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DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA 1

Coordenação de Ensino
Instituto IPB

Coordenaçãode
Coordenação de
Ensino
EnsinoInstituto
FAMART IPB
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA 2

DIREITOS HUMANOS E
VITIMOLOGIA
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
3

SUMÁRIO

DIREITO DO HOMEM ............................................................................................................ 4

CONCEITO ............................................................................................................................. 4

EVOLUÇÃO HISTÓRICA ........................................................................................................ 6

DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS .................................................... 10

Os direitos humanos como tema global ................................................................................ 12

Tratados Internacionais......................................................................................................... 13

Organização das Nações Unidas - ONU ............................................................................... 14

APLICABILIDADE NOS DIAS ATUAIS ................................................................................. 18

A PREOCUPAÇÃO COM AS VÍTIMAS DE DELITOS EM GERAL ........................................ 19

ORIGEM ............................................................................................................................... 19

Conceito ............................................................................................................................... 21

Classificação das vítimas de delitos ...................................................................................... 23

A VÍTIMA E O FENÔMENO CRIMINAL ................................................................................ 24

Consentimento do ofendido e a legislação brasileira............................................................. 26

EXECUÇÃO DO EXAME VITIMOLÓGICO ........................................................................... 29

PROGRAMAS GOVERNAMETAIS DE PROTEÇÃO À VÍTIMA DE DELITOS EM GERAL .. 30

DA NECESSIDADE DA PROTEÇÃO.................................................................................... 30

CARACTERÍSTICAS, OBJETIVOS E PRINCIPAIS PROGRAMAS ...................................... 31

O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS .............................................. 34

A REALIDADE DOS PROGRAMAS NO BRASIL .................................................................. 36

Finalizando ........................................................................................................................... 37

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 39
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
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DIREITO DO HOMEM

CONCEITO

A dificuldade encontrada para conceituar o que seria


“direitos humanos” está no fato de que esses mesmos
direitos são inerentes aos indivíduos pelo simples fato de
estarem vivos, e sendo assim, são considerados valores
universais.
Cinthia Robert e Danielle Marcial afirmam em seus
ensinamentos que Direitos Humanos são naturais da
pessoa humana quando tratado em textos internacionais.
Já nas Constituições, passam a ser denominados Direitos
e Garantias Fundamentais.
Existem ainda, as seguintes acepções feitas por
doutrinadores: direitos humanos, direitos individuais, direitos públicos subjetivos,
liberdades fundamentais, liberdades públicas e direitos fundamentais do homem.
Destaca-se que esse último sinônimo seria a mais oportuna na esfera jurídica levando
em consideração que a palavra “fundamental” aponta que nenhuma pessoa humana
sobreviveria dignamente sem ela.
A dignidade humana é matéria fundamental no aspecto dos direitos humanos.
Alexandre de Moraes pondera:
A dignidade Humana é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se
manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria
vida e que traz consigo a pretensão ao respeito pelas demais pessoas, constituindo-
se em um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que
apenas excepcionalmente possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos
fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas
as pessoas enquanto seres humanos.
Almir de Oliveira diz que “a pessoa é o pressuposto dos direitos humanos, que
o mesmo é antecedente necessário, que os direitos humanos são consequência.”
Alguns renomados doutrinadores têm o hábito de fazer distinção entre direitos
fundamentais e direitos humanos. Tratam os “direitos fundamentais como aqueles
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positivados na Constituição e os direitos humanos como aqueles congênitos a todo ser


humano”.
Ainda no mesmo contexto, temos Vicente Paulo ensinando que:
Os direitos fundamentais são aqueles direitos objetivamente reconhecidos e
positivados na ordem jurídica de determinado Estado. [...] Cada Estado consagra os
seus direitos fundamentais. Os direitos humanos são aqueles reconhecidos nos
documentos internacionais, independentemente de qualquer vinculação do indivíduo
com determinada ordem constitucional.
Esses direitos mencionados são fundamentados em duas vertentes
antagônicas: o Jusnaturalismo e o Positivismo.
A primeira, teoria jusnaturalista, é defendida por grandes doutrinadores tais
como Hobbes, Locke e Kant que afirmam que esses direitos são inatos, imutáveis,
inderrogáveis e originários, que precediam até mesmo o Estado e tem sua origem na
natureza humana.
Na mesma linha de raciocínio, Heitor Piedade afirma que “os direitos humanos
constituem um imperativo da própria natureza humana, independente de qualquer
pacto social, ou pregação política, filosófica ou religiosa.” John Locke argumenta que:
E, para que todos os homens possam ser impedidos de invadir direitos de outros
e de fazer dano um ao outro, e ser observada a lei da natureza, que se deseja a paz e
a preservação de toda a humanidade, a execução da lei da natureza é, nesse estado,
posta nas mãos de cada homem, pelo que cada um tem o direito de punir os
transgressores dessa lei até um grau tal, que possa obstar à sua violação: pois, a lei
da natureza seria vã, como todas as outras leis que concernem aos homens neste
mundo, se não houvesse alguém que nesse estado de natureza tivesse um poder de
executar essa lei e, por esse modo, preservar o inocente e restringir os ofensores.9
Alexandre de Morais ensina que “por essa teoria os direitos humanos
fundamentais não são criação dos legisladores, tribunais ou juristas e,
consequentemente, não podem desaparecer da consciência dos homens”.
Outrossim, complementam a teoria alegando que esses direitos têm validade
em si mesmos e independem de qualquer positivação, tendo sempre em vista que são
direitos universais e hierarquicamente superiores e de difícil construção, pois
dependerá do momento histórico em que a análise é feita.
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Em contraposição, temos a teoria positivista que tem como fundamento a


existência dos direitos humanos na ordem normativa e que seja devidamente
respeitada pela sociedade.
Norberto Bobbio destaca em sua obra que, nos dias de hoje, o positivismo não
trata apenas de buscar a razão, como querem os jusnaturalistas, e sim, dar condições
da mesma ser aceita e efetivada.
O mesmo autor alega que “o problema fundamental em relação aos direitos do
homem, hoje, não é tanto o de justificá-los, mas de protegê-los”. Aldir Guedes Soriano
narra que:
Após o advento da fase dos direitos natos universais, assistiu-se a positivação
desses direitos nas diversas Constituições. Tais direitos, assim consagrados,
perderam em universalidade, mas ganharam em efetividade, pois, doravante, são
alçados a condição de direito público subjetivo, podendo ser invocados quando
ameaçados.
O professor Sérgio Resende de Barros defende que:
Direitos humanos são poderes-deveres, fundados historicamente em um poder-
dever original: o de realizar a comunidade humana como condição de realização do
ser humano. Logicamente esse poder-dever primordial constitui o ponto inicial – o elo
de fixação – da corrente dos direitos humanos. ”
Dando continuidade ao raciocínio, o autor ainda destaca que, todo e qualquer
poder, gera uma obrigação a ser cumprida, e o mesmo nasce do poder.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Pode-se afirmar que não foram os direitos humanos que tiveram qualquer
evolução histórica, mas sim a capacidade do ser humano de compreender sua
essência que evoluiu.
O professor Fábio Konder Comparato menciona em seu livro que foi no período
axial que os grandes princípios, os enunciados e as diretrizes fundamentais da vida,
até hoje considerados em vigor, foram estabelecidos, e que, principalmente entre 600
e 480 a.C., surgiu a filosofia substituindo o saber mitológico da tradição pelo saber
lógico da razão.
Ingo Wolfgang menciona em sua obra que o mestre K. Stern divide em três
etapas a evolução histórica dois direitos humanos: a) uma pré-história, que se estende
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até o século XVI; b) uma fase intermediária, que corresponde ao período se elaboração
da doutrina jusnaturalista e da afirmação dos direitos naturais do homem; c) fase da
constitucionalização, iniciada em 1776, com as sucessivas declarações de direitos dos
novos Estados Americanos.
Alguns autores, utilizando os Direitos Humanos como quaisquer direitos
atribuídos ao homem, alegam que esses direitos já eram reconhecidos na antiguidade
e citam exemplos como o Código de Hamurabi no séc. XVIII A.c.; nas ideias de Platão
na Grécia, no séc. XIV a.C.; no Direito Romano e inúmeras outras culturas e
civilizações. Mas, mesmo já existindo a noção desses direitos, os mesmos não tinham
amparo legal, já que respeito a eles dependiam da vontade dos governantes. E,
mesmo que tivesse positivado, não seria suficiente.
Posteriormente, alega o doutrinador Ingo Wolfgang, “a partir do século XVI, mas
principalmente nos séculos XVII e XVIII, a doutrina jusnaturalista chega ao seu ponto
culminante de desenvolvimento. Ocorre paralelamente um processo de laicização do
direito natural, que atinge seu apogeu no iluminismo.”
O reflexo de direitos humanos apareceu no final do século XVIII pelos
revolucionários da Revolução Francesa e independência norte-americana, em um
momento onde os homens se viram obrigados a deixar de lado a ideia de que Deus
era a garantia de uma vida digna e sem explorações.
É habitual encontrarmos a história dos direitos humanos divididas em três
gerações.
A primeira delas foi a fase do liberalismo, onde a política venceu a religião, a
igreja deixa de deter o poder absoluto e a burguesia mostra sua força.
Em 1776, George Mason, publicou o “Bill of Rights”, com as seguintes
disposições:
1. Por natureza, todos os homens são igualmente livres e independentes e têm
certos direitos inerentes aos quais, quando formam uma sociedade, não podem, sob
nenhum pretexto, suspender ou impedir sua vigência à posteridade. Esses direitos são,
a saber, o usufruto da vida e da liberdade com os meios para adquirir e possuir
propriedade; assim como a busca e o alcance da felicidade e segurança...
A Declaração da Virgínia trouxe, pela primeira vez, o registro do nascimento dos
direitos humanos na história em seu artigo I, publicada em 16 de junho de 1776.
Alcança-se , nesse documento, atenção especial no que tange ao reconhecimento dos
direitos inatos do ser humano e a importância da sua liberdade individual e plena.
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A segunda fase se destacou como a época onde surgiu o conceito de igualdade,


aumentando os poderes do Estado, que iria enfim proporcionar saúde, cultura e
trabalho à classe do proletariado.
A terceira, iniciada em meados do século XX, deixou de lado o individualismo,
levando em consideração a nação, a coletividade e a família.
A França, após longo período de sacrifícios, tendo em vista a implantação do
“justo e correto“, foi acometida pela luta mundial contra as tiranias e violências contra
o ser humano e foi levantando aos poucos essa bandeira libertária durante a
Revolução Francesa, se tornando decisiva na Declaração dos Direitos Humanos. No
mesmo período, foram assegurados os princípios da legalidade e igualdade de todos
perante a lei. O reconhecimento da fraternidade surgiu posteriormente com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948.
Ao emergir da Segunda Guerra Mundial, onde ocorreram horrendas violações
A dignidade do ser humano, os representantes de 50 Estados se reuniram e 1945 em
San Francisco formando a primeira Comissão de Direitos Humanos com o objetivo de
examinarem profundamente as violações que aconteciam no mundo naquele
momento. Dois meses depois, foi pactuada a Carta da ONU.
Finalmente, no dia 10 de dezembro de 1948, em Assembleia Geral que reuniu
em Paris, foi pronunciada a “Declaração dos Direitos do Homem”, onde são
confirmados os direitos à liberdade, igualdade e dignidade da pessoa humana, que
tem suma importância para o desenvolvimento da humanidade. A mesma foi aprovada
de forma unânime com abstenção apenas da Polônia, Bielo-Rússia, União Soviética,
Ucrânia, Tchecoslováquia e Iugoslávia, mostrando que ainda havia relutância por parte
de alguns Estados.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada na resolução da III
Seção Ordinária da Assembleia Geral das Nações Unidas proclama:
A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos tem como ideal comum
a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo que cada indivíduo
e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente essa Declaração, se esforcem,
através do ensino e da educação, em promover o respeito a esses direitos e liberdades
e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, em
assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre
os povos dos próprios Estados Membros quanto entre os povos dos territórios sob a
sua jurisdição.
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Heitor Piedade afirma sobre os objetivos da resolução que “a Declaração


Universal de Direitos humanos é conjunto sistêmico que equilibra os direitos individuais
e coletivos, sociais, culturais, civis, políticos e econômicos.”
A doutrina entende que, sendo interpretada como normas de cunho moral, essa
resolução tem força vinculante por natureza, tendo em vista sua constante aplicação
como costume internacional.
Fábio Comparato descreve que a Declaração de Direitos Humanos tem
assimetria com as normas imperativas de direito internacional, composto por costumes
e princípios.
O tema direitos humanos é de suma importância para a caracterização da
mentalidade jurídica do século XXI, tendo em vista que traz um pouco do passado e
projeta o futuro, evitando a repetição dos crimes bárbaros cometidos pelo Estado
Totalitário.
A Declaração ainda elege a família como núcleo fundamental da sociedade,
sendo o dever do Estado e da sociedade defendê-la contra toda e qualquer violação.
Versa também que todos têm direito à alimentação, habitação, saúde, vestuário,
medicamentos, segurança e assistência social em caso de invalidez, velhice,
desemprego, dentre outros.
Alexandre de Morais declara que “a referida Declaração prevê somente normas
de direito material, não estabelecendo nenhum órgão jurisdicional internacional com a
finalidade garantir a eficácia dos princípios de direitos nela previstos.”
Flávia Piovesan, após fazer breve comentário denominando os direitos
humanos como “direito pós-guerra, descreve:
Fortalece-se a ideia de que a proteção dos direitos humanos não deve se reduzir
ao domínio reservado o Estado, isto é, são se deve restringir à competência nacional
exclusiva ou à jurisdição doméstica exclusiva, porque revela tema de legítimo interesse
internacional.
Guilherme Assis aponta que “o documento que instrumentaliza esses direitos
humanos deve ser visto como libelo contra toda e qualquer forma de totalitarismo.”
Ainda, a Declaração Universal de Direitos Humanos busca a universalidade das
normas trazendo em seu texto:
“A presente Declaração [...] como o ideal comum a ser atingido por todos os
povos e nações [...] se esforcem através do ensino e da educação, em promover o
respeito a esses direitos e liberdades [...].”
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DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

Decorridas quase seis décadas da assinatura da Declaração Universal dos


Direitos Humanos, as discussões e lutas na sua defesa tomaram ocupação central nas
agendas de todo o mundo. A busca pela tutela dos bem protegidos pelos direitos
humanos se tornou primordial objetivo internacional, ultrapassando a competência
exclusiva nos Estados.
No início, foram encontradas algumas dificuldades, tendo 18 anos como lapso
de tempo entre a implementação dos trabalhos da Comissão de Direitos Humanos e a
adoção dos Pactos Universais. Cançado Trindade divide essa época em quatro fases:
Na primeira, de 1947 a 1950, a Comissão de Direitos Humanos das Nações
Unidas trabalhou praticamente só, sem assistência direta do ECOSOC (Conselho
Econômico e Social da ONU) ou da Assembleia Geral. De 1950 a 1954, os três órgãos
atuaram juntamente, dividindo-se o período em 1951, com a importante decisão da
Assembleia Geral de proceder a elaboração de dois Pactos (sobre direitos civis e
políticos, e sobre direitos econômicos, sociais e culturais respectivamente) ao invés de
um. Tal decisão veio a ser tida como refletindo o marco e a principal característica do
enfoque dos direitos humanos prevalecente em meados do século XX, ou seja, a
categorização dos direitos que desfrutam os seres humanos. O quarto e último período
se estende até 1954, data da conclusão Pela Comissão dos Direitos Humanos do
Projeto dos dois Pactos; até 1966, data de sua adoção, em que os trabalhos foram
desenvolvidos pela própria Assembleia geral (e sua Comissão).
Os pactos mencionados no texto são conhecidos como Pacto Internacional
sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais; diplomas independentes entre si, sendo que a assinatura de um
não implica em assinatura do outro.
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Fábio Konder revela seu ponto de vista, dizendo que “essa divisão do grupo de
direitos humanos em dois pactos é artificial”, sendo que os preâmbulos de ambos é
idêntico.
Com relação à internacionalidade das normas que versam sobre direitos
humanos, Heitor Piedade Júnior recomenda:
Merece lembrar que o conteúdo da Declaração universal dos Direitos Humanos
não é apenas um conjunto de princípios morais teorizados. Eles vêm despertando, em
quase todos os povos a criação de normas jurídicas, de mecanismos judiciais
internacionais de proteção dos direitos de todos.
Essas normas não têm como escopo a unificação ou imposição de forma de
governo, afinal não se trata de Constituição Universal. Elas foram formalizadas de
forma que se adequem com as normas internas, colocado ao alcance dos
governadores a sua adesão.
A Declaração dos Direitos Humanos assinada em 1948 foi o marco inicial para
o reconhecimento mundial da dignidade da pessoa como valor inalienável do ser
humano, tendo como meta as melhorias nas condições de vida. Em seguida, duas
conferências expressivas sobre o assunto formam realizadas (Teerã, 1968; e
Viena,1993).
As iniciativas e os esforços que surgiram com a Declaração desencadearam a
premissa básica que os direitos descritos na mesma eram evidentemente
reconhecidos como congênitos e inerentes ao ser humano e essa luta jamais se
esgotaria.
Fábio Comparato descreve que a Declaração de Direitos Humanos tem
assimetria com as normas imperativas de direito internacional, com caráter de
obrigatoriedade e composto por costumes e princípios. Esse fato é também chamado
de opino juris sive necessitatis
Alguns autores apontam diferenças entre o Direito Internacional e Direitos
Humanos. Cançado Trindade expõe:
A especificidade do direito sobre a proteção internacional dos direitos humanos,
além de requerer uma interpretação própria dos tratados de proteção internacional dos
direitos humanos, também adverte contra a inadequação de certas analogias, a saber:
proteção dos direitos humanos e proteção diplomática, solução de Ca[sos de direitos
humanos e solução pacifica de controvérsias internacionais, recursos internos e
recursos internacionais.
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Carla Pinheiro adverte que “a proteção dos direitos humanos deve ser aplicada
não somente de fora para dentro, mas paralelamente de dentro para fora, ou seja,
devem também ser observados no âmbito externo dos Estados”.
“O estudo da proteção internacional dos direitos humanos está intimamente
ligada ao instituto da responsabilidade internacional de cada estado”, menciona
Rodrigo Meirelles ao abordar a responsabilização internacional na violação dos direitos
humanos.
Os direitos humanos como tema global

A importância da discussão e internacionalização dos direitos humanos está


baseada no ponto de vista estratégico, onde deve-se atentar para não ocorrência de
violações que levem à guerra.
José Augusto defende a tese pelo ponto de vista econômico:
Do ponto de vista econômico [...] os países mais ricos utilizam os direitos
humanos como adicional de condicionalidade à assistência e a cooperação econômica
ao Terceiro Mundo; os países em desenvolvimento [...] buscam obter assistência e
maior cooperação econômica para que possam ter meios de assegurar os direitos
humanos de suas populações.30
Atualmente, o único grupo de países que ainda não tiveram aceitação de alguns
direitos estabelecidos pela Declaração Universal de Direitos Humanos são os países
islâmicos, que tem como soberana a religião mulçumana.
A maior dificuldade encontrada em fazer com que os Estados assinem a adesão
aos Tratados se funda na Soberania dos mesmos.
Nas reuniões das Organizações e Comissões Internacionais prevalece a
soberania de cada Estado, nas discussões que norteiam política, economia, força
militar. Eles usam de sua soberania aderindo aos tratados e convenções em troca de
alguma contrapartida. O exemplo mais comum é a troca por tecnologia.
Constituições modernas tais como da Alemanha e do Japão já se
desprenderam, abriram mão da soberania estatal em proveito da comunidade
internacional.
A violação das normas que discorrem sobre direitos humanos ferem, ao
contrário do que se imagina, a soberania popular. José Augusto dá como exemplo a
comemoração dirigida pelo Iraque na invasão do Kuait, onde o governo não defendeu
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adequadamente os direitos humanos da população, sendo consequentemente


condenado pela opinião pública interna e externa.
Mesmo nas relações internacionais, os países buscam interesses nacionais,
domésticos.

Tratados Internacionais

O sistema da formação de normas internacionais de proteção aos direitos


humanos é constituído por Tratados Internacionais.
O método de codificação dos mesmos teve início no ano de 1950 pela Comissão
de Direito Internacional das Nações Unidas com a Convenção de Viena sobre os
Direitos dos Tratados, regendo todos os demais Tratados.
Trata-se de “um acordo de vontades entre pessoas de direito internacional,
regido pelo direito das gentes” que tem como fonte a Declaração de Direitos Humanos.
De acordo com Rezek “Tratado é todo acordo formal concluído entre sujeitos de
direito internacional público, e destinado a produzir efeitos jurídicos”, e dispõe a
possibilidade de direito de petições individuais e interestatais.
Com relação aos países que ainda não assinaram os Tratados ou Convenções
que possuem como conteúdo a defesa desses direitos, alegam que sua observância
não é obrigatória e que não existem valores mínimos idênticos ás culturas, visto que
são mutáveis com o tempo e o espaço.
Narciso Base alega que essa argumentação não se sustenta, no entanto, diante
da constatação de que os direitos humanos são direitos inatos.
A Prof. Flávia Piovesan afirma:
A necessidade de uma ação internacional mais eficaz para a proteção dos
direitos humanos impulsionou o processo de internacionalização desses direitos,
culminando na criação da sistemática normativa de proteção internacional, que faz
possível a responsabilização do Estado no domínio internacional, quando as
instituições nacionais se mostram falhas ou omissas na tarefa de proteção dos direitos
humanos.35
Seguindo o mesmo contexto, Rodrigo Gaspar versa que “a adesão aos sistemas
impõem obrigações aos Estados de proteção aos direitos humanos é voluntária e seu
consentimento deve ser expresso, a fim de preservar a autonomia estatal”,ou seja,
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
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nenhum Estado poderá ser obrigado a aderi-la forçosamente. Todavia, grande maioria
dos Estados sente necessidade imperiosa de ingressar.
O Brasil começou a corroborar relevantes relações com Tratados Internacionais
somente em 1985, posteriormente à democratização do país. O primeiro deles foi a
ratificação da Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos Cruéis, Desumanos
ou Degradantes, em 1989.
Não podemos confundir os Tratados de Direitos Humanos com Tratados
diversos ou com normas internas tendo em vista que se trata de normas mesma
hierarquia e devem se convergir.
Em caso de conflito, busca-se aplicar a norma mais benéfica, respeitando o
preceito constitucional que intercede pela dignidade da pessoa humana, independente
de ser norma internacional ou interna.
Entretanto, no Brasil, os Tratados internacionais são hierarquicamente inferiores
a Constituição sendo, portanto, passíveis de controle de constitucionalidade. São
equiparadas à lei ordinária.
A criação de organizações ou entidades de cunho universal e com
personalidade jurídica tem como escopo o sustento da paz entre seus entes, e como
consequência, de todo a humanidade e são reconhecidas como pessoas
internacionais, capazes de assumir direitos e obrigações.
Salienta Luis Ivani Araújo:

Há, evidentemente, um motivo para a criação dessas Organizações


Internacionais e bem podemos destacar como o de maior relevo a necessidade de
manutenção da paz na comunidade internacional, evitandose que os possíveis litígios
ou controvérsias entre dois ou mais Estados sejam solucionados usando-se não a
força do Direito, mas o Direito da força.

Organização das Nações Unidas - ONU


DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
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A Organização das Nações Unidas, anteriormente chamada de Liga das


Nações, foi pactuada em 26 de junho de 1945 e ratificada em 24 de outubro do mesmo
ano com a assinatura da Carta da ONU, na época, por 52 países.
Tem como principal instrumento para a busca e obtenção de resultados a
resolução que traz a Declaraçao Universal dos Direitos Humanos.
Conforme Ricardo Seitenfus “a carta constitui um sistema jurídico que se
articula em torno da afirmação da segurança coletiva entre os Estados-membros.” 38 e
sua maior preocupação é a harmonia universal.
A ONU possui legitimidade internacional, não invadindo a soberania Estatal e,
graças a essa prerrogativa, os mesmos procuram responder os pleitos feitos por
aquela sem evocar o princípio da não-intervenção, também mencionado na Carta. Isto
posto, não há aceno à soberania no sistema de proteção aos Direitos Humanos das
Nações Unidas.
A instituição é composta por seis órgãos: Assembleia Geral, o Conselho de
Segurança (formado por Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia), o
Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela, o Tribunal Internacional de
Justiça e o Secretariado. Todos situados em Nova York, na sede, excluindo o tribunal,
edificado em Haia, na Holanda.40
A Carta da ONU prevê Assembleias anuais ou extraordinárias, de acordo com
as necessidades dos Estados-membros, representada. É uma reunião onde os países
têm oportunidade de discutir questões divergentes e encontrar soluções para os
problemas do mundo. Todos os votos têm a mesma hierarquia perante a Assembleia
Geral e obedece à maioria simples. São materializados sob forma de Resolução.
Até o mês de agosto de 2008, a ONU estava composta por 192 Estados
soberanos, e ligados a ela, diversos organismos que atuam em áreas como trabalho,
meteorologia, saúde aviação civil e agricultura.
A ONU tem representação no Brasil desde 1950 e é atualmente chefiada pelo
embaixador Ronaldo Motta Sandenberg. Trabalha em conjunto com organizações não
governamentais e o Estado; tema que será posteriormente tratado.
As agências, fundos, programas e comissões regionais presentes no país atuam
de forma conjunta e coordenada nos temas relevantes identificados pelo próprio Brasil
e pela comunidade internacional: Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, Raça e
Gênero, Luta contra a Violência e Crime, HIV/Aids, Cooperação Sul-Sul, entre outros.
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
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Fazendo alusão à época em que foi criada e os tempos modernos, verificamos


um cenário diferente. A ONU passou por momentos de louvor, interrupção e má fama.
Agora, busca-se adequar suas antigas crenças ao mundo atual tendo sempre em vista
o êxito no respeito aos direitos humanos.
Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)

Sua maior responsabilidade tange ao sustento da paz e segurança mundiais,


de acordo com o artigo 24 da Carta da ONU. Conforme Thales Castro, “o CSNU
representa órgão político cujas precípuas funções reforçam o postulado de
preservação da ordem mundial, não necessariamente da paz e da segurança
internacionais com critérios objetivos e pontuais.” Só podem exercer funções que
estão designadas na Carta das Nações Unidas.
Segundo Thales Castro o Conselho de Segurança possui origem político
decisória em que de divide em três momentos: o Congresso de Viena em 1815, as
duas Conferências de Paz de Haia de 1899 e 1907 e por fim a Liga das Nações.
Cada um desses momentos trouxe fragmentos que contribuíram
fundamentalmente para moldurar a ONU e o Conselho.
Atualmente possui 15 membros da ONU e cinco deles são permanentes:
Estados Unidos,China, Rússia, Reino Unido e França, chamados de P-5. A decisão de
membros permanentes se deu conforme constatação de que a mantença de paz e
segurança deveria ser exercida pelas 5 potências mundiais. Com relação aos
membros não permanentes, eles têm mandato de apenas dois anos, vedada a
reeleição.
A Carta da UNU prevê em, seu texto, que a Organização não poderá interferir
nos conflitos que os membros do P-5 se ataquem direta ou indiretamente.
Tendo os Estados Unidos como força suprema, houve uma mudança de agenda
na preservação da paz devido aos ataques terroristas ocorridos em Nova York, em 11
de setembro de 2001.
A tomada de decisões do Conselho engloba todos os Estados-membros
integrantes; suas resoluções possuem capacidade jurídica e efeito erga omnes, aplica-
se a todos.
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
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Corte Interamericana de Direitos Humanos e Comissão Interamericana de


Direitos Humanos

Em uma reunião realizada em 1959, chamada de Quinta Reunião de Consulta,


foi apresentado projeto para a criação e funcionamento de um órgão com poderes
jurídicos a fim de resguardar os direitos elencados da Declaração Universal de Direitos
Humanos.
A Corte Interamericana de Direitos Humanos deu início ao seu funcionamento
em junho de 1979 e possui natureza rigorosamente judicial, para que atinja sua
finalidade com mais eficácia.
O artigo primeiro de seu Estatuto versa:

“A Corte é uma instituição judiciária autônoma cujo objetivo é a aplicação e a


interpretação da Convenção Americana sobre Direito Humanos e exerce suas funções
em conformidade com as disposições da citada Convenção deste estatuto”.
É composta por 7 (sete) juízes nacionais de Estados-membros da Organização
dos Estados Americanos, eleitos pelos Estados-partes da Convenção.
Além de considerado órgão jurídico, tem atuação consultiva onde a Corte
examina o alcance dos Dispositivos da Convenção Americana que tem como meta
essencial o amparo e o cumprimento rigoroso da proteção dos direitos humanos.
A Corte é composta por sete membros da Organização de Estados Americanos
de considerável saber sobre direitos humanos e três indicações dos Estados-Partes
da Convenção para a função de juízes.
De acordo ainda com Flávia Piovesan “suas decisões possuem força jurídica
vinculante e obrigatória.”
A Comissão Interamericana tem suas disposições vigentes desde 1978.
A criação dessa Comissão veio a calhar tendo em vista que os países da
América estavam passando por problemas por anos unicamente por ter um órgão com
a atribuição de exercer a vigilância para a proteção dos direitos humanos.
A Comissão Interamericana e possui como atribuições:

Fazer recomendações aos governantes dos Estados-partes prevendo a adoção


de medidas adequadas à proteção dos desses direitos; preparar estudos e relatórios
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
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que se mostrem necessários ; requisitar aos governos informações relativas às


medidas por ele adotadas concernentes à efetiva aplicação da Convenção; submeter
um relatório anual à Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos tem competência para
defender os direitos descritos na Declaração dos Direitos Humanos até o alcance dos
países membros da Organização dos Estados Americanos e é considerado o principal
mecanismo de ligação entre os indivíduos e a efetiva luta pelo respeito aos mesmos
direitos.
A Comissão é composta por sete membros da Organização de Estados
Americanos de considerável saber sobre direitos humanos e três indicações dos
Estados-Partes da Convenção para a função de juízes.

APLICABILIDADE NOS DIAS ATUAIS

Existe, nos dias atuais, uma tentativa de positivar tais “direitos”, inserindo-as nas
constituições Estatais e regulamentando-os nos mecanismos de Tratados e
Convenções Internacionais de Direitos Humanos. A nossa Constituição, por exemplo,
recepcionou inteiramente os Direitos Humanos e é integrante de diversos Tratados
Internacionais.
Também é parte integrante da Comissão de Direitos Humanos da ONU a mais
de 15 nos, com o mandato renovado a cada três anos, tendo sido eleito por maioria de
votos devido ao seu exercício em matéria de Direitos Humanos.
O Brasil vem tentando se resgatar de uma época de ditadura e sofrimento,
estabelecendo uma espécie de redemocratização. Foi a partir da década de 1970 que
esses direitos ficaram conhecidos por toda a população brasileira, que começou a
exigir do Estado uma maior preocupação voltada para o social.
Paulo César Carbonari defende que:
A luta pelos direitos humanos no Brasil tem acompanhado o longo, difícil e, ao
mesmo tempo, gratificante processo de aprendizagem popular de luta pela anistia;
diretas já, impeachment, pelo fim da corrupção; pela reforma agrária e urbana; garantia
dos direitos sociais, econômicos e culturais.
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
19

O Brasil tem, nos dias de hoje, a carta mais ampla e abrangente de toda a sua
história política. A constituição Federal promulgada em 1988 é um marco no país e
serve como referência para implementar políticas públicas para proteção dos direitos
humanos. Segundo Narciso Baez:
Ficou evidente que, embora qualificados como supralegais, por existirem
independentemente do reconhecimento jurídico dos Estados, a sua efetivação e
garantia dependem da incorporação de seus valores aos ordenamentos jurídicos
nacionais e internacionais, de forma a comprometer os centros de poder à sua
observância e resguardo.
Além de incluídos no ordamento, as políticas de proteção aos direitos humanos
devem ser de conhecimento de toda a sociedade para sua efetiva implementação.

A PREOCUPAÇÃO COM AS VÍTIMAS DE DELITOS EM GERAL

ORIGEM

O estudo da vitimologia tem como precursor o criminólogo Hans Von Henting,


que na década de 1940, trouxe à tona o binômio delinquente-vítima e estudou a
restauração do prejuízo causado à vítima decorrente de crime, independentemente da
responsabilidade do autor.
Entretanto, somente em 1956 que a vitimologia foi considerada matéria
criminológica, após estudos mais aprofundados sobre o tema pelo professor de
criminologia da Universidade Hebraica de Jerusalém e advogado, Benjamin
Mendelsohn, uma das vítimas do Holocausto, que descreveu o tema em uma célebre
conferência como Um horizonte novo na ciência biopsicossocial. Lançou, no mesmo
ano, o artigo A Vitimologia, posteriormente publicado em todas as revistas mundiais.
O professor supracitado também defendia que “a vítima não poderia mais ser
considerada mera coadjuvante de uma infração penal, não mais ficar limitada a ser
sujeito passivo de um crime.”
Mesmo Mendelsohn sendo considerado o primeiro a falar sobre o assunto
formalmente, antes de 1956 já havia obras que relatavam o assunto.
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
20

Edmundo Oliveira salienta:

Embora Mendelsohn seja respeitado pela maioria dos especialistas, como


fundador da doutrina sistematizada da Vitimologia, não se pode ignorar a existência
de vários estudos de significativo conteúdo, anteriormente divulgados. Veja-se, por
exemplo, o registro do Professor Marwin Wolfgang, em trabalho particularmente
dirigido ao ‘homicídio provocado pela vítima’, no qual anotou que Gabriel Tarde, em
sua obra A Filosofia Penal, cuja primeira edição foi lançada em Paris, no ano 1980,
criticou o fato de as legislações se voltarem demasiadamente para a premeditação do
crime pelo delinquente, emprestando pouca atenção aos motivos que indicam a
significativa inter-relação entre a vítima e o ofensor.
Tem-se também como exemplo o trabalho de Hans Gros, no início do século
XX, que tratou da ingenuidade das vítimas de fraude.
O tema Vitimologia foi abundantemente ponderado no simpósio de Criminologia
na Universidade de Bruxelas, Bélgica.
De acordo com Antonio Beristain, “a vitimologia nasceu como reação à
macrovitimização da Segunda Guerra Mundial”, logo após ter assistido o extermínio de
aproximadamente seis milhões de judeus nos campos de concentração Nazistas.
No ano de 1948, foi divulgado o primeiro esboço sobre a matéria pelo professor
Hans Von Henting intitulado O Criminoso e sua Vítima, examinando a relação ofensor-
vítima. Ele foi o primeiro a edificar a hipótese de a vítima ser causadora do fato típico
e ilícito.
Jimenez Asúa, no ano de 1962, na Universidade de Direitos de Buenos Aires,
foi o primeiro jurista da América Latina a tratar do assunto.
A partir da primeira publicação sobre o tema, inúmeros outros foram
confeccionados e os estudos aprofundados até enfim, culminar no primeiro Congresso
Internacional de Criminologia que foi realizado em 1973 na cidade de Jerusalém, em
Israel, diante da direção do chileno Israel Drapkin. Desde então foram desencadeadas
as pesquisas e análises sobre a matéria.
No Brasil, o assunto começou a ter espaço a partir de 1971, com o lançamento
do livro Vítima, por Edgard de Moura Bittencourt.
Em 1979 foi fundada a Sociedade Mundial de Vitimologia e, em 28 de julho de
1984, foi fundada no Rio de Janeiro a Sociedade Brasileira de Vitimologia tendo como
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
21

principal objetivo cada vez mais exigir o cumprimento da proteção dos direitos das
vítimas. Heitor Piedade ressalta:
Vale advertir que a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Declaração
Universal dos Direitos das Vítimas não são instrumentos geradores de direitos
fundamentais da pessoa humana, mas apenas esses dois diplomas institucionais
possuem caráter declaratório, uma vez que o ser humano é o titular nato desses
direitos e deveres.
No Sistema Penal Brasileiro ainda prevalece o pensamento que o melhor é
distanciar o infrator da vítima, resultando na insatisfação da mesma, já que o foco
principal é a punição do criminoso e não a reparação dos danos materiais e
psicológicos causados a terceiros. Segundo Alline Pedra, “deve-se oportunizar à vítima
a participação direta no processo de busca de uma resposta ao mal acusado, seja para
penalização mediante os meios comuns, ou a reparação [...].
O estudo da Vitimologia tem se tornado cada dia mais importante para
compreensão das vítimas e grupos vitimizados, auxiliando na construção de um
Estado mais justo.

Conceito

Desde antiguidade, os homens caracterizavam as vítimas como sendo aqueles


animais que seriam sacrificados ou mortos para serem oferecidos em ação de graças.
A palavra, por si só, emprega a expressão de amarrado, atado, pessoa que não tem
como se defender.
Primeiramente, deve-se definir o que é vítima. Essa expressão pode ser
classificada de diversos ângulos: do ponto de vista religioso, social, político, jurídico
ambiental e tecnológico.
O vocábulo vítima vem do latim victmia e victus, referente a cominado, vencido.
Orlando Soares sugere que “vítima é o quarto elemento do fenômeno
criminal, que são: o crime, o delinquente, a pena e a vítima.” 54

Os incisos primeiro e segundo da Declaração sobre Princípios Fundamentais de


Justiça para Vítimas de Delitos e de Abuso de Poder (1985, ANEXO), conceitua da
seguinte forma:
1. Entendem-se por vítimas as pessoas que, individual ou coletivamente
tenham sofrido um prejuízo, nomeadamente um atentado à integridade física e um
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
22

sofrimento de ordem moral, uma perda material, ou um grave atentado aos seus
direitos fundamentais, como consequência de atos ou de omissões violadores das leis
em vigor num Estado-membro, incluindo as que proíbem abuso de poder.
2. [...] o termo vítima inclui, conforme o caso, a família próxima ou as
pessoas a cargo da vítima e as pessoas que tenham sofrido um prejuízo ao intervirem
para prestar assistência às vítimas em situação de carência ou para impedir a
vitimização.
Tratando de Vitimologia, Edgard de Moura afirma que a matéria tem relação
com vários outros ramos do Direito e não restringe a vítima ao sujeito passivo do crime.
Define vítima como “a pessoa que sofre os resultados infelizes dos próprios atos, dos
de outrem ou do acaso.”
Para José Frederico Marques, há grande diferença entre vítima e prejudicado e
exemplifica com o crime de homicídio: vítima seria a pessoa morta e prejudicado os
familiares que dependiam financeiramente do de cujus.
Generalizando, vítima é o indivíduo que sofre as consequências advindas de
fato típico e antijurídico, direta ou indiretamente, pois deve-se incluir nesse conceito
aquelas que são testemunhas da vitimização, pois, talvez, esses necessitem de
assistência posterior.
Para o Direito Penal Brasileiro, vítima é o sujeito passivo de um crime e, sua
contribuição para esse ramo do direito, é indiscutível.
Os autores das obras que tratam do assunto divergem no entendimento de que
realmente seria a Vitimologia: seria ciência ou ramo da criminologia?
Muitos autores seguem Benjamin Mendelsohn defendendo que a Vitimologia é
uma ciência autônoma. Por outro lado, há o entendimento que a Vitimologia ainda é
um ramo da criminologia, tendendo a se tornar ciência.
Vitimologia é o estudo da personalidade da vitima, suas motivações, reações e
comportamento em face de um crime.
Sandro D´Amato expoe que “a Vitimologia é a ciência que tem como meta a
análise do comportamento, a conduta e como vivem as vítimas após sofrerem algum
delito e que, para essa verificação, é necessário uma investigação.”
O estudo da Vitimologia é de suma importância para verificação da vítima na
origem de muitos crimes. Hoje em dia se tornou evidente a necessidade de ser
analisada a relação entre o delinquente e a vítima para a resolução do objeto em
epígrafe..
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
23

Atualmente, esses estudos têm se mostrado importantes no ajuste da legislação


na garantia dos direitos das vítimas, o que não se ouvia falar antes de 1940.

De acordo com Newton e Valter Fernandes:


O grau de inocência da vítima em cotejo com o grau de culpa do criminoso
compõem precisamente os aspectos que têm sido negligenciados e que podem
contribuir para o entendimento de numerosas ocorrências
delinquênciais.
Alessandra Greco pondera na mesma linha que:
Hoje em dia não se pode estudar o Direito Penal de forma isolada, ignorando-
se o binômio autor e vítima, nota-se que a criminologia, ciência que centrou seu
estudos no criminoso e nos motivos do crime, acabou, paulatinamente, abrindo espaço
para o surgimento da vitimologia, ciência que adicionou a presença da vítima ao
fenômeno criminoso, e, portanto,
deu margem ao surgimento de mais um fator na equação
crimecriminoso,chegando-se ao trinômio crime, criminoso e vítima.
O estudo da Vitimologia tenta buscar informações tais como idade, sexo, origem
racial, profissão, classe social, religião, histórico familiar, etc., tentando encontrar um
nexo para o motivo causador do delito.

Classificação das vítimas de delitos

É importante trazer à tona nessa pesquisa quais os tipos de vítimas e suas


classificações formuladas por especialistas de todo o mundo e em diferentes épocas.
Segue alguns exemplos:
a) Benjamin Mendelsohn (Israel, 1947)
• Vítima completamente inocente ou ideal: nada colabora para a causa do
delito (ex: senhor que tem a bolsa arrancada na rua).
• Vítima de culpabilidade menor ou por ignorância: há certo grau de culpa.
(ex: mulher que pratica aborto e acaba falecendo por conta de sua ignorância).
• Vítima voluntária ou tão culpada quanto o infrator: qualquer um pode ser
infrator ou vítima. (ex: duelo americano).
• Vítima mais culpada que o infrator: instiga a prática do delito.
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
24

• Vítima unicamente culpada: dividem-se em


- Infratora: comte infração e resulta como vítima (Ex: legítima defesa) -
Simuladora: leva alguém a se acusado por um crime.
- Imaginária: pessoa eu sofre de grave transtorno mental, que pode acusar
alguém de certa violação sem que o crime não tivesse ocorrido.

b) Marvin Wolfgang (Estados Unidos, 1956)


• Vítima precipitadoras: precipitam o crime entregando ao delinquente sua
adesão.
• Vítimas associadas: sofrem em grupo os efeitos da ação criminosa.(Ex:
mau uso do dinheiro público)
c) Severin Versele (Bélgica, 1962)
• Vítima nata: predestinada a ser vítima.
• Vítima espontânea: se expõe à vitimização.
• Vítima ocasional: torna-se vítima dependendo da ocasião.
d) Edmundo Oliveira (Brasil, 1989)
• Vítima programadora: arquiteta o crime.
• Vítima precipitadora: contribui, com dolo ou culpa, para omissão ou ação
do infrator.
De acordo com Alline Pedra,
A vitimologia, quando classifica suas vítimas [...] tem um esqueleto
discriminatório que não protege as vítimas de qualquer crime, fazendo com que a
sociedade pré-selecione aquelas que pretendem apoiar ou não. As vítimas deveriam
ser classificadas quanto a sua vulnerabilidade de se tornarem vítimas, não quanto a
sua conduta na execução do crime.[...] Com base nesses dados, poderíamos tentar
maneiras de se diminuir as vitimizações, e não incentivar a prática delitiva [...].
A VÍTIMA E O FENÔMENO CRIMINAL

Já está ultrapassado o entendimento que coloca a vítima como mero


coadjuvante no fato delituoso. O estudo da vitimologia vem mostrando o quanto é
importante verificação do grau de participação da vítima no crime, tendo em vista a
dosimetria da pena em desfavor do delinquente.
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
25

Gisele Falbo descreve sobre a importância da escuta da vítima no processo


criminal que:
Ao produzir este deslocamento de eixo, do delinquente para o sujeito passivo
do delito, abre-se um leque de novas questões que abrangem desde a interrogação
sobre a frequência e distribuição de diversos delitos, até a pergunta sobre implicação
do sujeito na ação de que ele é vítima.
Algumas pesquisas mostram que nem todas as vítimas de infrações criminais
procuram os órgãos policiais para registrar a denuncia e, graças a esse fato, fica difícil
fazer estatísticas no que tange ao aumento ou diminuição de criminalidade com
precisão. Essas, são chamadas de cifras negras que são considerados os “grupos
formados pela quantidade de crimes que não chegam no conhecimento do sistema
penal.”
Edmundo de Oliveira destaca alguns fatores que também levam a essa situação
como, por exemplo, “que a vítima não tem a consciência tranquila pois sabe que não
é totalmente inocente.” 62 E as denomina como ações de próprio risco.
Continua seus ensinamentos defendendo que:
Não é justo continuarmos a aplicar a todos os casos concretos o retrato em preto
e branco de que o criminoso é sempre malvado, inconsequente enquanto a vítima é
habitualmente pura e inocente, quando, efetivamente, os papeis podem de inverter no
desencadeamento de impulsos e no fluxo de fatores crimino-impelentes ou vítimo-
impelentes. [...] Fatores criminoimpelentes dizem respeito a impulsos para uma atitude
criminosa. Fatores vítimo-impelentes dizem respeito a uma situação vitimal, podo aí
incorrer a constatação de oportunidades em que, pó qualquer pretexto, a vítima se
dispõe a elaborar ou programar as coordenadas de sua própria
vitimização.63
Heitor Piedade ressalva que o comportamento da vítima deve ser analisado
tanto para abrandamento quanto para aumento de pena, que a lei não prevê o
comportamento da vítima como circunstancia atenuante e, sim, como circunstância
judicial.
Defendendo a tese de que as circunstâncias judiciais são relevantes, Antonio

José Feu intercede para que o juiz:


Após declarar o acusado culpável, no dispositivo, deverá graduar a
culpabilidade, o que farpa graduando os seus elementos constitutivos, valendo-se,
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
26

como recurso auxiliar,dos fatores de influencia aludidos pelo citado dispositivo legal:
os antecedentes, a personalidade, a conduta social, os motivos, as circunstâncias e
consequências do crime e o comportamento da vítima.
O comportamento da vítima foi mencionado pelo legislador prima facie, de modo
que não restam dúvidas quanto à possibilidade de diminuição de pena devido o grau
de participação do ofendido.
Da mesma forma que o infrator pode delinear sua vítima, a vítima poderá
delinear seu infrator, seja por falta de cumprimento dos cuidados mínimos de conduta,
seja pela própria consciência, induzindo-o ao cometimento do crime.
Heitor Piedade alega que não há, hoje em dia, um tratamento propício a
colaboração da vítima no processo criminal. Como se já não bastasse o sofrimento
causado pelo delito, as vítimas ainda sofrem o constrangimento com o atendimento
precário dos fóruns de delegacias de polícia.

Consentimento do ofendido e a legislação brasileira

O Código Penal Brasileiro não cuida do consentimento do ofendido, deixando


essa matéria a cargo dos doutrinadores. Apesar de o referido código fazer alusão ao
vocábulo vítima, o essencial aqui é demonstrar o quanto é importante analisar o
comportamento da vítima.
Com a introdução das circunstancias judiciais que fazem referência às
consequências do delito e ao comportamento da vítima, em 1984, no Código Penal
Brasileiro, ficou explícita a preocupação do legislador com o grau de culpa da vítima
na ocorrência do fato. O artigo 59, inciso I prevê como o fato deve ser tratado pelo juiz
de direito no que tange a participação do ofendido no crime.

Art. 59.O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à


personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime,
bem como o comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para a reprovação e prevenção do crime:
I – as penas aplicáveis dentre as cominadas.
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
27

A doutrina majoritária divide as circunstâncias mencionadas no artigo


supracitado em duas: objetivas e subjetivas. A primeira se remete a personalidade,
conduta, antecedentes e nexo causal do crime. Já a segunda ao comportamento da
vítima, consequências do delito e circunstâncias em que ocorreu. Tudo isso de forma
a garantir a aplicação correta da pena base ao delinquente.
Não é raro identificar o consentimento consciente ou inconsciente da vítima,
assunto muito polêmico levantado pelos doutrinadores, que ultimamente tem publicado
obras desse teor, criando a teoria do consentimento.
A permissão do sujeito passivo pressupõe ativa atuação, demonstrando que há
uma inter-relação com o sujeito ativo na prática do ato
O consentimento poderá ser expresso ou tácito por parte do ofendido. Em
ambos os casos deverá ser manifesto e livre; deixando claro sua renúncia pela tutela
jurídica.
O autor continua seus ensinamentos afirmando que inércia não quer dizer
consentimento. Como exemplo, tem-se o “ladrão que ingressa em uma residência e o
dono o vê se apropriando de seus bens. Nesse momento, o choque o deixa inerte, não
querendo dizer que consente com o furto.”
Esse assunto ainda causa divergência entre doutrinadores, pois alguns dizem
que basta o agente ter consciência do consentimento e outros afirmam que o mesmo
deverá ser expresso.
Todavia, outro assunto que ainda causa discordância é o momento do
consentimento, se haverá ou não eficácia. Por um lado dizem que o consentimento
pronunciado durante a ação ou omissão é justificável. Por outro lado, é dito que o
mesmo revelado durante o ato não justifica, por já haverem atos praticados antes
mesmo do consentimento, e esses serão considerados como antijurídicos. Vários
autores fazem divisões distintas.
José Henrique Pierangeli divide as formas de consentimento em presumido ou
tácito. O consentimento presumido ocorrerá quando o individuo tem total noção da
existência do consentimento, enquanto que o consentimento putativo o agente acredita
na existência que um consentimento inexistente.
Alessandra Orcesi defende em sua obra que o “consentimento da vítima deve
excluir o tipo, pois o comportamento da vítima deve ser levado em conta nesse
momento”, devendo, também, ser válido.
Heloiza Meroto também divide o tema, lecionando que
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
28

O consentimento poderá ser de dois tipos: i)consentimento-atipicidade;


ii)consentimento-justificação. O consentimento-atipicidade é o exercício, pelo
ofendido, da liberdade de disposição de bens juridicamente relevantes, liberdade esta
que se encontra assegurada em determinados tipos penais [...]. O consentimento-
justificação é, por sua vez,a renuncia, enquanto vontade externada pelo ofendido, a
proteção penal dos bens jurídicos oferecida pelo Estado e se manifesta somente nos
tipos que apresentam dissenso entre ofensor e vítima como seu elemento integrante.71
José Henrique, sobre infrações contra a integridade física do ser humano,
assevera que
Mais complexo se nos afigura o problema da validade do consentimento nos
delitos contra a integridade física, principalmente em frente a uma legislação penal que
não contem qualquer disposição a respeito. É o que acontece com a maioria das
legislações, inclusive a nossa, onde se pune indiscriminadamente o homicídio e as
lesões corporais [...].
O consentimento é constituído por quatro elementos: o ofensor, o ofendido, o
bem jurídico de valor relevante e a demonstração de anuência do ofendido.
Ainda com relação a pertinência do tema, Luciano Correia da Silva elege que
“consentir é confirmar sua própria vontade a vontade de outrem.”
O consentimento poderá se causa de exclusão de tipicidade ou da ilicitude
penal. No primeiro, o consentimento deverá ser elementar do tipo. No segundo, não
contendo o dissentimento do ofendido como elemento.
O exemplo mais claro de consentimento ocorre principalmente com relação a
crimes de sedução, podendo haver até absolvição do réu por falta de provas, conforme
jurisprudência abaixo:

Atentado Violento ao Pudor – Não caracterização – Ausência de violência


física – Atos praticados com o consentimento da vítima – Versões apresentadas por
esta que se mostra em contradição – Réu de porte menor que o da ofendida e que ao
se apresentava armado – Do comportamento de ambos não se extrai violência ou
reação – Absolvição decretada – Recurso provido para esse fim.
(Apelação Criminal n. 182.101-3 – São Paulo – 2ª Câmara Criminal – Relator:
Prado de Toledo – 12-7-95 – VU).
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
29

José Henrique ainda confirma sua teoria dizendo que a revogação do


consentimento poderá acontecer antes mesmo do cometimento do delito, pois o ato
de consentir não dá o direito a execução do crime. “Será revogável até momento em
que o agente executa fato consentido.”
Orlando Soares ensina claramente que “diante algumas circunstâncias, a
coação moral ou física irresistível, exercida pela vítima, pode desencadear um fato –
considerado como delito – praticado pelo agente, que agiu sob essa influência.” 76
Em seus ensinamentos, Lélio Braga consolida o entendimento que
O Código Penal Brasileiro não incluiu o consentimento do ofendido como causa
de exclusão do crime. Mesmo assim, deve o mesmo ser reputado como uma cláusula
supralegal, haja vista que o legislador não poderia prever todas as mutações nas
condições materiais de exclusão, sendo que a criação de novas causas de justificação,
ainda não elevadas ao direito positivo, corrobora para a aplicação da justiça material.

EXECUÇÃO DO EXAME VITIMOLÓGICO

O exame tem como principal objetivo a análise e pesquisa dos fatores de


antecedência pessoal, familiar, social sob os aspectos psicológicos , ambiental e social
que podem caracterizar algum nível de periculosidade que permita um melhor
direcionamento na decisão judicial.

Edmundo Oliveira versa:


É mais completo e seguro proceder ao diagnostico da personalidade do que se
imitar à imagem do comportamento projetado no fato objeto de investigação. Conforme
demonstramos [...] sobre o estudo da personalidade, os seus componentes conhecidos
como temperamento e caráter são de extrema importância para aferição do
envolvimento da vítima na ação criminosa, exatamente porque, das bases desses
componentes pode surgir o desequilíbrio da conduta eu incide em qualquer hipótese
possível de precipitação do crime no raio das variedades do fenômeno vitimológico.
O estudo dessa matéria irá trazer a baila características interpessoais do
individuo, mostrando se este teria ou não capacidade para instigação de atos
antisociais e, necessariamente, será realizado por estudiosos na área de psicologia,
antropologia, assistência-social, médicos ou outros especialistas.
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
30

Enfatizando, Edmundo Oliveira menciona que o Magistrado precisa de


acessória para fazer um juízo mais preciso dos casos pertinentes pois
[...] o exame só se torna oportuno em circunstâncias especialíssimas ante a
absoluta imprescritibilidade de esclarecer situações, sobretudo as de enorme
repercussão social [...].
Focando para o exame vitimológico, Edmundo relata:
O exame deve atingir uma observação multidimensional que permita alcançar
uma imagem da vítima. Na análise dos precedentes pessoais é preciso examinar o
fator biológico, o fator anímico, o fator hilemórfico, e fator moral. O laudo de perícia
físico e psíquico é puramente descritivo. [...] A efetivação de pesquisas crimino-
biológicas são extremamente importantes pra a classificação de criminosos ou vítimas
com vistas à aplicação das medidas de defesa social.80
Para realização do exame, o perito deverá possuir autorização da vítima e do
juiz responsável que deverá prevenir o ofendido de possíveis constrangimentos, já os
especialistas têm capacidade de penetrar na intimidade da pessoa humana, o eu não
quer dizer a privacidade será invadida.
Edmundo continua:
É incoerente querer olvidar que a investigação não entre na intimidade humana,
mas isso não quer dizer que se permita a devassa da privacidade, pois ela pode trazer
abalos a estrutura psíquica da pessoa [...]. Chega a ser absurdo falar em tipologia ou
classificação de vítimas, sem que, pra cada tipo, seja elaborada uma série de exames,
com prudência e competência, que identifiquem suas características e recomendem o
tratamento adequado [...] para não fomentar estigmas sociais.
O exame mais eficaz, atualmente utilizado por alguns poucos magistrados em
vítimas de delitos, tem sido o psiquiátrico pela eletroencefalograma pois, os
movimentos feitos pelas células nervosas que são detectados pelo aparelho, traçam
formas que caracterizam personalidade psicopática, mas isso não quer dizer que a
mesma o seja.

PROGRAMAS GOVERNAMETAIS DE PROTEÇÃO À VÍTIMA DE DELITOS


EM GERAL

DA NECESSIDADE DA PROTEÇÃO
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
31

A união entre os Direitos Humanos, a Vitimologia e o movimento de assistência


às vítimas fortalece e abre novas perspectivas para o futuro do nosso país.
Tem-se que ter mais interesse em aprofundar os estudos e ter sensibilidade
para poder dar a assistência adequada de acordo com a necessidade de cada vítima,
de acordo com o dano causado ao sujeito ativo ou passivo da ação.
Almir Oliveira sustenta brilhantemente em
sua obra:
Não basta declarar um direito, proclamá-lo,
inseri-lo num corpo normativo – uma Constituição,
uma lei. É necessário dar-lhe a proteção que o torne
eficaz e capaz de cumprir a sua finalidade. Se se diz
– “todos são iguais perante a lei” -, proclama-se a
igualdade de todas as pessoas, sem qualquer
discriminação, diante de um sistema jurídico destinado a reger determinada sociedade
humana.
Tendo em vista que os direitos dessas vítimas, amparados pela Constituição,
foram violentados, cabe ao Estado intervir e dar a essas pessoas condições de vida
de modo que o que lhe foi tirado seja compensado.
A participação da sociedade na colaboração com o Estado também se faz
necessária posto que as organizações não-governamentais são dirigidas por pessoas
do povo.

CARACTERÍSTICAS, OBJETIVOS E PRINCIPAIS PROGRAMAS

A inclusão do Brasil no rol dos países com alto índice de desenvolvimento


humano é consequência dos trabalhos feitos pelo Governo Federal e sociedade civil.
Esse fato contribuiu para reforçar o olhar para os direitos humanos em diversas
políticas setoriais, nas atividades dos ministérios e outros entes da federação.
A Professora Maria de Lourdes da Cunha defende que “os direitos humanos
carecem de conscientização de todos e esta via só será despertada pela educação –
comprometida – bem como com a vontade política dos governantes, os quais devem
expressar verdadeiramente mais garantias às pessoas fragilizadas e fragmentadas”.
A Secretaria Especial de Direitos Humanos – SEDH, criada pela Lei n 10.683
de 28 de maio de 2003, no âmbito da Presidência de República, veio com o intuito de:
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
32

Assessorar direta e imediatamente o Presidente da República na formulação de


políticas e diretrizes voltadas à promoção dos direitos da cidadania, da criança, do
adolescente, do idoso e das minorias e a defesa dos direitos das pessoas portadoras
de deficiência e promoção da sua integração à vida comunitária, bem como coordenar
a política nacional de direitos humanos, em conformidade com as diretrizes do
Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH, articular iniciativas e apoiar projetos
voltados para a proteção e promoção dos direitos humanos em âmbito nacional, tanto
por organismos governamentais, incluindo os Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, como por organizações da sociedade, e exercer as funções de ouvidoria-
geral da cidadania, da criança, do adolescente, do idoso e das minorias.
A criação da matéria dos direitos
humanos na esfera do Poder Executivo tem como
marcos principais a instituição do Programa
Nacional de Direitos Humanos – PNDH (1996)
e da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos
do Ministério da Justiça – SNDH/ MJ(1997) que
tem como objetivo o compromisso e à necessidade
de coordenar a implementação do PNDH.
A Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República –
SEDH passou a ser dirigida por órgão de status ministerial e, em função dessa
mudança de vinculação, sua autonomia política foi ampliada na medida em que seu
titular possui prerrogativas idênticas as dos demais Ministros de Estados.
A secretaria tem como escopo buscar consolidação na grande rede de parcerias
que incluem desde Secretarias e Ministérios como demais órgãos dos três poderes, e
também o Ministério Público Federal e dos Estados.
A Instituição organizou suas atividades em metas estratégicas a serem atingidas
entre 2004 e 2007 tais como:
1. Implementação do Programa Nacional de Direitos Humanos e
estabelecimento de mecanismos de monitoramento de suas ações tais como
programas governamentais destinados à promoção e garantia desses direitos.
2. Criação do Sistema Nacional de Proteção dos Direitos Humanos,
constituído por núcleos regionais e estaduais destinados a monitorar e agilizar
providências adotadas para a reparação das violações de direitos humanos.
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
33

3. Fortalecimento do sistema de garantia dos direitos da criança e do


adolescente nos estados e municípios, com base no estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei n 8.069/90).
4. Ampliação e melhoria dos setores voltados a para a proteção de crianças
e adolescentes em situação de vulnerabilidade, privilegiando a escola como espaço de
prevenção da violência e participação social.
5. Ampliação da oferta de melhoria de serviços voltados para o
cumprimento de medidas sócio-educativas não-privativas de liberdade e humanização
do atendimento nas unidades de internação de adolescentes em conflito com a lei.
6. Estabelecimentos de políticas públicas em parceria com órgãos públicos
e organização da sociedade, destinados ao combate à discriminização e ao
preconceito em razão de diferenças étnicas, de gênero, idade e/ou orientação sexual.
7. Implementação de políticas públicas destinadas a garantias dos direitos
da pessoa portadora de deficiência.
8. Manutenção e ampliação do Sistema Nacional de Assistência a Vítimas
e Testemunhas Ameaçadas, incluindo adolescentes em situação de vulnerabilidade e
defensores de direitos humanos.
9. Formulação de estratégias e promoção de defesa dos direitos humanos
em conjunção com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e com a
Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Social.
Além do seu próprio funcionamento, a Secretaria Especial de Diretos Humanos
é responsável pelo suporte administrativo de (07) sete outros Conselhos que trabalham
na promoção e ligação da sociedade civil com o Estado e na implementação de
políticas públicas.
São eles:
• Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana - CDDPH:
recebe e investiga denúncias juntamente com as autoridades competentes no que
tange às violações aos direitos humanos tais como extermínios, chacinas, abusos das
políticas militares, assassinatos de pessoas ligadas à proteção dos direitos humanos;
e presta informações a organismos internacionais.
• Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente –
CONANDA: apoia e promove campanhas educativas sobre postulados do ECA, indica
modificações
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
34

• necessárias para execução das políticas criadas para a proteção dos


direitos da criança e adolescente.
• Conselho Nacional das Pessoas Portadoras de Deficiência –
CONADE: acompanha e valia as políticas voltadas a educação, saúde, trabalho, lazer,
assistência social, transporte e cultura dos portadores de deficiência.
• Conselho Nacional de Combate a Discriminação – CNCD:
acompanha as políticas dirigidas a igualdade e da proteção dos direitos de indivíduos
e grupos sociais e étnicos afetados por discriminação racial e outras formas de
intolerância.
• Conselho Nacional dos Direitos do Idoso – CNDI : torna efetiva a
aplicação dos princípios da Lei n 8.842/94 ; zela pela implementação de instrumentos
internacionais, relativos ao envelhecimento das pessoas dos quais o Brasil seja
signatário.
• Conselho Deliberativo Federal do Programa de Assistência a
Vitimas e Testemunhas Ameaçadas: sua atribuição é decidir sobre os pedidos de
ingresso e exclusão do Programa, encaminhar as pessoas e providenciar obtenção
judicial para mudança de identidade, fixar valores para a manutenção dos assistidos;
etc...
• Conselhos das Autoridades Centrais Brasileiras em matéria de
Adoção Internacional: traça políticas com objetivo do cumprimento adequado pelo
Brasil das responsabilidades assumidas por força da Convenção Relativa à Proteção
das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional.
Pode-se mencionar ainda a existência da Comissão Nacional para a
Erradicação do Trabalho Escravo e Comitê Nacional de Educação em Direitos
Humanos.
O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS

A ideia de criar entidades que trabalhassem representando o Estado de forma


não lucrativa e como pessoas jurídicas de direito privado foi despertada em 1997 e
denominadas Organizações da Sociedade Civil de Caráter Público na época.
Em seguida, a formação dessas sociedades civis, sem fins lucrativos, com
finalidade pública foram batizadas com o nome Terceiro Setor. São entidades que,
embora de iniciativa privada, trabalham em prol do interesse público e, mesmo sendo
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
35

consideradas entidades sem fins lucrativos, recebem recursos financeiros exorbitantes


do Estado.
O Terceiro Setor foi criado em consequência do Primeiro Setor, o Estado, e do
Segundo Setor, o Mercado. O ápice para seu nascimento veio no pós-guerra quando
o Estado não conseguia mais financiar os trabalhos que atualmente são realizados por
essas entidades.
Para o seu funcionamento e exercício, é necessário preencher alguns requisitos
que a Lei 9637/98 traz em seu texto. Temos como exemplo a obrigatoriedade da
participação de representantes do Estado e da Sociedade Civil em sua composição.
Para os programas de proteção a vítimas de delitos no Brasil, as organizações
não governamentais representam papel de fundamental importância, tendo em vista
que o Estado sozinho não conseguiria atingir seu principal objetivo.
Elas atuam diretamente no amparo às vítimas no que tange à sua recuperação
física e mental, de acordo com o dano causado e na sua reintegração em sociedade.
Todavia, não é sempre que o tratamento oferecido é adequado, tendo em vista que
ainda não existe um estudo aprofundado sobre o crime e suas consequências aos
sujeitos ativo e passivo, conforme anteriormente exposto.
Essa atuação somente é possível por meio de convênios selados entre as
organizações civis e a União, desde que as mesmas sejam devidamente registradas
no Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS e obtiverem a autorização. Esses
convênios são regulados pela enredada Instrução Normativa n 1, de 1997, da
Secretaria do Tesouro Nacional. Elizabete Ferrarezi leciona que
[...] a regulação de Convênios não são considerados instrumentos totalmente
adequados às especificidades das entidades sem fins lucrativos, era preciso criar uma
nova forma legal que regulamentasse esse tipo de parceria, Segundo os interlocutores
consultados, esse novo instrumento deveria estabelecer critérios para avaliação tanto
para seleção de projetos quanto das ações implementadas, o que iria impulsionar o
aprimoramento da capacidade de gestão, maior profissionalização dos quadros das
entidades e maior eficiência nas ações sociais.
Sendo assim, o Termo de Parceria foi criado pela Lei 9.790/99 como meio hábil
de parceria entre os grupos não governamentais e a União para acelerar a idealização
dos projetos e a verificação de sua eficácia.
No que tange à profissionalização e capacitação de técnicos, seus incentivos
vêm crescendo graças ao setor privado. Surpreendentemente, grandes empresários
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
36

têm dado atenção especial a essas causa pois tem sido tratado como novo mercado
para os mesmos. Estão surgindo novos investimentos.
Nos dias de hoje, os recursos liberados pelo Estado a esses convênios não
estão sendo, infelizmente, suficientes para remunerar os funcionários e colaboradores
pois estão sendo rigorosos os critérios exigidos para o plano de aplicação de recursos.
A demanda voluntária não está conseguindo suprir as necessidades que o país
clama. Uma explicação para esse cenário se dá em função da não divulgação dos
trabalhos e projetos em análise para o chamamento da população a participar.
Por conseguinte, em conjunto com essas entidades atuam psicólogos,
advogados, terapeutas, assistentes sociais, dentre outros profissionais de significativa
importância nesse processo de recuperação e ressocialização dos sujeitos lesados.
Indubitavelmente, essas organizações têm mostrado grande valor no que diz
respeito à sociedade, elas têm mostrado ao mundo que possível trabalhar em favor
daqueles que tiveram seus direitos violados e, em consequência disso, suas vidas
devassadas.

A REALIDADE DOS PROGRAMAS NO BRASIL

No presente momento, a Secretaria Nacional de Direitos Humanos tem


trabalhado em atenção à construção de ligações e parcerias desde os Ministérios e
Secretarias Especiais, órgão das três esferas de governos, Ministério Público Federal
e Estadual, com relevante participação da sociedade civil.
O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao implementar o Programa de
Aceleração do Desenvolvimento – PAC, colocou em evidência a atuação das
organizações não-governamentais, promovendo as ações em defesa aos direitos
humanos.
De acordo com o relatório de Gestão de 2007 da Secretaria Nacional de Direitos
Humanos:
A recente inclusão do Brasil no rol dos países com maior Índice de
Desenvolvimento Humano é, em grande parte, resultados dos esforços empreendidos
pelo Governo Federal e pela sociedade civil organizada na área de Direitos Humanos.o
trabalho da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República
permitiu maior integração entre os vários temas sob sua coordenação e logrou reforçar
DIREITOS HUMANOS E VITIMOLOGIA
37

a incorporação do olhar de direitos humanos em diversas políticas setoriais na atuação


de outros ministérios, de outros poderes e de outros entes da federação. Na mesma
linha, a SEDH reforçou a relação com a sociedade civil organizada e consolidou o
papel de destaque do Brasil na área de direitos humanos no cenário internacional.
A SEDH tem passado por alguns problemas orçamentários. O empenho pelo
Orçamento Anual da União, feito anualmente para sua manutenção, tem se mostrado
insuficiente.
Com o crescimento da estrutura regimental, que resultou na criação de novas
coordenações, o espaço físico se tornou inadequado para tamanha pretensão.
Entretanto, mesmo com constantes solicitações junto ao Ministério da Justiça,
a Secretaria não tem conseguido obter êxito e ainda passa por algumas dificuldades
tais como: mau funcionamento dos aparelhos de ar condicionado, rede de telefonia e
energia elétrica, mobiliário, iluminação, pinturas, conforto dos profissionais, poucos
profissionais, etc.
Finalizando...

A vitimologia tem como escopo estudar o papel


que a vítima possui no crime e sua relação com o
delinquente, mostrando que a mesma possa ter
participação na causa de tal situação, o que é muito
comum e há inúmeros exemplos nas jurisprudências
dos tribunais; mostrando também se a mesma faz
parte do sujeito ativo ou passivo do fato típico.
Essa matéria torna-se relevante principalmente
no momento da dosimetria da pena do meliante, de
acordo com o artigo 59 do Código Penal Brasileiro.
A sociedade também tem participação relevante mas, para isso, deve ser
informada da implementação de tais programas governamentais para que tenha
acesso ao resgate e manutenção de sua dignidade. Caso contrário, não existirá a
possibilidade de fusão entre brasileiros e governo, que seria o ideal.
Não basta somente a positivação do direito nas Constituições. É necessária a
sua eficiência e eficácia. E quem o torna eficaz? A sociedade. E esse processo começa
desde as eleições.
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A criação da Secretaria de Direitos Humanos no âmbito da Presidência da


República acendeu em toda a sociedade o anseio por proteção. Desde então, surgiram
outras subsecretarias, cada uma com um foco, para a proteção das vítimas de delitos
em geral no Brasil.
Uma maior consciência e sensibilidade no que toca a essa proteção é
importante para as medidas de ressocialização logrem êxito, tendo em vista que a
violência aumenta a cada dia.
Ainda hoje é nítido que falta a profissionalização de muitos especialistas em
diversas matérias para que a vitimologia seja aplicada a cada caso concreto, em busca
da realidade das vítimas dos delitos.
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39

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