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DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA 2
DIREITOS HUMANOS E
VITIMOLOGIA
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
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SUMÁRIO
CONCEITO ............................................................................................................................. 4
Tratados Internacionais......................................................................................................... 13
ORIGEM ............................................................................................................................... 19
Conceito ............................................................................................................................... 21
DA NECESSIDADE DA PROTEÇÃO.................................................................................... 30
Finalizando ........................................................................................................................... 37
REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 39
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
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DIREITO DO HOMEM
CONCEITO
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Pode-se afirmar que não foram os direitos humanos que tiveram qualquer
evolução histórica, mas sim a capacidade do ser humano de compreender sua
essência que evoluiu.
O professor Fábio Konder Comparato menciona em seu livro que foi no período
axial que os grandes princípios, os enunciados e as diretrizes fundamentais da vida,
até hoje considerados em vigor, foram estabelecidos, e que, principalmente entre 600
e 480 a.C., surgiu a filosofia substituindo o saber mitológico da tradição pelo saber
lógico da razão.
Ingo Wolfgang menciona em sua obra que o mestre K. Stern divide em três
etapas a evolução histórica dois direitos humanos: a) uma pré-história, que se estende
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até o século XVI; b) uma fase intermediária, que corresponde ao período se elaboração
da doutrina jusnaturalista e da afirmação dos direitos naturais do homem; c) fase da
constitucionalização, iniciada em 1776, com as sucessivas declarações de direitos dos
novos Estados Americanos.
Alguns autores, utilizando os Direitos Humanos como quaisquer direitos
atribuídos ao homem, alegam que esses direitos já eram reconhecidos na antiguidade
e citam exemplos como o Código de Hamurabi no séc. XVIII A.c.; nas ideias de Platão
na Grécia, no séc. XIV a.C.; no Direito Romano e inúmeras outras culturas e
civilizações. Mas, mesmo já existindo a noção desses direitos, os mesmos não tinham
amparo legal, já que respeito a eles dependiam da vontade dos governantes. E,
mesmo que tivesse positivado, não seria suficiente.
Posteriormente, alega o doutrinador Ingo Wolfgang, “a partir do século XVI, mas
principalmente nos séculos XVII e XVIII, a doutrina jusnaturalista chega ao seu ponto
culminante de desenvolvimento. Ocorre paralelamente um processo de laicização do
direito natural, que atinge seu apogeu no iluminismo.”
O reflexo de direitos humanos apareceu no final do século XVIII pelos
revolucionários da Revolução Francesa e independência norte-americana, em um
momento onde os homens se viram obrigados a deixar de lado a ideia de que Deus
era a garantia de uma vida digna e sem explorações.
É habitual encontrarmos a história dos direitos humanos divididas em três
gerações.
A primeira delas foi a fase do liberalismo, onde a política venceu a religião, a
igreja deixa de deter o poder absoluto e a burguesia mostra sua força.
Em 1776, George Mason, publicou o “Bill of Rights”, com as seguintes
disposições:
1. Por natureza, todos os homens são igualmente livres e independentes e têm
certos direitos inerentes aos quais, quando formam uma sociedade, não podem, sob
nenhum pretexto, suspender ou impedir sua vigência à posteridade. Esses direitos são,
a saber, o usufruto da vida e da liberdade com os meios para adquirir e possuir
propriedade; assim como a busca e o alcance da felicidade e segurança...
A Declaração da Virgínia trouxe, pela primeira vez, o registro do nascimento dos
direitos humanos na história em seu artigo I, publicada em 16 de junho de 1776.
Alcança-se , nesse documento, atenção especial no que tange ao reconhecimento dos
direitos inatos do ser humano e a importância da sua liberdade individual e plena.
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Fábio Konder revela seu ponto de vista, dizendo que “essa divisão do grupo de
direitos humanos em dois pactos é artificial”, sendo que os preâmbulos de ambos é
idêntico.
Com relação à internacionalidade das normas que versam sobre direitos
humanos, Heitor Piedade Júnior recomenda:
Merece lembrar que o conteúdo da Declaração universal dos Direitos Humanos
não é apenas um conjunto de princípios morais teorizados. Eles vêm despertando, em
quase todos os povos a criação de normas jurídicas, de mecanismos judiciais
internacionais de proteção dos direitos de todos.
Essas normas não têm como escopo a unificação ou imposição de forma de
governo, afinal não se trata de Constituição Universal. Elas foram formalizadas de
forma que se adequem com as normas internas, colocado ao alcance dos
governadores a sua adesão.
A Declaração dos Direitos Humanos assinada em 1948 foi o marco inicial para
o reconhecimento mundial da dignidade da pessoa como valor inalienável do ser
humano, tendo como meta as melhorias nas condições de vida. Em seguida, duas
conferências expressivas sobre o assunto formam realizadas (Teerã, 1968; e
Viena,1993).
As iniciativas e os esforços que surgiram com a Declaração desencadearam a
premissa básica que os direitos descritos na mesma eram evidentemente
reconhecidos como congênitos e inerentes ao ser humano e essa luta jamais se
esgotaria.
Fábio Comparato descreve que a Declaração de Direitos Humanos tem
assimetria com as normas imperativas de direito internacional, com caráter de
obrigatoriedade e composto por costumes e princípios. Esse fato é também chamado
de opino juris sive necessitatis
Alguns autores apontam diferenças entre o Direito Internacional e Direitos
Humanos. Cançado Trindade expõe:
A especificidade do direito sobre a proteção internacional dos direitos humanos,
além de requerer uma interpretação própria dos tratados de proteção internacional dos
direitos humanos, também adverte contra a inadequação de certas analogias, a saber:
proteção dos direitos humanos e proteção diplomática, solução de Ca[sos de direitos
humanos e solução pacifica de controvérsias internacionais, recursos internos e
recursos internacionais.
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Carla Pinheiro adverte que “a proteção dos direitos humanos deve ser aplicada
não somente de fora para dentro, mas paralelamente de dentro para fora, ou seja,
devem também ser observados no âmbito externo dos Estados”.
“O estudo da proteção internacional dos direitos humanos está intimamente
ligada ao instituto da responsabilidade internacional de cada estado”, menciona
Rodrigo Meirelles ao abordar a responsabilização internacional na violação dos direitos
humanos.
Os direitos humanos como tema global
Tratados Internacionais
nenhum Estado poderá ser obrigado a aderi-la forçosamente. Todavia, grande maioria
dos Estados sente necessidade imperiosa de ingressar.
O Brasil começou a corroborar relevantes relações com Tratados Internacionais
somente em 1985, posteriormente à democratização do país. O primeiro deles foi a
ratificação da Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos Cruéis, Desumanos
ou Degradantes, em 1989.
Não podemos confundir os Tratados de Direitos Humanos com Tratados
diversos ou com normas internas tendo em vista que se trata de normas mesma
hierarquia e devem se convergir.
Em caso de conflito, busca-se aplicar a norma mais benéfica, respeitando o
preceito constitucional que intercede pela dignidade da pessoa humana, independente
de ser norma internacional ou interna.
Entretanto, no Brasil, os Tratados internacionais são hierarquicamente inferiores
a Constituição sendo, portanto, passíveis de controle de constitucionalidade. São
equiparadas à lei ordinária.
A criação de organizações ou entidades de cunho universal e com
personalidade jurídica tem como escopo o sustento da paz entre seus entes, e como
consequência, de todo a humanidade e são reconhecidas como pessoas
internacionais, capazes de assumir direitos e obrigações.
Salienta Luis Ivani Araújo:
Existe, nos dias atuais, uma tentativa de positivar tais “direitos”, inserindo-as nas
constituições Estatais e regulamentando-os nos mecanismos de Tratados e
Convenções Internacionais de Direitos Humanos. A nossa Constituição, por exemplo,
recepcionou inteiramente os Direitos Humanos e é integrante de diversos Tratados
Internacionais.
Também é parte integrante da Comissão de Direitos Humanos da ONU a mais
de 15 nos, com o mandato renovado a cada três anos, tendo sido eleito por maioria de
votos devido ao seu exercício em matéria de Direitos Humanos.
O Brasil vem tentando se resgatar de uma época de ditadura e sofrimento,
estabelecendo uma espécie de redemocratização. Foi a partir da década de 1970 que
esses direitos ficaram conhecidos por toda a população brasileira, que começou a
exigir do Estado uma maior preocupação voltada para o social.
Paulo César Carbonari defende que:
A luta pelos direitos humanos no Brasil tem acompanhado o longo, difícil e, ao
mesmo tempo, gratificante processo de aprendizagem popular de luta pela anistia;
diretas já, impeachment, pelo fim da corrupção; pela reforma agrária e urbana; garantia
dos direitos sociais, econômicos e culturais.
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O Brasil tem, nos dias de hoje, a carta mais ampla e abrangente de toda a sua
história política. A constituição Federal promulgada em 1988 é um marco no país e
serve como referência para implementar políticas públicas para proteção dos direitos
humanos. Segundo Narciso Baez:
Ficou evidente que, embora qualificados como supralegais, por existirem
independentemente do reconhecimento jurídico dos Estados, a sua efetivação e
garantia dependem da incorporação de seus valores aos ordenamentos jurídicos
nacionais e internacionais, de forma a comprometer os centros de poder à sua
observância e resguardo.
Além de incluídos no ordamento, as políticas de proteção aos direitos humanos
devem ser de conhecimento de toda a sociedade para sua efetiva implementação.
ORIGEM
principal objetivo cada vez mais exigir o cumprimento da proteção dos direitos das
vítimas. Heitor Piedade ressalta:
Vale advertir que a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Declaração
Universal dos Direitos das Vítimas não são instrumentos geradores de direitos
fundamentais da pessoa humana, mas apenas esses dois diplomas institucionais
possuem caráter declaratório, uma vez que o ser humano é o titular nato desses
direitos e deveres.
No Sistema Penal Brasileiro ainda prevalece o pensamento que o melhor é
distanciar o infrator da vítima, resultando na insatisfação da mesma, já que o foco
principal é a punição do criminoso e não a reparação dos danos materiais e
psicológicos causados a terceiros. Segundo Alline Pedra, “deve-se oportunizar à vítima
a participação direta no processo de busca de uma resposta ao mal acusado, seja para
penalização mediante os meios comuns, ou a reparação [...].
O estudo da Vitimologia tem se tornado cada dia mais importante para
compreensão das vítimas e grupos vitimizados, auxiliando na construção de um
Estado mais justo.
Conceito
sofrimento de ordem moral, uma perda material, ou um grave atentado aos seus
direitos fundamentais, como consequência de atos ou de omissões violadores das leis
em vigor num Estado-membro, incluindo as que proíbem abuso de poder.
2. [...] o termo vítima inclui, conforme o caso, a família próxima ou as
pessoas a cargo da vítima e as pessoas que tenham sofrido um prejuízo ao intervirem
para prestar assistência às vítimas em situação de carência ou para impedir a
vitimização.
Tratando de Vitimologia, Edgard de Moura afirma que a matéria tem relação
com vários outros ramos do Direito e não restringe a vítima ao sujeito passivo do crime.
Define vítima como “a pessoa que sofre os resultados infelizes dos próprios atos, dos
de outrem ou do acaso.”
Para José Frederico Marques, há grande diferença entre vítima e prejudicado e
exemplifica com o crime de homicídio: vítima seria a pessoa morta e prejudicado os
familiares que dependiam financeiramente do de cujus.
Generalizando, vítima é o indivíduo que sofre as consequências advindas de
fato típico e antijurídico, direta ou indiretamente, pois deve-se incluir nesse conceito
aquelas que são testemunhas da vitimização, pois, talvez, esses necessitem de
assistência posterior.
Para o Direito Penal Brasileiro, vítima é o sujeito passivo de um crime e, sua
contribuição para esse ramo do direito, é indiscutível.
Os autores das obras que tratam do assunto divergem no entendimento de que
realmente seria a Vitimologia: seria ciência ou ramo da criminologia?
Muitos autores seguem Benjamin Mendelsohn defendendo que a Vitimologia é
uma ciência autônoma. Por outro lado, há o entendimento que a Vitimologia ainda é
um ramo da criminologia, tendendo a se tornar ciência.
Vitimologia é o estudo da personalidade da vitima, suas motivações, reações e
comportamento em face de um crime.
Sandro D´Amato expoe que “a Vitimologia é a ciência que tem como meta a
análise do comportamento, a conduta e como vivem as vítimas após sofrerem algum
delito e que, para essa verificação, é necessário uma investigação.”
O estudo da Vitimologia é de suma importância para verificação da vítima na
origem de muitos crimes. Hoje em dia se tornou evidente a necessidade de ser
analisada a relação entre o delinquente e a vítima para a resolução do objeto em
epígrafe..
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como recurso auxiliar,dos fatores de influencia aludidos pelo citado dispositivo legal:
os antecedentes, a personalidade, a conduta social, os motivos, as circunstâncias e
consequências do crime e o comportamento da vítima.
O comportamento da vítima foi mencionado pelo legislador prima facie, de modo
que não restam dúvidas quanto à possibilidade de diminuição de pena devido o grau
de participação do ofendido.
Da mesma forma que o infrator pode delinear sua vítima, a vítima poderá
delinear seu infrator, seja por falta de cumprimento dos cuidados mínimos de conduta,
seja pela própria consciência, induzindo-o ao cometimento do crime.
Heitor Piedade alega que não há, hoje em dia, um tratamento propício a
colaboração da vítima no processo criminal. Como se já não bastasse o sofrimento
causado pelo delito, as vítimas ainda sofrem o constrangimento com o atendimento
precário dos fóruns de delegacias de polícia.
DA NECESSIDADE DA PROTEÇÃO
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têm dado atenção especial a essas causa pois tem sido tratado como novo mercado
para os mesmos. Estão surgindo novos investimentos.
Nos dias de hoje, os recursos liberados pelo Estado a esses convênios não
estão sendo, infelizmente, suficientes para remunerar os funcionários e colaboradores
pois estão sendo rigorosos os critérios exigidos para o plano de aplicação de recursos.
A demanda voluntária não está conseguindo suprir as necessidades que o país
clama. Uma explicação para esse cenário se dá em função da não divulgação dos
trabalhos e projetos em análise para o chamamento da população a participar.
Por conseguinte, em conjunto com essas entidades atuam psicólogos,
advogados, terapeutas, assistentes sociais, dentre outros profissionais de significativa
importância nesse processo de recuperação e ressocialização dos sujeitos lesados.
Indubitavelmente, essas organizações têm mostrado grande valor no que diz
respeito à sociedade, elas têm mostrado ao mundo que possível trabalhar em favor
daqueles que tiveram seus direitos violados e, em consequência disso, suas vidas
devassadas.
REFERÊNCIAS