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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO ___ JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DE BRASÍLIA/DF

CAIO VINICIUS ARAÚJO DE SOUZA, brasileiro, advogado,


inscrito no CPF sob o n. 041.007.131-50, RG n. 5119661 SSP/GO,
residente e domiciliado no SCLN 409, Bl. C, Ed. Coplasa, Ap. 113, Asa
Norte, Brasília/DF, CEP: 70857-530, e-mail: caaiiovini@gmail.com.br,
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, em causa própria
(Doc. 01), ajuizar a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS

em face de MM TURISMO & VIAGENS S.A (Max Milhas), sociedade


anônima fechada, inscrita no CNPJ/MF sob o n. 16.988.607/0001-61,
com sede Rua Matias Cardoso, n. 169, Andares 5, 10 e 11, Santo
Augustinho, Belo Horizonte/MG, CEP 30170-050, endereço de e-mail
contabilidade@maxmilhas.com.br; e TRANSPORTES AEREOS
PORTUGUESES S.A, sociedade anônima constituída segundo as leis
portuguesas, autorizada a funcionar no Brasil através do Decreto nº
38.817/1956, inscrita no CNPJ sob o n. 33.136.896/0001-90, com
representação no Brasil na Avenida Paulista, n. 453, 14º andar, Bela
Vista, São Paulo - SP, CEP 01311-000,

I. BREVE SÍNTESE DOS FATOS.

Em 05.02.2020, momento anterior ao início da pandemia da


COVID-19 no Brasil, o ora Requerente adquiriu, por intermédio da Max
Milhas, ora 1ª Requerida, passagens aéreas com destino a Portugal pelo
valor total de R$ 2.690,50 (dois mil seiscentos e noventa reais e
cinquenta centavos), conforme se verifica do resumo da fatura de
prestação de serviços (Doc. 02), bem como pelo extrato bancário que
comprova o pagamento integral de todas as parcelas (Doc. 03).

O itinerário estava assim definido: (i) Na ida, o voo TP0058


sairia de Brasília no dia 22.05.2020 às 17h e chegaria em Lisboa às 06h
do dia 23.05.2020; (ii) já na volta o voo TP0059 sairia de Lisboa às 10h
do dia 07.06.2020 e chegaria em Brasília às 15h30min do mesmo dia
07.06.2020. Confira-se:

A viagem tinha como objetivo viabilizar a participação do


Requerente na V Copa Mundial de Juristas de futebol, que aconteceria
na cidade de Algarve no período de 27.05 a 01.06.2020.

Sucede que, em razão da pandemia da COVID-19, a


companhia aérea cancelou unilateralmente o voo, de forma que, em
26.03.2020 o ora Requerente iniciou o procedimento de cancelamento da
compra e reembolso dos valores pagos.

À época, como a compra foi realizada de forma parcelada, o


ora Requerente solicitou o reembolso das parcelas pagas, bem como
a interrupção das cobranças das parcelas seguintes no cartão de
crédito utilizado para a transação.

A 1ª Requerida, inicialmente, apresentou como opções ao


Requerente apenas a remarcação das passagens ou o cancelamento
mediante reembolso em forma de voucher, o qual somente poderia ser
utilizado na plataforma e apenas em voos da TAP, ora 2ª Requerida.

Tais propostas foram expressamente rejeitadas, haja vista


que à época o cenário da pandemia era absolutamente incerto, bem como
a viagem tinha uma única finalidade que era a participação em
competição de futebol.

Além disso, o Requerente ainda informou que não teria


outras férias no período disponível para utilização do voucher e que para
alguns de seus amigos o voucher ofertado foi para utilização em qualquer
companhia que forneça seus serviços por meio da Max Milhas. Tal opção
sequer foi disponibilizada ao ora Requerente.
Nesse passo, ao longo de mais de oito meses o ora Requerente
tentou inúmeros contatos com os Requeridos, especialmente pelo sistema
disponibilizado pela Max Milhas para esse tipo de problema, todos sem
qualquer resposta, conforme se verifica do espelho da solicitação de
cancelamento anexo (Doc. 04).

Somente em maio de 2021, alguns dias antes de se completar


o prazo de 1 (um) ano para reembolso do valor pago concedido pela Lei n.
14.034/2020 é que veio a primeira resposta da Requerida Max Milhas,
limitando-se a fornecer as mesmas opções já fornecidas em março de
2020, sem se atentar às especificadas da situação do ora Requerente.

Além disso, antes mesmo que ora Requerente pudesse


apresentar nova manifestação a solicitação foi fechada unilateralmente
pela empresa e atribuído o status de resolvido ao caso, conforme se
verifica da imagem abaixo:

No entanto, até a presente data nada foi resolvido, sendo que


o Requerente, que quitou integralmente o valor cobrado pelos serviços
não prestados, permanece sem qualquer reembolso, razão pela qual
impõe-se o ajuizamento da presente ação.

II. DO DIREITO.

a. Da Relação de Consumo. Responsabilidade objetiva das


Requeridas: Dever de indenizar que independe da caracterização
de culpa ou dolo.

A Constituição Federal de 1988, objetivando estabelecer


garantias de proteção à sociedade, erigiu a defesa do consumidor à
condição de direito fundamental e princípio geral da ordem econômica.
Veja-se:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
(...)
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
consumidor;

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do


trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar
a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social, observados os seguintes princípios:
(...)
V - defesa do consumidor;

In casu, o Requerente, por intermédio da Max Milhas, ora


1ª Requerida, contratou os serviços de transporte aéreo prestados
pela 2ª Requerida, TAP, para se deslocar de Brasília a Portugal com a
finalidade de disputar uma competição esportiva.

Ressai evidente, portanto, a relação consumerista que se


instaurou entre as partes, nos termos dos arts. 2º e 3º do CDC1, haja

1Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a
coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de
consumo.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
vista que o Requerente é consumidor (destinatário final) dos serviços
fornecidos pelas Requeridas, sendo que ambas integram a cadeia de
fornecimento seja na condição de prestadora final ou de intermediadora.

Isso posto, cumpre destacar que a responsabilidade da


Requeridas é de natureza objetiva e solidária, prescindindo, portanto, de
comprovação de culpa ou dolo para sua caracterização, por força do
disposto no art. 14 do CDC, in verbis:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos
à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

O art. 18 do diploma consumerista, por seu turno, é


categórico ao estabelecer a responsabilidade solidária entre todos aqueles
que integrem a cadeia de fornecimento. Confira-se:

Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis


ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de
qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou
inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes
diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária,
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza,
podendo o consumidor exigir a substituição das partes
viciadas.

No caso em tela, como já demonstrado, ambas as Requeridas


integram a cadeia de prestação dos serviços, vez que a 1ª Requerida foi
responsável pela emissão das passagens enquanto que a 2ª era a
responsável direta pelo transporte aéreo contratado e, inclusive, foi quem
cancelou o voo. A jurisprudência pátria é absolutamente pacífica quanto
à responsabilidade solidária da intermediadora responsável pela venda
da passagem juntamente com a companhia aérea. Confira-se:

APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR. AGENCIA DE TURISMO.


PACOTE DE VIAGEM. LEGITIMIDADE PASSIVA
RECONHECIDA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

(...)
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
CONFIGURADA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E
OBJETIVA. DANO MORAL CONFIGURADO. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. [...] 2. A agência de
turismo, quando efetua a venda de pacote de viagem,
atua como intermediadora na comercialização de
serviços de hospedagem e transporte aéreo, logo
enquadra-se no conceito de fornecedor, nos termos do
art. 2º e 3º, do CDD. Além disso, compõe a cadeia de
consumo, junto aos seus fornecedores parceiros, sendo
solidariamente responsável por eventual falha no serviço
comercializado, nos termos do art. 7º, c/c art. 14, do
CDC. 3. Tratando-se de relação de consumo, em que é
alegada falha na prestação do serviço, incide a regra do
art. 14, do CDC, que estabelece a responsabilidade
objetiva pelos danos causados ao consumidor. Nesse
sentido, o dever de reparar independe da existência de
culpa, aferindo-se pelo nexo de causalidade entre o dano
e a falha na prestação do serviço. [...] (Acórdão 1310752,
07095466820208070001, Relator: LUÍS GUSTAVO B. DE
OLIVEIRA, 4ª Turma Cível, data de julgamento: 10/12/2020,
publicado no PJe: 22/1/2021. Pág.: Sem Página
Cadastrada.)

Ressai evidente, portanto, que a relação ora declinada é de


consumo e que a responsabilidade das Requeridas é objetiva e
solidária, vez que ambas integram a cadeia de prestação dos serviços,
razão pela qual requer-se a aplicação do Código de Defesa do Consumidor
e todas as suas proteções, inclusive a inversão do ônus da prova.

b. Dos danos materiais. Direito ao reembolso dos valores pagos.

A Lei n. 14.034/2020, objetivando atenuar os efeitos da


pandemia da COVID-19, estabeleceu o prazo de 12 (doze) meses contados
da data do voo para reembolso dos valores pagos pelos consumidores que
tiveram voos cancelados nesse contexto excepcional. Confira-se:

Art. 3º O reembolso do valor da passagem aérea devido ao


consumidor por cancelamento de voo no período
compreendido entre 19 de março de 2020 e 31 de
dezembro de 2021 será realizado pelo transportador no
prazo de 12 (doze) meses, contado da data do voo
cancelado, observadas a atualização monetária calculada
com base no INPC e, quando cabível, a prestação de
assistência material, nos termos da regulamentação
vigente. (Redação dada pela Lei nº 14.174, de 2021)
§ 1º Em substituição ao reembolso na forma prevista no
caput deste artigo, poderá ser concedida ao consumidor a
opção de receber crédito de valor maior ou igual ao da
passagem aérea, a ser utilizado, em nome próprio ou de
terceiro, para a aquisição de produtos ou serviços oferecidos
pelo transportador, em até 18 (dezoito) meses, contados de
seu recebimento.
§ 2º Se houver cancelamento de voo, o transportador deve
oferecer ao consumidor, sempre que possível, como
alternativa ao reembolso, as opções de reacomodação em
outro voo, próprio ou de terceiro, e de remarcação da
passagem aérea, sem ônus, mantidas as condições aplicáveis
ao serviço contratado.
[...]
§ 7º O direito ao reembolso, ao crédito, à reacomodação ou à
remarcação do voo previsto neste artigo independe do meio
de pagamento utilizado para a compra da passagem, que
pode ter sido efetuada em pecúnia, crédito, pontos ou milhas,
e o reembolso, o crédito, a reacomodação ou a remarcação do
voo são negociados entre consumidor e transportador nos
termos deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 14.174, de
2021)
§ 8º Em caso de cancelamento do voo, o transportador, por
solicitação do consumidor, deve adotar as providências
necessárias perante a instituição emissora do cartão de
crédito ou de outros instrumentos de pagamento utilizados
para aquisição do bilhete de passagem, com vistas à imediata
interrupção da cobrança de eventuais parcelas que ainda não
tenham sido debitadas, sem prejuízo da restituição de valores
já pagos, na forma do caput e do § 1º deste artigo.

Inicialmente, imperioso esclarecer que o caso em tela é de


cancelamento de voo pela empresa e não de desistência do consumidor.
Nesse passo, destaca-se que a situação ora narrada amolda-se
exatamente às hipóteses disciplinadas pelo dispositivo acima
colacionado, uma vez que:

(i) as passagens foram compradas no dia 05.02.2020;

(ii) a data original do voo cancelado era 22.05.2020;

(iii) o pedido de reembolso foi feito em 26.03.2020; e

(iv) o prazo para que as Requeridas efetuassem o reembolso


dos valores dispendidos transcorreu em 23.05.2021.

Em relação ao valor devido pelas Requeridas, o recibo e


extrato anexos comprovam que o Requerente pagou a quantia de R$
2.690,50 (dois mil seiscentos e noventa reais e cinquenta centavos)
pelas passagens. O caput do art. 3º da Lei n. 14.034/2020 determina a
atualização de tal valor pelo INPC contato a partir da data do voo
cancelado, in casu, de 22.05.2020. Assim, o valor atualizado do crédito
ora cobrado é de R$ 2.940,06 (dois mil novecentos e quarenta reais e
seis centavos), conforme memória de cálculo anexa (Doc. 05):

Dessa forma, requer-se seja a presente ação julgada


procedente e as Requeridas condenadas a reembolsarem a quantia de R$
2.940,06 (dois mil novecentos e quarenta reais e seis centavos) ao
Requerente a título de danos materiais.

c. Do dano moral no caso concreto e direito à justa indenização.

Os arts. 186, 187 e 927 do CC/2002 estabelecem que aquele


que causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, possui o
dever de indenizar. Confira-se:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
A despeito das dificuldades que envolvem a mensuração do
dano moral, doutrina e jurisprudência já apontam alguns parâmetros
objetivos para a sua fixação, merecendo destaque quanto ao ponto as
lições de Sérgio Cavalieri Filho:

O juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar uma quantia


que, de acordo com seu prudente arbítrio, seja compatível
com a reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e
duração do sofrimento experimentado pela vítima, a
capacidade econômica do causador do dano, as condições
sociais do ofendido e outras circunstâncias mais que se
fizerem presentes.2

O ilustre doutrinador aponta, portanto, que a fixação do dano


moral deve levar em conta, dentre outros aspectos: (i) a reprovabilidade
da conduta ilícita; (ii) a intensidade e duração do sofrimento
experimentado pela vítima; e (iii) a capacidade econômica do causador do
dano.

No caso em apreço, a reprovabilidade da conduta das


Requeridas é evidente. Isso porque o ora Requerente vem sendo
submetido a inadmissível situação de incerteza, com angustiante descaso
das Requeridas, que por mais de 8 meses ignoraram todos os contatos
feitos pelo Requerente na tentativa de obter o justo reembolso dos valores
pagos por serviço não prestado.

Ao longo desse extenso período as Requeridas demonstraram


indiferença em relação às reiteradas tentativas de solução propostas pelo
Autor, deixando-o inteiramente sem respostas quanto aos seus direitos.

Destaca-se que, em manifesta afronta ao disposto na Lei n.


14.034/2020, as Requeridas em momento algum facultaram ao Autor o
reembolso integral em pecúnia dos valores pagos. Mais do que isso, as
Requeridas, a despeito dos reiterados pedidos de reembolso na forma da
lei, somente facultaram o reembolso em crédito (voucher) ou remarcação.

Além disso, as Requeridas também ignoraram por completo


o pedido de suspensão das cobranças no cartão de crédito do Requerente,
o que lhe gerou parcelas indevidas por um período de 9 meses.

2CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 11. ed. São Paulo:
Atlas, 2014, p. 155
Outrossim, as Requeridas encerraram unilateralmente a
única via de contato disponibilizada ao consumidor sem que a situação
tenha sido resolvida.

A intensidade e duração do dano moral também são


evidentes. Isso porque já se passaram quase 14 meses desde a primeira
solicitação de reembolso, março de 2020, sendo que até a presente data
as Requeridas nada fizeram para resolver a demanda do Requerente.

Não é demais reiterar que durante mais de 8 meses o


Requerente permaneceu sem qualquer resposta ou contato das
Requeridas, sendo obrigado a lidar com o silêncio e o descaso.

Registra-se, ainda, que o Requerente, de boa-fé, aguardou o


transcurso do prazo de 12 meses concedido pela Lei para ajuizar a
presente ação, período em que tentou sem sucesso resolver a situação
administrativamente.

Por sua vez, no que tange à capacidade econômica das


empresas Requeridas, está é indiscutível, eis que se tratam de uma das
maiores companhias aéreas do mundo, bem como de uma das mais
importantes intermediadoras de viagens do Brasil.

Noutro prisma, impende asseverar que no ordenamento


jurídico brasileiro o dano moral possui função reparatória bem como
pedagógica, no sentido de inibir a reincidência da prática considerada
antijurídica, de modo que uma condenação em baixo valor pode ser
considerada insuficiente para atender aos objetivos do instituto do dano
à moral3.

Por fim, ressalta-se que o abalo moral e psicológico no caso


em tela não é decorrente única e exclusivamente do cancelamento do voo
ou da demora para obtenção do reembolso, mas da situação de absoluto
descaso e indiferença das Requeridas para com o Requerente.

3 EMBARGOS DECLARATÓRIOS. DANO MORAL. QUANTUM. (...) 2. Além desses


princípios, a condenação em casos tais possui finalidade punitiva e pedagógica,
cumprindo observar, ainda, a capacidade financeira do ofensor, sem perder de vista que
a condenação não pode ensejar o enriquecimento indevido. (Acórdão n.861301,
20030110524813EIC, Relator: FERNANDO HABIBE, Revisor: ANTONINHO LOPES, 2ª
Câmara Cível, Data de Julgamento: 13/04/2015, Publicado no DJE: 20/04/2015. Pág.:
110)
Assim, conclui-se pela razoabilidade da condenação das
Requeridas em R$ 6.000,00 (seis mil reais) para reparação do dano
moral sofrido pelo Requerente.

III. DOS PEDIDOS.

Por todo o exposto, requer-se:

(i) seja designada data para a realização de audiência de


conciliação, nos termos do art. 334 do CPC/2015;

(ii) seja determinada a citação das Requeridas para,


querendo, apresentarem defesa à presente ação, sob pena de
revelia;

(iii) seja determinado, desde o início, a inversão do ônus da


prova, nos termos do art. 6º, VIII, do CDC;

(iv) seja julgada integralmente procedente a presente


ação, condenando as Requeridas ao pagamento de R$
2.940,06 (dois mil novecentos e quarenta reais e seis
centavos) a título de danos materiais e R$ 6.000,00 (seis
mil reais) a título de danos morais, valor este condizente com
o abalo sofrido pelo Requerente e apto a configurar punição
pedagógica às Requeridas.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova


admitidos em direito, em especial a prova documental que acompanha a
presente inicial.

Por fim, requer-se o cadastramento do advogado Caio


Vinicius Araújo de Souza, OAB/DF 59.109, para fins de recebimento de
todas as intimações no presente feito, sob pena de nulidade.

Dá-se à causa o valor de R$ 8.940,06 (oito mil novecentos e


quarenta reais e seis centavos).

Nestes termos, pede e espera deferimento.


Brasília, 21 de julho de 2021.

Caio Vinicius Araújo de Souza


OAB/DF 59.109

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