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O Trabalho didático na EJA: metodologias e processos avaliativos

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O TRABALHO DIDÁTICO NA EJA: METODOLOGIAS E PROCESSOS AVALIATIVOS

1. Organização Curricular em Eixos Temáticos

O Curso de Educação de Jovens e Adultos – Conectando Saberes propõe a organização da ementa


curricular em eixos temáticos, na oferta dos módulos que compõem as etapas do ensino fundamental e do
ensino médio.  Com objetivo de produzir conhecimento dialogando de forma integrada entre componentes
curriculares e as áreas de conhecimento, a organização por eixos temáticos possibilita a flexibilidade dos
conteúdos entre os componentes curriculares e as áreas de conhecimento fazendo com que o processo
de aprendizagem seja significativo para os estudantes da EJA.

Figura 1 – Curso de EJA Conectando Saberes

Fonte: SED/MS (2022)


 

Os eixos temáticos dispostos no Projeto Pedagógico de Curso Conectando Saberes são princípios
produtores a serem explorados a partir de entrecruzamentos com as dimensões metodológicas de
produção, contextualização, problematização e compreensão crítica. Nesse sentido, práticas diferenciadas
desenvolvidas na educação de jovens e adultos devem inter-relacionar os eixos temáticos às
competências e habilidades e aos conteúdos específicos de cada componente curricular, para
promoverem uma aprendizagem significativa, na qual o estudante atue como um agente condutor da sua
aprendizagem.

2. Metodologias e processos avaliativos na EJA

2.1 A metodologia na EJA

A concepção metodológica que embasa um curso de Educação de Jovens e Adultos - EJA está
fundamentada na valorização dos conhecimentos prévios que são construídos pelos indivíduos a partir de
sua interação com o meio físico, social e cultural sendo, portanto, advindos das experiências diárias
oriundas do contexto pessoal e do mundo do trabalho.

É fundamental que o professor desenvolva o trabalho pedagógico pautado no respeito à autonomia dos
seus educandos, valorizando a cooperação e o diálogo, evitando a coerção e a dominação, observando as
diferenças intelectuais, afetivas e emocionais, buscando a formação de atitudes reflexivas, como serem
tolerantes e respeitarem o outro, respeitando-se. Além do mais, compete ao professor criar situações de
aprendizagem que possibilitem ao estudante verbalizar o seu pensamento enfatizando, também, que
todos possuem habilidades e qualidades distintas uns dos outros e são capazes de aprender.

Com essa compreensão, percebe-se que as relações instituídas entre professores e estudantes interferem
na organização do trabalho docente, tendo em vista que estas orientam na definição da dinâmica de
acompanhamento, a começar pela organização da rotina pedagógica, passando pelos procedimentos
metodológicos, pelos recursos didáticos e pela avaliação dos resultados.

Assim, quando os professores trabalham na perspectiva da construção de um ser crítico autônomo e


participativo estão propiciando aos estudantes conhecer os seus direitos e conscientizando-os da
importância de exercerem a cidadania perante a sociedade em que estão inseridos, com competência
para enfrentarem os constantes desafios do mundo globalizado.

2.2 Um olhar sobre os aspectos metodológicos na EJA: o que considerar?

Para a prática de metodologias inovadoras, que leve o estudante a uma nova perspectiva educacional, o
profissional docente deve se atentar aos seguintes aspectos:

·         o estudante da educação de jovens e adultos deve ser visto como sujeito de direitos que possui
conhecimentos pessoais e ricas experiências sendo necessário a aproximação do conhecimento científico
às suas experiências uma vez que devem ser vistos como agentes ativos no processo de aprendizagem;

·         o conhecimento não ocorre de maneira uniforme, mas na rede de

relações que estabelece entre o objeto a ser apreendido e os demais objetos e, ainda, acontecimentos
que o cercam;

·         o público da educação de jovens e adultos é parte de uma demanda peculiar, com características
específicas, por isso, deve-se reconhecer a diversidade e buscar formas de acolhimento, no intuito de
evitar o fracasso escolar e o abandono;
·         as atividades de acolhimento desenvolvidas com os estudantes devem envolver tanto os aspectos
de valorização do conhecimento, como as formas de expressão de cada um, o processo de socialização, a
realidade sociocultural e a jornada de trabalho;

·        deve ser considerado o momento da escolaridade em que cada um encontra-se, as experiências


vividas, os conhecimentos construídos anteriormente e a forma de pensamento que dispõe a fim de
redimensionar e ajustar as ações pedagógicas;

·         a interação com o estudante proporciona a circulação de informações, a troca de experiências, a


tomada de decisões e contribui para que o objeto a ser aprendido tenha características socioculturais
reais, para que ocorra uma situação de aprendizagem eficaz, na qual os conteúdos escolares apresentem
uma significação e um sentido;

·                o saber popular deve servir de ponto de partida para a aquisição de outros saberes. Nessa
perspectiva, os conhecimentos complementam-se.

·                  a educação não é neutra e, por isso, deve possuir um caráter formador, isto é, ao optar pela
transformação da realidade deverá ser problematizadora, criativa e reflexiva, contribuindo para que o
estudante passe da consciência ingênua à crítica, desvelando os instrumentos de controle social e, ainda,
oportunizando ao cidadão assumir o compromisso de atuar sobre a transformação social;

·                  a avaliação deve ser pensada no contexto escolar, como elemento integrante da proposta,
direcionada a tomada de decisões, o planejamento e demais ações pedagógicas, com o objetivo de
aprimorar, alinhar e redimensionar o processo de aprendizagem.

Ainda, faz-se necessário comentar o papel dos conteúdos na educação de jovens e adultos, tendo em
vista que o jovem, o adulto e o idoso são sujeitos que já colocam em ação conhecimentos construídos e
experiências de vida. Portanto, é preciso considerar numa perspectiva mais ampla, as diferentes
dimensões dos conteúdos, assim, não só os de natureza conceitual – aqueles que envolvem a abordagem
de conceitos, fatos e princípios – devem ser estudados, como também os de natureza procedimental –
expressam um saber fazer, de forma ordenada, não aleatória, visando a uma meta – e atitudinal – nesse
incluem-se as normas, valores e atitudes. Incluir, explicitamente, o desenvolvimento de atitudes e trabalhar
os valores não caracteriza controlar o comportamento dos estudantes, mas intervir, quando necessário.

A organização das diferentes naturezas dos conteúdos deverá ser contemplada em sua totalidade. Quanto
ao tempo didático, esse se refere ao tempo educativo de trabalho realizado com o estudante. Nessa
perspectiva, existem diferentes formas de administrar e de organizá-lo. Considerando que a aprendizagem
dos estudantes necessita de sucessivas reorganizações, podem-se propor diferentes formas
organizativas, que se articulam e coexistem no fazer pedagógico do docente.

2.3 Processos Avaliativos na EJA

                   

Tendo como fio condutor a educação que valoriza a diversidade e reconhece as diferenças, corroboramos
com Luckesi (2011, p. 264) ao definir a avaliação como “[...] uma atribuição de qualidade, com base em
dados relevantes da aprendizagem dos estudantes, para tomada de decisão”, assim o processo avaliativo
deve ser entendido como parte integrante da práxis pedagógica e estar voltado para atender as
necessidades dos estudantes, considerando o seu perfil e a função social da Educação de Jovens e
Adultos - EJA, isso é, o seu papel na formação da cidadania e na construção da autonomia.

Para Luckesi (2011, p. 263), a avaliação da aprendizagem é um recurso do professor para auxiliar o
estudante da educação de jovens e adultos na sua autoconstrução por meio de aprendizagens bem-
sucedidas. Também subsidia o educador em sua prática pedagógica, pois lhe permite verificar a eficácia,
ou não, de seus atos e dos recursos utilizados.

  Sob essa óptica, a avaliação deve direcionar a prática pedagógica para o desenvolvimento de
competências, habilidades e atitudes, o que constitui novos desafios à escola no que se refere ao seu
papel para o desenvolvimento do currículo. As reflexões sobre a avaliação, nesse contexto, devem levar
em consideração algumas características da avaliação que podem auxiliar o professor na tarefa de avaliar.
É preciso que os conhecimentos requeridos para desenvolver as habilidades apresentem uma lógica que
considere a idade e o desenvolvimento cognitivo do estudante da educação de jovens e adultos.
Avaliar é, sobretudo, uma forma de entender a vida do estudante. A avaliação exige sensibilidade na sua
realização, por causa da sua dimensão subjetiva, que lida com o humano e, também, por isso, constitui-se
um grande desafio para a escola e para os educadores. Assim, a escola deve demonstrar, em todas as
suas atividades, esse cuidado com a avaliação e suas relações com as demais instâncias do processo
educativo, buscando produzir coerência entre o que se ensina, o que se faz, e o modo como se avalia.

Figura 2 – Instrumentos avaliativos

Fonte: SED/MS (2022)

                   

Dessa perspectiva, é importante que a escola redefina e analise o modelo de avaliação utilizada em seu
cotidiano, bem como seu papel frente a essa dinâmica, que deve ser entendida como coletiva. É
inadmissível uma prática avaliativa em que os estudantes sejam submetidos a uma única oportunidade de
aferição. Assim, deverão ser utilizados durante os módulos variados instrumentos avaliativos, a fim de
averiguar os avanços dos estudantes naquele período, permitindo-lhes um processo avaliativo processual
capaz de mensurar, com clareza e justiça, o progresso obtido pelos estudantes.

2.4 Alguns instrumentos avaliativos e critérios de avaliação

Figura 3 – O Debate como intrumento avaliativo


Fonte: SED/MS (2022)

Figura 4 – Instrumento avaliativo Trabalho em Grupo


Fonte: SED/MS (2022)

Figura 5 – Instrumento avaliativo Relatório


Fonte: SED/MS (2022)

REFERÊNCIA

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem. São Paulo: Cortez 2011.

MATO GROSSO DO SUL. Resolução/SED n. 3794, de 2 de dezembro de 2020. Aprova o Projeto


Pedagógico do Curso de Educação de Jovens e Adultos – Conectando Saberes. Campo Grande: SED,
2020.

MORAN, José Manoel. Metodologias ativas para uma educação inovadora. Porto Alegre: Penso, 2018.

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