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Ângela Catarino
Bruna Graça
Ângela Catarino
Bruna Graça
Assim, este trabalho vai demonstrar as teorias existentes sobre os direitos dos nascituros,
de Pedro Pais Vasconcelos e Carlos Alberto da Mota Pinto. Iremos fazer uma breve
abordagem demonstrando quais os pontos de vista de cada um em cada ponto dos direitos
dos nascituros. Neste trabalho especificamos em que momento é que os autores
consideram o início da existência da personalidade jurídica. Abordamos a distinção entre
nascituros concebidos e concepturos. Enquanto que Pais Vasconcelos considera que
nascituro se coloca na categoria de pessoa jurídica, Mota Pinto diz que o nascituro detém
direitos, mas que a concretização destes só se dá após o parto completo e com vida.
Concluímos este trabalho com uma breve apreciação crítica em relação às teorias
mencionadas.
iv
Abstract
This essay will focus its attention on the rights of unborn children and in some theories that
exist about this theme. The term “unborn child” is a concept that covers many others and
so we will explain them. Some of the concepts that we will elucidate are legal personality,
and legal and enjoyment capacity.
This assignment will demonstrate the theories about the rights of unborn children of the
authors Pedro Pais Vasconcelos and Carlos Alberto da Mota Pinto. We will make a brief
approach to these theories and demonstrate each author’s point of view in the matter of the
rights of unborn children. We will specify the moment from which the authors consider the
existence of legal personality. We will also make the distinction between conceived unborn
children and unconceived unborn children. While Pais Vasconcelos considers that the
unborn child is a legal person, the essayist Mota Pinto tells us that the unborn child has
rights but that the achievement of these is only possible after the complete birth of the
newborn and only if this child is born alive.
We conclude this essay with a brief critical appraisal of the theories of the rights of unborn
children.
Key words: legal personality, enjoyment capacity, unborn children rights, conceived
unborn children, unconceived unborn children, complete and alive birth.
v
Acrónimos e abreviaturas.............................................................................................................vii
Introdução........................................................................................................................................1
Desenvolvimento..............................................................................................................................2
Começo da personalidade e condição dos nascituros................................................................2
Teoria de Pedro Pais de Vasconcelos.....................................................................................2
Teoria de Carlos Alberto da Mota Pinto...............................................................................4
Apreciação crítica....................................................................................................................4
Conclusão.........................................................................................................................................5
Referências bibliográficas...............................................................................................................6
vi
Acrónimos e abreviaturas
Art.- artigo
CC – Código Civil
nº - número
p. - página
vii
Introdução
O propósito deste trabalho é conseguir adquirir toda informação possível sobre o tema
solicitado. Assim, é possível relacionar este tema com conteúdos já abordados por outras
disciplinas, tais como a personalidade jurídica e capacidade jurídica e ou de gozo.
Com efeito, este trabalho vai incidir principalmente sobre os direitos dos nascituros que se
consubstancia essencialmente na personalidade jurídica e na capacidade de gozo que estes
têm, podem ter, ou não.
Desta forma iremos destacar alguns autores que abordaram este tema, nomeadamente
Pedro Pais Vasconcelos e Carlos Alberto da Mota Pinto e assim tentando explicitar quando
os direitos dos nascituros podem ser reconhecidos, segundo o seu ponto de vista.
Para finalizar faremos uma breve apreciação crítica em que expomos a nossa opinião
acerca do ponto de vista dos autores.
1
Desenvolvimento
Ao longo dos anos existiram vários teóricos que tinham a preocupação de entender e fazer
compreender o conceito de nascituro, mas não só, pois queriam entender todo o que
envolve este conceito, tal como os seus direitos, as condições da sua existência, se estes
têm direito a indeminizações caso os seus direitos sejam colocados em causa, entre outras
preocupações inerentes a este termo.
Assim, sobre este tema Menezes Cordeiro, Pais de Vasconcelos, Carvalho Fernandes e
Mota Pinto pronunciaram-se sobre este tema, tendo tido uma opinião contributiva para
realização deste trabalho, pois ajudaram a entender a importância deste tema, sendo que
este tema influencia outros temas muito comentados na atualidade, como o aborto.
Um dos autores que se debruça sobre o tema dos direitos dos nascituros é Pais de
Vasconcelos que considera a personalidade jurídica é adquirida através do nascimento
completo e com vida, sendo que os seus direitos dependem essencialmente do seu
nascimento. Assim, este conceito também está explícito no art. 66º do CC. Este artigo
explicita com clareza que a personalidade jurídica «adquire-se no momento do nascimento
completo e com vida.», ou seja, exige que haja uma separação da mãe e do seu filho que
consiste no ato de cortar o cordão umbilical. No mesmo artigo dá-nos a informação que os
direitos dos nascituros irão depender do seu nascimento, sendo que o nascituro aqui é
considerado aquele que está para nascer.
1
Art.67º do CC: “As pessoas podem ser sujeitos de quaisquer relações jurídicas, salvo disposição legal em
contrário; nisto consiste a sua capacidade jurídica.”
2
Com efeito, Vasconcelos considera prudente distinguir os nascituros concebidos dos não
concebidos, visto que os primeiros não nasceram, mas já foram concebidos e os outros
ainda não, isto é, apenas foi colocada a hipótese de conceber uma criança, é somente uma
possibilidade para o futuro.
Assim, este considera importante distinguir o termo nascituros, aqueles que foram
concebidos e têm vida, que estão vinculados à sua mãe, mas ainda não nasceram. Esta
situação não é ilimitada, visto que os nascituros não podem manter-se assim mais do que o
tempo que se espera de uma gravidez (em média os 9 meses de gestação). Existe a
possibilidade que estes possam morrer antes ou depois do parto. Nascituros não devem ser
confundido com os concepturos, estes últimos são aqueles que ainda não foram
concebidos. Estes consideram-se meramente expectativas para o futuro. Apesar de não ser
considerado um nascituro a lei prevê alguns dispostos para aqueles cuja expetativa de
conceção já existe.
Este julga que o concepturo não tem qualquer tipo de direito, pois ainda não foi concebido.
Enquanto que quando é concebido, passa a ter condição de ser humano no momento da sua
conceção.
O nascimento do recém-nascido tem uma importância mais singular com a sociedade, uma
vez que até ao nascimento relacionava-se exclusivamente de forma direta com a sua mãe.
O autor diz mesmo que «O nascimento significa o ingresso da pessoa na polis.» (Pais
Vasconcelos, 2019, página (p.) 65).
Apesar da relação exclusiva com a sua mãe a priori do seu nascimento, o nascituro não é
considerado apenas uma extensão da progenitora, este tem direitos e personalidade
jurídica. Segundo o autor o nascituro «Não é uma coisa.», mas é sim «(…) pessoa
jurídica.» (Pais de Vasconcelos, 2019, p. 65 e 66).
Este menciona alguns dispostos presentes na lei com elevada importância sobre a matéria
dos nascituros, utilizando os mesmos para sustentar a sua teoria acerca deste tema, ou seja,
considera que os artigos comprovam que os nascituros são pessoas e não meras coisas.
Assim, menciona o art. 952º do CC que expressa que os nascituros têm a possibilidade de
adquirir por doações mesmo antes do seu nascimento, sendo que o doador tem o usufruto
dos bens até ao nascimento do beneficiário. No art. 2033º, número (nº) 1 do CC é
considerado que todas as pessoas nascidas ou concebidas ao tempo da abertura da sucessão
possuem capacidade sucessória. No art. 1878º do CC transmite que os pais têm a
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capacidade de assegurar a representação legal dos seus filhos, ainda que sejam nascituros.
E também o art. 2240º, nº2 do CC atribui o poder de administrar a herança do nascituro a
quem geria os bens do mesmo caso este já tivesse nascido.
Com efeito, o autor apresenta uma relutância em relação ao art. 66º do CC. Este considera
que o disposto tem falhas na sua conceção, uma vez que parece visar mais propriamente a
capacidade de gozo do que a personalidade jurídica. Deste ponto de vista, da capacidade de
gozo, assim, o art. 66º do CC já corrobora com os artigos anteriormente mencionados.
Os vários autores que abordam o tema apresentam variados pontos de vista. Mota Pinto,
começa por nos dar a noção de personalidade jurídica e esta é tida «como a aptidão paras
ser titular autónomo de relações jurídicas.» (Mota Pinto, 2005, p.201).
O autor utiliza o art. 66º do CC para dizer que a personalidade jurídica se adquire aquando
do nascimento completo e com vida. Este nascimento completo e com vida é separação
total do recém-nascido com a sua mãe. O disposto da lei não tem em conta como requisito
a viabilidade do recém-nascido para que este adquira personalidade jurídica, «Basta, por
isso, que a criança nasça completamente e com vida, ainda que não seja viável a sua
sobrevivência.» (Mota Pinto, 2005, p.202).
Quanto à condição jurídica dos nascituros, estes têm a possibilidade de receber doações de
outrem, sendo já concebidos ou ainda concepturos, não havendo restrições em relação aos
concebidos.
Mota pinto apresenta o art. 66º, nº2 do CC que «os direitos que a lei reconhece aos
nascituros dependem do seu nascimento». Ao partir deste disposto o autor menciona então
que há problemática em relação aos direitos sem sujeito, uma vez que os nascituros
continuam a ter direitos, contudo estes só se concretizam após o nascimento. Monta pinto
dá ainda o exemplo que os pais poderão ter de indemnizar um filho caso este nasça com
deformações físicas, contudo esta indemnização apenas será viabilizada caso o feto tenha
um nascimento completo e com vida.
Apreciação crítica
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Após procedermos à análise do texto de Pais Vasconcelos observámos que este atribui
personalidade jurídica logo a partir do momento da conceção. Salientamos que o autor
sustenta os seus argumentos da sua tese recorrendo a vários artigos do Código Civil, tendo
colocado mesmo a hipóteses da má formulação do art.66 º do CC, uma vez que, do seu
ponto de vista, contrariava a existência dos artigos que Pais Vasconcelos utilizou na sua
teoria.
Mota Pinto apresenta uma tese diferente, uma vez que considera que o nascituro obtém
personalidade jurídica apenas e somente após o nascimento completo e com vida. É
possível verificar que este, ao contrário de Pais Vasconcelos, está em concordância com o
art.66 º do CC.
Consideramos que a teoria que melhor se adequa ao nosso entendimento desta matéria é a
de Mota Pinto, pois pensamos que a personalidade jurídica apenas pode ser atribuída a um
sujeito que já tenha uma vida independente, isto é, sem a ligação do cordão umbilical com
a sua progenitora. Entendemos que todos os nascituros têm direitos, mesmo antes do seu
nascimento, mas estes direitos só são reconhecidos e garantidos após o nascimento da
criança.
Conclusão
Neste trabalho abordámos o tópico dos direitos dos nascituros, onde mencionámos algumas
das muitas perspetivas existentes sobre este tema, cujos autores abordados foram Pedro
Pais Vasconcelos e Carlos Alberto de Mota Pinto. Após fazermos uma análise às opiniões
5
dos autores fizemos uma apreciação crítica, dando a conhecer quais os tópicos em que
estes teóricos apresentavam pontos de vista distintos, e assim, expusemos a nossa opinião,
segundo o autor com que entrámos mais em concordância.
Consideramos que cumprimos todos os objetivos que inicialmente nos propusemos, visto
que explicitámos todos os conceitos que o termo nascituro comporta e integra, e também
demonstrámos quando é que personalidade jurídica é reconhecida segundo os diferentes
pontos de vista de forma clara e objetiva.
Este trabalho foi bastante importante para complementar os nossos conhecimentos acerca
deste tema já mencionado noutras disciplinas de forma a formularmos uma opinião mais
fundamentada sobre este tópico. Por último, aperfeiçoámos as nossas competências de
investigação, seleção e organização de informação, de forma a torná-la consistente e
concreta.
Referências bibliográficas
Mota, C.A. (2005). Teoria Geral do Direito Civil (4º edição). Coimbra: Coimbra Editora.
Vasconcelos, P.P. (2019). Teoria Geral do Direito Civil (9º edição). Coimbra: Almedina.