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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .....

VARA CÍVEL
DA COMARCA DE MARINGÁ – ESTADO DO PARANÁ.

PEDRO GIMENEZ REDE, brasileiro, separado, portador da


Cédula de Identidade RG nº 5.645.785 SSP-PR, inscrito no CPF sob nº 400.906.478-15,
residente e domiciliado a Av. Morangueira, lote 10, na cidade de Maringá, Estado do Paraná,
através de seus procuradores judiciais, adiante assinados, advogados devidamente inscritos na
Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Paraná, sob n.º 15.502, 16.909 e 35.971, todos com
escritório profissional sito à Rua João Ernesto Ferreira, n.º 292, centro, em Mandaguari – Pr.,
telefone (0**44)-233-2233, onde recebem intimações e demais comunicados judiciais (doc.
01), vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 4º, incisos I e III, 6.º, incisos
III, VI,VII e VIII, art. 12, § 1º, incisos I, II, III e artigo 101, inciso I, todos da Lei n.º 8.078, de
11.9.90, propor a presente

AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS

em face de FORD MOTOR COMPANY BRASIL LTDA., pessoa jurídica de direito


privado, com sede a Av. do Taboão, 899, Bairro Rudge Ramos, na cidade de São Bernardo do
Campo, Estado de São Paulo, CEP 09655-900, pelos fatos e fundamentos a seguir exarados:

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I – DOS FATOS:

Em data de 10 de julho de 2003, o Requerente adquiriu de Anésio


Mateus Granado, conforme Contrato Particular de Compra e Venda (doc. anexo), um cavalo
mecânico cargo modelo 4331 ano 2003, modelo 2003 da marca Ford, transferindo-o para
Ivaldete Terezinha Sicot, que também figura no referido contrato, como compradora do
respectivo bem.

O comprador e Requerente é titular da Transportadora


Transgimenes Transportes de Cargas Ltda-Me, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ sob nº 00.173.810/0001-40, com sede a Avenida Brasil, 842, Jardim Independência, na
cidade de Sarandi, Estado do Paraná, CEP 87113-260, com filial a Rodovia dos Imigrantes,
s/nº - Km 8,4 (anexo ao Posto Siga) B. Distrito Industrial, na cidade de Várzea Grande, Estado
do Mato Grosso, CEP 78.132-400.

O caminhão, objeto da compra do referido contrato, foi adquirido


na Aravel – Arapongas Veículos Ltda. em 30 de junho de 2003, conforme nota fiscal nº
720946 em anexo, data esta que comprova que tal veículo ainda possui garantia, reforçando
ainda mais a responsabilidade do fabricante.

O Requerente, por ser proprietário de Transportadora, utilizava o


caminhão de placa AKZ 7013 para realizar transportes rodoviários de cargas, ou seja fretes,
conforme mostram as notas anexadas.

Ocorre que, em data de 21 de fevereiro de 2004, o referido


caminhão realizava um frete de Cáceres, estado do Mato Grosso a Maringá, estado do Paraná,
com a carga de raspa de boi, quando no trecho Coxim – Sonora, no estado do Mato Grosso do
Sul, BR 163, no município de Sonora, verificou-se o seu tombamento, após perda de controle
do veículo pelo motorista, ocasionado por quebra de barra de direção, conforme mostra o
Boletim de Ocorrência nº 71224 e o Croquis anexados a presente.

No momento do acidente, o caminhão era conduzido pelo


motorista Denílson Celestino dos Santos que foi socorrido pelos policiais rodoviários.
Conforme as fotos em anexo, o caminhão sofreu inúmeras avarias, o que o obrigou a ficar
parado por 35 (trinta e cinco) dias.

O veículo possuía seguro e, conforme recibo em anexo, a


respectiva franquia foi paga pelo Requerente no valor de R$ 2.800,00 (dois mil e oitocentos
reais).

Conforme já foi relatado, o acidente obrigou que o caminhão


ficasse parado por 35 (trinta e cinco) dias, ocasionando ao Requerente além das perdas e danos

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referentes aos reparos do veículo, os lucros cessantes pelo fato que deixou de lucrar pelos dias
em que não pôde trabalhar com um de seus instrumentos de trabalho.

Segundo estimativa baseada nas notas de fretes da Transportadora


do Requerente em anexo, em igual período ao que o caminhão ficou parado, apurou-se que o
mesmo poderia ter realizado transportes de cargas no valor de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil
reais), obtendo com isso, um lucro de 30% a 40% desse valor, perfazendo a monta de R$
10.500,00 (dez mil e quinhentos reais) a R$ 14.000,00 (quatorze mil reais).

O caminhão ainda possui garantia, e o fato de que o acidente foi


ocasionado por quebra de barra de direção, numa rodovia em linha reta e que não possuía
deformações consideráveis na pista, conforme mostram as fotos anexadas, demonstram que tal
acidente foi provocado por alguma falha decorrente de fabricação ou montagem por parte do
fabricante, tornando o veículo defeituoso, pois não ofereceu a segurança que dele se esperava,
podendo até ter causado vítima fatal.

Em assim sendo, está a exigir o Autor as garantias da tutela


jurisdicional, pretendendo a reparação dos danos sofridos, cujos quais abrangem a franquia do
seguro do caminhão e os lucros cessantes que podem variar entre 30% a 40% do valor total de
fretes contratados em igual período a que o caminhão ficou parado para o conserto das avarias
causadas pelo acidente.

II – DO DIREITO:

A legislação em vigor é clara a respeito dos deveres a que devem


se atentar o fabricante e o comerciante de produtos de consumo:

Dispõe o art. 12, § 1º, inciso II da Lei 8.078 de 11 de setembro de


1990 (CDC):

“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou


estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação,
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

§ 1º. O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que


dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais:

I – sua apresentação;

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II – o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;

III – a época em que foi colocado em circulação.”

Dispõe também o Código de Defesa do Consumidor, em seu


artigo 6.º, incisos III, VI, VII e VIII que:

“Art. 6.º São direitos básicos do consumidor:


...
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos
e serviços, com especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade e preço, bem como sobre
os riscos que apresentem;

VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e


morais, individuais, coletivos e difusos;

VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com


vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica,
administrativa e técnica aos necessitados;

VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a


inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências”.

O Novo Código Civil Brasileiro, corroborando posição já há


muito consolidada em nossa doutrina e jurisprudência, previu em seu artigo 186:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

“In casu”, o ato ilícito a que faz menção o referido artigo, se


encontra na negligência do fabricante em produzir produto defeituoso, que não ofereceu a
segurança que dele se esperava. Como conseqüência deste ato, obrigatoriamente, o responsável
tem o dever de repará-lo, de acordo com o que dispõe o Código Civil em seu art. 927:

"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo."

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Os danos são avaliados pelo efetivo prejuízo e,
conseqüentemente, pela diminuição econômica no patrimônio do credor. Dessa forma, esses
prejuízos abrangem os lucros cessantes que se caracterizam pelos reflexos futuros que
sobrevirão por causa do ato ilícito cometido, consistindo na elisão de uma expectativa em
lucrar e na diminuição potencial do patrimônio do credor, devendo ser indenizados de acordo
com o que dispõe o artigo 402 do Código Civil:

“Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as


perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.”

É evidente que não se pode negar a reparação dos danos materiais


sofridos pelo autor consistente nos lucros cessantes, considerando que, desde a ocorrência do
fato, o autor não pôde fazer uso do caminhão, um de seus instrumentos de trabalho
pertencentes a sua Transportadora, por 35 (trinta e cinco dias). É o que confirma as decisões
jurisprudenciais de nossos tribunais:

In BONIJURIS Jurisprudência - Cd-Rom - 38967

Verbete: ACIDENTE DE TRÂNSITO - INDENIZAÇÃO - LUCRO


CESSANTE - LOCAÇÃO DE VEÍCULO - Veículo paralisado
para reparos - Cálculo sobre o lucro diário

Tribunal: TA/PR
Órgão Julgador: 5a. Câm. Cív.
Relator: Marques Cury

Apelação cível - Ação de indenização por lucros cessantes -


Acidente de trânsito - Veículo de locadora paralisado para
conserto - Prova testemunhal convincente - Lucro líquido -
Decisão confirmada - Sucumbência - Adequação - Parcial
provimento. Os lucros cessantes, compreendidos nas perdas e
danos, abrangem o que a parte razoavelmente deixou de lucrar,
consistindo no caso de automóvel objeto de locação,
ininterrupta, o lucro líquido diário multiplicado pelo tempo
despendido para o conserto das avarias sofridas em acidente de
trânsito. (TA/PR - Ap. Cível n. 135247-4 - Comarca de Curitiba -
Ac. 9643 - unân. - 5a. Câm. Cív. - Rel: Juiz Marques Cury -
conv. - j. em 15.09.99 - Fonte: DJPR, 01.10.99, pág. 85).

In BONIJURIS Jurisprudência - Cd-Rom – 23207

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Verbete: ACIDENTE DE TRÂNSITO - RESPONSABILIDADE
CIVIL - MOTORISTA de TÁXI impossibilitado de utilizar o
VEÍCULO - PREJUÍZO caracterizado - LUCRO CESSANTE
devido - CONTRATO DE SEGURO realizado pelo RÉU -
DENUNCIAÇÃO DA LIDE à SEGURADORA

Tribunal: TA/PR
Órgão Julgador: 1a. Câm. Cív.
Relator: Duarte Medeiros

Lucros cessantes - Responsabilidade civil - Acidente de trânsito -


Motorista de táxi que ficou impossibilitado de utilizá-lo durante a
sua permanência em oficina, para reparos - Prejuízos
caracterizados, a esse título, pela não obtenção de renda,
naquele interregno de tempo - Contrato de seguro celebrado pelo
causador do dano, não excluindo a cobertura respectiva, por esse
prisma - Procedência da ação principal, como também da
denunciação da lide - Apelação da seguradora não provida.
(TA/PR - Ap. Cível n. 0073144-0 - Comarca de Curitiba - Ac.
5331 - unân. - 1a. Câm. Cív. - Rel: Juiz Duarte Medeiros - conv. -
j. em 13.12.94 - Fonte: DJPR, 17.02.95, pág. 27).

Desta forma, é dever do fabricante reparar os danos causados ao


Requerente que figura, no caso, como consumidor adquirente de produto defeituoso que não
ofereceu a segurança que dele se esperava.

O prazo de garantia ainda está em vigência e, como conseqüência


disso, o fabricante é responsável pela reparação desses danos nos quais abrangem: o
ressarcimento da franquia do seguro paga pelo Requerente no valor de R$ 2.800,00 (dois mil e
oitocentos reais) e os lucros cessantes no valor que pode variar entre R$ 10.500,00 (dez mil e
quinhentos reais) e R$ 14.000,00 (quatorze mil reais).

III – DO PEDIDO:

Isto posto, requer a Vossa Excelência:

Que digne-se em julgar totalmente procedente a presente ação,


condenando o fabricante a reparar os danos ocasionados pelo acidente causado pelo produto
defeituoso, que ainda possui garantia de fábrica, nos quais abrangem a franquia do seguro paga
pelo Requerente no valor de R$ 2.800,00 (dois mil e oitocentos reais), e os lucros cessantes no

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valor que pode variar entre R$ 10.500,00 (dez mil e quinhentos reais) e R$ 14.000,00 (quatorze
mil reais).

IV – DOS REQUERIMENTOS:

a) isto posto, requer que a Ré seja citada na pessoa de seu


representante legal, no endereço acima descrito, para no prazo legal, querendo, contestar a
presente, sob pena de se presumirem aceitos, como verdadeiros, os fatos articulados pelo
Autor.

b) provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidos, principalmente pelas provas documentais acostadas, provas testemunhais, periciais,
e, pelo depoimento pessoal do representante legal da Ré, sob pena de confissão.

Dá-se à causa o valor de R$ 16.800,00 (dezesseis mil e oitocentos


reais).

Termos em que,
pede deferimento.

Mandaguari – Pr., 29 de abril de 2004.

ANACLETO GIRALDELI FILHO JOSÉ MARCOS CARRASCO


OAB/PR 15.502 ADVOGADO OAB/PR 16.909 ADVOGADO

GEANDRO DE OLIVEIRA FAJARDO


OAB/PR 35.971 ADVOGADO

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