sob contrato (MLT. 2011).

12
2.3 Extensão ao nível das ONGs
De acordo com uma estimativa de 2006 (MINAG 2006a), as ONGs realizaram extensão ou atividades relacionadas com a
extensão em áreas rurais selecionadas de 84 distritos do país. Esse número aumentou para 87 distritos em 2009 (MINAG
2010f). Como foi mencionado anteriormente, o tamanho, o orçamento, o tipo e o volume das atividades, assim como
SUMMARY | APRILa 2010
cobertura e a duração dos projetos de extensão das ONGs, variam consideravelmente. Há pequenas ONGs a trabalhar em
um ou dois distritos e outras que trabalham em três a cinco distritos, ou mais, numa ou em mais províncias. Apesar de os
níveis de recursos de que dispõem e, consequentemente, o âmbito e o volume das atividades variarem, as ONGs
internacionais, tais como a World Vision, a Care International e a Africare, entre outras, têm sido de longe as mais robustas
em termos de orçamento, capital humano e capacidade operacional.
De um modo geral, as ONGs oferecem um vasto conjunto de abordagens em diferentes distritos, criando uma
oportunidade para comparar e avaliar os vários programas e métodos utilizados. Além disso, locais diferentes têm
problemas e limitações também diferentes, que têm de ser resolvidas. No entanto, a aprendizagem através da experiência
das ONGs na área da extensão parece estar limitada pela fraca capacidade de comunicação entre os diferentes tipos de
serviços de extensão – públicos, das ONGs e privados. Apesar de algumas iniciativas locais procurarem melhorar a
colaboração entre a extensão pública e a extensão pelas ONGs, não existe uma plataforma a nível nacional para a partilha
de experiências e desenvolvimentos relevantes. No entanto, algumas partes interessadas primordiais, incluindo ONGs,
foram convidadas para assistir às reuniões anuais sobre a extensão pública, envolvendo todas as dez províncias e com a
participação das Direcções Provinciais de Agricultura (DPAs) e dos Serviços Provinciais de Extensão Rural (SPER).
Contudo, estas reuniões centram-se principalmente em questões do planeamento e da monitorização da extensão pública,
ao invés de questões relacionadas com os outros fornecedores de extensão.
Em termos de recursos humanos, em 2004, as ONGs tinham um número total de funcionários de extensão estimado
em 840 pessoas (Gêmo et al. 2005). Não foram encontradas estimativas mais recentes durante este estudo. Com efeito, a
compilação de dados sobre o número total de funcionários de extensão ao nível das ONGs tem representado um problema
para a DNEA, uma vez que a maioria das ONGs não fornece os dados necessários, e aquelas que fornecem não fazem a
desagregação dos dados por trabalhos profissionais de extensão e agentes de extensão da comunidade.
Para resumir esta secção sobre o sistema pluralista de extensão agrária de Moçambique, a Tabela 3 mostra algumas
das principais caraterísticas dos três principais fornecedores de serviços, públicos, do setor privado e das ONGs.

13
Tabela 3—Comparação das abordagens e metodologias dos três principais fornecedores de extensão
Fornecedores
de extensão/ Pública (DNEA) Extensão privada Extensão ao nível das
questões ONGs
debatidas
SUMMARY | APRIL 2010
Instituições Ministério da Agricultura (MINAG), Principalmente empresas privadas de ONGs internacionais, assim como
líderes e através da Direcção Nacional de produção sob contrato de algodão e algumas nacionais, financiadas por
outras Extensão Agrária (DNEA) tabaco, incluindo as instalações de diferentes parceiros para o
instituições processamento ou o acesso às desenvolvimento. As ONGs variam
envolvidas mesmas. consideravelmente em termos de
tamanho, orçamento, conhecimentos,
tipo e volume de atividades.
Tipos de Extensão unificada (culturas, gado, Extensão vocacionada para as Desde serviços muito limitados
serviços que gestão de recursos naturais, mercadorias, principalmente para o (como, por exemplo, o apoio apenas
fornecem organizações de agricultores e apoio algodão, o tabaco e a produção sob ao desenvolvimento do gado ou do
ao desenvolvimento dos mercados) contrato de sementes de sésamo, mercado) a uma extensão mais
atualmente em crescimento holística
Como Oferecendo serviços sem custos Oferecendo subcontratos (insumos e Oferecendo serviços sem custos
através de redes de extensão serviços de crédito) a milhares de através de equipas de extensão ou de
localizadas ao nível das pequenos agricultores para a criação agentes de extensão local em
aldeias/comunidades/distritos por e venda das colheitas aos aldeias/comunidades e a nível distrital
todo o país empreendedores, em regiões em todo o país
agroecologicamente adequadas para
as culturas em causa
Abordagens e Foca-se na transferência de Foca-se no desenvolvimento das Foca-se principalmente na atribuição
metodologias tecnologias, na atribuição de poderes capacidades de gestão de culturas de poderes aos agricultores (defesa)
utilizadas aos agricultores e no dos agricultores através de um apoio e no desenvolvimento de capital
desenvolvimento de capital social, técnico rigoroso que procura social (com ênfase no apoio a
utilizando principalmente um sistema assegurar o retorno do crédito da organizações de agricultores), apesar
modificado de T&V (Gêmo et al. forma mais lucrativa/ eficiente de algumas estarem também
2005) e outros modelos, tais como a possível envolvidas na transferência de
EMC tecnologias (por exemplo, sementes
melhoradas)

O Sistema Nacional de Extensão (SISNE) pretende ser um sistema eficaz caraterizado pela colaboração e pela troca
de informações entre os três atores. O desenvolvimento do SISNE foi um dos principais objetivos do primeiro PDE e
do PRONEA.

3. EXTENSÃO AGRÁRIA PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE


Desde a sua criação, a extensão pública tem feito parte das funções primordiais do MINAG. A Caixa 2 resume o papel do
MINAG na extensão agrária.
Caixa 2—Papel do MINAG na extensão agrária

O MINAG tem quatro funções principais que contribuem para o sistema pluralista de extensão (MINAG
2006a), nomeadamente:
1. Formulação e co-implementação da estratégia de extensão (com ênfase no desenvolvimento de
um sistema pluralista)
2. Fornecimento de serviços de extensão pública através da DNEA
3. Certificação da existência de políticas e regulamentos implementados para a extensão privada e
efetuar a monitorização das suas atividades. O IAM é a instituição responsável pela cultura do
algodão, interagindo frequentemente com os fornecedores de extensão privada. O Instituto de
Fomento do Caju (INCAJU) do MINAG também fornece serviços de extensão aos pequenos
produtores de caju; e
4. Monitorização das atividades de extensão agrária a nível distrital, provincial e nacional.

14
Neste documento, é fornecida uma breve trajetória institucional dos serviços de extensão pública para a melhor
contextualização do PRONEA no âmbito desses serviços, incluindo um resumo dos principais resultados alcançados até ao
momento.

3.1 A trajetória histórica da extensão agrária pública em Moçambique


SUMMARY | APRIL 2010

1987 – 1992: PERÍODO DE CRIAÇÃO


Criados em março de 1987, através da antiga Direcção Nacional de Desenvolvimento Rural (DNDR), os serviços de
extensão estavam, nessa época, limitados a áreas rurais com um nível razoável de segurança política, devido à guerra que
assolava o país. Assim foi, até 1992. No entanto, o período entre 1987 e 1992 foi vital em termos da criação de serviços aos
níveis central e provincial; da disponibilização de treino essencial para a primeira linha de funcionários e para os
supervisores no terreno; da construção da primeira equipa multidisciplinar de funcionários qualificados a nível central
(incluindo profissionais estrangeiros); da criação de redes de cooperação com agências como a FAO, o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o FIDA, assim como com os parceiros bilaterais para o desenvolvimento,
que prestaram apoio desde as primeiras fases. Estes últimos incluem a DANIDA e a GTZ.

1993 – 1998: EXPANSÃO INICIAL DA EXTENSÃO AGRÁRIA


O Acordo Geral de Paz de outubro de 1992 tornou possível uma impressionante expansão geográfica dos serviços de
extensão agrária pública, com a criação de novas redes em mais 22 distritos, entre 1993 e 1998. Isto ocorreu
principalmente nas regiões norte e sul do país, sobretudo através do apoio do Banco Mundial, desde 1993 até ao final
dessa década. A expansão fazia parte dos esforços conjuntos do governo e dos parceiros para o desenvolvimento para a
revitalização do setor agrícola e a economia rural, após 16 anos de uma guerra que praticamente paralisou a produção
agrícola na maior parte das áreas rurais. Além da extensão pública, muitas ONGs deixaram de fornecer apoio humanitário
para passar a fornecer serviços de extensão agrária ou a realizar atividades relacionadas com a mesma. A extensão (ou a
assistência técnica) vocacionada para as mercadorias estava também em crescimento, através das empresas privadas e de
algumas parcerias entre o governo e o setor privado. Milhares de pequenos agricultores, particularmente em áreas das
regiões centro e norte do país, foram subcontratados para produzir algodão e, a partir da segunda metade da década de
1990, produzir tabaco (Gêmo et al. 2005).
O crescimento da extensão pluralista através da expansão das atividades do governo, dos privados e das ONGs,
combinado com as limitações da extensão pública em termos de recursos, ditaram a adoção de intervenções mais
estratégicas por parte desses serviços. A preparação do primeiro PDE ocorreu entre 1996 e 1998, no âmbito da elaboração
do PROAGRI I. Os termos de referência para a criação do primeiro PDE incluíam:
 Reforço das intervenções estratégicas dos serviços de extensão pública, redefinindo os princípios, os objetivos
ao nível da cobertura, as principais abordagens e metodologias, as necessidades de capital humano, as
questões relacionadas com a logística e os principais resultados esperados.
 Fortalecimento da colaboração com os serviços públicos agrários relevantes, incluindo a investigação, no
âmbito das necessidades dos três fornecedores de serviços de extensão; e
 Proporcionar uma plataforma e contribuir para um SISNE eficaz, para a promoção da partilha de informações e
a colaboração no terrento entre os três fornecedores de serviços de extensão. Entre as abordagens inovadoras
do PDE que procuravam promover os fornecedores não públicos de serviços estavam incluídos o reforço das
iniciativas de insourcing e a introdução do outsourcing das atividades de extensão por parte dos serviços
públicos (Gêmo e Rivera 2001; Gêmo et al. 2005).

O primeiro PDE estava inicialmente previsto para o período entre 1998 e 2003, mas foi depois alinhado com o
período de implementação do PROAGRI, entre 1999 e 2004. Mais tarde, foi alargado até 2006, em consonância com a
extensão do período de implementação de outros componentes do PROAGRI.

1999 – 2004: IMPLEMENTAÇÃO DO PRIMEIRO PLANO DIRECTOR DE EXTENSÃO


Este foi um período importante para os serviços de extensão pública devido às recentes abordagens de intervenção no
terreno, reformas institucionais e esforços para fortalecer os serviços pluralistas de extensão do país. A Figura 6 ilustra os
pilares do primeiro PDE.

15
Figura 6—Pilares do primeiro PDE, implementado entre 1999 e 2004

SUMMARY | APRIL 2010

Um objetivo fundamental do primeiro PDE era a construção de serviços públicos fortes. Para tal, era necessário
melhorar o capital humano e estrutural, assim como estabelecer uma logística operacional adequada. Uma das principais
limitações identificadas em muitos serviços de extensão agrária foi a falta de funcionários de extensão suficientemente
qualificados, particularmente nos sistemas de África (Zinnah et al. 1999; Weidinger et al. 2006). O desenvolvimento de
capital humano no âmbito do primeiro PDE centrava-se no treino efetuado no local de trabalho ou internamente (formal e
informal) e na contratação de funcionários qualificados. O desenvolvimento de capital estrutural estava relacionado com a
necessidade de melhoria das bases de dados sobre o fornecimento de serviços agrários das agências públicas (incluindo
dados relevantes que não são do setor público), a qualidade analítica dos relatórios anuais das agências públicas e a
qualidade das publicações sobre extensão (estudos de caso, relatórios anuais de desempenho e resumos de políticas). O
primeiro PDE também destacava fortemente a necessidade de reforçar o SISNE.
Até 2004, a extensão agrária pública estava implementada em 66 distritos, em vez dos 52 distritos previstos, com um
número total de aproximadamente 700 funcionários. No entanto, o sistema de extensão pública começou a registar algumas
limitações a nível logístico. Havia dificuldade na substituição das motorizadas e das bicicletas desgastadas dos
trabalhadores no terreno, bem como dos veículos para os funcionários técnicos e supervisores ao nível das províncias.
Havia também dificuldades em fornecer insumos e equipamentos agrícolas para as terras, assim como outras
demonstrações relevantes no terreno (Gêmo et al. 2005). 8

2005 – 2006: EXTENSÃO DO PRIMEIRO PLANO DIRECTOR DE EXTENSÃO


Como foi mencionado anteriormente, o PROAGRI foi alargado de 2004 a 2006, juntamente com o primeiro PDE do MINAG.
Apesar do número reduzido de funcionários e das cada vez maiores limitações logísticas da realização de atividades no
terreno, os serviços de extensão pública iniciaram uma expansão acelerada, de 69 distritos, em 2005, para uma "máxima
cobertura administrativa possível". 9 Em 2006, os serviços de extensão pública tinham um número total de 662 funcionários
a nível nacional, incluindo 496 trabalhadores de extensão no terreno e 83 supervisores. A Figura 7 mostra a expansão dos
serviços públicos entre 2004 e 2010, indicando um grande aumento entre 2005 (69 distritos) e 2008 (126 distritos).

8
Em maio de 2001, a criação de um mecanismo comum de fluxo dos fundos (MCFF) para todos os parceiros para o desenvolvimento, que fornece apoio
orçamental ao setor agrícola através do MINAG no âmbito do PROAGRI, implicou o fim dos fundos destinados aos ou do financiamento direto dos
serviços de extensão pública através de projetos específicos. A fraca priorização da extensão na alocação do orçamento geral do MINAG resultou poste-
riormente em graves limitações de financiamento que exacerbaram os problemas logísticos e operacionais da extensão agrária.
9
Assim, em 2006, a DNEA tinha-se expandido para 21 novos distritos em relação a 2005, uma expansão significativa em apenas um ano.

16
Figura 7—Número de distritos cobertos pela extensão pública entre 2004 e 2010

SUMMARY | APRIL 2010

No final de 2005, algumas DPAs começaram a enviar alguns dos seus trabalhadores de extensão para novos
distritos, sem fazerem necessariamente a devida coordenação com a DNEA a nível central. Estes tipos de ações são
reconhecidos no âmbito do processo descentralizado de decisão permitido. Em 2006, a expansão da DNEA continuou,
passando a cobrir 90 distritos. Desde 2010, a extensão pública tem sido realizada em áreas selecionadas dos 128 distritos
rurais do país. A expansão da DNEA é política e socialmente justificável à luz da necessidade do aumento do acesso à
extensão para a melhoria da produção de alimentos e a geração de rendimentos entre os pequenos agricultores. Contudo,
parece que a expansão acelerada foi realizada sem ter necessariamente em conta os seguintes fatores fulcrais:

 A necessidade de mais funcionários no terreno


 As implicações aos níveis do treino, supervisão e M&A, na sequência da distribuição pouco uniforme dos
funcionários no terreno, tendo alguns distritos apenas três trabalhadores de extensão
 As necessidades logísticas adicionais, especialmente no que se refere ao transporte dos funcionários,
supervisores e técnicos no terreno, assim como as necessidades ao nível dos insumos agrícolas para as
demonstrações no terreno
 As ligações e colaborações com outros atores relevantes, tais como os fornecedores de investigação, insumos
e equipamentos, entre outros; e
 A necessidade de diferenciação das atividades e das expetativas de acordo com as condições agroecológicas,
pelo menos entre os distritos com elevado potencial e os distritos marginais.

A concentração da DNEA em distritos selecionados com base no respetivo potencial elevado ou moderado (até 2004)
excluía milhares de pequenos agricultores dos distritos não selecionados do acesso direto à extensão pública. No entanto,
devido às limitações a nível de recursos, o plano era concentrar os esforços e os recursos em distritos selecionados para
"maximizar" a cobertura eficaz desses distritos. Contudo, é importante notar que à época existiam ONGs ou serviços de
extensão privada ao nível de mercadorias nos distritos que não recebiam extensão pública.
A rápida expansão geográfica dos serviços de extensão pública em Moçambique no período entre 2005 e 2008 tem
sido amplamente discutida. Até 2004, o consenso prevalecente era de que havia a necessidade de efetuar uma análise
cuidadosa e de tomar uma decisão sobre como e quando se deve proceder à expansão de modo a assegurar que esta seja
eficaz e consistente. Mesmo com esse consenso, em 2004, a DNEA estava presente em 66 distritos, mais 14 do que os 52
inicialmente previstos. Isto tendo em conta que o PRONEA tinha considerado a necessidade dessa expansão e concluído
que todas as expansões teriam de ser implementadas de forma gradual.

2007 – 2010: SEGUNDO PLANO DIRECTOR DE EXTENSÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PRONEA


Como foi indicado anteriormente, o PRONEA pretendia funcionar como o mecanismo do programa para a implementação
do segundo plano diretor de extensão pública, de 2007 a 2016, na sequência da implementação do primeiro plano. O
PRONEA foi concebido para o período de 2007 a 2014 (FIDA 2005).
O segundo Plano Director de Extensão (2007 – 2016)
Como indicado na Figura 8, o segundo PDE tem várias semelhanças com o primeiro em termos, por exemplo, do destaque
dado ao desenvolvimento de capital humano, do objetivo de dar seguimento à descentralização e desconcentração e de
promover o SISNE através da ênfase na contratação de outros atores regionais e locais para o fornecimento de serviços de

17
extensão localmente, sob forte vigilância. O segundo PDE destacou a promoção e o apoio do capital social dentro do
sistema de extensão como um dos seus principais objetivos, dando maior ênfase a estas questões, em comparação com o
primeiro PDE.

Figura 8—Pilares do segundo Plano Director de Extensão, com implementação prevista entre 2007 e 2016| APRIL 2010
SUMMARY

Fornecer apoio aos planos das organizações de agricultores e facilitar as ligações com os mercados (de insumos,
exsumos e financeiros) foram descritos como fatores cruciais para a promoção de organizações locais e de comerciantes
rurais relevantes. A experimentação de novas abordagens e metodologias de extensão, particularmente através de
parcerias inovadoras com atores locais, tais como as ONGs, assim como a implementação de uma extensão vocacionada
para a procura também são vistos como fatores fundamentais. Por último, também foi fortemente aconselhada a realização
do outsourcing das atividades de extensão pública e o desenvolvimento de importantes ligações com as instituições de
investigação no âmbito do desenvolvimento de um SISNE eficaz.
Implementação do PRONEA (2007 – 2010)
Foi planeada uma implementação gradual do PRONEA, sendo a expansão a realizada a partir dos distritos selecionados
até ao alcance de uma cobertura nacional no quinto ano do programa. Apesar de continuar a fornecer serviços "centrados
na oferta" em todo o país, a DNEA teve de desenvolver a capacidade específica de fornecimento de serviços de acordo
com os objetivos e as expetativas do PRONEA. Os seguintes dados foram obtidos através do documento do PRONEA para
o fornecimento de informações essenciais sobre o mesmo (FIDA 2005).
Objetivos e abordagem: O objetivo era contribuir para a redução da pobreza absoluta e a melhoria da qualidade de
vida das populações rurais pobres. A contribuição do PRONEA procurava fazer emergir uma maior relevância do
aconselhamento ao nível da agricultura e do desenvolvimento tecnológico, assim como originar a adoção de práticas mais
produtivas, economicamente lucrativas e ambientalmente sustentáveis por parte de um grande número de agricultores.
Os objetivos definidos pelo programa foram o aumento dos lucros e a melhoria da segurança alimentar dos
agregados familiares dos agricultores de subsistência, particularmente dos agregados liderados por mulheres, através de
um aumento constante da eficiência ao nível da produção. Esses objetivos seriam alcançados através de um conjunto de
intervenções complementares, com o objetivo adicional de estabelecer: i) um maior acesso a serviços de apoio técnico
eficazes e centrados nos distritos; ii) grupos de produtores mais bem organizados e com influência no fornecimento de
serviços; iii) o fornecimento de serviços de apoio em resposta às solicitações.
A abordagem era fazer com que o programa utilizasse as contribuições do governo, das autoridades locais, das
ONGs ou das agências do setor privado nos termos que melhor fossem de encontro às necessidades do programa e que,
simultaneamente, assegurassem uma boa relação entre o custo e a eficácia, não sujeitando o programa à interferência de
agências individuais ou a complicações provenientes da "etiqueta política".
Fundamentação e estratégia: A fundamentação do PRONEA centra-se na visão do MINAG para a transformação
agrícola, no antigo Plano de Acção para Redução da Pobreza Absoluta (PARPA), na análise e na apresentação de
propostas para o crescimento económico rural, para a redução da pobreza e para a aceleração da descentralização em
curso. Resumindo, estes instrumentos convergem na tese de que são necessários um padrão de desenvolvimento agrícola

18
e uma utilização dos recursos naturais mais estáveis, produtivos, comerciais e sustentáveis para a redução da pobreza,
assim como para o aumento do desempenho económico. Conclui-se também que o cumprimento desses objetivos é mais
provável se a autoridade e a responsabilidade na área do desenvolvimento forem transferidas para as agências locais que
estão mais próximas das necessidades (e do escrutínio) dos seus eleitores.
SUMMARY | APRIL 2010
Áreas e grupos visados Era previsto que o PRONEA utilizasse praticamente todo o financiamento do governo para
os serviços de extensão pública. Também se previa que englobasse e reforçasse os elementos agrícolas primordiais da
reforma da governação local, assim como grande parte das responsabilidades e das atividades de fornecimento de serviços
e do desenvolvimento económico do governo e de outros atores relevantes. Esperava-se, portanto, que fosse um programa
com cobertura nacional, acessível a todas as províncias e distritos, cinco anos após a sua implementação. No entanto, o
grau de envolvimento e de apoio disponibilizado individualmente pelo programa aos distritos devia variar de acordo com o
estado de desenvolvimento do distrito, a disponibilidade deste em aceitar e implementar reformas, as suas caraterísticas
físicas, agrícolas, económicas e sociais, assim como a presença de agências complementares e comunidades de eleitores.
Idealmente, as três facetas da reforma da extensão foram definidas como:
 a mobilização e organização dos agricultores
 a melhoria e a diversificação das capacidades de extensão (particularmente, o desenvolvimento de uma
extensão vocacionada para a procura); e
 o fornecimento efetivo de serviços e de todo o investimento associado.
Como resumido na Caixa 3, foram estabelecidos três componentes do PRONEA aquando da sua criação.
Caixa 3—Componentes, subcomponentes e atividades principais de cada componente do PRONEA
Componente 1: Desenvolvimento centrado na oferta (para os serviços técnicos e de extensão)
Subcomponente 1.1: Reorientação do/ apoio ao setor publico
 Reorientação do ethos do setor público e reforma aos níveis central, provincial e distrital e aos níveis inferiores;
ênfase na participação, na facilitação e no fornecimento de serviços com uma boa relação de custo-benefício
 Sensibilização e criação de um consenso sobre o PRONEA e fornecimento de treino, recursos e sistemas para
obter uma melhoria na extensão pública e no desempenho da investigação
 Apoio a agências nacionais/provinciais para o desenvolvimento de um Código de Conduta dos fornecedores de
serviços e regulação dos termos, das condições e do desempenho dos contratos; e

Fortalecimento específico do planeamento agrícola a nível distrital e provincial e da capacidade de implementação
e supervisão; fiscalização e controlo de qualidade do fornecimento sob contrato de serviços.
Subcomponente 1.2: Promoção do/ apoio ao setor privado e às ONGs
 Incentivo, aperfeiçoamento e expansão/ consolidação do processo de outsourcing em curso, em particular para a
extensão, o treino, as informações e os serviços técnicos.
 Facilitação, aconselhamento profissional e apoio financeiro aos fornecedores de serviços emergentes.
Componente 2: Desenvolvimento centrado na procura
Subcomponente 2.1: Organização e atribuição de poderes aos agricultores

Inventariação, reforço de grupo, trabalho em rede, planeamento participativo, classificação e registo das
associações de acordo com a prioridade avançada, limitada ou reduzida dos distritos.
Subcomponente 2.2: Desenvolvimento de grupos, associações e empresas

Desenvolvimento de modelos de negócios, formação na área da gestão, desenvolvimento de contactos,
classificação da capacidade de fornecimento de serviços e do investimento inicial necessários para as
associações, de acordo com a prioridade avançada, limitada ou reduzida dos distritos (efetuar o agrupamento dos
agricultores conforme os seus interesses comuns para fins de interlocução; clarificação e reforço da procura
efetiva por género, VIH/SIDA ou outras desvantagens — para os serviços de produção/produtividade agrícola e
para os meios de fornecimento desses serviços).
Componente 3: Fornecimento de serviços agrários
Subcomponente 3.1: Fornecimento de serviços ao nível das províncias

Contratos estratégicos/ temáticos e/ou consolidados, por exemplo para a multiplicação de sementes, a prevenção
de doenças e as atividades de gestão de recursos naturais ao nível das províncias.
Subcomponente 3.2: Fornecimento de serviços a nível distrital/ local
 Contratos de consulta, informações e aplicação de tecnologias a nível distrital/local.

19
Contudo, como foi descrito anteriormente, os distritos variam de acordo com a fase de desenvolvimento e o estatuto
ao nível do alcance da extensão. Consequentemente, sob o ponto de vista do PRONEA, os distritos foram classificados em
três categorias:
 60 distritos beneficiavam de um apoio significativo através da descentralização ou de projetos agrícolas. Foi
SUMMARY | APRIL 2010
considerado que esses distritos estavam em locais com elevado potencial, mas que, em certa medida, tinham
necessidades menos urgentes (em termos de investimento).
 40 distritos foram classificados como altamente prioritários para a mobilização, a reforma e o fornecimento de
serviços, devido às respetivas necessidades ou ao potencial; e
 28 distritos não tinham uma resposta positiva às intervenções em forma de programa, devido aos seus
recursos naturais, à escassez populacional ou a condições especiais, como a aridez do solo ou o facto de
serem áreas de parque nacional.

Era esperado que a sequência prevista de cooptação dos distritos variasse de acordo com o tipo de atividades. Os
primeiros dois anos do programa foram planeados para servir principalmente como anos de preparação, nos quais as
disposições necessárias para a cooptação de províncias e distritos e para o treino, a seleção, a aprovação e a contratação
seriam concluídas. Durante os anos de preparação, as intervenções efetivas do programa seriam efetuadas nos distritos
classificados como avançados, onde já existiam bases para a participação dos agricultores, para um planeamento realista e
para a implementação de projetos. Estava prevista a participação de um máximo de 40 distritos classificados como
avançados até ao final do terceiro ano, aumentando para 80, no quarto ano, e para 90 a 100 distritos com cobertura total,
no quinto ano – incluindo os 28 distritos com prioridade reduzida.
Estratégias e táticas de focalização: O PRONEA seria inclusivo e responderia às necessidades de todos os
clientes. Devia abraçar todos os tamanhos e classes de terras e agricultores, com o uso de instrumentos e mecanismos de
focalização específica, de modo que os agregados familiares rurais marginais liderados por mulheres e outros agregados
menos favorecidos fossem representados e beneficiados adequada e proporcionalmente. A estratégia de focalização nos
pobres e nos menos favorecidos teria quatro dimensões principais. O principal elemento de focalização seria um critério
primário de elegibilidade para a participação: pelo menos 70 por cento dos membros de grupos e associações de
agricultores tinham de pertencer a agregados familiares de pequenos agricultores visados pelo programa – agricultores que
não cultivam mais de dois hectares irrigados pela chuva ou menos de um hectare irrigado por outras técnicas.
O segundo elemento da estratégia de focalização destinava-se a dar prioridade aos distritos, localidades e
comunidades com uma incidência elevada de pobreza. A alocação de fundos para os distritos e para as divisões
administrativas menores seria determinada através de critérios consistentes com a fórmula da alocação de fundos do
governo central para a descentralização e o desenvolvimento dos distritos. No PRONEA, seriam incluídos critérios
adicionais de contabilização da pobreza absoluta, das dimensões dos terrenos distritais e das tendências ao nível da
segurança alimentar e da melhoria da produtividade agrícola.
No terceiro elemento, o objetivo de focalização era a especificação de um nível mínimo justo de equilíbrio, em termos
de género, em todas as equipas de implementação, comissões, organizações de agricultores e programas de treino
apoiados pelo programa; assegurar a representação nos grupos e nas atividades dos agregados familiares com membros
com doenças crónicas, que foram afetados recentemente pela morte de um membro adulto ou desfavorecidos por outras
razões; e efetuar uma representação imparcial dos pequenos agricultores como indivíduos com recursos e capazes de
promover a agricultura. As mulheres estão em maioria entre os pequenos agricultores, tendo funções, problemas e
necessidades diferentes dos restantes. Foi considerado que, até certo ponto, a transformação do fornecimento de serviços
de extensão dependia de um maior envolvimento das mulheres como agricultores clientes ou agentes de extensão, assim
como da sensibilização e do treino sobre a utilização de ferramentas analíticas sobre o género para a monitorização e
avaliação do progresso e do impacto.
No quarto elemento da estratégia de focalização, o programa iria fornecer pequenas subvenções e serviços. Os
serviços de auto-focalização deveriam incluir a introdução a tecnologias economizadoras de trabalho e o apoio à produção
de culturas hortícolas, de mandioca e de batata-doce.
Por último, nas comunidades, os mecanismos explícitos para a implementação das estratégias de focalização
mencionadas deveriam ser criados em parceria com os líderes locais durante os dois anos de preparação. O objetivo era
assegurar que todos os agricultores teriam a possibilidade de se tornar membros, incluindo as mulheres, os jovens, os

20
idosos, os chefes de família solteiros, as pessoas em famílias afetadas pelo VIH/SIDA, órfãos e outros agricultores com
acesso limitado a mão-de-obra, dinheiro ou terras. Os mecanismos acordados entre o PRONEA e os líderes locais seriam
aplicados em todas as atividades, tais como a formação e o apoio a grupos de agricultores, assim como a aprendizagem e
a capacitação.
SUMMARY | APRIL 2010
Gestão do programa: O nível central do MINAG, através da Unidade de Coordenação do PROAGRI, teria a
responsabilidade geral de realizar a coordenação e a supervisão do programa, com a colaboração a nível central a incluir
ligações estreitas com vários ministérios. Esses ministérios incluíam o Ministério da Planificação e Desenvolvimento (MPD),
o Ministério da Administração Estatal (MAE) e o Ministério das Finanças (MF), ao mesmo tempo que era esperado que a
DNEA modificasse as suas funções para se tornar um centro de excelência e de recursos para o apoio e o planeamento
técnico. Ao nível das províncias, o papel principal da DNEA seria apoiar os processos de elaboração e avaliação dos Planos
de Desenvolvimento Agrícola dos Distritos, que também incluíam um componente para os serviços agrários. Em particular,
as DPAs deviam fornecer o aconselhamento necessário e, quando necessário, assistência presencial nos distritos para a
elaboração de planos. As províncias, especificamente os diretores provinciais para a agricultura, em conjunto com os
presidentes das Comissões para o Desenvolvimento das Províncias, tinham uma responsabilidade crucial no processo de
implementação. Eram responsáveis pela promoção, facilitação, direção, monitorização e transmissão de informações sobre
o programa aos respetivos responsáveis, em nome dos seus distritos constituintes e das agências com menos
responsabilidades.
Após três anos de implementação (2007 – 2010), dos oito anos previstos para o programa, o PRONEA foi cancelado
na sequência da terceira missão anual de fiscalização, que envolveu o FIDA e o MINAG. Os avaliadores recomendaram
essa decisão devido ao "fraco desempenho do PRONEA" (MINAG e FIDA 2010). O FIDA e o governo concordaram no
cancelamento do PRONEA e atribuíram ao MINAG, com o apoio do FIDA, a função de reformular o programa com o
objetivo de criar uma nova estratégia de extensão pública e um plano de investimento programático a ser aplicado até 2012.

3.2 Âmbito, organização e funcionamento da Extensão Agrária Pública


Como foi indicado anteriormente, desde a sua criação, em março de 1987, a extensão agrária pública em Moçambique é
institucionalmente organizada e gerida enquanto uma direção nacional dentro da estrutura organizacional do MINAG. O
Anexo 2 mostra a forma como os serviços públicos estão localizados atualmente no MINAG. O nome e o âmbito da
intervenção da direção nacional responsável pela extensão pública têm sido respetivamente alterados e redefinidos ao
longo do tempo, como explicado de seguida:
 Março de 1987 a 1997: Direcção Nacional de Desenvolvimento Rural (DNDR), que estava envolvida no
fornecimento de serviços de extensão pública nas dez províncias e na cogestão ou na supervisão,
monitorização e avaliação dos projetos de desenvolvimento rural em províncias como Zambézia, Manica,
Inhambane e Maputo. Este vasto âmbito da intervenção foi implementado até meados da década de 1990, em
colaboração com algumas agências da ONU e outros parceiros para o desenvolvimento
 1997 a 2006: Direcção Nacional de Extensão Rural (DNER), que tinha a extensão agrária como foco principal
 2006 até hoje: Direcção Nacional de Extensão Agrária (DNEA), uma designação que procura distinguir o vasto
âmbito das atividades de extensão rural de outras atividades com foco na agricultura, pelas quais a DNEA é
responsável.

A Figura 9 mostra a organização estrutural atual ao nível central da DNEA, com os SPER a terem a responsabilidade
da implementação da extensão pública ao nível das províncias.

21
Figura 9—Organização estrutural da DNEA

SUMMARY | APRIL 2010

O Departamento de Planeamento e Estudos é responsável pelo planeamento ao nível central da sede da DNEA,
ajudando na preparação e na elaboração do plano anual de extensão pública a nível nacional, contribuindo também para a
monitorização e avaliação (M&A) nesse nível. Isso inclui a elaboração de relatórios trimestrais, semestrais e anuais do
desempenho a nível nacional da DNEA. O Departamento de Apoio Técnico é responsável pelo apoio técnico e
metodológico aos SPER, incluindo através da supervisão e das visitas de campo às províncias por parte de funcionários ao
nível central. No passado, o Departamento foi formado por organizações de agricultores e por unidades de treino,
comunicação e tecnologia. No entanto, o funcionamento e o nível de desempenho dessas unidades têm sido variados.
Vários fatores influenciaram o papel dessas unidades da DNEA ao longo do tempo, como a elevada rotatividade de
funcionários qualificados, a disponibilidade limitada de recursos financeiros para a implementação dos planos anuais de
trabalho da DNEA, assim como a forma como os diferentes líderes da extensão pública centraram atenções no
fortalecimento das unidades mencionadas.
Ao nível das províncias, a extensão pública é gerida através dos SPER nas DPAs. Por isso, enquanto ao nível central
esses serviços são mencionados como "extensão agrária", ao nível das províncias o nome oficial dos mesmos ainda é
"extensão rural". A designação da DNEA foi adotada no âmbito das reformas institucionais internas do MINAG, realizadas
em 2005 e 2006, ao nível central. Os SPER englobam principalmente as unidades de planeamento e de M&A,
comunicação, promoção de tecnologias e organizações de agricultores. No entanto, a maioria dos SPER foi afetada pela
grande rotatividade dos funcionários ao longo dos anos e, de um modo geral, os dez SPER dispõem de poucos funcionários
qualificados a cargo das diferentes unidades. Alguns serviços relevantes das DPAs ao nível das províncias, tais como os
serviços relacionados com a pecuária e as florestas, deviam ter especialistas nessas áreas a trabalhar em colaboração com
os SPER e com as redes de extensão a nível distrital, conforme necessário. No entanto, a disponibilidade de especialistas
nessas áreas para a colaboração frequente com a extensão varia entre as províncias. Além disso, a alocação de recursos
ao nível das províncias é decidida tendo em conta as necessidades de outros serviços agrários das províncias, assim como
a disponibilidade dos recursos. Os diretores provinciais de agricultura, nas DPAs, desempenham um papel importante na
decisão de como os recursos são distribuídos para os vários serviços.
A nível distrital, existem as redes de extensão. Até 1998, a estruturação das redes de extensão era feita com base
nos distritos, sendo cada rede formada por uma equipa de oito trabalhadores de extensão. No âmbito da implementação do
primeiro PDE (1999–2006), a definição de uma rede de extensão foi revista e ficou relacionada com as regiões
agroecológicas. De acordo com a nova definição, as redes de extensão seriam formadas em alguns casos por dois ou
mesmo três distritos, dependendo das caraterísticas agroecológicas dos distritos. No total, foram estabelecidas 36 redes de
extensão que davam cobertura a 52 distritos (Gêmo et al. 2005). Cerca de nove anos mais tarde, a definição de redes de
extensão foi mais uma vez revista na sequência da implementação do PRONEA (2007 – 2010), tendo sido decidido que se
voltaria à estrutura organizacional anterior, baseada nos distritos. Foi decidido que seriam necessários oito membros de
extensão por cada equipa, com base no sistema de Treino e Visita (T&V), que foi adotado após o arranque da extensão

22
pública, em 1987. No entanto, no início de 1990, foram introduzidas algumas mudanças para o alinhamento do sistema de
T&V com as circunstâncias locais (Gêmo et al. 2005):
 Ênfase nos grupos e organizações de agricultores e não apenas nos agricultores individuais (Camponeses de
Contacto).
SUMMARY | APRIL 2010
 Focalização na participação dos agricultores e na necessidade de promoção de uma aprendizagem mútua
relevante entre os agricultores e os trabalhadores de extensão – os conhecimentos dos agricultores locais
como uma questão importante a ser tida em conta
 Descentralização do controlo sobre o planeamento e a implementação, com vista à criação de ligações fortes
com o nível central, no que se refere a questões estratégicas, técnicas e metodológicas
 Flexibilidade na definição da frequência com que são realizadas reuniões com os técnicos de extensão no
terreno em cada província, em vez da adoção do período rígido de duas semanas; e
 Criação de um contexto recetivo para o teste e a implementação de outras metodologias enquanto se
implementa principalmente o sistema modificado de T&V.

Até 2005, as redes de extensão estavam administrativamente subordinadas às antigas direcções distritais de
agricultura (DDAs). Os supervisores de extensão nos distritos (ou o supervisor da equipa, nos distritos em que a rede de
extensão engloba mais do que um distrito) foram responsáveis pelo controlo do funcionamento das redes e das equipas,
assim como pela transmissão de informações para as DDAs e para os SPER. Em 2006, as DDAs foram abolidas e foi
estabelecida uma nova entidade mais ampla – os SDAE. Os serviços agrários a nível distrital foram depois integrados nos
SDAE, que, como mencionado anteriormente, também são responsáveis pelo comércio e a indústria, as pescas, o turismo e
as minas, dependendo do local, do potencial natural e da diversidade das atividades económicas de cada distrito. A Figura
10 mostra a organização atual da extensão pública aos níveis das províncias e dos distritos.

Figura 10—Estrutura organizacional e funcionamento da extensão pública ao nível das províncias (incluindo os
distritos)

Os supervisores das redes de extensão a nível distrital ainda são responsáveis pelo funcionamento da extensão
pública no terreno. Fornecem informações ao diretor dos SDAE e ao chefe dos SPER.

3.3 Os Principais Sucessos da Extensão Pública


Os anos de extensão pública desde 1993 têm sido caracterizados por diferentes graus de progresso. Os períodos de
expansão (1993—1998) e de implementação do primeiro PDE) (1999–2004) foram decisivos para reforçar o papel dos
serviços de extensão pública. No entanto, o período de extensão do primeiro PDE e o início da expansão acelerada (2005–
2006) trouxeram grandes desafios institucionais aos serviços, que continuaram durante os três anos da implementação do
PRONEA até 2010.
Tem havido poucos estudos a nível nacional ou regional sobre resultados da extensão e do seu impacto em
Moçambique, em geral, e da extensão pública, em particular. Os estudos disponíveis sobre o impacto da extensão têm

23
mostrado diferentes resultados e conclusões. Isto pode ser explicado em parte pelas diferenças nas metodologias usadas
pelos diferentes autores (Cunguara e Moder 2011). Usando a limitada informação, baseada em dados, sobre o
desempenho e os resultados da extensão pública, pode ser captada alguma indicação sobre o desempenho da extensão
pública em termos de prestação de serviços.
SUMMARY | APRIL 2010
TOTAL DE AGRICULTORES COBERTOS PELA EXTENSÃO PÚBLICA
Ao longo do tempo, o número total de agricultores cobertos pelo serviço de extensão agrária pública tem sido um importante
indicador de desempenho. A Tabela 4 reporta a cobertura dos agricultores e o pessoal disponível no terreno (extensionistas
e supervisores no terreno) entre 1999 e 2009.

Tabela 4—Cobertura total de famílias planeada e alcançada, trabalhadores de extensão no terreno e taxas médias de
cobertura a nível individual pelos trabalhadores de extensão
Itens 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Cobertura anual planeada (*1000) 156,6 156,6 156,6 156,6 156,6 156,6 117,0 193,5 223,3 258,3 500,7
Cobertura anual atingida (*1000) 130,5 110,2 124,0 125,0 124,0 136,6 177,0 191,0 285,3 354,0 378,0
Sub/Supracobertura (*1000) -26,1 -46,4 -32,6 -31,6 -32,6 -20,0 +60,0 -2,5 +62,0 +95,7 -122,7
Pessoal de extensão no terreno 501 540 507 485 541 562 550 496 517 548 693
Pessoal planeado 696 696 696 696 696 696 n.d. n.d. n.d. n.d. 1024
Supervisores de extensão no terreno 54 56 54 58 69 71 96 83 73 96 n.d.
Taxa média (agricultores por trabalhador 260 204 244 258 229 243 322 385 552 646 n.d.
de extensão)

A Tabela 4 mostra que há dois períodos distintos em termos de cobertura de extensão pública:
 O período 1999–2004, durante o qual a cobertura tinha estado abaixo dos níveis planeados, principalmente
devido ao persistente déficit anual do pessoal de extensão planeado ao nível do terreno que se verificava
nessa altura. Neste período, a média estimada anual dos agricultores cobertos por trabalhador de extensão
atingiu um mínimo de 204 agricultores por extensionista, em 2000, e um máximo de 260, em 1999.
 O período 2005–2008, no qual a cobertura total alcançada tinha estado acima da cobertura total planeada,
apesar da redução nos trabalhadores de extensão no terreno, em 2006 e 2007. Neste período, o número
médio anual estimado de agricultores cobertos por trabalhador de extensão ficou entre 322 agricultores, em
2005, e 646 agricultores, em 2008.

Alguns informadores primordiais defendem que o maior número de agricultores cobertos por trabalhador de extensão
e o aumento da cobertura total, no período 2005–2008, se deveram à expansão do EMC em áreas selecionadas das
províncias de Manica, Sofala e Maputo. Como os dados usados nos estudos estão registados a nível nacional, não foi
possível avaliar até que ponto o EMC aumentou o número de agricultores cobertos em cada uma destas três províncias.

ORGANIZAÇÕES DE AGRICULTORES
Apoiar as organizações de agricultores, em particular as associações de agricultores, é um dos principais papéis esperados
da extensão pública, segundo as funções oficiais da DNEA (MINAG 2006). As principais atividades da extensão pública que
visam apoiar as associações de agricultores (AAs) incluem a ajuda na sua criação, a oferta de assistência técnica, e a
facilitação do seu acesso a mercados de insumos e produção. O gráfico da esquerda na Figura 11 mostra o número de AAs
de pequenos proprietários que interagiram com a extensão pública entre 2004 e 2008 e, do lado direito, o número de
membros de AAs que foram auxiliados desta forma.

24
Figura 11—Número de associações de agricultores cobertas por extensão pública (2004–2008) (esquerda) e número
de membros de associações de agricultores assistidas (direita)

SUMMARY | APRIL 2010

O notável equilíbrio entre homens e mulheres filiados em AAs confirma o nível de participação das mulheres na
agricultura, apesar de algumas diferenças substanciais registadas em 2006 e 2007. O número médio de sócios anual varia
substancialmente de uma média de 30 membros por AA, em 2004, 14 por AA, em 2005, 45 por AA, em 2006, até 28 por
AA, em 2008. Apesar do aumento registado de AAs de 2004 a 2005, o baixo número total de membros e também do
número médio de membros registado em 2005 pode ser explicado pela grave seca que afetou o país nesse ano. Por outro
lado, o impressionante aumento do total de membros e do número médio de membros por AA em 2006 pode ser ligado às
iniciativas de auxílio levadas a cabo pelo MINAG e ONGs, particularmente nas áreas rurais mais afetadas. As iniciativas de
auxílio consistiram em ajuda alimentar e distribuição de sementes de culturas alimentares (MINAG/Direcção Nacional de
Serviços Agrários, DNSA 2007). As situações de auxílio têm o potencial de impulsionar o número de membros porque as
AAs (e as organizações de agricultores em geral) têm sido vistas como beneficiários prioritários em intervenções
governamentais e de ONGs em áreas rurais do país.
Segundo os informadores primordiais a nível central, o impressionante aumento no número de AAs que receberam
ajuda de 2006 a 2008 pode ser explicado por duas razões:
 rápida expansão geográfica da extensão pública, principalmente desde 2006, pode ter contribuído para uma
considerável interação com AAs já criadas, particularmente em alguns distritos periurbanos das cidades de
Maputo e Beira.
 A reforma de 2006 da Lei das Associações, que visa facilitar o registo de associações agrícolas 10, pode
também ter contribuído para um aumento na criação e registo de AAs.
 A No entanto, pouca informação está disponível sobre a tipologia das AAs apoiadas, em termos dos seus
principais objetivos e atividades. Tal como não existe muita informação sobre os principais constrangimentos
encarados pelos trabalhadores de extensão ao trabalhar com AAs ou os principais constrangimentos
encarados pelas próprias, muito menos sobre as principais lições aprendidas ao trabalhar com estas
organizações.

TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA (DEMONSTRAÇÕES NO TERRENO)


Tal como mencionado, o PRONEA enfatizou o papel da disseminação de tecnologia como elemento crucial na mais vasta
adoção de tecnologias que aumentam a produção e produtividade. Uma das maiores intervenções da extensão pública na
disseminação de tecnologia tem sido a instituição de demonstrações de resultados (DR) ou CDRs (Campos de
Demonstração de Resultados) ao nível das quintas, envolvendo diferentes culturas alimentares. A Tabela 5 mostra a
extensão de DR nas quintas, a nível nacional, de 2004 a 2008.

10
O atual Decreto/Lei das Associações, que também regula o registo das associações agrícolas, foi aprovado em 2006 e nessa altura tornou-se mais fácil
registar associações agrícolas.

25
Tabela 5—DR “na quinta”, por cultura, de 2004 a 2008
Batata
Anos Milho Arroz Sorgo Feijões irlandesa Amendoins
2004 955 62 38 371 276
2005 1021 139 83 252 222 SUMMARY | APRIL 2010
2006 1926 434 273 604 235 422
2007 1531 201 100 444 102 300
2008 1216 464 659 169 184 215

A importância de demonstrações de extensão no terreno é bem conhecida (Richardson 2003; Mudyazvivi 2010). A
DNEA tem vindo a implementar tanto “demonstrações de métodos” como “demonstrações de resultados”. As
demonstrações de métodos mostram aos agricultores como fazer algo. Os agricultores observam, passo a passo, como
implementar, por exemplo, uma melhor prática ou recomendação. As demonstrações de resultados são baseadas na noção
de “ver para crer”. Mostra aos agricultores que uma nova recomendação particular é praticável sob condições locais e que
pode beneficiá-los.
As demonstrações no terreno da DNEA situam-se no âmbito das principais atividades normalmente desempenhadas
por serviços de extensão, particularmente quando envolvem pequenos agricultores. As DRs de extensão pública no terreno
são geralmente instituídas em lotes de 100 metros quadrados. As variedades de milho melhoradas são, de longe, as
tecnologias mais disseminadas. A batata irlandesa é uma cultura emergente na extensão pública, que tem sido disseminada
em algumas áreas irrigadas, principalmente nas regiões do sul e do centro. Os trabalhadores da extensão pública
providenciam insumos básicos, enquanto os agricultores que participam providenciam parte das suas terras preparadas
para as demonstrações.
A maioria das demonstrações envolve sementes melhoradas (principalmente variedades abertas polinizadas)
produzidas segundo boas práticas agrícolas. Com a exceção da batata irlandesa, cujas DRs no terreno contêm
frequentemente um pacote tecnológico (semente, fertilizante, pesticidas, irrigação), as DRs no terreno para outras culturas
consistem principalmente em disseminar formas de usar sementes novas e melhoradas segundo boas práticas agrícolas –
preparação e semeadura atempadas da terra, densidade e espaçamento de plantas, remoção atempada das ervas
daninhas, período de colheita apropriado, etc. – e condições de produção alimentadas pela chuva.
O uso de semente melhorada é importante mas precisa de ser complementado pelo uso de outros insumos, tais
como fertilizante (e pesticidas, se necessário), para melhorar eficazmente a produtividade e subsequentemente levar a
maiores rendimentos agrícolas. Além disso, a continuação das demonstrações é constrangida pelas lacunas de
fornecimento dos mercados. Por exemplo, frequentemente não existe garantia de que as sementes de variedades
específicas de cultura adquiridas para disseminação num determinado ano estejam prontamente disponíveis nos anos
subsequentes, quer seja para continuação da DR da extensão no terreno, quer para adoção pelo agricultor (Gêmo 2007).
Os mercados de insumo subdesenvolvidos (Tostão 2007) e a fragilidade de outros serviços de apoio, incluindo os mercados
de produção agrícola (MINAG 2010a; MINAG 2011b), têm contribuído para lacunas e fragilidade no fornecimento de
insumos ao longo do tempo.
A Tabela 6 mostra diversas demonstrações de tecnologia, de 2004 a 2008.11

11
Os números apresentados para o ano de 2004 incluem dados acumulados desde 1998 para tecnologias tais como kraals, colmeias e tanques de cultura
de peixes melhorados.

26
Tabela 6—Disseminação de tecnologia através de demonstrações “na quinta” ou por agregado familiar (Ag.Fam.)
Abrigos de Tanques de
Celeiros aves cultura de Colmeias
melhorados melhorados Kraals peixes por melhoradas
Anos por Ag.Fam. por Ag.Fam. melhorados Ag.Fam. por Ag.Fam.
SUMMARY | APRIL 2010
2004 129 47 961 2290 1174
2005 341 36 383 1401 425
2006 434 248 621 1263 992
2007 270 292 494 1240 755
2008 710 465 696 430 207

Note-se que a maioria das tecnologias varia em termos de design, volume (por ex., celeiros melhorados), tamanho
(por ex., abrigos de aves melhorados), materiais usados (com enfoque nos materiais localmente disponíveis) e custos
associados. Em geral, a informação analítica sobre questões de adoção e sobre como estas demonstrações beneficiam os
agregados familiares que participam é limitada à DNEA. No entanto, tecnologias tais como tanques de cultura de peixes,
celeiros melhorados e colmeias melhoradas foram mencionadas por informadores primordiais como tendo sido adotadas
em algumas áreas rurais onde a extensão pública está em funcionamento. No entanto, a escassez de estudos sobre taxas
de adoção dificulta o conhecimento do nível e da consistência da adoção, por parte dos agricultores, de diversas
tecnologias, particularmente dentro do âmbito das intervenções de extensão pública.
Particularmente, a Tabela 5 e a Tabela 6 mostram variações anuais substanciais do número de diferentes tipos de
tecnologias disseminadas entre 2004 e 2008. Segundo os informadores primordiais, as possíveis razões para as variações
incluem, entre outras:

 As alocações de recursos à extensão pública nas dez províncias (DPA/SPER) variam em cada ano de acordo
com o total de recursos disponíveis para serem distribuídos por diversos serviços públicos (gestão de gado,
gestão das terras e silvicultura, irrigação, etc.) em cada DPA. Os constrangimentos de recursos levaram a
reduções nas demonstrações no terreno.
 As prioridades definidas pelos dez SPER para cada ano em termos de áreas de intervenção, isto é, a
priorização de DR e disseminação de outras tecnologias (por ex., tecnologias de gado) ao nível da quinta,
variam de ano para ano em cada província.
 O transporte disponível para trabalhadores de extensão no terreno e outras questões relativas à capacidade
operacional da extensão pública em cada ano também influenciam a sua capacidade de levar a cabo DRs na
quinta e outras demonstrações no terreno.
 O tipo e o número de iniciativas de base local que devem ser apoiadas pela extensão pública em cada ano e
em cada província varia. Se, por exemplo, a procura dos agricultores por uma tecnologia específica for
elevada, essa tecnologia deve ser, em princípio, priorizada.

4. AVALIAR O CONTEXTO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PRONEA


Para compreender por que razão a implementação do PRONEA foi interrompida, é necessário analisar as circunstâncias à
volta da sua implementação. No entanto, primeiro é necessário identificar algumas das principais características do primeiro
PDE, assim como as principais características do PRONEA. 12 Sabendo que o PRONEA foi concebido para operacionalizar
o segundo PDE, o PRONEA e o segundo PDE dedicam-se a assuntos que estão proximamente relacionados, em termos de
objetivos e resultados e impacto esperados, princípios de implementação e abordagens. A Tabela 7 resume algumas das
principais características tanto do primeiro PDE como do PRONEA, que, como acima referido, estão proximamente
relacionados com o segundo PDE.

12
A implementação do primeiro PDE não se baseou num programa específico concebido previamente. O PDE continha um plano de operacionalização,
consistindo em princípios acordados e na “filosofia” de implementação (Princípios e Filosofia de Implementação), incluindo assuntos-chave relacionados
com a cobertura geográfica, organização e funcionamento, networking, metodologias, logística e semelhantes.

27
Tabela 7—Uma comparação das principais características do primeiro PDE e do PRONEA
PRONEA (2007-10) como ferramenta de
Item Primeiro Plano Director de Extensão (1999–2006) operacionalização do segundo Plano Director de
Extensão
Processo de  Principalmente interno, envolvendo pessoal qualificado  Envolvimento direto da DNEA através
SUMMARY de pessoal
| APRIL 2010
preparação da então Direcção Nacional de Extensão Rural (DNER) selecionado e da administração da DNEA, incluindo
e guiado pela administração da DNER, com algum consultoria aos níveis central e local, com forte apoio
apoio da assistência técnica internacional residente da assistência técnica internacional não-residente
financiada pelo FIDA
 Validação do segundo PDE
Princípios  Desenvolvimento de capital humano e estrutural como  Desenvolvimento de capital humano e estrutural como
principais alvos-chave de desenvolvimento institucional visando alvos-chave de desenvolvimento institucional visando
melhorar a competência melhorar a competência
 Concentração em distritos com elevado a médio  Inclusão de distritos ecologicamente diferentes, com a
potencial agroecológico (52 distritos até 2004) expansão da cobertura de distritos durante um período
 Descentralização da gestão de extensão de cinco anos, dos já cobertos (69 em 2005) para
 Promoção de um sistema pluralista de extensão quase todos os 128 distritos do país até ao quinto ano
 Reforço da descentralização e promoção de um
sistema pluralista de extensão
Pilares  Capacitação (desenvolvimento de CH ao nível da  Capacitação (desenvolvimento de CH ao nível da
extensão e colaboração com especialistas nos extensão e colaboração com especialistas nos
diferentes domínios de outras direções e instituições de diferentes domínios de outras direções e instituições
investigação; melhoria da logística operacional no de investigação; melhoria da logística operacional no
terreno e do sistema de M&A) terreno e do sistema de M&A)
 Transferência e adoção de conhecimento e tecnologia  Gestão de informação e conhecimento (extensão
(ênfase nas demonstrações no terreno e pessoal de como centro de conhecimentos e alocação de
extensão no terreno) e apoio a organizações de recursos)
agricultores  Networking/ e melhores parcerias com partes
 Networking/participação em parcerias com partes interessadas relevantes (com maior ênfase em
interessadas relevantes (incluindo iniciativas piloto de iniciativas de outsourcing para promover a
outsourcing e in-sourcing) participação de ONGs, organizações com base na
comunidade e setor privado)
Principais  SUE – Sistema Unificado de Extensão (culturas, gado e  SUE
abordagens e gestão de recursos naturais) – direcionado para a  Maior ênfase na extensão direcionada para a procura
metodologias oferta e encorajamento da extensão direcionada para a e apoio às organizações de agricultores e
procura organizações com base na comunidade
 Planeamento e M&A participativos, com ênfase nas  Planeamento e M&A participativos, com intenção de
organizações de agricultores ser “rigorosos”
 Sistema de T&V modificado e abertura a outras  Necessidade de grandes /novas abordagens e
metodologias (aprender fazendo) metodologias (continuar o “aprender fazendo”)
 Pelo menos 12 demonstrações no terreno por  Melhor cultura de aprendizagem através das
trabalhador de extensão no terreno por época agrícola intervenções como base para construir conhecimento
 Ênfase na aprendizagem através das intervenções baseado na experiência
Recursos  Orçamento total estimado de 24 milhões de dólares  Orçamento total estimado de 50 milhões para oito
necessários americanos para cinco anos (1999–2004), para anos (2007–2014), para logística, operações (incluindo
logística, operações (incluindo outsourcing) e formação outsourcing e apoio a iniciativas locais) e formação
 696 trabalhadores de extensão no terreno necessários  Cerca de 1024 trabalhadores de extensão necessários
durante o período de implementação até 2009

28
Tabela 7—Contínuo.
PRONEA (2007-10) como ferramenta de
Item Primeiro Plano Director de Extensão (1999–2006) operacionalização do segundo Plano Director de
Extensão
Principais  Direções nacionais de Gado e Silvicultura (extensão  Direções nacionais de Veterinária, Gado e Silvicultura
SUMMARY | APRIL 2010
parceiros de unificada, SUE) e Investigação (continuação da SUE) e Investigação
implementaçã  Fornecedores e agentes de insumos e equipamento  Fornecedores e agentes de insumos e equipamento
o envolvidos no marketing de produção envolvidos no marketing de produção
 Organizações de agricultores  Organizações de agricultores
 Líderes locais e autoridades locais, até certo ponto  Autoridades locais e líderes locais
 ONGs e extensão privada (outsourcing piloto)  ONGs e extensão privada (aumentando o outsourcing)
 Instituições de educação agrícola relevantes  Parceiros de desenvolvimento envolvidos no
 Parceiros de desenvolvimento envolvidos no financiamento do MINAG/PROAGRI II, especialmente
financiamento do MINAG/PROAGRI I o FIDA, com 40 por cento de contribuição para o
orçamento
Principais  SUE criado e a funcionar em 66 distritos, mais do que  Cobertura distrital expandida a quase todos os distritos
exsumos e os 52 planeados (128) até ao quinto ano da implementação do
resultados  Tecnologias tangíveis introduzidas e disseminadas aos PRONEA, com participação importante das
(até 2004) agricultores apoiados13 autoridades/agentes locais (descentralização)
 Uma estimativa de 180 940 famílias cobertas até 2004  Progresso tangível no apoio a organizações de
 Distritos piloto com contratos de outsourcing e in- agricultores e na promoção de agentes de extensão
sourcing implementados não-pública/ desenvolvimento local (aumentando o
 Produtividade aumentada em certas áreas com outsourcing)
extensão, ao abrigo da disseminação de pacotes de  Maior produtividade em áreas com extensão; melhor
tecnologia integração de pequenos agricultores nos mercados
(particularmente através da extensão direcionada para
a procura)

Uma análise de documentos disponíveis, visitas de campo e entrevistas com informadores primordiais indicaram que
o PRONEA foi implementado num contexto institucional e de políticas singular. Isto tem de ser tomado em consideração
aquando da análise das razões por detrás da decisão de parar a sua implementação. A Figura 12 ilustra os fatores políticos
e institucionais que rodearam a implementação do PRONEA. Em muitos casos, constrangeram a implementação do
programa devido a razões discutidas abaixo.

Figura 12—Fatores políticos e institucionais que afetaram a implementação do PRONEA (2007–2010)

13
Foram introduzidos pacotes de tecnologia relativamente ao milho e arroz, em colaboração com a ONG internacional Sasakawa Global 2000; vacinas de
galinhas contra a “doença de Newcastle” em áreas rurais; e cultura de peixe de pequena escala, usando principalmente tilápia, entre milhares de famílias
em áreas rurais adequadas.

29
4.1 Fraca Preparação da DNEA para Implementar o PRONEA
A implementação do PRONEA foi exigente em termos das ações que precisavam de ser tomadas para que tal fosse feito
com sucesso. Necessitou de um aumento no número de trabalhadores de extensão no terreno; o fortalecimento da M&A; e
o desenvolvimento de novas relações, abordagens, procedimentos e linhas de orientação, particularmente para| APRIL 2010
SUMMARY
implementar as atividades de extensão direcionadas para a procura. Entre outras, a correta implementação do PRONEA
implicou as seguintes ações:

DIFICULDADES NO AUMENTO DO PESSOAL DE EXTENSÃO NO TERRENO


Níveis de pessoal adequados têm sido uma dificuldade desde a criação dos serviços de extensão pública, em 1987. Mais
recentemente, mesmo com a expansão acelerada da cobertura distrital de 2004 a 2008, foi alcançado um progresso muito
limitado no aumento dos níveis de pessoal, particularmente até 2009, altura em que o objetivo definido pelo MINAG era de
1024 trabalhadores de extensão pública a nível nacional. Para providenciar alguma informação contextual sobre a
introdução de pessoal novo na extensão pública ao longo do tempo, a Figura 13 ilustra os quatro principais estágios na
contratação de novo pessoal para a DNEA.

Figura 13—Os principais estádios, na extensão pública, da contratação de pessoal novo desde a sua criação, em 1987
Neste estádio, a responsabilidade de contratar e integrar o pessoal de extensão no terreno foi
transferida para o nível distrital (governos locais/SDAE). Isto implica que a responsabilidade de
2007-2010: Entradas limitadas a recrutar pessoal novo já não pertence à DNEA central nem mesmo à DPA/SPER. Isto está de
seguir ao lançamento do segundo acordo com o processo de descentralização. Mas surgem dificuldades para garantir que a
contratação de novo pessoal de extensão no terreno está dentro das prioridades dos governos
PDE (2007) e ao primeiro período dos distritos. Além disso, não é claro se o novo pessoal irá ser selecionado segundo
de implementação do PRONE qualificações mínimas requeridas. Apesar de ter sido atingido um progresso constrangido, de
2007 a 2010, no recrutamento de novo pessoal, houve um progresso substancial na integração
na função pública de muito pessoal contratado. Em geral, os distritos continuaram a recrutar
pessoal novo com base na disponibilidade de vagas e necessidades de capacidade nos SDAE.

Isto estava de acordo com um dos pilares do primeiro PDE – desenvolvimento de capital
humano através da contratação de pessoal novo com diplomas como requisito académico
1999-2006: Um número mínimo para os serviços de extensão pública. Adicionalmente, era feita uma promoção formal
substancial de funcionários das qualificações através de formação do pessoal existente. Os fundos do PROAGRI deveriam
recrutados com diplomas e alguns apoiar o desafio de melhorar as qualificações do pessoal, incluindo a necessidade de
profissionais com licenciaturas aumentar o número de portadores de grau de licenciatura entre os funcionários. Foram
durante a implementação do alcançados resultados tangíveis na redução do número de funcionários apenas com
certificados e no aumento do número de detentores de diplomas. Mas os objetivos
PROAGRI-faseI
relacionados com a promoção dos detentores de certificados para detentores de diplomas não
foram alcançados, tal como discutido abaixo. Note-se que, neste período, três detentores de
licenciatura sediados no nível central foram capazes de promover os seus níveis académicos
para mestrado como parte dos esforços no desenvolvimento de CH.

Entre 1992 e 1994, oito agrónomos principalmente da Universidade Eduardo Mondlane foram
1992-1998: Recruta de um segundo contratados para o serviço de extensão pública a nível provincial e central da então DNER. O
grupo de funcionários que tinham Banco Mundial desempenhou um papel importante ao contribuir para reter o primeiro quadro
licenciaturas na primeira metade dos de pessoal qualificado providenciando um ambiente de trabalho conducente (por ex., veículos
e equipamento de campo individual, formação no serviço, visitas de estudo a outros países
anos 90 e aumento do novo pessoal
africanos) através de projetos relacionados com extensão. Três chefes de SPER detentores de
no terreno durante a expansão da diplomas em agricultura foram enviados para fazer licenciaturas na Índia, enquanto outros
extensão pública (1993-1998) foram reorientados para outras posições dentro das DPAs, particularmente aqueles que só
tinham certificados.

Este foi o primeiro grupo recrutado aquando da criação e assim começou a operacionalização
da primeira rede de extensão pública, em 22 distritos. A maioria dos trabalhadores de extensão
1987-1991: Construção do de primeira linha detinha certificados e níveis de educação primária, mas um número
primeiro quadro de serviços de considerável tinha boa experiência prática no terreno. Alguns vinham das antigas quintas
extensão pública aos níveis central estatais. Havia apenas dois chefes do SPER com nível de licenciatura no final dos anos 80 –
muitos tinham o nível de diploma em agricultura. No nível central, havia pelo menos seis
e provincial
funcionários com licenciatura nacional – entre os quais, agrónomos, economistas e sociólogos
– e pelo menos sete detentores de diplomas. Adicionalmente, havia cinco expatriados que
tinham sido recrutados através de projetos financiados pela FAO e pelo PNUD aos níveis
central e provincial.

30
Fizeram-se progressos significativos ao trazer pessoal novo para a extensão pública durante o primeiro período de
expansão (1993 a 1998). Isto deveu-se em parte a projetos específicos que foram financiados por alguns parceiros de
desenvolvimento que pagaram por novos trabalhadores de extensão durante um ou dois anos no contexto de expansão de
serviços agrários, no seguimento do Acordo de Paz, em outubro de 1992. No entanto, em muitos casos, o MINAG estava a
SUMMARY
ter dificuldade em pagar os salários do novo pessoal após o período de transição acordado dos primeiros | APRILEste
dois anos. 2010
problema foi substancialmente resolvido com a implementação do PROAGRI I, em 1999, altura em que quase todos os
trabalhadores de extensão passaram a ser pagos através do financiamento do PROAGRI. No entanto, a integração na
função pública do pessoal novo e existente foi particularmente difícil até 2008, quando a maioria do pessoal foi integrada no
sistema do MINAG (DNEA Central / Chefe do Departamento de Planeamento, comunicação pessoal).
As dificuldades que complicaram os esforços para contratar e integrar novo pessoal de extensão foram subestimadas
e, consequentemente, não abordadas de forma a serem resolvidas atempadamente. Tal como mencionado acima, por
exemplo, dos 1024 trabalhadores de extensão no terreno planeados para 2009, apenas existiam 693, incluindo
supervisores no terreno. O número limitado de trabalhadores de campo foi um dos maiores constrangimentos para a
implementação do PRONEA. Além disso, muitos trabalhadores de extensão ficaram dispersos depois de 2006 por causa da
expansão distrital da extensão pública a nível nacional, que foi acelerada na altura. A expansão acelerada tornou mais difícil
à DNEA assegurar uma M&A eficiente das atividades de campo, supervisão técnica de campo, e sessões de formação
regulares e informais baseadas em necessidades identificadas. O PRONEA era inquestionavelmente exigente. Requeria um
sistema mais forte de M&A, supervisão técnica de campo, e sessões regulares de formação no serviço para assegurar que
os trabalhadores de extensão no terreno tinham conhecimentos e informação atualizados e que as atividades de campo
eram regularmente monitorizadas e avaliadas.

PLANEAMENTO REFORÇADO DE ATIVIDADES DE EXTENSÃO E SISTEMA DE M&A


O sistema de monitorização e avaliação (M&A) da extensão pública depende muito de dados e informação providenciados
por extensionistas de primeira linha. Quão fielmente os trabalhadores de extensão registam informação acerca do seu
trabalho diário com agricultores, a nível do terreno, é crítico para providenciar informação realista de desempenho aos
gestores de extensão aos níveis distrital, provincial e nacional. Assegurar uma supervisão rigorosa dos trabalhadores de
extensão, em particular no que se refere ao seu registo das atividades de campo, tem sido considerado um assunto
importante para a extensão pública desde a sua criação.
O sistema de M&A tem-se focado em monitorizar praticamente o mesmo conjunto de indicadores de insumo e
produção ao longo dos últimos 10 anos. Os indicadores que o sistema de M&A monitoriza estão referidos abaixo (Gêmo
2001; Gêmo et al. 2005; Gêmo 2008; MINAG 2010f).
 Recursos humanos:
o Trabalhadores de extensão no terreno, supervisores técnicos no terreno, pessoal de extensão ao nível
do SPER, funcionários de nível central da DNEA.
 Apoio logístico (quantidades):
o Transporte e logística – veículos, motorizadas, bicicletas – operacionais e não-operacionais
o Sementes e, em menor grau, fertilizantes e pesticidas para demonstrações no terreno
o Outro equipamento de campo – balanças, fitas métricas, botas de chuva, impermeáveis.
 Exsumos diretos:
o Cobertura distrital
o Cobertura total de agricultores (por distrito, província e a nível nacional)
o Grupos de agricultores apoiados (não necessariamente formalizados legalmente)
o AAs apoiadas e questões de filiação
o Demonstrações no terreno de diferentes culturas
o Demonstrações no terreno relacionadas com animais (incluindo cultura piscícola) e silvicultura
o Iniciativas de colaboração local com investigação, ou com partes interessadas, tais como organizações
com sede local ou outros fornecedores de serviços (por ex., ONGs), se existirem.

31
 Processos relevantes e metodologias utilizadas – como as atividades de extensão têm sido conduzidas
anualmente
 Principais constrangimentos, particularmente relacionados com um orçamento anual limitado, desembolsos
atrasados e limitações de orçamento por as alocações não irem ao encontro das despesas planeadas
SUMMARY | APRIL 2010
 Informação sobre atividades de extensão agrária das ONGs e a sua cobertura distrital – número de pessoal de
extensão ao nível das ONGs, informação acerca do conteúdo da assistência das ONGs aos agricultores. 14

Tal como ilustrado na Figura 14, os supervisores no terreno têm a responsabilidade primária de verificar a fiabilidade
e a qualidade dos dados e informação providenciados pelos trabalhadores de extensão no terreno, nas suas respetivas
áreas geográficas de supervisão. No entanto, em termos práticos, e particularmente desde 2006, com a expansão da
cobertura distrital de extensão à luz de um orçamento limitado, isto tem sido um problema. Isto deve-se principalmente às
dificuldades em garantir adequado apoio logístico aos supervisores no terreno, à falta de supervisores em alguns distritos e
à tendência do pessoal de extensão para sobrestimar ou exagerar o seu desempenho (Gêmo 2001; MINAG 2010f). 15

Figura 14—Funcionamento Organizacional do sistema de monitorização e avaliação da extensão pública

Ao nível distrital, para além dos supervisores de extensão no terreno, os agentes de planeamento e M&A (onde
existam) e os chefes das unidades agrícolas nos SDAE também podem ajudar a compilar os dados e informação sobre o
desempenho de extensão para serem enviados para o nível provincial (DPA/ SPER) trimestralmente, semestralmente e
anualmente.16
A informação sobre o desempenho de extensão distrital (SDAE) é enviada diretamente para os SPER e para a DPA/
Departamento Provincial de Economia (DE). Isto faz parte da informação sobre os serviços agrários globais do distrito, que

14
A informação sobre as ONGs está frequentemente incompleta e em desacordo com a informação sobre o serviço de extensão pública devido às
definições. Por exemplo, dentro da extensão pública, os trabalhadores de extensão devem ter pelo menos 12 anos de instrução, preferencialmente em
agricultura. Tal não é necessariamente o caso para se ser considerado um trabalhador de extensão em muitas ONGs.
15
Tal como referido acima, enquanto algum pessoal de extensão considera o número de agricultores com quem interage regularmente como sendo
cobertura de agricultores, outros podem considerar o número total de agricultores nas aldeias onde trabalham como sendo trabalhadores de extensão.
16
Apesar de os trabalhadores de extensão no terreno serem obrigados a encaminhar regularmente dados e informação para os supervisores no terreno e
SDAE, as entrevistas com os informadores primordiais aos níveis distrital e provincial sugeriram que o feedback dos SDAE aos trabalhadores de
extensão no terreno e dos SPER aos SDAE é fraco.

32
é periodicamente enviada pelos SDAE (unidade agrícola) para as DPAs. Os SPER são responsáveis pela compilação de
dados e pela produção de informação sobre desempenho de extensão a nível provincial. Isto é enviado para a DPA/ DE, e
também para a DNEA a nível central, de acordo com o processo ilustrado na Figura 14. Segundo as nossas entrevistas, os
dados e informação sobre o desempenho de extensão são em alguns casos reajustados a nível provincial, onde existem
indicações de algumas discrepâncias de alguns distritos. No entanto, não ficou claro de que forma e SUMMARY | APRILtais
em que medida 2010
reajustes são feitos.
A DNEA a nível central é responsável por compilar dados e informação sobre o desempenho da extensão pública a
nível nacional, com a frequência descrita acima. Os relatórios nacionais são enviados regularmente para o Departamento
do Sistema de Informação para Gestão (ou SIG) no MINAG/Direcção de Economia. Os relatórios nacionais destacam os
principais indicadores de desempenho nos exsumos de extensão pública, principalmente a cobertura por distrito e agricultor
(ou seja, agricultores assistidos), incluindo AAs e demonstrações no terreno. Os dados e informação de desempenho da
extensão pública respetivamente reunidos e produzidos através do sistema de M&A da DNEA constituem uma parte
essencial da informação sobre desempenho global do MINAG produzida através do Departamento do SIG.
Em resumo, os constrangimentos que afetam o atual sistema de M&A da extensão pública são os seguintes, entre
outros:
 Fraquezas na supervisão rigorosa do registo de dados pelos trabalhadores de extensão no terreno em alguns
distritos
 Processos de validação fracos, quando existentes, para dados recolhidos (a nível distrital) e compilados
particularmente aos níveis distrital e provincial
 Ênfase nos indicadores de desempenho de exsumos (quantificação) sem necessariamente levar a cabo
esforços analíticos para descrever a qualidade dos exsumos, como, por exemplo, no caso de DR ao nível da
quinta para diferentes culturas
 Informação muito limitada sobre os resultados das atividades de extensão pública, particularmente através de
estudos de caso que visam avaliar, por exemplo, a extensão da adoção de tecnologia pelos agricultores e os
impactos associados na produtividade e criação de rendimentos para a família ou na segurança alimentar ao
nível do agregado familiar
 Alguns, mas ainda limitados e irregulares, dados e informação sobre outros fornecedores de extensão,
especialmente ONGs. De facto, reportar as atividades implementadas por outras partes interessadas tem sido
uma tarefa difícil. O seu sucesso depende da boa vontade de diversos atores no setor privado e ONGs, no
sentido de providenciarem dados e informação aos SDAE e SPER; e
 Investimentos limitados no sistema de M&,A em termos de pessoal qualificado com formação em M&A de
extensão, formação em M&A no serviço e materiais de trabalho para o pessoal envolvido a diferentes níveis.

Melhorar o sistema de M&A da DNEA era uma das importantes ações institucionais que visavam contribuir para uma
correta implementação do PRONEA. O sistema de M&A deveria ser adaptado para ser capaz de captar a implementação e
o progresso de atividades-chave dos componentes do PRONEA. Melhorar o sistema de M&A implicou a introdução de
novos indicadores de desempenho para avaliar o progresso de atividades de campo conjuntas planeadas com grupos e
associações de agricultores. Foi especialmente o caso no que se refere às atividades de extensão direcionadas para a
procura; atividades colaborativas com outras atividades com base local; uma avaliação mais cuidadosa de transferência de
tecnologia, resultados e outras atividades no mesmo grupo. Para alcançar estes objetivos, esperava-se que ferramentas
novas ou atualizadas e, no final, procedimentos para recolha e análise de dados fossem introduzidos no sistema de M&A da
DNEA. A formação necessária para o pessoal relevante deve ser providenciada com base em lacunas de conhecimento
identificadas. No entanto, a M&A continuou a ser conduzida da mesma forma que era antes da implementação do
PRONEA.
Pouco foi feito para alterar o foco dos esforços de M&A em direção aos componentes do PRONEA ou às principais
áreas de intervenção de forma analítica e usar tal informação de forma atempada para a tomada de decisões, tanto ao nível
da DNEA como aos mais altos níveis do processo decisório do MINAG. 17 Com um sistema de M&A robusto e funcional
focado na implementação do programa, alguns dos problemas que minaram a implementação do PRONEA poderiam ter

17
Por exemplo, os indicadores de insumos, exsumos e resultados, assim como problemas emergentes, constrangimentos-chave e soluções alternativas.

33
sido imediatamente identificados e resolvidos aos mais altos níveis no interior do MINAG. Estes debates teriam envolvido
direções-chave e DPAs para encontrar soluções pragmáticas.
Particularmente, as entrevistas com informadores primordiais e a nossa análise de documentos relevantes revelaram
que as missões conjuntas de supervisão no terreno levadas a cabo anualmente pelas equipas do FIDA (contendo membros
SUMMARY | APRIL 2010
das equipas local e externa) e funcionários selecionados da DNEA serviram como uma importante contribuição de M&A
para avaliar a implementação do PRONEA – mais ainda do que o próprio sistema de M&A da DNEA. Isto pode ser
explicado pelo facto de não ter sido contratada qualquer assistência técnica para a M&A, com vista a reforçar o atual
sistema de M&A da DNEA, apesar de tal ter sido planeado no âmbito da implementação do PRONEA. Tal como não foram
introduzidos quaisquer novos procedimentos, nem linhas orientadoras, nem a necessária formação no serviço para o
pessoal envolvido no do sistema geral de planeamento e M&A da DNEA para ajudar a avaliar o progresso do PRONEA.
Adicionalmente, a equipa limitada, dentro da DNEA, responsável pelo planeamento e pela M&A ao nível central foi
afetada pela rotatividade do pessoal. Foi particularmente o caso no início de 2010, quando perdeu dois agrónomos
experientes. Até setembro de 2011, o Departamento de Planeamento e Estudos da DNEA (que também é responsável pela
M&A) funcionava com um agrónomo principal, um topógrafo e um licenciado em psicologia e pedagogia. O quarto
funcionário estava a fazer uma licenciatura em agronomia e desenvolvimento rural.

AUMENTO DA CAPACIDADE DE GESTÃO DE INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO


Esperava-se que a DNEA fizesse mais para fortalecer a informação e o conhecimento sobre extensão, pelo que foi
desenvolvido um tipo de “centro de conhecimentos e recursos em interlocução de extensão” (FIDA 2005). Por outras
palavras, esperava-se que a extensão pública reforçasse a sua abordagem de “aprender fazendo” a partir das intervenções.
Devia analisar, debater, documentar e aprender com os relevantes processos de planeamento participativo e M&A. No
entanto, também foram alcançados poucos progressos nesta frente institucional.
É importante notar que o pessoal qualificado da DNEA permaneceu quase o mesmo, nos níveis central e provincial,
durante os três anos da implementação do PRONEA.18 Aparentemente, também se esperava que a assistência técnica (AT)
que devia apoiar a DNEA na implementação do PRONEA aos níveis central e provincial melhorasse a capacidade da
extensão pública para gerir informação e conhecimento. No entanto, a AT não foi contratada durante os três anos de
implementação por razões que não são muito claras.
Melhorar a gestão de informação e conhecimento é uma tarefa desafiante e que requer tempo. Impõe alterações nas
rotinas e atitudes do pessoal qualificado aos níveis central, provincial e distrital. Em particular, são necessárias mudanças
na forma como os funcionários apreendem o valor dos dados e da informação a diferentes níveis. 19 Também são
necessárias mudanças na forma como os diretores provinciais de extensão (e mesmo os diretores de DPAs) e os
administradores da DNEA a nível central prestam atenção à documentação e partilha de informação relevante. E isto
também se aplica à forma como os recursos são alocados para apoiar esta área de intervenção, dado que os recursos
também são críticos para melhorar a gestão de informação e conhecimento – incluindo para contratar AT para
desempenhar tarefas específicas para determinados períodos de tempo. Em resumo, a realidade atual sugere que, para
que a gestão de informação e conhecimento seja fortalecida no futuro ao nível da DNEA, são necessários mais esforços
para formar pessoas e para internalizar a cultura de valorizar os processos e eventos relevantes através de análise baseada
em dados, documentação, debate interno e partilha com as partes interessadas relevantes.

NOVAS RELAÇÕES E MELHOR REDE DE LIGAÇÃO (NETWORKING) COM OS PARCEIROS


O PRONEA colocou uma maior ênfase na colaboração com, e desenvolvimento de, relevantes organizações com base
local, o setor privado e ONGs. Esperava-se que a DNEA fortalecesse estas novas relações e esforços de networking com
as principais partes interessadas. A DNEA deveria melhorar a sustentabilidade da extensão partilhando tarefas e
responsabilidades e impulsionando a responsabilidade das partes interessadas relevantes. A DNEA também deveria
melhorar o impacto da extensão no setor da agricultura.

18
De facto, o Departamento de Planeamento e Estudos no âmbito da DNEA perdeu dois experientes agrónomos durante 2007—2010, enquanto o
Departamento de Apoio Técnico permaneceu com o mesmo pessoal. Alguns funcionários ao nível da DNEA central e ao nível provincial (SPER)
promoveram os seus níveis académicos, particularmente do nível de Diploma para Licenciatura, e alguns fizeram formação ao nível de Mestrado. No
entanto, a medida em que os cursos estão relacionados com agricultura ou a relevante extensão é importante.
19
Envolvidos em planeamento, M&A, comunicação, difusão de tecnologia, relações com outros fornecedores de serviços de extensão e semelhantes.

34
Para ser capaz de construir e fortalecer novas relações e redes, a extensão pública tem que, entre outras ações,
desenvolver uma razoavelmente completa e atualizada base de dados dos outros fornecedores de extensão aos níveis
distrital, provincial e nacional ao longo do tempo. O papel da DPA/ SPER e dos SDAE neste processo é de importância
crucial. Principalmente, informação detalhada sobre outros fornecedores de extensão e outros potenciais colaboradores em
esforços de extensão e de desenvolvimento agrícola é necessária em qualquer sistema pluralista. TalSUMMARY
informação| APRIL 2010à
permite
extensão pública ter conhecimento sobre a atual situação relativamente aos potenciais parceiros de implementação em
cada distrito e província. Isto é, os parceiros com quem desenvolver trabalho colaborativo, de acordo com os seus pontos
fortes e oportunidades a nível técnico, operacional e financeiro. Informação atualizada e fiável sobre outras partes
interessadas torna possível identificar áreas que necessitam de intervenções, em particular para ajudar os parceiros locais
relevantes a desenvolver competências e habilidades necessárias com base em fraquezas institucionais e ameaças
identificadas (ver, por exemplo, Swanson e Rajalahti 2010).
No entanto, é fundamental reconhecer que, na maioria dos países de baixo rendimento tais como Moçambique, é
provável que a extensão pública enfrente constrangimentos de recursos que comprometam a sua capacidade de pagar as
pesadas e frequentemente recorrentes contas associadas a tais esforços colaborativos de extensão. Assim, estas
implicações financeiras precisam de ser consideradas e resolvidas para que se desenvolvam atores locais não-
governamentais que possam ajudar a melhorar a extensão – particularmente, a extensão centrada nas quintas ou
direcionada para a procura. Ultrapassar estes constrangimentos financeiros podia ser um esforço colaborativo entre o
MINAG e os parceiros de desenvolvimento participativos. De facto, o PRONEA providenciou uma boa oportunidade para
implementar ações colaborativas com as relevantes partes interessadas na extensão.
Importante é a necessidade de a DNEA comunicar regularmente com outros fornecedores de extensão e partes
interessadas, aos níveis central e provincial. Desta forma, será vista como um interlocutor com vantagens comparativas
para coordenar e promover as parcerias de extensão. Fundamentalmente, a DNEA deve ser vista como um modelo na sua
gestão de atividades de extensão, incluindo através de parcerias ou iniciativas de outsourcing. Para que isto seja realizado,
a extensão pública deve regularmente rever o seu próprio desempenho, identificar e levar a cabo ações corretivas para
melhorar o fornecimento de serviços. No entanto, existe poucos dados, ou mesmo nenhuns, que mostrem que estas ações
tenham sido tomadas ao longo dos três anos da implementação do PRONEA.
Por exemplo, apesar de as parcerias e networking do MINAG serem vistos como importantes pelo MINAG, em geral,
e pela extensão pública, em particular, atualmente não é claro qual o Departamento responsável por parcerias e networking
tanto ao nível central da DNEA como dos SPER. 20 Em princípio, a Unidade das Organizações de Agricultores (OAs) dentro
do Departamento Técnico a nível central e a unidade de OAs nos SPER são responsáveis por forjar e construir novas
relações e redes, especialmente com OAs. No entanto, desde o início da extensão pública em 1987, a Unidade de OAs não
nível central da DNEA e os técnicos que trabalham em OAs nos SPER têm estado mais envolvidos em recolher e compilar
dados sobre OAs do que em promover parcerias e networking.21 22 É importante relembrar que, quando a extensão pública
conduziu as primeiras experiências de outsourcing de extensão, de 2002 a 2005 (Gêmo e Rivera 2001; Gêmo et al. 2005),
uma “unidade de gestão de outsourcing” foi estabelecida ao nível central da DNEA. A unidade foi criada para ajudar a
DNEA a:
 Interagir regularmente com fornecedores de serviços contratados
 Controlar os desembolsos do MINAG para os fornecedores de serviços com base em relatórios periódicos de
avaliação de desempenho destes
 Garantir a M&A de atividades em outsourcing que implementam os contratos entre o MINAG e os seus
fornecedores de serviços
 Coordenar-se com as DPAs/ SPER para a M&A e documentação de processos relevantes relacionados com
contratos de outsourcing; e
 Partilhar informação relevante sobre desenvolvimentos de outsourcing com funcionários da DNEA e outros
profissionais relevantes do MINAG.

20
Os Departamentos são as principais unidades que compõem a direção nacional de extensão pública a nível central, enquanto a nível provincial existem
as unidades tais como M&A, comunicação, organizações de agricultores e semelhantes.
21
O que incluiu entre um e dois profissionais (detentores de licenciatura ou diploma) com experiência limitada em construir parcerias.
22
Desde 2007, a extensão pública também tem estado envolvida na disseminação da Lei de 2006 relacionada com o registo de associações,
particularmente em áreas rurais.

35
O MINAG/ DNER e os relevantes parceiros de desenvolvimento concordaram em estabelecer a “unidade de gestão
de outsourcing” com base, primeiro, no consenso de que não existia capacidade interna para dar seguimento ao
outsourcing no dia a dia a nível central; e, segundo, na necessidade de garantir boa gestão de outsourcing e uma
abordagem de “aprender fazendo”.
SUMMARY | APRIL 2010
A implementação do PRONEA foi exigente em termos de construção de novas relações e redes com as principais
partes interessadas. Consequentemente, ações preparatórias adequadas precisavam de ser levadas a cabo pela DNEA a
nível central e pela DPA/ SPER para garantir a adequada implementação desta área de intervenção no âmbito do
PRONEA. Mas, novamente, pouco foi feito para fortalecer a DNEA para que esta pudesse desempenhar esta tarefa de
forma adequada. Em particular, muito pouco foi feito para identificar funcionários específicos que precisavam de tomar
ações claras ou de providenciar o necessário apoio técnico e logístico aos responsáveis.

A NECESSIDADE DE DESENVOLVER SISTEMAS DE EXTENSÃO DIRECIONADOS PARA A PROCURA


Há que reconhecer que algumas das exigências do PRONEA eram difíceis de implementar completamente e com sucesso,
pelo menos durante o período em que o PRONEA estava sob implementação. Por exemplo, “desenvolver extensão
direcionada para a procura” é complexo, desafiante e consome muito tempo. A extensão direcionada para a procura
envolve uma mudança de uma extensão pública direcionada para a oferta para um sistema negociado através do qual os
agricultores e os membros da comunidade rural determinam e identificam as suas próprias necessidades, e têm algum
controlo sobre o financiamento dos serviços de extensão que são fornecidos pelo setor público, o setor privado, as ONGs e
as OAs (Richardson 2003).23
Para além da forte orientação da extensão pública – logo desde a sua criação – para providenciar uma extensão
“direcionada para a oferta”, a extensão “direcionada para a procura” não depende apenas da capacidade ou vontade da
extensão pública de a desenvolver. 24 Depende, por exemplo, de as OAs e outras organizações locais também poderem
influenciar a agenda da extensão pública de forma a tornar as suas necessidades e aspirações uma prioridade.
Particularmente, a extensão “direcionada para a procura” pode conter uma vasta gama de atividades orientadas para os
resultados. Estas incluem atividades que visam dar poder às OAs, por exemplo, através de educação de adultos em
assuntos de desenvolvimento agrícola e rural; impulsionar a segurança alimentar das famílias a nível local; e garantir
melhor uso de recursos naturais locais (tais como o uso dos pantanais para produção de vegetais) e facilitar as ligações de
agricultores e das suas organizações aos mercados de insumos e exsumos agrícolas.
No último caso, o desenvolvimento sustentável da extensão “direcionada para a procura” depende de um número de
fatores relacionados com o desenvolvimento dos mercados agrícolas. Os esforços governamentais e privados que visam
desenvolver a infraestrutura do mercado rural e a sua provisão de serviços de apoio (investigação, financeiros, serviços
relevantes de operações agrícolas e semelhantes) são cruciais porque podem ajudar a construir uma extensão “direcionada
para a procura” baseada nas forças dos mercados, nos interesses dos agricultores e nos benefícios percecionados pelos
mesmos. Em resumo, se são esperadas atividades consistentes que visem fortalecer as ligações dos agricultores com os
mercados agrícolas, o seu desenvolvimento sustentável depende de um número de fatores. Estes incluem a atribuição de
um papel para a investigação agrícola, o facto de o setor privado estar ou não disponível para providenciar serviços de
marketing para os insumos e exsumos (incluindo serviços financeiros e mercados de crédito) e o papel do governo no
desenvolvimento da infraestrutura rural.

4.2 Maior Descentralização da Extensão Pública


Geralmente, espera-se que a descentralização incentive o financiamento e a posse de programas a nível local, que resulte
numa mais eficiente e equitativa distribuição de recursos governamentais, que forneça incentivos à produção e aos
serviços, que assegure a prestação de serviços de baixo custo, que aumente a capacidade local, e que responda mais
eficientemente às necessidades locais (Banco Mundial 2000). A descentralização da extensão pública era um dos objetivos
chave do primeiro PDE, implementado ao abrigo do PROAGRI I (1999–2006) (MAP 1998; Gêmo et al. 2005), e também na
implementação do segundo PDE (2006–2017) e do PRONEA (2007–2011, primeira fase).

23
Ao abrigo do PRONEA, a extensão “direcionada para a oferta” deveria ter sido mantida enquanto se promovia e instalava um sistema direcionado para a
procura.
24
Tal baseava-se, em princípio, nos problemas percecionados e identificados com os agricultores ou nas mudanças desejadas/planeadas.

36
Em linha com o governo e o objetivo político de promoção e fortalecimento da descentralização para promover a boa
governação, a descentralização da extensão agrária pública tem como objetivos:
 Incentivar a posse de serviços pelas autoridades locais ao nível provincial (através das DPAs) e ao nível
distrital (através dos SDAE)
SUMMARY | APRIL 2010
 Promover uma maior participação das partes interessadas, tais como OAs,ONGs, comerciantes rurais e
escolas rurais, em atividades de extensão; e
 Melhorar a capacidade de resposta da extensão às necessidades/prioridades locais segundo princípios de
planeamento e implementação em harmonia com o nível central de modo a levar em conta as prioridades
nacionais.

Os processos de descentralização têm-se caraterizado pela transferência da responsabilidade pela atribuição de


recursos do nível central para as DPAs, e das DPAs para os SDAE. Isto significou a transferência das decisões de
planeamento e gastos para as 10 províncias, assim como a transferência da responsabilidade administrativa para a
extensão pública. A transferência de recursos para as DPAs foi iniciada ao abrigo do primeiro PDE através do mecanismo
comum de fluxo dos fundos (MCFF) do PROAGRI. A responsabilidade administrativa provincial para a extensão pública
pelas DPAs inclui a gestão de capital humano e a logística operacional. O PRONEA foi implementado ao abrigo de uma
maior descentralização, com as DPAs a decidirem sobre assuntos chave como:
 Atribuição de fundos públicos a diferentes subsetores (culturas, pecuária, silvicultura) e (extensão, gestão das
terras e afins) ao nível provincial
 Atribuição de recursos públicos de apoio a atividades agrícolas, incluindo a extensão, a nível distrital, através
dos SDAE; e
 Gestão da extensão pública, em particular das questões administrativas, a nível provincial. Incluiu, quando
necessário, a redistribuição dos funcionários no terreno a nível provincial, como aconteceu em grande parte
das províncias desde 2006, e, em alguns casos, a redistribuição dos funcionários de extensão também se deu
a nível distrital

A responsabilidade das DPAs pelas tarefas acima citadas foi, e continua a ser, encorajada e reforçada no âmbito dos
esforços de descentralização em curso. No entanto, a forma como o processo foi conduzido leva a crer que existem
problemas em assegurar que o processo de descentralização é devidamente implementado. É, por exemplo, difícil perceber
até que ponto a extensão é considerada uma prioridade para as DPAs no que se refere à atribuição de recursos nos seus
orçamentos, que, por vezes, são muito limitados. Muitos dos informadores primordiais entrevistados sobre os problemas
financeiros afirmaram que os recursos atribuídos para a extensão foram reduzidos, principalmente durante a implementação
do PRONEA, mesmo para alguns dos distritos prioritários. Também não é muito evidente até que ponto o desenvolvimento
de capital humano é uma prioridade na procura de melhor rendimento do serviço. Um número considerável de funcionários
no terreno entrevistados a nível distrital (trabalhadores de extensão e supervisores de campo) e nos SDAE (a direção da
unidade agrícola) afirmaram unanimemente que a formação no trabalho foi reduzida durante a implementação do
PRONEA.25 Além disso, existem poucos dados ou informações sobre a forma como a expansão da extensão pública a nível
provincial foi gerida em termos dos critérios utilizados para decidir como proceder a essa expansão. Isto verifica-se
principalmente no que se refere à necessidade de assegurar "condições mínimas" para que essas expansões tenham
sucesso. 26
Além disso, embora os diretores das DPAs que foram entrevistados tenham destacado o papel importante que os
serviços de extensão desempenham no desenvolvimento agrícola de Moçambique, foi difícil encontrar provas de como o
desempenho da extensão (tanto pública como privada) é analisado, partilhado e debatido entre as principais partes

25
Em 2008, a DNEA implementou um programa de treino ao nível regional envolvendo funcionários de extensão de três regiões do país, nomeadamente a
região norte, central e sul. Os materiais de treino consistiam num conjunto de módulos para cada região, com pequenas variações a nível de conteúdo,
destinadas a “atualizar todos os funcionários, com o objetivo da implementação do PRONEA”. No entanto, essa formação contínua, baseada nas lacunas
de conhecimento, tem sido fraca desde então.
26
As “condições mínimas” incluem uma rápida avaliação rural em novos distritos; treino para novos funcionários no terreno e treino de atualização para os
funcionários transferidos para outras áreas com diferentes sistemas de cultivo; processos de planeamento participativos com aldeias e agricultores; apoio
técnico e metodológico para as novas redes de extensão, e afins.

37
interessadas a nível provincial. 27 Como outros subsetores e serviços fazem, os SPER fornecem às DPAs dados trimestrais
e informações através do Departamento de Economia nas 10 DPAs. Para elaborarem relatórios trimestrais, semestrais e
anuais sobre o desempenho agrícola ao nível provincial, as DPAs compilam informações dos diferentes subsetores e
serviços.28 O debate sobre o desempenho da extensão é feito dentro da avaliação global do desempenho agrícola de cada
província, sem haver necessariamente uma análise mais profunda de como está a ser o desempenhoSUMMARY | APRIL
da extensão e 2010
porquê. Dado que os SPER estão mais centrados em assuntos do dia a dia, pouco esforço tem sido dedicado à análise
documentada, que poderia ser a fonte do conhecimento baseado na experiência para a gestão da extensão ao nível
provincial.29
Finalmente, a integração de atividades agrícolas/de extensão, desde 2006, dentro dos SDAE era vista como
potencialmente útil para juntar atividades complementares ao mesmo nível governamental, como discutido no segundo PDE
de 2006. Exemplos de tais atividades incluem produção de culturas, criação de gado, gestão das terras, gestão da
silvicultura e das pescas (em distritos com esse potencial), indústria e comércio. Contudo, quase 80 por cento dos
funcionários no terreno entrevistados (extensionistas e supervisores de campo) mencionaram que continua a ser difícil
perceber os benefícios da integração da extensão nos SDAE. Tal integração continua apenas potencialmente útil para
procurar sinergias entre áreas relacionadas de intervenção, disseram. A extensão tem de competir por recursos limitados
contra outros serviços económicos distritais. Trazer a agricultura para o topo dos interesses dos SDAE é um desafio para o
futuro, em particular à luz da implementação do PEDSA, o qual reforça uma mais forte coordenação intersectorial para
aumentar o desempenho agrícola.
Algumas questões técnicas e metodológicas permanecem negligenciadas. Por exemplo, em quase metade dos
SDAE que visitamos, informadores primordiais disseram que o papel da supervisão está a deixar de ser bem compreendido.
Nem sequer é considerado relevante para a competência e rigor dos trabalhadores de extensão nas suas relações com os
agricultores. Em resultado disso, existe falta de apoio a esta função da extensão, que tem feito parte da hierarquia da
extensão pública desde que os serviços foram introduzidos. Além disso, reuniões periódicas entre pessoal de extensão no
terreno, para discutir assuntos relacionados com trabalho, foram mencionadas como sendo cada vez mais irregulares e, em
alguns casos, foram descontinuadas durante vários meses devido a recursos limitados. 30
Algumas das chefias dos SDAE que entrevistamos disseram que a extensão continua uma prioridade, apesar de
também terem reconhecido a necessidade de garantir o apoio equilibrado a todos os serviços económicos fornecidos pelos
SDAE, mesmo se o respetivo setor, a nível provincial, não estiver diretamente atribuído aos SDAE.

4.3 Reformas Institucionais ao nível central no MINAG


Entre 2005 e 2006, o MINAG implementou reformas institucionais profundas a nível central, com o objetivo de melhorar os
serviços públicos em termos da utilização dos recursos. Apesar dos benefícios obtidos em outras áreas, as reformas
parecem ter tido efeitos negativos no grau de colaboração dos serviços de extensão agrária com as principais direções e
com o sistema de investigação do MINAG. 31 Em resumo, as reformas institucionais consistiram em:
 Dissolução do Instituto Nacional de Investigação Agronómica (INIA), do Instituto de Produção Animal (IPA), do
Instituto Nacional de Investigação Veterinária (INIVE), do Centro de Formação Agrária (CFA), e do Centro de
Experimentação Florestal (CEF) para criar o Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM);
 Dissolução da Direcção Nacional de Pecuária (DINAP), da Direcção Nacional de Hidráulica Agrícola (DNHA), e
da Direcção Nacional da Agricultura (DINA) para estabelecer a Direcção Nacional de Serviços Agrários
(DNSA); e
 Dissolução da Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia (DNFFB) e da Direcção Nacional de Terras
(DNT) para formar a Direcção Nacional de Terras e Florestas (DNTF)

27
Analisar o desempenho da extensão significa discutir questões de fornecimento com base em informação atualizada. Isto é necessário para se
compreender o papel desempenhado pela extensão e os seus constrangimentos em cada província.
28
Estes relatórios são enviados para os governos provinciais e, a nível central, para o MINAG. Esses relatórios avaliam o cumprimento das metas anuais
do Plano Económico e Social (PES).
29
Nas cinco DPAs visitadas, não havia relatórios analíticos (como estudos de caso) sobre a implementação da extensão ao nível provincial abordando
questões específicas dos últimos cinco anos ou mais.
30
Isto é particularmente problemático em distritos onde os funcionários trabalham em locais dispersos (Postos Administrativos).
31
Desde 2005–2006, não tem sido levada a cabo nenhuma análise para avaliar os efeitos das reformas.

38
Em primeiro lugar, antes de 2005/2006, a DNEA realizava colaborações tangíveis com a maioria das instituições
acima citadas. Por exemplo, grupos de trabalho temáticos com membros de extensão e de investigação desde 2000. Estes
grupos incluíam a equipa de sistemas agrícolas que engloba a DNEA, na época designada Instituto Nacional de
Investigação Agronómica (INIA), e profissionais da área da pecuária; o grupo responsável pela pós-colheita, formado pela
DNEA e pelo INIA; e o grupo de produção avícola, formado pela DNEA e pelo antigo Instituto NacionalSUMMARY | APRIL 2010
de Investigação
Veterinária, em colaboração com o antigo Instituto de Produção Animal (IPA). Estavam também em prática boas iniciativas
de colaboração a nível local, como acontecia com a antiga Estação de Investigação do IPA em Ulongué, na província de
Tete. Além disso, foram realizadas pelo menos duas reuniões conjuntas anuais de investigação e extensão a nível nacional,
em 2003 e 2004, nas províncias de Niassa e Manica, respetivamente (Gêmo 2007). Essas iniciativas de colaboração
começaram a sofrer um declínio em 2004 e 2005, principalmente devido à cada vez maior escassez de recursos. No
entanto, as reformas de 2005/2006 resultaram na descontinuação quase total dessas iniciativas, pelo menos a nível central.
A literatura sobre as razões para a descontinuação pós-2006 das atividades colaborativas entre entidades de
extensão e de investigação é escassa. Contudo, informadores primordiais sugerem que a descontinuação pode ter ocorrido
em parte devido:
 à prioridade, após a sua criação, colocada pelo novo IIAM na reorganização das suas estruturas
 à fraca comunicação entre entidades de extensão e de investigação no seguimento da criação do IIAM; e
 ao fraco destaque dado à colaboração entre extensão e investigação pelos novos líderes de topo de extensão
e investigação.

Além disso, os recursos para implementar atividades conjuntas eram limitados. Isto verifica-se particularmente nos
recursos da DNEA, a principal instituição que se comprometia a financiar (ou a cofinanciar) essas iniciativas, diretamente ou
através de organizações parceiras. Posto isto, as expetativas do segundo PDE e do PRONEA sobre o fortalecimento das
parcerias entre a extensão e a investigação estavam potencialmente destinadas ao fracasso. O mesmo pode ser dito
relativamente às parcerias entre a extensão e os fornecedores de insumos. As parcerias com fornecedores de insumos não
eram suscetíveis de ser consistentemente desenvolvidas sem a implementação de subprogramas de transferência de
tecnologia destinados a intensificar a produção através da utilização de fertilizantes, pesticidas e sementes melhoradas.
Em segundo lugar, desde a criação do SUE, em 1999, e em particular a partir de 2000 e 2001, a nível central, o
MINAG fez uma importante contribuição para os esforços colaborativos entre a extensão pública e os direções nacionais
chave para o melhoramento do SUE. Estes incluíam atividades de extensão coordenadas, envolvendo culturas, pecuária,
agro-sivicultura e irrigação. As antigas DINAP (pecuária), DNFFB (agro-sivicultura) e, até certo ponto, DINA (culturas
alimentares) forneciam especialistas na matéria que asseguravam a extensão pública ao nível central. Este trabalho incluiu
o acompanhamento das respetivas contribuições ao nível das províncias para a criação e o fortalecimento do SUE. Os
especialistas na matéria ao nível central participavam muitas vezes na reunião anual de extensão pública a nível nacional e
descreveram como cada direção nacional ajudava o SUE, assim como as dificuldades enfrentadas.
A colaboração com as principais direções nacionais também foi descontinuada após a implementação das reformas
institucionais de 2005/2006. Aparentemente, as razões referidas como causas da descontinuação das parcerias entre a
extensão e a investigação também afetaram a colaboração dentro da extensão pública e das então novas direções chave
na implementação do SUE. É importante notar que, enquanto no caso da investigação (IIAM) a nova liderança era
constituída por administradores de antigas instituições de investigação, no caso das novas direções, os principais
administradores eram novos e não estavam necessariamente bem informados ou empenhados em continuar a colaboração
com o serviço público de extensão agrária que estava em vigor. No entanto, não existem dados concretos sobre até que
ponto a DNEA tentou continuar a colaborar com as novas direções, com vista à implementação do SUE.
Finalmente, a agricultura continua a ser um dos setores problemáticos ao nível distrital. Requer um forte
acompanhamento e apoio para fortalecer a produção e a produtividade, assegurar a boa gestão dos recursos naturais, e, ao
mesmo tempo, aumentar a colaboração das partes interessadas incluindo a promoção da comercialização de exsumos dos
pequenos proprietários. A literatura sobre como a agricultura tem sido abordada, desde 2006, à luz dos SDAE, no que se
refere a apoio administrativo governamental (atribuição de recursos financeiros, humanos e materiais), ainda é rara.
Contudo, a maneira como os SDAE e os governos distritais suportarão a agricultura, ao abrigo de uma configuração
descentralizada, também afetará a capacidade e a qualidade da extensão pública.

39
4.4 Expansão (Cobertura) Distrital Acelerada da Extensão Pública
O período entre 2007 e 2010 foi marcado pela mais rápida expansão geográfica da extensão pública desde que foi criada,
em março de 1987. A diretiva política das chefias do MINAG e das autoridades de cada província era "maximizar" a
presença e o funcionamento da extensão pública em todo o país. 32 Em 2010, cobria partes de todosSUMMARY
os 128 distritos
| APRILrurais,
2010
apesar de só haver 762 trabalhadores de extensão, incluindo 86 a trabalhar no Instituto de Fomento do Caju (INCAJU)
(MINAG 2010f).33 A decisão de expandir a extensão pública para todos os distritos pode parecer positiva, em especial por
fornecer serviços aos pequenos proprietários, incluindo os que estão em distritos com baixo potencial agroecológico. No
entanto, a atual situação sugere que três fatores críticos talvez não tenham sido devidamente analisados na expansão da
extensão pública, nomeadamente o número de funcionários, o apoio logístico inadequado; e, a nível central, o fraco papel
da DNEA no processo de extensão.

NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS
O primeiro fator crítico tem sido o número de funcionários. O número de novos funcionários de extensão da DNEA tem sido
limitado devido à burocracia, que frequentemente atrasa o recrutamento. A frequentemente alegada falta de recursos a
nível provincial (DPAs) e, atualmente, a nível distrital (governos distritais e SDAE) é outro fator. A Tabela 8 mostra os
números dos funcionários de extensão pública por anos, entre 1996 e 2008, nos diferentes níveis, central nacional,
provincial e distrital, e por habilitações académicas. 34

Tabela 8—Progresso no desenvolvimento de capital humano entre 1996 e 2008, a nível nacional, provincial e distrital,
por habilitações académicas e ano de avaliação
Mestr. Bach. Diploma Certificado Básico
Anos 96 99 04 08 96 99 04 08 96 99 04 08 96 99 04 08 96 99 04 08
Nível 1 1 2 1 9 15 16 10 6 7 3 7 2 0 0 2 1 0 0 0
central
Provincial 0 0 2 0 11 22 30 25 32 29 31 39 32 28 14 0 22 14 11 0
Distrital 0 0 0 0 1 0 0 0 154 288 388 644 339 209 213 0 66 33 27 0
TOTAL 1 1 4 1 21 37 46 35 192 324 422 690 473 237 227 2 89 47 38 0

A tabela 8 mostra que, regra geral, não tem havido alterações no número total de funcionários. Contudo, o
desenvolvimento de capital humano tem sido notável em termos da qualificação dos funcionários. Enquanto no passado
existia uma maior proporção de funcionários com habilitações ao nível de certificados, atualmente há mais funcionários com
diplomas. Isto deve-se tanto ao treino formal dos funcionários existentes como ao recrutamento de novos funcionários
qualificados. De 2004 a 2008, quase todos os funcionários com habilitações básicas ou com certificados foram atualizados
ou substituídos, incluindo por reforma ou reorientação para outras atividades dentro das DPAs. Este era um dos objetivos
principais do primeiro PDE e continuou durante a implementação do PRONEA no período 2007-2010.
Apesar do sucesso alcançado, particularmente na atualização dos funcionários de extensão, é necessária cautela na
análise de como este facto afeta o desempenho da extensão. Por exemplo, alguns dos funcionários atualizados podem não
ter necesariamente qualificações em disciplinas agrícolas. Uma avaliação levada a cabo em 2004-2005 revelou que cerca
de 35 por cento dos funcionários tinham diplomas secundários gerais, apesar de a maioria também ter certificados em
disciplinas agrícolas (Gêmo 2006). Além disso, alguns dos novos funcionários com diplomas são treinados em disciplinas
de silvicultura e vida selvagem em vez de em produção de culturas, produção pecuária, e outras disciplinas relevantes. 35
Dado que a extensão está mais ligada à produção de culturas e de pecuária e na ajuda ao desenvolvimento de redes

32
As novas chefias do MINAG, que entraram em funções em 2005, apoiaram a rápida expansão da extensão pública sem ter necessariamente em conta
consequências importantes.
33
O INCAJU tem vindo a implementar ações colaborativas ao nível do terreno desde o final dos anos 1990. Desde 2010, a DNEA e o INCAJU
concordaram em contar os trabalhadores de extensão do INCAJU como funcionários públicos, uma vez que contribuem para os serviços de extensão
como um todo.
34
Os anos mencionados são aqueles para os quais existem dados, oficiais ou publicados, disponíveis.
35
Apesar de a silvicultura e da vida selvagem serem disciplinas tão importantes como a produção de culturas e de pecuária, a maior procura, em termos de
apoios/intervenções de extensão, é na produção de culturas e de pecuária.

40
sociais e de mercados entre os beneficiários, o que se torna fundamental para os novos funcionários diplomados é a
formação contínua juntamente com a supervisão técnica e metodológica.
Contudo, como acima referido, apesar de algum progresso na atualização dos funcionários de extensão, o aumento
total de funcionários tem sido baixo. A Figura 15 mostra a agregação total dos funcionários de extensão, de 1996 a 2009.
SUMMARY | APRIL 2010
Figura 15—Total de funcionários de extensão pública no nível central, provincial e distrital (1996–2009)

Por exemplo, esperava-se que, em 2009, a DNEA tivesse um número total de 1024 trabalhadores de extensão. Este
número foi calculado em 2004 durante as primeiras fases de preparação do segundo PDE, na altura planeado para cobrir
apenas 66 distritos. A abordagem de continuar a concentrar a extensão pública nos mesmos 66 distritos em que a então
DNER funcionava, em 2004, mudou durante a formulação do PRONEA e do segundo PDE. No entanto, o objetivo de haver
1024 trabalhadores de extensão no terreno em 2009 permaneceu inalterado. Como mostrado na Figura 15, em 2009, a
extensão pública só tinha cerca de 67 por cento do pessoal distrital/no terreno (incluindo supervisores de campo) esperado,
apesar da impressionante expansão de 66 distritos rurais, em 2004, para 128 distritos, em 2010.
Isto significa que enquanto a cobertura da extensão aumentou em média 12 distritos por ano, entre 2005 e 2009, o
número de funcionários de extensão aumentou em média em cerca de 11 ou 12 extensionistas por ano. Em resultado disso,
em alguns distritos só havia dois ou três funcionários de extensão pública para trabalhar com milhares de pequenos
proprietários rurais. Em alguns casos executaram este trabalho sem ajuda complementar de extensionistas de ONGs nem
de programas privados de extensão orientados para mercadoriasou.

APOIO LOGÍSTICO INADEQUADO


O segundo fator crítico que não tem sido devidamente levado em conta na expansão da extensão pública é o apoio
logístico. Dados disponíveis mostram que a extensão pública tem sido deficitária em termos de transporte e equipamento de
campo. Por exemplo, a Tabela 9 mostra a distribuição de veículos (operacionais e não operacionais) de 2004 a 2008.

Tabela 9—Distribuição de veículos (operacionais e não operacionais) ao nível central e provincial (SPER) da DNEA, de
2004 a 2008
Não Não
Operacionais, operacionais, Operacionais, operacionais,
Anos nível central nível central províncias províncias Total
2004 20 1 19 5 45
2005 16 5 12 7 40
2006 16 0 25 11 52
2007 16 2 20 12 50
2008 15 0 14 10 39

A Tabela 9 mostra que, com exceção de 2006 e 2007, o nível central tinha mais alguns veículos operacionais do que
o nível provincial devido ao significativo número de veículos não operacionais das(os) DPAs/SPER. O alto número de
veículos não operacionais ao nível provincial podia dever-se, entre outros fatores, à idade de muitos dos veículos (muitos
foram comprados durante as primeiras fases do PROAGRI I, 1999–2006), à sua utilização intensiva em áreas rurais, por

41
vezes em más estradas, e à fraca manutenção. A fraca manutenção era maioritariamente devida a recursos limitados e à
dificuldade em substituir partes sobressalentes.
Em 2006, houve um impressionante aumento de veículos nos SPER. Isto está relacionado com a decisão, de
meados de 2005, das chefias do MINAG em recolher muitos veículos que estavam destinados a vários profissionais do
SUMMARY | APRIL 2010
nível central (trabalhando em várias instituições do Ministério) e os enviar para as províncias. Os SPER receberam alguns
desses veículos, apesar de muitos deles serem velhos e de a sua contribuição para as operações no terreno ter sido curta.
A falta de dados atualizados da quantidade geral de veículos do MINAG, tanto a nível central como provincial, torna
impossível calcular a proporção de veículos atribuída à extensão pública por comparação com a totalidade de veículos
disponíveis do Ministério. Contudo, para um serviço que cobre partes dos 128 distritos, a quantidade de veículos
disponíveis parece ser reduzida. Esta escassez parece particularmente aguda quando se tem em linha de conta o facto de
cerca de 20 por cento dos veículos não se encontrarem em utilização. No final dos anos 1990, quando a extensão pública
foi financiada através de grandes projetos financiados pelo Banco Mundial e pelo FIDA, o número de veículos disponíveis
para apoiar atividades de extensão em províncias como as de Nampula, Cabo-Delgado, Manica, Inhambane e Gaza era
mais elevado do que os números atuais (Gêmo 2001).
É importante salientar que, sempre que possível, a extensão pública deve procurar abordagens para o fornecimento
de serviços que racionalizem os recursos, incluindo opções de transporte. Na realidade, o principal meio de transporte
utilizado pela extensão pública em Moçambique tem sido os motociclos e as bicicletas. A Tabela 10 ilustra a utilização de
motociclos e de bicicletas.

Tabela 10—Motociclos e bicicletas utilizados pela extensão pública ao nível provincial/distrital, de 2004 a 2008
Meios de Motociclos Bicicletas
transporte / Não- Não-
Anos Operacionais operacionais Total Operacionais operacionais Total
2004 180 15 195* 219 39 258
2005 135 20 155** 66 117 183
2006 225 121 346 197 25 222
2007 189 167 356 76 128 204
2008 223 173 396 255 95 350

A Tabela 10 mostra que, entre 2006 e 2008, uma parte considerável dos motociclos não estava operacional. O nível
mais alto foi atingido em 2007, com 47 por cento de todos os motociclos a não estarem operacionais. Apesar da inclusão
dos dados de 2005 das províncias da Zambézia e de Sofala, houve uma redução considerável no número de motociclos
operacionais entre 2004 e 2005. As razões para tal não são claras, mas alguns informadores primordiais disseram que, em
2005, alguns motociclos foram reatribuídos a outros serviços enquanto outros foram considerados obsoletos. Em relação às
bicicletas, a pior situação aconteceu entre 2004 e 2005 e entre 2006 e 2007, quando o número de bicicletas operacionais
teve um decréscimo abrupto. Deve referir-se que, como mostrado na Tabela 11, o número total de motociclos e bicicletas
operacionais tem estado abaixo do número total de funcionários de extensão.

42
Tabela 11—Disparidade nos meios de transporte disponíveis para os trabalhadores de extensão no terreno entre 2004
e 2008
Disparidade nos meios de
Total de transporte para os trabalhadores
trabalhadores de de extensão no terreno
SUMMARY | APRIL 2010
Motociclos Bicicletas Total de motociclos extensão no (percentagem do total de
Anos operacionais operacionais e bicicletas terreno funcionários)
2004 180 219 399 628 229 (36)
2005 135 66 201 646 445 (69)
2006 225 197 422 579 157 (27)
2007 189 76 265 590 325 (55)
2008 223 255 478 644 166 (26)

Apesar da falta de dados de 2004 de três províncias, a maior disparidade de transportes registada para os
trabalhadores de extensão foi em 2005, ano no qual a maioria dos meios de transporte parece ter sido declarada obsoleta,
enquanto outros (motociclos) foram reatribuídos. Deve referir-se que, de acordo com os dados disponíveis, uma grande
proporção dos funcionários de extensão no terreno não tinha transporte entre 2004 e 2008, e, em particular, em 2005.
Devido à utilização intensiva (quando havia dinheiro para gasolina) em áreas rurais caraterizadas por más estradas,
os motociclos e as bicicletas deviam, em princípio, ser substituídos, respetivamente, todos os três e dois anos. No entanto,
limitações de recursos e a competição por recursos entre diferentes subsetores têm prejudicado a substituição atempada de
tais meios de transporte.

O FRACO PAPEL DA DNEA AO NÍVEL CENTRAL NO PROCESSO DE EXPANSÃO


O terceiro fator crítico que não foi devidamente tido em consideração na expansão da extensão pública é o fraco papel da
DNEA ao nível central. Em parte isto é devido à fraca comunicação geral (de baixo para cima e vice-versa) que tem carater-
izado a extensão pública, particularmente no período 2007–2010, como reafirmado durante as entrevistas conduzidas ao
nível central, provincial e distrital. Em muitas ocasiões, os funcionários ao nível central da DNEA só ouviam falar de uma
extensão através de trabalho de campo nas províncias ou relatórios provinciais de M&A provenientes dos SPER.
A fraca comunicação contribuiu para um fraco acompanhamento dos esforços de expansão por parte dos
funcionários centrais da DNEA. Apesar de as províncias terem o direito de tomar decisões sobre expansão, o diálogo e a
coordenação com o nível central teriam certamente beneficiado as operações em ambos os níveis. Mesmo com a
descentralização, a DNEA a nível central tem um papel importante no apoio da expansão dos serviços públicos
assegurando treino, disponibilizando especialistas nas várias matérias (incluindo contratando ou em colaboração com
outras instituições públicas), produzindo material de treino, fornecendo M&A eficiente a nível nacional e definindo
estratégias (Banco Mundial 2000). O papel da DNEA a nível central no acompanhamento e no fornecimento de apoio
institucional tem sido limitado, mesmo como fonte de análise e documentação relevantes de lições a serem aprendidas
sobre a expansão acelerada da extensão pública em todo o país.

4.5 Recursos Limitados para a DNEA


O nível de desagregação dos dados de despesas do MINAG não permite uma comparação fácil de diferentes subsetores e
serviços ao nível central e provincial (Chilonda et al., 2011). Contudo, entrevistas ao nível provincial e distrital e documentos
disponíveis, incluindo relatórios anuais, revelam que a extensão pública tem deparado com recursos limitados,
particularmente nos SPER e ao nível distrital.
A implementação do PRONEA exigia o compromisso de diferentes instituições do MINAG e dos parceiros para o
desenvolvimento com vista a assegurar uma atribuição adequada, consistente e sustentável dos recursos ao longo do
tempo. No MINAG, a DNEA, a Direcção de Economia (DE), a Direcção de Administração e Finanças (DAF) e as DPAs
tinham papéis chave a desempenhar no financiamento sustentável do programa de extensão. Enquantoo direção anfitriã e
de implementação, a DNEA tinha grande interesse em assegurar o financiamento adequado e consistente do PRONEA. A
DE é responsável pelo planeamento e comunicação com as DPAs no que se refere à necessidade de dar prioridade, na
afetação orçamental, a programas aprovados a nível nacional. O papel da DAF no seguimento da execução orçamental é

43
importante, pois pode encorajar gastos em programas prioritários como o PRONEA. As DPAs tinham a responsabilidade
principal e direta na atribuição de recursos para a implementação do programa. Fora do MINAG, o Tesouro Nacional e
outros parceiros de desenvolvimento que fornecem apoio orçamental ao MINAG eram responsáveis por garantir
financiamento adicional através do mecanismo comum de fluxo dos fundos (MCFF) do PROAGRI para complementar os
esforços do FIDA no apoio à implementação do PRONEA. SUMMARY | APRIL 2010
No entanto, houve dificuldades em assegurar o financiamento adequado. Entre outras, as seguintes razões foram
apresentadas por informadores primordiais das DPAs, em particular do Departamento de Economia e os Directores
Provinciais de Agricultura que entrevistamos:
 O orçamento anual necessário para o PRONEA era elevado. Se atribuído de acordo com as necessidades,
poderia absorver uma parte significativa do orçamento da DPA em detrimento de outros componentes
 O financiamento limitado e os desembolsos erráticos tornaram difícil a atribuição de recursos importantes para
a extensão ao longo do período em análise. Os desembolsos para as DPAs foram feitos de uma maneira que
tornou difícil prever o momento exato em que o próximo desembolso ia acontecer. Nestas circunstâncias, cada
desembolso tinha de beneficiar todos os subsetores e serviços
 Era difícil garantir a priorização do PRONEA devido às muitas prioridades dentro das DPAs e dos níveis
distritais que não se centravam necessariamente na extensão
 Além disso, os informadores primordiais ao nivel central do MINAG (DAF e DE) disseram que o acordo de
cofinanciamento para a implementação do PRONEA tinha sido um problema para o MINAG. 36
Apesar de diferentes instituições do MINAG terem papéis importantes a desempenhar para assegurar o
financiamento adequado à implementação do PRONEA, há poucas provas documentais de discussões entre essas
instituições para abordarem questões de financiamento. As nossas entrevistas com informadores primordiais da DE, da
DAF e das DPAs sugerem que o diálogo sobre questões de financiamento era fraco. A DNEA deveria desempenhar um
papel fundamental na promoção destas discussões periódicas sobre questões de financiamento para serviços de extensão
agrária com base em informação de acompanhamento das(os) DPAs/SPER. Com os recursos limitados que caraterizavam
as operações de extensão pública, era improvável que a DNEA desenvolvesse uma interação eficiente, ao nível provincial e
distrital, com outras partes interessadas (ONGs, organizações de agricultores, comerciantes rurais) através de diálogo
regular, atividades de campo conjuntas, incluindo dias de campo, iniciativas de terceirização. Entre outros objetivos,
esperava-se que a implementação do PRONEA envolvesse diferentes partes interessadas.
A Estratégia de Revolução Verde e o Plano de Acção para a Produção de Alimentos (PAPA) dão um exemplo de
como o apoio institucional limitado à DNEA pode resultar no fracasso destas iniciativas prioritárias do MINAG.
Estratégia de Revolução Verde (ERV): A ERV foi desenvolvida no âmbito do MINAG e aprovada em 2007 para
fornecer uma estratégia global de longo prazo para uma Revolução Verde na agricultura que mostra a atual visão do
governo para a futura transformação da agricultura. O objetivo principal da VER é contribuir para a redução da pobreza e da
fome em Moçambique através da promoção da competitividade do setor agrícola e do crescimento consistente da produção
e produtividade agrícolas. Espera-se que a implementação da ERV expanda o acesso e a utilização de insumos agrícolas
melhorados, tais como sementes, fertilizantes, mecanização, tração animal e irrigação, e subsequentemente aumente a
produção e a produtividade agrícolas. (MINAG 2007b).
Plano de Acção para a Produção de Alimentos (PAPA): O PAPA foi aprovado em 2008 para ser implementado de
2008 a 2011, em parte para permitir a operacionalização da ERV (MINAG 2008a). A sua preparação foi acelerada devido à
eminente crise alimentar global da altura, que gerou interesse sério e priorização por parte do governo. O PAPA
representou uma abordagem intervencionista a vários níveis por parte do MINAG – em alguns casos, sem ter em
consideração o potencial papel de outros agentes dentro do setor agrícola. Era reconhecido que a sua implementação
necessitava de ser mais pensada para corrigir as fraquezas identificadas, em especial em termos de uma maior
inclusividade de partes interessadas primordiais do setor agrícola no seu planeamento, implementação e avaliação.
Contudo, os objetivos de aumento da produção alimentar nacional e de redução da importação alimentar do PAPA foram
reconhecidos como relevantes.

36
O orçamento do PRONEA consistia em 40 por cento oriundos do FIDA e outros 60 por cento do governo e outros parceiros de desenvolvimento
envolvidos no financiamento direto do MINAG.

44
Em princípio, tanto a ERV como o PAPA deviam ter a extensão pública como um dos seus principais instrumentos de
implementação. No entanto, apesar das expetativas de envolvimento da DNEA, o papel da extensão pública na
implementação do PAPA foi, em termos práticos, limitado. 37 A falta de pacotes tecnológicos a ser transferidos e fraquezas
na definição de tarefas e responsabilidades específicas, em particular a implementação da iniciativa por parte da extensão
pública (tal como treinos e demonstrações programados a agricultores em várias regiões agroecológicasSUMMARY
dentro|da
APRIL 2010
estrutura
do PAPA) parecem ser as principais razões por detrás do envolvimento limitado da DNEA.
De particular importância é o facto de, ao longo da implementação do PRONEA (2007–2010), o PAPA ter sido uma
das prioridades principais, se não mesmo a principal, do MINAG em termos de afetação orçamental e de esforços para
adquirir e distribuir insumos e equipamento aos agricultores participantes. Em todos estes esforços, a preparação da
extensão pública para implementar o PAPA não se traduziu necessariamente em recursos financeiros, humanos e materiais
adequados para fortalecer o papel da DNEA na contribuição para a implementação do PAPA.

4.6 Consciência, Participação e Posse Limitadas na Implementação do PRONEA


A consciência é, por definição, o estado ou a capacidade de perceber ou estar consciente dos acontecimentos. De forma
mais ampla, é o estado ou a qualidade de se estar consciente de algo. A consciência é importante não só em termos da
realização de certos eventos ou processos com as partes interessadas. A consciencialização também é necessária para
interagir com sucesso com potenciais partes interessadas – em especial, depois de terem sido expostas a um
acontecimento ou processo planeado - e, em seguida, identificar os resultados benéficos que o seu envolvimento lhes traz
ou àqueles que representam ou pretendem ajudar (Griffiths et al. 2008).
Assim sendo, a consciência pode ser considerada o ponto de partida para aumentar a participação e a posse por
parte de potenciais partes interessadas na implementação do PRONEA. No entanto, as nossas entrevistas com
informadores primordiais ao nível central, provincial e distrital mostraram que a consciência sobre o PRONEA, mesmo no
MINAG, a instituição chave na promoção da implementação sustentável do programa, era limitada.
Há dados que mostram que a formulação e disseminação do PRONEA imediatamente após a sua aprovação incluiu
reuniões ao nível central e regional, com representantes provinciais (funcionários selecionados dos SPER) convidados para
participarem nos eventos regionais de partilha ou disseminação. Ações preparatórias para a implementação também
incluíram a conceção de um plano de ação para os dois primeiros anos preparatórios (Royal Tropical Institute 2011). Além
disso, o lançamento oficial do PRONEA, em julho de 2007, ao nível central pelas chefias do MINAG envolveu várias partes
interessadas, nomeadamente representantes do MINAG, algumas organizações de agricultores, parceiros de
desenvolvimento e alguns representantes do setor privado e de ONGs. A nível central, particularmente durante a sua
formulação, o PRONEA também foi discutido nos conselhos técnicos e consultivos do MINAG.
No entanto, estes esforços podem ser considerados o mínimo que se devia levar a cabo num processo como o de
formulação e lançamento do PRONEA. Há poucos dados pós aprovação do PRONEA de partilha ou debate entre partes
interessadas primordiais – mesmo dentro do MINAG – sobre a sua fase inicial de implementação. Também não existem
dados de tal partilha ou debate fora do MINAG. Perguntas a serem feitas neste sentido incluem:
 Até que ponto partes interessadas primordiais do MINAG, tais como a DE, a DAF, o IIAM, a DNSA, a DNSV e
até a DNTF, forneceram informação sobre e se empenharam numa bem-sucedida implementação do
PRONEA?
 Até que ponto, no geral, as DPAs e, em particular, serviços e departamentos provinciais agrícolas chave
forneceram informação sobre o PRONEA e se empenharam na sua bem-sucedida implementação?
 Até que ponto potenciais partes interessadas governamentais, nomeadamente o MPD, o Ministério das
Finanças, o Ministério do Interior, foram eficientemente informados sobre e se empenharam para assegurar os
seus esperados papéis na implementação do PRONEA?
 Até que ponto potenciais partes interessadas não-governamentais fora do MINAG, tanto a nível central e,
principalmente, a nível provincial, partilharam o documento do PRONEA (FIDA 2005)?

37
A DNEA comprou alguns motociclos e outro equipamento para trabalhadores de extensão no terreno, particularmente em 2009 e 2010, e distribuiu-os
pelo menos em cinco províncias (DPAs), aparentemente dentro do âmbito de implementação do PAPA.

45
A interação com potenciais partes interessadas fora do MINAG, particularmente com partes interessadas não-
governamentais, é importante. Permite a discussão da justificação para o seu compromisso, os potenciais papéis a serem
por eles desempenhados, e as competências necessárias ou a serem desenvolvidas para aumentar a sua participação no
sistema pluralista de extensão (Griffiths et al. 2008).
SUMMARY | APRIL 2010
Em resumo, apesar de importante dentro do MINAG e dentro do setor agrícola, a consciencialização para o PRONEA
entre partes interessadas primordiais era limitada. Consequentemente, a participação de potenciais partes interessadas na
implementação do PRONEA foi, de certo modo, minada desde o início.

5. CONCLUSÕES
Este estudo pretende identificar fatores críticos que tenham prejudicado a implementação com êxito do programa nacional
de extensão, PRONEA, de 2007 a 2010. A decisão de interromper o PRONEA é um bom exemplo de como é essencial
prestar atenção aos fatores críticos desde o início e atuar com prontidão para assegurar uma implementação sólida. Isto
torna-se particularmente crucial quando uma estratégia de programação complexa como o PRONEA, cuja implementação
foi afetada por fatores internos (MINAG) e externos (setor agrícola), entra num sistema de extensão pluralista.
Ao levar a cabo esta avaliação, fizemos uma análise da literatura, entrevistámos informadores e especialistas em
extensão primordiais e fizemos visitas de campo. Usámos o Quadro Concetual para o Planeamento e Implementação de
Programas e para o Reforço de Sistemas Pluralistas de Extensão e Aconselhamento agrários de Swanson e Rajalahti
(2010) para identificar e analisar os diferentes passos ou fatores que deviam ter sido levados em consideração na
implementação do PRONEA.
Foram identificados seis fatores institucionais e políticos que afetaram a implementação do PRONEA,
nomeadamente:
 Uma fraca preparação da Direcção Nacional de Extensão Agrária (DNEA) para implementar o PRONEA
 Descentralização aumentada da extensão pública
 Reformas institucionais no MINAG a nível central
 Expansão (cobertura) distrital acelerada da extensão pública
 Recursos limitados alocados à DNEA; e
 Consciência, participação e posse limitadas das partes interessadas primordiais na implementação do
PRONEA.

Os problemas enfrentados na implementação do PRONEA sugerem que existiam expetativas demasiado otimistas
sobre a preparação institucional (MINAG / DNEA) necessária para assegurar que as ações preparatórias chave são levadas
a cabo a nível central e provincial. Infelizmente, alguns problemas emergiram também do processo de descentralização e
de outras prioridades principais no MINAG que deveriam e poderiam, em princípio, ajudar a reforçar e sustentar a
implementação do PRONEA. Como a descentralização deve ser continuada e reforçada e como o MINAG irá continuar a ter
outras prioridades além da extensão pública, estes problemas são importantes e devem ser tratados cuidadosamente.
Os problemas que prejudicaram o sucesso do PRONEA mostram que, apesar de a DNEA ser a direção diretamente
responsável pela extensão pública, a responsabilidade por assegurar a extensão pública bem-sucedida ao nível do MINAG
ultrapassa a DNEA. Envolve direções chave como a DE e a DAF e direções nacionais técnicas relevantes e alguns
institutos (como o IIAM, por exemplo) a nível central, mas a responsabilidade principal está no nível provincial (DPAs). A
intenção de ter a unidade de coordenação do PROAGRI a assegurar toda a coordenação do programa a nível central devia
lidar com o problema da coordenação. Contudo, apesar dos esforços e compromisso da unidade de coordenação do
PROAGRI na ajuda à implementação, o seu papel na coordenação e na resolução eficaz dos principais problemas que
envolvam diferentes partes interessadas ao nível do MINAG foi limitado e ultrapassava as suas capacidades. Apesar de a
unidade de coordenação do PROAGRI poder ter uma função de seguimento, a implementação sólida do PRONEA
precisava de uma chefia mais forte a nível geral no MINAG, capaz de comandar o compromisso e a responsabilidade
necessários por parte das instituições relevantes do MINAG a nível central e provincial.
Primeiro, há dados que mostram que a extensão pública tem funcionado com requisitos mínimos de funcionários,
especialmente em termos de quantidade. Também existem problemas em assegurar o suporte logístico e metodologias

46
para reduzir os esforços físicos diretos dos trabalhadores de extensão na tentativa de chegar ao maior número possível de
agricultores, nos locais onde vivem. Dado que a contratação de novos funcionários e a sua integração como funcionários
públicos depende da disponibilização de vagas e recursos a nível provincial e distrital, juntar uma massa crítica de
trabalhadores de extensão pública parece ultrapassar o controlo da DNEA.
SUMMARY | APRIL 2010
Em segundo lugar, apesar de não existirem dados aprofundados das despesas com a extensão pública, os relatórios
anuais de desempenho da DNEA e a observação direta de como opera a extensão pública sugerem limitações logísticas.
Atribuir uma baixa prioridade à extensão em termos da alocação de recursos nas DPAs e os recursos limitados a nível
distrital afetam a provisão de insumos e equipamento agrícolas. Estes são necessários para demonstrações no terreno,
formação no trabalho e capacidade operacional. Baixos recursos significam dificuldades na substituição atempada dos
transportes e em assegurar a manutenção e combustível para as motas. Como a tomada de decisões sobre a alocação de
recursos e orçamentos é descentralizada, dar prioridade à extensão na afetação orçamental do MINAG (a nível central e
local) está fora do controlo direto da DNEA.
Em terceiro lugar, o estabelecimento de ligações verticais e horizontais na DNEA e noutras instituições relevantes do
MINAG tem sido um desafio. Contribuindo para a fraqueza das ligações e até para a interrupção das ligações horizontais
que existiram no âmbito do SUE, registou-se o seguinte: a) reformas institucionais profundas no MINAG, em 2005-2006,
que envolveram todas as instituições de investigação e as direções nacionais que estavam a colaborar com a DNEA na
altura; b) alterações na liderança das então recém-formadas instituições e mudanças nas equipas técnicas; e c) recursos
limitados. Ainda mais problemática tem sido a necessidade de assegurar que a coordenação e harmonização vertical existe
nas províncias (DPA/SPER) e a necessidade de assegurar que as boas práticas são seguidas no que toca a assuntos
técnicos e metodológicos. Estes assuntos importantes têm de ser tratados para que a extensão pública seja desenvolvida
em serviços eficientemente unificados, harmonizados e coordenados e para que cumpra os seus objetivos definidos ao
nível central e provincial.
Em quarto lugar, a promoção do sistema nacional de extensão (SISNE) requer algumas ações proativas da DNEA e
esforços de comunicação com o objetivo de reforçar relacionamentos relevantes entre diferentes fornecedores de extensão,
sempre que possível. Provavelmente, esta é uma tarefa difícil pois, muitas vezes, os fornecedores de extensão privados e
até muitas ONGs têm as suas próprias agendas e não estão necessariamente interessados em colaborar com a extensão
pública. No entanto, no caso de Moçambique, tem havido algumas iniciativas que mostraram que é possível desenvolver
um SISNE, especialmente através da troca de informação relevante e de ações colaborativas entre diferentes fornecedores
de serviços, incluindo através de iniciativas de insourcing e outsourcing. A função da DNEA na promoção efetiva do SISNE
foi limitada em parte devido a algumas das limitações institucionais mencionadas acima. Adicionalmente, a promoção do
SISNE não pode ser vista apenas como um desafio da DNEA, pois é do interesse do MINAG como um todo. A extensão
direcionada para a procura é necessária, mas o seu desenvolvimento ultrapassa também as capacidades da DNEA. Isto
deve ser visto como um desafio importante que requer o envolvimento de diferentes partes interessadas, incluindo a
extensão, envolvidas na extensão centrada nos agricultores para uma segurança alimentar reforçada dos agregados
familiares e uma grande participação dos pequenos exploradores nos mercados agrícolas.
Finalmente, o caso da extensão pública confirma que, seja qual for o progresso atingido na construção de uma
organização complexa como a DNEA, pode desmoronar-se se não forem levados em conta fatores críticos na introdução de
reformas drásticas. A descentralização da alocação de recursos e da tomada de decisões aos níveis provincial e distrital é
necessária e deve ser encorajada. No entanto, os processos de descentralização devem considerar cuidadosamente os
seguintes passos:

 Assegurar a capacidade operacional mínima necessária dos serviços de extensão


 Apoiar o desenvolvimento de capital humano para reforçar a competência e credibilidade da extensão na
perceção dos agricultores e de outros fornecedores de serviços de extensão. Isto é importante para a
promoção de uma forte interação entre fornecedores de extensão pública e de outros serviços, particularmente
através de outsourcing, como se esperava pela implementação do PRONEA
 Equilibrar a distribuição dos trabalhadores de extensão na expansão de forma a contribuir para a eficiência
desejada dos serviços públicos
 Assegurar que, em cada província, a extensão pública tem uma série de tecnologias e mensagens que
contribuem para mudanças tangíveis na produtividade, produção das quintas, conservação da produção,
rendimentos das quintas ou melhorias na gestão de recursos naturais. A extensão pública tem experiências

47
anteriores na formação de relacionamentos com contributos dos fornecedores e, por exemplo, de comerciantes
locais ou rurais. A experiência de disseminação semi-intensiva de pacotes tecnológicos para milho e arroz, em
1996-2003, em áreas selecionadas de 52 distritos -- em colaboração com a Sasakawa Global 2000 -- pode ser
revisitada como uma base para a concetualização e implementação de iniciativas de disseminação de
SUMMARY
tecnologia sustentáveis e a médio prazo. O trabalho colaborativo na extensão de gado também | APRIL pois
é crucial, 2010a
maioria dos pequenos agricultores está envolvida na produção de culturas e atividades de criação de gado
(MADER/TIA, 2002; 2003; MINAG/TIA 2005; 2006; 2007;-2008; INE/CAP 2000; 2010). Isto torna-se crítico à luz
da implementação do PEDSA ao abrigo do quadro do CAADP, que destaca a necessidade de reforçar o
desenvolvimento e adoção da tecnologia, especialmente na produção alimentar
 Reforço da geração e utilização de informação sobre o desempenho com base em dados para a extensão
pública, em particular, e para a extensão, no geral, focando-se nos fatores que determinam o seu sucesso ou
insucesso. É importante documentar histórias de sucesso porque permitem o escalonamento de iniciativas
potencialmente replicáveis.

6. CAMINHO A SEGUIR
O novo PRONEA, agora chamado Projecto de Apoio ao PRONEA, parece ter tratado de algumas das fraquezas
enfrentadas na primeira fase (2007-2010). A primeira fase foi interrompida de forma a conduzir uma nova análise e
conceção do programa geral. Por exemplo, o Projecto de Apoio ao PRONEA voltou à abordagem de intervenção do
primeiro PDE, no sentido de priorizar os recursos de extensão para distritos selecionados dentro de um período de tempo
razoável, muitas vezes definido como sendo de cinco anos. O Projecto de Apoio ao PRONEA irá provavelmente priorizar 42
distritos já identificados pelo MINAG durante cinco anos, começando em 2012. Outros distritos irão continuar a beneficiar de
serviços de extensão, mas não necessariamente ao abrigo do Projecto de Apoio ao PRONEA.
A gestão geral do PRONEA será feita por uma equipa de gestão específica sediada na DNEA, ao nível central, dentro
do MINAG. A equipa irá consistir num coordenador nacional, diretor de M&A, diretores de aquisições e financeiros, e
depender de assistência técnica temporária com o tempo, consoante as necessidades identificadas. O fluxo de fundos para
apoiar as operações do PRONEA a nível central e local será principalmente controlado por gestores de projetos e
implementadores de projetos (extensão pública), mais do que pelos gestores do orçamento anual do MINAG na Direcção de
Administração e Finanças (MINAG / DAF). Como aconteceu com o PRONEA original (2007-2010), o FIDA irá continuar a
ser um dos principais apoiantes do programa. A sua contribuição financeira é avaliada em aproximadamente 21 milhões de
dólares nos próximos cinco anos. Outros parceiros de desenvolvimento, tais como a Comissão Europeia, podem também
cofinanciar o Projecto de Apoio ao PRONEA.
Contudo, apesar das alterações mencionadas acima à abordagem de intervenção (concentração, em vez de uma
intervenção expandida nos distritos) e de gestão (uma equipa específica em vez de ficar a cargo de vários diretores do
MINAG a nível central e local), a análise seguinte sugere que o caminho a seguir requer a aprendizagem de experiências
anteriores. Mais ainda, com base nessa aprendizagem, a nossa análise aponta para a condução de análises institucionais
orientadas para resultados e para a introdução de alterações que irão apoiar a implementação de atividades de extensão
pública futuras dentro e fora do MINAG.
O apoio à extensão pública no MINAG requer mais do que os esforços da DNEA; também é importante assegurar
ações suplementares de instituições relacionadas com o MINAG. A medida em que, com o tempo, as instituições do MINAG
estarão empenhadas na resposta aos pedidos de colaboração na extensão com prontidão será de extrema importância
para o sucesso futuro dos programas de extensão pública. As instituições relevantes para apoiar a extensão pública
incluem:
 MINAG/DE: responsável pela coordenação do planeamento e alocação orçamental aos diferentes subsetores
 MINAG/DAF: responsável pela execução orçamental
 Investigação a nível do MINAG (IIAM): responsável por atividades de investigação (incluindo investigação
aplicada) e atividades conjuntas com a extensão pública.
 As direções nacionais relevantes a nível do MINAG, tais como os Serviços Agrários (DNSA), Gado (DNSV) e
Terras e Florestas (DNTF): responsáveis por fornecer especialistas nos assuntos relevantes a nível central e
provincial.

48
A DNEA deve levar a cabo uma análise cuidadosa ao abrigo das circunstâncias atuais, particularmente no que diz
respeito à necessidade de, em primeiro lugar, responder à "pressão" política de manter serviços em todos os distritos, até
de priorizar distritos selecionados; em segundo lugar, de assegurar uma estrutura organizacional adequada para melhorar o
fornecimento de serviços; em terceiro lugar, assegurar uma coerência técnica e metodológica do nível central ao nível local
dentro do serviço; em quarto lugar, atingir ligações funcionais e esforços de colaboração com outros SUMMARY | APRIL
fornecedores de 2010
extensão e serviços relevantes. Em resumo, há uma necessidade de considerar a forma como a interação entre a cobertura
distrital, estrutura organizacional, problemas técnicos e metodológicos e o desenvolvimento das ligações chave deve ser
seguida de forma a desenvolver uma abordagem equilibrada para implementar programas de extensão pública.
Entre outras considerações, o exercício acima referido tem de levar em conta as expetativas dos agricultores, outros
agentes de extensão, governos locais, o MINAG e políticos sobre a função da extensão pública na contribuição para uma
produtividade agrícola aumentada, segurança alimentar melhorada e redução da pobreza. Neste contexto, a extensão
pública deve investir tempo e recursos na avaliação de:
 A sua trajetória institucional em termos de progresso, fatores críticos internos e externos enfrentados com o
tempo e lições retiradas
 Como e até que ponto a DNEA geriu fatores de sucesso críticos a nível central e local. Em particular, as
questões seguintes têm de ser consideradas e respondidas:
o Quais são os constrangimentos atuais?
o O que pode ser resolvido internamente e o que precisa de mais do que a intervenção e capacidade da
DNEA no âmbito do MINAG?
o Quem dentro e fora do MINAG pode fornecer soluções sustentáveis para os constrangimentos
identificados?
o Ao responder a estas perguntas, teriam de ser levados em conta os seguintes assuntos:
desenvolvimento e estabilidade do capital humano; capacidade operacional necessária, incluindo a
necessidade de criar abordagens operacionais alternativas no terreno; ligações eficazes com as partes
interessadas primordiais, especialmente em termos da transferência e adoção de tecnologia; e
governação local da extensão, bem como um sistema de M&A eficaz.
 Como a DNEA é preparada e como deve ser preparada institucionalmente a nível central e local para lidar com
desafios atuais e futuros, incluindo novas metas e objetivos que possam surgir a partir do novo PRONEA e que
tenham de ser alinhados com as metas e expetativas do PEDSA.

Devido ao amplo âmbito de intervenção da extensão pública ao abrigo da abordagem unificada (culturas, criação de
gado e atividades agroflorestais) e da descentralização corrente, o novo pensamento estratégico sobre a extensão pública,
se ocorrer, tem de ser um processo inclusivo que envolva as principais instituições do MINAG, bem como as partes
interessadas relevantes.
Informação adicional tem de ser direcionada para a recolha de dados e estudos específicos. A DNEA tem recebido
apoio de agências da ONU como a FAO e até o FIDA. Estas agências conseguem produzir dados e informação relevantes
para preencher as lacunas de conhecimento ao nível da extensão, de preferência em colaboração com instituições locais,
tais como instituições de instrução agrícola ou organizações de investigação privadas.
Como a extensão pública é vista como crucial para que o MINAG consiga preencher as suas principais funções, a
DNEA deve ser capaz de mobilizar o apoio necessário de outros parceiros de desenvolvimento. A fase atual de
preparações para a implementação do PEDSA (ao abrigo do quadro do CAADP) pode ser uma oportunidade para repensar
estrategicamente a função e capacidade institucional dos serviços de extensão pública para criar uma DNEA mais forte
dentro do sistema de extensão pluralista de Moçambique.
O apoio das chefias do MINAG no repensar da função, necessidades e capacidade institucional da extensão pública
é fundamental. Conforme discutido acima, existem fatores críticos fora do controlo direto da DNEA, mesmo dentro do
MINAG. As chefias do MINAG podem ajudar a esclarecer e a promover as funções e responsabilidades das partes
interessadas como uma forma de melhorar a sua participação e responsabilidade mútua nos esforços de extensão e de
desenvolvimento agrícola, particularmente a nível local.

49
ANEXOS
Anexo Figura 1—Regiões agroecológicas de Moçambique

SUMMARY | APRIL 2010

50
Anexo Figura 2—Localização e relacionamento de funcionamento ilustrativos dos serviços de extensão pública
(DNEA).

SUMMARY | APRIL 2010

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Agricultura

Sobre os Autores
Hélder R. Gêmo é um agrónomo com mestrados em extensão agrária e segurança alimentar. Trabalhou como extensionista
durante 16 anos em Moçambique, como diretor nacional e vice-diretor de extensão agrária no Ministério da Agricultura.
Publicou vários estudos sobre a extensão agrária em Moçambique. Atualmente, é investigador no Instituto Internacional de
Gestão da Água - África Austral (IWMI-SA), sediado em Pretória, África do Sul.
Pius Chilonda é investigador principal e chefe do IWMI-SA, sediado em Pretória, África do Sul. Tem um doutoramento
em Economia Agrícola da Universidade de Gent, Bélgica.

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O Programa de Apoio à Estratégia para Moçambique é apoiado financeiramente pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento
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