Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
I – DOS FATOS
Segundo o Sr. César, aos dias 12 de março do corrente ano, comprou do Sr João Vendedor
uma moto Honda/NXR150 BROS ESD, no valor de R$15.000,00 (quinze mil reais).
Após a compra o Sr. Cesar solicitou ao vendedor João Vendedor, certificado de registro e
licenciamento de veículo a fim de que pudesse usufruir do novo bem sem incorrer em irregularidades.
Por sua vez, o Sr João Vendedor se recusou a entregar os documentos alegando que não seriam
necessários para utilização do veículo.
Não contente o Sr Cesar dirigiu-se ao Detran para tentar a posse dos documentos os quais
julgava necessários. No Detran o Sr, Cesar descobriu que a moto havia sido recuperada de sinistro, ou
seja, o valor da moto caia de R$15.000,00 para R$8.000,00, algo que não havia sido informado a ele na
hora da compra do veículo. Sr Cesar, salienta ainda que, na data da compra, foi informado apenas de
defeitos nos faróis. Por estes motivos, Sr Cesar procurou o Sr João para que desfizesse o negócio e lhe
1 Para magistrado da Justiça Estadual. Caso a competência fosse da Justiça Federal, conforme estabelece o art. 109 da
Constituição da República, o correto seria EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL.
2 Indicação da competência funcional.
3 Indicação da competência territorial. Em se tratando de Justiça Federal o termo comarca é substituído por SUBSEÇÃO
JUDICIÁRIA OU SEÇÃO JUDICIÁRIA.
No modelo em questão a competência encontra fundamento no art. 101, I do Código de Defesa do Consumidor.
fossem ressarcidos os gastos que teve com a moto para regularização da documentação perante ao
Detran e ainda o custo de emplacamento que durante a negociação ficaria a cargo do responsável pela
venda Sr. João, acordo o qual também não foi honrado.
João informou que não teria como saber do sinistro e que reembolsaria César apenas como
valor de R$ 15.000,00 pago pela moto, ainda assim sem data para tal devolução.
II – DO DIREITO4
Em razão dos fatos anteriormente narrados, podemos concluir que o Autor tem direito de ser
totalmente reembolsado e indenizado pelos prejuízos que sofreu em decorrência da regularização do
bem adquirido do Réu.
Inicialmente, há que se consignar que, no presente caso, estamos diante de uma relação de
consumo, nos termos previstos nos artigos 2º e 3º da Lei n.º 8.078/90, uma vez que o Autor adquiriu o
veículo na qualidade de destinatário final do bem do Réu, por sua vez, comerciante do produto.
O Réu, na qualidade de fornecedor, colocou no mercado produto com vício não aparente, o
sinistro, que além de diminuir o valor do bem tem perda da qualidade e segurança do material, do qual o
autor deveria estar ciente. A vulnerabilidade do consumidor vem expressa na mesma Lei anteriormente
citada em seu Art. 4º:
Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo
o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia
das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de
consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a
necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a
viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da
Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas
relações entre consumidores e fornecedores; (O original não ostenta os
negritos).
4 A fundamentação apresentada é meramente exemplificativa, podendo ser complementada com posições doutrinárias e
jurisprudenciais.
A proteção dos direitos do consumidor, ainda na mesma Lei, segue-se no Art. 6º:
O Sr. Cesar, autor, recebe a proteção da Lei em questão desde a oferta do produto, isto
presente no Art. 31, reiterada no Art. 37 §1º, §3º os quais informam e determinam:
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem
assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua
portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição,
preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como
sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou
comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por
qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o
consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e
serviços.
...
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por
omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto
ou serviço. (O original não ostenta os negritos)
O autor encontra-se amparado, ainda pela mesma Lei nº 8.078/90, em seu Art. 23 o qual traz
em seu texto que “A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos
produtos e serviços não o exime de responsabilidade. ” (O original não ostenta os negritos).
O direito do Sr. Cesar, quanto ao tempo de reclamação sobre o vício oculto, sendo constatado
apenas a partir da consulta ao Dentran, mostra-se evidente no Art. 27 do CDC: “Art. 27. Prescreve em
cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista
na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e
de sua autoria. ” (O original não ostenta os negritos)
A proteção do consumidor, considerado parte vulnerável da situação, também prevê que a
produção de provas por parte do réu (inversão do ônus), no Art. 38 do Código de Defesa do Consumidor
“ Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a
quem as patrocina. ”
Por todo o exposto, o Autor requer que sejam julgados procedentes os seguintes
pedidos de:
Dá-se a causa o valor de R$ 15.139,43 (quinze mil, cento e trinta e nove reais e quarenta e tres
centavos).
Lorena
OAB/... XXX. XXX