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LÍVIA PRESOTTO PECHUTTI, brasileira, casada, engenheira de produção,

portadora da cédula de identidade RG 47.767.187-1 inscrita no CPF


409.960.238-95, residente e domiciliada a Rua José Matheus Viu, 265 Jardim Itália
Borborema / SP, Cep: 14955-000, vem respeitosamente ajuizar perante Vossa
Excelência:

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA

DE URGÊNCIA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Em face de HURB TECHNOLOGIES S.A, inscrita no CNPJ nº CNPJ:


12.954.744/0001-24, endereço eletrônico jr@hurb.com, endereçada João Cabral
de Mello Neto, 400, 7º andar, Península Corporativa, Barra da Tijuca, Rio de
Janeiro, CEP: 22775-057.

I - BREVE SÍNTESE DOS FATOS

Adquiriu a autora, 1 (Hum) pacote de viagem junto a Requerida, sob


número do pedido 8871506, Pacote de Viagem - Curaçao - Aéreo de
Ida e Volta | Quarto Duplo ou Triplo | 5 Diárias

Os serviços dos pacotes contratados foram ofertados nos seguintes termos


conforme vouchers de compras em anexos.

(documento 1)

Número do pedido 8871506


As regras dos pacotes contratados possuem os seguintes termos de acordo
e condições de agendamento da viagem.

Validade para viajar dos pacotes adquiridos


Regras do pacote adquirido
Ou seja, é necessário que o comprador preencha um formulário com 3 datas
válidas que gostaria de viajar, obviamente dentro do prazo permitido pelo pacote,
sendo que em até no máximo 45 dias antes da primeira data solicitada para a
viagem, os voos deveriam ser enviados, considerando as 3 datas escolhidas para
a possível viagem.

Vejamos Excelência, as regras do pacote são estipuladas pela própria Requerida,


que frisa que a confirmação do voo, em atendimento as datas sugeridas seriam
cumpridas em até 45 dias antes da primeira data.

Sendo assim, após a compra do pacote, o formulário do pacote foi devidamente


preenchido.

Ao que se refere ao pedido 8871506 o formulário foi preenchido com data limite para
envio dos voos até 20/03/2023.

Foram escolhidas as três datas para a viagem, 06 de Março de 2023; 13 de Março


de 2023 e
20 de Março de 2023, inteiramente de acordo com a validade do pacote, qual
seja viajar no mês de Março de 2023.
Ao aproximar-se da data de recebimento dos voos, os passageiros começaram a
realizar sua programação de viagem, como programação de férias, dentre outros
atos necessários para a realização de uma viagem.

Ocorre que a data do envio do voo qual seja 26/03/2023, estava cada vez mais
aproximando-se, e a Requerente não havia recebido a confirmação de tais voos,
que antes seriam informados em até 45 dias antes do evento e através de uma
conversa telefônica recebida pela Hub, houve a orientação por parte da empresa a
programar a viagem para o próximo semestre por dificuldades em conseguir
disponibilidade de voos.
Ocorre que até a presente data, está cada vez mais aproximando-se as datas
escolhidas, e a Requerente não havia recebido a confirmação de tais voos. A
requerente passou a manter contato junto à Requerida para saber do andamento
do envio dos voos do pacote. Diante do receio de ausência dos envios, a
Requerente fez contato com o chat da Requerida questionando se o prazo para
envio das informações da viagem como voo e local de hospedagem estavam
sendo preparados e se seriam disponibilizados na data acordada e foi orientada a
aguardar.

Ocorre Excelência que mesmo diante de diversas tentativas de solução da


demanda de forma administrativa a Requerida ainda não efetuara o envio dos
voos. Diversos e-mails foram enviados, mensagens via chat foram enviadas, e até
mesmo fora aberto protocolado junto ao reclame aqui sob o número 157208505
ID: 158830577 e PROCON sob número do protocolo 0020684/2023, onde a
Requerida insiste em ludibriar as Requerentes, sem qualquer envio das
passagens, as respostas da empresa em todos os canais são genéricas, sem
qualquer previsão e suporte ao consumidor.
Foi aberto chamados sob os protocolos nº 12616308, nº 12484052 e nº 12545214
mas não houve resposta e nem encaminhamento de informações sobre os voos.
Note Excelência, todos os prazos foram extrapolados, e mesmo com as diversas
tentativas de solução, a Requerida não apresenta qualquer previsão de envio dos
voos. O que choca Excelência, é que não se sabe o motivo pelo qual o contrato
não está sendo devidamente cumprido pela Requerida.

Sendo que em fevereiro de 2023 a empresa de viagens Hurb ainda oferta a


comercialização de pacotes de viagem para o ano de 2023 com destino para
Curaçao, inclusive a Requerente recebeu publicidade dos pacotes vendidos.
O desgaste emocional causado pela Requerente torna-se desmedido,
considerando a programação para uma viagem ao exterior, sendo de lua de mel,
sem ao menos haver o devido envio dos voos.

Diversas foram as tentativas de resolução de forma amigável, porém sem


qualquer resposta concreta e tão pouco suporte, não vê a Requerente outra
alternativa, senão o pedido das medidas cabíveis.

É a síntese do necessário.

II – DO MÉRITO
II.I DA RELAÇÃO DE CONSUMO

De fato, entre a autora e a parte demandada emerge uma inegável


hipossuficiência técnico-econômica, o que, sobremaneira, deve ser levado em
conta no importe do processo.

Desse modo, o desenvolvimento desta ação deve seguir o prisma da Legislação


do CDC, visto que a relação em estudo é de consumo, aplicando-se, maiormente,
a inversão do ônus da prova (CDC, art. 6º, inc. VIII).Em se tratando de prestação
de serviço, cujo destinatário final é o tomador, no caso o Promovente, há
entrelaçamento de consumo, nos precisos termos do que reza o Código de Defesa
do Consumidor:

Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou

jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviço

como destinatário final.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou

jurídica, pública ou privada, nacional ou

estrangeira, bem como os entes despersonalizados,

que desenvolvem atividade de produção, montagem,

criação, construção, transformação, importação,

exportação, distribuição ou comercialização de

produtos ou prestação de serviços.

§ 1° (...)

§ 2° Serviço é qualquer atividade

fornecida no mercado de consumo, mediante

remuneração, inclusive as de natureza bancária,

financeira, de crédito e securitária, salvo as

decorrentes das relações de caráter trabalhista.

II.II DO CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE FAZER EM VIRTUDE

DA OFERTA
Dispõe o Art. 35, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor, in verbis

“Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar


cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o
consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I -
exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da
oferta, apresentação ou publicidade;

Tal dispositivo é aplicável à presente demanda, considerando que a Requerida


não atendeu o prazo de envio dos voos por ela estipulado, qual seja sua data
20/03/2023.

Diante da inércia da Requerida quanto ao cumprimento de sua obrigação


contratual, pugna-se pelo cumprimento da obrigação de fazer, com a efetiva
entrega das passagens adquiridas.

II.III DO DANO MORAL E DA INDENIZAÇÃO POR DESVIO PRODUTIVO

O dano moral pode ser caracterizado como todo aquele que resulta de uma
ofensa que atinge os valores abstratos humanos e que tem como causa impulsiva
uma ação ou omissão, não estribada em exercício regular de um direito, em que o
agente produz um prejuízo ou transgride direito de outrem, por dolo ou culpa. Sua
reparabilidade tem previsão expressa em vários textos legais e encontra
fundamento na teoria da responsabilidade civil, porém, o seu principal preceito
está incrustado na Constituição Federal de 1998 - artigo 5°, incisos V e X.

Essa obrigação de ressarcir surge quando estão presentes os seguintes


elementos: a ilicitude, manifestada pela ação ou omissão do causador; o dano
propriamente dito; e o nexo de causalidade entre ambos.

Sobre a matéria, escreveu o saudoso e admirável Carlos Alberto Bittar:

“Na concepção moderna da teoria da reparação de danos morais


prevalece, de início, a orientação de que a responsabilização do
agente se opera por força do simples fato da violação. Com isso,
verificado o evento danoso, surge, ipso facto, a necessidade de
reparação, uma vez presentes os pressupostos de direito. Dessa
ponderação, emergem duas consequências práticas de
extraordinária repercussão em favor do lesado: uma, é a dispensa
da análise da subjetividade do agente; outra, a desnecessidade de
prova de prejuízo em concreto.” (Reparação Civil por Danos
Morais, Revistados Tribunais, 1993, Capítulo III, n. 32, p. 202).”

Ainda, estabelece o art. 186 do Código Civil Brasileiro:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária negligência


ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

E a consequência de cometer ato ilícito está estipulada no art. 927 do Código Civil
Brasileiro:

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano
a outrem, fica obrigado a repará-lo.”

E ainda positiva o Art. 247 do Código de Processo Civil:

“Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que


recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.”

Estabelece o artigo 14, caput, do Código de Defesa do Consumidor:

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente


da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos”.

Evidente que houve falha na prestação de serviço, a própria empresa estabelece


um prazo que ela mesmo não cumpre.

Ora, a Requerente por diversas vezes de forma administrativa pleiteou o envio de


suas passagens dentro do prazo estipulado, corre que a Requerida não
apresentou qualquer resposta concreta a autora, qualquer previsão de envio das
passagens.

Desde 2022 os passageiros programam-se para usufruir-se do pacote por eles


devidamente pagos, havendo enorme frustação e preocupação quanto ao
cumprimento do pacote contratado.

O art. 6º do CDC nos ensina que são direitos básicos dos consumidores, entre
outros, a efetiva reparação de danos sofridos, quer sejam materiais, quer sejam
morais, bem como o acesso aos órgãos judiciários com o objetivo de resguardar
os danos mencionados.

No presente caso, o dano moral deve ser quantificado com a precisão peculiar aos
grandes Julgadores, tendo em vista que o mesmo possui um duplo condão, ou
seja, o de ressarcimento do promovente e o de punição do promovido, de modo
que este se sinta coibido de incorrer novamente em práticas iguais ou
semelhantes a ora debatida, o que evidentemente se transformará em uma
garantia para toda a sociedade.

Há, também, indenização por desvio produtivo do consumidor a ser reconhecida!

Na sociedade hodierna, os bens de consumo são feitos para que seu destinatário
(consumidor) agregue qualidade de vida e diminua tempo, de modo que este
possa ser aproveitado por ele de outras maneiras, a exemplo de trabalho, lazer ou
estudo.

Ocorre, porém, que inúmeras vezes o consumidor é submetido a verdadeira


“cruzada” para conseguir ver reparado determinado defeito do produto ou do
serviço, deixando, com isso, de utilizar aquele tempo perdido em outras atividades

que lhe rendam melhor prazer ou utilidade. Tais transtornos, recorrentes e como é
o caso dos autos, deram ensejo ao desenvolvimento da chamada Teoria do
Desvio Produtivo do Consumidor, tendo como percussor da matéria o Civilista
Marcos Dessa une.

Diz o autor, in verbis:


“O desvio produtivo caracteriza-se quando o consumidor, diante de
uma situação de mau atendimento, precisa desperdiçar o seu
tempo e desviaras suas competências— de uma atividade
necessária ou por ele preferida — para tentar resolver um
problema criado pelo fornecedor, a um custo de oportunidade
indesejado, de natureza irrecuperável” (grifo nosso).

Em verdade, o que não se pode mais admitir é o covarde véu da indiferença


mesquinha a ocultar milhares (ou milhões) de situações de dano, pela usurpação
injusta do tempo livre, que se repetem, todos os dias, em nossa sociedade. Isso
tudo porque o intolerável desperdício do nosso tempo livre, agressão típica da
contemporaneidade, silenciosa e invisível, mata, aos poucos, em lenta asfixia,
valor dos mais caros para qualquer um de nós.

Portanto, faz a autora jus ao reconhecimento de ato ilícito da empresa ré por


desvio produtivo e dano moral, indenizando-o em valor a ser arbitrado pelo Juízo,
sugerindo se a quantia de R$ 5.000,00, para o pacote adquirido, como parâmetro,
diante da postura abominável da Requerida.

III – DA TUTELA DE URGÊNCIA

São requisitos para a concessão da tutela de urgência o fundamento da demanda


que evidencie a probabilidade do direito e o justificado receio de ineficácia do
provimento final, em síntese o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora”.

Código de Processo Civil estabeleceu em seu artigo 300 que: “A tutela de


urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo”.

Nesse sentido, o diploma legal exige para a concessão da tutela de urgência dois
elementos, quais sejam, o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora”.

O primeiro caracteriza-se mediante à evidência do direito a ser protegido. No caso


em tela, este se faz presente com o número do protocolo da reclamação que foi
aberta, bem como do formulário preenchido e das datas sugeridas, sendo
extrapolada a data limite, data esta fornecida pela própria empresa requerida.
Quanto ao ‘periculum in mora’, este exsurge do perigo da autora não receber a
data da viagem para o mês de março, uma vez que a empresa não apresenta
qualquer justificativa concreta ou até mesmo previsão de envio dos voos.

A viagem citada, é uma viagem de Lua de Mel com dois viajantes que merece
ampla preparação, sabe-se que a viagem escolhida poderá atender uma das 3
datas sugeridas ou qualquer outra data de março 2023.
Ocorre que justamente para preparar-se dentro das datas sugeridas, os voos
deveriam ser enviados com 45 dias antes para programação de férias, e etc.
Ficam as autoras de mãos atadas, pois não conseguem efetuar a programação,
considerando que o prazo para envio dos voos fora extrapolado, sem qualquer
previsão de envio, mesmo diante de diversas tentativas de solução administrativa
junto a empresa.

A requerida sente se prejudicada com investimento do pacote de viagem, dos


quais nenhum está sendo honrado pela autora.

A requerida já agendou seu período de férias junto ao RH, para que não haja
determinação do período pelo mesmo, que poderá acarretar não conseguir viajar.

Bem como só tem disponibilidade para viajar no mês de março de 2023, uma vez
que vem tentando cumprimento da oferta dentro das regras do pacote.
Ademais, mesmo diante da celeridade processual do juizado especial,
considerando que as 3 últimas datas foram sugeridas no mês de março de 2023,
até que a empresa seja intimada a responder a demanda em 05 dias, o prazo para
todos os atos processuais, pode chegar até próximo da data que a viagem deveria
ocorrer.

Desta forma, a autora requer que a empresa envie os voos e hotel para a viagem
do pacote sob número do pedido 8871506, Pacote de Viagem - Curaçao -
Aéreo de Ida e Volta | Quarto Duplo ou Triplo | 5 Diárias”, para que a viagem seja

realizada dentro das datas sugeridas que são: 6 de março de 2023, 13 de março
de 2023, 20 de março de 2023 ou qualquer outra data do mês de março do ano
corrente (2023), em até 48 (quarenta e oito) horas e que seja estipulada uma
multa por descumprimento da decisão no valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais)
limitas até a data do efetivo cumprimento da obrigação.

Acerca da postura repugnante da empresa, e a necessidade de tutela para


cumprimento da obrigação, houve decisão nos autos da demanda nº 1003647-
63.2022.8.26.0309, em que foi reconhecido pelo magistrado a necessidade
emergente para cumprimento da obrigação, vejamos:
Diante do exposto, requer a apreciação da presente

tutela, para o efetivo cumprimento da obrigação

requerida. IV – DO PEDIDO

Diante do exposto, requer:

a) a concessão da tutela de urgência no sentido de que a empresa envie os


voos e hotel para a viagem do pacote sob número do pedido 8871506, Pacote
de Viagem - Curaçao - Aéreo de Ida e Volta | Quarto Duplo ou Triplo | 5 Diárias”, para
que a viagem seja realizada dentro das datas sugeridas que são: 6 de março de
2023, 13 de março de 2023, 20 de março de 2023 ou qualquer outra data do mês
de março do ano corrente (2023), em até 48 (quarenta e oito) horas e que seja
estipulada multa, no quantum de R$1.000,00 (hum mil reais) limitas até a data do
efetivo cumprimento da obrigação.

b) requer seja aplicado a inversão do ônus da prova, conforme artigo 6ºdo


CDC, VIII, por se tratar de relação de consumo;

c) ao final, seja esta ação julgada totalmente procedente, confirmando os


efeitos da tutela, para o efeito de obrigar a ré a enviar os voos e hotel para a
viagem do Pacote de Viagem - Curaçao - Aéreo de Ida e Volta | Quarto Duplo ou
Triplo | 5 Diárias”.

d) requer condenar a empresa ré no pagamento de danos morais em R$


5.000,00 para o pacote.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas.

Dá a causa o valor de R$5.000,00.

Termos em que,

Pede-se

deferimento.

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