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Os múltiplos sentidos da palavra direito dependem da época e do contexto, assim como em outros casos lexicais.
1) O direito é algo, de alguma forma e em alguma medida, justo, ou seja, onde se pode encontrar justiça
2) O direito é algo que alguém tem (direito de alguém a algo); é um ente inteligível, ou seja, não é
palpável; direito subjetivo
3) O direito é um conjunto de normas e regras que, estabelecidas de alguma forma por alguém,
organizam politicamente determinada sociedade em certa época, além de regulara a vida dos
indivíduos em diversos âmbitos e aspectos; direito objetivo
4) O direito é um tipo de sabedoria prática em que há algum tipo de arte
GRUPO 1
- Padre Antônio Vieira (1644, “Sermão de São Pedro”) → “O perdoar pecados consiste formalmente em
Deus ceder do jus e o direito que a sua justiça tem para os castigar [pecadores]”
- Padre Rafael Bluteau (primeiro dicionário da língua portuguesa) → jus = palavra latina, às vezes utilizada
no português (“não quero perder meu jus”); vide “direito”
- Antônio de Moraes Silva (1789) → jus = substantivo masculino do latim “jus”, “juris” (“j” e “v” aparecem
no latim apenas no séc. XVI, a partir do humanista fr. Petros Ramus), direito
jus = nominativo/juris = genitivo
- Código Civil Brasileiro → Art. 506. Se o comprador se recusar a receber as quantias a que faz jus, o
vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente.
- Luís Vaz de Camões (“Os Lusíadas”, Canto VI, XXVII, 1 a 4) → “Príncipe, que de juro senhoreias,/ De Um
Pólo ao outro Pólo, o mar irado,/ Tu, que as gentes da Terra toda enfreias (...)”
de juro = substantivo masculino; jus, juris; origem genitiva; “com justiça”; “com razão”
“domínio conforme a partilha” → direito objetivo
GRUPO 2
→ Art. 5º (direitos e garantias fundamentais). Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
(...)
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
→ Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição.
→ Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social.
→ Art. 9º. É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
GRUPO 3
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
→ Art. 24, CF: Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
§ 2º - A competência da União (Brasil = formado pela união indissolúvel dos estados + municípios +
DF) para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
GRUPO 4
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No GRUPO 1, jus, jure e direito aparentam ser sinônimos; há uma sobreposição semântica
- jus e direito como atributos da justiça divina; há a evocação da ideia de justiça (Padre Vieira = justiça divina)
- de juro = com justiça
- direito = jus (metonímia)
- justiça = justiciae (latim); justo: justus/justa/justum (latim)
- Em Camões, “de juro” aparece com o sentido de direito objetivo, se referindo à partilha mitológica do mundo
(Zeus/Poseidon/Hades)
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No GRUPO 2 (textos constitucionais), direito aparenta ser algo possuído pelo indivíduo (“o direito de alguém a
algo”). É um ente inteligível e classificado como direito subjetivo.
- O texto de Bluteau apresenta um exemplo de direito subjetivo, uma vez que é clara a posse do “jus” pelo
indivíduo
- O uso de “juro” como sinônimo de direito é um arcaísmo, ao contrário de “jus”, uma vez que este quase sempre
indica o direito como subjetivo (especifica/qualifica o direito)
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- É um direito objetivo, nesse caso. É classificado como ente sensível. Outro exemplo é o trecho de “Os Lusíadas”
do GRUPO 1, no qual o termo “de juro” aparece como o direito da partilha do mundo da mitologia grega (de juro
= “conforme os termos da partilha”)
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No GRUPO 4, “direito” não apresenta sentido similar ao dos outros grupos. O sentido, nesse caso, é o campo de
conhecimento humano que pode ser estudado e apreendido por alguém, de forma que tal alguém venha a
conhecer esse campo.
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O direito se aproxima mais da arte do que da ciência. Mas, sobretudo, é mais próximo da prudência
(“jurisprudência”)
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São Tomas de Aquino e as quatro virtudes:
Prudência: “aptidão da regra prática;
- justiça
capacidade para deliberar se, quando,
- prudência → “causa, medida e forma” (a mais importante das virtudes) onde, para que, por que e, sobretudo,
- fortaleza como agir” → exige conhecimento e
- temperança razão
passado memória
CONHECIMENTO
novas
hipóteses/conjecturas
presente inteligência obtida por
estudo
1) razão precaução
aplicação do 2) razão circunspecção
conhecimento à ação
RAZÃO (razão que pondera, avalia
(avalia a adequação dos
meios aos fins) todas as situações presentes)
3) razão providência
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NORMATIVIDADE, PROPOSIÇÃO, TIPOS DE DISCURSO E PRESCRIÇÕES
O discurso jurídico não pode ser reduzido ao discurso científico e, portanto, o direito
se afasta da ciência e se aproxima da prudentia.
Para Kant, o direito é um conjunto de prescrições heterônomas do legislador externo; a moral, por sua vez,
é um conjunto de prescrições autônomas do legislador jurídico interno de todos nós (a razão prática)
No entanto, tais determinações não são únicas. A moral é heterônoma no aspecto religioso (mandamentos
religiosos). No direito, há prescrições autônomas, como a esfera de autonomia privada e os contratos
(norma de conduta que depende da vontade das partes que se submetem a tal regra).
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OS TEMAS DO DIREITO PRIVADO
Relação de interesse entre dois entes: um que experimenta uma necessidade e outro que, em tese, satisfaz
a necessidade
Grandes temas do Direito Privado: pessoas, bens, negócios jurídicos
A pessoa humana é suficientemente digna para dar normas a ela mesma (também é apta para tal)
Proibição (C) = Obrigação (obrigação: norma estabelecida para/com outra pessoa) (não-C)
Ordem (C) = Obrigação (C)
1) Obrigação X-Y (C): obrigação de X para com Y em relação ao tema C, em que C descreve o ato/tema.
2) Pretensão Y-X (C): Y tem a liberdade/faculdade que a pessoa X pratique o ato C, se não houver a
prática de C, pode haver a imposição em juízo (há consequência jurídica pelo não cumprimento do ato
C). O titular da pretensão pode dispor sobre ela.
3) Permissão X-Y (C) = Não-Proibição X-Y (C) [não há a proibição de C] = Não-Obrigação [não há a
obrigação em omitir o ato C]; permissão = ausência de proibição e da obrigação da omissão
Liberdade (C) = Faculdade (C) = [dupla ausência de proibição e ordem] = não proibição (C) ∧ não
ordem (C)
Liberdade (C) = não obrigação (não-C) ∧ não obrigação (C) [liberdade é a não obrigação da omissão e
da prática de C]
O ato jurídico é o ato mediante o qual a pessoa capacitada denuncia a violação da norma jurídica.
No campo do direito privado, é nomeado declaração dispositiva ou negócio privado, o processo de
criação da norma jurídica enunciativa
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As normas de competência devem:
a) Identificar a pessoa a qual a ação se identifica (X) [competência pessoal]
b) Quem está sujeito a ação jurídica de competência de X (Y) [competência material]
c) Identificar o campo possível de produção de efeito (F) [competência procedimental]
- quais os atos anteriores à enunciação do ato
Imunidade = ausência de sujeição (todos são imunes àquelas que não tem competência
[incompetência = correlativo da imunidade] sobre a pessoa)
Direito subjetivo: totalidade articulada de modalidades lógicas normativas, com predomínio das
normas ativas
Dever: totalidade estruturada lógica e articuladamente com predomínio das normas jurídicas
passivas
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ALGUNS CONCEITOS LÓGICOS APLICADOS AO DIREITO
f = antecedente
q = consequente M. Tollens (negação)
f q fq
f q → enunciado
Silogismo: raciocínio composto de duas verdadeiro
V V V
premissas (maior e menor) e a conclusão q → conseq. falso
f → antec. falso
V F F
Silogismo hipotético-condicional
f q (1) → hipotética/condicional
F V V f (2) → categórica
f (3)
F F V
Norma jurídica geral: o antecedente não é singular, mas um evento tipo; o contexto e as
circunstâncias são diversas
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O DIREITO COMO FENÔMENO CULTURAL E LINGUÍSTICO
1) Crocodilo é polissílabo
2) Crocodilo é réptil
3) Um crocodilo me mordeu
1) crocodilo é polissílabo
2) crocodilo é réptil
3) um crocodilo me mordeu
- Uma só disposição pode expressar várias normas (Art. 5º trata de vários incisos)
- Muitas disposiçõessão ambíguas, logo, admitem várias normas disjuntivas/conflitantes, em
virtude das múltiplas interpretações possíveis (Art. 5º indica que “todos são iguais perante a lei,
brasileiros ou estrangeiros residentes no país, sem distinção de qualquer natureza [...]”; o
estrangeiro não-residente [“é possível violar o direito à vida de um estrangeiro não residente no
país?”], que está de passagem, entra nos termos do Art.5º?)
- Disposições sinônimas (em todo ou parte): váriasdisposições indicam a mesma norma (um
único conteúdo normativo)
1) CF: Art. 5º, inciso XXXIX – Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
2) CP: Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem comutação legal.
1) CF: Art. 1º Homens e mulheres são iguais em direitos e deveres (...) nos termos da Constituição [a igualdade
não é apenas tratar igualmente os iguais, mas também tratas desigualmente os desiguais na medida da
desigualdade].
2) CC: Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
Preâmbulo da Constituição: “nós, representantes do povo brasileiro [...] promulgamos, sob a proteção de Deus,
[...]”→ sem valor normativo; indubitavelmente, pela formação do país, o país e a sociedade são de tradição
judaico-cristã
- Norma fragmentada: discurso normativo não prescritivo (não pertence à lógica deôntica);
definição de algo
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- Norma fraca: tem sentido normativo que remete diretamente (em si mesma) a outras normas (Art
1º da Constituição Federal: “homens e mulheres são iguais nos seguintes termos da Constituição)
- Normas jurídicas sem disposições legislativas: os significados não podem ser extraídos do
discurso legislativo (artigos de fontes consuetudinária* e normas implícitas/não expressas**)
**Normas que podem ser inferidas a partir de normas explícitas por meio de raciocínios válidos (decorre de uma
norma)
1) Podem ser inferidas a partir de normas explícitas por raciocínios válidos (não decorre de uma norma)
2) Podem ser inferidas a partir de argumentos retóricos/persuasivos (ex.: analogia); princípios gerais do direito
(razoabilidade, proteção a parte menos favorecida, proporcionalidade, etc.)
Todo discurso jurídico é um discurso normativo, mas o contrário não é verdadeiro. Qual é, portanto, o traço
característico do discurso jurídico?
Desafio Kelsiano:
Lei 1061/50: qualquer pessoa que se declarar pobre tem isenção de todas as despesas judiciais. No entanto, se o
juiz que há razões fundadas para anular o pedido, ele tem autorização para isso.
1) Métodos
a. Gramatical (linguagem), lógica (se não há contradição, etc) e sistemática (texto comparado com outras
normas; hierarquia) → apenas textual
b. Histórica, sociológica (análise atual) e evolutiva (mutabilidade do contexto faz a norma se adaptar;
contextual) → fático
c. Teleológica (análise da finalidade da lei) e axiológica (análise dos valores da lei) → propósitos, valores e
finalidades
2) Tipos
→ Integração: o sistema jurídico não pode apresentar lacunas (falhas) nem antinomias (contradições
normativas); caso ocorram, devem ser usadas
a) Analogia
- Legis: observa-se uma lei com princípio similar
- Iuris (indução amplificadora): extrai-se um conceito legal particular, aplica-se no geral e novamente no
particular geral
b) Costumes: podem ser reiterados de um tribunal (jurisprudência) dados costumes para que estes se
tornem resolutivos
c) Princípios gerais de direito: ideias que definem o direito; ideias que permeiam todos os direitos, não
sendo extraídos apenas de UMA regra
d) Equidade: intuição do juiz para resolver o caso concreto e que deve ser baseada em aspectos reais
- Limites da integração:
1) Tipicidade fechada: limita a analogia a dados casos
2) Ius singulare: as exceções não podem ser ampliadas; exceção restritiva
3) Não generalização: algumas leis não podem ser generalizadas
A presença exclusiva do texto normativo não serve de nada, pois é necessário entende-la e aplica-la. É
preciso transformar a ||norma|| em norma
Hermenêutica: vem do deus grego Hermes, que interpretava as normas dos deuses e as repassava de
forma Inteligível aos mortais
Definição ↔ Interpretação
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DEFINIÇÃO: pode ser usada para referir-se à atividade de significação (determinar significado) de um
termo ou sintagma ou ao resultado da atividade (definição produto); o produto é um enunciado
definitório, em que se define o significado de termo/sintagma
Sintagma = unidade semântica resultante da ligação ou aglutinação de dois ou mais termos
(estrutura composta)
Termo = unidade semântica simples
Dentro da linguagem jurídica, há tanto termos simples (casamento, divórcio) como sintagmas
(aviso prévio, justa causa, férias proporcionais, boa fé, parente em linha reta [pai e filho], parente
em linha colateral [irmãos])
Se a definição atividade leva a definição produto, este é apenas um enunciado linguístico. A
mesma palavra (definição) apresenta polissemia.
Definições lexicais informativas descrevem que modo(s) o termo ou sintagma é efetivamente
usado por alguém (geralmente, uma comunidade linguística). A descrição de algo é, também, a
descrição de comportamento linguístico de alguém por algo. E, por conta disso, assume em papel
de enunciados factuais (por serem factuais, podem ser veredadeiros ou falsos; ex.: o adjetivo
“majestoso”, na língua portuguesa, aparenta ser impróprio para caracterizar o substantivo
“minhoca”, ao contrário dos substantivos “leoa” ou “tigresa”), enunciados descritivos ou
enunciados de fato.
“Na comunidade linguística X, o termo Y pode ser usado dos modos 1, 2 e 3. Se o uso for diferente
desses (ex.: 7), ele é equivocado ou falso)”
Redefinições: grande parte dos termos e dos sintagmas têm significados imprecisos (ambíguas e
vagas). A ambiguidade é relativa à compreensão ou conotação do termo/sintagma (atribuição dos
aspectos que justificam a atribuição daquele termo/sintagma)
A vaguidade de termo ou sintagma diz respeito à sua extensão/denotação (ex.: o rio
Amazonas pode ser encaixado na categoria de córrego?) (identificação dos entes que podem
ser associados a um nome).
Vaguidade/ambiguidade = deficiências (ex.: um homem de 1,75m é alto? E um de 1,20m? E
um de 2,10m?) de todas as línguas naturais
A definição lexical dos termos/sintagmas depende do contexto de uso e histórico (ex.: sacana →
aquele que mantém relações incestuosas com a própria mãe), além da comunidade linguísticas
Definição estipuladora → propositiva, definidora do sentido em dado contexto (“definição
decisória”); pode ser útil/inútil, pertinente/impertinente
Interpretação-apuração: enunciados do discurso descritivos (factuais), é usada para obter os
sentidos possíveis para um dado termo
Interpretação-decisão: definitória, usada para determinar um sentido específico para um
enunciado normativo
Todo e qualquer enunciado jurídico em língua natural apresentará ambiguidade e/ou vaguidade. Supondo
que uma norma seja vaga, ela terá os significados S1, S2, S3.
1. O intérprete atribui à norma um dos significados catalogados (interpretação ≈ redefinição) e, dali
em diante, a norma sempre terá, no caso analisado, aquele sentido.
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2. O intérprete pode atribuir à disposição legislativa um significado distinto dos apresentados (S4).
Aqui, a interpretação não consiste mais em apurar o significado, mas sim em criar um novo significado,
resguardadas as devidas restrições.
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A PERSONALIDADE JURÍDICA E A CAPACIDADE NO DIREITO CIVIL
O ser humano é a origem e o destino das ordens jurídicas. Nesse sentido, o autor e o destinatário das
modalidades normativas são:
ENTIDADES ABSTRATAS CRIADAS PELO HOMEM = PESSOA JURÍDICA (são criadas por analogia)
Ente criado por lei para facilitar a atuação humana em certas relações. A lei empresta-lhe
personalidade, capacitando-o para ser sujeito de direitos e obrigações.
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Incapacidade → determinada pelos artigos 3º e 4º do Código Civil
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Legitimidade
- Capacidade de exercício (aptidão para exercer um determinado tipo de ato) ≠ legitimidade (aptidão para
exercer um determinado ato; analisa o tipo de ato, contexto e circunstância)
- É um tipo de capacidade muito mais pormenorizada
- A pessoa pode ser capaz, mas não ter legitimidade jurídica para exercer o ato
Ex.: Art. 42, §1º, Lei 8069/90: ECA (não se pode adotar os ascendentes e os irmãos do adotando)
A ordem jurídica pode criar impedimentos para que uma pessoa não exerça um ato jurídico determinado
Tanto as pessoas naturais como as jurídicas podem ser atores ou autores (teatro jurídico). É possível que os
autores sejam também atores, simultaneamente.
necessidade de alguém
que seja capaz para
representante Zelador/orientador/auxiliar
executar as funções
(= representação) (≈ coadjuvação)
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Início da personalidade civil (Art. 2º, CC)
- Nascimento com vida* (direitos do nascituro)
- Nascituro = ser em gestação
- Similaridade ao BVB
Art. 2o. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção,
os direitos do nascituro.
Incapacidades de exercício
O tratamento definido por um “tomo” na dicotomia é inverso ao dado pelo outro “tomo”
a) Incapacidade de exercício absoluta
- Inaptidão total para alguém exercer por si só as posições jurídicas de que é titular. Não é a
falta da personalidade, mas da capacidade de exercício.
- Ausência de competência ou autonomia privada
Ex.: compra e venda (o comprador se compromete a pagar e o vendedor se compromete a
transformar o comprador em dono da coisa vendida) [Art. 481 do CC]
- No direito romano-germânico, o contrato de compra e venda da propriedade não significa a
transferência da propriedade; esta só ocorrerá depois do cumprimento da dupla obrigação do
Art. 481 (oposto aos países de tradição francesa do Direito)
- Incapacidade da pessoa física de exercer posições jurídicas, sobretudo as ativas (inaptidão
total)
Implica a nomeação de um substituto, por meio da representação legal (ou legislativa)
→ o juiz determina o representante legal
Pode ser legal, voluntária ou negocial
Ex.: procuração (alguém atribui a outrem a capacidade legal) → Arts. 115 a 120 do CC
- Se o absolutamente incapaz exerce sua autonomia privada, há uma ocorrência grave; a ordem
jurídica visa proteger o interesse do substituído e logo, vê-se necessário invalidar os efeitos do
ato feito de forma independente (uma vez que o ato podia prejudicar o absolutamente incapaz)
[Art. 166, I, do CC]
- Absolutamente incapazes (Art. 3º, CC):
a. Menores de 16 anos (titulares = pais [pai + mãe]; dupla titularidade necessária do poder
familiar); no caso de ausência de concordância, o juiz é o responsável pela decisão (pai
ou mãe; se ambas forem inadequadas, o juiz escolhe uma terceira decisão)
- O juiz pode subtrair dos pais o poder familiar (temporário ou cassar definitivamente).
Nesse caso, assim como em outros que envolvem ausência dos pais, o juiz determina
um tutor; a relação de tutela é de competência (tutor) e sujeição
(menor/pupilo/tutelado)
- Em todos os demais casos, o substituto é o curador (relação de curatela)
A diferença básica entre curador e tutor é a causa: quando a incapacidade é gerada pela idade,
necessita-se da tutela; quando a capacidade é gerada por qualquer outro fator, tem-se a curatela
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b. Enfermos ou deficiência mental sem o necessário discernimento (sentença vaga e
ambígua)
- Depende da interpretação judicial
- Reconhecimento da incapacidade: processo de interdição (Art. 1768 a 1773, CC [tutela
e curatela, 1728 a 1783, CC]) + (Art. 1177 a 1188, CPC [Preocupação do CPC porque a
interdição é um processo judicial e, logo, é regido pelas regras processuais])
Possibilidade legal da pessoa ter a capacidade plena de exercício apesar da menoridade física (↓ 18
anos)
1) Concessão dos pais, mediante instrumento público
2) Casamento
Art. 5º
3) Exercício de emprego público efetivo (emancipação)
4) Colação de grau em ensino superior
5) Estabelecimento de relação de emprego (economia própria)
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o “Aquisição da capacidade civil [plena] antes da maioridade legal” (Clovis Bevilacqua)
o Salvo nos incisos I a V do Código Civil, a emancipação só é garantida mediante a atuação do
legislador
Ex.: um menor de 18 anos se casa e, depois, ainda antes de completar 18 anos, tem o
casamento desfeito. Ele perde a capacidade (a capacidade plena é obtida pelo “casar” ou
“estar casado”?) plena ou não?
* Casamento putativo: apesar de nulo, se ambos os cônjuges estiverem de boa fé, alguns
efeitos podem ser mantidos
o Inciso V: o dinheiro ganho deve ser suficiente para manter o nível socioeconômico da pessoa e
garantir sua estabilidade
O término da personalidade civil se dá, via de regra, pela morte do indivíduo (Art. 6º e 7º, CC)
O crime de aborto só é permitido por lei em três circunstâncias: risco iminente à saúde da mulher,
estupro e feto anencéfalo
Existência de crimes contra o cadáver (vilipêndio)
Transmissão aos sucessores do morto das posições jurídicas ativas e passivas do morto até o
momento de sua morte, com exceção das intimamente ligadas a ele (personalíssimas [Direito das
sucessões mortis causa], como o matrimônio)
Art. 11, CC: com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis
(se encerram com a morte do titular), como os direitos morais de autor
Momento da morte: término dos batimentos cardíacos, ausência da contração pupilar e cessão da
respiração pulmonar
A vida da pessoa humana é dependente da atividade cerebral e, logo, a morte cerebral simboliza a
morte do indivíduo
Lei 9434/97 (Art. 3º): cuida da remoção de órgãos para fins de transplante e tratamento → a retirada
post mortem deverá ser precedida de diagnóstico de morte cerebral registrada por dois médicos não
participantes da equipe de remoção e nem de transplante mediante a utilização de critérios clínicos e
tecnológicos previstos no CFM.
A morte não ocorre em um momento único e bem determinado (assim como o nascimento); ela
depende de vários acontecimentos interligados entre si, que conspiram com a respiração inicial (no
nascimento) ou a morte cerebral (na morte)
1. Prolongamento da “vida” humana (respiração por aparelhos), em casos de morte cerebral, não
implica na existência de vida para o direito
2. Desenvolvimento dos transplantes (tecidos e órgãos) que permitem prolongar a vida
[1 e 2 são as justificativas para a importância da morte cerebral como limitadora da morte]
Necessidade civil-jurídica de registro do nascimento/morte em livro cartorial apropriado
Possibilidade jurídica de declaração de morte por sentença judicial (ex.: desaparecimento [Nesse
caso, há processo de justificação, Arts. 861 a 866, Código de Processo Civil] de pessoas em
catástrofes)
Ausência: palavra vaga e ambígua. No Art. 215, § 1º, CPC, tem o sentido de “não presença de alguém
em seu domicílio”. No Art. 428º, II e III, CC, ausente é aquele que não está na frente de outra pessoa.
Para a morte presumida, o sentido de ausência se encontra no Art. 22, CC, na forma da
conjugação de requisitos (conjunto de “e”s e não de “ou”s). São 4 requisitos cumulativos:
1. Não presença
2. Falta de notícias de alguém
3. Falta de representante ou procurador designada por essa pessoa
4. Decisão judicial reconhece os três primeiros requisitos (qualificando, portanto, a pessoa
como ausente)
- Ausência é um status obtido mediante decisão judicial
- Designação de um curador para resguardar os bens do ausente, uma vez que pode findar
a ausência (ainda que, conforme passa o tempo, aumenta-se paulatinamente a
probabilidade de morte) → proteger o ausente
Fases de ausência (Arts. 22 a 39, CC) (de acordo com a menor probabilidade de reaparecer)
1) Curadoria dos bens do ausente: os bens são administrados pelo curador
2) Sucessão provisória: os bens começam a ser repassados aos herdeiros, em caráter provisório
3) Sucessão definitiva: os bens são atribuídos definitivamente aos herdeiros
Morte presumida com prévia ausência: casos em que há sucessão definitiva
Morte presumida sem prévia ausência: independe da ausência, por conta da elevada
probabilidade de morte (disposto no Art. 7º, CC)
Significado do Art. 8º condicionado à ideia de que as mortes devem ser ligadas por vínculo
sucessório (implícita no texto)
Pode-se determinar que o antecedente do Art. 8º é “a morte de duas/mais pessoas ligadas
sucessoriamente sem que se possa determinar quem morreu antes”, enquanto o consequente é
a “simultaneidade das normas”
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PESSOA JURÍDICA
Há certos propósitos que o ser humano busca que duram mais que a vida humana
(propósitos permanentes). Outros estão acima das possibilidades do ser humano
(físicas/intelectuais).
No âmbito das possibilidades materiais, encontramos os recursos financeiros de alguém (o
custo pode exceder a riqueza); nesse sentido, percebe-se a necessidade da congregação das
pessoas para garantir o sucesso de um objetivo.
A família nada mais é do que a congregação de pessoas que visam atingir um fim comum que nenhum
indivíduo sozinho seria capaz de alcançar; observa-se a divisão das tarefas desde esse cenário, fato que
seria repetido em organizações antropológicas mais complexas (tribos, clãs). A congregação dos
esforços seria o embrião das sociedades antigas (polis, civitas)
Objetivo dessas congregações: proteção contra o inimigo externo através da união das
habilidades individuais; consequência fundamental: início da cultura humana, inicialmente
alimentícia (agricultura) e posteriormente da escrita e da arte.
Observa-se que nem toda a congregação de pessoas é socialmente útil, pois são combatidas
pela justiça (ex.: organizações criminosas); outras são úteis, sendo protegidas pelo direito
(tutela jurídica do interesse social da congregação)
Na Idade Média, era notável a importância social das guildas e das corporações de ofício como formas
de sustentar a sociedade; eram, portanto, tuteladas pelo “Estado”.
A congregação de pessoas naturais (ente) que apresenta finalidade útil para a comunidade e
é estruturada pode ser aproximada, por analogia, de um outro ente que tem competência
jurídica para agir (como ator e autor)
Estrutura ↔ função; é pela estrutura de algo que se pode cumprir/desempenhar a
função para a qual o “algo” é concebido (a estrutura da chave de fenda permite que
ela atarrache o parafuso)
Nas congregações, a ordem jurídica pode aproximar a estrutura socialmente útil das
mesmas (quando lícitas) da maneira com a qual se desempenham as funções pelas
pessoas naturais (reconhece-se a aptidão para ser ator e autor jurídico); as
congregações socialmente relevantes, portanto, detêm o atributo da personalidade
jurídica
Não há equiparação total ou igualdade total entre as pessoas naturais e as jurídicas; há
apenas UMA semelhança, UMA aproximação analógica entre elas
A ordem jurídica tem sua origem e destino nas pessoas humanas. Nesse sentido, a atribuição
de personalidade jurídica a pessoas jurídicas (Art 52, CC: aplica-se às pessoas jurídicas, no que
couber, a proteção dos direitos da personalidade) significa apenas a atribuição do status
jurídico, e não a atribuição de traços peculiares do ser humano; não faz sentido a atribuição
de certos “direitos da personalidade; outros, no entanto, são plausíveis pela semelhança com
as pessoas naturais (ex.: direito à honra)
Há ordens jurídicas (passado e presente) que outorgaram a personalidade jurídica a
entes não-humanos; outros não atribuíram a personalidade a seres humanos (ex.:
escravos). Nesse sentido, é evidenciada a liberdade da ordem jurídica na atribuição da
personalidade jurídica (ideia de que a personalidade jurídica é a cor com a qual se
pinta um ente e a ordem jurídica é quem decide a cor do desenho)
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pessoa jurídica como um ente inteligível mas não necessariamente sensível, em
contraposição às pessoas naturais
Ex.: Não se almoça com uma pessoa jurídica, mas é plenamente possível que
uma pessoa jurídica pague nosso almoço
Os entes inteligíveis não existem no mundo sensível e físico, mas são possíveis de
existir em outros mundos (os mundos possíveis; ex.: Harry Potter e Hamlet existem no
mundo da literatura). Sendo assim, para o mundo do direito, tais entes existem, pois
são dotados da personalidade jurídica.
O uso do termo “representante” é incorreto para a pessoa jurídica, pois ele depreende
que tal pessoa é absolutamente incapaz. Pontes de Miranda, nesse sentido, propõe o
uso do neologismo “presentante”, ou seja, alguém que torna presente a pessoa
jurídica.
Há uma cisão quase total entre a pessoa jurídica e os membros congregados da pessoa jurídica
(sobretudo quanto ao patrimônio)
Esfera jurídica individual: conjunto das relações lógico-deônticas ativas e passivas de
que alguém é titular. Estão inseridos aqui os bens extrapatrimoniais (inalienáveis)
Esfera jurídica da pessoa jurídica: os patrimônios são alienáveis e constituem a base
da esfera jurídica
Art. 50, CC: o juiz pode requerir, a pedido da parte, que os efeitos de certas relações de
obrigações se estendam aos bens individuais dos sócios da empresa (em caso de dano
patrimonial)
“disregarding the corporative value” + “lifting the corporative alue” = regras da common law para a
desconsideração da personalidade jurídica da pessoa jurídica
Pessoas jurídicas de direito público: objetivam o interesse público, com atuação na área pública
Pessoas jurídicas de direito privado (Importância: gera vários empregos e capital para o mercado):
objetiva o interesse privado, com predomínio de atuação na esfera particular
b) Externo (fora do território soberano brasileiro): todos os demais Estados estrangeiros reconhecidos
pelo Brasil e entidades qualificadas como pessoa jurídica pelo Direito Internacional Público (ONU, OEA,
UE)
* A qualificação do Brasil enquanto pessoa jurídica de Direito Público externo depende do direito
particular de cada Estado, logo, não há chancela pelo Código Civil Brasileiro
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PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO
Sindicatos, associações (clubes e agremiações recreativas ou esportivas), fundações (em sua maior
parte são privadas, uma minoria sui generis é pública)
Fundação = patrimônio a serviço de uma finalidade
ONGs: não visam o acúmulo de bens e riquezas e atuam no ramo público; são, também,
consideradas pessoas jurídicas, mas não empresariais (sem atividade econômica); são consideradas
associações
Art. 966 (caput): regulamentação do empresário e de sua “função” (circular riquezas ou serviços);
por conseguinte, é a base do Direito Comercial/Empresarial
Direito Privado = predominantemente formado pelo Direito Civil + Direito Comercial
A constituição da pessoa de direito privado se dá por meio de um negócio jurídico constituído por
uma (EIRELI [Empresa Individual de Responsabilidade Limitada]) ou mais (congregação) pessoas
naturais
A declaração jurídico-negocial (declaração de vontade) compõe, exatamente, o ato de vontade e
de autonomia privada chamado negócio jurídico (ex.: Art. 48, CC)
24
Dados relevantes da pessoa jurídica de direito privado (Art. 44 e 46): denominação e finalidade da
pessoa jurídica (sendo a finalidade fundamental para determinar a legalidade da pessoa jurídica;
quanto a denominação, é errônea a denominação “sociedade anônima”, uma vez que toda sociedade
precisa ter um nome e os sócios devem, por lei, ser explicitados), além disso, regula sobre o papel
dos membros quanto à responsabilidade das dívidas
O ato jurídico constitutivo deve reger, por fim, as hipóteses de extinção da pessoa jurídica
e o que fazer com o patrimônio residual da mesma
É competência do Estado a autorização da criação da pessoa jurídica que, por algum
motivo, desempenha atividade não-ilícita que pode trazer preocupação ao Estado (a análise disso
dá-se a partir da finalidade)
O registro público competente é o registro civil das pessoas jurídicas; no caso das pessoas jurídicas de
direito empresarial, o registro competente é o registro público de empresas mercantis e atividades
afuns (Lei 8934/94). Tal registro deve apresentar os dados apontados no Art. 46 e, portanto, o próprio
ato constitutivo é o responsável por apontar os dados necessários (os dados devem constar no ato, no
momento do registro)
Devem ser averbadas no registro todas as alterações por quais passar o ato constitutivo (Art.
45)
Art. 47, CC: “os atos dos administradores, nos limites de seus poderes, obrigam a pessoa
jurídica”; ou seja, todo ato de um dos agentes implica em obrigação para a pessoa jurídica
Previsão de uma certa disposição dos órgãos da pessoa jurídica com as respectivas atribuições:
organograma
“A Constituição do Estado delimita, no Estado, quem são os alguéns que preenchem certas funções
essências, assim como a forma de escolha” (Ato jurídico de constituição da pessoa jurídica)
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Os agentes legais da pessoa jurídica não são representantes de alguém e nem absolutamente
incapazes de exercício, e, nesse sentido, é incorreto nomeá-lo representante (Pontes de Miranda
prefere o termo presentante)
* Os agentes públicos apresentam dificuldade de separação de seu círculo público e privado; nesse
sentido, no âmbito dos direitos da personalidade, esse círculo de proteção é bastante reduzido
As obrigações da pessoa jurídica são adquiridas através dos atos de seus administradores (todas as
posições jurídicas lógico-deônticas são adquiridas, na verdade)
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento,
ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
§ 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução.
§ 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas
jurídicas de direito privado.
§ 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.
O fim da pessoa jurídica pode se dar por diversos fins. Destaca-se primeiro a mudança na legalidade
da finalidade da pessoa jurídica, como no caso a produção de ópio no século XIX. Outro motivo é a
falta de membros suficiente para execução das funções da falta de capital.
A dissolução, inicialmente, dá-se pela abertura do processo de cassação, no qual cancelam-se as
atividades da pessoa jurídica e é iniciada a esfacelação das relações ativas.
Posteriormente, ocorre a liquidação, pela eliminação das relações passivas lógico-deônticas e, com
os recursos financeiros obtidos previamente (extinção das relações ativas), saldam-se as dívidas.
Efetivamente, é aqui que se liquidam as relações ativas (fim da relação ativa → $$ → saldar
obrigações)
Finalmente, averba-se o cancelamento do registro público no órgão competente. A partir da
retirada da inscrição do registro público, há o fim oficial da pessoa jurídica (a pessoa jurídica só
“morre” com o fim do registro)
Para o processo de liquidação das sociedades, aplica-se o disposto nos artigos 655 a 674 (antigo
CPC)
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SOCIEDADE x ASSOCIAÇÃO
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não
econômicos.
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para
a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da
profissão constituir elemento de empresa.
A sociedade objetiva a maximização dos lucros (ou minimização dos prejuízos) enquanto fim último.
A constituição da atividade empresarial é apenas o meio para se chegar a esse fim. Busca-se o lucro
para partilhá-lo entre os sócios (finalidade lucrativa), ao contrário do ocorrido nas associações.
Permite-se, nas sociedades, a implantação de PLR (Participação nos Lucros e Resultados), ou seja,
há distribuição dos lucros. As associações, por sua vez, atingem os lucros para manter as suas
atividades, sem qualquer distribuição de lucro.
Recapitulando: distinguem-se associações/sociedades de fundações uma vez que estas têm
patrimônio dirigido a uma finalidade (positiva) específica (Art. 60, parágrafo único, CC), com a
pessoa jurídica atribuída ao conglomerado dos bens; associações/sociedades, por sua vez,
apresentam pessoa jurídica do conglomerado de pessoas que a constituem.
Finalidade positiva: fundação e sociedade
Finalidade negativa: associação
Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um
quinto) dos associados o direito de promovê-la.
Nas associações, os associados não apresentam, entre si, direitos e obrigações (ausência de relações
jurídicas lógico-deônticas)
* Em alguns casos, associações são nomeadas como sociedades (ex.: Sociedade Hípica Paulista e
Sociedade Harmonia de Tênis). Logo, não se deve guiar na identificação apenas pelo nome (“O início
da sabedoria está em chamar as coisas pelo nome certo” [provérbio chinês]).
Nas associações, há direitos e deveres recíprocos apenas entre cada associado e a pessoa jurídica da
associação. Na sociedade, essa relação ocorre entre os sócios também.
Esquema de relação interna:
Sociedade Associação
1 2 1 2
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Para as associações, o CC estabelece alguns pontos diferenciados que devem constar em sua criação
(Art. 54)
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:
I - a denominação, os fins e a sede da associação;
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
III - os direitos e deveres dos associados;
IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.
O estatuto deve conter os requisitos e o procedimento para admissão, exclusão (saída por
iniciativa da associação ) e demissão (saída por iniciativa do associado) de um associado
Deve conter os direitos e deveres dos associados (o contrário não é necessário por conta da
reciprocidade das modalidades normativas lógico-deônticas)
A organização (identificação de seus diversos órgãos com atribuição de competência a eles)
deve se pautar com órgãos deliberativos (Art. 54, V)
Deve haver referências ao modo como se pode mudar o estatuto (“emenda constitucional”),
além das previsões para isso e as hipóteses para a dissolução/extinção da pessoa jurídica
Não-atribuição da personalidade jurídica
- Preservação dos meios para se atribuir a personalidade jurídica, com elevado grau de
abstração, pela ordem jurídica
- Atribuição da personalidade jurídica, também, aos meios de atribuição
Estatuto das associações (Art. 55, CC)
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com
vantagens especiais.a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.
* “Sócio” (Não é sócio na teoria porque clubes são associações, não sociedades) remido:
aquele que não precisa pagar a contribuição de manutenção (mensalidade)
Associados de mesma classe não precisam ter os mesmos direitos e deveres. De classes
diferentes, eles necessariamente apresentam diferenças em direitos e deveres.
Ex.: diferenciação entre associados comuns e associados fundadores (no entanto, deve-se
dizer que, nesse caso, é interessante que a busca por dada finalidade é mais ligada aos
comuns do que aos fundadores)
Em hipótese alguma podem ser retiradas certas prerrogativas dos associados, como o direito
de votar e ser votado (excetuando-se os associados honorários)
- As diferenças entre classes deve se dar por critérios objetivos, relevantes para a finalidade
e razoáveis.
1) Razoabilidade: devem ser lógicos e plausíveis, aceitáveis.
2) Critérios objetivos: a característica de restrição deve se dar por critérios externos ao
indivíduo, e não por critérios subjetivos. Pode haver um clube restrito a usuários de
determinado sexo, mas se for criado um clube aberto, a discriminação não pode
ocorrer.
3) Justificativa para atingir os fins: não podem ser meros caprichos do estatuto.
A qualidade do associado é personalíssima, ou seja, intransmissível (Art. 56, CC). Além disso,
o parágrafo único estabelece que, ainda que o associado seja dono de fração do patrimônio
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da associação, e essa fração seja transferida a terceiros, a qualidade de associado não é
transferida (a não ser se disposto em contrário no estatuto)
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em
procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto..
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.
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FUNDAÇÕES
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação
especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de
administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de
assistência.
Art. 64, CC: o instituidor é obrigado a transferir a propriedade para a fundação enquanto pessoa
jurídica dos bens livres, caso contrário, são registrados em nome dela por mandato judicial
(“complementa” o caput do Art. 52).
Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe
a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em
nome dela, por mandado judicial.
Nos termos do Art. 62 do CC, podem ser fins da fundação aqueles de cunho cultural, moral,
religiosos e de assistência (ex.: promoção do meio ambiente [não se encaixa nas categorias])
* Enumeração exemplificativa (maioria dos casos → contém, no final, “etc”), existem outros
exemplos
* Enumeração taxativa: apenas os exemplos previstos por escrito na lei (ex.: definição de bens
imóveis)
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O Art. 62 é uma enumeração taxativa. Isso porque há fundações de inúmeros outros
tipos, como a São Paulo (educacional), Fundação Mata Atlântica (meio-ambiente),
Fundação Teotônio Vilela (PSDB; formação de políticos)
A fundação é uma pessoa jurídica de direito privado civil porque não desenvolve atividade
econômica com objetivo lucrativo (lucro a ser partilhado com os membros) e porque não tem
membros para fazer a partilha (primeira restrição é mais importante)
4) Registro do ato constitutivo e do estatuto no registro público (registro civil de pessoa jurídica)
A partir desse momento, pode ser feita a transmissão dos bens à fundação
No caso da dotação de bens com valor inferior ao necessário (recursos financeiros insuficientes), é
possível que seja inviável o início da fundação. A dotação se mostra insuficiente para a
perseguição do fim. Nesse caso, o próprio destinador pode apontar destinação secundária e, caso
não o faça, a própria lei pode destinar os bens para alguma outra fundação com fim igual ou
semelhante.
No âmbito das fundações, compete ao Ministério Público o exame e eventual aprovação do ato
constitutivo e do estatuto da fundação. Além disso, ele realiza eventuais modificações no
estatuto, aprovando-o ou não, e fiscaliza o funcionamento da fundação para garantir que não haja
um desvio de finalidade ou ilegalidade nos moldes da lei e do próprio estatuto. Explica-se isso pela
ausência de membros congregados para fiscalizar as atividades da fundação (são, as fundações,
apenas um conglomerado de bens patrimoniais). Outra função é a de legitimar, deduzir ou pedir
em juízo a extinção da fundação por via jurídica.
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Modificações estatuárias respeitam os Artigos 67 e 68 do Código Civil. É mister que a reforma seja
deliberada por 2/3 dos competentes para gerir e representar a fundação. A finalidade deve ser
sempre a mesma ao longo da existência da fundação (modificar a finalidade é contrariar o negócio
jurídico de constituição da fundação). Se o fim da fundação se mostra inútil ou ilícito, será
necessário extinguir a fundação.
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a requerimento
do interessado.
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao
submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para
impugná-la, se quiser, em dez dias.
Extinção da fundação: processo lógico e cronológico de atos que indicam a cessação da pessoa
jurídica. No caso das fundações, a disciplina se dá, especialmente, por jurisdição voluntária, nos
Artigos 1103 a 1112, CPC. É uma força desconstitutiva (constitutiva negativa) da fundação, ou seja,
termina com sua existência.
1) Pedido de extinção (legitimados ad causam ativos/Ministério Público)
2) Liquidação: transformação dos direitos em recursos financeiros, que liquidam os deveres
3) Extinção: sentença desconstitutiva e atribuição à fundação semelhante do patrimônio
remanescente; averbação no registro público da extinção da fundação
Art. 1.103. Quando este Código não estabelecer procedimento especial, regem a jurisdição voluntária as
disposições constantes deste Capítulo.
Art. 1.104. O procedimento terá início por provocação do interessado ou do Ministério Público,
cabendo-lhes formular o pedido em requerimento dirigido ao juiz, devidamente instruído com os
documentos necessários e com a indicação da providência judicial.
Art. 1.105. Serão citados, sob pena de nulidade, todos os interessados, bem como o Ministério Público.
Art. 1.106. O prazo para responder é de 10 (dez) dias.
Art. 1.107. Os interessados podem produzir as provas destinadas a demonstrar as suas alegações; mas
ao juiz é licito investigar livremente os fatos e ordenar de ofício a realização de quaisquer provas.
Art. 1.108. A Fazenda Pública será sempre ouvida nos casos em que tiver interesse.
Art. 1.109. O juiz decidirá o pedido no prazo de 10 (dez) dias; não é, porém, obrigado a observar critério
de legalidade estrita, podendo adotar em cada caso a solução que reputar mais conveniente ou
oportuna.
Art. 1.110. Da sentença caberá apelação.
Art. 1.111. A sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já produzidos, se ocorrerem
circunstâncias supervenientes.
Art. 1.112. Processar-se-á na forma estabelecida neste Capítulo o pedido de:
I - emancipação;
II - sub-rogação;
III - alienação, arrendamento ou oneração de bens dotais, de menores, de órfãos e de interditos;
IV - alienação, locação e administração da coisa comum;
V - alienação de quinhão em coisa comum;
Vl - extinção de usufruto e de fideicomisso.
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DOMICÍLIO
Lugar onde a ordem jurídica situa uma pessoa, independente do período de permanência (1)
esporádico ou intermitente; (2) habitualmente (pode ser encontrada/vislumbrada)
Há um lugar em que a pessoa natural, todavia, não é apenas encontrada habitualmente, mas,
também, pode vir a ser encontrada (3) futuramente
A linguagem jurídica nomeia tais lugares como:
1) Moradia/estadia/pousada/habitação
2) Residência
3) Domicílio
* Em 1 e 2, observa-se apenas o passado, em 3, observa-se o passado em projeção futura
Moradia e residência se diferenciam pelo seu caráter de permanência. É temporária a moradia,
enquanto a residência é permanente/fixa.
Art. 70, CC: O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com
ânimo definitivo. (Domicílio = residência + ânimo definitivo)
O estabelecimento do domicílio pode se dar por norma jurídica; no entanto, esse caso foge ao Art.
60 e envolve a participação de pessoa jurídica.
Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto)
dos associados o direito de promovê-la.
Percebe-se o domicílio da pessoa jurídica quando se vê a atuação dos seus membros diretores do
órgão ou então na busca de seus fins. É o domicílio o lugar onde se dão essas atividades ou que
permite a busca dos fins.
Art. 7º, caput, DL 4657/42 (A lei do domicílio que é válida para determinados campos): a lei do
país em que for domiciliada a pessoa é que determina as regras do começo e do fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
Art. 327, caput, CC: “Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor”. As obrigações,
portanto, devem ser pagas no domicílio, a princípio (proteção do devedor).
Art. 1785, CC: a sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido (não há mais domicílio
depois da morte)
Art. 10, caput, CC: vale a lei do país em que era domiciliado o defunto
Art. 94, CPC: competência territorial de foro; a ação fundada em direito pessoal/real sobre
móveis serão propostas em regra no foro do domicílio do réu.
PLURALIDADE DE DOMICÍLIOS
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á
domicílio seu qualquer delas.
Redação incorreta, pois não contempla o ânimo definitivo
Art. 94, CPC: tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer um
deles.
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Domicílio profissional
Local onde a pessoa exerce a profissão com ânimo definitivo
Pluralidade interna x externa (Art. 72, CC)
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde
esta é exercida.
Domicílio de eleição contratual (estabelecido contratual): local onde as partes devem execer suas
posições jurídicas lógico-deônticas
Art. 78, caput, CC
fixado por declaração jurídico-negocial
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e
cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
Art. 74, caput, CC: Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o
mudar.
- supressão do antigo domicilio e substituição por um novo (a pessoa, com animo definitivo,
passara a se encontrar em um novo lugar)
Necessidade da declaração de conhecimento de mudança de domicilio tanto destinada a
municipalidade original como para a municipalidade de destino (Art. 74, parágrafo único, CC);
caso isso não seja jeito, a própria mudança serve como prova de mudança de residência
(objetivamente) → com o passar do tempo, isso vem a constituir a mudança de domicílio.
Art. 74. Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos
lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as
circunstâncias que a acompanharem.
---
Inferência lógica abdutiva do ânimo definitivo a partir das circunstâncias
Tipos de inferência:
- dedução
- indução
- abdução: “método científico” (estabelece-se hipótese); ensaio “Zadig”, de Voltaire
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DOMICÍLIOS IMPOSTOS (PELO LEGISLADOR)/NECESSÁRIOS
São domicílios necessários ao Estado, mas que não impedem a existência de um domicílio
voluntário (pluralidade de domicílios)
Art. 76, parágrafo único, CC: O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o
do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde
servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar
imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o
lugar em que cumprir a sentença.
Domicílio de eleição estatuária (domicílio da pessoa jurídica): fixado pelo estatuto da pessoa
jurídica (Art. 75, IV, § 2o, CC). Caso a sede seja no estrangeiro, o domicílio é o lugar do
estabelecimento correspondente no Brasil.
Art. 75, IV, § 2o, CC: Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio
da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
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