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MINISTÉRIO DO ENSINO SUPERIOR, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DE BENGUELA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

Trabalho de fim do curso para obtenção do grau de licenciatura em


Ciências da Educação, opção: Ensino da Pedagogia

AUTORA: Adalgisa Sabina Chinjola Movele

FACTORES SOCIOPEDAGÓGICOS ASSOCIADOS AO BAIXO


RENDIMENTO ESCOLAR DOS ALUNOS DA 6ª CLASSE NA ESCOLA
PRIMÁRIA BG Nº 1013, MUNICÍPIO DE BENGUELA

BENGUELA/2021
MINISTÉRIO DO ENSINO SUPERIOR, CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DE BENGUELA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

Trabalho de fim do curso para obtenção do grau de licenciatura em


Ciências da Educação, opção: Ensino da Pedagogia

FACTORES SOCIOPEDAGÓGICOS ASSOCIADOS AO BAIXO


RENDIMENTO ESCOLAR DOS ALUNOS DA 6ª CLASSE NA ESCOLA
PRIMÁRIA BG Nº 1013, MUNICÍPIO DE BENGUELA

AUTORA: Adalgisa Sabina Chinjola Movele

ORIENTADORA: Maria Antónia Pinto da Silva Freitas, MSc.

CO-ORIENTADOR: Narciso Jorge Chimbolo Dumbo, LIC.

BENGUELA, 2021
DEDICATÓRIA

Aos meus pais Geraldo Movele (em memória) e Augusta de Assunção Chinjola e
familiares, pela paciência e compreensão;

A todos aqueles que directa ou indirectamente contribuíram para a feitura do


presente esboço de investigação.

ii
AGRADECIMENTOS

Com elevada prioridade, agradeço a Deus Todo-Poderoso pelo dom da vida;

Aos meus pais Geraldo Movele (em memória) e Augusta de Assunção Chinjola e
familiares, fonte do meu conforto, pela complexa e plural ajuda moral, didáctico,
coragem e confiança transmitida nos momentos decisivos da minha vida;

À estimada tutora Maria Antónia Pinto da Silva Freitas, MSc., pela sábia orientação
durante a elaboração do presente trabalho; sem me olvidar do Dr. Narciso Jorge
Chimbolo Dumbo, pelo auxílio precisado;

Aos meus companheiros e amigos Guilherme Bomba, Miguel Madaleno e Firmino


Huambo, pela convivência e partilha de conhecimentos durante a elaboração do
trabalho;

À todos os colegas de caminhada curricular pelo carinho beneficiado durante a


convivência académica e todo apoio recebido;

Aos professores do Instituto Superior de Ciência de Educação em Benguela


(ISCED), pela partilha de conhecimentos configurados no processo de ensino-
aprendizagem, traduzidos no fortalecimento de competências gerais e
aperfeiçoamento da nossa personalidade.

iii
RESUMO

Este trabalho teve como foco de estudo “factores sociopedagógicos associados ao


baixo rendimento escolar dos alunos da 6ª classe na escola Primária BG nº 1013,
município de Benguela”, tendo como ponto de partida, a formulação do seguinte
problema: Como os factores sociopedagógicos estão associados ao baixo
rendimento escolar dos alunos da 6ª classe na escola Primária BG nº 1013,
município de Benguela? Com o propósito de dar resposta ao problema, foi traçado o
seguinte objectivo geral: Analisar os factores sociopedagógicos associados ao baixo
rendimento escolar dos alunos da 6ª classe na escola Primária BG nº 1013,
município de Benguela. Trata-se de uma pesquisa com abordagem mista, de tipo
descritivo, onde foram utilizados os métodos: analítico-sintético, dedutivo-indutivo,
pesquisa bibliográfica e o procedimento matemático-estatístico, e as técnicas como:
entrevista, o inquérito por questionário e a observação. Em termos de resultados
constatou-se que os factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento
escolar dos alunos da 6ª classe na escola em questão estão relacionados com a as
condições estruturais da escolar, a relação entre a família e a escola e a fraca
participação dos encarregados, o interesse dos alunos em aprender, a pandemia da
Covid-19, bem como a adaptação das professoras na aplicação de metodologias
que se adequam ao ritmo de aprendizagem dos alunos.

Palavras - chave: Factores sociopedagógicos e rendimento escolar.

iv
ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA..............................................................................................................ii

AGRADECIMENTOS....................................................................................................iii

RESUMO......................................................................................................................iv

ÍNDICE DE TABELAS..................................................................................................vii

INTRODUÇÃO............................................................................................................10

CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................14

1.1. Definição de conceitos-chave........................................................................14

1.2. Plano de estudo do Ensino primário..............................................................15

1.3. Breve abordagem sobre o rendimento escolar................................................19

1.4. Abordagem sobre os factores sociopedagógicos associados ao rendimento


escolar......................................................................................................................21

1.4.1. Factores sociais..........................................................................................24

1.4.2. Factores pedagógicos................................................................................28

CAPÍTULO II: METODOLOGIA DO TRABALHO.......................................................38

2.1. Tipo de investigação.........................................................................................38

2.2. Métodos, técnicas e instrumentos de recolha de dados..............................38

2.3. Caracterização da Escola..............................................................................41

2.4. População e Amostra....................................................................................41

CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS


RESULTADOS............................................................................................................43

3.1. Apresentação e análise e interpretação dos resultados da entrevista dirigida


aos membros da direcção........................................................................................43

3.2. Apresentação e análise e interpretação dos resultados da entrevista dirigida


aos professores........................................................................................................47

3.3. Apresentação e análise e interpretação dos resultados do inquérito por


questionário aplicado aos alunos............................................................................52

3.4. Apresentação e análise e interpretação dos resultados da entrevista dirigida


aos pais/encarregados de educação.......................................................................55
v
3.5. Apresentação, análise e interpretação dos resultados obtidos na observação
das aulas..................................................................................................................60

CONCLUSÕES...........................................................................................................64

SUGESTÕES..............................................................................................................65

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................66

Apêndice A: Roteiro de entrevista dirigida aos membros da direcção da Escola

Apêndice B: Roteiro de entrevista aplicada aos professores

Apêndice C: Boletim de inquérito por questionário aplicado aos alunos

Apêndice D: Guião de entrevista aos pais e encarregados de educação

Apêndice E: Guião de observação de aulas

vi
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Gostas de estudar.......................................................................................47


Tabela 2: Gostas da sua escola..................................................................................47
Tabela 3: Como tem sido a sua relação com os professores.....................................48
Tabela 4: Tens boas notas em todas disciplinas........................................................48
Tabela 5: Os seus pais têm comprado o material escolar..........................................49
Tabela 6: Os seus pais te ajudam a resolver as tarefas de casa...............................50
Tabela 7: Factores sociais relacionados com o baixo rendimento escolar dos alunos
da 6.ª classe...................................................................................................59
Tabela 8: Factores pedagógicos relacionados com o baixo rendimento escolar dos
alunos da 6.ª classe.......................................................................................60
Tabela 9: Avaliação das condições estruturais da escola..........................................62

vii
INTRODUÇÃO

O rendimento escolar diz respeito ao resultado das competências académicas


dos alunos quando avaliados em diferentes campos da aprendizagem. O mesmo
pode ser verificado com maior ou menor capacidade para aprender e depende de
diferentes factores, que se mostra como sendo um dos mais importantes.

Na perspectiva de Santos e Almeida (2001) o rendimento escolar avalia-se


tendo em conta a fase de desenvolvimento em que o indivíduo se encontra,
esperando que o aluno supere os desafios de acordo com a sua idade,
correspondente à sua fase de desenvolvimento.

Os estudos demonstram, claramente, que os factores pedagógicos e sociais


têm uma relação directa e positiva com os resultados académicos e,
consequentemente, com o número de anos que os alunos permanecem nas
instituições de ensino (Lemos, Almeida, Guisande, & Primi, 2008). O rendimento
escolar é, portanto, avaliado através da medição da inteligência, com factores como
a capacidade de memória, de percepção, de atenção, de raciocínio, de avaliação e
de resolução dos problemas (Lemos, Almeida, Guisande, & Primi, 2008).

Como factores negativos, vale ressaltar as conversas excessivas em sala de


aula, brincadeiras fora de hora e falta de interesse do aluno pela aprendizagem.
Outra determinante que pode interferir positiva ou negativamente no desempenho
escolar é a participação ou não da família na vida escolar do aluno. A família é o
primeiro grupo social em que o aluno começa a interagir, a aprender e onde busca
as primeiras referências no que diz respeito aos valores culturais e emocionais.
Assim como a família, a escola é responsável por fazer a mediação entre o indivíduo
e a sociedade. “Quando os pais são ausentes, ou quando o aluno tem um vínculo
familiar ruim, ele pode apresentar auto-estima prejudicada e distúrbios na
aprendizagem” (Paro, 1997, citado por Justi, Freitas, Oliveira & Vasconcelos, 2017,
p. 22).

A escola, por sua maior aproximação às famílias, constitui-se em instituição


social importante na busca de mecanismos que favoreçam um trabalho avançado,
no sentido de uma actuação que mobilize os integrantes tanto da escola, quanto da
família, em direcção a uma maior capacidade de dar respostas aos desafios que se

10
impõem a essa sociedade. “A escola é uma instituição de ensino que tem um
compromisso de socialização com os alunos, passando-lhes, conceitos básicos de
convivência e respeito, mesmo antes de começar a alfabetizar e a transmitir
conhecimentos” (Cúberes, 1997, citado por Justi et al, 2017, p. 23).

A motivação pela escolha do tema nasceu nas constatações verificadas


durante o ano lectivo 2019, na escola em estudo, nos alunos da 6.ª classe, isto é,
insuficiência de materiais didácticos por parte dos alunos, bem como as
metodologias aplicadas por alguns professores que achamo-las não facilitadoras de
aprendizagem. Dadas às situações acima elencadas, achamos que talvez, os factos
são relativos aos factores sociais e pedagógicos.

É nesta ordem de fundamentos acima descritos que nasceu esta abordagem,


visto que, em sentido contrário, podem contribuir no baixo rendimento escolar, a falta
do interesse do aluno em aprender, as condições sociais dos alunos e falta de
professores capacitados, interferem na concentração do aluno. Quando as
condições financeiras ou económicas das famílias não permitem um maior cuidado
ou zelo para com a criança, pode haver baixo rendimento escolar por falta de
recursos que lhe proporcionem boa alimentação, boa vestimenta ou melhor
qualidade de vida, de saúde, lazer, entre outros (Paro, 2007). O meio no qual essa
criança está inserida, influencia a sua aprendizagem, pois, comportamentos
inadequados por parte de pais, isto é, promiscuidade, prostituição, drogas na família,
violência doméstica, desemprego e desestruturação familiar são factores que
interferem directamente no comportamento da criança, dificultando sua
aprendizagem (Paro, 2007).

Nesta medida, cabe aos profissionais educacionais diagnosticar o tipo de


problema que o aluno enfrenta, o que muitas vezes não é tarefa fácil, portanto,
quando um professor perceber que alguma coisa não está dentro da normalidade
com o aluno, ou seja, que o aluno não está tendo um bom rendimento, ao invés de
achar que o aluno é incapaz de aprender, é preciso procurar conhecer as causas
dessa dificuldade.

Todavia, nem sempre o rendimento escolar do aluno é desenvolvido de


maneira desejada, havendo situações que inviabilizam a aprendizagem,
dependendo de vários factores. Assim são várias as inquietações que se colocam

11
em explorar o tema “factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento
escolar dos alunos da 6ª classe na escola Primária BG nº 1013, município de
Benguela”.

Tendo por base as referências antes descritas, foi formulado o seguinte


problema de investigação:
 Como os factores sociopedagógicos estão associados ao baixo rendimento
escolar dos alunos da 6ª classe na escola Primária BG nº 1013, município de
Benguela?

Com base no problema formularam-se as seguintes perguntas de investigação:


 Que fundamentos realçam sobre os factores sociopedagógicos associados
ao baixo rendimento escolar?
 Quais são os factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento
escolar dos alunos da 6ª classe na escola Primária BG nº 1013, município
de Benguela?
 Como se descrevem os factores sociopedagógicos associados ao baixo
rendimento escolar dos alunos da 6ª classe na escola Primária BG nº 1013,
município de Benguela?

Na opinião de Prodanov e Freitas (2013), um objecto de estudo é bem


definido quando delimita e descreve de forma objectiva e eficiente a realidade a ser
observável, ou seja, aquilo que pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar
através de métodos empíricos.

Tendo como objecto de investigação: os factores sociopedagógicos


associados ao baixo rendimento escolar dos alunos da 6ª classe na escola Primária
BG nº 1013, município de Benguela e campo de acção: processo de ensino
aprendizagem.

Para Cervo e Bervian (2005), citado por Mendes & Manuel (2016, p. 107), “os
objectivos que se têm em vista definem muitas vezes, a natureza do trabalho, o tipo
de pesquisa e o material a colectar”. Para a orientação do trabalho levantado,
elaboraram-se os seguintes objectivos:

Objectivo geral:
 Analisar os factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento

12
escolar dos alunos da 6ª classe na escola Primária BG nº 1013, município
de Benguela.

Objectivos Específicos:
 Apresentar teoricamente os factores sociopedagógicos associados ao
baixo rendimento escolar;
 Identificar os factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento
escolar dos alunos da 6ª classe na escola Primária BG nº 1013, município
de Benguela;
 Descrever os factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento
escolar dos alunos da 6ª classe na escola Primária BG nº 1013, município
de Benguela.
Quanto ao valor teórico do trabalho, consiste no aprofundamento dos
conhecimentos acerca da temática em estudo, ao passo que o valor prático visa
oferecer conclusões e sugestões que levadas a cabo, contribuirão significativamente
para os factores sociopedagógicos associados ao rendimento escolar dos alunos da
6ª classe na escola em questão.

O trabalho está estruturado por três capítulos precedidos de uma introdução:


o I capítulo faz uma alusão aos principais fundamentos teóricos que sustentam os
factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento escolar dos alunos; o II
capítulo: roteiro metodológico da investigação que se apresenta os principais
métodos de investigação científica utilizados na elaboração e recolha dos dados
empíricos do presente trabalho e; o III capítulo: apresentação e análise dos dados
recolhidos. Apresenta os principais resultados obtidos através da aplicação dos
instrumentos de recolha de dados da presente investigação, posteriormente
espelha-se as conclusões, sugestões referências bibliográficas e apêndices.

13
CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

“Os termos e conceitos apresentados na formulação do problema e das


hipóteses têm que ser claros e sem ambiguidade, isto é, têm que ser
operacionalmente definidos” (Zassala, 2017, p. 84). Assim sendo, antes de
entrarmos em detalhes sobre do tema, em primeiro lugar definimos os termos-chave
que constituem o nosso tema.

1.1. Definição de conceitos-chave

Para melhor compreensão deste trabalho de investigação consideramos


importante definir alguns termos e conceitos que entendemos serem fundamentais.

Factores sociais: são entendidos como sendo “todas as formas de pensar,


sentir e agir, adoptada pela sociedade e que se considera certo” (Infopédia, 2000, p.
12). Partindo do pressuposto de que a escola conforma um dado meio social, ou
seja, um micro-meio, é aceitável considerar que a realização do processo de ensino-
aprendizagem envolve diversos actores, entre os quais se produzem interacções
variadas que se reflectem na construção de ambientes que podem ser favoráveis os
desfavoráveis à concretização da aprendizagem.

Entende-se que, factores sociais correspondem a todo facto, situação ou


comportamento de uma comunidade que de alguma forma interfere directa ou
indirectamente no processo de aprendizagem dos alunos.

Para Grandi (1983) factores pedagógicos são todos os processos


relacionados com o ensino-aprendizagem que um determinado grupo ou indivíduo
elege como apropriado para o sistema de produção de conhecimento.

Compreende-se que, os factores pedagógicos são aqueles relacionados a


pedagogia, ou seja, trata-se de processos que estão directamente ligados ao
processo de ensino aprendizagem.

Segundo Mendras (2004, p. 20) “os factores sociopedagógicos relacionam-


se, num mesmo ângulo, com os efeitos pedagógicos e sociológicos que afectam a
vida da criança, jovens e adultos e que de uma maneira directa apresentam matriz
de desenvolvimento de uma sociedade”.

14
Rendimento escolar: segundo Santos e Almeida, (2001, p. 205) diz respeito
“ao resultado das competências académicas dos alunos quando avaliados em
diferentes campos da aprendizagem”, bem como pode ser “verificado com maior ou
menor capacidade para aprender e depende de diferentes tópicos, como o
da inteligência, que se mostra como sendo um dos mais importantes”.

Nesta perspectiva, o rendimento escolar é uma medida das capacidades


do aluno, que expressa o que este tem aprendido ao longo do processo formativo
ou, em responder aos estímulos educativos.

1.2. Plano de estudo do Ensino primário

O Ensino Primário é o fundamento do ensino geral constituindo a sua


conclusão com sucesso, condição indispensável para a frequência do ensino
secundário. O Ensino Primário tem duração de 6 (seis) anos e têm acesso ao
mesmo crianças que completam 6 (seis) anos de idade até 31 de Maio do ano da
matrícula (artigo 27.º da Lei n.º 17/16).

O ensino primário reveste uma modalidade consagrada nos termos do artigo


27.º da Lei n.º 32/20 de 12 de Agosto, Lei que altera a Lei n.º 17/16 de 7 de Outubro
– Lei de bases do sistema de educação e ensino, sendo que nos termos do n.º 3 do
referido artigo, o ensino primário é feito nas seguintes condições:

a) Da 1.ª à 4.ª classe, em regime de monodocência;

b) Da 5.ª à 6.ª classe, nos termos regulamentares em diploma próprio.

O Ensino Primário é um nível de ensino obrigatório na escola pública, unitário,


com duração de 6 (seis) anos, compreendendo as classes da 1.ª à 6.ª classes, cujo
objectivo é a formação básica do cidadão.

A gratuitidade no Sistema de Educação e Ensino neste nível traduz-se na


isenção de qualquer pagamento pela inscrição, na assistência às aulas, no material
escolar e no apoio social, onde se inclui a merenda para todos os indivíduos que
frequentam o ensino primário nas Instituições Públicas de Ensino (artigo 11.º).

Quanto à obrigatoriedade, a Educação traduz-se no dever do Estado, da


sociedade, das famílias e das empresas, de assegurar e promover o acesso e a

15
frequência ao Sistema de Educação e Ensino a todos os indivíduos em idade
escolar.

O Ensino Primário tem como função social baseada nos seguintes aspectos
(INIDE/MED, 2019, p. 29):

 Proporcionar conhecimentos necessários com a qualidade requerida;


 Desenvolver capacidades e aptidões;
 Consciencializar para a aquisição de valores para a vida social e para o
prosseguimento de estudos.

O carácter da função social do Ensino Primário impõe o prosseguimento de


metas mais exigentes de desenvolvimento, tendo em vista a realidade sociocultural
dos alunos.

Para o Ensino Primário, definiu-se um conjunto de dez disciplinas


consideradas fundamentais para o desenvolvimento harmonioso e multifacetado das
crianças, distribuídas em função do nível de escolaridade e que de seguida
apresentamos:

Horário semanal
Disciplinas
1.ª 2.ª 3.ª 4.ª 5.ª 6.ª
Classe Classe Classe Classe Classe Classe
Língua Portuguesa 9 9 9 9 8 8
Matemática 7 7 7 7 6 6
Estudo do Meio 3 3 3 3 - -
Ciências da Natureza - - - - 4 4
História - - - - 2 2
Geografia - - - - 2 2
Ed. Moral e Cívica. - - - - 2 2
Ed. Manual Plástica 2 2 2 2 2 2
Ed. Musical 1 1 1 1 1 1
Ed. Física 2 2 2 2 2 2
Fonte: elaboração própria com base ao INIDE e MED, (2019, p. 33).

Os principais objectivos específicos estão consagrados nos termos do artigo


29.º da Lei n.º 32/20 de 12 de Agosto, tais como:

 Desenvolver a capacidade de aprendizagem, tendo como meios básicos o


domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

 Desenvolver e aperfeiçoar o domínio da comunicação e da expressão oral e


escrita;

16
 Aperfeiçoar hábitos, habilidades, capacidades e atitudes tendentes à
socialização;

 Proporcionar conhecimentos e oportunidades para o desenvolvimento das


faculdades mentais;

 Estimular o desenvolvimento de capacidades, habilidades e valores


patrióticos, laborais, artísticos, cívicos, culturais, morais, éticos, estáticos e
físicos;

 Garantir a prática sistemática de expressão motora e de actividades


desportivas para o aperfeiçoamento das habilidades psicomotoras.

Os objectivos já referidos permitem, depois de ampliadas as suas dimensões


complementares, o perfil de saída dos alunos deste ciclo com os pontos que se
seguem (INIDE/MED, 2019, p. 30):

 Conhece e aplica instrumentos básicos de comunicação e expressão oral e


escrita;
 Revela ter adquirido conhecimentos e desenvolvido capacidades de trabalho,
pesquisa, organização, estudo, memorização e raciocínio adequadas às
tarefas;
 Conhece o meio natural e social que o circunda;
 Conhece o corpo nas suas funções e a importância da higiene e da
conservação da saúde.
 Aplica técnicas de trabalho (estudo, pesquisa, memorização e raciocínio) às
novas situações;
 Manifesta o espírito estético com base nas novas destrezas, conhecimentos e
competências adquiridas (física, técnica e de criação artística).
 Demonstra atitudes correctas de regras e normas de conduta;
 Revela atitudes de apreço e respeito pela realidade cultural angolana;
 Revela atitudes de respeito pelo meio-ambiente, pela saúde e pela higiene.

De acordo com o INIDE (2003), o grupo alvo a que se destina o ensino


primário em Angola é constituído por aquelas crianças que completem 6 anos até ao
dia 31 de Maio do ano da matrícula. Considera-se que o seu desenvolvimento
intelectual ocorre na confluência de duas dimensões: a dimensão socio-afectiva e a
dimensão intelectual.
17
Do ponto de vista sócio emocional – o aluno organiza-se em função da sua
escala de valores. Inicia a sua socialização para a entrada no mundo dos adultos,
com aprendizagem de habilidades que lhe serão úteis no futuro. Um aspecto
importante da socialização desta etapa é o desenvolvimento da cooperação. No
entanto, a competição aparece como um impulso intenso. Ao competir, a criança
pode descobrir capacidades que, de outra forma, não teria percebido. A cooperação
leva acriança a abandonar o egocentrismo e a buscar o diálogo e o respeito a regras
estabelecidas (idem).

Do ponto de vista intelectual, o aluno desenvolve sistemas logicamente


organizados, entre os quais, a classificação e a seriação. A criança nesta fase
domina os conceitos de distância, de tempo, de classes, de relações e de número
(idem).

Finamente é preciso enfatizar que neste período a criança já possui grande


parte das habilidades dos adultos, algumas das quais bastante especializadas. No
entanto, o seu desenvolvimento, de maneira geral, é mais lento e uniforme quando
comparado àquele das etapas anterior e superior (INIDE, 2003, p. 7).

Nesta ordem de ideias, urge os professores, no seu âmbito e competências,


desenvolverem em sala de aulas processos coerentes e conducentes aos quesitos
supra aludidos e assim ajudar a desenvolver essas duas grandes dimensões da vida
do aluno. Se as escolas de formação dos professores não acautelaram esses
pressupostos basilares para o desenvolvimento integral das crianças, para além da
qualidade da acção educativa ficar condicionada, os indivíduos não terão uma
inserção social airosa.

Em suma, o aprendiz precisa da informação, do apoio, do incentivo e dos


desafios proporcionados pelo professor ou pelo especialista na matéria em questão.
Para despertar e estimular no aluno o hábito da leitura e escrita, de fazer cálculos
através da disciplina de matemática e a dominar as tecnologias, a fim de despertar
na criança a curiosidade, o prazer e o interesse pela aprendizagem permitindo o
desenvolvimento das competências e habilidades (Rubin & Dalva, 2010).

18
1.3. Breve abordagem sobre o rendimento escolar

O rendimento deve refletir “tanto a aquisição de conhecimentos e informações


decorrentes dos conteúdos curriculares quanto às habilidades, interesses, atitudes,
hábitos de estudo e ajustamento pessoal e social” (Haydt, 1997, p. 10).

De acordo com Silva (2011, p. 23):

O rendimento escolar pode ser definido como as modificações no indivíduo


proporcionadas pela aprendizagem no contexto escolar e que são
mensuradas e categorizadas em índices (notas ou conceitos) que apontam
critérios de aproveitamento da situação de ensino e aprendizagem de
conteúdos (bom rendimento) ou o não aproveitamento do ensino e
aprendizagem insatisfatória (fraco rendimento).

Dessa forma, mais que notas e conceitos expressos pelo professor, o


rendimento escolar, realizado à base de um sistema de valores, critérios e
indicadores, pode referir-se a uma mudança de comportamento e,
consequentemente, à aprendizagem de um indivíduo ou de uma coletividade
(Mascarenhas, 2004; Parreira; Silva, 2015).

O rendimento escolar possui dois objetivos principais: identificar as


dificuldades de aprendizagem dos alunos para ajudá-los a superá-las; e avaliar a
eficácia do ensino, sendo considerado um parâmetro de análise para o trabalho
desenvolvido em sala de aula e na escola, refletindo assim a qualidade do ensino
(Haydt, 1997).

O Rendimento escolar refere-se à avaliação do conhecimento adquirido no


âmbito escolar, considerando o aluno com bom rendimento, aqueles que
obtenham qualificações positivas nos exames, ou seja, é uma medida das
capacidades do aluno, que expressa que este tem aprendido ao longo do
processo formativo (Infopédia, 2007, p. 5).

Segundo Bonavante (1976, cit. Alves 2010, p. 10), o baixo rendimento escolar
está relacionado com “as dificuldades de aprendizagem, reprovações, atrasos, etc.,
e, na maioria dos casos, as crianças que têm mais dificuldades pertencem às
famílias de grupos sociais desfavorecidos do ponto de vista económico-cultural”.

19
O rendimento escolar se expressa por valores qualitativos que se traduzem
em valores quantitativos equivalentes, assumindo quase sempre a forma numérica.
Este tipo de rendimento pode numa escala contínua ocupar a posição
convencionada como positiva ou na outra como negativa, sendo que os valores
positivos da escala fazem-se corresponder ao conceito de sucesso escolar e os
negativos ao conceito de insucesso escolar. Tentar entender o processo escolar sob
a perspectiva crítica implica na compreensão do baixo rendimento escolar a partir de
uma análise aprofundada do fenômeno educacional como síntese de múltiplas
determinações, e que se situa em um contexto histórico concreto (Meira, 2003).

A problemática do bom e do baixo rendimento escolar é relativamente


recente, tendo, porventura, surgido com o alargamento do acesso à escola primária
por toda a população que se encontra na idade considerada oportuna à frequência
escolar. Na Europa a explicação do fenómeno, desde a Segunda Guerra Mundial,
assentou inicialmente na teoria dos "dotes", ou capacidades do aluno para aprender;
seguiu-se a teoria das desvantagens socioculturais, ou seja, do meio ambiente do
qual o aluno é proveniente e, por fim, já nas últimas quatro décadas, centra-se mais
nos mecanismos inerentes ao funcionamento operacional da própria escola
(Benavente, 1990).

Por isso, partindo do pressuposto de que a realidade social transporta em si


contradições, as quais tanto podem apelar à mudança como logo de seguida à
permanência de certas relações sociais, sendo ela produzida historicamente, torna-
se necessário e talvez imprescindível levar em linha de conta o contexto histórico,
social, político e cultural em que essa realidade, quer do aluno, quer da escola, está
inserida (Almeida, Miranda & Guisande, 2008; Forgiarini & Silva, 2008; Lira, 2008).

Na opinião de Cabral (1995, cit. Alves, 2010, p. 7), esta problemática “é,
muitas vezes, vista como um problema do aluno, jamais, ou muito raramente como
um fenómeno que possa envolver a organização e as práticas escolares”. O autor
afirma que a “adequação do currículo, das metodologias, da própria estrutura
organizativa às características do aluno, raramente são discutidas ou postas em
causa”. Assim, focalizando o fenómeno em apenas ao aluno pode restringir o campo
de abordagem da questão, sendo que há que reconhecer, a partida, que os factores
influenciadores das aprendizagens transcendem o aluno. Ou seja, de um modo
geral, todos os dispositivos educativos, a sua existência ou inexistência, concorrem
20
para a conformação do campo de execução do processo de ensino-aprendizagem,
pelo que qualquer abordagem unifocada pode reduzir as possibilidades de
compreensão mais abrangentes dos factores que o influenciam.

Segundo Bonavante (1976, cit. Sil, 2004, p. 16) “cada criança é considerada
boa ou má aluna em função dos resultados obtidos e dos progressos efectivados no
cumprimento dos programas de ensino”. Na mesma lógica, Sil (2004, p. 16) afirma
que, pode se dizer que “as situações de repetências e de abandonos prematuros do
sistema educativo são exemplos que tipificam a forma como institucionalmente se
exprime o insucesso escolar dos alunos”.

Em suma, o fenómeno rendimento escolar é uma realidade notável, que


incide em vários aspectos, quer sejam relacionados ao meio social do indivíduo, isto
é, a qualidade de vida familiar, o nível de formação dos pais, as companhias do
educando, entre outros, destacam-se também a adequação do currículo, das
metodologias, as precárias estruturas escolares, certos professores que não
possuem competências pedagógicas, ou seja, todos estes e outros dispositivos
educativos, concorrem para o bom ou baixo rendimento escolar dos alunos.

1.4. Abordagem sobre os factores sociopedagógicos associados ao


rendimento escolar

O processo de ensino aprendizagem é um sistema muito complexo, pois


exige muito por parte dos intervenientes, e, esta exigência flui dos factores que
podem influenciar ao rendimento escolar dos alunos, se não, vejamos (Soares, Brito
e Costa, 2010 & Andrade, 2006):
 Aos professores que têm a incumbência de transmitir conhecimentos,
deles, muito se exige e a sociedade espera-se que façam milagres, tudo
para que os alunos possam aprender com eficiência;
 Aos alunos espera-se que tenham maior aproveitamento e, quando não
apresentam, culpam-se, às vezes, aos professores e estes culpam os
próprios alunos e aos seus encarregados de educação;
 A escola espera-se que garanta condições (físicas, materiais didáticos e
um corpo docente revestido de formação didáctica-pedagógica) que
permite o maior aproveitamento;

21
 A família e a sociedade em geral, exige-se que faça acompanhamento aos
educandos e ajudem-nos a atravessar dificuldades com apoio ético-moral,
económico-financeio e um apoio integrador de valores, evitando assim
más companhias.

O acima relatado reflecte, a influência de factores sociais que incidem sobre


as condições de vida dos alunos, da família e da sociedade em geral. Quanto aos
professores, alunos e a escola influem os factores pedagógicos.

Os factores sócio-pedagógicos indutores do rendimento escolar, com base na


revisão da literatura antes descrita, podem ser sintetizados seguidamente.

Assim, os factores sociais, de forma geral, Marchesi e Gil (2004) incidem


sobre às famílias, ao Estado, ou ao sistema económico.

Para Pires (1991, cit. Branco, 2012) existem cinco factores pedagógicos
fundamentais: as condições estruturais precárias da escola; adesarticulação entre
teoria e prática na ministração das aulas; a desarticulação entre objectivos,
conteúdos, métodos e meios de ensino; a falta de formação específica por parte dos
docentes e a aplicação de metodologias inadequadas por parte dos professores.

Nesta medida, Paro (2007) relata que a comunicação de expectativas


influenciadas pela reacção dos professores à origem social e às características
sócio-culturais dos alunos pode contribuir para a interiorização do estereótipos de
“bom” ou ”mau” aluno, desenvolvendo-se, a partir daí, imagens internas de
“brilhante” ou de “estúpido”, instituindo-se em verdadeiras profecias de níveis
diferenciados de rendimento escolar. Pode-se dizer que os fatores de risco que
podem impedir um bom desenvolvimento escolar estão relacionados a momentos ou
a condições negativas de vida que vive esse educando.

Na mesma linha, Patto (2000) sustenta que, os problemas comportamentais,


tanto os intrínsecos como os visíveis, surgem devido a comportamentos sociais
inadequados que envolvam os sentimentos do indivíduo em questão, em termos de
demonstração dos seus sentimentos e na resolução dos seus problemas.

Digamos que as condições precárias das famílias não permitem um maior


cuidado ou zelo para com a criança, pode haver baixo rendimento escolar por falta
de recursos que lhe proporcionem boa alimentação, boa vestimenta, ou melhor,

22
qualidade de vida, de saúde, lazer, entre outros. Isso inclui o meio no qual essa
criança está inserida, pois comportamentos inadequados por parte de pais ou
responsáveis, principalmente promiscuidade, prostituição, drogas na família,
violência doméstica, desemprego e desestruturação familiar são factores que
interferem diretamente no comportamento da criança/adolescente, contribuindo para
dificultar sua aprendizagem. Porém, as taxas podem estar mais elevadas, aos
alunos pertencentes aos sectores sociais convencionalmente designados por
“classes desfavorecidas”, crianças provenientes de famílias operárias, camponesas,
de minorias étnicas, vivendo, por vezes, em bairros ou zonas urbanas degradadas,
nos subúrbios das grandes cidades ou no isolamento de certos meios rurais (Paro,
2007).

Para Pires (1991, cit. Branco, 2012), dos factores pedagógicos podemos fazer
a seguinte apreciação: a escola quando não apresenta um apetrecho ou condições
estruturais favoráveis, quando a sala de aula não possui carteiras suficientes,
iluminação adequada, quadros em condições favoráveis, ventilação adequada e
outras condições que concorrem para um processo de ensino-aprendizagem salutar,
poderá se desencadear no baixo rendimento escolar. Muitas das vezes, os
professores se limitam em passar, simplesmente, os conhecimentos teóricos sem
articular estes com a prática a fim de obter um processo de ensino-aprendizagem
mais significativo. Um professor que não planifica poderá de certa forma,
desconectar ou desarticular os objectivos da aula com o conteúdo programado e
automaticamente usar métodos e meios de ensino não adequados.

Moreira (2017, p. 157) enfatiza a “deficiente formação pedagógica específica


de alguns professores [...], fá-los desconhecer estratégias para: identificar os erros
de ortografia, de expressão oral e de leitura e; identificar as causas dos erros de
ortografia, expressão oral e de leituras e estratégias para corrigi-los”.

A deficiente formação pedagógica de professores influencia no baixo escolar


dos alunos. Os professores sem formação pedagógica, carente de metodologias
adequadas, poderão ter dificuldades em gerir bem a sala de aula e interagir de
forma saudável com os seus alunos.

23
1.4.1. Factores sociais

A mesma opinião é partilhada por Sil (2004, p. 21) quando argumenta que o
“insucesso escolar implica uma multiplicidade de factores cuja localização pode
centrar-se ao nível do aluno e do seu ambiente restrito, ao nível da sociedade à qual
pertence e ao nível da própria escola, do sistema educativo”. Assim sendo, estamos
perante um conjunto de três realidades: aluno, o meio social e a instituição escolar
(Sil, 2004).

Sobre os factores sociais, segundo Belo (2017), destaca-se as seguintes


dimensões: a Família (a desestruturação familiar; o nível socioeconómico e cultural
da família; a assimetria em termos de deslocamento entre a escola e a residência do
aluno e o nível de escolaridade dos pais) e a comunicação Social.

a) A família

Na opinião de Belo (2017) a família é enquadrada na visão sistemática do


meio, é fácil e perceptível que a família se trata de um sistema aberto que influencia,
mas também está sujeita às alterações e acção dos restantes sistemas em seu
redor. Por sua vez, a dinâmica familiar é tão rica e diversificada que, mesmo em
famílias com condições idênticas, a sua evolução pode ser totalmente divergente, ou
o inverso também pode ocorrer.

A maior parte das famílias da sociedade angolana e das outras sociedades,


os jugos desiguais de papéis entre família-escola no processo educativo são
maiores. Os pais dificilmente conseguem realizar a sua tarefa, alimentando por
razões económicas, as responsabilidades de educar os filhos e transmitir valores
culturais à escola. Logo se constata uma barreira entre as duas instituições e
alargando cada vez mais as dificuldades de inserção social do novo ser. Para
Guerreiro (1998, ap. Rosa, 2013) as atitudes e crenças dos pais influenciam a
construção da personalidade da crença dos filhos. Esta ocorrência traduz-se ainda
na motivação da criança perante a escola e a desestruturação familiar pode
contribuir grandemente para o insucesso deste educando.

Machado (2011) considera que alunos oriundos de famílias de nível sócio-


económico e cultural baixos apresentam valores mais notórios de insucesso e
abandono escolar precoce, fundamentado através dos alunos pela necessidade de
ingressar no mercado de trabalho e/ou pelas dificuldades económicas da família,
24
não esquecendo, que muitas vezes existem alunos que percorrem grandes distância
até à escola.

Quanto baixo rendimento escolar, Moura (2015), relaciona aos diversos


contextos culturais e económicos de cada aluno, o atraso escolar em alguns casos,
influenciam na aprendizagem da escrita, justificando a falta de meios financeiros
para aquisição de materiais didácticos de leitura e não só, e a falta de
acompanhamento dos pais e encarregados de educação aos seus educandos;
portanto, a falta de recursos no seio das famílias, a escolaridade, a comunicação
social com destaque as redes sociais são de forma muito acentuada influenciadores
de aprendizagem.

Muitos alunos não têm livros em casa, tudo porque os pais não têm condições
económicas para a sua aquisição e a escola deve proporcionar esse contacto para
se tornarem leitores. Não nos podemos esquecer que, como afirma Ferraz (2007,
ap. Alves, 2010, p. 13) que “a escola é actualmente frequentada por alunos que, (…)
adquiriram a língua em meios sociais e culturais marcantes por características
diversas (contextos diferentes) e, por isso, têm um desenvolvimento linguístico e
cognitivo diferente”.

Avanzini (1967, ap. Rosa, 2013) apresenta o nível cultural do agregado como
sendo a causa que indiscutivelmente mais influencia (a nível familiar) o sucesso
escolar. Uma família rica culturalmente fornece à criança uma diversidade de
estímulos que lhe permite viver na escola uma continuidade do ambiente familiar ao
invés de vivenciar um fosso entre ambos. Quanto a estes aspectos, na opinião de
Ferraz (2007, ap. Alves, 2010, pp. 12-13), “por vezes, a língua de casa colide com a
língua da escola”.

O nível de escolaridade dos pais é também uma das questões a ter em conta
no processo de aprendizagem do educando. Segundo Belo (2017), as
sociedades/famílias com elevada escolaridade são capazes de identificar mais
facilmente as necessidades das crianças e promover a sua evolução linguística.

Machado (2007) reafirma que, o nível de escolaridade também influencia nas


condições sócio-económico e desta forma pode afectar as crianças e jovens de
forma directa, como na alimentação, cuidados de saúde, acesso à cultura (livros,
teatro, cinema, etc.) ou de forma indirecta. Este indicador envolve desde o
25
rendimento da família até ao grau académico dos progenitores e a sua profissão.
Mas também, segundo Guerreiro (1998, ap. Rosa, 2013) existe famílias de nível de
escolaridade e sócio-económico baixo que se preocupam com todos os aspectos da
educação dos filhos, pois estes consideram a educação dos filhos como um factor
de ascensão social.

Por outro lado, Avanzini (1967, cit. Rosa, 2013, p. 60,) considera que “pais
cuja profissão seja demasiado absorvente estão como que impedidos de auxiliar os
filhos nas tarefas escolares, sobretudo nas actividades de escrita e leitura, de forma
consistente”. Esta situação verifica-se tanto em famílias provenientes de meios
pobres como de meios mais afortunados.

Segundo Júnior e Silva (2013, p. 5), “A família é o primeiro suporte para a


criança, onde inicia a interacção e onde encontra os modelos sociais de
comportamento, cultura, entre os demais”. “Para o aluno é importante que a família
esteja presente no seu desenvolvimento escolar, pois a família é capaz de orientar a
partir do momento em que está inserida na vida educacional do mesmo, contribui
directamente quando está situada sobre o que aluno faz e desenvolve no seu âmbito
educacional e social” (idem).

Assim sendo, a bagagem cultural que a família carrega é transferida nesse


momento para o aluno, mas esse papel não pertence unicamente a família, mas
também a escola. É importante que a escola desenvolva isso também, possua
programas sobre a escrita e a leitura, incentivando o desenvolvimento e acreditando
no potencial do aluno. Portanto a família precisa interferir junto com a escola e a
escola precisa procurar formas de buscar o melhor que o aluno carrega.

b) A comunicação social

Destacam-se, as redes sociais, a Televisão, a Rádio e os jornais, embora este


último não for muito comum no seio de muitos alunos. Segundo Belo (2017) a
massificação destes meios é de tal ordem que se há uns anos atrás eles
influenciavam, hoje em dia competem mesmo com os pais e professores na
educação dos jovens. O problema é que o sensacionalismo a eles associado, em
certos casos desprovidos de qualquer moralidade, afecta o jovem de formas
inimagináveis. O autor supra dito acrescenta, ainda que esta educação passiva e
sem esforço apresente uma eficácia extraordinária quando realizada fora da escola.

26
Na era das tecnologias de informação, também estas podem contribuir para o
desenvolvimento da compreensão e da expressão escrita, como refere Ferraz (2007,
ap. Alves, 2010, p. 86):

“elas proporcionam meios para o desenvolvimento da compreensão e da


expressão escrita, para a compreensão da variedade da forma como se utiliza
a língua. Comunicar pela internet é praticar a escrita e a leitura. (…) Ensinar a
utilizar as novas tecnologias para colher informação é também ensinar a
seleccionar a informação, a desenvolver a capacidade de síntese, a ter
espírito crítico para se não deixar manipular.”

Portanto se o seu uso pelos alunos não for monitorado por um professor ou
encarregado de ensino poderá ter uma influência negativa no processo de ensino
aprendizagem. Assim sendo, no nosso entender, o outro desafio é a extensão social
dos mais variados meios de comunicação, em decorrência dos avanços tecnológicos
das últimas quatro décadas.

A desestruturação familiar, a assimetria, em termos de deslocamento, entre a


escola e residência do aluno; os desequilíbrios ou as desigualdades sociais
acentuadas, isto é, pais que economicamente desfavorecidos não podem oferecer
muitos recursos para os seus filhos/alunos, (na compra de livros ou de todos os tipos
de materiais escolares), embora, existam famílias que mesmo passando por grandes
dificuldades sócio-económicas fazem de tudo para garantir a continuidade dos
estudos dos seus filhos, considerando a escola como um meio para ascensão social;
uma família culturalmente rica (em questões académicas) pode fornecer à criança
diversidades de estímulos que lhe permitem viver de forma positiva a escola, ao
contrário das famílias culturalmente desfavorecidas ou com nível de escolaridade
dos pais (baixo, o atraso escolar e o abandono escolar), (Paro, 2007).

Em síntese, os teóricos consultados sustentam, tal como se descreveu


anteriormente, que os factores sociais, relacionam-se com:

a) A desestruturação familiar;

b) O nível sócio-económico e cultural da família;

c) A assimetria, em termos de deslocamento, entre a escola e a residência


do aluno e a relação entre a família e escola;

27
d) E a relação entre a família e escola.

Tipologias Indicadores
- Condições económicas
Factores sociais Família - Nível de escolaridade
- Cultura
- Redes sociais
Comunicação social - Televisão
- Rádio
Meio social - Amigos
Fonte: elaboração própria com base ao Belo (2017).

1.4.2. Factores pedagógicos

O quotidiano da sala exige do professor a reinterpretação de cada situação


problemática, pois as condições de ensino mudam diariamente. Para Freire (1996),
o educador não é o que apenas ensina, mas o que aprende ao ensinar. Ambos,
assim, se tornam sujeitos do processo crescendo juntos, os argumentos de
autoridades já não significam, se torna então necessário deixar de lado estratégias
limitadoras e apoiar uma liberdade que venha facilitar o processo de ensino, de
forma a estimular a capacidade de aprendizagem do aluno.

A falta de estratégias pedagógicas, recursos diversificados para o trabalho e


preconceito são factores associadas ao baixo rendimento escolar. A educação não
pode ser a mesma em todas as épocas e lugares (Libanêo 2000).

De acordo com Perrenoud (2000), organização escolar do trabalho


pedagógico também pode gerar o insucesso escolar, isto significa que, o aluno
encontra na escola um ambiente bem diferente do que esperava, por este motivo,
em algumas realidades acaba sendo reprovado ou obtendo baixo rendimento
escolar.

Na perspectiva de Moreira (2017, p. 157), as causas pedagógicas estão


relacionadas com a:

“A falta de condições no ambiente escolar; o número elevado de alunos em


cada sala de aula - o que influencia no fraco acompanhamento
individualizado, ou seja, na relação professor aluno e vice-versa, sobretudo
nas aulas de produção textual e; a falta de materiais de apoio”.

28
A escola, enquanto instituição educativa é vista como um espaço no qual
confluem diversos factores que influenciam, de modo directo e/ou indirecto, o
processo de formação da personalidade do aluno. Significa que na escola cria-se um
ambiente propício para a interacção social vista como um “conjunto das influências
recíprocas que resultam da actividade dos diversos membros do grupo social”, neste
caso, professores e alunos, ou conforme afirma Arends (2010, p. 121), existem
muitos factores que influenciam o processo de ensino aprendizagem conforme se
descreve abaixo:

 O professor

Certas qualidades como a paciência, dedicação, vontade de ajudar e atitude


democrática, facilitam a aprendizagem. Ao contrário o autoritarismo, a inimizade e o
desinteresse podem levar o aluno a desinteressar-se e não aprender. O
autoritarismo e a inimizade geram antipatia por parte dos alunos. A antipatia em
relação ao professor faz com que os alunos associem a matéria ao professor e
reajam negativamente a ambos. Muitas vezes, está nesse factor a origem de
distúrbios da aprendizagem que se prolongam por toda vida escolar Arends (2010).

Significa que a figura do professor exerce influência directa na formação da


personalidade do aluno e, consequentemente, na aprendizagem. Tal facto sugere a
encarnação de uma figura de professor cuja actuação baseada no diálogo e no
incentivo permanente à participação do aluno constitui-se como factor promotor da
autonomia e da aprendizagem. As atitudes assumidas pelo professor, bem como o
seu estado de espírito influenciam nos ambientes de aprendizagem, pois, como
fundamenta Arends (2010, p. 117), “a persistência de um aluno numa tarefa não é
simplesmente uma função do autocontrolo ou interesse da criança, mas pode ser
influenciada pelo contexto e por aspectos do ambiente que o professor pode
controlar”, tais como o respeito mútuo, atitude atenda e estados de humor.

Em síntese, o comportamento e atitudes do professor na sala de aulas


influencia o comportamento dos alunos, sendo considerado que “aquilo que os
professores fazem influencia aquilo que os alunos fazem” Arends (2010, p. 117). De
outro modo, a construção dos ambientes de aprendizagem depende das estratégias,
do estilo de liderança e das atitudes que o professor adopta, podendo induzir

29
ambientes produtivos, interessantes e estimuladoras das aprendizagens ou o
contrário.

Assim, o professor autoritário e dominador pode estimular os alunos a


assumirem comportamento similar para com os seus colegas. O professor
encontrará dificuldade para fugir a esse esquema de dominação e controle sobre os
alunos. Mas tendo consciência do problema e sabendo que esse tipo de relação
social é muito prejudicial para a aprendizagem, a criação de um clima de amizade e
de confiança mútua na sala de aula é considerada como uma estratégia para
promover uma aprendizagem mais livre e criativa (Moreira, 2017).

Nesta óptica, segundo Santos, (2009) o professor deve se mostrar


competente na sua área de actuação, demonstrando domínio na ciência que se
propõe a leccionar, pois do contrário, irá apenas "despejar" os conteúdos
"decorados" sobre os alunos, sem lhes dar oportunidades de questionamentos e
criticidades.

É importantíssimo que o professor tenha, também, competência humana,


para que possa valorizar e estimular os alunos, a cada momento do processo
ensino-aprendizagem. A motivação é imprescindível para o desenvolvimento do
indivíduo, pois bons resultados de aprendizagem só serão possíveis à medida que o
professor proporcionar um ambiente de trabalho que estimule o aluno a criar,
comparar, discutir, rever, perguntar e ampliar ideias (Santos, 2009).

Em suma, o professor deve ser democrata, criativo, adequar à metodologia e


os recursos audiovisuais de modo que a comunicação com os alunos seja saudável
e recíproca, utilizar novas técnicas de transmissão de conhecimentos e evitar o
tradicionalismo em sala de aula, estar apto e disposto às correcções e aperfeiçoar-
se a cada dia.

 Relação aluno-aluno

O ambiente social no contexto da sala de aulas incorporam para além da


interacção professor – aluno a relação aluno – aluno, da qual emerge um campo de
influências recíprocas, expressas em atitudes e comportamentos, em muitos casos,
construídos colectivamente. Para Arends (2010), os alunos influenciam-se uns aos
outros e podem mesmo influenciar o comportamento do professor no contexto da
sala de aulas, no qual coexistem interacções formais e informais. Para aprender o
30
aluno precisa de um clima de confiança, respeito, e colaboração com os colegas,
quando isso não acontece, o aluno volta suas preocupações para a defesa diante da
dominação e da agressão dos colegas, frustrando-se em suas tentativas de
concentrar-se na matéria a aprender.

As pressões do grupo de colegas têm sido sinalizadas entre as causas do


baixo aproveitamento escolar, bem como do abandono escolar, o que reflecte o grau
de influência que os alunos podem exercer entre si; significa que a construção de
ambientes de aprendizagem produtivos pressupõe a consideração das várias
dimensões decorrentes do ambiente social na sala de aulas, sendo de considerar
que os ambientes de aprendizagem produtivos constituem “locais onde os alunos
tenham atitudes positivas para consigo e o seu grupo turma e onde se demonstrem
um elevado nível de motivação para o sucesso e envolvimento nas actividades
escolares” (Arends, 2010, p. 121).

 O ambiente escolar

Segundo Miranda, Pereira e Rissetti (2016), o ambiente escolar influencia em


toda a dinâmica do processo de ensino e aprendizagem, pois, além da questão
visual, de aparência da sala de aula, há a questão de disponibilização de recursos
didácticos que devem se ter muito em conta. Sobretudo manuais para leituras.

Na opinião de Libâneo, Ferreira e Seabra (2008), espera-se que as


construções, os mobiliários e o material didáctico sejam adequados e suficientes
para assegurar o desenvolvimento do trabalho pedagógico e favorecer a
aprendizagem. Colaborando a esta ideia Marquezan (2003, cit. Miranda et al., 2016,
p. 2) afirmam que o ambiente escolar se apresenta como um espaço multicultural e
de múltiplos saberes, que tem como finalidade favorecer a socialização entre
educandos e proporcionar uma aprendizagem significativa.

Alguns estudos já comprovaram que condições desfavoráveis de conforto


ambiental são causa de mau desempenho dos alunos, e Elali (2003, cit. Miranda et
al., 2016, p. 2) afirma que as condições do ambiente, tais como a acústica da sala, a
ventilação, a temperatura e luminosidade, podem interferir, não somente no
desempenho do aluno, mas também na saúde dos mesmos.

Nesta perspectiva, digamos que, estes são aspectos fundamentais numa


escola, na medida em que, exerce também muita influência na aprendizagem. O tipo
31
de sala de aula, a disposição das carteiras e a posição dos alunos, por exemplos
são aspectos importantes que favorecem o processo de ensino aprendizagem. Uma
sala mal iluminada e sem ventilação em que os alunos permanecem sempre
sentados na mesma posição cada um olhando as costas do que esta na frente,
certamente é um ambiente que favorece a submissão, a passividade e a
dependência, mas não o trabalho livre e criativo.

Outro aspecto a considerar, em relação ao ambiente escolar, refere-se ao


material de trabalho colocado à disposição dos alunos. Na idade correspondente ao
primeiro ciclo, principalmente às primeiras classes, os alunos aprendem melhor
fazendo, ou seja, manipulando objectos, vivenciando situações concretas e reais do
que simplesmente ouvindo palavras que as vezes não sabem o que significam. Por
isso é importante que os alunos possam mexer em coisas, manipular objectos
pesquisar em ambientes naturais. No caso da aprendizagem, o uso de fichas e
outros materiais pedagógicos, bem como a diversificação de estratégias de ensino
mostram-se mais eficazes.

Para estes casos, Arends (2010), sugere a gestão preventiva da sala de


aulas, a qual inclui o estabelecimento de regras e de procedimentos para regular a
movimentação dos alunos na sala de aulas (fazer filas), as conversas entre alunos
(escutar as opiniões dos outros, levantar o braço quando quiser intervir, aguardar a
sua vez), bem como para a gestão de tempos mortos durante a aula (por exemplo,
nos casos em que o aluno termina o seu trabalho antes dos demais, para o manter
ocupado, pode lhe ser atribuída uma tarefa adicional, como, por exemplo, a leitura
silenciosa de um texto).

Os conteúdos ministrados e as metodologias utilizadas muitas vezes não


condizem com as expectativas e a realidade dos alunos, ou seja, a implicação dos
alunos nas actividades de aprendizagem poderá ser dificultada devido a ausência de
uma compreensão clara sobre os objectivos de aprendizagem.

As debilidades no uso de estratégias de abertura da aula, entre as quais o


diagnóstico da situação inicial (dos alunos) face ao que se propõe para aprender (o
que sabem, pensam ou sentem sobre o que é proposto), a motivação para a tarefa
de aprendizagem (despertar interesse, relacionar o que se lhes propõe com a sua
experiência) e a orientação ao assunto a estudar ou aptidão a desenvolver também

32
contribuem para o fraco envolvimento dos alunos nas acções de aprendizagem,
(Ribeiro, 1990).

A actuação do professor é factor importante no desempenho dos estudantes.


Segundo Kraemer (2005), o professor assume papel fundamental na formação dos
novos profissionais, contribuindo para que os mesmos sejam mais críticos,
motivados, criativos, com raciocínio contábil e interesse pela pesquisa.

Soares, Brito e Costa (2010, p. 500), ressaltam que “professores, por meio
das práticas pedagógicas, podem influenciar significativamente a trajectória escolar
dos alunos, contribuindo para o sucesso escolar, especialmente daqueles com
maiores dificuldades educacionais”. A influência de características da direcção, do
professor e da gestão escolar no desempenho dos alunos de primeiro grau, são
fatais quando o professor não possui competências. Uma das conclusões do estudo
foi que, na medida em que cresce a escolarização do professor, melhora o
desempenho dos alunos.

Santos e Borges (2001), citam os factores relativos ao professor e suas


práticas pedagógicas. Nesse grupo estariam: formação, postura em sala,
expectativa em relação ao aluno, tipo de relação que se desenvolve entre aluno e
professor, metodologia utilizada em sala, tipo de avaliação, entre outros. No que se
refere à expectativa em relação ao aluno, “se o professor apresenta uma boa
expectativa do desempenho de seus alunos, maiores proficiências são observadas
para todos os alunos” (Santos & Borges, 2001, p. 22).

 Os métodos de ensino

Segundo Santos e Borges (2001), os métodos de ensino também podem


prejudicar a aprendizagem. Se o professor for autoritário e dominador, não permitirá
que os alunos se manifestem, participem, aprendam por si mesmos. Esse tipo de
professor considera-se dono do saber e procurará transmitir esse saber aos alunos,
que deverão permanecer passivos, receber o que o professor lhe dá e devolver na
prova. Já vimos que essa situação é prejudicial à aprendizagem como cria
passividade e dependência, não permitindo que os alunos se desenvolvam de forma
independente e criativa, que aprendam a decidir por sua própria conta, a reconhecer
os problemas e a contribuir espontaneamente para sua solução.

33
Por outro lado, métodos didácticos que possibilitam a livre participação do
aluno a discussão a troca de ideias com os colegas e a elaboração pessoal do
conhecimento das diversas matérias contribuem para a promoção da aprendizagem
e para o desenvolvimento da personalidade dos alunos. Por isso, o trabalho em
grupo é considerado fundamental dado que contribui para a aprendizagem da
convivência social, o respeito às ideias divergentes, o que por sua vez, facilita o
próprio processo de elaboração pessoal do conhecimento.

A metodologia de ensino pode ser um dos factores de desempenho dos


alunos. Para Veigas (2003), em qualquer nível de ensino, é comum o professor se
deparar com a necessidade de determinar técnicas a serem utilizadas no
desenvolvimento dos conteúdos das disciplinas.

Marion (2001), destaca que se deve levar em consideração o nível diferente


de conhecimento que os alunos ingressantes apresentam. Marion, Garcia e Cordeiro
(2003, p. 1), citam que “o professor deve conhecer o tipo de aluno colocado a sua
disposição, [...] sentindo as suas dificuldades de aprendizagem e procurando um
meio para resolver esses bloqueios apresentados por ele”.

Deve-se considerar, entre outros aspectos, que alguns alunos já trabalham na


área, enquanto outros podem não ter nenhum conhecimento sobre os conteúdos
trabalhados em determinada disciplina. Dessa forma, a estratégia utilizada pelo
professor deve tentar fazer com que todos os indivíduos absorvam o conteúdo,
possibilitando o acompanhamento das matérias mais complexas, (Marion, 2001).

Lopes (2003) sugere que o acto de variar as técnicas de ensino utilizadas


dinamiza as actividades desenvolvidas. Ainda, é importante o acompanhamento de
cada um dos alunos, considerando ritmos diferentes e realizando revisões sempre
que necessário.

A metodologia do ensino conduz o processo de ensino e aprendizagem, já a


avaliação é uma forma de medir os resultados desse processo. Para Kraemer (2005,
p. 138), a “avaliação da aprendizagem possibilita a tomada de decisão e a melhoria
da qualidade de ensino, informando as acções em desenvolvimento e a necessidade
de regulações constantes”. A avaliação possibilita verificar se o trajecto dos
estudantes está em direcção das metas estabelecidas.

34
Na visão de Gil (2011, p. 243), avaliar é necessário “para que o direito de
aprender efective-se da melhor maneira possível”.

Por outro lado, a avaliação trabalha com desempenhos provisórios, o que


subsidia a busca de resultados melhores. “Cada resultado obtido serve de suporte
para um passo mais à frente. Daí as consequências: avaliação é não pontual,
diagnóstica (por isso, dinâmica) e inclusiva” (Luckesi, 2005, p. 2).

Viana (2012), complementa que a avaliação deve ser um elemento do


processo de formação que busca identificar as dificuldades a serem superadas e
verificar os avanços obtidos.

Por fim, a avaliação deve trazer subsídios para que sejam tomadas medidas
no processo de ensino e aprendizagem. Se a avaliação traz resultados que
demonstram que os estudantes não alcançaram os objectivos propostos, ao
professor cabe identificar os motivos de tal desempenho, buscando alternativas
como, por exemplo, alteração em sua metodologia de ensino.

Sabe-se que os alunos têm uma participação importante em seu próprio


desempenho. Um trabalho docente de qualidade depende do professor, porém,
conforme Felicetti e Morosini (2010, p. 24), “o comprometimento compete, também,
ao educando, visto que só aprende quem quer aprender, e só se ensina a quem
quer ser ensinado”.

Segundo Gil (2011), o aluno é uma das fontes independentes de influência


sobre a aprendizagem. O autor menciona que, nesse caso, as variáveis
relacionadas ao desempenho referem-se às aptidões, aos seus hábitos de estudo e
à sua motivação. Santos e Borges Neto (2001), afirmam que a motivação para o
estudo depende do curso e da participação do aluno em sala de aula.

Barros e Mendonça (2000), citam os estudos que buscam avaliar o papel de


factores externos à escola sobre o desempenho escolar que, conforme as autoras,
podem ser divididos em dois grupos: ambiente familiar e ambiente comunitário.

Bonamino et al. (2010), investigaram o apoio familiar como gerador de


condições favoráveis para o desempenho escolar. Entre outros importantes
resultados, o estudo mostrou que o diálogo familiar é um factor de grande poder
explicativo do desempenho escolar. Segundo os autores, todos os grupos sociais

35
são beneficiados pelo efeito positivo do diálogo familiar sobre o desempenho
escolar. Por fim, Soares (2004, p. 86), ao apresentar seu modelo conceitual, [...] “são
tantos os factores escolares associados ao desempenho dos alunos que nenhum
deles é capaz de garantir, isoladamente, bons resultados escolares” por mais que o
professor tenha competências pedagógicas.

Actualmente, a aprendizagem é considerada fundamental para a integração


do indivíduo na sociedade. No entanto, esta tarefa característica nos primeiros anos
de escolaridade, reveste-se de alguma complexidade, havendo mesmo um número
significativo de crianças que não conseguem compreender a natureza da tarefa e,
consequentemente, dar resposta às exigências que a Escola faz em termos de
aprendizagem.

 A motivação

A motivação é uma dimensão fundamental, que deverá estar, associada ao


processo de ensino e aprendizagem, o que significa que, quer o ensino quer a
aprendizagem, deverá ser acompanhada com a motivação, só assim se espera
sucessos.

Segundo Lourenço e Paiva (2010, p. 22), “verifica-se que existe uma relação
entre a aprendizagem e a motivação, constatando uma relação de reciprocidade
entre ambas”. Isto faz-nos perceber que a aprendizagem está interligada com a
motivação, ou seja, para que haja uma aprendizagem significativa, é necessário que
antes o aluno esteja motivado, por isso, a motivação é um factor preponderante da
aprendizagem.

Na verdade, não se pode esperar nem exigir resultados positivos a alunos


desmotivados, o que faz com que a motivação anteceda a aprendizagem ou, deve-
se criar antes condições necessárias ao aluno de modo a estar motivado, para
depois ensina-lo. Nesta medida, autores entendem que “a motivação deve ser
compreendida, apoiando o desenvolvimento de actividades que sejam consideráveis
para o desenvolvimento do indivíduo que nelas se envolve. Em termos educativos,
um aluno motivado encontra-se disposto para aprender, autonomamente” (Pereira,
2010, p. 26).

Consoante os argumentos dos autores, percebe-se que, a motivação é um


factor preponderante na aprendizagem do aluno e por isso existe uma relação íntima
36
entre a motivação e aprendizagem, o que significa que, sem a motivação não há
aprendizagem significativa, o inverso não é verdadeiro.

A motivação "deve ser entendida como um meio para alcançar o sucesso


escolar, e para cumprir tal premissa o aluno deve sentir em casa e na escola um
ambiente favorável ao seu interesse pessoal" (Simão, 2005, p. 10). É nesta vertente
que o professor e a escola encontram uma tarefa árdua em desenvolver no aluno
primeiramente a motivação e depois a aprendizagem.

O professor exerce uma enorme função na aprendizagem dos alunos, na


medida em que assume o papel de mediador entre o aluno e os conteúdos a serem
transmitidos, e para alcançar sucessos na aprendizagem deste, deve antes
despertar o aluno e motiva-lo a aprender.

Em seguida apresentamo-los em tabela, os factores pedagógicos:


Factores Tipologias Indicadores
- Atraso escolar
Escolaridade - Abandono escolar
- Metodologias
- Estratégias
Gestão da aula - Meios
- Procedimentos
- Condições de sala de aulas
Pedagógicos - Professor-aluno
Interacção - Aluno-professor
- Aluno-aluno
- Metodologias
Sala de aula - Estratégias
- Meios
- Procedimentos
- Motivação
Fonte: elaboração própria com base aos autores Moreira (2017, p. 157) & Arends (2010, p. 121).

37
CAPÍTULO II: METODOLOGIA DO TRABALHO

No presente capítulo apresentamos de forma minuciosa os procedimentos


metodológicos adoptados para a realização desta pesquisa, a partir das abordagens,
os métodos e as técnicas que foram utilizadas para a concretização, como também
descrever a população e amostra detalhando os critérios para selecção da amostra
em causa.

2.1. Tipo de investigação

Para o presente estudo foi adoptado uma investigação descritiva tendo em


conta os propósitos definidos, na medida em que “tem como objectivo primordial a
descrição das características de determinada população ou fenómeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre variáveis” Gil (2008, p. 42), neste caso
compreender os factores sociopedagógicos e o baixo rendimento escolar dos
alunos.

Considerando a descrição anterior e para melhor compreender o fenómeno a


partir dos participantes, recorreu-se a uma abordagem mista, qualitativo e
quantitativo. Segundo Marconi e Lakatos (2002, p. 269) “abordagem qualitativa
preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos descrevendo a
complexidade do comportamento humano”. Nesta perspectiva, analisamos as
opiniões e percepções dos membros da escola, dos alunos, professores e
encarregados de educação, para descrever os factores sociopedagógicos
associados ao baixo rendimento escolar.

Abordagem quantitativa “preocupa-se com os resultados, assumindo a


quantificação com o símbolo de abordagem científica identificada a este modelo
como abordagem positiva” (Martín, ap. Mendes & Manuel, 2016, p. 70).

Assim, a utilização da abordagem quantitativa refere-se aos números


quantificados a partir dos resultados que são obtidos na pesquisa, feito na escola
Primária BG nº 1013, município de Benguela.

2.2. Métodos, técnicas e instrumentos de recolha de dados

Os métodos indicam as vias utilizadas para alcançar os objectivos traçados.

38
Partindo da ideia de que os métodos e as técnicas a serem utilizados na
pesquisa são seleccionados a partir do problema, da delimitação da amostra ou do
universo e relembrando os renomados autores Cervo e Bervian (2005, p. 25) de que
método entende-se “o dispositivo ordenado, o procedimento sistemático em plano
geral”. No presente trabalho foi utilizado com maior relevância os seguintes métodos
de nível teórico e empírico:

De nível teórico:

Analítico – sintético: Marconi e Lakatos (2002, p. 54), “é a tentativa de


evidenciar as relações existentes entre os fenómenos estudados e outros factores.
Essas relações foram estabelecidas em função de suas propriedades de causa -
efeitos, produtor - produto, de correlação de análise de conteúdo entre outros”. Este
método permitiu uma maior compreensão sobre os factores sociopedagógicos
associados ao baixo rendimento escolar.

Indutivo-Dedutivo – Segundo Carvalho (2009, p. 86), “indução é uma


operação lógica que vai do particular ao geral. O método indutivo caminha, na
aproximação aos fenómenos, para planos cada vez mais abrangentes, indo das
constatações mais particulares às leis e teorias (conexão ascendente)”.

Para Carvalho (2009, p. 84), “dedução parte do conhecimento geral para o


particular. Parte das teorias e leis para predizer a ocorrência de fenómenos
particulares (conexão descendente) ”. Por conseguinte, o método indutivo-dedutivo é
um procedimento lógico através do qual a percepção de um objecto ou fenómeno é
obtida por inferência, isto é, partindo de dados particulares para uma verdade geral
ou universal, e vice-versa.

A utilização do método indutivo-dedutivo permitirá fazer inferências e tirar


conclusões lógicas sobre os factores sociopedagógicos associados ao baixo
rendimento escolar dos alunos da 6ª classe na escola Primária BG nº 1013,
município de Benguela.

Pesquisa bibliográfica: na visão de Marconi e Lakatos (2002, p. 36), este


método “permite abrangência da bibliografia já tornada pública em relação ao tema
desde as publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisa de
monografias, teses, material cartográfico, Internet entre outros, até meio de
comunicação oral, rádio, gravações e audiovisuais: filmes, televisão”.
39
O mesmo método permitiu fazer uma comparação sobre opiniões de
diferentes autores em relação ao tema em estudo, isto é, factores sociopedagógicos
associados ao baixo rendimento escolar, no sentido de especificar determinados
conceitos, concepções e posicionamentos de diversos autores.

De nível empírico:

Observação: “consiste no registo de unidades de interacção numa situação


social bem definidas baseada naquilo que o observador vê e ouve”, (Coutinho, 2014,
p. 136). Para o efeito, foi possível utilizar um guião de observação, inserindo alguns
indicadores, que serviram de objecto de observação para recolher dados sobre os
factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento escolar dos alunos da 6ª
classe na escola em estudo.

Inquérito por questionário: Para Gil (2008, p. 102)“é uma técnica de


investigação composta por um determinado número de questões apresentadas por
escrito as pessoas, tendo por objectivo o conhecimento de opiniões, crenças,
sentimentos, interesses, expectativas e situações vivenciadas”. Por meio de um
boletim de inquérito, por questionário dirigido aos alunos facilitou a recolha de dados
empíricos sobre factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento escolar
dos alunos da 6ª classe na escola em causa.

Inquérito por entrevista: “é uma técnica de compilação de informação


mediante uma conversa profissional com que, além disso, se adquire informação
acerca do que se investiga” (Ramos e Naranjo, 2014, p. 141). Por meio de um
diálogo aberto com os membros da direcção, professoras e encarregados da
educação, permitiu aprofundar de forma qualitativa a percepção deste, sobre os
factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento escolar dos alunos da 6ª
classe na escola identificada.

Por último, utilizou-se o procedimento Matemático-Estatístico que segundo


Gil (2014, p. 17), “este método fundamenta-se na aplicação da teoria estatística da
probabilidade e constitui importante auxílio para a investigação”. O método
estatístico ajudou a organizar e processar os dados quantitativos para a sua
apresentação em tabelas, facilitando deste modo a analise e interpretação.

40
2.3. Caracterização da Escola

A Escola Primária BG nº 1013, encontra-se localizada no Bairro da Cambanda


do município de Benguela. É de construção definitiva, com as seguintes
coordenações: a Norte, o bairro da Cambanda, a Sul, a Universidade Katyavala
Bwila, e a Este, a Escola 10 de Fevereiro.

A referida escola surgiu a 31 de Julho de 1996, na separação da actual escola


BG nº 1013. O Governo local autorizou a construção de uma escola definitiva, a
escola conta com 37 professores, onde 35 do sexo feminino e 2 do sexo masculino,
o director, uma Subdirectora pedagógica, um chefe de secretaria, duas funcionarias
administrativas e uma de limpeza. A escola tem 7 salas de aulas e 37 turmas, dos
quais 28 leccionam dentro da sala e 9 leccionam ao ar livre. A ex diretora da escola
chama-se Luzia Chipuca, actualmente é gerida pelo Senhor Hugo Fernando, desde
25 de Julho de 2018. Conta também actualmente com cerca de 42 efectivos, dentre
os quais Técnicos Médios, Bacharéis e Licenciados.

2.4. População e Amostra

Para Fortin (2009), ap. Mendes e Manuel (2016, p. 117) a população “é um


grupo de pessoas ou elementos que têm características comuns, sobre o qual se faz
o estudo”. Na opinião dos autores, é toda componente da Instituição, contando com
professores, alunos, encarregados dos alunos e direcção da escola.

Quanto a população da investigação contou-se com 67 alunos das turmas da


6.ª classes, 2 professoras que leccionam a 6.ª classes, e 3 membros da direcção da
escola e 67 encarregados de educação.

Características da amostra

De acordo com Fortin (2009), ap. Mendes e Manuel (2016, p. 117), amostra “é
a fracção ou a porção de uma população junto da qual são recolhidas as
informações necessárias ao estudo”. Assim sendo, foi seleccionada de forma
aleatória simples integrada por total de 20 encarregados a educação, dos quais 13
são do sexo femininos e 7 masculinos e 20 alunos, sendo 12 do sexo femininos e 8
masculinos que foram seleccionados a partir das 2 turmas sendo 10 por cada, com o
recurso ao procedimento de “rifas”. Assim, procedemos a numeração de cinco
papéis misturado no conjunto de outros sem marcação até extrair a amostra por
41
cada turma. Seguida juntamos os 20 alunos numa das turmas disponibilizado pela
direcção da escola para responderem aos inquéritos.

O estudo contou com 2 professoras que leccionam a 6.ª classe e 2 membros


de direcção de diferentes sexos, seleccionados de forma intencional e por
conveniência. E com este procedimento foi possível recolher informações da nossa
investigação.

42
CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO
DOS RESULTADOS

Para recolha dos dados foram elaborados quatro instrumentos


nomeadamente dois Guião de entrevistas (Apêndice A, B e C), sendo um dirigido
aos membros da direcção da escola, um aos professores e outro aos encarregados
da educação, um inquérito por questionário aos alunos (Apêndice D) e Guião de
Observação das aulas (Apêndice E). Para o tratamento dos dados fez-se recurso à
análise de frequências e percentuais, utilizando o programa excel (versão 2010).

Os dados foram analisados de forma descritiva, incluindo a abordagem


quantitativa e qualitativa. Em seguida, seguem-se, os resultados obtidos na escola
Primária BG nº 1013, município de Benguela, mediante o tema “factores
sociopedagógicos associados ao baixo rendimento escolar dos alunos”.

3.1. Apresentação e análise e interpretação dos resultados da entrevista


dirigida aos membros da direcção

A entrevista teve por objectivo, obter informações sobre a percepção dos


entrevistados em relação aos factores sociopedagógicos associados ao baixo
rendimento escolar dos alunos da 6ª classe na escola Primária BG nº 1013,
município de Benguela.

Foram entrevistados dois membros de Direcção com as idades entre 35 e 37


anos de idade, 1 do sexo feminino e outro do sexo masculino, os mesmos têm um
tempo que corresponde 18 anos de serviço. Deste modo, podemos dizer que os
membros têm uma experiência de trabalho aceitável.

Para garantir o anonimato dos entrevistados, ocultamos suas funções e os


designamos de membro A e B.

1. Relativa à concepção de baixo rendimento escolar, os entrevistados


responderam respectivamente:

Membro A: “baixo rendimento escolar são factores ou situações patentes,


que fazem com que os alunos apresentam durante o processo de aprendizagem ou
um baixo rendimento”.

43
Membro B: “baixo rendimento escolar são aspectos ligados ao processo de
aprendizagem ligado especificamente ao baixo rendimento escolar, quando digo
baixo rendimento não me refiro somente ao carácter avaliativo (notas), mas também
do domínio do saber (domínio da L.P, MAT, entre outras disciplinas)”.

As respostas dos entrevistados demonstram que os mesmos têm domínio do


baixo rendimento escolar ao realçarem que se trata da condição do aluno que
durante um percurso de tempo formação, monstra aproveitamento
contraproducente, tal como realça Alves (2010) que o baixo rendimento escolar está
relacionado com as dificuldades de aprendizagem, reprovações, atrasos, etc.

2. Se existe baixo rendimento escolar dos alunos da 6ª classe? Se sim,


justifique a sua afirmação, os entrevistados responderam respectivamente:

Membro A: “em Função do contexto actual Covid-19, o rendimento escolar é


considerado razoável, sendo um ano lectivo atípico, o processo de ensino também
se tornou atípico”.

Membro B: “em termos de números avalio positivo, mas em termos de


aproveitamento não podemos considerar 20 ou 30% bom, diria que temos um
rendimento aceitável”.

Os resultados demonstram que, na escola em causa constata-se baixo


rendimento escolar por razões da pandemia da covid-19 e, não obstante, avaliam
em termos percentuais entre 20 a 30% em geral na ordem dos alunos com baixo
rendimento escolar, cujas razões prescindiram-se em esclarecer, porém, podemos
aferi-las na questão subsequente, onde os mesmos sublinharam os factores sociais
e pedagógicos.

3. Sobre os factores sociais e pedagógicos que estão na base do baixo


rendimento escolar dos alunos da 6ª classe, os entrevistados responderam
respectivamente:

Membro A: “Os factores sociais são: famílias desestruturadas, baixa renda


em algumas famílias, distância do percurso escola-casa, vice-versa e, os factores
pedagógicos são: ausência de materiais didácticos por parte dos alunos, a falta de
empenho e dedicação por parte do professor, ausência de condições básicas de

44
ensino, tais como: estrutura física da escola, a falta de traquejo por parte de quem
forma entre outros”.

Membro B: os “factores sociais são: falta de acompanhamento dos pais e o


meio que o aluno está inserido e, os factores pedagógicos: algumas debilidades
apresentadas pelas professoras, visto que, não estão enquadradas nas suas áreas
específicas de formação”.

Os resultados revelam que os membros da direcção da escola têm um


domínio pleno dos factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento
escolar, porquanto, sublinharam-nos nas suas respostas conforme descreve a
literatura, pois, Soares (2006), Guerreiro (1998, cit. Rosa, 2013) e Belo (2017)
descrevem-nos em categorias seguintes: a condições e/ estrutura escolar (tipo de
sala de aula, as construções, os mobiliários e o material didáctico, a disposição das
carteiras, posição dos alunos, o número elevado de alunos em cada sala de aula,
relação professor aluno e as características do próprio aluno) e; a família (a
desestruturação familiar; o nível sócio-económico e cultural da família, a assimetria,
em termos de deslocamento, entre a escola e a residência do aluno e o nível de
escolaridade dos pais), bem como a comunicação social.

4. Relativamente à descrição dos factores sociais e pedagógicas


associadas ao baixo rendimento escolar dos alunos da 6ª classe apresentado
anteriormente, os entrevistados responderam respectivamente:

Membro A: “factores sociais: família: há famílias em os pais não


acompanham os seus educandos, a baixa renda familiar (factor pobreza), alunos
que faltam à escola para irem às vendas ambulantes para o sustento da casa e
amigos com má conduta; factores pedagógicos: a ausência de materiais
didácticos, a falta de motivação dos alunos e professores, fraco domínio do
conteúdo por parte dos professores, os uso dos métodos mal aplicados”.

Membro B: “factores sociais: família: pais ausentes nas actividades


escolares dos seus educandos, famílias muito carenciadas e desestruturadas;
factores pedagógicos: professoras não enquadradas nas suas áreas de formação,
mas a direcção da escola tem ajudado na capacitação dos mesmos de forma a
adequarem-se às estratégias, alguns alunos apresentam nas disciplinas de Língua

45
Portuguesa e da Matemática, porém, as professoras, tudo estão a fazer para
minimizar a situação”.

Os resultados assinalam alguns factores sociopedagógicos, tais como: a fraca


participação dos pais e encarregados de educação e a falta de interesse por parte
de alguns alunos, falta de condições favoráveis no ambiente escolar como causa de
baixo rendimento escolar dos alunos, facto que já ficou sublinhado por Moreira
(2017), Belo (2017) e Miranda et al., (2016).

5. Sobre que proposta de solução apresenta para melhorar o rendimento


escolar dos alunos da 6ª classe, os entrevistados responderam respectivamente:

Membro A: “para melhorar o baixo rendimento escolar, deve-se tocar nos


seguintes aspectos: á nível da escola deve-se melhorar a infra-estrutura da mesma;
apetrechando com instrumentos que materiais que contribuem positivamente no
processo de ensino e aprendizagem; mais entrega por parte de professores para
formação pessoal integral; o professor deve ser multifacético nas diferentes áreas do
saber; uma relação intrínseca entre a escola e família para melhor orientação e
resposta a qualquer situação de âmbito educativo”.

Membro B: “Os pais que não comparecer na reunião os seus filhos não
assistem aulas; supervisar algumas aulas das duas professoras para vermos se têm
domínio do conteúdo, se utilizem métodos adequados, se lidam bem com os
alunos”.

Os membros da direcção da escola propuseram medidas eficazes que pondo


em prática melhora a qualidade de aproveitamento dos alunos, na medida em que,
visam incentivar os professores que emborram alguns não estejam colocados nas
suas áreas de formação (conforme a questão anterior), podem se qualificar
mediante a participação em formações promovidas pela escola; medidas que visam
melhorar as condições da escola para garantir o bom rendimento escolar, bem como
as medidas que visam aconselhar as famílias a colaborarem com a escola. Por isso,
achamo-las, sugestões favoráveis às aprendizagens dos alunos.

6. Relativamente à questão, sendo experiente e conhecedor da realidade


educativa em Angola, o que poderias acrescentar para enriquecer este estudo,
os entrevistados responderam respectivamente:

46
Membro A: “para enriquecer este estudo, deve-se criar condições em todos
os aspectos (sociais, pedagógicos, económicos, financeiros, e infra-estruturas),
contudo, devemos o ministério da educação deve traçar projectos para melhorar a
qualidade de trabalho e que também viemos a ter números reduzidos de alunos nas
salas de aulas”.

Membro B: “assistência de algumas aulas para observar melhor os factores


hora estudado”.

Os entrevistados continuam a sublinhar o melhoramento das condições


escolares, quer a nível sociopedagógico quer a nível econômico-financeiro para
melhor proporcionar o trabalho docente educativo e o bom aproveitamento dos
alunos. Ainda sublinharam que é necessário a assistência de algumas aulas para
constatar os factores influenciadores ao baixo rendimento escolar dos alunos.

3.2. Apresentação e análise e interpretação dos resultados da entrevista


dirigida aos professores

A entrevista dirigiu-se a duas professoras com idades compreendidas entre


25 e 35 anos respectivamente para obter respostas sobre a temática objecto da
nossa investigação. Como se pode ver, as professores possuem idade aceitável
para o exercício das suas funções, uma vez que, para o ingresso na função pública
requer-se idade não inferior a 18 anos.

Também possuem formação e grau académico, entre as habilitações literárias


de técnicas média formadas de Escola de Formação de Professores, actualmente
Escola para o ensino primário, na especialidade de inglês e PUNIV na especialidade
de económicas jurídicas. Apenas uma professora possui curso de formação com
agregação pedagógica.

Assim das respostas obtidas das professoras segue-se a descrição, cuja para
garantir o anonimato das entrevistadas, designamo-las por A e B.

Questionadas sobre como tem sido a sua relação com os alunos, às


entrevistadas responderam respectivamente:

A: “A relação com os meus alunos tem sido boa e noutrora má, visto que,
nem todos os dias são iguais, pois depende dos conteúdos e dos dias, mas fazendo
um balanço geral tem sido boa”.
47
B: “Minha relação com os meus alunos tem sido boa, são adolescentes e é a
primeira vez que trabalho com alunos dessa faixa etária, estou me adaptando o
máximo possível”.

As professoras assumem que independentemente das circunstâncias e dos


meios sua relação com os alunos tem sido boa. Isto demonstra um aspecto
favorável às aprendizagens dos alunos, tal como defende Zimring (2010) que, o
professor na sala de aula é a figura central que desempenha um importantíssimo
papel de mediar, articular, mobilizar, lidar, coordenar processos sociais e interacções
de modo a canalizar e desenvolver talentos humanos em processo de aprendizagem
pelos quais os alunos aprendem a conhecer o mundo e conhecer-se em actuação
nesse mundo. Por isso, é da responsabilidade do professor desenvolver uma boa
relação com seu aluno.

Relativamente sobre o que entende por rendimento escolar, as


entrevistadas responderam, respectivamente:

A: “O rendimento escolar é o aproveitamento que o aluno vai mostrando em


cada trimestre mediante as avaliações que irei aplicar”.

B: “Rendimento escolar é o termómetro que usamos para medir o


aproveitamento do aluno, ou seja, para verificar se o aluno tem um bom rendimento
ou não”.

Os resultados demonstram que as professoras que dominam a problemática


do rendimento escolar e, conquanto, uma vez conhecendo, podem procurar
mecanismos de erradicar este facto na sua escola, tal com defendem Santos e
Almeida, (2001, p. 205) que o mesmo diz respeito “ao resultado das competências
académicas dos alunos quando avaliados em diferentes campos da aprendizagem”.

Sobre a questão como avalia o rendimento escolar dos alunos da 6ª


classe da sua escola, as professoras responderam, respectivamente:

A: “De forma geral avalio o rendimento escolar dos meus alunos positivo,
pesem bora alguns apresentarem um rendimento medíocre”.

B: “Avalio o rendimento dos meus alunos uma nota não superior a 7 valores,
ainda não chegamos a 10 valores porque, primeiramente caí nessa escola de
paraquedas logo que fui bem sucedida no concurso público, visto que, fiz o ensino

48
médio em uma escola que preparam os alunos para o primeiro ciclo e não tive as
metodologias que o Magistério ensina que é especificamente para o ensino primário,
estou conseguindo me adaptar aos poucos. E também por outro lado está a fraca
participação dos pais ou encarregados de educação e por outro lado é a falta de
interesse por parte dos alunos”.

Diante das respostas, é possível aferir que, a avaliação feita pelas


professoras sobre o rendimento escolar dos alunos não é das melhores, na medida
em que, assinalam que alguns alunos apresentam resultados medíocres com
relação ao rendimento escolar e a adaptação às metodologias de ensino primário, a
pouca participação dos encarregados de educação e o interesse de aprendizagem
dos alunos, facto que, é preocupante e precisa ser acautelado, até porque as
respostas coincidem com os resultados previstos na tabela 4.

Sobre quais são os factores sociopedagógicos associados ao baixo


rendimento escolar, as professoras responderam, respectivamente:

A: “Os factores sociopedagógicos associadas ao baixo rendimento escolar


são: a fraca participação dos encarregados e; a falta de interesse por parte de
alguns alunos”.

B. “Os factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento escolar


são: A família, o meio ambiente em que o aluno está inserido, a fraca infraestrutura
que a nossa escola apresenta, as metodologias e o domínio do conteúdo”.

De realçar que os factores apontados pelas entrevistadas são na sua maioria,


factores sociais, porquanto incidem sobre a família, a fraca participação dos
encarregados, o meio em que os alunos estão inseridos e as condições
infraestruturas da escola em estudo. Nesta medida é importante que a família e a
direcção da escola trabalhem em conjunto para melhorar a relação da família e
escola, bem como superar as condições infraestruturas escolares de modo a facilitar
a aprendizagem dos educandos.

Nesta medida, sustenta Soares (2006) que os factores que determinam o


desempenho cognitivo do aluno pertencem a três grandes categorias: a estrutura
escolar, a família e as características do próprio aluno e, acrescenta Beltrame e
outros (2009) que quanto melhor forem às condições materiais na escola, melhor

49
será o desempenho de quem os ocupa e o aproveitamento didáctico dos alunos em
sala de aula, por isso tornam-se necessárias à análise e avaliação do ambiente.

5. Sobre como descreve estes factores sociais e pedagógicas


associadas ao baixo rendimento escolar dos alunos da 6ª classe apresentado
anteriormente, as entrevistadas responderam respectivamente:

A: “A fraca participação dos pais tem prejudicado muito na aprendizagem dos


estudantes, visto que, são os pais ou encarregado de educação que devem ajudar
os seus educandos nas tarefas escolares. Consoante à falta de interesse por parte
de alguns alunos, não sei se eles não conseguem adequar-se ao método que aplico
ou é mesmo preguiça em aprender, mas de alguma forma procuro mecanismo para
ultrapassar nos alunos essa falta de interesse”.

B: “factores sociais: as condições da sala de aula não são das melhores


porque quando chove entra água na sala, quando há muita ventania a chapa faz
muito barulho, a fraca participação dos pais e encarregados de educação. As
novelas também têm influenciado negativamente no processo de ensino e
aprendizagem dos alunos, também tenho me empenhado muito no domínio do
conteúdo para que os alunos consigam entender e aprender os conhecimentos quer
irei transmitir”.

Os resultados apontam os factores como determinantes para o rendimento


escolar dos alunos, tais como: as salas de aulas que chovem quando há chuva, as
chapas que quando há ventania voam, a fraca participação dos pais e encarregados
de educação e a falta de interesse por parte de alguns alunos. O certo é que estes
factores influenciam o rendimento escolar dos alunos, tal como sustentam Moreira
(2017), Belo (2017) e Elali (2003, cit. Miranda et al., 2016, p. 2) que a falta de
condições no ambiente escolar, condições desfavoráveis, falta de materiais (a
acústica da sala, a ventilação, a temperatura e luminosidade), a fraca participação
da família na vida escolar dos alunos e o meio onde o aluno esta inserido (novelas e
comunicação Social) são causa de mau desempenho dos alunos.

Finalmente, se até que ponto os factores sociopedagógicos estão


associados ao baixo rendimento escolar, as entrevistadas responderam:

A: “Os factores sociopedagógicos estão associados ao baixo rendimento


escolar até o ponto em que limitam os alunos aprender, mas conforme tivera dito em
50
algumas perguntas, tanto a escola como eu professora estamos a tudo para que
ultrapassemos ou minimizemos a situação”.

B: “Esses factores estão associados ao baixo rendimento escolar porque


esses alunos ainda são dominados pelo meio em que estão inseridos, a família
acaba por ser um ponto chave nesse processo, a inexperiência do professor e a falta
de interesse por parte dos alunos deturpam o processo de aprendizagem”.

Os factores sociopedagógicos estão associados ao baixo rendimento escolar


na medida em que, são estes que contribuem para o bom ou mau desempenho dos
alunos, visto que, a falta de participação da família, o meio social e os meios de
comunicação em massa, bem como falta de condições no ambiente escolar
influencia negativamente no desempenho dos alunos.

Questionadas sobre que proposta de solução apresenta para melhorar o


rendimento escolar dos alunos da 6ª classe, as professoras responderam:

A: “A proposta de solução que apresento para melhorar o rendimento escolar


dos meus alunos são: promover palestras, pouco uso de telemóveis, o estado devia
apostar também num ensino humanista (artesanatos, desenhos,...) para assim
desenvolver mais habilidades nos alunos, visto que, as aulas de Educação Visual
Plástica quase não se fazem”.

B: “Que os pais sejam mais participativos nas actividades escolares dos seus
educandos, que o estado venha reforçar na infraestrutura da escola e que o
Ministério da educação venha a colocar os professores nas suas devidas áreas de
formação”.

As professoras clamam por condições escolares, a intervenção do Estado e


das famílias e, mostram algumas propostas favoráveis ao processo de ensino
aprendizagem, tal como realçam Miranda et al., (2016) que a falta de condições no
ambiente escolar influencia no mau desempenho dos alunos.

51
3.3. Apresentação e análise e interpretação dos resultados do inquérito por
questionário aplicado aos alunos

O inquérito por questionário foi aplicado com o objectivo de obter dados sobre
os factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento escolar dos alunos
da 6ª classe na escola Primária BG nº 1013, município de Benguela. Em termos de
estrutura o questionário foi integrado por um total de seis questões, cujos resultados
são descritos em termos de frequência e percentual, incluindo uma análise descritiva
dos mesmos.

Tabela 1: Gostas de estudar

Opção Frequência Percentagem


Sim 20 100%
Algumas vezes 0 0%
Não 0 0%
Total 20 100%

Os alunos afirmaram de forma unânime que gostam de estudar. Desta feita,


os resultados são favoráveis para aquilo que se espera de um bom aluno, aquele
que a sociedade espera que dê seus contributos. É importante quando o aluno gosta
de estudar, porque é este que a nação espera, por isso, professores e pais devem
ajudá-lo e motivá-lo para que continue com este ensejo de estudar.

Tabela 2: Gostas da sua escola

Opção Frequência Percentagem


Sim 16 80%
Não 4 20%
Total 20 100%

Foram inquiridos na amostra 20 alunos que corresponde a 100%. Destes 16


que corresponde a 80% responderam que gostam da escola em que estudam e 4
alunos na percentagem de 20% responderam que não.

Nesta ordem de opiniões divergentes, a maior parte dos alunos afirmou que
gosta de sua escola. Fazendo uma dedução concluímos que os alunos gostam da
escola em que frequentam, facto que, pode contribuir no interesse das materiais
52
leccionadas, e consequentemente, influenciando no bom rendimento escolar.
Porém, preocupa-nos, embora seja minoria, os alunos que não gostam da sua
escola porque isto pode contribuir para o abandono e absentismo escolar e,
consequentemente, o baixo rendimento escolar dos mesmos alunos.

Tabela 3: Como tem sido a sua relação com os professores

Opção Frequência Percentagem


Excelente 15 75%
Boa 4 20%
Suficiente 1 5%
Má 0 0%
Total 20 100%

Relativamente à questão colocada, dos 20 alunos inqueridos que perfazem


100%, 15 alunos na percentagem de 75% afirmam que a sua relação com os
professores é excelente, 4 alunos correspondentes a 20% responderam que é boa e
1 que perfaz 5% respondeu que é suficiente.

Os resultados são satisfatórios, pois a relação dos alunos com os professores


é maioritariamente excelente e boa, embora exista um aluno cuja relação é
suficiente. Deste modo uma relação sã e saudável contribui para um ambiente
benéfico para uma boa aprendizagem.

Tabela 4: Tens boas notas em todas disciplinas

Opção Frequência Percentagem


Sim 3 15%
Algumas vezes 11 55%
Não 6 30%
Total 20 100%

Relativamente à questão colocada, dos 20 alunos inqueridos que perfazem


100%, 3 alunos correspondentes a 15% responderam que sim, 11 alunos na ordem
de 55% responderam algumas vezes e 6 que perfazem 30% responderam não.

53
Os resultados são em parte, preocupantes, na medida em que, a
percentagem apontou para as categorias de algumas vezes e de não, facto que,
revela o baixo rendimento escolar.

Tabela 5: Os seus pais têm comprado o material escolar

Opção Frequência Percentagem


Sim 14 70%
Algumas vezes 6 30%
Não 0 0%
Total 20 100%

Foram inquiridos na amostra 20 alunos que corresponde a 100%. Destes 14


que corresponde a 70% responderam que sim e 6 alunos na percentagem de 30%
responderam que algumas vezes.

Os resultados são favoráveis, pois revelam mais uma vez que alguns pais
estão preocupados com a formação dos seus educandos, por isso, compram
materiais escolares, pese embora a Lei n.º 32/20 de 12 de Agosto no seu artigo
11.º/1 impõe que o estudo é gratuito e “A gratuidade no sistema de educação e
ensino traduz-se na isenção de pagamento pelas inscrições, assistência às aulas,
material escolar e apoio social para todos os alunos que frequentam o ensino
primário nas instituições públicas de ensino”, cabendo esta responsabilidade ao
Estado. Algumas famílias e por escassez de materiais ajudam os seus filhos,
comprando-lhes materiais escolares para que estes possam ter um bom
aproveitamento escolar.

Tabela 6: Os seus pais te ajudam a resolver as tarefas de casa

Opção Frequência Percentagem


Sim 6 30%
Algumas vezes 13 65%
Não 1 5%
Total 20 100%

Relativamente a esta questão, dos 20 alunos que perfazem 100%, 6 que


correspondem a 30%, responderam que os pais lhes ajudam a resolver a tarefa de

54
casa, 13 na percentagem de 65% responderam algumas vezes e 1 que perfazem a
5%, respondeu que não.

Os resultados preocupam-nos, primeiro porque há um aluno que os pais não


ajudam na resolução de tarefas de casa e, segundo porque a maior percentagem
recai sobre os alunos que os pais ajudam-lhes algumas vezes, pese embora haja
uma percentagem positiva de alunos cujus pais estão interessados em ajudar seus
filhos nas tarefas de casa. É necessário que os pais ajudem os seus filhos a resolver
as tarefas de casa, visto que, a família exerce um papel decisivo tanto na formação
do carácter como na aprendizagem da escola, por isso, deve acompanhar os seus
educandos nas tarefas de casa e, consequentemente ver o aproveitamento escolar
da criança.
3.4. Apresentação e análise e interpretação dos resultados da entrevista
dirigida aos pais/encarregados de educação

A entrevista teve por objectivo, obter informações sobre a percepção dos


entrevistados em relação aos factores sociopedagógicos associados ao baixo
rendimento escolar dos alunos da 6ª classe na escola Primária BG nº 1013,
município de Benguela.

Foram entrevistados vinte pais ou encarregados de educação, agrupados por


quatro grupos composto por de cinco, em forma de diálogo em equipa, com as
idades entre 23 a 43 anos, habilitações literárias de 8.ª a licenciados, 13 do sexo
feminino e 7 do sexo masculino.

Para garantir o anonimato dos entrevistados, ocultamos suas funções e os


designamos por Grupo A, B, C e D.

1. Questionados sobre como tem sido a sua relação com os professores


da escola onde estuda o seu filho, os encarregados de educação responderam
respectivamente:

Grupo A: “a relação com os professores tem sido boa, apesar de que muitos
não comparecem nas reuniões escolares”;

Grupo B alegou que têm “uma relação é boa com as professoras, participam
nas reuniões e nas actividades escolares”;

55
Grupo C “a relação é razoável, visto que, são poucos os encarregados que
participam nas actividades escolares”;

O Grupo D “infelizmente muitos encarregados da educação nunca tiveram


contacto com os professores dos seus filhos e outros nem conhecem quem ensina
seus filhos, alguns aparecem nas reuniões uma vez a outra”.

As respostas apontam para uma relação saudável, porém, o problema


consiste no facto de os mesmos não participarem activamente nas actividades e
reuniões escolares, é que não é abonatório, visto que, deve haver colaboração entre
as duas instituições, tal como fundamentam Tiba (2002) e Parolin (2003) que a
Família e a Escola são “instituições parceiras”, por isso, devem trabalhar em cujunto
para o bom rendimento escolar dos educandos.

2. Questionados se já ouviu falar do rendimento escolar, se sim, o que


entende por rendimento escolar, os encarregados de educação responderam
respectivamente:

Grupo A: “sim, já ouvimos falar do rendimento escolar”, porém, justificaram


que consiste na “distração em algumas aulas, é quando o aluno não consegue se
adaptar com a forma de como a professora ensina, muitas brincadeiras dos alunos
como o atraso”;

Grupo B: “sim, o rendimento escolar consiste no bom ou mau aproveitamento


dos alunos”;

Grupo C: “Sim, o baixo rendimento escolar depende da distração dos alunos


por causa de muita sede porque a escola não tem torneira de água; depende do
ritmo de aprendizagem dos alunos, muitos têm um ritmo de aprendizagem muito
lento e, às vezes é a fome causa este mau aproveitamento”;

Grupo D: “Algumas vezes. Não conseguimos definir muito bem, se tem haver
com as reprovações ou aprovações, atrasos dos alunos ou então com as distrações
na sala de aulas”.

Os encarregados de educação percebem o rendimento escolar, pese embora,


alguns, só ouviram falar algumas vezes, suas respostas apontam por factores que
influenciam no rendimento escolar, tais como: distração dos alunos na sala de aulas,
atrasos dos mesmos, o ritmo de aprendizagem, bons ou maus resultados, entre

56
outros. Nesta medida, dominando o assunto, os encarregados de educação podem
junto à direcção da escola e professores procurar meios para erradicar o problema,
tal como realçam Soares, Brito e Costa (2010) e Andrade (2006) que o processo de
ensino aprendizagem é um sistema muito complexo, pois exige muito por parte dos
intervenientes.

3. Questionado se se verifica com frequência o baixo rendimento escolar


na escolar onde estuda o seu educando, se sim, como se descrevem estes
factores, os encarregados de educação responderam respectivamente:

Grupo A: “Sim. Os factores devem-se as condições que a escola apresenta,


a forma como os professores dão aulas, professora que não assinam bem, e pelas
brincadeiras dos nossos filhos”.

Grupo B: “Verifica-se baixo rendimento escolar por causas relacionadas ao


baixo rendimento escolar, tais como: as poucas condições que a escola oferece, os
métodos e os meios de ensino que os professores usam, etc.”.

Grupo C: “Ausência dos pais na escola, não tem bebedor. A escola falta
muitas coisas, assistir muito porque os nossos filhos passam mais tempo assistindo
boneco; Um encarregado exemplificou seu filho dizendo: meu filho atrasa porque
assiste muito e desperta muito tarde devido à televisão”.

Grupo D: “As causas são várias, como por exemplo: quando a professora
não dá bem as aulas, quando a escola está mal, falta de livros, cadernos, lápis, falta
de interesse por parte dos alunos em aprender; Assistir muito, a relação com a
professora e a maneira de ensinar” e, As condições que a escola apresenta.

Os factores ora apontados pelos encarregados da educação, embora não


descreveram conforme a literatura o faz no primeiro capítulo por Pires (1991, cit.
Branco, 2012) e Belo (2017), influenciam no baixo rendimento escolar dos alunos,
pelo que, é urgente a intervenção dos intervenientes: Estado, Ministério da
Educação, Direção da Escola, professores e família para a melhoria das condições
da escola e demais outros, como os factores sociais.

4. Sobre que proposta de solução apresenta para melhorar o rendimento


escolar da escola em questão, os encarregados de educação propuseram as
seguintes soluções, respectivamente:

57
Grupo A: “Os professores devem incentivar os alunos e criar adaptarem-se
as metodologias para que os alunos tenham motivação em aprender; adequar os
métodos ao meio e as condições dos alunos”.

Grupo B: “Trabalhar mais para minimizar as brincadeiras das crianças; Os


professores, a família e a direcção da escola devem trabalhar juntos para
ultrapassar ou minimizar certos problemas que a escola enfrenta; Os professores e
os pais devem apertar mais os alunos para diminuir as brincadeiras e assistir pouco
à televisão”;

Grupo C: “Uso de estratégias e mecanismos adequados por parte dos


professores para que os educandos tenham um ritmo de aprendizagem mais rápido;
Os pais devem fazer as refeições mais cedo para que os filhos não faltem às aulas e
devem desligar à televisão na hora dormir e de ir à escola; Proibir as crianças dos
amigos que não estudam para não influenciá-los”.

Grupo D: “Colocar torneiras na escola para evitar que os alunos vão fora
procurando água; Trabalhar com as professoras para motivar os alunos a ler e
escrever e assistir pouco a televisão; Evitar os atrasos ao ir à escola para não perder
aulas e; Mais paciência dos professores e motivação para ensinar”.

Os encarregados de educação propõem soluções que levadas acabo pode-se


acabar com o baixo rendimento escola. Por isso, consideramos que, para o efeito, é
necessário a combinação de esforços de todos intervenientes no processo, com
melhor realce o Estado e Ministério da Educação.

5. Questionados se poderiam acrescentar mais sugestões para


enriquecer este estudo, os entrevistados sugeriram o seguinte:

Grupo A: “Que o Estado venha reabilitar a Escola para assim melhorar as


condições da mesma e Direcção da Escola também deve trabalhar no sentido de
melhorar as condições da escola”.

Grupo B: “Que o Ministério da educação forneça mais materiais didácticos,


porque às vezes os alunos não têm recebido livros e justificam sempre que já
acabou; Acrescentar mais salas de aulas na escola, visto que, são poucas as salas”.

58
Grupo C: “Levar a conhecer ao Estado para oferecer mais condições
estruturais, livros e outros materiais didácticos; Que haja mais esforços na parte das
professoras, Direcção da Escola e mais inspecção escolar”.

Grupo D: “Que o Governo crie mais condições na Escola; Que o Estado crie
condições infra-estruturais escolares e; Que as professoras possam ensinar mais
capacitar os alunos para que possam ingressar no primeiro ciclo com sucesso”.

Os encarregados de educação recomendam soluções que visam elevar a instituição


escola à um nível de qualidade de modo a proporcionar um bom trabalho dos
professores e o bom aproveitamento dos alunos, tais como: melhorar as condições
estruturais da escola, disponibilidade de materiais didácticos, o nível de participação
dos pais, mais esforço por parte dos professores e a inspecção escolar de modo a
supervisionar as actividades docentes, o rendimento escolar dos alunos e as
condições da escola.

59
3.5. Apresentação, análise e interpretação dos resultados obtidos na
observação das aulas

A observação é uma técnica de avaliação que permite a recolha de dados


com a maior fidelidade possível, identificam-se as formas habituais ou não
habituais de intervenção, isto é, avaliar os comportamentos, atitudes,
interesses e níveis de desempenho dos alunos e também do professor
(Afonso & Agostinho, 2008, p. 44),

Foram observadas 4 aulas concernentes aos factores sociopedagógicos


associados ao baixo rendimento escolar dos alunos da 6ª classe na escola Primária
BG n.º 1013, município de Benguela. As observações realizadas permitiram obter
um leque de informações às quais submetidas à análise, permitiram a descrição dos
aspectos relacionados com os factores sociopedagógicos associados ao baixo
rendimento escolar dos alunos da escola em questão. Os aspectos foram
categorizados em dois grupos, nomeadamente factores sociais e factores
pedagógicos.

Factores pedagógicos relacionados com o baixo rendimento escolar dos


alunos da 6.ª classe

Observado Parcialmente Não


INDICADORES observado observado

Freq. % Freq. % Fre %


q.

Articulação entre teoria e prática na 1 25% 3 75% 0 0%


ministração das aulas.

Articulação entre objectivos, conteúdos, 1 25% 3 75% 0 0%


métodos e meios de ensino.

Relação professor-aluno 2 50% 0 0% 2 50%

Respeita o ritmo de aprendizagem dos alunos 2 50% 1 25% 1 25%

Utiliza uma língua clara e adequada 2 50% 1 25% 1 25%

Observou-se 5 aspectos relacionados com factores sociais sobre o


rendimento escolar dos alunos da 6.ª classe. Sobre a articulação entre teoria e
prática na ministração das aulas, observou-se 1 correspondente a 25% na

categoria de observado e 3 na ordem de 75% na escala de parcialmente observado;


60
no que se refere articulação entre objectivos, conteúdos, métodos e meios de
ensino, das 4 aulas observadas 1 correspondente a 25% avaliada na categoria de
observado e 3 na ordem de 75% na escala de parcialmente observado; sobre a
relação professor-aluno, das 4 aulas observadas, 2 na ordem de 50% foram
apreciadas na variante observado e 2 na ordem de 50% aula na categoria
parcialmente observado; relativamente se respeita o ritmo de aprendizagem dos
alunos, das 4 aulas observadas, 2 na ordem de 50% apreciadas na categoria de
observado, 1 correspondente a 25% na escala de parcialmente observado e 1 aula
correspondente a 25% avaliada na variante de não observado e; se utiliza uma
língua clara e adequada, das 4 aulas observadas, 2 foram apreciadas na variante
de observado, 1 correspondente a 25% na escala de parcialmente observado e 1
aula correspondente a 25% avaliada na variante de não observado.

Os resultados mostram que ainda há necessidades de adaptação em relação


à teoria e prática, a articulação entre objectivos, conteúdos, métodos e meios de
ensino às metodologias de ensino relativamente às aulas observadas parcialmente,
visto que, estes factores são determinantes para o bom rendimento escolar dos
alunos, porém, as professoras devem procurar mecanismo de adaptação, tal como
realça Veigas (2003) que em qualquer nível de ensino, é comum o professor se
deparar com a necessidade de determinar técnicas a serem utilizadas no
desenvolvimento dos conteúdos das disciplinas.

Os conteúdos ministrados e as metodologias utilizadas muitas vezes não


condizem com as expectativas e a realidade dos alunos, ou seja, a implicação dos
alunos nas actividades de aprendizagem poderá ser dificultada devido a ausência de
uma compreensão clara sobre os objectivos de aprendizagem. Ressalta Marion
(2001) que, a estratégia utilizada pelo professor deve tentar fazer com que todos os
indivíduos absorvam o conteúdo, possibilitando o acompanhamento das matérias
mais complexas. É verdade que o professor deve preparar meios de ensino para a
sua aula e, para o efeito, a escola deve possuir suficientemente os meios
permanentes (quadro, giz e manual de apoio) e outros como: meios visuais,
cartazes, gravuras, projectores e outros, conforme apresenta (Pilett 2001, p. 160).

A relação professor-aluno é um factor pedagógico que influencia o bom


rendimento escolar, na medida em que, os alunos aprendem facilmente, encaram o
professor como um amigo e quando são bem tratados, sem receio de apresentar
61
suas dúvidas e preocupações. As professoras utilizam linguagem clara e adequada
que permitem a aprendizagem dos alunos e outros com cuja língua é razoável, ou
seja, a metodologia utilizada por eles não corrobora para uma aprendizagem eficaz
do aluno.

Desta feita, apesar das professoras atenderem o ritmo de aprendizagem dos


alunos, existe outra aula em uma professora não teve em atenção a esta
particularidade. Nesta medida, aconselha-se de extrema importância que as
professoras procedam de modo a atenderem as particularidades de todos e o seu
ritmo de aprendizagem.

Avaliação das condições estruturais da escola

Observado Parcialmente Não observado


INDICADORES observado

Freq. % Freq. % Freq. %

Sala de aula (quadro, 0 0% 2 50% 2 50%


carteiras, ventilação e
iluminação, cores das paredes)

Refeitório 0 0% 0 0% 4 100%

Pátio escolar 4 100% 0 0% 0 0%

Bebedor 0 0% 0 0% 4 100%

A biblioteca 0 0% 0 0% 4 100%

Observou-se quanto as condições estruturais da escola, nomeadamente:


salas de aulas (quadro, carteiras, ventiladores, iluminação e cores das paredes), dos
quais 2 correspondentes a 50% observado na escala de parcialmente obsevado e 2
correspondentes a 50% na escala de não observado; o refeitório foi apreciado com
100% na escala de não observado; o pátio escolar foi apreciado com 100% na
escala de observado; biblioteca foi apreciado com 100% na escala de não
observado; bebedor foi apreciado com 100% na escala de não observado.

Como podemos constatar na tabela, o único aspecto favorável às


aprendizagens é o pátio escolar que também influencia, de certa forma, para o bom
rendimento escolar dos alunos. Os resultados em questão vão de encontro à
entrevista dirigida as professores onde as mesmas queixam-se da falta de materiais

62
didácticos que inviabilizam as estratégias de ensinar conteúdos novos, visto que,
segundo os mesmos o sistema de avaliação bastante exigente.

Os resultados não são favoráveis às aprendizagens dos alunos, na medida


em que, a maior parte dos aspectos avaliaram-se na escala de não observado, o
que demonstra que a escola não oferece condições suficientes para proporcionar o
bom aproveitamento na aprendizagem dos alunos. Segundo Soares (2006), são
factores que determinam o desempenho do aluno, entre outros, a estrutura escolar e
as condições da escola e, acresce ainda que quanto melhor forem às condições
materiais na escola, melhor será o desempenho dos alunos em sala de aula.

63
CONCLUSÕES

Depois de percorrida diversificadas ideias, com base ao problema e objectivos


que orientaram a investigação e os resultados obtidos a partir da análise dos dados
colhidos, permitiu concluir que:

 Os fundamentos realçam que os factores sociopedagógicos associados ao


baixo rendimento escolar, reflectem precisamente a falta das condições e/
estrutura escolar (tipo de sala de aula, as construções, os mobiliários e o
material didáctico, a disposição das carteiras, posição dos alunos, o número
elevado de alunos em cada sala de aula, relação professor aluno e as
características do próprio aluno) e; a família (a desestruturação familiar; a
fraca participação da família na vida escolar dos alunos, o nível
socioeconómico e cultural da família, a assimetria, em termos de
deslocamento, entre a escola e a residência do aluno e o nível de
escolaridade dos pais), bem como a comunicação social.
 Os factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento escolar dos
alunos da 6ª classe na escola em questão: falta das condições e/ estrutura
escolar, tais como, a falta de materiais didácticos, relação professor-aluno,
o interesse dos alunos em aprender, o nível socioeconómico e cultural da
família, a desestruturação familiar, as assimetrias em termos de
deslocamento, a relação entre a família e a escola e a fraca participação
dos encarregados. Outros factores que precisam aperfeiçoamento por parte
das professoras são: língua clara e adequada, o respeito pelo ritmo de
aprendizagem dos alunos, a relação professor-aluno, a articulação entre
objectivos, conteúdos, métodos e meios de ensino e a articulação entre
teoria e prática na ministração das aulas.
 Os factores sociopedagógicos dos alunos da 6ª classe na escola em
questão associados ao baixo rendimento escolar pertencem a três grandes
categorias: a estrutura escolar, a família e as características do próprio
aluno. Estes factores influenciam o rendimento escolar dos alunos, na
medida em que, são causa de mau desempenho dos mesmos e,
inviabilizam a actividade docente na transmissão de conhecimentos.

64
Destaca-se também, o factor pandemia da covid-19 que de alguma forma
contribuiu bastante no baixo rendimento escolar da escola em causa.

SUGESTÕES

De acordo com os resultados obtidos e seguida das conclusões, urge a


necessidade de haver por parte do Estado, Direcção da escola, família e professores
a intervenção, no sentido de:

1. Que a Escola enderece uma carta ao Governo/Ministério da Educação


onde detalha as suas preocupações no sentido de se criar mecanismos
que possam garantir boas condições infra-estruturais, para facilitar o bom
trabalho docente e o devido bom rendimento escolar dos alunos.

2. Que os órgãos de direito, organizem mais seminários de capacitação,


mais palestras ou jornadas científicas pedagógicas, para superação das
dificuldades que os professores apresentam e consequentemente, garantir
o bom rendimento escolar dos alunos;

3. A direcção da escola, professores e os encarregados da educação criem


mais incentivo aos educandos de modo que obtenham bons resultados
escolares e explicá-los sobre a importância da sua própria formação;

4. A direcção da escola deve sensibilizar os professores para motivar os pais


durante as reuniões e explicá-los sobre a importância de participarem no
processo de ensino-aprendizagem, bem como interessarem-se das
dificuldades da ausência dos encarregados de educação, e traçar horários
de reuniões que não entram em colapso com o tempo de trabalho dos
pais.

65
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http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26n1/a18v26n1.pdf. Acesso em: 16 dez. 2016.

Veigas (2003),

ZASSALA, C. (2017). Iniciação a pesquisa científica . Luanda : Arlindo Isabel.


Internet.

69
 Infopédia. (Agosto de 2000). Acesso em 14 de Setembro de 2017, disponível
em https://www.infopedia.pt/insucesso-escolar
 Infopédia. (Abril de 2000). Acesso em 14 de Setembro de 2017, disponível em
https://www.significados.com.br/influencia/
 Infopédia. (Maio de 2007). Acesso em 14 de Setembro de 2017, disponível
em https://www.significadosbr.com.br/sociologia.
 https://knoow.net/ciencsociaishuman/psicologia/psicologia-do-
desenvolvimento/

70
Apêndice A: Roteiro de entrevista dirigida aos membros da direcção da Escola
Objectivo: obter informações sobre a percepção dos entrevistados sobre os
factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento escolar dos alunos da
6ª classe na escola Primária BG nº 1013, município de Benguela.

Dados Pessoais
Idade______ anos
Sexo: masculino __ feminino __

Tempo de serviço ______ anos ______ meses.


Função que exerce __________________

1. O que entende por baixo rendimento escolar?

2. Existe baixo rendimento escolar dos alunos da 6ª classe? Se sim, justifique a


sua afirmação.

3. Quais são os factores sociais que estão na base do baixo rendimento escolar
dos alunos da 6ª classe?
4. Quais são os factores pedagógicos associados ao baixo rendimento escolar
na sua escola?
5. Como se descrevem estes factores sócias e pedagógicas associadas ao
baixo rendimento escolar dos alunos da 6ª classe apresentado
anteriormente?
6. Que proposta de solução apresentas para melhorar o rendimento escolar dos
alunos da 6ª classe?
7. Sendo experiente e conhecedor da realidade educativa em Angola, o que
poderias acrescentar para enriquecer este estudo?

Muito obrigado, pela sua colaboração

71
Apêndice B: Roteiro de entrevista aplicada aos professores

Esta entrevista visa somente a recolha de dados sobre os factores


sociopedagógicos associados ao baixo rendimento escolar dos alunos da 6ª classe
na escola Primária BG nº 1013, município de Benguela.
1. Idade: _______ anos
Sexo: Masculino Feminino

2. Grau académico _________

3. Em que Instituição obteve esse grau_________________________________

Parte II: Questões

4. Como tem sido a sua relação com os alunos?

5. O que entende por rendimento escolar?

6. Quais são os factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento


escolar?
7. Como se descrevem estes factores sociais e pedagógicas associadas ao baixo
rendimento escolar dos alunos da 6ª classe apresentado anteriormente?
8. Que proposta de solução apresentas para melhorar o rendimento escolar dos
alunos da 6ª classe?
9. Sendo experiente e conhecedor da realidade educativa em Angola, o que
poderias acrescentar para enriquecer este estudo?

Muito obrigado, pela sua colaboração

72
Apêndice C: Boletim de inquérito por questionário aplicado aos alunos

O inquérito por questionário foi aplicado com o objectivo de obter dados sobre os
factores sociopedagógicos associados ao baixo rendimento escolar dos alunos da
6ª classe na escola Primária BG nº 1013, município de Benguela.

Sexo: M ___ F ___

Idade: _______

1. Gostas dos teus professores?


Sim
Algumas vezes
Não

2. Sente-se motivado a aprender?


Sim
Algumas vezes
Não

3. Como tem sido a sua relação com os professores?


Excelente
Boa
Suficiente

4. Tem entendido o que o teu professor explica?


Sim
Não

5. Os seus pais acompanham as aulas?


Sim
Não

10. Os seus pais têm te ajudado na tarefa escolar?


Sim
Não
6. Os teus pais compram materiais didácticos?

73
Sim
Não
As vezes
Muito obrigado, pela sua colaboração.

74
Apêndice D: Guião de entrevista aos pais e encarregados de educação

Esta entrevista visa somente a recolha de dados sobre os factores


sociopedagógicos associados ao baixo rendimento escolar dos alunos da 6ª classe
na escola Primária BG nº 1013, município de Benguela.

Idade: _______ anos


Sexo: Masculino Feminino

Grau académico _________

Em que Instituição obteve esse grau_________________________________

Grau de parentesco com o seu educando_____________________________

Parte II: Questões

1. Como tem sido a sua relação com os professores da escola onde estuda o seu
filho?

2. Já ouviu falar do rendimento escolar?

3. Se sim, o que entende por rendimento escolar?

4. Verifica-se o baixo rendimento escolar com frequência na escolar onde estuda o


seu educando?

5. Se sim, quais são os factores sociais e pedagógicos estão na base do baixo


rendimento escolar?
6. Como se descrevem estes factores sociais e pedagógicas associadas ao baixo
rendimento?
7. Que proposta de solução apresentas para melhorar o rendimento escolar da
escola em questão?
8. Poderias acrescentar mais sugestões para enriquecer este estudo?

75
Apêndice E: Guião de observação de aulas

Objectivo: colher dados sobre os factores sociopedagógicos associados ao baixo


rendimento escolar dos alunos da 6ª classe na escola Primária BG nº 1013,
município de Benguela.
Escola_________________________________________________________
Classe______Turma________________nº de alunos____________________
Hora_________das_________________às________Turno________________
Disciplina_______________________________________________________
Tipo de Aula_____________________________________________________
Unidade temática_________________________________________________
Assunto da aula__________________________________________________
Aula nº______Ano lectivo_________________________Data______________
Escala de apreciação: (3) observado (0): (2) parcialmente observado (PO); (1) não
observado (NO).
Escala de
apreciação
DOMÍNIO A OBSERVAR O PO NO
(1) (2) (3)

Factores pedagógicos relacionados com o baixo rendimento escolar dos


alunos
Articulação entre teoria e prática na ministração das aulas.

Articulação entre objectivos, conteúdos, métodos e meios de ensino.

Relação professor-aluno

Respeita o ritmo de aprendizagem dos alunos

Utiliza uma língua clara e adequada

Condições estruturais da escola

Sala de aula (quadro, carteiras, ventilação e iluminação, cores das paredes)

Refeitório

Pátio escolar

Bebedor

A biblioteca
Data da observação: ____/_____/______.
O observador:
_____________________________________________________________

76

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