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AVALIAÇÃO EDUCACIONAL

Profa. Me. Naiara Bernardino


Período: 2021.1
tianana.unibra@gmail.com
Avaliação da Aprendizagem − Práticas de Mudança:
por uma práxis transformadora
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação da
Aprendizagem − Práticas de Mudança: por uma práxis
transformadora. São Paulo: Libertad, 2003.

Postado por Experiências de Educação às domingo, fevereiro 21, 2010


Elevados índices de reprovação e evasão, somados à baixa
qualidade da educação escolar, apontaram enormes estragos
causados pela prática classificatória. No sentido de reverter o
quadro de fracasso escolar, várias iniciativas foram tomadas,
colocando a avaliação em pauta.

As análises dos últimos anos criticam as práticas avaliadoras dos


educadores. É notório que os educadores esperam sugestões,
propostas e receitas, que não existem em virtude da
complexidade da tarefa educativa. É necessário que o educador
desenvolva métodos de trabalho, para não ficar escravo de
técnicas e procedimentos obsoletos.
Para mudar é preciso que se tome consciência de diversas
condições problemáticas que influenciam no cotidiano escolar:
sistema social seletivo, tradição pedagógica autoritária e
reprodutora, formação acadêmica inadequada e condições
precárias de trabalho.
As condições subjetivas podem inibir ou potencializar a ação.
Entre elas, podemos destacar:
• falta de clareza conceitual – dificuldade em abrir mão do
método de avaliação tradicional, de mudar o pensamento e a
percepção;
• falta de caminhos – o educador não percebe a necessidade de
novas teorias e orientação diante de condicionamentos
presentes;
• incredulidade sobre a necessidade de mudança – a
insegurança do educador traz fortes obstáculos,
principalmente ao pensar que o problema não diz respeito a
ele (a culpa é da legislação, da família que não colabora, e/ou
do aluno desinteressado).
No cotidiano escolar, a avaliação ocupa um espaço enorme; o grande
investimento em material, registro e instrumentos avaliadores
impossibilita a percepção do problema em sua totalidade, e deixa em
segundo plano a preocupação com a construção do conhecimento. A
avaliação, que deveria ser uma medição transformadora da prática,
perde força por estar montada em bases equivocadas; os instrumentos
de avaliação aplicados induzem o aluno à memorização mecânica.
Quando se parte do princípio de que o problema está no aluno, não há
porque avaliar de outras formas.
Capítulo 1 − Avaliação como compromisso com a
aprendizagem de todos – por uma nova intencionalidade

A avaliação deve estar comprometida com a


aprendizagem e desenvolvimento dos alunos.
Nesse contexto, é necessário intervir na realidade,
a fim de transformar; ou seja, deve-se rever o
enfoque da própria intencionalidade da avaliação,
do objetivo que se propõe a atingir. O maior
desafio da avaliação de aprendizagem é a
concretização de um novo propósito: o homem
como ser criador, transformador. Possui caráter
engajado o que implica no investimento do
sujeito; e caráter transitivo, algo que está em
movimento, indo para a atividade prática
(intenção de se tornar realidade).
Atender aos alunos em suas necessidades educacionais revela
uma nova concepção de trabalho pedagógico que pode entrar em
um saudável conflito; na realidade, é fundamental na formação
da cidadania. O educador pode mudar a forma de se relacionar
com o aluno, trabalhar de uma maneira mais adequada, abrindo
possibilidades de crescimento, de construção de uma
autoimagem positiva.
A mudança de intencionalidade afeta de forma significativa a
prática, favorecendo nova postura ao educador. Quando existem
estruturas, há economia de tempo, de recursos materiais e
humanos.
Essa transformação dá-se por meio de:
• construção coletiva do projeto educacional – relação em que se
analisa o andamento da instituição;
• conselhos de classe – propicia o fortalecimento e
comprometimento com a mudança;
• organização das turmas – aproveitam-se as diferenças para
estimular a interação entre alunos;
• professor orientador – facilita aproximação com o aluno;
avaliação do avaliador; atendimento individualizado;
• laboratório de aprendizagem;
• abertura a estágios;
• ciclos de formação;
• práticas de transição – estudo nas férias, classes de aceleração.
Capítulo 2 − Conteúdo e forma da avaliação

Existe uma gama de iniciativas que favorecem uma nova prática


de aprendizagem. Sabemos que o aluno na escola não aprende
só por meio do que lhe é ensinado, mas adquire também
atitudes, hábitos e valores, desenvolvendo assim estruturas de
pensamento.
A avaliação do educador subdivide-se em duas grandes
dimensões: cognitiva, que diz respeito ao aluno em termos de
conhecimento, habilidades e operações envolvidas; e
socioafetiva, relativa a aspectos ligados ao interesse,
responsabilidade, comportamento e disciplina.
É necessário reconhecer que a avaliação socioafetiva é muito exigente;
sua concretização fica comprometida pela atual realidade escolar (falta
de dedicação do professor, excesso de alunos em sala etc.). Sabe-se
que a questão não é reprovar o aluno que apresenta dificuldade, é sim
ajudá-lo a superá-la: se o aluno não está aprendendo, não é de pontos
que ele necessita, mas de um professor com propostas adequadas, que
leve em conta sua realidade, mobilizando-o para o conhecimento.
Torna-se necessário destacar que a preocupação do educador não
deve estar em “como gerar nota” e sim “como gerar
aprendizagem”. A avaliação socioafetiva não se vincula à
classificação, mas à preocupação de que o aluno faça uma
autoavaliação − para que possa perceber o erro, buscando formas
de superação; para que ele assuma sua participação em sala de
aula, os relacionamentos, a maneira de tratar suas dificuldades na
aprendizagem. Essa autoanálise corresponde à essência da
avaliação, a busca da autorreferência.
Capítulo 3 − Avaliação e vínculo pedagógico

Sabemos que o grande desafio


pedagógico em sala de aula é a
formação humana por meio do
trabalho com o conhecimento
baseado no relacionamento
interpessoal e na organização da
coletividade. O vínculo pedagógico
trabalhado em sala de aula é a
gestão do processo de
conhecimento: suas necessidades,
objetivos, conteúdos, metodologias,
relacionamentos, recursos e
interfaces de avaliações.
Esse vínculo pedagógico relaciona-se com a proposta de trabalho
e o interesse. Os educadores atribuem uma enorme importância
ao interesse do aluno no processo educativo, incluem como um
fator de provocação e/ou impotência. Essa visão limitada revela
bases equivocadas, pois, em vez tentar ir fundo na questão do
interesse, procura-se uma volta ao passado.
Vários fatores contribuem para que o aluno perca o interesse pela
escola: desmonte social, falta de perspectiva de vida, violência,
desestruturação familiar, contradições internas das instituições de
ensino etc.
Na avaliação tradicional, encontra-se
um dos mais comuns pontos de fuga da
mobilização: o educador não consegue
motivar o aluno para o trabalho, então
apela e usa a nota como instrumento
de pressão para obter a disciplina,
sendo essa uma das estratégias
corriqueiras para tornar “significativo”
o trabalho. Esse método faz com que o
aluno não se relacione com o
conhecimento, e só se preocupe em
garantir sua nota.
Capítulo 4 − Avaliação e mudanças institucionais e sociais
Persistir na ideia de que não adianta o educador mudar apenas
sua prática − mas sim sua postura em relação ao todo − é de
fundamental importância, pois a transformação não pode ficar
restrita à mentalidade e à prática de avaliação dos professores:
precisa ser articulada com mudanças estruturais da própria
instituição, com uma nova concepção de todos os envolvidos.
Não se restringe a um esforço isolado do educador, mas é fruto
coletivo de um trabalho que faça diferença, objetivando a
construção de novas formas de organização, rotina e regras.
Na busca pela mudança é necessário não separar conteúdo e
método. A instituição não deve ser vista somente como espaço
para ministrar aula, e sim como lugar de formação − não só do
aluno, mas também do educador – que, por sua vez, deverá ir em
busca do estudo por meio da problematização, de leitura e de
crítica; seu desejo de mudança deve ser o motor da elaboração do
projeto político-pedagógico da instituição, sendo esta um espaço
privilegiado de construção do coletivo escolar.
O papel da instituição, seja ela pública ou privada, é formar bem
seus alunos, de tal maneira que sejam fortalecidos para
enfrentar os desafios da vida − como o vestibular, superando sua
formulação alienada −, apontando novos afazeres para que os
alunos possam aprender mais e melhor. Também não pode
deixar ninguém pelo caminho, mas fazer avançar, refletir,
desfrutar o prazer do conhecer, ser capaz de intervir dentro e
fora da escola.
http://nanareyseducacao.blogspot.com/2010/02/avaliacao-da-aprendizagem-
praticas-de.html Acesso em : 13/10/2019

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