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Pesquisa sobre avaliação da

aprendizagem escolar

CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO

▪ A posições de contestação da avaliação tradicional e


tecnicista vêm crescendo e o estabelecimento de um processo
avaliativo que esteja a serviço do aluno e não contra ele vem
ganhando espaço.
▪ Nesse sentido, em suas características diagnóstica,
mediadora e dialógica, a avaliação cumpre o seu papel
superando o atraso do processo avaliativo, atingindo seu real
significado de ser instrumento de acompanhamento da
construção do conhecimento do aluno, numa visão de
totalidade.
Quando se fala em avaliação, imagens surgem
automaticamente na mente do professor: provas para
elaborar e corrigir, notas, reprovação, aprovação.

A avaliação está tão enraizada na rotina que se torna


um processo automático, repetido a cada ano letivo
quase da mesma maneira. Mas qual a definição de
avaliação educacional? Qual o grau de precisão das
provas? O que significa tirar 6 ?

Naturalizar a avaliação educacional é tomá-la como


uma medida exata e objetiva, que reflete o
conhecimento tal e qual o aluno o detém, o que pode
conduzir a enganos e, até mesmo, injustiças.
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA

▪ Visa detectar os níveis de aprendizagem atingidos


pelos alunos e decidir o que precisa ser feito para
corrigir os desvios.
“No caso da avaliação da aprendizagem, essa
tomada de decisão(...) se refere à decisão do que
fazer com o aluno quando a sua aprendizagem se
manifesta satisfatória ou o que fazer quando sua
aprendizagem se manifesta insatisfatória. Se não
tomar uma decisão sobre isso, o ato de avaliar não
completou seu ciclo constitutivo.”
(Cipriano Luckesi)
▪ A classificação das respostas em acertos e
erros, ou satisfatórias, ou outras expressões
do gênero, se fundamenta nessa concepção
de que saber e não saber são excludentes e
na perspectiva de substituição da
heterogeneidade real por uma
homogeneidade idealizada.
A inexistência de um processo escolar
que possa atender às necessidades e
particularidades das classes populares,
permitindo que as múltiplas vozes sejam
explicitadas e incorporadas, é um dos
fatores que fazem com que um grande
potencial humano seja desperdiçado.
Em tempos modernos em que se educa
para a autonomia colaborativa e onde
se busca a prática de uma educação
libertária e não bancária, a avaliação da
aprendizagem escolar deve considerar
as conquistas e os desafios grupais, de
forma que os resultados expressem
novas aprendizagens coletivas e não
somente as individuais.
CONFUSÃO TERMINOLÓGICA

Luckesi (2005) elenca diversas características das


práticas pedagógicas, do exame e da avaliação.
Para o autor os exames são julgadores, pontuais,
classificatórios, seletivos, estáticos,
antidemocráticos e autoritários. Já as avaliações
são diagnósticas, processuais, dinâmicas,
inclusivas, democráticas e dialógicas.
Segundo Luckesi (2005) provas escritas e
orais, seminários, mini aulas, debates etc. não
são instrumentos avaliativos, mas sim
instrumentos de coleta de dados que de
acordo com a concepção do educador, servem
tanto para examinar, quanto para avaliar.

Ratio Studiorium
João Amós Comenius – Didática Magna.
Embora não se falasse em avaliação da
aprendizagem são os exames orais que iniciam os
processos de verificação da aprendizagem dos
alunos e instituem o processo de classificação,
promoção e atribuição de graus e títulos.
Modelo Bonapartista
Segundo Hoffmann(1998) para educadores,
educandos e a sociedade, a avaliação na
escola é obrigação, penosa, um mal
necessário.
Nos EUA anos 50 – 60 começaram as
primeiras identificações e diferenciações dos
termos.

No Brasil com as ideias dos escolas novistas


começaram as distinções entre mensuração e
avaliação.

Nos anos 70, com o desenvolvimento


tecnológico no período denominado tecnicista,
a educação visava formar educandos capazes
de atenderem às necessidades da sociedade
industrial.
PROCEDIMENTOS AVALIATIVOS
A maioria dos respondentes concordam que a
avaliação é apenas uma prova para testar os
conhecimentos relacionados aos conteúdos.

A busca constante por objetividade dificulta a


abertura para um processo avaliativo mais humano,
transformador e acolhedor.

Ao diagnosticar a situação de aprendizagem do


educando, o professor pode se abastecer de
subsídios para tomar decisões que visem a
melhoria da qualidade do desempenho do
educando
▪ A avaliação formativa caracteriza-se por
um caráter processual, isto é, ocorre ao
longo do desenvolvimento dos
programas, dos projetos e dos produtos
educacionais, permitindo as modificações
que se fizer necessárias durante o
processo
▪ A avaliação somativa é a que se realiza ao final
de um programa ou de uma atividade,
possibilitando a reorientação necessária e
tomada de novas decisões

▪ A avaliação diagnóstica surge mais tarde e tem o


sentido de se partir dos conhecimentos prévios
dos alunos

▪ Diferencia avaliação de medida


▪ Funções da avaliação: Diagnóstica, Formativa e
Somativa
▪ Diagnóstica – permite detectar a existência ou não
de pré-requisitos necessários para que a
aprendizagem se efetue. No início de um assunto,
bimestre, etc
▪ Formativa – consiste no fornecimento de
informações que orientarão o professor para a busca
de melhoria do desempenho dos estudantes durante
todo o processo ensino/aprendizagem, de modo a
evitar o acúmulo de problemas
▪ Somativa – implica no fornecimento de informações
a respeito do valor final do desempenho do aluno,
tendo em vista a decisão de aprová-lo ou reprová-lo
▪ Benjamim Bloom publica o Manual de
avaliação formativa e somativa do
aprendizado escolar
▪ 1971 nos Estados Unidos
▪ 1983 no Brasil
▪ Influenciou os meios acadêmicos da
época e influencia até os nossos dias
▪ Bloom define avaliação como “coleta
sistemática de evidências por meio das
quais determinam-se mudanças que
ocorrem nos alunos e como ocorrem”

▪ Inclui uma grande variedade de


evidências que vão além do tradicional
exame final de caneta e papel.
▪ Funções da avaliação – diagnosticar,
retroinformar e favorecer o desenvolvimento
individual, ou seja, a avaliação diagnóstica
▪ Pressupostos que devem nortear a avaliação
diagnóstica – deve ocorrer no início de uma
unidade DE ENSINO, semestre ou ano letivo
AVALIAÇÃO FORMATIVA AVALIAÇÃO SOMATIVA

Objetivo – o que se Domínio de determinada Alcance de objetivos mais


pretende fazer com os tarefa de aprendizagem amplos (do curso ou de
resultados grande parte dele)

Época – ao longo do Enquanto se processa o Após o término do


tempo, do processo de ensino/aprendizagem processo de
ensino e aprendizagem ensino/aprendizagem

Motivo da avaliação Visa o diagnóstico, a Visa a classificação ou o


recuperação e o julgamento
planejamento
Freqüência Freqüentemente Geralmente duas a três
vezes no curso
Atribuição de nota Atribui notas como Atribui notas que são
parâmetro para saber o divulgadas, tornam-se
que o aluno aprendeu e o públicas
que não aprendeu

Nível de generalização do Habilidades ou pré- Detém-se mais na


conhecimento esperado requisitos detalhados capacidade geral de
para cada objetivo amplo “construir e interpretar
As idéias de Bloom enquadravam-se na corrente
quantitativa da avaliação que predominou na
literatura brasileira até o início dos anos 80.
Tal corrente valoriza o uso de instrumentos e
tecnologias diversas para a mensuração do
rendimento do aluno com o propósito de
alcançar objetivos comportamentais, bem como
traduzir a quantificação do conhecimento
adquirido que ainda predomina no pensamento
educacional brasileiro, expresso nas práticas
avaliativas desde a Educação Básica até o Ensino
Superior (MEZZAROBA & AVARENGA, 1999;
SAUL, 1988).
Avaliação democrática,
promovendo a inclusão:
Esta perspectiva engloba as alternativas de avaliação
que estão pensadas como parte de um processo de
construção de uma pedagogia multicultural,
democrática, que vislumbra a escola como uma zona
fronteiriça de cruzamento de culturas. Esta percepção
implica numa mudança radical na lógica que conduz às
práticas de avaliação porque supõe substituir a lógica da
exclusão, que se baseia na homogeneidade inexistente,
pela lógica da inclusão, fundamentada na
heterogeneidade real.
ZDP – Segundo, Mª Teresa
Esteban
A palavra “Possibilidade” nos convida a transformar
a realidade. A existência da possibilidade nos desafia a
buscar alternativas. Nessa busca Esteban encontra o
conceito de “zona de Desenvolvimento Proximal” – ZDP
(Vigotsky, 1988), como um instrumento que amplia a
reflexão sobre o processo de avaliação.
Quem erra não sabe?

O erro oferece novas informações e formula novas


perguntas sobre a dinâmica
aprendizagem/desenvolvimento, individual e coletiva. O
erro, muitas vezes mais do que o acerto, revela o que a
criança “sabe”, colocando este saber numa perspectiva
processual, indicando também aquilo que ela “ainda não
sabe”, portanto o que pode “vir a saber”.
O que sabe quem erra?

▪ As respostas predeterminadas cedem lugar às


respostas em constante construção, desconstrução e
reconstrução, que passa a configurar o início de
novos questionamentos, sejam elas certas ou
erradas. As diferenças entre alunos são assumidas
como peculiaridades que devem ser trabalhadas e
incorporadas pelo movimento coletivo, deixando de
ser compreendidas como deficiências que precisam
ser corrigidas.
Avaliação, segundo Pedro
Demo:
▪ As notas facilmente estabelecem metas quantitativas,
fragmentadas e isoladas, levando frequentemente a
formalizações excessivas que ressecam e
despersonalizam os relacionamentos. O professor
conhece melhor a nota do que o aluno. Muitos alunos
que recebem nota baixa sabem apenas que precisam
obter notas mais alta
Tipos de avaliação:

▪ Avaliação Diagnóstica: deve ser voltada para


autocompreensão e participação do aluno. O
produto esperado da avaliação diagnóstica é a
detecção de problemas, procurando identificar
causas e apontar soluções.
▪ Avaliação Contínua: Não requer o planejamento de
atividades específicas de avaliação, diferenciadas da
prática cotidiana da aula, mas um conjunto de
elementos integrados em cada uma das atividades
de classe que começam já no planejamento da
atividade, são ajustadas no seu transcurso e são
registradas mediante instrumentos simples e
práticos.
Avaliação Formativa:

▪ Avaliação Formativa: Não se trata apenas de avaliar o


nível de aprendizagem dos alunos. O professor deve
avaliar, o próprio processo de ensino e atividade que
realiza na aula. Dessa forma, ao analisar seu próprio
trabalho e o acontecido na aula, o professor adquire
critérios e elementos para introduzir mudanças em sua
atividade docente e ampliar a atenção que dispensa a
seus alunos. Estratégias para avaliação formativa:
▪Obter informações necessárias para acompanhar o
percurso de cada criança e do grupo;
▪ Apreender o modo como cada criança representa os
conceitos trabalhados;
▪ Investigar como as crianças pensam sobre o que
ensinamos;
▪ Pensar nas possibilidades que assegurariam a
qualidade de ensino e aprendizagem;
▪ Refletir sobre como proceder para que as crianças
evidenciem seus avanços e dificuldades;
▪ Analisar as respostas dadas pelas crianças;
▪ Buscar compreender a lógica utilizada pelas
crianças na realização das tarefas propostas.
Sistema de avaliação no Ensino Fundamental

Municípios Instrumentos Registros Indicadores


Duque de Instrumentos avaliativos * Ciclo - Relatório Ciclo – Registros
contínuos
Caxias diversificados Descritivo Individual
* Seriação – Boletim Seriação – Notas de 1,0 a
10,
informativo e Relatório
descritivo da turma

Niteroi Procedimentos e * Anual: Conceitos


instrumentos diversificados: Relatório avaliativo A – Muito Bom
Exercícios avaliativos * Processual: B – Bom
Trabalhos em grupo Anotações do professor C – Regular
Pesquisas Portfólios D – Satisfatório
Seminários Fichas de avaliação e E - Insuficiente
autoavaliação
Fichário individual
Diário reflexivo
Queimados Procedimentos Ciclo – Relatório Ciclo – Observações dos
diversificados Descritivo Individual avanços e dificuldades
Seriação – Ficha dos
Individual alunos
Seriação – Notas de 1,0 a
10,0

Rio de Janeiro * Provas encaminhadas Boletim informativo Notas e conceitos


pelo
0 a 49 – I (Insuficiente)
nível central - Secretaria 50 a 69 – R (Regular)
Municipal de Educação – 70 a 79 – B (Bom)
Peso 2
80 a 100 – MB (Muito
* Outros instrumentos Bom)
utilizados pelo professor

Peso 1
A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

“O importante não é a
forma, mas a prática
de uma concepção de
avaliação que privilegie
a aprendizagem.”
Indagações sobre currículo, p. 31, 2008
SEGUNDO JUSSARA HOFFMANN

Considera como pressupostos básicos


de uma proposta de avaliação:
As crianças apresentam maneiras
peculiares e diferenciadas de vivenciar as
situações, de interagir com os objetos do ➢ Observação atenta e curiosa sobre as
mundo físico. manifestações de cada criança;
O seu desenvolvimento acontece de ➢ Reflexão sobre o significado dessas
forma aceleradíssima. A cada minuto manifestações em termos de seu
realizam novas conquistas, desenvolvimento.
ultrapassando nossas expectativas e
causando muitas surpresas.
NEGAÇÕES QUE SE PERPETUAM NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
NEGAÇÕES QUE SE
PERPETUAM ...
CRÍTICAS... ▪ A criança NÃO é considerada como o
centro da ação avaliativa.
▪ A avaliação na Educação Infantil é,
▪ Os registros de avaliação NÂO se referem
perigosa e gradativamente, a distorção
à criança em termos de seu
dessa perspectiva fundamental de
desenvolvimento pleno.
observação e acompanhamento.
O QUE ACONTECE É QUE SE
▪ O que vem ocorrendo é, cada vez mais, a
DESCONSIDERA A CRIANÇA EM DOIS
adoção, por instituições de Educação
SENTIDOS:
Infantil, de modelos da prática avaliativa
tradicional do ensino regular. 1. Observa-se e acompanha-se a criança em
suas descobertas, entretanto, quando se
registram aspectos do seu
desenvolvimento, em geral é para
apresentar resultados aos pais ou por
necessidade de registros escolares.
2. Os “pareceres descritivos” representam, em
sua maioria, registros de observações
esporádicas e superficiais do professor.
O professor NÂO reflete É IMPORTANTE...
teoricamente sobre as ➢ Situar a ação avaliativa no cotidiano da Educação Infantil
possibilidades das crianças exige a consideração da criança como a razão
em termos de estágios de fundamental dessa prática, assim como exige tomar
desenvolvimento. consciência de que toda e qualquer ação do educador tem
por base uma intenção.
➢ É preciso argumentar a favor de um aprofundamento
➢Essa segunda negação teórico em ambas as direções: quanto às possibilidades
vincula-se à anterior, porque, das crianças nos diferentes estágios de desenvolvimento e
com base em expectativas quanto às especificidades das ações educativas.
determinadas pelos adultos,
são estabelecidas rotinas e ➢ A avaliação concebida como observação, reflexão e ação
procedimentos encaminha fortemente o educador a esse
desconsiderando-se o aprofundamento, à medida em que é impelido a
significado deles em relação às encontrar respostas aos questionamentos decorrentes da
etapas de desenvolvimento adoção de uma postura investigativa.
das crianças, às suas
possibilidades, suas
necessidades.
Princípios importantes no processo
avaliativo

▪ Partir dos interesses e necessidades das crianças em direção a ampliação de


suas possibilidades.
▪ Confiar nas suas tentativas, valorizar suas descobertas.
▪ Perseguir o desenvolvimento de ações educativas interligadas e centradas
na própria criança, sem rupturas.
▪ Perceber a avaliação em sua possibilidade de vir a ser um elo consistente
desse encadeamento.
Proposta de Avaliação

Concepção de Criança Proposta de Avaliação

Criança como ser político e social, sujeito de seu Avaliação como acompanhamento no processo de
próprio desenvolvimento. desenvolvimento.

Autônoma (com capacidade e liberdade de tomar Observação da criança fundamentada no


decisões). conhecimento de suas etapas de desenvolvimento.

Crítica e criativa (observadora, questionadora, Oportunização de novos desafios com base na


curiosa e inventiva). observação e reflexão teórica.

Participativa (agindo com cooperação e Registro das manifestações das crianças e de


reciprocidade). aspectos significativos de seu desenvolvimento.

Diálogo freqüente e sistemático entre os adultos


que lidam com a criança e os pais ou responsáveis.
“A construção do resignificado da avaliação
pressupõe dos educadores um enfoque crítico
da educação e do seu papel social.”

Jussara Hoffmann

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