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DIREITO PENAL

ANOTAÇÕES DAS AULAS


09/03/2023
DIREITO PENAL DO CIDADÃO x DIREITO PENAL DO INIMIGO
- Contrato:
+ quem participa é o cidadão
+ que é de fora / não faz parte = inimigo
Rousseau: o inimigo é neutralizado, não ressocializado
Gunther Jakobs:”A perspectiva do inimigo não o considera como pessoa
portadora de direitos mas como fonte de perigo”

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
- sistema antropocêntrico
- animal não possui dignidade
- dignidade da pessoa humana
*nem sempre um conceito corresponde a um dado da realidade*

GUNTHER JAKOBS
“... nenhum Estado de não - Direito pode usar o texto aqui apresentado para a sua
legitimação, e nenhum Estado de Direito que se encontra na sujeira do dia-a-dia pode
fingir que ele não lhe diz respeito.”
+ um direito penal do inimigo claramente delineado é melhor do que dispositivos
espalhados pelo direito penal
+ por que deve haver o cumprimento desse direito penal do inimigo

DIREITO PENAL DO CIDADÃO


- pressupõe expectativas cognitivas de comportamento
- o crime é uma afronta à norma
- a pena é reafirmação da validade da norma

DIREITO PENAL DO INIMIGO


- Pressupõe a exclusão do sujeito da sociedade civil
- o crime é expressão da não
- a pena é instrumento de coação que combate perigos

“Um Direito Penal do Inimigo claramente delineado é menos perigoso, do ponto de vista
do Estado de Direito, do que misturar todo o Direito Penal com fragmentos de regulações
próprias do Direito Penal do Inimigo.” (Gunther Jakobs)

- de um jeito ou de outro o conflito se resolve


- o problema do Direito Penal do Inimigo é ter que ter que identificar quem é seu
inimigo antes que ele se manifeste
- lugar de fala: interpretação da visão do inimigo

DIREITO IDEAL x DIREITO REAL


+ Pensar que o direito que se expressa na lei domina totalmente totalmente a
realidade é ingenuidade!
+ O desafio é aproximar ao máximo possível o direito real do direito ideal.

DIREITO PENAL
Em uma simplificação conceitual o Direito Penal pode ser entendido como o ramo
do direito público que reúne os princípios e as normas jurídicas que limitam o poder
punitivo do Estado, Estado, estabelecendo que a prática de determinadas condutas tenha
como consequência a aplicação de penas ou de medidas de segurança.
O Direito Penal expressa as opções políticas por meio das quais a sociedade trata
das condutas que são consideradas relevantes.

ANOTAÇÕES DAS AULAS


09/03/2023
PARADIGMA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
Estado de Direito (art. 1º CF/88)
1. LIBERAL
- necessidade de proteger a propriedade burguesa
- direitos de 1ª dimensão: direitos individuais
- limitar o poder do Estado em favor do poder burguês
- o Estado não pode invadir a esfera de direitos do outro, mas deve ter o papel
de promotor da igualdade
2. SOCIAL
- Estado provedor
- direitos de 2ª dimensão: direitos sociais
- indivíduo / grupo que demanda uma ação do Estado
- não há antagonismo entre Estado e indivíduos
3. DEMOCRÁTICO
- solidariedade
- direitos de 3º dimensão: direitos difusos > titularidade de direito
indeterminada
- Estado acolhedor
- titularidade do poder: todo poder emana do povo

DIMENSÕES: trouxeram pontos positivos para o momento atual


● culpabilidade individual (liberal)
● garantias individuais (liberal)
● liberdade não pode ser absoluta (democrático)
● ponderação de direitos que se põem em conflitos
● complexidade jurídica

RACIONALIDADE
Prática (Cognitiva) x Comunicativa
jurisdição: dizer o direito
+ PRÁTICA (COGNITIVA)
➢ sujeito - objeto > me diga algo que te darei o direito (não compatível com o
Estado Democrático de Direito)
➢ ótica do observador imparcial
➢ se desenvolve por um sujeito que pensa o mundo a partir de si mesmo
+ COMUNICATIVA
➢ sujeito - sujeito > Estado Democrático de Direito
➢ ótica do participante
➢ se desenvolve a partir da relação entre sujeitos livres e iguais, que são
capazes de comunicação e ação no ambiente social
➢ fundamentação de uma decisão judicial > possibilidade de recorrer no
processo
➢ o Estado é gestor de um poder que é do povo > quem pune não é o Estado >
o direito de punir é do povo > o juiz não é dono do poder, ele compartilha
com os demais, o poder lhe foi delegado para julgar

REVISÃO DE PARADIGMA
Modernidade x Pós-Modernidade
+ MODERNIDADE
➢ Autoridade da razão
➢ Método científico estabelece a verdade.
➢ A verdade é um atributo interno do conhecimento individual
➢ A razão humana é capaz de subverter, expor e derrubar as práticas
tradicionais
➢ Preconceito iluminista
➢ Preconceito contra o preconceito
➢ A verdade é um dado concreto que pertence a um mundo estável e pré-
formado ao nosso entendimento
➢ O método científico é infalível para descobrir a verdade
+ PÓS-MODERNIDADE
➢ Influência da tradição
➢ A tradição não é algo que a experiência nos ensina, é comunicação entre
passado e presente
➢ A tradição é reelaborada, reprocessada e reinterpretada
➢ A razão humana é forma de pensar no contexto histórico e cultural
transmitido
➢ Tradição hermenêutica
➢ Sem prejulgamentos não pode haver julgamentos
➢ Não existem verdades absolutas que possam ser reveladas por um método
científico
➢ A verdade é construída por meio da linguagem
➢ tradição > DIREITO > transmissão de uma ideia / conhecimento
dinamismo, velocidade, complexidade (contexto)

TEORIA DA AÇÃO COMUNICATIVA


Jurgen Habermas
Em todo o ato de fala o falante manifesta aos ouvintes uma pretensão de validade
(expectativa de que o que se diz é verdadeiro ou correto).
- Habermas constrói uma perspectiva de que temos a expectativa que nossas
posições sejam aceitas pelo outro
- na pós-modernidade: relação com a verdade ou o correto

AÇÃO COMUNICATIVA
1. vida > entre pessoas
+ a pretensão pode ser verdadeira ou falsa
+ por meio de discurso teórico o falante pretende entender-se com os demais
participantes da comunicação: pretensão de verdade – mundo da vida

AÇÃO ESTRATÉGICA
2. vida > sistema
+ ações que usam um determinado objetivo
+ construída no mundo da vida
+ relação recíproca: vida > sistema
+ por meio de discurso prático o falante pretende intervir na sociedade para
realizar determinado fim (Direito) – pretensão de correção - sistema
+ DIREITO
- pretensão de correção, não de virtude, não de verdade
- alcançar um determinado fim (ex: punir)
- lei: forma de comunicação

ARGUMENTAÇÃO x DISCURSO
A argumentação é o tipo de fala em que os participantes problematizam
pretensões de validade, que se encontram sob críticas, e tratam de defendê-las ou
recusá-las racionalmente.
O discurso é o meio pelo qual são alinhados os argumentos de defesa e crítica das
pretensões de validade.
● alinhamento de argumentos > discurso > tentativa de convencimento ≠ narrativa
(história) - ex: processo penal (reconstrução de uma história)

TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA


Robert Alexy
➔ O discurso jurídico é uma forma especial do discurso prático geral (tese do caso
especial)
➔ O discurso jurídico expressa o esforço de justificação da pretensão de correção das
decisões jurídicas
➔ É caso especial de discurso porque está sujeito à lei, aos precedentes judiciais e à
dogmática.
➔ A maior fragilidade da teoria discursiva do Direito reside no fato de se apoiar na
existência de uma situação ideal de fala
➔ Validade do discurso - pretensões de:
a. inteligibilidade;
b. verdade;
c. correção;
d. veracidade.

HERMENÊUTICA FILOSÓFICA
Gadamer
Todos os aspectos do entendimento humano possuem uma dimensão hermenêutica que
encontra na linguagem a possibilidade de sua experiência.
- nosso entendimento se transmite pela linguagem
- necessidade de se colocar no lugar do outro
Gadamer sustenta a historicidade do entendimento e que este sempre faz parte de um
diálogo, no qual se opera uma fusão de horizontes.
+ Horizontes interpretativos:
➢ do julgador
➢ do réu
➢ da vítima
➢ da audiência social

NOVO PARADIGMA PENAL


- ponto de vista sobre comportamento humano em determinada momento e
determinado lugar
- o que é crime hoje, pode não ser crime amanhã
- detalhes que diferenciam o que ser crime ou não
- bases:
+ filosofia da linguagem
+ teoria comunicativa da ação e da norma penal
+ pretensão de correção
- crime:
+ É um ponto de vista sobre o que deva ser proibido, que conseguiu, que
conseguiu se impor em determinado momento e lugar
+ distinção linguística

COMPROMISSO POR REALIZAR JUSTIÇA


Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária

ANOTAÇÕES DAS AULAS


16/03/2023
LEGITIMIDADE DO DIREITO PENAL
● legitimidade é um atributo de poder
● aceitação / adesão da maioria
● manipulação do consentimento

NOÇÃO:
É um atributo do poder que consiste na presença, presença, em uma parcela parcela
significativa significativa da população, de consenso capaz de assegurar a obediência
sem a necessidade do uso da força, salvo em casos esporádicos.

Interna: harmonização dos valores e disposições positivas no sistema jurídico-penal.


Externa: percepção pela sociedade da necessidade da intervenção punitiva: para quê
serve o direito penal?
- discurso justificador
- discurso abolicionista

JUSTIFICAÇÃO DA PENA
Argumentos absolutos: A pena é um valor em si e não visa realizar qualquer
objetivo . Espera -se que o mal possa ser compreendido como um valor.
Argumentos relativos: A pena é um instrumento de realização de determinado
objetivo. É um mal socialmente necessário, mas que só adquire valor quando alcança os
objetivos propostos.
Argumentos ecléticos ou mistos: A pena apresenta caráter aflitivo -retributivo e
também utilitário. Pretende-se a reeducação do condenado com a utilização da pena
aflitiva.
→ É um posicionamento evidentemente contraditório.

Perspectivas absolutas: Retribuição proporcional ao mal causado pelo crime


- Retribuição Divina: vingança e expiação
- Retribuição Moral: imperativo categórico
- Retribuição Jurídica: compensação jurídica
Perspectivas relativa: Objetivo de intimidação
- Prevenção Especial: intimidar o criminoso
- Prevenção Geral: intimidar os possíveis criminoso
O objetivo da prevenção geral se submete aos limites impostos pela ideia da prevenção
especial

ABOLIÇÃO DA PENA
● seletividade do sistema
● altos custos da repressão
● ilusão de segurança pública
● ineficácia da intervenção penal
DISCURSOS MODERADOS
- Justificação: penas alternativas
- Abolição: direito penal mínimo

NO CÓDIGO PENAL
Fixação da pena
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências consequências
do crime, bem como ao comportamento comportamento da vítima, vítima, estabelecerá,
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa de liberdade aplicada, por outra espécie de
pena, se cabível.

ANOTAÇÕES DAS AULAS


20/03/2023
PRINCÍPIOS
● enunciado conciso que constitui um ponto de partida para uma argumentação
● possui normatividade (≠ de regra, que é um comando)
● desafio interpretativo, não é tão claro como uma regra
● muitos princípios estão na CF, mas também extraímos de conjuntos de
dispositivos presentes nela

ATIVISMO JUDICIAL
- sem um artigo para fundamentar, mas tem uma argumentação utilizando um
outro artigo

ART. 5º
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal;
+ apenas a lei estabelece crime, não a visão de uma pessoa, como a medida
provisória (voto, decisão em parlamento)

GARANTISMO
Relacionado ao conjunto de teorias penais e processuais penais, estabelecidas pelo
filósofo Luigi Ferrajoli. O significado do termo garantista quer dizer proteção naquilo que
se encontra positivado, escrito no ordenamento jurídico, por muitas vezes tratando de
direitos, privilégios e isenções que a CF confere aos cidadãos.
O garantismo rechaça o Estado antiliberal, onde ocorre o abuso do direito de
punir.

- conflito de princípios > PONDERAÇÃO (Alexy)


- ofensa a bens jurídicos previstos no código penal > aplicação de pena >
ponderação

PRINCÍPIOS
1º princípio fundamental: Dignidade humana
+ a pena não é pensada para humilhar, tendo em vista esse princípio
+ referencial expresso
2º princípio fundamental: Reserva legal
+ referencial expresso
3º princípio fundamental: Intervenção mínima
+ Direito penal tem que ter uma intervenção mínima na vida das pessoas
+ referencial não expresso
4ºprincípio fundamental: Culpabilidade
+ não há pena sem culpa
+ a pena é individual
+ quanto maior a culpabilidade, maior a pena

ART. 5º
XLVI - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;

- SUBPRINCÍPIOS:
A. Subsidiariedade
➢ Direito penal subsidiário à outras formas de Direito
➢ aplicação do Direito penal como alternativa
➢ não defende todos os bens jurídicos, pois a outros ramos do
direito que o defendem, ou seja, há violações que nem sempre
acarretarão em punições no âmbito penal
B. Ofensividade
➢ não há crime sem ofensa à lei jurídica, defesa do bem jurídico
➢ mas o crime não é uma mera ofensa à lei
+ 1ª dimensão - ofensa mais concreta (ex: agressão)
+ 2ª dimensão - ex: agressão à economia
ART. 5º
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

ANOTAÇÕES DAS AULAS


23/03/2023
Fontes do Direito Penal
- fonte formal: decorre da lei
● direta: lei penal > pode ser incriminadora (não há crime sem lei anterior
que o defina), explicativa, trazer um benefício (não há limitações), com
efeitos retroativos (ex: lei de anistia)
● indireta: as próprias leis do direito brasileiro oferecem, não pode ser usada
para incriminar (princípio da reserva legal)
➢ a lei autoriza o uso de analogia
➢ costumes (de acordo com o princípio de reserva legal não é possível
fazer inscriminação por costumes)
➢ princípios gerais do direito em caso de lacuna na lei
- fonte material: vida real
FONTES FORMAIS DO DIREITO
ANALOGIA:
+ não tem previsão na lei, mas há um caso análogo que guarda as mesmas
características
+ onde há a mesma razão, deve haver a mesma solução
➢ diferente de integração analógica: conteúdo aberto (não é uma lacuna) >
novo caso > colocar dentro daquele conteúdo com previsão da lei (não
sendo a de introdução)
+ norma incriminadora não permite preencher lacuna com o que não seja lei
ART. 121
Homicídio qualificado
§ 2° Se o homicídio é cometido: I – mediante paga ou promessa de recompensa,
ou por outro motivo torpe
- “ou” (abertura)
- “torpe” (vago)

PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO


1. moralidade
2. dignidade

FONTES MATERIAIS:
Direito Penal: fruto da tensão entre grupos que estão exercendo poder para criação do
direito penal, tensão que sempre permanente e contextualizada dos interesses sociais.

LEI PENAL NO TEMPO


Art. 4º
Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro
seja o momento do resultado.
- aplica-se a lei no momento do fato
Art. 3º
A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência.
- momentos excepcionais (excepciona o art. 2º)
Art. 2º
Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada
em julgado.
- retroatividade da lei penal benéfica
(pesquisar lei que contra age)

ANOTAÇÕES DAS AULAS


27/03/2023
LUGAR DO CRIME
ART. 6º CP
- Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no
todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
- princípio da territorialidade (Art. 5º CP)

TERRITORIALIDADE
ART 5º CP
Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
internacional, ao crime cometido no território nacional.

§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional


as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em
pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto
ou mar territorial do Brasil.

EXTRATERRITORIALIDADE
ART. 7º
Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: …

PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO


ART. 8º
A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

EFICIÊNCIA DA PENA ESTRANGEIRA


art 105 alínea i - homologação de sentença estrangeira
Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas
rogatórias;

ART. 9º
A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas
conseqüências, pode ser homologada no Brasil para:

CONTAGEM DE PRAZO
ART. 10º
O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos
pelo calendário comum.
- prazo processual penal (prisão, pena) x processual civil (conceder um tempo para
que se realize)

FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA


ART. 11
Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações
de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.
- sem arredondamento da pena, ele é desprezado, interpretação favorável ao réu

LEGISLAÇÃO ESPECIAL
ART. 12
As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta
não dispuser de modo diverso

TEORIA DO CRIME
A partir do ART. 13

IMUNIDADE PARLAMENTAR
- ART. 53 CF
- imunidade absoluta (natureza material ou substantiva) e a imunidade relativa
(natureza formal ou processual)
- imunidade presidencial e dos governadores de Estado (art. 86 CF)
- crime de responsabilidade

EXCLUSÃO DO CRIME
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu
procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação
quem lhe dá publicidade.

PRISÃO PROCESSUAL
A prisão processual encontra-se amparada no art. 5º, inciso LXI, da Constituição
Federal/88 e, regulamentada pelo Código de Processo Penal que previa, em sua redação
original, quatro modalidades:
a) prisão em flagrante delito;
b) prisão preventiva;
c) prisão decorrente de pronúncia e;
d) prisão em virtude de sentença penal condenatória passível de recurso.
Por fim, a Lei 7.960, de 21 de dezembro de 1989, completando o elenco das
modalidades de prisão processual, institui e regulamenta a prisão temporária.
IMUNIDADE PENAL DE CARÁTER SOCIAL
ART 183
Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de
grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos

CONFLITO APARENTE DE NORMAS


PRINCÍPIOS QUE AFASTAM ESSA POSSIBILIDADE
- especialidade: a norma especial afasta a incidência da norma geral
- norma especial: previsão específica
- subsidiariedade: o crime principal afasta a incidência do crime subsidiário
- consunção: o crime meio é sempre absorvido pelo crime fim
+ um crime sendo absorvido pelo meio do que o crime mais grave não tem
problema
- alternatividade: crimes descritos por tipos mistos alternativos
+ vários verbos que descrevem a conduta proibida
+ ex: tráfico de drogas
+ os atos subsequentes são irrelevantes

ANOTAÇÕES DAS AULAS


31/03/2023
TEORIA DO CRIME
- crime: violação da lei > ofensa aos bens jurídicos
- conceito analítico me permite uma análise
- critério: conduta que pode ser cometida por qualquer pessoa

CONCEITO ANALÍTICO DO CRIME


+ conceito é um instrumento, não o crime
+ é método para interpretação da realidade
+ não se condiciona pela natureza das coisas
+ resulta das opções político - criminais

O direito penal sempre sofreu influências diretas das correntes filosóficas, que impõem
mudanças metodológicas, no sentido de torná-lo cada vez mais eficaz e contextualizado
com a dinâmica social.
➔ dos modelos ontológicos aos normativos (segundo um conjunto de férias)

POSITIVISMO NATURALISTA
- perspectiva naturalista
- o crime é fenômeno natural e social: conduta humana
- apego ao princípio da legalidade
- método indutivo ou experimental: empírico
- discurso causal-explicativo
- garantia da reserva legal
- a lei descreve que é da natureza
- resultado naturalista (diferente do jurídico)
- material

MODELOS
TEORIA CAUSAL - NATURALISTA
(olhar esquema no slide)
+ ação (referencial) > ilegal (qualidade / objetivo) - a ação tem a qualidade de ser
contra a lei - qualidade da ação é de sido feita por alguém que a cometeu
+ tipicidade e licitude
- ILEGAL
+ culpabilidade
- dolo
- culpa
+ coação física e moral
duas formas de ofensa à legalidade
1. lei que define crime
2. ordenamento jurídico como um todo
+ ação (referencial) > culpável (qualidade / subjetivo)

POSITIVISMO JURÍDICO NEOKANTIANO


● Distinção entre as ciências da realidade do ser e as ciências dos valores.
● A análise empírica da realidade não gera nenhuma presunção normativa. O dever-
ser não pode derivar do ser.
● Discurso valorativo que busca um conteúdo material para os elementos do
conceito analítico do crime.

TEORIA FINALISTA
(olhar esquema no slide)
● Ressalta que o positivismo não pode definir o conceito de ação, pois este é
ontológico (pré-jurídico) e não normativo.
● As estruturas lógico-reais (a finalidade) determinam as valorações ético-sociais.
● Discurso final-explicativo.

FUNCIONALISMO
● A definição do que seja crime depende da função que é atribuída ao direito penal.
● Discurso teleológico
- Moderado: proteção de bens jurídicos
- Sistêmico: reafirmar a validade da norma
MODERADO
+ A finalidade do Direito Penal deve ser a proteção de bens
jurídicos, o que implica em restrição ao poder punitivo estatal.
SISTÊMICO
+ A missão do Direito penal não é a proteção de bens jurídicos, mas a
reafirmação da expectativa de comportamento estabilizada na
norma jurídica

PARADIGMA SIGNIFICATIVO
NORMA PENAL
relevância > ilicitude > reprovação > punibilidade
PRETENSÃO GERAL DE JUSTIÇA
(olhar slide)

CONCEITO DE AÇÃO PENAL


1. Positivismo científico - Causalismo – Mudança no mundo natural.
2. Positivismo jurídico - Valoração normativa – Intervenção socialmente relevante.
3. Proposta conciliatória - Finalismo. Estruturas ontológicas determinam as
valorações normativas. Ação finalisticamente dirigida.
4. Funcionalismo: manter as expectativas sociais de vigência da norma protetiva de
bens jurídicos. Definição do crime pelo significado da conduta.

MODELO DE ATRIBUIÇÃO
(olhar esquema do slide)

ANOTAÇÕES DAS AULAS


03/04/2023
TIPOS
- noção classificatória
- classificação entre os crimes
+ incriminador
+ permissivo
- vinculação para determinação de um crime: dosagem da abertura do tipo
- todo tipo de crime tem dois preceitos:
1. descreve o crime
2. descreve a pena

TIPO INCRIMINADOR
CÓDIGO PENAL
Art. 121
Matar alguém (comportamento proibido, precisamente descrito por um verbo) >
preceito primário / incriminador
pena: reclusão, de seis a vinte anos > preceito secundário / sancionador
norma subjacente: não matar
- a combinação desses dois preceitos vai me mostrar a norma: se A, deve ser B
- conduto + consequência = norma

POSSIBILIDADES DE DERIVAÇÃO
- nem todos os tipos tem derivação
- um tipo que tem derivação é o homicídio
- figura fundamental ou figura simples
ex: homicídio simples - matar alguém (art. 121)
a. derivação qualificada (art. 121 parágrafo 2º, I)
ex: se é cometido mediante… (outro crime! - se aumenta a pena, aumenta a pena
de outro crime)
b. derivação privilegiada (art. 123)
ex: infanticídio (previsto em outro artigo) - nova pena
a norma especial afasta a geral

NÚCLEO DO TIPO
- às vezes o verbo naquele oração não exerce uma função nuclear
- podem descrever os meios de execução
- crime consumado quando a conduta nuclear estiver completa
CÓDIGO PENAL
Art. 171
+ verbo descritivo da conduta final e da conduta meio
+ comportamento proibido: obter - antes é apenas tentativa

TIPO PERMISSIVO
- descrever a hipótese de permissão
- momento da ilicitude
- já houve análise de um tipo incriminador a priori
- requisito
CÓDIGO PENAL
Art. 25
+ bem jurídico é direito
+ não apresenta os requisitos numa ordem lógica
REFERENCIAIS DO TIPO
- referência formal: tem uma descrição de comportamento presente na lei > campo
de segurança
- referência material: realidade > campo de insegurança
- entre essas referências, estabelecemos uma valoração
1. juízo negativo
2. juízo positivo
3. juízo de irrelevância
+ ex: esse tipo valorativo estabelece uma consequência grave e outro não
- não pode-se levar em consideração apenas a referência formal para análise do
tipo

FUNÇÕES DO TIPO
1. matéria de proibição
2. garantir a liberdade individual
- garantismo
- exigência da sociedade
3. motivar os membros da sociedade
- o tipo estimula as pessoas a terem determinado tipo de comportamento
- ex: coação da norma (em parte está certo) > mas tem um alcance limitado
- tem pessoas que, independente da lei, não tem determinado
comportamento
- outros vão ter um determinado comportamento se a lei disser ou não
4. definir espécies de erro relevante
- entender melhor os tipos de erro e os efeitos
- erro de tipo (tudo que é objetivo aconteceu, mas a pessoa queria outra
coisa) e erro de proibição

ESTRUTURA DO TIPO
1. Plano de exigências objetivos
conduta > nexo de causalidade jurídica > resultado jurídico
+ resultado jurídico > primeiro momento, um resultado naturalístico,
não dá pra explicar as coisas assim, violação da lei, que pode ou não
haver mudança da natureza
ex: omissão (plano de exigência objetivo) > intenção de se omitir (plano de
exigência subjetivo)
a. DESCRITIVOS
- utilizam a linguagem tradicional para descrever objetos da
realidade natural
- ex: art. 155 > equiparam-se…
coisa não é exatamente descritivo
b. NORMATIVOS
- utilizam expressões que somente adquirem sentido no
contexto da norma e desafiam compreensão de significado
- ex: droga, autoridade competente > descritivo, desafiador de
compreensão de conteúdo
2. Plano de exigências subjetivos
dolo / culpa
- ambos os planos começam e terminam no mesmo ponto
- o crime só existe se esses dois aspectos estiverem conciliados
- primeiro subjetivo e depois objectivo = crime

IDENTIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS NORMATIVO


Art. 155
Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro
anos, e multa
● coisa alheia móvel > objetivo descritivo
Art. 172
● fatura - elemento objetivo normativo > desafiador de compreensão
Art. 184
● direitos - elemento objetivo normativo > desafiador de compreensão
● violar - núcleo normativo - verbo, desafiador de interpretação do contexto
LEI 9.605/98 - lei de crimes ambientais
Art. 60
● verbos - descritivos

ANOTAÇÕES DAS AULAS


10/04/2023
IMPUTAÇÃO OBJETIVA
- significa atribuir a alguém a realização de conduta que satisfaz as exigências
objetivas do tipo penal incriminador
- a teoria da imputação objetiva deve ser compreendida no contexto de determinada
teoria do delito
- as exigências objetivas para a tipificação são estabelecidas pelo modelo de
interpretação da realidade oferecido pela teoria do crime - ação significativa
P. E. Objetivo
conduta > nexo de causalidade jurídico > resultado jurídico
P. E . Subjetivo
dolo / culpa
+ valoração
+ comportamento
+ crime = produção de riscos não permitidos > resultado

IMPUTAÇÃO OBJETIVA
(parte 1)
- nexo de causalidade jurídico pode ou não contar com elementos de nexo de
causalidade físico
- resultado jurídico: violação da norma > comportamento proibido (É O ÚNICO QUE
ACONTECE EM TODO E QUALQUER CRIME)
- resultado naturalístico

REFERÊNCIA LEGAL
art. 13
- nexo de causalidade: causa (ação ou omissão) - resultado (para todo e qualquer
crime)
- o resultado não é o naturalístico (existem muitos casos que não tem resultado
naturalístico, pois tem os jurídicos)
- para ter crime é preciso ter violação da lei e um resultado jurídico
ex: motorista faz manobra indevida e causa acidente de trânsito. 3º veículo na mesma via
se colide com o 2º veículo. no 3º veículo uma das pessoas morre. é culpa do 1º veículo
causador do acidente?

- a violação de uma norma administrativa nem sempre significa a violação de uma


norma penal
- violação da lei = violação da proteção do bem jurídico > dano ao bem jurídico ou
perigo ao bem jurídico
- proibição de comportamentos perigosos > aumento de possibilidade do dano

OFENSIVIDADE
+ discurso liberal
- Não há crime sem ofensa a um bem jurídico de terceiros
A necessidade de instituir uma lei incriminadora deriva da lesividade que a
conduta proibida apresenta para terceiros
Em atenção ao princípio da separação entre direito e moral, o direito penal não
pode punir comportamentos meramente imorais, estados de ânimo pervertidos, hostess
ou perigosos
+ OBS: determinados crimes não tem bens jurídicos!
Se a norma não visa à proteção de um bem jurídico, a criminalização retrata
exercício arbitrário de poder. O crime não pode resultar da mera violação à norma:
desobediência
Por ofensa tem-se entendido ocorrência de lesão ou perigo concreto de lesão ao
bem jurídico

O QUE É BEM JURÍDICO?


➢ Feuerbach: É um direito subjetivo.
➢ Von Liszt: É um interesse protegido.
➢ Birnbaum: É um bem material (é uma restrição só poderia ser uma coisa) (pré-
jurídico) que é atribuído ao homem e constitui o objeto da proteção jurídica.
➢ Roxin: São circunstâncias reais dadas ou finalidades necessárias para uma vida
segura e livre, que garanta todos os direitos humanos e civis de cada um na
sociedade, ou para o funcionamento de um sistema estatal que se baseia nestes
objetivos.
- não resolvemos ainda essa problema do que é o bem jurídico
- “qualquer coisa” pode ser bem jurídico? > possibilidade de aumentar o
direito penal e novos crimes - criação de bens jurídicos com facilidade
- uma finalidade do Estado não pode ser considerado aqui, um bem jurídico
uma definição melhor, mais realista:
➢ Vives Antón: O bem jurídico é um referencial argumentativo para o processo de
justificação discursivo-racional da intervenção punitiva.
O conteúdo material do bem jurídico deve ser pensado a partir da ótica do
participante da comunidade de comunicação, e não da ótica de um observador
distante e imparcial.
- não temos apenas coisas como bens jurídicos
- é preciso operacionalizar o direito e ver se aquele comportamento violou ou
colocou em perigo o centro de referência de proteção da norma

CONSTITUCIONALIDADE
Nos crimes de perigo abstrato a norma também deve visar a proteção de um em
jurídica
A presunção de perigo se apresenta necessária diante da impossibilidade de
comprovação do perigo concreto aos bens jurídicos intangíveis
A proteção da conduta resulta da interpretação legislativa fundada na experiência
ordinária de que a conduta possui idoneidade para ofender o bem jurídico
CAUSALIDADE NORMATIVA
1. relação de causalidade naturalística entre ação e resultado, quando for o caso - só
é possível analisar causa naturalística na ação, não na omissão
2. relevância jurídica da conduta para produzir o resultado jurídico (violação da
norma)

EXEMPLO:
art. 129 - ferir integridade física
● mãe que fura a orelha da neném - produziu resultado naturalístico? > lesão
corporal (crime material - ofensa à integridade física ou saúde da vítima)
● é preciso analisar também a relevância jurídica do comportamento da mãe para
produzir o resultado de violação da lei > juízo de valor social
● apesar da tipicidade formal (a conduta se encaixar de modo literal na lei), não há
tipicidade material (na realidade social tenha ocorrido algo socialmente
importante para se caracterizar crime)
● juízo de valor
1ª FASE: relação de causalidade naturalística entre ação e resultado, quando for o
caso
+ análise do crime: A atira em B. B morre > processo de eliminação hipotético
+ cadeia causal > valoração
- A alugou a arma com C. se A não tivesse alugado, B não teria morrido
+ causa do resultado
2ª FASE: relevância jurídica da conduto para produzir o resultado jurídico
(violação da norma)
+ o cara que comprou a arma numa loja (permitida) não pode ser punido
ou seja, trata-se de valorar para entender o significado do comportamento

REFERÊNCIA LEGAL
CP - art. 13
O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
+ a omissão também é a causa do resultado
+ o resultado do crime é a violação da norma (não é o preceito, é subjacente,
implícito - preceito primário + secundário - sentido contrário do preceito)
Imputar significa atribuir, atribuir a alguém alguma coisa
+ precisamos imputar uma causa da violação da lei (ação ou omissão) > essa causa é
a CONDUTA

CAUSALIDADE MATERIAL
Critério de Determinação
Teoria da conditio sine qua non
Teoria da Equivalência de todos os antecedentes causais.
➢ aplicável apenas para causalidade naturalística
➢ inexistência de qualquer distinção entre causa, condição e ocasião do resultado.
➢ ampliação da responsabilidade.
➢ dificuldades do processo hipotético de eliminação
➢ necessidade de complementação com a imputação subjetiva

CAUSALIDADE NATURAL
➢ não há brecha para valoração
➢ trata da hipótese que uma causa rouba o resultado que seria de uma outra causa
➢ física!

CP - art.13
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a
quem os praticou.

- várias causas > uma das causas interrompe o processo causal - uma causa que
vem depois - na relação entre as causas, podem ser comparadas da seguinte
forma: uma que vem antes (antecedente) e uma no tempo posterior
(superveniente)
- todas as causas, posterior, anterior ou coexistentes / concorrentes /
concomitantes são antecedentes do resultado, porque não há uma causa
superveniente ao resultado
- distinção através do momento em que ocorrem
- relação de dependência ou independência absoluta
- relativamente dependente quer dizer que há uma certa dependência
- a superveniente por si só causou o resultado e exclui a imputação da primeira
causa > imputam-se aqueles que cometeram as causa anteriores, não há causa
final
(a superveniência da causa 2 exclui da causa 1 a imputação pela produção do resultado.
Os fatos produzidos pela causa 1 são imputáveis até a intervenção da causa 2).

EXEMPLO:
Bar > briga > luta corporal > facada > ambulância e estabilização do ferido > acidente de
trânsito com ambulância > traumatismo craniano no ferido da facada
CAUSA 1 = facada
CAUSA 2 = traumatismo craniano (superveniente)
+ relação entre as causas > o indivíduo só está na ambulância porque ele tomou a
facada, mas não necessariamente não sofreria dano no crânio
+ o acidente de trânsito por si só produziu o resultado - previsão do parágrafo do
art. 13
+ o processo causal é interrompido e o acidente de trânsito por si só produziu o
resultado
+ o homem que esfaqueou irá responder pelos resultados apenas por esse ato e não
pelo acidente posterior ao fato
+ o que matou foi o acidente de trânsito
+ até o acidente era uma tentativa de homicídio sem consumação
+ imputação excluída quem deu a facada
Porém, se o acidente não produzir por si só a morte da vítima, se for em conjunto com a
causa 1, não há exclusão da imputação. Haverá imputação para ambos sujeitos

ANOTAÇÕES DAS AULAS


17/04/2023
JUÍZO DE RELEVÂNCIA
critério fundamental: adequação social
+ insignificância
➔ as condutos que causam insignificante dano ao bem jurídico ou
insignificante perigo de dano ao bem jurídico são consideradas irrelevantes
e não permitem imputação objetiva > restrita à mensuração quantitativa
➔ devemos apurar os significados das condutas
➔ significados qualitativamente diferenciados
➔ lei 9.605/98
art. 54 - causar poluição de qualquer natureza
+ exemplo quantitativo de relevância
+ com juízo valorativo também
ex: o que é levíssimo ou não / quanto é mortandade
QUALITATIVO
- soco no nariz: lesão corporal
- ex: lutador de MMA - conduta arriscada permitida - o dano é permitido também
JUÍZO VALORATIVO
- não oferece uma verdade absoluta e correta

+ posição do garantidor
➔ indivíduo especialmente obrigado a defender bens jurídicos e que se omite
➔ AÇÃO (de uma norma proibitiva) E OMISSÃO (a norma manda que o
indivíduo faça alguma coisa e viola não fazendo o que ela manda) são
violações da norma!
● OMISSÃO PRÓPRIA: retrata desobediência a um dever geral de agir
+ ex: omissão de socorro, art. 135 (cp)
+ é possível considerar uma omissão como se fosse uma ação
para fins de caracterização de um tipo de é possível matar,
roubar e estuprar por omissão
● OMISSÃO IMPRÓPRIA: ocorre por violação ao dever especial de agir
(não é para todo mundo), em regra, estabelecido pelo art. 13, parág.
2º, do CP. Produz os crimes comissivos por omissão (crimes de ação
por omissão)

➔ art. 13, parág. 2º


Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir
para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (ex:
contrato comum salva vidas com um clube, ou até mesmo contrato implícito e verbal -
ex: pegar uma criança sozinha na praia > se deixar de agir para proteger, comete uma
omissão
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
- omissão é penalmente relevante > ação para fins de caracterização
do tipo
- ação por omissão
- garantidor:
ex: um pai e um estranho veem o filho do primeiro se afogando, o pai
é garantidor e o estranho não
pai: homicídio art. 13 + art. 121 / estranho: omissão de socorro >
JUÍZO VALORATIVO da lei
- analisar os limites do poder do garantidor

+ da tolerância social às situações


➔ se o comportamento arriscado é tolerado, e a atividade de
risco produz um resultado danoso, o resultado danoso deverá
ser igualmente tolerado
- regras de controle
+ permitir os riscos > em busca de um benefício maior (ex: medicação > efeito
colateral)
+ não pode ser crime se um dano obedecer essas regras
+ dano que advém de situação tolerável
+ fora dos limites de permissividade > execução da lei
+ o risco proibido
Os bens jurídicos se encontram em situação de risco, que é tolerada
conforme a consideração sobre o cut-benefício da atividade autorizada
O dano decorrente de situação de risco tolerada não pode
caracterizar violação

TIPICIDADE OU ILICITUDE?
A atuação no âmbito do risco permitido significa liberdade de ação, enquanto que a causa
de justificação importa
- não é disputa entre bens jurídicos

CRIAÇÃO DE RISCO NÃO PERMITIDO


- imputação na substituição de risco permitido por outro que não é permitido > ex:
erro médico de um paciente atropelado
+ tem situações de risco que são proibidas desde o início (ex: tráfico de
drogas)
o risco já era proibido de início > ex: morte de usuário de drogas > a
comercialização já era proibida
a conduta já era suficiente para ser considerada violação da norma
● violação da finalidade da norma
- nos crimes materiais não basta criar o risco, sendo necessário a produção do
resultado naturalístico
- se o resultado não for produzido pela situação de risco criada ou incrementada
pelo sujeito não se aperfeiçoa a imputação objetiva
- para explicar o dano são necessários todos os dados do movimento causal que
derivam do não permitido do risco

EXCLUSÃO DE IMPUTAÇÃO
- risco diminuído pela conduta do sujeito > não pode dizer que ele tenha contribuído
+ diminuição do risco preexistente
+ alterações irrelevantes do risco preexistente
+ cursos causais extraordinários
● ex: barragem (média histórica de casos de chuvas)
- não apenas significado quantitativamente, mas qualitativamente também >
reconhecimento da violação penal

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PARTE DE DÚVIDAS SOBRE O CONTEÚDO DA PROVA
prevenção especial e prevenção geral
1. gerla
2. torna-se especial no momento que é cometida infração
3. a pena torna-se especial para quem cometeu o crime e geral para audiência
positiva
- geral e especial
- tenta integrar (ex: serviço à comunidade)
negativo
- tenta excluir (ex: prisão)
- caso concreto
princípio da inocência (“deturpação”) - princípio da não culpabilidade > ninguém será
considerado culpado
- o princípio da culpabilidade > aplicação da pena quando encontramos
culpabilidade
- reprovação = pena (proporcional) > aquilo que excede, viola o princípio de que não
há pena sem culpa
não é possível culpar por maus antecedentes para aumento de pena
superveniência de causa independente
causa > resultado
causas concomitantes:
1. causa: antecedente
2. causa: superveniente
3. causa
causas independentes que se convergem > pode haver relação de dependência > mas não
necessariamente causa - consequência necessária
+ as causas produziram em conjunto produzem o fato, só se exclui se uma por si só
exclui a outra
as pessoas podem fazer coisas diferentes, mas tem que querer a mesma coisa
contribuições: antecedente aos fatores que levam à culpabilidade:
1. fato típico
2. ilícito
3. culpável

ANOTAÇÕES DAS AULAS


24/04/2023
IMPUTAÇÃO SUBJETIVA
quando se diz nada, o crime é culposo, caso haja a possibilidade de doloso, a lei dirá
- dolo e culpa são elementos psicológicos que não podem ser constatados na
realidade
- somente é possível atribuir comportamento doloso ou culposo
- a intenção na qual os conceitos se referem estão na realidade
- dolo não é intensão - é um conceito referido a uma intenção, assim como culpa
- são conceitos normativos
- existem intenções que não se encaixam nem em dolo, nem em culpa > atipicidade

DOLO
- conceito que concilia as teorias da representação, da vontade e do assentimento
- o indivíduo olhe para a realidade e entende o que está acontecendo
art. 18. Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia
+ direto: quando o agente quis produzir o resultado (resultado enquanto
violação da lei - consequência da ilicitude está na culpabilidade, não do tipo
- tipicidade - o que não é característico da teoria finalista)
● direto > correção: quando o agente quis realizar a conduta descrita
no tipo
● a pessoa quer (representação)
● conhecer o risco (representação)
+ indireto-eventual: quando o agente assumiu o risco de produzir o
resultado
● assentimento = consentimento
● não se pode parar no risco: assumir o risco de…
● assumir = concordar que aconteça
● assumiu o risco de realizar o que está descrito no tipo
se considerássemos apenas resultado, só haveria dolo se houvesse mudança da natureza
ou com consciência que estaria realizando um crime
só que dolo se encaixa em mera conduta também
- conhecer o risco (representação) não quer dizer que é aceitar que ele ocorra
(assentimento)
- culpa consciente: caracteriza-se por conhecer o risco e aceita / concorda que
acontece

CULPA
art. 18. Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia
- culposo tem um resultado naturalístico (define qual é o crime - o resultado e:
define o homicídio)
- não é ajudar com cuidado, mas o dano produzido
- produzido por querer e o dolo sem querer
- imprudência: comportamento ativo, precipitado, afoito
- negligência: passivo de contenção
- imperícia: perito naquele determinado assunto (“qualificado”)

CÓDIGO PENAL MILITAR


- trata das mesmas questões, só que melhor explicado
- traz aspectos objetivos e subjetivos
art. 33 Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
II - culposo, quando o agente, deixando de (objetivo) empregar a cautela, atenção, ou
diligência ordinária, ou especial, (as possíveis formas de cuidado - dever de cuidado) a
que estava obrigado em face das circunstâncias, (cuidado proporcional às circunstâncias
daquele caso) / (subjetivo >) não prevê o resultado que podia prever (culpa inconsciente,
sem previsão) ou, prevendo-o, (culpa consciente - previsibilidade - acredita que
poderia evitá-lo) supõe levianamente que não se realizaria ou que poderia evitá-lo.
- previsibilidade (capacidade de ver antes) x previsão
- não pode haver crime culposo sem reconhecer que o indivíduo podia ver aquela
consequência (previsibilidade)
- suposição leviana caracteriza a culpa

REQUISITOS DO FATO CULPOSO


+ conduta humana voluntária
+ desatenção ao dever objetivo de cuidado
+ previsibilidade objetiva
+ resultado (naturalístico) involuntário
+ nexo de causalidade
+ previsão legal

TIPO é uma construção generalizante - se aplica a todas as pessoas


CULPABILIDADE - trata as pessoas de forma particular

CRIME PRETERDOLOSO - crime qualificado por resultado


- dolo no antecedente, culpa no consequente (atenção: não existe dolo inverso)
- o dolo que define o tipo a ser trabalhado
ex: lesão corporal seguida de morte
dolo de lesão, seguida de morte culposa
P.E Objetivo: Lesão > Morte
P.E Subjetivo: Dolo > Culpa
dolo > lesão > culpa > morte
- dolo eventual: aceitar a produção do resultado
- culpa consciente: não aceito que o risco produza resultado
+ o que é comum: representação = conhecer o risco

ANOTAÇÕES DAS AULAS


27/04/2023
ERRO DE TIPO
cada tipo tem um dolo específico
o crime não começa só no objetivo

NA ESTRUTURA DO TIPO
- P. E. Objetivo > o que objetivamente é feito
- P. E. Subjetivo > não é o que o sujeito quer fazer
● os subjetivos são associados aos objetivos
OBS: não há dolo de fazer o que foi feito

IMPORTANTE: não precisa errar sobre tudo o que está no tipo


+ só existe estrupo de vulnerável doloso
+ para ser objetivo ele tinha que querer
+ mas não tinha esse objetivo

REPRESENTAÇÃO
- se não tem representação não tem dolo
- noção mais benéfica ao réu
- de fato: não ceb ninguém desconhecer a lei
art. 20
O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei
- nem todo erro exclui o dolo
o erro exclui o dolo quando o erro incidir sobre uma incidência subjetiva que impede a
caracterização do tipo exclui-se o subjetivo

CARACTERÍSTICAS
+ tipicidade objetiva perfeita
+ tipicidade subjetiva imperfeita
+ modalidade de erro de representação (quando se quer atirar em uma pessoa, mas a
confunde e atira em outra)
- não se confunde com erro de execução art. 73 (erro de “pontaria”)

IMPORTÂNCIA DO ERRO
- essencial: descaracteriza o tipo
vencível: evidencia a culpa stricto sensu
invencível: inexiste culpa
- inessencial ou acidental: não descaracteriza o tipo
crime culposo é caracterizado pelo resultado naturalístico

ERRO SOBRE ELEMENTO NORMATIVO


lei 9.605/98
art. 60
art. 32

ERRO DE TIPO > tipo permissivo


(descriminante putativa)
art. 20, parág. 1º
É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,
supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena
quando o erro deriva de culpa (fundamento da punição) e o fato é punível como crime
culposo
OBS:
1. plenamente justificado, não dolo ou culpa
2. não plenamente justificado, desclassifica do tipo doloso para o culposo

● putatividade = aparência
● erros sobre os elementos do tipo permissivo
ex: legítima defesa

DESCRIMINANTE PUTATIVA (slide)


erro que incide sobre a ilicitude
- teoria limitada da culpabilidade (menos amplo)
erro de tipo
erro de proibição
- teoria extremada da culpabilidade (mais amplo)
erro de proibição

ANOTAÇÕES DAS AULAS


08/05/2023
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
- crime consumado:
art. 14 (I)
- tentativa:
art. 14 (II)
vinculada a um dos elementos da construção de dolo direito (vontade)
discussão: cabe tentativa no dolo eventual? (eventual - assumir o risco de
acontecer)
ART. 14
Crime consumado
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente.

TENTATIVA:
P. E. Objetivo (plano de exigências) ________ /
P. E. Subjetivo _____________ dolo
tipicidade objetiva imperfeita / tipicidade subjetiva perfeita

● desistência voluntária ou arrependimento eficaz (art. 15)


● circunstâncias próprias a vontade
ART. 15
O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

_____ / lesão corporal


______arrependimento_______ morte (alinhamento dos dois planos)

a desistência fala em parar e o arrependimento (já fez, tenta desfazer)

PERSPECTIVA DE PUNIÇÃO
teoria subjetiva: sem redução de pena
teoria objetiva: com redução de pena (redução de ⅓ quando a tentativa chega mais perto
de consumar)
art. 14 parágrafo único

PARÁGRAFO ÚNICO
Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime
consumado, diminuída de um a dois terços

ITER CRIMINIS
01 ____ 02 ____ 03 ____ 04
tudo que acontecer antes de iniciar a execução não autoriza aplicação de pena
1. cogitação
2. preparação
3. início da execução
4. consumação

POSSIBILIDADE DA TENTATIVA
- fracionamento do processo executivo (crimes plurissubsistentes) / processo
executivo interrompid
● recortes interpretativos
● plurissubsistente = muitos atos
● unissubsistente = um único ato (não cabe tentativa) > podem ser
fracionados
- nos crimes dolosos
●nos crimes culposos, se o sujeito não aceita a ocorrência do resultado não
pode tentar realizá-lo > não cabe tentativa de nenhuma forma
● cabe tentativa em crime em dolo eventual > porém, tem que tentar definir
contra quem
ATENÇÃO PARA REPRESENTAÇÃO NOS ESTUDOS!
- a tentativa não começa só nos planos objetivos e subjetivos

(slide) Crimes de resultado naturalístico


- início de conduta capaz de produzir o resultado
- elemento subjetivo direcionado

ATOS DE EXECUÇÃO
objetivo formal: a tentativa tem início com a realização da conduta descrita pelo verbo
núcleo do tipo
● tentativa
● o que está escrito na lei
● ex: furto > arrombar (verbo núcleo do tipo) a porta (ainda não começou o crime)
● causalismo
objetivo material: a tentativa inicia com os atos necessários e imediatamente anteriores
à realização da conduta descrita no tipo
● não mais com o que está escrito, mas já com o que está acontecendo
● causalismo
objetivo individual / objetivo subjetivo: o início da tentativa depende do plano criminoso
do autor
● inicia no plano subjetivo do sujeito
● a tentativa começa conforme o plano
● critério predominante
● finalismo

dolo e culpa é subjetivo!

FIM DA EXECUÇÃO
- crimes materiais: exigem a produção do resultado naturalístico
● não precisa acontecer para o fato sem consumado
- crimes formais: embora refiram-se ao resultado naturalístico, consumam-se
antecipadamente, com a conduta tendente a produzi-lo
- crimes de mera conduta: não descrevem resultado naturalístico e consumam-se
com a realização da conduta proibida descrita

TENTATIVA DE OMISSÃO
- é atuar omissivo não fazer o que a norma exige ou fazer algo diferente do que é
exigido
- a tipicidade dependerá da existência de perigo ao bem jurídico e ação capaz de
salvá-lo
- exige violação do dever concreto de agir
● o sujeito que pretende se omitir pode ser forçado por terceiro a agir para
salvar o bem jurídico
- qualquer crime começa nos dois planos (não só com ação e nem só omissão)
- a tentativa acabada não quer dizer crime consumado
● crime omissivo próprio > termina a disposição na lei
● a omissão não necessariamente é espontânea

ANOTAÇÕES DAS AULAS


11/05/2023
TENTATIVA DA OMISSÃO
- um crime omissivo é um crime doloso
+ visualização de tentativa
● tentativa na omissão própria
- crime omissivo culposo (dificuldade)
CRIME
impossibilidade em razão do meio e impossibilidade em razão do objeto
crime impossível
● impossibilidade absoluta, não relativa
● impossível está no objetivo, não no subjetivo
Crime impossível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

OBJETO
- imateriais: honra, dignidade, caráter

ILICITUDE
- (chamada antes) análise da antijuridicidade
- criação do direito, assim como a pena, o crime é regulado pelo direito, sendo
assim é um fato jurídico e não antijurídico
- ou seja, ilicitude é a desconformidade com o direito
ILICITUDE: é a característica da conduta que consiste na contradição entre a conduta e a
totalidade da ordem jurídica
INJUSTO: é a própria conduta típica e ilicitude que é objeto de valoração da ordem
jurídica

● a tipicidade significa apenas a contrariedade da conduta com a norma subjacente


ao tipo incriminador
● a ilicitude significa a contrariedade da conduta em relação a ordem jurídica (na
qual se harmonizam normas proibitivas mandamentais e preceitos permissivos)
- análise ampliada

JUSTIFICAÇÃO
- resulta de juízo de valor positivo sobre a conduta típica em razão de circunstâncias
excepcionais
- não exige a efetiva proteção do bem jurídico ameaçado
- não distingue conduta típica dolosa ou culposa

COMPARAÇÃO VALORATIVA
ponderação > bem protegido / bem sacrificado

RELAÇÃO TIPO-ILICITUDE
● concepção valorativa do tipo - no esquema inicial de beling, não havia ênfase para
relação tipo-ilicitude
concepção indiciária da ilicitude - as críticas ao esquema de beling afirmam que o tipo
estabelece presunção relativa de ilicitude. O tipo é o mais importante fundamento da
ilicitude. A ilicitude decorre do juízo de valor

ANOTAÇÕES DAS AULAS


15/05/2023

Estado de necessidade e legítima defesa


Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar
de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de
enfrentar o perigo. (garantidores - ex: salva vidas, bombeiros militares) >>> discussão
desse paragrafo após passar pelo tipo > ex: omissão
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena
poderá ser reduzida de um a dois terços.

estado de necessidade: situação de perigo que não seja uma agressão


- perigo atual
- ponderação: sacrifício do bem de menor valor pelo de maior valor > razoabilidade
bens de igual valor, ou o que é razoável?
● dois tipos de estado de necessidade
1. justificante: caput
2. exculpante: - não exclui a culpabilidade, mas diminui a pena - incide sobre
a culpabilidade - parág 2º
● teoria diferenciadora
legítima defesa: agressão
- perigo atual ou iminente (próximo de acontecer)

CÓDIGO PENAL MILITAR


ART. 43 - Estado de necessidade, como excludente do crime
- clara situação de racionalidade
- o mau causado é menor que o evitado

ART. 39 - Estado de necessidade, com excludente de culpabilidade


- não é culpado
- não permite a caracterização do crime
- mais benéfico que o código comum
- de igual valor ou quando for superior

reduzir culpabilidade (art. 24) x excluir culpabilidade (art. 39) > tratar das duas

LEGÍTIMA DEFESA - CP
art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem , usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão , atual ou iminente, a direito seu ou de outrem
- iminente: ainda não começou
- nunca agressão finda
- meio necessário: capaz de neutralizar a agressão e o que está disponível
- cumprimento dos requisitos específicos

a legítima defesa também é pendular > mudança de lados da agressão

previsão para situações que envolvem agentes de segurança pública


art. 25 CP
parágrafo único

ANOTAÇÕES DAS AULAS


18/05/2023
exercício regular do Direito = alcança regulamentação que não é dada especificamente
pela lei
supralegal de justificação
- consentimento do ofendido
- prévio
Direito disponível ou Direito indisponível
causa excludente de ilicitude e tipicidade no consentimento
- válido
- o consentimento anula o núcleo do tipo
JUSTIFICAÇÃO
até determinado ponto a conduta é justificável

CUMPRIMENTO DE DEVER E EXERCÍCIO DE DIREITO


- a valoração é feita no âmbito da tipicidade (imputação objetiva)
- cumprimento de dever: não há crime quando o agente pratica o fato “em estrito
cumprimento do dever legal”
+ o primeiro requisito a ser satisfeito para que ocorra a justificação é a
existência de um dever legal que possa acobertar a conduta lesiva
+ por determinação expressa, o dever que dá suporte a uma conduta que se
pretende justificar so
+ mente poderá ser oriundo de norma legal; a obrigação que justifica é uma
obrigação legal, e não contratual, moral ou religiosa
+ o dever legal, no entanto, deve ser compreendido em seu sentido amplo,
abrangendo também deveres impostos pela CF, desde que a previsão
constitucional seja autoaplicável
+ a excludente de ilicitude em questão presta-se a amparar as condutas dos
indivíduos incumbidos da realização de tarefas que, desvinculadas do dever
legal, seriam consideradas ilícitas
+ amparadas no dever legal, as condutas lesivas conciliam-e com a ordem
jurídica e não podem ser objetivo de valoração negativa
+ ex: intervenção policial em caso de sequestro > a prevalência do dever legal
de intervir sobre a faculdade de defender não permite menores cuidados
com a vida do homicida
- estrito cumprimento do dever legal
+ assim como o estrito cumprimento legal, não possui um tipo permissivo
mais elaborado para definir o comportamento permitido
+ não há crime quando o agente pratica o fato

ANOTAÇÕES DAS AULAS


01/06/2023
a pena deve ter limite na culpabilidade > art. 29
culpa do tipo é postura psicológica
a culpabilidade é uma reprovação
individualizante - caracterização da pena fundamentada na reprovação - a culpa das
pessoas é diferente - individualização da pena - reconhecendo culpabilidade diferente
para cada um - é graduável e o injusto não é
“cada um responde na medida da sua culpabilidade”

CULPABILIDADE
- princípio da política criminal
- elemento do conceito analítico do crime
- característica do autor de crime
não há pena sem reprovação

Como elemento do conceito analítico do crime


+ qualidade da conduta punível
+ importa em juízo de reprovação pessoal
+ determina a qualidade e quantidade da pena na responsabilização da pessoa física

pena: fundamentação racional

Culpabilidade no sistema causal naturalista


Concepção psicológica: exige constatar a relação psicológica que liga o autor à conduta
que causa o resultado. É desprovida de conteúdo valorativo

Culpabilidade no sistema neoclássico


Culpabilidade psicológico-normativo: acrescenta carga valorativa. Além de relação
psíquica, a culpabilidade revela juízo de reprovação sobre a conduta contrária à lei. O
dolo e a culpa deixam de ser espécies de culpabilidade e passam a ser seus elementos
- dolo e culpa em objeto de valoração

teoria finalista
dolo e culpa na tipicidade

exigibilidade jurídica e social de conduta diversa

culpabilidade após o sistema finalista


concepção normativa pura: a partir do sistema finalista, o dolo e a culpa não mais são
analisados na culpabilidade, que passa a expressar um juízo de reprovação pessoa
- não há mais dolo e culpa

EXCULPAÇÃO
- inexigibilidade por incapacidade psíquica
+ insanidade mental
+ menoridade
+ embriaguez / entorpecimento
- inexigibilidade por incompreensão da ilicitude do fato
+ erro de proibição
+ obediência hierárquica
- inexigibilidade por coação
+ obediência hierárquica
- outras hipóteses de inexigibilidade de conduta diversa

critério como último momento de aplicação que irá influenciar na pena

CONTEÚDO MATERIAL
- o que se reprova no indivíduo?

concepção pscicológica.: não há objeto de valoração


deficiências:
- não fundamenta a dosimetria da pena
- não explica os casos de:
+ culpa inconsciente
+ estado de necessidade
(SLIDES)

concepção psicológico-normativa
- dolo
- culpa
deficiência: dolo e culpa são conceitos jurídicos que se relacionam à intenção, como
objeto de valoração. conceitos não pode ser objetos de valoração da culpabilidade
concepção normativa pura
- poder agir de outro modo
- personalidade
- caráter
- atitude interior
- formação da vontade
- capacidade de motivação pela norma

toda finalidade é auto referente


representação

ANOTAÇÕES DAS AULAS


12/06/2023
Medidas de segurança (e a dívida social com os portadores de sofrimento mental)
- slides
A lei nº 10.216/2001
Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e
redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Seus dispositivos são aplicáveis aos
casos de internação voluntária ou involuntária, bem como aos casos de internação
compulsória que são determinadas pela Justiça como a medida de segurança.

● todo paciente tem o direito de saber da sua situação de saúde


● periculosidade não está associada à
● decisão do juízo propriamente devido à medida de segurança
● lei de execução penal > pode fazer o exame antes e terminar o tratamento antes
- doença pós condenação ex privativa de liberdade > medida de segurança >
após cumprir a medida de segurança, o preso não volta para a pena
privativa de liberdade
● aplicação da medida de segurança
- não aplica fato ilícito típico, não há medida de segurança
- fato atípico = absolvição sem medida de segurança

ANOTAÇÕES DAS AULAS


12/06/2023
ERRO DE PROIBIÇÃO
- representação sobre o que é proibido
CARACTERÍSTICAS
modalidades de erro de representação
- repercute efeitos sobre potencial consciência da ilicitude (não há necessidade de
haver real consciência)
- juízo equivocado de confronto entre o fato e a valoração normativa
- fato > valoração que a norma deu > relação entre esses dois referenciais > errar
relação entre uma coisa e outra
proibição em relação a dois referenciais
obs: passamos de representação sobre coisas > sobre ideias (direito autoral - dolo de
direito autoral e representação)
sabe que é proibido x pensa que é permitido = deve ser tratado de formas diferentes,
apesar dos dois tratarem de proibição

ERRO SOBRE ILICITUDE DO FATO


art. 21 CP
parágrafo único
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável (porque é inevitável). O erro
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de
um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou
atingir essa consciência.

DESCONHECIMENTO DA LEI
- sua alegação pura e simples não leva à isenção de culpa
- é um atenuante
- pode ser a causa determinante do erro de proibição (como o conhecimento da lei
também pode)
- quando resulta em erro de proibição, afeta a potencial consciência da ilicitude e,
portanto , juízo de reprovação
- se o erro for facilmente resolvido pela leitura da lei o erro é evitável > vai ter
sempre pena (se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço)
- desconhecimento da lei é evitável
- mesmo lendo e não entendo o erro não decorre do desconhecimento da lei

DEVER DE SE INFORMAR
genérico: sobre as atividades ordinárias da vida cotidiana, senso comum
especial: atividades extraordinárias, deve o agente se informar previamente

EXCULPAÇÃO
escusável: desculpável quando o erro se apresenta inevitável
inescusável: indesculpável quando o erro se apresenta evitável

ESPÉCIES
erro de proibição direto: o sujeito desconhece a existência da norma proibitiva ou não
conhece adequadamente seu âmbito de incidência
- modalidades
● erro de vigência: uma norma está em vigor ou não
● erro de eficácia: efeitos
+ dificuldade de sucessão de leis no tempo
● erro de punibilidade: não só no penal
● erro de subsunção: possibilidade de não entendo a proibição pq não entendi
que aquele fato se encaixa na proibição do tipo
+ erro sobre a fonte direta de proibição = tipo incriminador
erro de proibição indireto: o sujeito erra sobre a existência ou os limites de uma causa de
justificação
erro de mandamento: o sujeito garantidor desconhece a existência ou compreende mal a
norma mandamental que lhe impõe o dever de agir para impedir o resultado
- aplicação no direito penal econômico

ANOTAÇÕES DAS AULAS


19/06/2023
ERRO DE PROIBIÇÃO

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