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AO JUÍZO DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA

DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - PARANÁ

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por intermédio do


Promotor de Justiça adiante assinado, no exercício de suas atribuições perante a 1ª e 2ª
Promotorias de Defesa do Consumidor de Curitiba, situadas na Av. Marechal Floriano
Peixoto, 1.251, Rebouças, Curitiba/PR, CEP 80230-020, fone (41) 3250-4912, endereço
eletrônico <curitiba.consumidor@mppr.mp.br>, com base nos artigos 127, caput e 129,
incisos II e III, da Constituição Federal; artigo 25, inciso IV, alínea “a)”, da Lei Orgânica
Nacional do Ministério Público; nos artigos 2º, inciso IV, alínea “a)”, 57, inciso IV, alínea
“b)” e 68, inciso V, “1.”, todos da Lei Orgânica Estadual do Ministério Público; e nas
investigações feitas no Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e no Inquérito Civil
n.º MPPR-0046.16.000014-0 vem, perante Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO
COLETIVA DE CONSUMO (COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA DE
NATUREZA ANTECIPADA) em face de:

MARISA LOJAS S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ


sob o n.º 61.189.288/0001-89, com sede na Rua James Holland, 422/432, Barra Funda,
São Paulo/SP, CEP 01.138-000, endereço eletrônico <opublico@marisa.com.br>, fone
(011) 3660-6045; e

CLUB ADMINISTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO S.A., pessoa


jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º 08.262.343/0001-36, com sede na
Alameda Tocantins, 280, Alphaville, Barueri/SP, CEP 06.455-020, endereço eletrônico
<cartao@marisa.com.br>, fones (11) 2109-6045 e (11) 2138-8631, pelas razões de fato
e de direito a seguir expostas:

1
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
1. Dos Fatos

Chegou ao conhecimento do Ministério Público do Paraná, por meio da


reclamação feita pela consumidora Débora Tiemi Scottini 1, que a MARISA LOJAS S.A.
condiciona a obtenção do cartão da loja à aquisição do seguro de perda, roubo e
acidentes pessoais, denominado “Bolsa Protegida”, no valor de R$ 3,99 2. Ainda, que a
fornecedora informa aos consumidores que o cartão não possui nenhum custo, contudo,
após a assinatura da “Proposta de Adesão – Cartão Marisa” 3, é cobrado o valor de R$
2,90 relativo à “Anuidade Diferenciada”.

Em manifestação4 a fornecedora alegou, inicialmente, que é parte ilegítima


no Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 instaurado, pois o cartão de crédito é
administrado exclusivamente pela empresa CLUB ADMINISTRADORA DE CARTÕES
DE CRÉDITO S.A., “única responsável pela operação nacional do cartão”, conforme
“Contrato de Administração do Cartão Marisa”5.

Fornecedora e administradora do cartão de crédito argumentaram 6, em


resumo, ser legal a cobrança da “Anuidade Diferenciada” e do seguro “Bolsa Protegida”,
nos termos da “Proposta de Adesão – Cartão Marisa” firmada pelos consumidores e do
“Contrato do Cartão de Crédito Marisa” ao qual anuem.

Elucidaram que firmaram com o Ministério Público do Estado de São


Paulo um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta 7 (TAC) e alegaram que,
por isso, a cláusula relativa à “Anuidade Diferenciada” constante da “Proposta de
Adesão – Cartão Marisa” está adequada ao que foi acordado no TAC.

1
Fls. 05/07 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3.
2
Fls. 08/09 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3.
3
Fl. 22 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3.
4
Fls. 15/23 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3.
5
Fls. 24/28 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3.
6
Fls. 46/55 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3.
7
Fls. 85/90 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3.
2
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
Em razão do TAC firmado pela fornecedora e administradora do cartão de
crédito com o Ministério Público do Estado de São Paulo abranger a “Anuidade
Diferenciada”, foram os autos do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 remetidos
para a Promotoria de Justiça do Consumidor da Comarca de Suzano, São Paulo 8,
objetivando também a inserção do seguro denominado “Bolsa Protegida”, mediante
aditamento ao TAC.

Por já ter sido arquivado o Inquérito Civil que originou o TAC firmado pela
fornecedora e administradora do cartão de crédito, a Promotoria de Justiça do
Consumidor de Suzano, São Paulo, determinou a devolução dos autos à 1ª Promotoria
de Justiça de Defesa do Consumidor de Curitiba, Paraná 9.

Em consequência do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 ter sido


arquivado em decorrência da sua remessa à Promotoria de Justiça do Consumidor da
Comarca de Suzano, São Paulo, foi instaurado novo Inquérito Civil sob o n.º MPPR-
0046.16.000014-0, determinando a manifestação da fornecedora sobre seu interesse
em firmar Termo de Ajustamento de Conduta10.

A fornecedora e a administradora do cartão de crédito apresentaram


manifestação11 nos mesmos termos das manifestações apresentadas no Inquérito Civil
n.º MPPR-0046.13.00699-312, frisando que não realizam cobrança indevida de serviços,
não sendo o caso de devolução em dobro (artigo 42, parágrafo único, do Código de
Defesa do Consumidor), manifestando desinteresse em firmarem o TAC. Juntaram
documentos13.

Com base nas manifestações apresentadas pela fornecedora e pela


administradora do cartão de crédito, concluiu-se que quanto ao seguro denominado

8
Fls. 104/110 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3.
9
Fl. 122 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3.
10
Fl. 05 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
11
Fls. 39/54 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
12
Fls. 15/23 e fls. 46/55 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3.

Dentre eles destacam-se: fls. 74/84; fl. 86; fl. 96; fls. 145/157 e fls. 160/161 do Inquérito Civil n.º
13

MPPR-0046.16.000014-0.
3
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
“Bolsa Protegida”, houve sua contratação sem o consentimento da consumidora, sendo
que, somente depois de questionada, a fornecedora realizou o cancelamento da sua
cobrança. Daí porque a fornecedora foi questionada em mais duas ocasiões 14 15
sobre o
interesse em firmar Termo de Ajustamento de Conduta especificamente em relação ao
seguro denominado “Bolsa Protegida”. A fornecedora e a administradora do cartão de
crédito informaram desinteresse em relação ao TAC 16 17.

Portanto, em razão da posição assumida pela fornecedora e pela


administradora do cartão de crédito, não resta outra solução que não a propositura da
presente Ação Coletiva de Consumo, objetivando a imediata cessação das atividades
lesivas, a condenação genérica à restituição, em dobro, dos valores indevidamente
cobrados dos consumidores, bem como ao pagamento do dano moral causado à
coletividade.

2. Dos Fundamentos Jurídicos

2.1. Da Legitimidade Ativa do Ministério Público

A Constituição Federal de 1988 atribuiu de forma expressa ao Ministério


Público a competência para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis (artigo 127).

Ainda é função institucional do Ministério Público, dentre outras, o


ajuizamento da ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do
meio ambiente e de outros direitos difusos e coletivos, ou seja, dos direitos dos
consumidores.

Para além da Constituição Federal, a legitimidade do Ministério Público


para ajuizar esta Ação Civil Pública também encontra fundamento na Lei Orgânica

14
Fl. 172 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
15
Fls. 181/184 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
16
Fls. 177/178 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
17
Fls. 186/199 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
4
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
Nacional do Ministério Público, em seu artigo 25, inciso IV, alínea "a)", assim como no
artigo 2º, inciso IV, alínea “a)” e no artigo 57, inciso IV, alínea "b)" da Lei Orgânica e
Estatuto do Ministério Público do Estado do Paraná.

Já o Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 81, parágrafo único,


inciso III, prevê que a defesa coletiva será exercida quando houver “interesses ou
direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem
comum” (grifado). E um dos legitimados para a defesa coletiva, segundo o artigo 82,
inciso I do Código de Defesa do Consumidor, é o Ministério Público.

Portanto, os interesses individuais homogêneos tutelados nesta ação


possuem uma origem comum, objetivando garantir aos consumidores o direito à
informação correta, clara, precisa e ostensiva quanto aos custos do cartão de crédito,
bem como o direito à restituição dos valores pagos pelo serviços cobrados sem prévia
autorização em decorrência da adesão à "Proposta de Adesão – Cartão Marisa" 18 e do
"Contrato do Cartão de Crédito Marisa"19.

A Lei da Ação Civil Pública possibilita que seja proposta pelo Ministério
Público ação de responsabilidade por danos causados ao consumidor, objetivando a
condenação em dinheiro e/ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer 20.

Diante do exposto, resta clara a legitimidade do Ministério Público para


propor a presente ação civil pública para a defesa coletiva dos consumidores.

2.2. Da Cobrança Indevida de Serviços Não Contratados

O artigo 39, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor considera


prática abusiva o fornecimento de serviço ou produto ao consumidor sem sua prévia
solicitação ou autorização.

18
Fl. 86 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
19
Fls. 74/84 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
20
Artigo 1°, incisos II e IV, artigo 3º e artigo 5º, inciso I.
5
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
No caso dos autos, é evidente a prática abusiva realizada pela
fornecedora e pela administradora do cartão de crédito que, sem qualquer solicitação
dos consumidores, efetuam a cobrança de valores relativos ao seguro denominado
“Bolsa Protegida” e outros tipos de serviços, conforme “Tabela de Tarifas”21: “Seguro
Compra Tranquila”, “Assistência Compra Certa Marisa”, “Microsseguro de vida Marisa
Mulher”, “Microsseguro Perda de Renda”, “Seguro Super Bolsa Protegida”, “Seguro de
diária de internação hospitalar AutoProteção”, “Microsseguro Casa Protegida”, “Plano
Odontológico”, “Marisa Odonto” e “Seguro Proteção Celular Marisa”.

O Código de Defesa do Consumidor, ao tratar das práticas abusivas, é


meramente exemplificativo. Portanto, deve ser levado em conta que a prática abusiva da
fornecedora e da administradora do cartão de crédito extrapola o conteúdo do artigo 39,
inciso III, incidindo também em violação aos incisos IV e VI do referido artigo: “IV -
prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade,
saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou
serviços” e “VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e
autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas
anteriores entre as partes”. (grifado)

Ainda, há pela fornecedora e pela administradora do cartão de crédito um


aproveitamento da hipossuficiência e da vulnerabilidade de inúmeros consumidores,
podendo ser citadas algumas das várias reclamações feitas pelos consumidores no site
ReclameAQUI22:

“Cobrança indevida
Recife - PE

No mês passado aderir ao cartão Marisa devido a diversas abordagens dos


promotores de cartão, é até para ajudar o mesmo aderir. Na ocasião o mesmo me
garantiu que o cartão não tinha anuidade, no entanto para minha surpresa quando
chegou a fatura veio a cobrança do respectivo valor de 15$ que é a 1/ de 4 parcelas +
$4.99 de uma bolsa proteção + $14.90 de auto proteção! No entanto fiz uma

21
Fls. 214/216 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
22
Disponível em: <https://www.reclameaqui.com.br/>.
6
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
compra no valor de 120$ é como seria a primeira compra me informaram que eu teria
10% de desconto no qual o mesmo não foi oferecido, parcelei essa compra em 5x
sem juros! E ao fazer a somatória das parcelas totalizam $131.6, além do que eu
comprei e sem o respectivo 10% de desconto, obrigada lojas Marisa se o entuito era
de lesar o consumidor, foi feito com êxito, quero pagar apenas o que eu
comprei é espero resolver por aqui para não ter que acionar o PROCON Recife,
referente a isto. No aguardo do retorno de vocês” 23 (grifado)

“Cobrança Abusiva
Rio de Janeiro - RJ

Fiz o cartão Marisa no mês de Agosto de 2016, já tive problemas desde então pois,
me deram um contrato com seguros que eu não havia autorizado, como vi a
tempo, pedi para que fosse feito outro contrato. Logo após, no mesmo dia, realizei
uma compra no valor total de 109,00.No ato do pagamento com o cartão Marisa a
caixa me ofereceu a possibilidade do pagamento para até 100 dias, porém não fui
informada que sob essas condições a compra deveria ser parcelada em no mínimo
7x. Em dezembro fui fazer o pagamento total dos 109,00 reais e a caixa me cobrou
somente 33,00. Pedi pra que ela verificasse se havia parcelamento pois eu sabia que
não era o valor a vista, ela me respondeu que não, que aquele era o valor total da
minha compra. Um mês depois comecei a receber ligações da loja me cobrando a
fatura em atraso, fatura essa que nunca recebi. Eles enviaram a fatura de Janeiro pro
meu antigo local de trabalho onde foi aberta lá por um desconhecido e logo após
enviada a mim pelo mesmo. Já troquei o endereço na loja e continuo não recebendo
as faturas. Recebo ligações de cobrança em todos os horários e dias da semana
constantemente, meu nome ja foi pro Serasa e não acho justo eu pagar o valor
dobrado de um parcelamento que não foi autorizado por mim e com juros altíssimos.
Já fui na loja tentar resolver eles dizem que no máximo podem adiantar as parcelas e
pelo sac dizem que não podem fazer nada.” 24 (grifado)

“Cartão Marisa. Cobrança indevida


São Paulo – SP

No início do mês fui até uma loja Marisa e pedi para verificar referente a um cartão
que tinha ha anos, mas não sei qual fim deu, na ocasião havia quitado uma
pendência com a loja, a atendente informou que devido o acordo o cartão deveria ser
refeito assim como a primeira vez coletando todos os dados, fiz procedimento para
23
https://www.reclameaqui.com.br/25744110/lojas-marisa-loja-fisica/cobranca-indevida/
24
https://www.reclameaqui.com.br/eIC7DWEpay9xfioY/lojas-marisa-loja-fisica/cobranca-abusiva/
7
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
aquisição de um novo cartão, ela me informou que seria apenas o cartão da loja e
não bandeirado, no final do atendimento informou que só poderia levar o cartão se
realizasse uma compra naquele dia e inclusive receberia um desconto de 10%. Ok,
assim feito, no momento de retirar o cartão juntamente vieram mais 2 que foram os
contatos que me solicitaram no ato do pedido (até então pensava que os contatos
seria consultar a minha referencia). Nesta semana chegou minha fatura com as
compras que fiz e juntamente 2 cobranças relativo a anuidade bonificada e bolsa
protegida, só que na ocasião a pessoa não me informou destes serviços,
quando tinha meu cartão vinha um valor que se não me engano é R$ 4,95 no
contrato não ha informação de anuidade até porque meu cartão não é de
crédito. Liguei na central e fui maltratada, pois queria me empurrar de qualquer forma
os serviços me explicando as vantagens (apenas acho que o atendente da loja deve
apresentar o serviço para o cliente antes de colocar por vontade própria para
favorecer a loja ou sua própria comissão) falei que não tinha interesse, me explicou
que poderia solicitar a outra forma de anuidade que é o valor mencionado acima
apenas quando houver faturas, mas deveria retirar outro cartão na loja uma
segunda via e cancelar o serviço bolsa protegida, mas seria para o mês
seguinte, e que eu deveria pagar a fatura deste mês com os devidos valores e
não haveria estorno, me recusei a pagar por um serviço que não solicitei e pedi o
cancelamento do meu cartão. Paguei sim a fatura, mas exijo resposta da empresa
referente aos meus estornos, me senti [editado pelo Reclame Aqui] em relação a
loja, pois os funcionários são treinados de maneira incorreta em relação ao cliente,
outro detalhe uma amiga me alertou que na loja Marisa Shop Sp Market/SP, estava
colocando seguro protegido na compra, e assim que ela percebeu voltou para
cancelar, pois a caixa colocou sem a autorização, pois no dia da minha compra
o mesmo ocorreu fiquei bem de olho e ao final da nota, a compra protegida e
sem me questionar se tinha interesse ou conhecimento, no mesmo momento
solicitei cancelamento, essa amiga voltou no sábado desta semana e com outra
caixa novamente fizeram solicitação sem questioná-la, Loja está agindo de [editado
pelo Reclame Aqui] pois tem muitos idosos, pessoas ignorantes e analfabetas que
nunca tomaram nota destes erros: Pede cartão adicional sem a pessoa ter interesse,
joga compra segura na nota do cliente sem questioná-lo, e inserem valores
desconhecidos na fatura, teoricamente impossibilita o cliente de sair da loja sem
fazer a primeira compra, alegando que não há como levar e ativar o cartão sem
realizar compra naquele momento.

A loja já teve minha credibilidade hoje não mais.” 25 (grifado)

25
https://www.reclameaqui.com.br/BJ3U1rxsV-DJVYel/lojas-marisa-loja-fisica/cartao-marisa—cobran
ca-indevida-/
8
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
Em que pese a fornecedora e administradora do cartão de crédito terem
alegado que é garantida ao consumidor a ciência inequívoca dos termos e condições
dos serviços oferecidos, permitindo a contratação consciente deles, na prática não é o
que realmente acontece. A fornecedora e a administradora do cartão de crédito não
comprovaram a contratação do seguro “Bolsa Protegida” pela consumidora Débora
Tiemi Scottini, pois os Bilhetes de Seguro de Perda e Roubo do Cartão juntados foram
firmados por outras pessoas: Maria da Luz Silva 26, Josiane dos Santos Dias Florencio 27
e Alessandra Sousa Ferreira de Freitas28.

E a fornecedora e a administradora do cartão de crédito não têm


conseguido comprovar a anuência dos consumidores pois, de acordo com recentes
reclamações feitas no site ReclameAQUI, há a cobrança do seguro “Bolsa Protegida”
sem a concordância deles quando assinam a “Proposta de Adesão – Cartão Marisa”.

Portanto, informação a respeito do seguro não chega ao consumidor de


maneira adequada, clara, precisa e ostensiva e, o que é pior, em determinadas
situações a cobrança ocorre sem que efetivamente tenha ocorrido a contratação.

O caput e o inciso III do artigo 4º do Código de Defesa do Consumidor


apontam que deve haver a proteção dos interesses econômicos do consumidor,
bem como transparência e boa-fé nas relações de consumo.

Por isso, a prestação e cobrança de serviços não solicitados pelos


consumidores constituem uma afronta direta ao princípio da boa-fé objetiva, não
cumprindo a fornecedora e a administradora do cartão de crédito os deveres de
lealdade, honestidade, ética, transparência e confiança que devem imperar nas relações
de consumo.

De acordo com a reclamação constante do Inquérito Civil n.º MPPR-


0046.13.00699-3, do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0 e daquelas feitas no

26
Fls. 129/133 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
27
Fls. 134/138 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
28
Fls. 139/143 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
9
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
site ReclameAQUI, resta comprovado que a fornecedora e a administradora do cartão
de crédito cometeram reiteradamente a mesma prática abusiva, efetuando a cobrança
na fatura do cartão de crédito do seguro “Bolsa Protegida”, sem a solicitação dos
consumidores.

Importante considerar, ainda, que a conduta da fornecedora e da


administradora do cartão de crédito – cobrança por serviços não contratados - acarreta
o estabelecimento de obrigação abusiva, que coloca o consumidor em desvantagem
exagerada, sendo incompatível com a boa-fé e a equidade; representou alteração
unilateral do conteúdo do contrato; e está em desacordo com o sistema de proteção ao
consumidor (artigo 51, incisos IV, XIII e XV do Código de Defesa do Consumidor).

E sendo os descontos realizados nas faturas dos consumidores sem


qualquer autorização, é claro o defeito na prestação do serviço, pois não fornecem
informações suficientes e adequadas sobre sua fruição, nos termos do artigo 14, caput,
do Código de Defesa do Consumidor, o que implica responsabilidade objetiva da
fornecedora e da administradora do cartão de crédito.

Dos consumidores foram cobrados valores indevidos, incidindo, em razão


disso, o parágrafo único do artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor, garantindo a
repetição do indébito, em dobro.

Nesse sentido o seguinte julgado proferido pela 2ª Turma Recursal do


Paraná:

“RECURSO INOMINADO. COBRANÇA DE SEGURO ATRAVÉS FATURA DO


CARTÃO DA LOJA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA CONTRATAÇÃO.
COBRANÇA INDEVIDA. SERVIÇO NÃO CONTRATADO. APLICAÇÃO
ANALÓGICA DO ENUNCIADO 1.8 DA TRU/PR. PRÁTICA ABUSIVA. DEVER DE
INDENIZAR. DANO MORAL CONFIGURADO. ARTIGO 557 DO CÓDIGO DE
PROCESSO CIVIL. ENUNCIADO 103 DO FONAJE. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA.
1. É incontroverso a realização de cobranças referente aos serviços de
“ASSISTÊNCIA 24 HRS - residência” no valor de R$ 3,49 (três reais e quarenta e

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Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
nove centavos), através da fatura do cartão da loja da autora (mov. 1.3). Ainda,
diante da inversão do ônus da prova nas relações de consumo (art. 6º, inciso VIII,
do CDC), cabia à ré trazer aos autos provas de que efetivamente foi a autora
quem contratou o seguro, o que não o fez, deixando de cumprir seu ônus,
conforme prevê o artigo 333, II do CPC.
2. Cobrança de serviço não solicitado, sem comprovação da contratação,
acarreta dano moral. Nesse sentido: (TJPR - 2ª Turma Recursal - 0003422-
15.2014.8.16.0052/0 - Barracão - Rel.: Daniel Tempski Ferreira da Costa - J.
10.04.2015) e (TJPR - 2ª Turma Recursal - 0023019-36.2014.8.16.0030/0 - Foz
do Iguaçu - Rel.: Vivian Cristiane Eisenberg de Almeida Sobreiro - J. 26.06.2015).
3. Tem aplicação analógica ao caso o Enunciado 1.8 da TRU/PR, segundo o qual
“Cobrança de serviço não solicitado – dano moral – devolução em dobro: A
disponibilização e cobrança por serviços não solicitados pelo usuário caracteriza
prática abusiva, comportando indenização por dano moral e, se tiver havido
pagamento, restituição em dobro, invertendo-se o ônus da prova, nos termos do
art. 6º, VIII, do CDC, visto que não se pode impor ao consumidor a prova de fato
negativo”.
4. Assim, com base nos precedentes dessa Turma, conheço e dou provimento ao
recurso interposto pela autora, para o fim de condenar à reclamada ao
pagamento de danos morais, arbitrado em R$ 7.000,00 (sete mil reais), corrigidos
monetariamente pela média do INPC/IGPD-I a partir deste julgamento e
acrescido de juros de mora de 1% ao mês a partir da citação, nos termos dos
Enunciados n° 12.13 “a” das Turmas Recursais Reunidas.”29 (grifado)

Por todo o exposto, não observou a fornecedora e a administradora de


cartão de crédito, ao cobrarem dos consumidores serviço não contratado relativo ao
seguro “Bolsa Protegida”, e outros serviços apontados na Tabela de Tarifas 30, os ditames
do Código de Defesa do Consumidor, sobretudo o princípio da boa-fé objetiva (artigo
4º, caput e inciso III do Código de Defesa do Consumidor), a transparência e a
confiança que se espera no mercado de consumo, agindo em desacordo com o artigo
6º, inciso III e IV; artigo 14, caput; artigo 39, incisos III, IV e VI; e artigo 51, incisos IV, XIII
e XV, demandando determinação judicial que impeça a continuidade das cobranças por
serviços não solicitados e assegure a restituição dos valores pagos em excesso pelos
29
TJPR - 2ª Turma Recursal - 0017714-33.2014.8.16.0075/0 - Cornélio Procópio - Rel.: Manuela
Tallão Benke - J. 14.03.2016.
30
Fls. 214/216 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
11
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
consumidores, em dobro, conforme artigo 42, parágrafo único do Código de Defesa do
Consumidor.

2.3. Da Cobrança Indevida da "Anuidade Diferenciada"

Consta da "Proposta de Adesão – Cartão Marisa" 31 assinada pela


consumidora Débora Tiemi Scottini o seguinte item relativo à "Aquisição de Serviços":

"Autorizo o débito mensal na minha fatura referente aos serviços abaixo


descriminados:
(...)
Anuidade Diferenciada Parcelada
Declaro que tenho ciência sobre e assumirei o ônus pela Anuidade Diferenciada,
pagando-a em conjunto com os demais valores, devidos sob o Contrato do Cartão
de Crédito Marisa, conforme discriminados nas próprias faturas." (grifado)

No Termo de Compromisso de Ajustamente de Conduta 32 firmado pela


fornecedora e pela administradora do cartão de crédito com o Ministério Público do
Estado de São Paulo constou na cláusula "1.",§§ 1º e 2º:

"1. As empresas se obrigam a fornecer amplo, claro e ostensivo esclarecimento


aos consumidores sobre o pagamento de anuidade diferenciada, deixando o
consumidor ciente de que a opção por esta forma de pagamento viabilizada pela
CLUB ADMINISTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO S/A, dentre as demais
possíveis para aquisição de produtos da Ré, necessariamente acarretará a incidência
desse ônus, cumprindo, assim, os ditamtes do Código de Defesa do Consumidor no
que tange ao direito de informações.
§1º. A cobrança da anuidade diferenciada somente ocorrerá em razão da
utilização do crédito concedido, ou seja, será cobrada a fração de 1/12 da
anuidade diferenciada, por mês, no período referente ao crédito contratado, de
acordo com a opção realizada pelo consumidor ao adquirir o produto ou serviço,
sendo vedada a cobrança adicional após o período objeto do crédito concedido
("parcelamento").

31
Fl. 86 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
32
Fls. 89/94 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
12
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
§2º. Será concedida isenção da anuidade nos meses em que o cartão de crédito
Marisa não for utilizado pelo consumidor." (grifado)

Não obstante, vê-se das 02 (duas) faturas mensais 33 juntadas pela


fornecedora e pela administradora do cartão de crédito no Inquérito Civil n.º MPPR-
0046.16.000014-0 que não houve isenção da cobrança da "Anuidade Diferenciada" em
meses em que o cartão não foi utilizado pela consumidora. Tanto que o saldo total das
faturas foi de R$ 2,90, valor cobrado mensalmente a título de "Anuidade Diferenciada".

Portanto, não houve o cumprimento do que prevê a cláusula "1.",§§ 1º e 2º


do Termo de Compromisso de Ajustamente de Conduta assinado, de modo que a
fornecedora e a administradora do cartão de crédito efetuaram cobrança indevida da
"Anuidade Diferenciada", o que causa claros prejuízos econômicos aos consumidores,
violando o princípio da boa-fé objetiva, a transparência e a confiança que deve
pautar o mercado de consumo.

Como ocorre com a cobrança do seguro "Bolsa Protegida", a incidência de


"Anuidade Diferenciada" em meses em que o cartão não foi utilizado pelos
consumidores, fere o que prevê o artigo 6º, inciso III e IV; artigo 14, caput; artigo 39,
incisos III, IV e VI; e artigo 51, incisos IV, XIII e XV, justificando a restituição dos valores
pagos indevidamente pelos consumidores, em dobro, nos termos do artigo 42, parágrafo
único do Código de Defesa do Consumidor.

2.4. Da Violação do Direito à Informação

De acordo com o artigo 6º, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor,


é direito básico do consumidor “a informação adequada e clara sobre os diferentes
produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que
apresentem”. (grifado)

33
Fls. 160/161 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
13
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
No mesmo sentido a literalidade do artigo 31, caput, do Código de Defesa
do Consumidor: “A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar
informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre
suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de
validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à
saúde e segurança dos consumidores”. (grifado)

Ainda, o artigo 30 do Código de Defesa do Consumidor disciplina que:


“Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma
ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou
apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o
contrato que vier a ser celebrado”. (grifado)

Conforme as reclamações anteriormente citadas, não há dúvidas de que a


fornecedora e a administradora do cartão de crédito informam aos consumidores, por
meio de seus prepostos, que o cartão de crédito seria isento de quaisquer
anuidades, seguros e tarifas, informação essa que não condiz com a realidade.

Isso porque, há a cobrança de “Anuidade Diferenciada”, inclusive em


meses nos quais deveria haver isenção, além dos serviços relativos à “Seguro Compra
Tranquila”, “Assistência Compra Certa Marisa”, “Microsseguro de vida Marisa Mulher”,
“Microsseguro Perda de Renda”, “Seguro Super Bolsa Protegida”, “Seguro de diária de
internação hospitalar AutoProteção”, “Microsseguro Casa Protegida”, “Plano
Odontológico”, “Marisa Odonto” e “Seguro Proteção Celular Marisa”, conforme “Tabela
de Tarifas”34, em conjunto com o cartão Marisa, os quais, na maioria das vezes, sequer
foram solicitados e autorizados pelos consumidores.

Dessa forma, antes da assinatura da “Proposta de Adesão – Cartão


Marisa”, os consumidores são informados pelos prepostos da fornecedora que não
haveria a cobrança de anuidade, seguro e quaisquer tarifas, informação incorreta e

34
Fls. 214/216 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
14
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
inadequada que é corroborada pela reclamação feita pela consumidora Débora Tiemi
Scottini35.

São inúmeras as reclamações existentes no site ReclameAQUI a respeito


da violação ao direito de informação pela fornecedora e pela administradora do cartão
de crédito, merecendo destaque as mais recentes:

“Parcela com Assistência


Jundiaí - SP

(…) ontem ao imprimir minha fatura me deparei com 2 desagradáveis


surpresas a compra realizada no dia 02/12 esta com as 5 parcelas incluso c/
assistência, e última compra realizada no dia 12/04 consta da mesma forma 5
parcelas c/ assistência, porém em nenhuma das compras fui informada de
nenhum tipo de seguro ou mesmo se havia interesse de minha parte.”36
(grifado)

“Insatisfação com as Lojas MARISA!


Assaré – CE

A alguns dias que eu venho tendo dor de cabeça com uma cobrança que ao
meu ver, é indevida, sobre a fatura do primeiro mês do cartão de Crédito!
No dia em que fui a loja, e ao ser abordada por uma das vendedoras sobre o
desejo de ter o cartão, me interessei diante das vantagens que foram
expostas, não anuidade e sem cobranças extras ou adicionais!
Mas, no primeiro mês, já fui surpreendido negativamente, ao ver a fatura, vi
que constava uma cobrança de anuidade, um seguro e um Marisa
mulher, que eu não faço ideia do que seja, diante desses fatos, entrei em
contato com a loja por e-mail, e me repassaram um número para entrar em
contato, mas, até o presente momento, este número parece não funcionar,
tendo em vista que nem a ligação completa!

35
Fls. 05/07 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3.
36
https://www.reclameaqui.com.br/xFUR0pZKixtWt9oP/lojas-marisa-loja-fisica/parcela-com-assisten
cia/
15
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
Quero que esse problema seja sanado, minha fatura seja corrigida e quero o
cancelamento imediato desse cartão Marisa!”37 (grifado)
“Cartão Marisa
São Paulo – SP

Minha primeira fatura do cartão Marisa chegou, e eis que é cobrada uma
anuidade bonificada é um seguro bolsa protegida.
Acontece que quando fiz o cartão, o atendente me garantiu que o cartão
não tinha anuidade e que seria cobrada apenas a compra...”38 (grifado)

Importante mencionar que o volume de reclamações similares é muito


grande, sendo recorrente os consumidores demonstrarem surpresa quanto a cobrança
de anuidades, tarifas e seguros, pois foi garantido pelos prepostos da fornecedora e da
administradora do cartão de crédito que nada se cobraria e que o cartão seria gratuito.

Por tudo isso, a fornecedora e a administradora do cartão de crédito


devem ser compelidas a cobrar somente os serviços solicitados e autorizados pelos
consumidores, após esses serem informados de maneira adequada, clara, precisa e
ostensiva sobre as respectivas anuidades, seguros e tarifas, não bastando a fixação da
chamada “Tabela de Tarifas” no interior das lojas, sob pena de violação ao artigo 6º,
inciso III, 30 e 31, caput, do Código de Defesa do Consumidor.

2.5. Da Responsabilidade Solidária das Lojas Marisa e Club


Administradora de Cartões de Crédito

Na manifestação apresentada no Inquérito Civil, a fornecedora indicou a


CLUB ADMINISTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO S.A. como a “única
responsável pela administração do Cartão de Crédito Marisa” 39.

37
https://www.reclameaqui.com.br/wAD5uuRNPVZnATuH/lojas-marisa-loja-fisica/insatisfacao-com-as-
lojas-marisa/
38
https://www.reclameaqui.com.br/25781554/lojas-marisa-loja-fisica/cartao-marisa/
39
Fls. 39/54 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
16
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
Porém, a fornecedora possui participação direta e indireta na Club
Administradora de Cartões de Crédito S.A., que tem como objetivo principal “a
administração do Cartão Marisa”40.

No próprio site da fornecedora constam as seguintes informações sobre o


Cartão Marisa41:

1. (...) Para mais informações sobre: formas de pagamento, valor das parcelas e
total financiado, taxas de juros vigentes no momento da compra e demais condições,
passe em uma loja Marisa ou envie um email para cartao@marisa.com.br.”
(grifado)

Dessa forma, a fornecedora possui participação direta e indireta na


administradora do cartão de crédito e é a responsável por ofertar o Cartão Marisa aos
consumidores. Tanto que a abordagem dos clientes nas lojas - para aderirem à
“Proposta de Adesão – Cartão Marisa” - é feita pelos vendedores (prepostos) da
fornecedora.

Uma vez que ambas, fornecedora e administradora do cartão de crédito,


integram a cadeia de consumo do Cartão Marisa relativa à anuidade, seguros e tarifas
cobrados nas faturas mensais, deverão ser responsabilizadas solidariamente pelos
prejuízos ocasionados aos consumidores.

Nesse sentido o artigo 7º, parágrafo único, do Código de Defesa do


Consumidor, prevê que: “Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo”.
(grifado)

Prevê o artigo 20, inciso II, do Código de Defesa do Consumidor:

40
De acordo com as “Notas Explicativas às Demonstrações Financeiras para o Exercício Findo em 31
de dezembro de 2016”, constantes das “Demonstrações Financeiras Individual e Consolidadas
Referentes ao Exercício Findo em 31 de Dezembro de 2016 e Relatório dos Auditores Independentes
sobre as Demonstrações Financeiras”. Disponíveis em: <http://ri.marisa.com.br/marisa/web/conteudo
_pt.asp?idioma=0&conta=28&tipo=10548>.
41
https://novo.marisa.com.br/cartao-de-credito/cartao-marisa
17
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
“Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os
tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou
mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua
escolha:

[…]

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem


prejuízo de eventuais perdas e danos;

[…].” (grifado)

A respeito do vício de qualidade do serviço, disciplina o artigo 25, §1º do


Código de Defesa do Consumidor:

“Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou


atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.

§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos


responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções
anteriores.” (grifado)

E mesmo que assim não fosse, a responsabilidade solidária da


fornecedora e da administradora do cartão de crédito é inegável, aplicando-se a Teoria
da Aparência.

No caso dos autos, a fornecedora, Marisa Lojas S.A., valendo-se de suas


lojas, marca e funcionários, ofertou aos seus clientes os serviços do Cartão Marisa,
transmitindo aos consumidores a segurança de estarem com ela contratando. Todavia,
os serviços de crédito são prestados pela Club Administradora de Cartões de Crédito
S.A., da qual participa direta e indiretamente a fornecedora.

18
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
Importante considerar que a “Proposta de Adesão – Cartão Marisa” 42, o
cartão, a Tabela de Tarifas43 e as próprias faturas mensais 44, como se extraem do
Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0, utilizam o logotipo da Marisa Lojas S.A.

Considerando, dessa forma, que as circunstâncias da contratação indicam


que a Marisa Lojas S.A. é fornecedora direta dos serviços contratados e não meramente
intermediária, e possui participação direta e indireta na sociedade Club Administradora
de Cartões de Crédito S.A., devem responder solidariamente pelos danos causados aos
consumidores.

Nesse sentido podem ser citados julgados proferidos pelo Tribunal de


Justiça do Paraná:

“APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C


EXCLUSÃO DE REGISTRO DOS ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO -
PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA - RÉS/APELANTES
INTEGRANTES DO MESMO GRUPO ECONÔMICO, ATUANDO EM REGIME
DE COOPERAÇÃO PARA VIABILIZAR A AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS DE
FORMA PARCELADA, MEDIANTE CARTÃO DE CRÉDITO PRÓPRIO E
VINCULADO À LOJA DE VAREJO - TEORIA DA APARÊNCIA -
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DAS PESSOAS JURÍDICAS
PARTICIPANTES DO GRUPO ECONÔMICO, EM INDENIZAR EVENTUAIS
DANOS CAUSADOS AO CONSUMIDOR - COMPRA FINANCIADA REALIZADA
POR TERCEIROS FALSÁRIOS - RISCO INERENTE AO DESENVOLVIMENTO
DA ATIVIDADE - FORTUITO INTERNO - FALTA DE CAUTELA NA
CONFERÊNCIA DA AUTENTICIDADE DOS DADOS REPASSADOS, BEM
COMO DOS DOCUMENTOS PESSOAIS APRESENTADOS NO MOMENTO DA
CONTRATAÇÃO - RELAÇÃO JURÍDICA INEXISTENTE - DÍVIDA INEXIGÍVEL -
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO FORNECEDOR DE SERVIÇOS -
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 14 DO CDC - INSCRIÇÃO INDEVIDA EM
CADASTRO DE INADIMPLENTES - DANO MORAL IN RE IPSA, NOTÓRIO E
PRESUMIDO - DEVER DE INDENIZAR CONFIGURADO - PEDIDO DE

42
Fl. 96 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
43
Fl. 86 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
44
Fls. 160/161 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
19
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO - DESCABIMENTO - SENTENÇA
MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO.”45 (grifado)

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO


C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PRELIMINAR. CONTRARRAZÕES.
PREPARO RECURSAL. VERIFICAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA
CONSTATADA. TEORIA DA APARÊNCIA. DANOS MORAIS. CONFIGURAÇÃO.
INSCRIÇÃO INDEVIDA NO CADASTRO RESTRITIVO DE CRÉDITO. PROVA
DO PREJUÍZO. DESNECESSIDADE. VALOR INDENIZATÓRIO.
PROPORCIONALIDADE. RAZOABILIDADE. REDUÇÃO. DESCABIMENTO.
1. Considera-se preparado o recurso, realizado na mesma peça por ambos os
réus, quando apresentam teses comuns em relação à pretensão da autora.
2. Possui legitimidade passiva para responder pela demanda, com base na
Teoria da Aparência, aquele que condiciona a forma de pagamento de seu
produto por meio de cartão de crédito da loja e adota, para venda,
determinada empresa financeira de crediário.
3. A inscrição indevida em cadastro restritivo de crédito enseja indenização por
danos morais, independente de prova do dano.
4. O valor de indenização decorrente de danos morais deve ser fixado com base
em diversos critérios subjetivos, avaliados com atenção aos princípios da
proporcionalidade e razoabilidade, de modo que seja capaz de compensar a dor
sofrida pelo ofendido, sem provocar o seu enriquecimento sem causa, e estimular
o ofensor a ser mais diligente em sua atuação.
5. Apelação cível conhecida e não provida.”46 (grifado)

“EMENTA: RECURSO INOMINADO. CONTRATAÇÃO DE SEGURO


GARANTINDO A QUITAÇÃO DE PARCELAS DO FINANCIAMENTO NA LOJA
RÉ NO CASO DE DESEMPREGO INVOLUNTÁRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA
DA LOJA (ESTIPULANTE E SUB-ESTIPULANTE) E SEGURADORA. TEORIA
DA APARÊNCIA E RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CADEIA DE
FORNECEDORES. VENDA CASADA NO PRÓPRIO ESTABELECIMENTO.
REQUISITOS DA APÓLICE PREENCHIDOS E COMPROVADOS. APLICAÇÃO
DO CDC. NEGATIVA SEM MOTIVAÇÃO E COMPROVAÇÃO SUFICIENTES.
COBERTURA DEVIDA. PRAZO DE CARÊNCIA DESCONHECIDO PELA
45
TJPR - 8ª C.Cível - AC - 1509442-5 - Curitiba - Rel.: Gilberto Ferreira - Unânime - J. 21.07.2016.
46
TJPR - 15ª C.Cível - AC - 1368122-8 - Curitiba - Rel.: Luiz Carlos Gabardo - Unânime - J.
01.07.2015.
20
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
AUTORA E NÃO INFORMADO NA APÓLICE DE SEGURO. DEVER DE
INFORMAÇÃO CLARA E PRECISA. AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS E
INFORMAÇÕES PARA CONCESSÃO DE SEGURO NÃO COMPROVADA.
FALTA DE PAGAMENTO DA PRESTAÇÃO. INSCRIÇÃO DO NOME DA AUTORA
EM ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DANO MORAL. ENUNCIADO
12.15. QUANTUM FIXADO PELA RAZOABILIDADE, DE MODO A ATENDER A
FINALIDADE PUNITIVA E PEDAGÓGICA. DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA
DE DÍVIDA. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO.
1 - “A principal consequência do princípio da transparência é, por um lado, o
dever de informar do fornecedor e o direito à informação do consumidor”. (FILHO,
Sérgio Cavalieri. “Programa de Direito do Consumidor”, p. 43. 3. ed. São Paulo:
Atlas S.A., 2011).
2 - Enunciado N.º 12.15- Dano moral - inscrição e/ou manutenção indevida: É
presumida a existência de dano moral, nos casos de inscrição e/ou manutenção
em órgão de restrição ao crédito, quando indevida. (Res. nº 0002/2010, publicado
em 29/12/200, DJ nº 539).”47 (grifado)

Não há dúvidas, portanto, quanto à solidariedade da fornecedora e da


administradora do cartão de crédito pelos danos causados aos consumidores, nos
termos do artigo 7º, parágrafo único, artigo 20, inciso II, e artigo 25, §1º do Código de
Defesa do Consumidor.

2.6. Do Dano Moral Coletivo

O artigo 6º, inciso VI, do Código de Defesa do Consumidor prevê como um


dos direitos básicos do consumidor “a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos” e no inciso VII “o acesso aos
órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica,
administrativa e técnica aos necessitados”.

47
TJPR - 2ª Turma Recursal - 0004783-83.2013.8.16.0058/0 - Campo Mourão - Rel.: Daniel Tempski
Ferreira da Costa - J. 29.08.2014.
21
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
Embora já contem tais dispositivos legais com mais de 25 anos, há pouco
tempo o meio jurídico tem definido e recepcionado a doutrina do chamado dano moral
coletivo.

Também a Lei 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) prevê o dano moral
coletivo em seu artigo 1º, inciso II.

No tocante ao aspecto coletivo dos danos, é evidente que a conduta


praticada pela fornecedora e pela administradora do cartão de crédito gerou abalo à
coletividade, ofendendo, principalmente, os direitos econômicos dos consumidores.

Sobressaem nítidos a abrangência e o alcance social da prática abusiva


reiterada realizada pela fornecedora e pela administradora do cartão de crédito, já que
prestam informações incorretas e inadequadas a respeito da suposta gratuidade do
cartão de crédito, bem como promovem, em larga escala, a cobrança por serviços não
contratados pelos consumidores.

Conforme consta de seu site 48, a fornecedora possui, atualmente, além da


loja virtual (http://www.marisa.com.br), que tem como finalidade “atingir o público das
cidades brasileiras nas quais não está presente, bem como ampliar a base de dados de
seu público-alvo”49, 398 lojas físicas em todos os Estados do país (fechou o ano de
2016 com esse número de lojas).

Assim, a fornecedora e, por consequência, a administradora do cartão de


crédito, têm um grande número de clientes espalhados por todas as regiões do país,
sendo indeterminado o número de consumidores que tiveram, e ainda têm, seu direito
à informação violado, bem como cobrados por serviços não solicitados ou autorizados.

Logo, as reclamações não foram feitas por alguns consumidores apenas,


sendo indeterminado o número deles que recebem informações incorretas e

48
http://www.marisa.com.br/nossas-lojas
49
http://ri.marisa.com.br/marisa/web/conteudo_pt.asp?conta=28&tipo=10532
22
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
inadequadas, e pagam pelo que não contrataram, sujeitando-se, mês a mês, a tal
prática abusiva, o que reforça o alcance desta ação coletiva.

Dessa forma, prevalece o interesse social na tutela coletiva objeto desta


ação, pois a “correção das lesões às relações de consumo transcende os interesses
individuais”50.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça vem se fixando no


sentido de ser possível a fixação de uma condenação pelos danos morais sofridos pela
coletividade, destacando o caráter punitivo da condenação.

Segundo o Ministro Humberto Martins, Relator do REsp 1509923/SP, “O


dano moral coletivo prescinde da comprovação de dor, de sofrimento e de abalo
psicológico, pois tal comprovação, embora possível na esfera individual, torna-se
inaplicável quando se cuida de interesses difusos e coletivos.” 51 (destacado)

O Ministro Mauro Campbell Marques, relator do REsp 1397870/MG,


destacou que: “A evolução da sociedade e da legislação têm levado a doutrina e a
jurisprudência a entender que, quando são atingidos valores e interesses
fundamentais de um grupo, não há como negar a essa coletividade a defesa do
seu patrimônio imaterial.”52 (destacado)

E continua: “O dano moral coletivo é a lesão na esfera moral de uma


comunidade, isto é, a violação de direito transindividual de ordem coletiva, valores
de uma sociedade atingidos do ponto de vista jurídico, de forma a envolver não
apenas a dor psíquica, mas qualquer abalo negativo à moral da coletividade, pois o
dano é, na verdade, apenas a consequência da lesão à esfera extrapatrimonial de uma
pessoa.” (destacado)

50
REsp 1464868/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, julgado em 22/11/2016, DJe
30/11/2016.
51
Segunda Turma, julgado em 06/10/2015, DJe 22/10/2015.
52
Segunda Turma, julgado em 02/12/2014, DJe 10/12/2014.
23
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
A falta de informação adequada, clara, precisa e ostensiva sobre a
anuidade, seguros e tarifas cobrados nas faturais mensais do cartão Marisa, bem como
a cobrança indevida de serviços sem a solicitação e autorização dos consumidores,
expôs toda a coletividade.

A fornecedora é uma loja tradicional, que atua no mercado desde 1948,


sendo hoje “a maior rede de lojas especializada em moda feminina e moda íntima
feminina e uma das maiores redes de lojas de departamento de vestuário feminino,
masculino e infantil do Brasil”53, daí a grande decepção e frustração dos consumidores
ao constatarem que não receberam informações corretas e foram cobrados por serviços
não contratados.

Com relação à comprovação do dano moral coletivo, no julgamento do


REsp 1464868/SP, o relator Ministro Herman Benjamin, assim manifestou-se: “O dano
moral coletivo não depende da comprovação de dor, de sofrimento ou de abalo
psicológico, pois tal comprovação, muito embora possível na esfera individual, torna-se
inviável aos interesses difusos e coletivos, razão pela qual é dispensada (...)”.

A prática abusiva reiterada e temerária de que se utiliza a fornecedora e a


administradora do cartão de crédito não deve ser tolerada, considerando sua
significância e repercussão social, sendo cabível a condenação ao pagamento dos
danos morais coletivos.

Quanto à fixação do valor, devem ser observados os princípios da


proporcionalidade e razoabilidade, devendo ser compatível com a participação do
cartão Marisa no total das vendas da fornecedora – 45,5% no 4º trimestre de 201654;
a sua área de atuação – possui uma loja virtual e fechou o ano de 2016 com 398 lojas
espalhadas por todos os Estados do país; e sua condição econômica, já que,
consoante seu Estatuto Social (cláusula 5ª), possui um capital social de mais de 889

53
http://ri.marisa.com.br/marisa/web/conteudo_pt.asp?conta=28&tipo=10532
54
http://ri.marisa.com.br/marisa/web/conteudo_pt.asp?idioma=0&conta=28&tipo=10546, “DFP 2016”,
página 32
24
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
milhões de reais55, participando direta e indiretamente da administradora do cartão de
crédito:

“Artigo 5º - O capital social subscrito e integralizado da Companhia é de R$


899.596.865,00 (oitocentos e noventa e nove milhões, quinhentos e noventa e
seis mil, oitocentos e sessenta e cinco reais), dividido em 204.085.999 (duzentos
e quatro milhões, oitenta e cinco mil, novecentas e noventa e nove) ações ordinárias,
todas nominativas, escriturais e sem valor nominal.” (grifado)

Por todos esses motivos, devem as rés serem condenadas,


solidariamente, pelo dano moral coletivo causado aos consumidores, em valor a ser
decidido pelo Juízo e revertido ao FECON (Fundo Estadual de Defesa do Consumidor
do Paraná).

3. Da Eficácia Erga Omnes e da Abrangência Territorial da Tutela


de Urgência e da Sentença

Conforme demonstrado nos itens anteriores, inúmeros consumidores


foram, e são, atingidos pela informação incorreta e inadequada da suposta gratuidade
do cartão, bem como pela cobrança indevida de valores realizada pela fornecedora e
pela administradora do cartão de crédito.

Prevendo a ocorrência de situações exatamente como essa, o artigo 103


do Código de Defesa do Consumidor dispõe em seu inciso I que nas ações coletivas a
sentença fará coisa julgada erga omnes.

Assim sendo, a eficácia da sentença e, por consequência, da tutela de


urgência a ser proferida (por ser uma antecipação da tutela final), deve abranger
todo o território nacional, não se limitando apenas à Capital do Estado – Curitiba – ou
somente ao Estado do Paraná.

55
http://ri.marisa.com.br/marisa/web/conteudo_pt.asp?idioma=0&conta=28&tipo=10541#2
25
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
Até o advento da Lei 9.494/97 (artigo 2º) que alterou o artigo 16 da Lei da
Ação Civil Pública56, não subsistiam dúvidas quanto à eficácia erga omnes das
sentenças proferidas em ações coletivas. Contudo, a legislação alterada, em um
primeiro momento, foi interpretada por alguns operadores do direito como uma limitação.

Entretanto, essa não foi a interpretação que prevaleceu, pois a doutrina e


a jurisprudência afastam a aplicação do artigo 16 da Lei da Ação Civil Pública nas ações
coletivas de consumo.

Isso porque, sobressai o princípio da especialidade, de modo que à


relação de consumo existente entre a fornecedora, a administradora de cartão de crédito
e seus consumidores deverão ser aplicadas as regras do Código de Defesa do
Consumidor, sobretudo a constante do seu artigo 103, inciso I.

Entendimento diverso implicará, sem dúvidas, violação à facilitação da


defesa dos consumidores atingidos pela informação incorreta e pela cobrança indevida
realizada, bem como ao princípio da economia processual, evitando a existência de
inúmeras ações judiciais em todas as cidades do país onde atua a fornecedora e a
administradora do cartão de crédito, devendo prevalecer a finalidade da tutela coletiva.

Assim, a coisa julgada erga omnes não deverá ficar adstrita aos limites da
competência territorial do órgão prolator da sentença, sendo esse o entendimento do
Superior Tribunal de Justiça, proferido conforme o procedimento previsto para os
Recursos Repetitivos:

“DIREITO PROCESSUAL. RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA


(ART. 543-C, CPC). DIREITOS METAINDIVIDUAIS. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
APADECO X BANESTADO. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. EXECUÇÃO/
LIQUIDAÇÃO INDIVIDUAL. FORO COMPETENTE. ALCANCE OBJETIVO E
SUBJETIVO DOS EFEITOS DA SENTENÇA COLETIVA. LIMITAÇÃO

56
“Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do
órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em
que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova
prova.”
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Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
TERRITORIAL. IMPROPRIEDADE. REVISÃO JURISPRUDENCIAL. LIMITAÇÃO
AOS ASSOCIADOS. INVIABILIDADE. OFENSA À COISA JULGADA.
1. Para efeitos do art. 543-C do CPC: 1.1. A liquidação e a execução individual
de sentença genérica proferida em ação civil coletiva pode ser ajuizada no foro
do domicílio do beneficiário, porquanto os efeitos e a eficácia da sentença não
estão circunscritos a lindes geográficos, mas aos limites objetivos e
subjetivos do que foi decidido, levando-se em conta, para tanto, sempre a
extensão do dano e a qualidade dos interesses metaindividuais postos em juízo
(arts. 468, 472 e 474, CPC e 93 e 103, CDC).
1.2. A sentença genérica proferida na ação civil coletiva ajuizada pela Apadeco,
que condenou o Banestado ao pagamento dos chamados expurgos inflacionários
sobre cadernetas de poupança, dispôs que seus efeitos alcançariam todos os
poupadores da instituição financeira do Estado do Paraná. Por isso descabe a
alteração do seu alcance em sede de liquidação/execução individual, sob pena
de vulneração da coisa julgada. Assim, não se aplica ao caso a limitação
contida no art. 2º-A, caput, da Lei n. 9.494/97.
2. Ressalva de fundamentação do Ministro Teori Albino Zavascki.
3. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido.” 57 (destacado)

Seguindo essa orientação, o Ministro Herman Benjamin, Relator do REsp


1614263/RJ, deixou claro que “Por força do que dispõem o Código de Defesa do
Consumidor e a Lei da Ação Civil Pública sobre a tutela coletiva, sufragados pela Lei do
Mandado de Segurança (art. 22), impõe-se a interpretação sistemática do art. 2º-A da
Lei 9.494/97, de forma a prevalecer o entendimento de que a abrangência da coisa
julgada é determinada pelo pedido, pelas pessoas afetadas e de que a
imutabilidade dos efeitos que uma sentença coletiva produz deriva de seu trânsito
em julgado, e não da competência do órgão jurisdicional que a proferiu”. (Segunda
Turma, julgado em 18/08/2016, DJe 12/09/2016) (destacado)

Por esses motivos, necessário o reconhecimento de que os efeitos da


sentença e, por consequência, da tutela de urgência, devem se estender a todo o
território nacional, especialmente por se estar diante de tutela coletiva de direitos do
consumidor, que visam à proteção de pessoas indeterminadas, buscando, por meio de

57
REsp 1243887/PR, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Corte Especial, julgado em 19/10/2011, DJe
12/12/2011.
27
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
uma única ação, que seus efeitos repercutam em todas as situações que digam respeito
aos mesmos fatos.

4. Da Tutela de Urgência de Natureza Antecipada

A tutela de urgência de natureza antecipada está prevista no artigo 300


do Código de Processo Civil, estabelecendo seu §2º a possibilidade de sua concessão
liminar58.

Justifica-se no presente caso a concessão de medida liminar com


fundamento no artigo 300, §2º do Código de Processo Civil, bem como no artigo 12,
caput da Lei da Ação Civil Pública59 para determinar que a fornecedora e a
administradora do cartão de crédito:

(i) abstenham-se de informar aos consumidores por qualquer meio, sobre


a gratuidade do cartão Marisa, pois não é livre de anuidade e outras tarifas, prestando,
assim, informação adequada, clara, precisa e ostensiva a esse respeito; e

(ii) cessem, imediatamente, a cobrança de quaisquer seguros e tarifas


não contratados pelos consumidores, dentre os quais “Seguro Compra Tranquila”,
“Assistência Compra Certa Marisa”, “Microsseguro de vida Marisa Mulher”,
“Microsseguro Perda de Renda”, “Seguro Super Bolsa Protegida”, “Seguro de diária de
internação hospitalar AutoProteção”, “Microsseguro Casa Protegida”, “Plano
Odontológico”, “Marisa Odonto” e “Seguro Proteção Celular Marisa”, conforme Tabela de
Tarifas, além de outros semelhantes.

Para a hipótese de não cumprimento da tutela de urgência de natureza


antecipada a ser concedida por esse juízo, ou atraso no cumprimento, necessário seja a
fornecedora e a administradora do cartão de crédito compelidas ao pagamento de multa
no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), por omissão quanto à não gratuidade do
58
"Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia." (grifado)
59
“Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão
sujeita a agravo.”
28
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
cartão Marisa e/ou cobrança de tarifa e seguros não solicitados pelos consumidores, a
ser recolhida ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor do Paraná – FECON, nos
termos dos artigos 297, 536, §1º e 537 do Código de Processo Civil, e dos artigos 11 e
19 da Lei 7.347/85;

A probabilidade do direito mostra-se consubstanciada no fato de que a


fornecedora e a administradora do cartão de crédito têm informado, por meio de seus
prepostos, que o cartão Marisa seria livre de anuidades, seguros e tarifas, assim como
têm efetuado a cobrança indevida por serviços não contratados, constantes da Tabela
de Tarifas60, violando vários direitos básicos de um número indeterminado de
consumidores.

A fornecedora e a administradora do cartão de crédito demonstram, por


isso, claro descomprometimento com os princípios da boa-fé, transparência e confiança
estipulados pelo Código de Defesa do Consumidor.

O perigo de dano emerge da premente necessidade de se evitar que os


consumidores continuem expostos às práticas abusivas realizadas pela fornecedora e
pela administradora do cartão de crédito, até o provimento jurisdicional definitivo.

Por esses motivos, torna-se indispensável a concessão da tutela de


urgência de natureza antecipada, restando evidentes a probabilidade do direito e o
perigo de dano, bem como a necessidade de proteção dos consumidores contra a
violação ao direito à informação e cobrança indevida realizada por serviços não
contratados.

5. Dos Pedidos

Diante do exposto, requer o Ministério Público:

60
Fls. 214/216 do Inquérito Civil n.º MPPR-0046.16.000014-0.
29
Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
a) presentes os requisitos previstos no artigo 300, §2º do Código de
Processo Civil e artigo 12, caput, da Lei da Ação Civil Pública, requer seja concedida
tutela de urgência de natureza antecipada, determinando-se às rés que:

a.1) abstenham-se de informar aos consumidores por qualquer meio,


sobre a gratuidade do cartão Marisa, pois não é livre de anuidade e outras tarifas,
prestando, assim, informação adequada, clara, precisa e ostensiva a esse respeito; e

a.2) cessem, imediatamente, a cobrança de quaisquer seguros e tarifas


não contratados pelos consumidores, dentre os quais “Seguro Compra Tranquila”,
“Assistência Compra Certa Marisa”, “Microsseguro de vida Marisa Mulher”,
“Microsseguro Perda de Renda”, “Seguro Super Bolsa Protegida”, “Seguro de diária de
internação hospitalar AutoProteção”, “Microsseguro Casa Protegida”, “Plano
Odontológico”, “Marisa Odonto” e “Seguro Proteção Celular Marisa”, conforme Tabela de
Tarifas, além de outros semelhantes;
a.3) não condicionem o fornecimento do cartão Marisa à contratação de
seguros de quaisquer espécies (artigo 39, inciso I do Código de Defesa do Consumidor),
informando aos consumidores que são seguros facultativos

b) para a hipótese de não cumprimento da tutela de urgência de natureza


antecipada a ser concedida por esse juízo, ou atraso no seu cumprimento, seja a
fornecedora e a administradora do cartão de crédito compelidas ao pagamento de multa
no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), por omissão quanto à não gratuidade do
cartão Marisa e/ou cobrança de tarifa e seguros não solicitados pelos consumidores, a
ser recolhida ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor do Paraná – FECON, nos
termos dos artigos 297, 536, §1º e 537 do Código de Processo Civil, e dos artigos 11 e
19 da Lei 7.347/85;

c) a confirmação da tutela de urgência de natureza antecipada na


sentença a ser proferida, com a procedência do pedido inicial, condenando-se as rés,
solidariamente:

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Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
c.1) a absterem-se, definitivamente, de informar aos consumidores por
qualquer meio, sobre a gratuidade do cartão Marisa, já que não é livre de anuidade e
outras tarifas, prestando, assim, informação adequada, clara, precisa e ostensiva a esse
respeito, sob pena de violação ao direito à informação dos consumidores;

c.2) a cessarrem, em definitivo, a cobrança de quaisquer seguros e tarifas


não contratados pelos consumidores, dentre os quais os denominados “Seguro Compra
Tranquila”, “Assistência Compra Certa Marisa”, “Microsseguro de vida Marisa Mulher”,
“Microsseguro Perda de Renda”, “Seguro Super Bolsa Protegida”, “Seguro de diária de
internação hospitalar AutoProteção”, “Microsseguro Casa Protegida”, “Plano
Odontológico”, “Marisa Odonto” e “Seguro Proteção Celular Marisa”, conforme Tabela de
Tarifas, além de outros semelhantes;

c.3) não condicionarem o fornecimento do cartão Marisa à contratação de


seguros de quaisquer espécies (artigo 39, inciso I do Código de Defesa do Consumidor),
informando aos consumidores que são seguros facultativos;

c.4) a restituirem, em dobro, os valores cobrados indevidamente, mês a


mês, dos consumidores a título de seguros e tarifas não contratados, indicados na
Tabela de Tarifas61, além de outros similiares, devidamente corrigidos e com juros legais
(artigo 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor). A condenação
pretendida é genérica, nos termos do artigo 95 do Código de Defesa do Consumidor,
fixando a responsabilidade da fornecedora e da administradora do cartão de crédito
pelos danos materiais causados pela cobrança de seguros e tarifas não contratados. A
liquidação e a execução da sentença deverão ser promovidas pelas vítimas e seus
sucessores, nos termos do artigo 97 do Código de Defesa do Consumidor; e

c.4) ao pagamento de dano moral coletivo causado, no valor a ser


arbitrado pelo Juízo, devidamente acrescido de correção monetária por índice oficial, a

61
“Seguro Compra Tranquila”, “Assistência Compra Certa Marisa”, “Microsseguro de vida Marisa
Mulher”, “Microsseguro Perda de Renda”, “Seguro Super Bolsa Protegida”, “Seguro de diária de
internação hospitalar AutoProteção”, “Microsseguro Casa Protegida”, “Plano Odontológico”, “Marisa
Odonto” e “Seguro Proteção Celular Marisa”.
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Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0
partir do arbitramento, além de juros moratórios de 1% (um por cento) ao mês a partir da
citação, tudo a ser revertido ao FECON;

d) estabeleça-se que os efeitos da tutela de urgência de natureza


antecipada e da sentença a ser proferida sejam erga omnes e com abrangência em todo
o território nacional, por expressa determinação do artigo 103, inciso I, do Código de
Defesa do Consumidor, observando jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça;

e) a expedição de ofício à Promotoria de Justiça do Consumidor da


Comarca de Suzano, São Paulo, para ciência a respeito do ajuizamento desta Ação
Coletiva de Consumo, bem como sobre o descumprimento da fornecedora e da
administradora do cartão de crédito do que prevê a cláusula "1.", §§ 1º e 2º do Termo de
Compromisso de Ajustamente de Conduta firmado;

f) a citação das rés para, querendo, oferecerem resposta e


acompanharem a ação, sob pena de revelia e presunção de veracidade dos fatos
alegados (artigo 344 do Código de Processo Civil);

g) a publicação de edital no órgão oficial, conforme previsto no artigo 94


do Código de Defesa do Consumidor;

h) a dispensa do pagamento de custas, emolumentos e outros encargos


ou despesas (artigo 18 da Lei de Ação Civil Pública e o artigo 87 do Código de Defesa
do Consumidor);

i) a condenação das rés ao pagamento das custas e despesas


processuais;

j) a prova do alegado por meio de outros documentos, sobretudo os que


comprovem eventual descumprimento da tutela de urgência de natureza antecipada a
ser deferida, bem como a oitiva de testemunhas e realização de perícia, caso se façam
necessárias, além de outros meios de prova admitidos em direito, requerendo-se, desde
já, que, diante da verossimilhança das alegações e da hipossuficiência dos

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consumidores, seja determinada a inversão do ônus da prova, como admite o artigo
6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor;

k) a designação de audiência de conciliação, nos termos do artigo 319,


inciso VII, do Código de Processo Civil; e

l) sejam as intimações procedidas na forma dos artigos 180, caput e 183,


§1º do Código de Processo Civil, combinados com o artigo 41, inciso IV, da Lei 8.625/93
(Lei Orgânica Nacional do Ministério Público), junto às Promotorias de Defesa do
Consumidor de Curitiba, situada na Av. Marechal Floriano Peixoto, 1.251, Rebouças,
Curitiba, Paraná, fone 3250-4912.

Atribui-se à causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Curitiba, 01 de fevereiro de 2018.

Maximiliano Ribeiro Deliberador

Promotor de Justiça

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Ação Civil Pública - Inquérito Civil n.º MPPR-0046.13.00699-3 e n.º MPPR-0046.16.000014-0

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