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PETIÇÃO INICIAL

Art. 319 do CPC

AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE IJUÍ

MARCELO DOS SANTOS, brasileiro, solteiro, pedreiro


autônomo, CPF e RG não identificados, residente e domiciliado
no endereço Rua Jorge Leopoldo Weber, nº 500, Bairro Assis
Brasil, na cidade de Ijuí/RS, CEP 98700-000, não possui e-mail,
telefone nº (55) 99875-2456; por suas procuradoras signatárias,
com endereço profissional na Rua do Comércio, número 520, na
cidade de Ijuí, fone número (55) 99116-1915, onde recebe
intimações; vem, respeitosamente, ajuizar

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS cumulada


com LUCROS CESSANTES em face de

JOSÉ DA SILVA, brasileiro, casado, administrador, CPF e RG


não identificados, residente e domiciliado no endereço Rua
Benjamin Barriquelo, nº 400, Bairro Glória, na cidade de Ijuí/RS,
CEP 98700-000, não possui e-mail, telefone nº (55) 99476-8288;
pelos fatos e fundamentos jurídicos e legais a seguir expostos

I. DOS FATOS.

No dia 27 de novembro de 2022, por volta das 14hr23min, na Avenida


Coronel Dico, nesta cidade de Ijuí, o Autor Marcelo se deslocava com a sua
motocicleta Yamaha quando, ao cruzar o semáforo no sinal verde com a Avenida
Coronel Dico, foi abalroado pelo veículo Cruze conduzido pelo Réu José, que
ultrapassou o sinal vermelho.
Na ocasião, o Autor ficou lesionado e foi socorrido pelo SAMU e encaminhado
ao Hospital, sendo que sua motocicleta foi removida pelo guincho.
Foi constatado no Hospital que o Autor teve luxação, tendo que passar por
procedimento cirúrgico para a colocação de pinos metálicos no joelho, da qual
resultou cicatriz visível em sua perna.
O Autor trabalhava na oportunidade do acidente como pedreiro autônomo,
recebendo cerca de R$3.000,00 (três mil reais mensais), mas desde a data do
acidente (27/11/2022) está impossibilitado de exercer suas atividades laborativas,
estando, atualmente, sem qualquer espécie de renda.
Além disso, suportou gastos com medicamentos no valor de R$520,00
(quinhentos e vinte reais) e do conserto de sua motocicleta no montante de
R$2.200,00 (dois mil e duzentos reais).
II. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS E LEGAIS.

Preliminarmente, insta consignar que, notório o nexo de causalidade entre o


dano causado ao Autor e a atitude imprudente do Réu, surge o direito à indenização.
Consoante preceitua o artigo 5º, inciso X da Constituição Federal, in verbis:
X- São invioláveis a intimidade, a vida privada, a
honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito à indenização por dano material ou moral
decorrente de sua violação.
Nesta mesma perspectiva, dispõe os artigos 186 e 927, respectivamente, do
Código Civil Brasileiro:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e
187), causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo.
Ainda prevê o artigo 28 do Código de Trânsito Brasileiro que “o condutor
deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e
cuidados indispensáveis à segurança do trânsito”, restando patente que o réu agiu
em desacordo com as recomendações legais, não observando os cuidados mínimos
essenciais à segurança no trânsito.
Assim agindo, isto é, sem atentar-se ao cruzamento, mantendo-se em alta
velocidade, o réu deixou de observar também o que prescreve o artigo 44 do
referido diploma, ipsis litteris:
Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de
cruzamento, o condutor do veículo deve
demonstrar prudência especial, transitando em
velocidade moderada, de forma que possa deter
seu veículo com segurança para dar passagem a
pedestre e a veículos que tenham o direito de
preferência.
Evidente, portanto, que, por negligência, o Réu causou danos ao Autor.

II. 1 – Do Dano Material


Quanto aos danos materiais, é o entendimento jurisprudencial consolidado do
E. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:
RECURSOS VOLUNTÁRIOS – ACIDENTE DE
VEÍCULO – CULPA DO AGENTE PÚBLICO –
DANOS MATERIAIS COMPROVADOS – DANOS
MORAIS – INEXISTENTES – JUROS E
CORREÇÃO MONETÁRIA – RECURSO DO
MUNICÍPIO PROVIDO – RECURSO ADESIVO
DESPROVIDO. Se as provas documentais e
testemunhais coligidas aos autos dão conta da
ocorrência do acidente por culpa exclusiva do
motorista do caminhão, de propriedade do
requerido que, avançando a preferencial, colheu o
veículo dirigido pelo autor, causando-lhe danos, é
de ser mantida a sentença que responsabilizou o
requerido pelo sinistro. Mantém-se os valores da
indenização do dano material, devidamente
comprovados por meios documentais [...] (TJ-MS –
APL: XXXXX20128120035 MS XXXXX-
33.2012.8.12.0035, Relator: Des. Vladimir Abreu
da Silva, Data de Julgamento: 24/04/2019, 4ª
Câmara Cível, Data da Publicação: 26/04/2019)
Com efeito, consoante restou apurado, o Autor deve ser ressarcido pelo
prejuízo de R$2.200,00 (dois mil e duzentos reais) valor que gastou para a
restauração de sua motocicleta.

II. 2 – Dos Lucros Cessantes


Como é sabido, “as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do
que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar”.
Neste sentido, leciona Sergio Cavalieri Filho (2010, p. 75), acerca do lucro
cessante, que:
Perda do ganho esperável, na frustração da
expectativa de lucro, na diminuição potencial do
patrimônio da vítima. Pode decorrer não só da
paralisação da atividade lucrativa ou produtiva da
vítima, como, por exemplo, a cessação dos
rendimentos que alguém já vinha obtendo da sua
profissão, como, também, da frustração daquilo
que era razoavelmente esperado.
A propósito, em caso semelhante, decidiu o E. Tribunal de Justiça de Mato
Grosso do Sul, nos seguintes termos:
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR LUCROS
CESSANTES – ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO –
RÉ-LITISDENUNCIADA – PRELIMINAR –
CERCEAMENTO DE DEFESA – REJEITADA –
MÉRITO – COMPROVAÇÃO DOS LUCROS
CESSANTES – VALOR A SER APURADO EM
LIQUIDAÇÃO PELO PROCEDIMENTO COMUM
[...] 3. O art. 402, do Código Civil/2002 prevê que
“salvo as exceções expressamente previstas em
lei, as perdas e danos devidas ao credor
abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o
que razoavelmente deixou de lucrar”. 4. Na
espécie, estão demonstrados os lucros cessantes,
pois a autora-recorrida comprova que é empresa
que atua no ramo de transporte rodoviário de
cargas, portanto, os danos do caminhão envolvido
no acidente tiveram que ser reparados, e, durante
o período de conserto o automóvel ficou
impossibilitado de ser utilizado nas atividades da
empresa, o que acarreta prejuízos financeiros. 5.
Não há como reduzir ou abater os valores da
indenização por lucros cessantes, pois o valor da
indenização será apurado através de liquidação
pelo procedimento comum. 6. Apelação conhecida
e não provida, com majoração dos honorários de
sucumbência. (TJ-MS – AC: XXXXX20168120002
MS XXXXX-47.2016.8.12.0002, Relator: Des.
Paulo Alberto de Oliveira, Data de Julgamento:
31/07/2019, 3ª Câmara Cível, Data de Publicação:
05/08/2019.
E, consoante se depreende, dos balanços anexados aos autos, o Autor
possui um faturamento líquido de R$3.000,00 (três mil reais mensais). Com a
ocorrência da colisão e os danos sofridos, tanto físico como material.
Dessa forma, não há como se negar o direito ao Autor pelos valores que
deixou de liquidar por conta do prejuízo causado negligentemente pelo Réu,
devendo a parte Autora ser indenizada em R$12.750,00 (doze mil setecentos e
cinquenta reais) pelo lucro que deixou de auferir.

III. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA.

A parte autora é economicamente hipossuficiente, não podendo arcar com as


custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios e periciais sem
prejuízo do próprio sustento e de sua família. Assim, faz jus ao benefício da
gratuidade de justiça, forte no art. 98 do CPC, o que desde já requer.

Junta aos autos comprovantes de renda, bem como Declaração de


Hipossuficiência assinada.

IV. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO.

A parte autora manifesta interesse na realização da audiência preliminar de


conciliação.

V. DAS PROVAS.

Requer demonstrar o alegado por meio de todas as provas em direito


admitidas, especialmente a prova testemunhal, documental e o depoimento pessoal
do réu.

VI. DOS PEDIDOS.

Ante ao exposto, Pede:


a) A procedência do pedido de indenização para condenar o Réu ao
pagamento no valor de R$2.200,00 por danos materiais,
comprovados por meio de nota fiscal em anexo;

b) A condenação do Réu ao valor de 10(dez) salário-mínimo vigente


da data do acidente a título de lucros cessantes, por ter o Autor
ficado 85 dias afastados de seu trabalho, conforme atestado médico;

c) A condenação do Réu ao pagamento de custas processuais e


honorários advocatícios sucumbenciais.

VII. DOS REQUERIMENTOS.

Diante do exposto, Requer:

a) A citação do Réu para, querendo, contestar no prazo legal, sob


pena de revelia;

b) A designação de Audiência de tentativa de conciliação, nos


termos do art. 319, VII do CPC;

c) O deferimento do benefício da Assistência Judiciária Gratuita.

VIII. DO VALOR DA CAUSA.

Dá-se à causa o valor de R$15.470,00 (quinze mil quatrocentos e setenta


reais).

Nesses termos, pede deferimento.

Ijuí, 11 de abril de 2023.

Advogado(a) – OAB

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