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Maria Teresa Esteban

O QUE SABE QUEM

ER A? R Reflexões sobre avaliação e


fracasso escolar

Alunas: Lorrayne e Maiumy


Introdução
• O texto focaliza a prática escolar atravessada pela vida, cuja
dinâmica produz marcas e delineia percursos
• Sair da visão unidimensional que caracteriza o pensamento
hegemônico e incorporar a pluralidade como característica
central da dinâmica da prática pedagógica
• Reconstrução do saber docente sobre
avaliação
 O livro é organizado em três capítulos.

• 1º Ação escolar eidentidade social:


conflitos e possibilidades- propõe a
reflexão sobre a necessidade de uma
escola pública de qualidade, destaca ser
este o maior desafio para a construção de
uma sociedade democrática. Discute a
imposição de uma única forma de
conhecer, pois esta desconsidera os
saberes das classes populares gerando
assim, o fracasso escolar.
 O livro é organizado em três capítulos.

• 2º A formação docente: apagando


fronteiras e redefinindo territórios:
esclarece que a sociedade é composta
por grupos diversos e antagônicos.
Destaca ser o conhecimento científico um
importante instrumento quando, de fato,
contribui para apreensão da realidade.
• Esclarece que uma escola comprometida
com a aprendizagem precisa dedicar-se a
pesquisa, enfatizando ser a ação docente
um processo contínuo e coletivo.
Processo esse que inclui e trabalha com
a perspectiva da possibilidade,
considerando os saberes dos alunos das
classes populares.
Capítulo 3
A ambiguidade do processo de
da
aprendizagem
A ambiguidade do processo de avaliação
escolar da aprendizagem
• Fracasso escolar- Desafio a ser superado
• Aspecto relevante: Atuação docente no processo de avaliação, pois
são os professores que realizam. Sendo o resultado deste,
determinante do sucesso ou fracasso.
A avaliação tem estreita relação
com a interpretação que o
professor faz das repostas dadas.
Especialmente significativa em
crianças que chegam a escola
com estrutura de compreensão
diferentes das normas
A ambiguidade do processo de avaliação
escolar da aprendizagem
Num contexto de cultural, marcado pela mestiçagem, a
diferença
pluralidade de significados cruza as interações pessoais e nas estruturas
subjetivas de compreensão.
Aumenta a complexidade da avaliação, pois os diferentes grupos e os
diversos sujeitos podem utilizar instrumentos (psicológicos ou materiais)
similares, mas de modos variados
A ambiguidade do processo de avaliação
escolar da aprendizagem
• A discussão sobre o fracasso escolar se relaciona cada vez mais com a
ideia de qualidade da educação- Necessidade de instrumentos e parâmetros fiáveis
para determiná-la. Nível Macro (distribuição de recursos na educação) Nível Micro (o trajeto do
aluno na escola).

• A avaliação adquire grande importância como um problema


administrativo, não do conhecimento

A avaliação, na ótica do exame, atende às exigências de natureza


administrativa, serve para reconhecer formalmente a presença (ou
ausência) de determinado conhecimento, mas não dispõe da mesma
capacidade de indicar qual é o saber que o sujeito possui ou como está
interpretando as mensagens que recebem
A partir do exame, o professor pode avaliar se
o aluno foi capaz de responder
adequadamente a suas perguntas.
Porém, o erro ou acerto de cada uma das
questões não indica quais foram os
saberes usados para respondê-la, nem os
processos de aprendizagem desenvolvidos
para adquirir o conhecimento
demonstrado, tampouco o raciocínio que
conduziu à resposta dada.
Para construção do processo ensino-aprendizagem,
estas são as questões significativas e não o erro ou
acerto.
Pôr em diálogo a prática e a teoria da avaliação com a finalidade
A avaliação,
de observarorganizada
o percursosegundo
de essa lógica, responde
construção à
desse conceito,
necessidade de
identificando usar os
indícios queresultados
revelam como
novasexplicação
demandas epara o
perspectivas
no sentido deescolar
fracasso/sucesso articular
numaa dimensão
avaliação exclusivamente
à construçãotécnica.
de uma
pedagogia crítica comprometida com o sucesso escolar.

Será possível extrair do exame mais informações que o erro ou


acerto da criança?

Pode-se construir uma perspectiva da avaliação capaz de


contribuir para que o processo de ensino-aprendizagem seja mais
favorável ao sucesso escolar?
A avaliação dos alunos como mecanismo escolar de
exclusão social

A medida educacional: objetividade, fiabilidade, validez,


eficiência e neutralidade
Preocupação de produzir provas estandardizadas capazes
de revelar cientificamente os interesses, atitudes,
capacidades, desenvolvimento, progresso, inteligência.

Padrão que serve como termo de comparação,


diferenciação, classificação e exclusão
A avaliação dos alunos como mecanismo escolar de
exclusão social

O desenvolvimento técnico da avaliação é uma consequência da


tentativa de ampliar a eficácia e eficiência do sistema,
prioritariamente através de parâmetros econômicos

A avaliação vai se distanciando do processo


ensino aprendizagem, ressaltando sua função de
controle social
O controle e a classificação dos
indivíduos segundo modelos padronizados
atuam no sentido de homogeneizar
comportamentos, atitudes e
conhecimentos, consolidando a
concepção de unicidade de significados.
Eliminando as diferenças e as
contradições

A avaliação, ao assumir a tarefa de


controle de qualidade, atende à
necessidade de selecionar e excluir
“Eu acho que a avaliação é muito restritiva. Porque não consegue
captar a diversidade de conhecimento que a criança tem. [...] A
avaliação, que a gente vê, tem o objetivo somente de trabalhar
aquele determinado conhecimento que o professor trabalhou em sala
e pronto. Quer dizer, é medir mesmo, se o aluno aprendeu ou se
não aprendeu aquele conhecimento. Então, o sentido amplo, creio
que a avaliação não consiga dar conta. Essa avaliação que a gente
tem não consegue dar conta.”
Avaliação escolar e construção de uma
disciplina social

• A prioridade ao processo avaliativo essencialmente técnico,


oculta a complexa rede social que define e sustenta as práticas
escolares.

“O exame combina as técnicas da hierarquia que vigia e


normaliza. É um olhar normalizador, uma vigilância que
permite qualificar, classificar e castigar. Estabelece sobre
os indivíduos uma visibilidade através da qual são
diferenciados e são sancionados.” FOUCAULT, 1978
Tanto os professores, quanto os alunos estão aprisionados pela
lógica seletiva da avaliação escolar, que não tem como objeto o
processo de conhecimento.

A lógica do exame dificulta a verdadeira aprendizagem e contribui


com a redução das potencialidades discentes e docentes.

O conhecimento é substituído pela aprendizagem de estratégias


que facilitem a memorização do conteúdo, o que geralmente reduz
o conhecimento a fatos e atitudes mecânicas.
A quantificação das
qualidades: o positivismo
como paradigma de
práticas desumanizadas
Tendo a eficácia como objetivo central, a avaliação quantitativa se
organiza fundamentalmente como um controle de aprendizagem-
Fomento ao individualismo e à competição.

A nota obtida, que não tem real relação com o processo ensino-
aprendizagem, passa a ser estímulo para a aprovação, que nem
sempre está relacionado com a ampliação e aprofundamento do
conhecimento.
O rendimento escolar é interpretado como uma síntese
quantitativa das qualidades, reveladas através de condutas
observáveis e objetivamente recolhidas pelos procedimentos de
avaliação.

A nota é assumida como uma informação relevante sobre as


qualidades do sujeito esfacelado e tratado como objeto de
analise.
A recuperação do sujeito escolar e o
distanciamento do sujeito social
• Modelo quantitativo- insuficiente
• Abordagem qualitativa da avaliação escolar- subjetivismo

Inicio do movimento de desdogmatização da ciência (questiona a prática


científica e suas relações com a estrutura social): tentativa de ruptura com o
modelo de avaliação.

Reconhece na avaliação duas funções principais:


1) Formativa – deve ser feita pelos próprios participantes do processo
educacional com o objetivo de reconstruir o que não funciona
adequadamente
2) Somativa – deve ser desenvolvida por agentes externos buscando
comparar os efeitos alcançados com as necessidades dos consumidores
Crises, dilemas e perspectivas paradigmáticas
As contínuas modificações realizadas
nos instrumentos de avaliação
(especialmente no modelo quantitativo) e em
alguns de seus conceitos (como a
transformação quanti/quali) são alguns
eventos intraescolares, que refletem, e
contribuem para dar visibilidade à
existência de uma crise no paradigma
atual da ciência
Crises, dilemas e perspectivas paradigmáticas
Vertente qualitativa da avaliação
- Declínio do pensamento puramente racionalista
- Ascensão de propostas ecléticas
- Cria um estilo caracterizado pela flexibilidade, interação e
complexidade
- Introduz aspectos que levam a uma mudança na reflexão
epistemológica
- Denuncia a insuficiência do modelo positivista para responder às
demandas cotidianas
Avaliação
e
aprendizagem
A ambiguidade do processo de avaliação
escolar da aprendizagem
• “É necessário redefinir o sentido de ERRO”

• A diferença é sinal de potência, não de deficiência;


• A diversidade é fonte de riqueza para a aula que estimula a
manifestação e desenvolvimento do novo;;
• Erro/acerto são aspectos produtivos do processo ensino-
aprendizagem.
A ambiguidade do processo de avaliação
escolar da aprendizagem
• Toda resposta dada resulta de uma construção coletiva de
conhecimento, portanto ela pode revelar, simultaneamente os
saberes e os não-saberes dos alunos e alunas.

• O não-saber não é apenas entendido como um indicativo de não-


aprendizagem da criança. O não-saber é entendido como ainda não-
saber, pois revela novos conhecimentos que se fazem não só
necessários como também possíveis.
A ambiguidade do processo de avaliação
escolar da aprendizagem
Classificar as respostas dos alunos em erros e acertos não basta.

• O que significa a resposta do aluno?


• Que informações pode dar ao professor sobre o seu processo de
aprendizagem/desenvolvimento?
• Quais conhecimentos estão presentes em sua resposta?
• Há diferenças entre sua produção individual e coletiva?
• Que conhecimentos demonstra?
• Que tipo de ação deve ter o professor para auxiliar a aprendizagem?
• De que novos conhecimentos necessita?
A ambiguidade do processo de avaliação
escolar da aprendizagem

“O ônibus e as cartas”

• Em diversos momentos em que as atividades realizadas pelas crianças


não podem ser avaliadas desde uma perspectiva classificatória, uma
solução encontrada é não pontuar aquela tarefa e considerar que,
como não está sendo pontuada, ela não está sendo avaliada.

• É necessário uma nova, e mais potente, perspectiva de avaliação.


A ambiguidade do processo de avaliação
escolar da aprendizagem
• É necessário deixar de lado o conceito positivista que só considera o
resultado e partir para uma avaliação que também considere o
processo.

• No âmbito da escola, o processo de reconstrução só pode


desenvolver-se plenamente se os professores são convidados a
participar desta redefinição das relações.

• Professores têm que se assumir como pesquisadores da sua prática.


Novos caminhos a serem percorridos

A exigência de redefinir o sentido da avaliação educacional vai


adquirindo maior urgência conforme vamos aprofundando nossa
percepção de que vivemos num mundo plural, composto por territórios
híbridos, por sujeitos mestiços, por culturas múltiplas.

A prática nos indica a necessidades de superar o conflito entre caos e


ordem e assumir a sala de aula como um local onde há,
simultaneamente, caos e ordem.
Novos caminhos a serem percorridos
• O trabalho a partir de padrões predefinidos, a partir de
generalizações faz com que questões cotidianas sejam apreendidas
como problemas de difícil solução.

• Para generalizar é preciso apagar traços que imprimem a


singularidade, traços que na verdade não chegam a ser apagados e se
mantêm, mesmo que ocultos, podendo reaparecer a qualquer
momento e redefinir as soluções construídas.
Novos caminhos a serem percorridos

A turbulência surge porque todos os componentes de um movimento


estão conectados entre si, e cada um deles depende de todos os
demais, e a realimentação entre eles produz mais elementos.
(BRIGGS; PEAT, 1994)

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