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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ____º JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DA COMARCA DE XXXXXXXX ESTADO DO PARANÁ.

XXXXXXXXXX, brasileira, casada, analista administrativo, portador da cédula de identidade


RG nºXXXXXX/PR, inscrito no CPF/MF sob o nº XXXXXXXXX, e XXXXXXX brasileira, casada,
analista administrativo, portador da cédula de identidade RG nºXXXXXX/PR, inscrito no
CPF/MF sob o nº XXXXXXXXX , ambas residentes e domiciliadas na Rod. XXXXXXXXXXX,
XXXX (PR), CEP XXXXXXX, por seu advogado abaixo subscrito (instrumento de mandato
anexo), vem, com devido acato e respeito, à presença de Vossa Excelência, propor a
presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C PEDIDO DE REEMBOLSO
em face de DECOLAR.COM LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob
o nº 03.563.689/0002-31, com sede na Alameda Grajaú , 219, 2º andar, Alphaville Centro
Industrial e Empresarial, na cidade de Barueri, estado de Sã o Paulo, CEP 06454-050, GOL
LINHAS AEREAS INTELIGENTES S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrita o CNPJ
sob o nº 06.164.253/0001-87, com sede na Rua Pc Linneu Homes, SN, PORTARIA 03; :
PREDIO 24, , na cidade de Campo Belo, estado de Sã o Paulo, CEP 04.626-020, endereço
eletrô nico bambanassessoria@bambanassessoria.net, pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos:
I. DAS PRELIMINARES

a) Da Legitimidade Passiva

O Có digo de Defesa do Consumidor é claro ao estabelecer a responsabilidade solidá ria de


todos aqueles que participam da relaçã o de consumo e venham a causar qualquer dano ao
consumidor.

Quem aufere vantagem econô mica ou de qualquer outra natureza, por intermediar
transaçõ es entre o consumidor e terceiros, assume a qualidade de participante da cadeia de
consumo e, portanto, tem legitimidade para responder pela açã o de perdas e danos frente
aos prejuízos causados ao consumidor. Nos termos do art. 3, § 2º, do Có digo de Defesa do
Consumidor:
“Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.”
Ainda, consta do caput do artigo 3, do CDC:
“Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.”
Diante disso, ressalta-se também o disposto no artigo 34, do CDC: “O fornecedor de
produtos ou serviços é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou
representantes autônomos”.
Igualmente, dispõ em o §ú nico do artigo 7º e o § 1º do artigo 25 da lei consumerista acerca
da responsabilidade solidá ria de todos os integrantes da cadeia de consumo em face dos
danos casados pelos produtos ou serviços prestados ao consumidor:
Art. 7º Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou
atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.
§ 1º Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão
solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
Neste sentido, entende-se que a 1º Ré, como agência de viagens, é pessoa legítima para
figurar no polo passivo da referida demanda, porquanto é empresa que presta serviço
remunerado de intermediaçã o de compra e venda pacotes de viagens que comtemplam
passagens aéreas e reservas e locaçõ es de hospedagem entre o consumidor final e as
empresas fornecedoras do serviço de transporte aéreo de passageiros e hotelaria,
intervindo como representante autô noma destas.
Da mesma maneira é legítima a 2ª Ré, posto que, é companhia prestadora de serviços de
transporte aéreo, sendo a passagem aérea contratada de sua titularidade.
No mesmo sentido, cita-se o entendimento consoante do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal:
JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. CONSUMIDOR. REEMBOLSODE PASSAGEM AÉREA PARA
EVITAR ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. LEGITIMIDADE PASSIVA DA EMPRESA
PARCEIRA NA CADEIA DE FORNECIMENTO DE SERVIÇOS COM O COMERCIANTE.
PRELIMINAR REJEITADA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.
1. NÃO HÁ QUE SE FALAR EM ILEGITIMIDADE PASSIVA DO RECORRENTE, TENDO EM
VISTA QUE ESTAMOS DIANTE DE UMA RELAÇÃO DE CONSUMO SENDO AFETA AO
CDC. O RECORRENTE, EMBORA SE APRESENTE COMO INTERMEDIÁRIO DE
PAGAMENTO, INTEGRA A CADEIA DE FORNECEDOR DE SERVIÇOS E RESPONDE
SOLIDARIAMENTE PELOS EVENTUAIS DANOS DECORRENTES DE SUAS FALHAS. 2.
RESPONSABILIDADE DA RECORRIDA PELA NÃO UTILIZAÇÃO DA PASSAGEM AÉREA.
ENTRETANTO, CABE DEVOLUÇÃO DO QUE FOI PAGO PARA EVITAR
ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. 3) RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA
CONFIRMADA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. A RECORRENTE RESPONDE POR
CUSTAS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, ESTES ARBITRADOS EM 10% (DEZ POR
CENTO) DO VALOR DA CONDENAÇÃO, NA FORMA DO ARTIGO 55 DA LEI 9099 /95.
(TJ-DF - Ação Cível do Juizado Especial ACJ 2302882620108070001 DF 0230288-
26.2010.807.0001 (TJ-DF) Data de publicação: 26/04/2012)
Logo, resta claro que ambas as Rés, na qualidade de prestadoras de serviços, sã o
legitimadas e SOLIDARIAMENTE RESPONSÁVEIS pela má prestaçã o desse serviço aos
consumidores.
b) Da Justiça Gratuita
Pleiteiam os requerentes os benefícios da justiça gratuita, por nã o estarem em condiçõ es de
pagarem à s custas do processo, sem prejuízo pró prio ou de sua família.
O pedido pode ser feito mediante afirmaçã o na pró pria petiçã o inicial, conforme a
literalidade da lei, 1060/51, em seu artigo 4º, in verbis:
Art. 4º. A parte gozará dos benefícios da assistência judiciá ria, mediante simples afirmaçã o,
na pró pria petiçã o inicial, de que nã o está em condiçõ es de pagar as custas do processo e os
honorá rios de advogado, sem prejuízo pró prio ou de sua família.
Igualmente o artigo 99 do Novo Có digo de Processo Civil prevê a possibilidade do pedido
ser realizado na pró pria exordial:
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petiçã o inicial, na
contestaçã o, na petiçã o para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
Pelo exposto, com base na garantia jurídica que a lei oferece, requerem os autores, a
concessã o do benefício da justiça gratuita, em todos os seus termos, a fim que sejam isentos
de qualquer ô nus decorrente do presente feito.
II. DOS FATOS
Os requerentes adquiriram, em 01 de fevereiro 2020, conforme documento anexo, reserva
de voo a ser realizada em 13/03/2020 na requerida agência de viagens Decolar.com., com
destino à Brasília para a realizaçã o de um concurso pú blico.
Vale destacar que, na época, nã o havia rumores sobre a pandemia do Covid-19 no Brasil,
mas apenas em outros países, sendo que tal pandemia veio a se desencadear com força
maior e forma imprevisível aqui no Brasil em meados de março do corrente ano.
Assim, março de 2020 as cidades de todo o país começaram a fechar e determinar o
cancelamento de toda as viagens aéreas, devido ao imenso risco de contaminaçã o do vírus.
Face as situaçõ es acima relatadas e também seguindo as instruçõ es da OMS, houve o
cancelamento da viagem por parte das requeridas, com a possibilidade de agendamento de
nova data para gozo da reserva de voo adquirido.
Entã o apó s alguns meses, iniciou-se as tentativas de cancelamento ou reagendamento do
pacote de voo, contudo, restaram infrutíferas.
Ainda que o reagendamento estivesse DENTRO DO PRAZO, isto é, até 30/11/2021, o site
da requerida nã o fornecia mais a possibilidade de cancelar e muito menos reagendar.
Os autores realizaram diversas ligaçõ es para tentar realizar a solicitaçã o, mas o telefone ou
dava ocupado ou ficava por vá rios minutos aguardando atendente até cair.
Visando registrar o pedido de cancelamento face a grave situaçã o, tentaram realizar no site,
onde receberam as seguintes mensagens da reserva do voo:
>>>> PRINTS<<<<
Veja que o site desde o início dificultou o cancelamento com reembolso ou reagendamento
da reserva do voo, tornando quase impossível ser feito o pedido pelo telefone e pelo site,
uma que, primeiro tentaram por diversas vezes contato por telefone, sem sucesso, segundo,
inexiste um canal especifico para o pedido de cancelamento ou reagendamento para o
pacote adquirido pelos autores.
Desde março/abril de 2020 os autores aguardam posiçã o das requeridas sobre a reserva
do voo adquirido, frisa-se que o pagamento da reserva de viagem foi parcelado em 5
(cinco) vezes no cartã o, estando os autores a honrar mensalmente o pagamento de uma
viagem que não puderam fazer por motivos alheios a sua vontade, por um caso
fortuito.
Excelência, já se foram 10 meses e os autores por saberem da situaçã o que se encontra o
país e o mundo, principalmente no setor de viagens, aguardam pacientemente o
posicionamento das requeridas, acreditando que estas seriam também conscientes da
situaçã o e, nã o penalizariam os autores por uma impossibilidade de viajar que nã o deram
causa.
Inclusive, os autores nunca imaginaram que teriam problemas com a remarcaçã o da
reserva do voo, porém, após o pedido de reembolso, a empresa requerida ofereceu
apenas um montante extremamente baixo (valor aproximadamente de R$200,00), e
não o valor INTEGRAL DA RESERVA, qual seria, R$1.059,02 (um mil, cinquenta e nove
reais e dois centavos).
Excelência, os autores realizaram a compra de uma reserva de voo, justamente por serem
estes contemplados por valores lhes eram acessíveis, por serem valores promocionais,
SENDO TOTALMENTE ABUSIVO, o reembolso parcial por um cancelamento que sequer
deram causa, bem como, nã o permitirem o reagendamento para outras viagens, sendo que
o produto objeto da lide é exatamente uma reserva de viagem.
Tal limitaçã o é abusiva e prejudicial aos autores, pois além de serem penalizados com
multas de cancelamentos, foram impedidos de realizar apenas um simples reagendamento,
um verdadeiro absurdo!
Excelência, a situaçã o do Brasil só tem se agravado nos ú ltimos meses em relaçã o da
propagaçã o da COVID 19 e suas VARIANTES, pelo que nã o se tem ideia de quando a
pandemia ira finalizar, bem como os requeridos sequer deram prazo considerando tal
situaçã o, o mínimo que deveria ter sido feito, era estipular o prazo de reagendamento
vinculando o fim da pandemia, conforme determinaçã o da MP 948/2020.
Os autores nã o conseguem contato por telefone, nã o existe outro canal para negociar tais
imposiçõ es contrarias a legislaçã o, nã o restando alternativa senã o vir buscar soluçã o junto
a este Poder Judiciá rio.
Deve-se levar em consideraçã o no presente caso que, em que pese todo o ocorrido tenha
acontecido por motivos alheio à vontade das partes (Pandemia COVID 19), deve este juízo
considerar a conduta abusiva das empresas rés, pois estas tentam tirar proveito da
situaçã o, impondo multa de cancelamento, limitaçã o ao reembolso, impossibilidade de
reagendamento, estabelecendo prazos curtos e contrá rios a legislaçã o, tudo para sair em
vantagem sobre os consumidores, nã o deixando opçã o senã o a busca ao judiciá rio.
III. DO DIREITO
a) Da Proteção Ao Consumidor da Aplicabilidade da Lei 8.078/90
A relaçã o descrita nessa exordial é uma típica relaçã o de consumo, na qual, de um lado
estã o as Rés, na qualidade de fornecedoras de serviços, e do outro lado estã o os autores,
que figuram como consumidores finais dos serviços oferecidos pelas Rés.
Neste sentido, elucidam os artigos 2º, caput, e o artigo 3º, caput, do Có digo de Defesa do
Consumidor:
Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatá rio final.
Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pú blica ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produçã o, montagem, criaçã o, construçã o, transformaçã o, importaçã o, exportaçã o,
distribuiçã o ou comercializaçã o de produtos ou prestaçõ es de serviços.
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancá ria, financeira, de crédito e securitá ria, salvo
as decorrentes das relaçõ es de cará ter trabalhista
Assim, nã o há dú vidas de que a legislaçã o aplicá vel ao caso concreto é a Lei nº 8.078, de
11/09/1990, conhecida como Có digo de Defesa do Consumidor.
Ademais, a defesa do consumidor é garantia constitucional, conforme estabelece o art. 5º,
inciso XXXII da CF/88: “O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor".
Logo, faz-se evidente a aplicaçã o das regras de proteçã o ao consumidor dispostas na Lei
8.078/90, o que se requer desde já .
b) Da Condição de Vulnerabilidade do Consumidor e Da Inversão do Ônus Probandi
Em se tratando de relaçã o de fornecimento de serviço, a saber, compra e venda de reserva
de viagem aéreo, convém assinalar a posiçã o inferiorizada dos consumidores, a qual é
reconhecida amplamente pela doutrina, jurisprudência e pela lei, no que tange à s relaçõ es
com fornecedores.
Neste sentido, tem-se a redaçã o do artigo 4º do Có digo de Defesa do Consumidor:
Art. 4º A Política Nacional das Relaçõ es de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saú de e segurança, a proteçã o
de seus interesses econô micos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relaçõ es de consumo, atendidos os seguintes princípios: I-
reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
Assim, dado o patente desequilíbrio entre as partes desta relaçã o, nada mais justo do que a
aplicaçã o do artigo 6º, inciso VIII do diploma legal em tela, que possibilita a inversã o do"
onus probandi "em favor da parte inferiorizada, qual seja, os consumidores. Tem-se,
portanto:
Art. 6º Sã o direitos bá sicos do consumidor:
(...) VIII - a facilitaçã o da defesa de seus direitos, inclusive com a inversã o do ô nus da prova,
a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegaçã o ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordiná rias de experiências;
Logo, diante da inequívoca e presumida hipossuficiência técnica e econô mica dos Autores
em face das Rés, a inversã o do ô nus probató rio é medida necessá ria.
Assim, requer-se a Vossa Excelência que conceda a inversã o do ô nus probandi, a fim de
oportunizar aos Autores o alcance dos direitos que buscam reconhecidos na presente
demanda.
c) Do Descumprimento da Legislação Vigente em Tempo de Pandemia
Em 12 de março de 2020, a Organizaçã o Mundial da Saú de (OMS) declarou a pandemia do
Coronavírus, que já levou mais milhares de pessoas à morte ao redor do mundo.
Ante os fatos alarmantes do alastramento da doença, o Ministério pú blico Federal (MPF)
recomendou à Agência Nacional da Aviaçã o Civil ( ANAC), que assegure ao consumidor o
direito de cancelamento de passagens adquiridas até 9 de março sem juros ou multas,
devolvendo os valores pagos.
Entretanto, pesando o bom senso, evitando a judicializaçã o desnecessá ria da lide e a nã o
onerosidade à s duas partes, requerendo apenas que, em caso de reagendamento, fosse
concedido apenas a possibilidade de abertura de prazo de 12 meses até o fim da pandemia
para reagendamento de toda reserva de viagem contratada ou, reembolso integral do valor,
sem aplicaçã o das penalidades contratuais, juros ou multas, ou alteraçã o do valor
contratado, conforme já vêm ao encontro o disposto no artigo 3º da MP/ 925 de 2020:
Art. 3º O prazo para o reembolso do valor relativo à compra de passagens aéreas será de
doze meses, observadas as regras do serviço contratado e mantida a assistência material,
nos termos da regulamentaçã o vigente.
§ 1º Os consumidores ficarã o isentos das penalidades contratuais, por meio da aceitaçã o de
crédito para utilizaçã o no prazo de doze meses, contado da data do voo contratado.
Ante o evento imprevisível, de caso fortuito e força maior, mundial, entende-se que deve
haver a nulidade de clá usulas contratuais que estabeleçam obrigaçõ es consideradas
iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade (art. 51, inciso IV do Có digo de Defesa do
Consumidor).
Sendo assim, veja que as rés persistiram em aplicar penalidades aos autores, como
impossibilidade de reagendar data da reserva de viagem, imposiçã o de limite de data para
uso da passagem em desacordo com o limite legal e viá vel, face a ainda estarmos em meio
da pandemia (que os efeitos só crescem), tudo de maneira a lesar os consumidores.
Por este motivo, já tendo sido disponibilizado as rés a possibilidade de reagendar a data da
reserva de viagem, até o prazo má ximo de 12 meses a contar do fim da pandemia, sem
estipulaçã o de multa ou limitaçã o abusiva, tendo está optado por estabelecer limites
contrá rios a legislaçã o, inclusive em flagrante má -fé, os autores pleiteiam a devoluçã o
corrigida dos valores pagos na reserva de viagem.
d) Da Rescisão Contratual e Da Restituição de Valor Pago por Serviço Não Usufruído
Conforme amplamente exposto, deverã o ser aplicadas ao caso em tela as disposiçõ es do
Có digo de Defesa do Consumidor. Neste passo, ressalta-se a previsã o do artigo 6º e seus
incisos:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteçã o da vida, saú de e segurança contra os riscos provocados por prá ticas no
fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
(...) V - a modificaçã o das clá usulas contratuais que estabeleçam prestaçõ es
desproporcionais ou sua revisã o em razã o de fatos supervenientes que as tornem
excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevençã o e reparaçã o de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos;
No tocante ao artigo supramencionado, revela-se que é direito bá sico do consumidor a
proteçã o à sua vida, saú de e segurança, bem como a possibilidade de rever clá usulas da
contrataçã o em razã o de fatos supervenientes que estabeleçam prestaçõ es
desproporcionais e onerosa a uma das partes.
Desse modo, verifica-se que a situaçã o atual é atípica, ao passo que tanto as empresas
fornecedoras de serviços quanto os consumidores foram pegos de surpresa pela rá pida
propagaçã o e contá gio da nova doença, devendo haver compreensã o e respeito de ambas
as partes.
No entanto, necessá rio destacar que uma das principais características para aqueles que
exploram atividade econô mica é o RISCO. Na livre iniciativa, a açã o do empreendedor está
aberta simultaneamente ao sucesso e ao fracasso, a qual representa uma relaçã o de
proveito e ô nus. Logo, nas relaçõ es de consumo ou prestaçã o de serviços, visto a
disparidade de forças entre consumidor e fornecedor, presume-se que o elo mais forte
desta relaçã o jurídica assumiu os riscos que podem decorrer de tal atividade.
Dessa teoria (Teoria do Risco do Empreendimento) adveio a responsabilidade objetiva dos
fornecedores de serviços quando a relaçã o se caracterizar como de consumo, conforme
abarcado pelo artigo 14, caput, do Có digo de Defesa do Consumidor:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparaçã o dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestaçã o dos
serviços, bem como por informaçõ es insuficientes ou inadequadas sobre sua fruiçã o e
riscos.
Este artigo tem correspondência também com dispositivo da norma civil, artigo 927,
pará grafo ú nico, e embasa a Teoria do Risco do Empreendimento, porquanto é dirigido
especificamente aos fornecedores de serviço:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará -lo.
Pará grafo ú nico. Haverá obrigaçã o de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Desse modo, entende-se que a falta dessa responsabilizaçã o objetiva acarretaria benefícios
indevidos para quem explora a atividade. Se o indivíduo que é privilegiado nã o
respondesse pelos danos causados em detrimento dos riscos que foram criados, ocorreria
um enriquecimento indevido, ou sem causa.
Nesse sentido, há a inexigibilidade, a princípio, de auferir a culpa, em uma relaçã o de
consumo, já que o empreendedor tem o dever de responder pelos eventuais vícios e/ou
defeitos que o produto ou serviço trouxer ao consumidor.
Logo, os Autores, ora consumidores, figuram como parte vulnerá vel desta relaçã o de
consumo, nã o podendo, portanto, serem obrigadas a suportar prejuízos advindos do
cancelamento / reagendamento da viagem contratada, ainda que as circunstancias
ensejadoras decorram de caso fortuito e/ou força maior, porquanto as Rés, na qualidade de
fornecedoras assumiram os riscos do empreendimento ao desempenhar a atividade
econô mica.
Ante a todo o exposto, conforme preconiza o Princípio a Vontade Racional, o
consumidor tem direito à informação, reflexão e arrependimento, ao passo que a
cobrança de serviço não prestado ao consumidor se constituiu em enriquecimento
indevido da empresa fornecedora.
Igualmente, é vedado pelo Có digo de Defesa do Consumidor as clá usulas que subtraiam do
consumidor a opçã o de reembolso de valor já pago, porquanto sã o consideradas clá usulas
abusivas, e, portanto, nulas de pleno direito:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
(...) II - Subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos
previstos neste có digo;
(...) IV - Estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
equidade;
(...) XV - Estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
No contrato de relaçã o de consumo, toda contraprestaçã o deve corresponder, logicamente,
a uma prestaçã o de serviço ou fornecimento de um produto. É inadmissível, portanto, o
pagamento por serviço que não foi prestado, bem como a negativa em devolver valor
já pago pelo consumidor é medida que contraria a lei consumerista.
O Diploma Civil também é cristalino ao dispor sobre a possibilidade de o passageiro
rescindir o contrato de transporte antes de iniciada a viagem, garantindo-lhe o direito de
obter a restituiçã o do valor pago pela passagem. Indicam-se os preceitos trazidos pelo
artigo 740, in verbis:
Art. 740. O passageiro tem direito a rescindir o contrato de transporte antes de iniciada a
viagem, sendo-lhe devida a restituiçã o do valor da passagem, desde que feita a
comunicaçã o ao transportador em tempo de ser renegociada.
Ademais, aponta-se que Associaçã o Brasileira de Procons – PROCONSBRASIL emitiu uma
Nota recomendando que nos casos em que nã o for possível o adiamento da viagem
adquirida, considerando o justo motivo fundado no risco à vida, saúde, e segurança, o
consumidor deverá solicitar a DEVOLUÇÃ O INTEGRAL DO VALOR PAGO.
Assim, diante de tudo que foi aduzido, nã o há justificativa legal ou plausível para que a um -
As rés nã o autorizarem a remarcaçã o da reserva de viagem; a dois - Reagendamento de
voos com data limite de viagem, bem como, ausência de reembolso, tudo devido aos
autores nã o poderem usufruir do serviço que fora contratado anteriormente em
decorrência da Pandemia desta nova doença.
Isto posto, requer a Vossa Excelência se digne em CANCELAR A RESERVA dos voos
contratados nas Requeridas, bem como, condena-la a devoluçã o integral dos valores pagos
devidamente corrigidos.
Assim, requer a Vossa Excelência que determine O REEMBOLSO INTEGRAL DOS VALORES
PAGOS pelos Autores na reserva de viagem, porquanto o mesmo representa
enriquecimento indevido das Rés.
IV. DA REPARAÇÃO DO DANO MORAL
No que tange ao dano moral, o texto constitucional tornou induvidosa sua reparaçã o pelo
mal subjetivo causado à vítima, independentemente dos reflexos patrimoniais por ele
carreados. Cita-se neste contexto o disposto no artigo 5º, inciso X, da Constituiçã o
Federal:
Art. 5º. X - Sã o inviolá veis a intimidade, a vida privada, a honra, e a imagem das pessoas,
assegurando o direito à indenizaçã o pelo dano material ou moral, decorrente de sua
violaçã o;
Por sua vez, o Có digo de Defesa do Consumidor também explicita em seu art. 6º:
Art. 6º – Sã o direitos bá sicos do consumidor:
(…) VI – A efetiva prevençã o e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos;
VII – O acesso aos ó rgã os judiciá rios e administrativos, com vistas à prevençã o ou
reparaçã o de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a
proteçã o jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
Neste mesmo sentido, segundo Pontes de Miranda, “nos danos morais a esfera ética da
pessoa é que é ofendida: o dano não-patrimonial é o que, só atingindo o devedor como ser
humano, não lhe atinge o patrimônio” (apud Rui Stoco, Responsabilidade Civil e sua
Interpretação Jurisprudencial, RT, p. 395).

Em decisã o prolatada pelo Exmo. Des. Almir Carneiro da Fonseca, no Egrégio Tribunal de
Justiça da Paraíba, colhe-se uma definiçã o sucinta e objetiva quanto à caracterizaçã o do
dano moral:
“O dano moral se caracteriza pelo sentimento humano de lesão de direitos da
personalidade. Seu conteú do “é a dor, o espanto, a emoçã o, a vergonha, a humilhaçã o, em
geral uma dolorosa sensaçã o experimentada pela pessoa.” (AC 96.000312-3 – 2ª CC- DJ/PB
20/08/96)
Por sua vez, destaca-se da doutrina a definiçã o dada por Antô nio Jeová Santos, que trata
com maestria o objeto da presente demanda:
“O dano moral é a afetaçã o espiritual do sujeito. O que nã o quer dizer que todo estado
espiritual desvalioso seja um dano moral. Devem concorrer os demais pressupostos da
responsabilidade civil como o ato ilícito, o nexo causal e o dano, que é o elemento mais
importante da obrigaçã o de indenizar” (Antô nio Jeová Santos. Dano Moral Indenizá vel,
Lejus, 2ª ediçã o pá g. 114)
Resta claro, portanto, que as Rés cometeram ato ilícito aqui exposto, uma vez, agem em
total desacordo com a legislaçã o aplicá vel no presente momento, veja que tentam de forma
descarada lesar os autores, impossibilitando que os mesmos realizem o reagendamento de
viagem ou reembolso integral da reserva, em flagrante má -fé, pois é de conhecimento geral
que tais açõ es sã o contrarias a legislaçã o vigente e a boa-fé, incorrendo dolosamente na
lesã o à paz, à tranquilidade, à imagem, à honra e a outros tantos pressupostos da dignidade
da parte promovente.
Os autores apenas queriam remarcar a data para uso da reserva de viagem que fora
cancelado PELAS RÉS, mas tal resolução amigável não fora possível, pois as rés
tentaram de todas as maneiras “ganhar” em cima da situação, agindo de forma a
sempre deixar mais onerosa a situação aos autores, triste realidade!
Tal ato ilícito acarretou indignações e perturbações para as partes promoventes,
pois além de não conseguirem viajar na época planejada, ainda tiveram de enfrentar
a morosidade e a falta de boa-fé das rés na solução desta situação, sendo este o dano
a ser reparado.
Primeiramente, observa-se que a contrataçã o da reserva de voo se deu junto a site da 1º Ré,
ao passo que todas as reservas e contrataçõ es de transporte aéreo foram realizadas
diretamente pela Agência de Viagem Ré.
Assim, revela-se que a conduta da Agencia Ré é contrá ria a lei de proteçã o ao consumidor,
nos termos do art. 51, II e IV do CDC, que impede a existência de clá usulas que vedem o
direito da parte contratante em rescindir o negó cio firmado, bem como receber o
reembolso de valores eventualmente pagos.
Ve-se Excelência que, os Autores tentaram resolver a situaçã o de forma amigá vel visando
soluçã o de maneira a nã o onerar nenhuma das partes, acreditando que o bom senso e a
empatia seriam o carro chefe da presente situaçã o, porém as rés, apenas “enrolaram” os
autores enviando mensagens automá ticas via e-mail, nunca atendendo o telefone, e no
final, foram totalmente em contrapartida das determinaçõ es legais, isto é, impossibilidade
de reagenda e ausência de reembolso, triste e absurdo!
Isto posto, fica evidente a falha na prestaçã o de serviços das Rés!!
No caso em tela, portanto, o dano moral encontra-se bem caracterizado dado todo o
sentimento de afliçã o e impotência causado aos Autores que, além de nã o poderem realizar
a viagem da qual esperavam tanto em decorrência da Pandemia de uma nova doença que
assombra a maioria dos países, ainda precisam enfrentar a conduta indiferente e leviana
das Rés que nã o se dispõ em a resolver os problemas surgidos e agem com extrema má -fé
ao visar unicamente lesar os autores.
Deste modo, é patente o ato ilícito cometido pelas Rés porquanto a conduta desrespeitosa e
de descaso destas contrariam ao pró prio ordenamento jurídico consumerista, bem como
aos princípios de boa-fé e equidade, imprescindíveis em uma relaçã o de consumo, ao passo
que causaram danos aos Autores tanto na esfera patrimonial quanto moral, haja vista as
incertezas e angustias suportadas pelos Autores que nã o usufruíram do serviço ofertado
pelas Rés e mesmo assim ainda têm de arcar com o pagamento integral da reserva de
viagem.
Neste sentido, a jurisprudência pá tria é bastante vasta quando da caracterizaçã o do dano
moral indenizá vel, da qual se destaca o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça:
“Sobrevindo em razã o de ato ilícito, perturbaçã o nas relaçõ es psíquica, na tranquilidade,
nos sentimentos e no afeto de uma pessoa, configura-se dano moral, passível de
indenizaçã o.” (Resp. 8788/SP – 4ªT – Rel. Min. Barros Monteiro – v.u. – DJU 66.4499)
Veja excelência, que as rés tiveram a oportunidade de agir de maneira legal, porém
optaram em nã o conceder a possibilidade de reagendamento da reserva de viagem, e impor
limitaçã o ilegal do reembolso da reserva, tudo visando lesar os autores, assim agindo de
forma abusiva e indevida. A jurisprudência segue neste sentido:
APELAÇÃO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS – COMPRA
DE PASSAGENS AÉREAS PELA INTERNET – CANCELAMENTO PELA APELANTE –
COBRANÇA INDEVIDA – DANOS MATERIAIS E MORAIS CONFIGURADOS. Os Apelados
realizaram uma compra de passagens aéreas no sítio eletrô nico da Apelante Submarino, e
houve o cancelamento do pedido. Restou incontroversa uma segunda compra realizada
diretamente no sítio eletrô nico da interessada TAM para os mesmos dias e locais, mas com
preços mais altos. Ficou demonstrada a cobrança relativa à compra cancelada no cartã o de
crédito utilizado para pagamento. As faturas do cartã o de crédito apresentadas (fls. 22/26)
comprovam os pagamentos relativos a ambos os pedidos, sendo que sã o favorecidas duas
empresas do grupo TAM (TAM Site e TAM Agências). [...] Logo, procede o pedido de
restituiçã o dos valores pagos pela compra cancelada e pelos valores pagos a maior pela
segunda compra. Também procede o pedido de danos morais. Note-se que a Apelante e a
interessada nã o se animaram em prestar qualquer esclarecimento acerca da grande
quantidade de protocolos de atendimento indicados na inicial, o que faz presumir que
realmente houve uma inércia deliberada em solucionar a questã o, revelando completo
descaso com o problema enfrentado pelos consumidores. Desse modo, a situaçã o
vivenciada pelos Apelados nã o pode ser enquadrada como mero aborrecimento, pois ela é
suficiente para incutir nos consumidores sentimentos de tristeza e humilhaçã o, na medida
em que se veem impotentes e desrespeitados diante de um problema para o qual nã o
contribuíram, e sim foram vítimas dele. – VALOR FIXADO – MANUTENÇÃ O. O valor fixado
pelos danos morais causados aos Apelados - R$ 6.000,00 (seis mil reais) – está em
consonâ ncia com os parâ metros da razoabilidade e proporcionalidade. – ART. 252, DO
REGIMENTO INTERNO DO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃ O PAULO. Em consonâ ncia com
o princípio constitucional da razoá vel duraçã o do processo, previsto no art. 5º, inc.
LXXVIII, da Carta da Republica, é de rigor a ratificaçã o dos fundamentos da r. sentença
recorrida. Precedentes deste Tribunal de Justiça e do Superior Tribunal de Justiça. –
SENTENÇA MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO. (TJ-SP - AC: 10066859820178260005 SP
1006685- 98.2017.8.26.0005, Relator: Eduardo Siqueira, Data de Julgamento: 01/11/2012,
38ª Câ mara de Direito Privado, Data de Publicaçã o: 02/04/2019). 3ª Turma Recursal dos
Juizados Especiais do Distrito Federal, (...) Quanto ao dano moral, a turma ressaltou que
a atitude da ré em nã o efetuar o reembolso ao autor foi suficiente para gerar o abalo
emocional: “Verifica-se que as atitudes perpetradas pela ré sã o passíveis de gerar dano
moral, uma vez que gerou transtornos, desgastes, constrangimentos e abalo emocional, que
extrapolam o mero aborrecimento cotidiano, tendo em vista que a empresa ré, mesmo
cobrando multa abusiva, deixou de reembolsar o consumidor no valor que lhe era devido,
sustentando, inveridicamente, que o erro era da operadora de cartã o de crédito, o que fez
com que o autor procurasse por duas vezes o PROCON (fls. 41 e 48), sem que, contudo, a
empresa aérea (ré) cumprisse com a sua obrigaçã o.” Processo: 20150410008649ACJ
Veja Excelência que o presente caso ultrapassa o mero dissabor, vez que as rés tentam de
todas as maneiras lesar os autores, lhe tirando direitos e lhe imputando ô nus de forma
injusta, vez que o cancelamento da viagem nã o se deu por culpa dos autores, como
exaustivamente acima exposto, nenhuma das rés agiram com boa-fé, ao imputar multa,
dificultar tempo para viagem e limitar abusivamente o uso de “cupom”.
Ante ao exposto, tem-se como caracterizados os requisitos necessá rios configuradores do
dano moral indenizá vel, quais sejam:
a) o ato ilícito das Rés que consiste na impossibilidade de reagendamento da viagem
cancelada por elas, ausência de reembolso integral, retirando inclusive o direito de usar o
cupom em pacotes de viagem (que é justamente o produto que os autores adquiriam das
rés);
b) os contratempos advindos de tal situaçã o constrangedora e revoltante que consiste no
dano efetivo e, por fim;
c) o nexo de causalidade, posto que tais constrangimentos decorreram diretamente da
conduta de descaso das Rés.
Assim, requer a Vossa Excelência que se digne em condenar as Rés, solidariamente, ao
pagamento de indenizaçã o a título de danos morais ante ao sofrimento suportado pelos
Autores em decorrência da falha na prestaçã o de serviço das Rés.
V. DA FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
Conforme explanado acima, restou claro que toda a situaçã o ocorrida superou em muito o
mero aborrecimento do cotidiano, ao passo os Autores têm direito a indenizaçã o a título de
danos morais correspondente ao constrangimento experimentado causados pela falta de
boa-fé e má prestaçã o de serviços por parte das Rés.
Isto posto, revela-se que a indenizaçã o a título de danos morais possui dois parâ metros: o
caráter compensatório para a vítima do dano e o caráter punitivo–preventivo, para
punir o ofensor daquele ato ilícito praticado e evitar que venha a praticá -lo novamente.
Manifesta-se, neste sentido, o professor ARAKEN DE ASSIS, in Indenizaçã o do Dano Moral,
RJ nº 236, jun/97, p. 5:
“Quando a lei, expressamente, não traçar diretrizes para a fixação do valor da indenização,
(...) caberá o arbitramento, no qual se atenderá, de regra, à dupla finalidade: compensar a
vítima, ou o lesado, e punir o ofensor”.
Salienta-se que a indenizaçã o obtida nã o fará com que seja afastada a indignaçã o dos
Autores, mas permitirá , na medida do possível, que haja uma compensaçã o em face de toda
a situaçã o vivenciada.
Até porque a indenizaçã o, nessas hipó teses, nã o pode exercer a funçã o de equivalência,
como de regra, justificando-se a pena aplicada apenas em funçã o de seu cunho
pedagógico.
Para fixaçã o do quantum indenizató rio, deve-se levar em conta a situaçã o e o estado dos
Autores e também a CAPACIDADE PATRIMONIAL das Rés, sob pena de, com uma
condenaçã o irrisó ria, estimular prá ticas similares e futuras pelas Rés.
Os Autores sã o pessoas cumpridoras de seus direitos e obrigaçõ es, pautando suas vidas
sempre pela observâ ncia de rígidos princípios éticos e morais. Em relaçã o à situaçã o e ao
estado dos Autores, pode-se, por um momento, pensar que uma indenizaçã o causaria
enriquecimento ilícito, sem causa, ou indevido.
Mas, apó s aná lise mais detalhada, verifica-se que HÁ CAUSA para embasá -la e essa causa é
absolutamente LÍCITA, já que houve um DANO e existe em nosso ordenamento jurídico
PREVISÃ O LEGAL para sua REPARAÇÃ O.
Assim, ainda que esse valor cause certo enriquecimento, dado a situaçã o de
constrangimento experimentado pelos Autores, essa INDENIZAÇÃO É JUSTA E DEVIDA,
pois as mesmas sofreram grande abalo moral causado por culpa exclusiva das Rés.
Por fim, destaca-se que a 1º Ré é Agência de Viagem que aufere altíssimos proveitos
atuando como intermediadora de todo o setor de turismo tanto nacional como estrangeiro,
igualmente a 2º Ré é companhia aérea multinacional, detentora de um grande poderio
econô mico, uma eventual condenaçã o deve ser suficiente para que as Rés, em casos
semelhantes, revejam sua prestaçã o de serviço para com seus consumidores, nã o
permitindo que tais situaçõ es ocorram novamente no futuro.
Neste sentido, pede-se a Vossa Excelência, e espera-se, que a condenaçã o respeite a
TEORIA DO VALOR DE DESESTÍMULO, ao passo que sejam as Rés condenadas ao
pagamento de indenizaçã o a título de danos morais fixada em valor equivalente a
R$10.000,00 (dez mil reais) PARA CADA AUTOR, como medida satisfativa e punitiva do
dano moral.
VI - DOS PEDIDOS

Diante do acima exposto, e dos documentos acostados aos autos, vem perante Vossa
Excelência requerer os seguintes pleitos:

a) A citaçã o das Requeridas para que respondam à presente açã o, no prazo legal, sob pena
de revelia e confissã o;
b) A produçã o de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial o depoimento
pessoal dos Requeridos;

c) A concessã o dos benefícios da Assistência Judiciá ria Gratuita, como apresentado no


introdutó rio desta exordial, para em caso de haver necessidade de recurso.

d) A procedência do pedido, com a condenaçã o das requeridas ao ressarcimento imediato


do valor pago na reserva de viagens R$1.059,02 (um mil, cinquenta e nove reais e dois
centavos), devidamente atualizado e acrescido de juros e correçã o monetá ria, conforme
artigo 18 do Có digo de Defesa do Consumidor (planilha anexa).

e) Sejam as Requeridas condenadas por Vossa Excelência, pagarem aos Requerentes um


quantum a título de danos morais, qual seja o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) para
cada um dos autores, ou outro a ser arbitrado por este r. Juízo, em atençã o à s condiçõ es
das partes, principalmente o potencial econô mico-social da lesante, e, a gravidade da lesã o,
sua repercussã o e as circunstâ ncias fá ticas, este nã o seria enriquecimento sem causa e,
devido ao poder financeiro das Requeridas, tornando-se tal pena pecuniá ria em uma
proporçã o que atingisse o cará ter punitivo ora pleiteado, como também o compensató rio.

f) A condenaçã o das Requeridas nas custas judiciais e honorá rios advocatícios, estes a
serem fixados por Vossa Excelência no que tange Art. 85§ 2º e § 6º do CPC, 20% sobre o
valor da condenaçã o.

Dá -se a causa o valor de R$ R$ 21.059,02 (vinte e um mil, cinquenta e nove reais e dois
centavos), para que produza os devidos e necessá rios efeitos legais.

Nesses Termos,

Pede Deferimento.
Londrina, PR, 01 de novembro de 2021

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