AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE IJUÍ
MARCELO DOS SANTOS, brasileiro, solteiro, pedreiro
autônomo, CPF e RG não identificados, residente e domiciliado no endereço Rua Jorge Leopoldo Weber, nº 500, Bairro Assis Brasil, na cidade de Ijuí/RS, CEP 98700-000, não possui e-mail, telefone nº (55) 99875-2456; por suas procuradoras signatárias, com endereço profissional na Rua do Comércio, número 520, na cidade de Ijuí, fone número (55) 99116-1915, onde recebe intimações; vem, respeitosamente, ajuizar
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS cumulada
com LUCROS CESSANTES em face de
JOSÉ DA SILVA, brasileiro, casado, administrador, CPF e RG
não identificados, residente e domiciliado no endereço Rua Benjamin Barriquelo, nº 400, Bairro Glória, na cidade de Ijuí/RS, CEP 98700-000, não possui e-mail, telefone nº (55) 99476-8288; pelos fatos e fundamentos jurídicos e legais a seguir expostos
I. DOS FATOS.
No dia 27 de novembro de 2022, por volta das 14hr23min, na Avenida
Coronel Dico, nesta cidade de Ijuí, o Autor Marcelo se deslocava com a sua motocicleta Yamaha quando, ao cruzar o semáforo no sinal verde com a Avenida Coronel Dico, foi abalroado pelo veículo Cruze conduzido pelo Réu José, que ultrapassou o sinal vermelho. Na ocasião, o Autor ficou lesionado e foi socorrido pelo SAMU e encaminhado ao Hospital, sendo que sua motocicleta foi removida pelo guincho. Foi constatado no Hospital que o Autor teve luxação, tendo que passar por procedimento cirúrgico para a colocação de pinos metálicos no joelho, da qual resultou cicatriz visível em sua perna. O Autor trabalhava na oportunidade do acidente como pedreiro autônomo, recebendo cerca de R$3.000,00 (três mil reais mensais), mas desde a data do acidente (27/11/2022) está impossibilitado de exercer suas atividades laborativas, estando, atualmente, sem qualquer espécie de renda. Além disso, suportou gastos com medicamentos no valor de R$520,00 (quinhentos e vinte reais) e do conserto de sua motocicleta no montante de R$2.200,00 (dois mil e duzentos reais). II. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS E LEGAIS.
Preliminarmente, insta consignar que, notório o nexo de causalidade entre o
dano causado ao Autor e a atitude imprudente do Réu, surge o direito à indenização. Consoante preceitua o artigo 5º, inciso X da Constituição Federal, in verbis: X- São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização por dano material ou moral decorrente de sua violação. Nesta mesma perspectiva, dispõe os artigos 186 e 927, respectivamente, do Código Civil Brasileiro: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Ainda prevê o artigo 28 do Código de Trânsito Brasileiro que “o condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito”, restando patente que o réu agiu em desacordo com as recomendações legais, não observando os cuidados mínimos essenciais à segurança no trânsito. Assim agindo, isto é, sem atentar-se ao cruzamento, mantendo-se em alta velocidade, o réu deixou de observar também o que prescreve o artigo 44 do referido diploma, ipsis litteris: Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruzamento, o condutor do veículo deve demonstrar prudência especial, transitando em velocidade moderada, de forma que possa deter seu veículo com segurança para dar passagem a pedestre e a veículos que tenham o direito de preferência. Evidente, portanto, que, por negligência, o Réu causou danos ao Autor.
II. 1 – Do Dano Material
Quanto aos danos materiais, é o entendimento jurisprudencial consolidado do E. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: RECURSOS VOLUNTÁRIOS – ACIDENTE DE VEÍCULO – CULPA DO AGENTE PÚBLICO – DANOS MATERIAIS COMPROVADOS – DANOS MORAIS – INEXISTENTES – JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA – RECURSO DO MUNICÍPIO PROVIDO – RECURSO ADESIVO DESPROVIDO. Se as provas documentais e testemunhais coligidas aos autos dão conta da ocorrência do acidente por culpa exclusiva do motorista do caminhão, de propriedade do requerido que, avançando a preferencial, colheu o veículo dirigido pelo autor, causando-lhe danos, é de ser mantida a sentença que responsabilizou o requerido pelo sinistro. Mantém-se os valores da indenização do dano material, devidamente comprovados por meios documentais [...] (TJ-MS – APL: XXXXX20128120035 MS XXXXX- 33.2012.8.12.0035, Relator: Des. Vladimir Abreu da Silva, Data de Julgamento: 24/04/2019, 4ª Câmara Cível, Data da Publicação: 26/04/2019) Com efeito, consoante restou apurado, o Autor deve ser ressarcido pelo prejuízo de R$2.200,00 (dois mil e duzentos reais) valor que gastou para a restauração de sua motocicleta.
II. 2 – Dos Lucros Cessantes
Como é sabido, “as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar”. Neste sentido, leciona Sergio Cavalieri Filho (2010, p. 75), acerca do lucro cessante, que: Perda do ganho esperável, na frustração da expectativa de lucro, na diminuição potencial do patrimônio da vítima. Pode decorrer não só da paralisação da atividade lucrativa ou produtiva da vítima, como, por exemplo, a cessação dos rendimentos que alguém já vinha obtendo da sua profissão, como, também, da frustração daquilo que era razoavelmente esperado. A propósito, em caso semelhante, decidiu o E. Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, nos seguintes termos: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR LUCROS CESSANTES – ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO – RÉ-LITISDENUNCIADA – PRELIMINAR – CERCEAMENTO DE DEFESA – REJEITADA – MÉRITO – COMPROVAÇÃO DOS LUCROS CESSANTES – VALOR A SER APURADO EM LIQUIDAÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM [...] 3. O art. 402, do Código Civil/2002 prevê que “salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar”. 4. Na espécie, estão demonstrados os lucros cessantes, pois a autora-recorrida comprova que é empresa que atua no ramo de transporte rodoviário de cargas, portanto, os danos do caminhão envolvido no acidente tiveram que ser reparados, e, durante o período de conserto o automóvel ficou impossibilitado de ser utilizado nas atividades da empresa, o que acarreta prejuízos financeiros. 5. Não há como reduzir ou abater os valores da indenização por lucros cessantes, pois o valor da indenização será apurado através de liquidação pelo procedimento comum. 6. Apelação conhecida e não provida, com majoração dos honorários de sucumbência. (TJ-MS – AC: XXXXX20168120002 MS XXXXX-47.2016.8.12.0002, Relator: Des. Paulo Alberto de Oliveira, Data de Julgamento: 31/07/2019, 3ª Câmara Cível, Data de Publicação: 05/08/2019. E, consoante se depreende, dos balanços anexados aos autos, o Autor possui um faturamento líquido de R$3.000,00 (três mil reais mensais). Com a ocorrência da colisão e os danos sofridos, tanto físico como material. Dessa forma, não há como se negar o direito ao Autor pelos valores que deixou de liquidar por conta do prejuízo causado negligentemente pelo Réu, devendo a parte Autora ser indenizada em R$12.750,00 (doze mil setecentos e cinquenta reais) pelo lucro que deixou de auferir.
III. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA.
A parte autora é economicamente hipossuficiente, não podendo arcar com as
custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios e periciais sem prejuízo do próprio sustento e de sua família. Assim, faz jus ao benefício da gratuidade de justiça, forte no art. 98 do CPC, o que desde já requer.
Junta aos autos comprovantes de renda, bem como Declaração de
Hipossuficiência assinada.
IV. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO.
A parte autora manifesta interesse na realização da audiência preliminar de
conciliação.
V. DAS PROVAS.
Requer demonstrar o alegado por meio de todas as provas em direito
admitidas, especialmente a prova testemunhal, documental e o depoimento pessoal do réu.
VI. DOS PEDIDOS.
Ante ao exposto, Pede:
a) A procedência do pedido de indenização para condenar o Réu ao pagamento no valor de R$2.200,00 por danos materiais, comprovados por meio de nota fiscal em anexo;
b) A condenação do Réu ao valor de 10(dez) salário-mínimo vigente
da data do acidente a título de lucros cessantes, por ter o Autor ficado 85 dias afastados de seu trabalho, conforme atestado médico;
c) A condenação do Réu ao pagamento de custas processuais e
honorários advocatícios sucumbenciais.
VII. DOS REQUERIMENTOS.
Diante do exposto, Requer:
a) A citação do Réu para, querendo, contestar no prazo legal, sob
pena de revelia;
b) A designação de Audiência de tentativa de conciliação, nos
termos do art. 319, VII do CPC;
c) O deferimento do benefício da Assistência Judiciária Gratuita.
VIII. DO VALOR DA CAUSA.
Dá-se à causa o valor de R$15.470,00 (quinze mil quatrocentos e setenta