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RESUMO
Há décadas que nos debates do campo jurídico comumente se recorre ao conceito, que já
tomou proporções dogmáticas pelo mainstream jurídico, de direitos humanos para se
obter anuência de alguma tese, e se trata de um conceito de alta estima e grande valor,
principalmente no que respeita ao direito positivo, isto é, o juspositivismo. Todavia,
pouco se elucida a retórica humanista de direitos e deveres segundo a perspectiva de
direito natural. No século XIII, São Tomás de Aquino propôs que, embora haja no homem
certa semelhança com Deus, não se trata de um sinônimo de igualdade imanente, pois o
modelo ultrapassa em muito o modelado. E é exatamente dessa natureza divina que o ser
humano é concebido que Tomás de Aquino deriva a dignidade, essa sim intrínseca a
pessoa, e sua inerência ao homem. Logo, o homem, sendo um ser racional, é digno per se
por que é Imago Dei. (AQUINO. 2003. Q. 93). Aristóteles revelou a partir de premissas
básicas, que acaba por chegar em conclusões lógicas, que toda a conduta humana,
comissiva ou omissiva, parece visar um bem, isto é, uma finalidade. A responsabilidade
moral implica necessariamente em um dever humano absoluto e moral, que seria, por
exemplo, o dever de não matar, por via de consequência lógica o direito à vida, além de
constituir um direito natural e um bem básico, é um direito humano. Existem também
direitos humanos e morais que são relativos, assim dizendo, não são fins em si mesmo,
mas meios para se alcançar um bem humano absoluto. A pessoa humana, conforme dito
anteriormente, é um todo uno racional o que já condiciona o mesmo a auferir status de
dignidade, portanto a partir daí já possui direitos absolutos que não podem ser violados
por outrem. O jusnaturalismo tomista-aristotélico alicerça que um humano é imbuído de
tais direitos desde sua concepção, logo ele tem o direito de não ser morto, uma vez que
concebido. A linha de pensamento dominante na atmosfera da biologia - da embriologia,
por assim dizer – concorda que a vida surge na concepção, e as interações orquestradas
pelo zigoto com o fim de gerar estruturas necessárias para se desenvolver é um
comportamento coordenado singular de um organismo, só uma vida seria capaz de se
proteger e se desenvolver de tal forma (CONDIC, 2008 apud RIBEIRO, 2021). A
liberdade possui um caráter instrumental, sob a ótica jusnaturalista, e se resguarda a
liberdade para fazer algo, este algo pode ser benéfico ou maléfico, em virtude disso a
liberdade é um bem relativo e não absoluto. Segundo o Papa João Paulo II, a liberdade
não é permissão para fazer tudo o que se quer, ela visa a verdade e se consuma na busca
e vivência humana da verdade. A liberdade de expressão ela é necessariamente
cooperativa, pois envolve mais de uma pessoa para exercê-la. Ela está à serviço dos bens
básicos ao ser humano, então não é absoluta, mas a censura, sendo um caso
extraordinário, deve ser impressa legitimamente em três circunstâncias: sendo a
comunicação é abusiva, quando a comunicação visa indubitavelmente um fim mau ou
quando a comunicação resultará em uma injustiça.
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Discente do 4º semestre do curso de Direito da UNEMAT.
2
Discentes do 4º semestre do curso de Direito da UNEMAT.
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REFERÊNCIAS
AQUINO, Tomás. Suma Teológica. 2003b.
AQUINO, Tomás. Suma Teológica vol II. Trad. Dominicanos. Nova York: Christian
Classics, 1981.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 4 ed. Trad. Edison Bini. São Paulo. EDIPRO, 2014.
CONDIC, ML. When does human life begin? A scientific perspective. Westchester
Institute White Paper.
GEORGE, Robert. Making men moral: civil liberties and public morality. Oxford:
Clarendon Press, 1995.
PAULO II, João. Mensagens de sabedoria e paz. Rio de Janeiro: Sextante, 2005.
1. INTRODUÇÃO
Há décadas que nos debates do campo jurídico comumente se recorre ao
conceito, que já tomou proporções dogmáticas pelo mainstream jurídico, de direitos
humanos para se obter anuência de alguma tese, e se trata de um conceito de alta
estima e grande valor, principalmente no que respeita ao direito positivo, isto é, o
juspositivismo. Todavia, pouco se elucida a retórica humanista de direitos e deveres
segundo a perspectiva de direito natural.
O escolástico e doutor da Igreja, Tomás de Aquino (séc. XIII), que, com
supedâneo nas obras de Aristóteles (séc. IV a.C.), introduziu o tema do jusnaturalismo
de forma ordenada e sólida. O filósofo definiu, corretamente, a lei natural como um
pilar basilar da sociedade que consolida um conjunto de preceitos morais que
independem de reconhecimento por parte de qualquer autoridade, ou seja, mesmo
que uma instituição influente com poder discricionário sobre os indivíduos, não poderia
jamais contrariar os bens básicos estabelecidos pela lei natural.
Perlustrando o juízo de direitos humanos, de acordo com o prisma
jusnaturalista, se torna semiótica a diferença conceitual entre a visão de direitos
humanos do status quo e aquilo que a lei natural define acerca do tema.
1
AQUINO, Tomás. Suma Teológica. 2003b, q. 93.
2
Cumpre aqui indexar três tipos distintos de prática abortiva, duas podem ser
consideradas infanticidas. São as espécies de aborto: voluntária, persuadida e
“terapêutica”.
O aborto voluntário é um infanticídio por si só, a pessoa abortista sabe que o
nascituro tem direito à vida e o aborto é intencional. Neste caso a culpa é de quem
realizou o aborto e é um ato intrinsecamente antijurídico.
O aborto persuadido é um infanticídio também e também é intrinsecamente
antijurídico. No entanto, muitas vezes a mulher que realiza é persuadida, seja pelos
pais, pelo parceiro ou até por ordem judicial, por esses motivos a culpa, talvez, será
atribuída em grande parte a quem persuadiu, mas não isenta totalmente a abortista.
O aborto “terapêutico” é o mais complexo. Consiste o aborto aqui, em um efeito
colateral decorrente de um procedimento médico indispensável a salvaguarda da vida
da mãe que está em perigo, então não é uma prática ativa de assassinato intrauterino.
Não é de forma alguma intrinsecamente antijurídico, mas cabe salientar que esta
ocasião é excepcionalíssima.
5. LIBERDADES CIVIS
A liberdade possui um caráter instrumental, sob a ótica jusnaturalista, e se
resguarda a liberdade para fazer algo, este algo pode ser benéfico ou maléfico, em
virtude disso a liberdade é um bem relativo e não absoluto. Segundo o Papa João
Paulo II, a liberdade não é permissão para fazer tudo o que se quer, ela visa a verdade
e se consuma na busca e vivência humana da verdade.8
A liberdade de expressão ela é necessariamente cooperativa, pois envolve
mais de uma pessoa para exercê-la. Ela está à serviço dos bens básicos ao ser
humano, então não é absoluta, mas a censura, sendo um caso extraordinário, deve
ser impressa legitimamente em três circunstâncias: sendo a comunicação é abusiva,
quando a comunicação visa indubitavelmente um fim mau ou quando a comunicação
resultará em uma injustiça.9
A liberdade de imprensa é a liberdade supramencionada segundo os veículos
de comunicação, que produz benefícios no combate à corrupção, às arbitrariedades
dos poderes e dissemina anseios e alerta as dificuldades do povo, portanto sua
limitação deve ser raríssima. Havendo a necessidade de censura, far-se-á ela em
8 PAULO II, João. Mensagens de sabedoria e paz. Rio de Janeiro: Sextante, 2005, p. 59.
9 GEORGE, Robert. Making men moral: civil liberties and public morality 1995, p. 198-199.
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6. CONCLUSÃO
Face ao exposto, tornou-se notória a visão jusnaturalista, seguindo uma
corrente filosófica tomista-aristotélica, acerca dos direitos humanos. Os direitos
humanos, segundo o que se conclui, são intermediários para alcançar os direitos mais
sólidos, isto é, os direitos naturais que antecedem uma positivação. O maior fruto
deste manuscrito é o entendimento de que os direitos de ordem humana são relativos
e podem ser subtraídos, ao passo que os direitos da ordem natural são imutáveis,
perenes, inquebrantáveis e, portanto, indeléveis.
REFERÊNCIAS
AQUINO, Tomás. Suma Teológica. 2003b.
AQUINO, Tomás. Suma Teológica vol II. Trad. Dominicanos. Nova York: Christian
Classics, 1981.
ARISTÓTELES. De Anima. Ed. São Paulo Editora 34, 2012.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 4 ed. Trad. Edison Bini. São Paulo. EDIPRO,
2014.
CONDIC, ML. When does human life begin? A scientific perspective. Westchester
Institute White Paper.
GEORGE, Robert. Making men moral: civil liberties and public morality. Oxford:
Clarendon Press, 1995.
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. Lisboa: Edições 70,1986.
PAULO II, João. Mensagens de sabedoria e paz. Rio de Janeiro: Sextante, 2005.
RIBEIRO, Mário da S. Dignidade da pessoa humana e direito à vida: estudos de
filosofia, direito e bioética. Ed. Lumen Juris. Rio de Janeiro, 2021.