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DIREITO CONSTITUCIONAL II

- AULA 1, PARTE 1-

O que significa uma democracia? – Ulysses Guimarães.

1. SISTEMA CONSTITUCIONAL DAS CRISES / ESTADO DE


EXCEÇÃO. DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES
DEMOCRÁTICAS
O estado de defesa e estado de sítio são instrumentos previstos na
Carta Magna e, em hipótese alguma, podem extrapolar a legalidade
constitucional. Estão situados na legalidade constitucional
extraordinária.
“Para um mal maior, é necessário uma medida
terapêutica mais forte, desde que se mantenha vivo
o paciente. Em última análise, são instrumentos
necessários e obrigatórios para a preservação
daqueles valores que a Constituição engendrou
como mais caros à humanidade.” – Carlos Augusto
Não se pode utilizar destes instrumentos para afrontar o poder
democrático. Se colidem seus interesses, não se está utilizando o que a
Constituição permite.
O Estado de Exceção tem esta nomenclatura por ser uma medida
excepcional, mas sempre trabalhada nas entrelinhas do texto
constitucional.
Existem uma base principiológica atrelada à uma finalidade. Esta é
fundamentada por duas palavras: Necessidade e Temporariedade.
 A necessidade é vinculada a um pressuposto fático,
ou seja, é necessário partir de um fato que possa
levar a identificação de uma situação de
excepcionalidade/anormalidade que justifique a
utilização de medidas restritivas excepcionais, mas
sempre definidas por uma temporariedade prévia.

Na utilização destes instrumentos é necessário, obrigatoriamente, do


controle. O controle sempre será feito de duas formas:
 Controle Político, realizado pelo Congresso Nacional.
 Controle Judicial, levado a efeito pelo Poder Judiciário.
Sem controle, não é possível decretar o Estado de Sítio ou o Estado de
Defesa. A execução de medidas restritivas interdependem do Controle
Político e Judicial.
“Qualquer medida que represente o fechamento do
congresso nacional ou uma restrição ao exercício
das soberanas funções do parlamento é,
incontestavelmente, inconstitucional.”

1.1 Estado de Defesa – “menos gravoso”


• Quais motivos levam a decretação do Estado de Defesa? – art. 136
da CF/88.
1. Grave e iminente instabilidade institucional;
2. Calamidades de grandes proporções na natureza.
*desde que estejam interferindo na ordem pública ou na paz social!!!
Fato + Preservação das circunstâncias fáticas.

 O Estado de Defesa só é passível de utilização pontualmente, “em


locais restritos e determinados”. Desta forma, não é possível
estabelecer o Estado de Defesa genericamente, mas, sim, sempre
especificamente.
§ 2º. O tempo de duração do estado de defesa não será superior à
trinta dias, podendo ser prorrogada uma vez por igual período, se
persistirem as razões que justificaram a sua decretação.
 Ou seja, no máximo 60 dias.

• Quais medidas restritivas podem ser tomadas no Estado de


Defesa?
§ 1º, incisos I e II.
I – restrições aos direitos de:
a) Reunião, ainda que exercida nos centros das associações;
b) Sigilo de correspondência
c) Sigilo de comunicação telegráfica e telefônica
II- ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na
hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e
custos decorrentes.
Durante o Estado de Defesa aquele que tomará os cuidados da
medida coercitiva poderá decretar a prisão, mesmo sem ser juiz:
§ 3º. Na vigência do estado de defesa:
I – a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da
medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz
competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso
requerer exame de corpo de delito à autoridade policial.

A decretação do Estado de Defesa é um ato privativo do Presidente da


República > art. 84, IX. Todavia, antes da decretação, o Presidente da
República precisa consultar dois órgãos para a tomada da decisão:
Conselho de Defesa Nacional (art. 89, art. 91, § 1º, II) e Conselho da
República (art. 91, art. 90, I).
• O Estado de Defesa começa após a expedição do decreto. No entanto,
é necessário que o Presidente submeta, imediatamente, no prazo de 24
horas, o ato, com a respectiva justificação, ao Congresso Nacional, que
decidirá por maioria absoluta. A maioria absoluta (parlamentares
eleitos) decidirá. > Art. 49, IV. O Congresso Nacional pode aprovar ou
parar o Estado de Defesa.

• O Controle Político pode ser realizado em três momentos.


1. Prévio
O controle político prévio, quase que imediatamente à decretação
(24h)
2. Concomitante - § 5º / § 6º
Aquilo que acontece paralelamente à execução; se o Congresso
Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente,
no prazo de cinco dias.
O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias
contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando
enquanto vigorar o estado de defesa.
3. Sucessivo/Posterior

1.2 Estado de Sítio – “mais gravoso”. Art. 137 CF/88


O que pode ser feito durante a vigência de um Estado de Sítio é
inenarrávemente mais gravoso que o Estado de Defesa.
• Qual a motivação para a decretação do Estado de Sítio?
 As motivações estão situadas no art. 137, I e II.

1. Comoção grave de repercussão nacional;


2. Ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia da medida
tomada durante o estado de defesa (Ineficiência do Estado de
Defesa)
3. Declaração de estado de Guerra (no sentido internacional);
4. Resposta à agressão armada estrangeira.
• Qual o prazo para a decretação do Estado de Sítio? § 1º do art. 138.
Em caso de comoção grave de repercussão nacional ou ineficácia do
Estado de defesa não poderá ser decretado por mais de 30 dias, nem
prorrogado, de cada vez, por prazo superior.
*No Estado de Sítio, pode-se prorrogar ad infinitum, atendo-se ao
prazo-limite de 30 dias por vez.
Em caso de guerra ou resposta à agressão armada estrangeira, o prazo
de decretação é incerta, enquanto durar o motivo, “por todo o tempo
que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira”.
O Estado de Sítio está vinculado ao motivo, enquanto o motivo existir,
permanece o Estado de Sítio.
• Quais são as medidas coercitivas adotadas no Estado de Sítio (limites
materiais)?
Se o Estado de Sítio for decretado por comoção grave de repercussão
nacional ou ineficácia do Estado de Defesa, nos termos do art. 139, só
poderão ser tomadas as seguintes medidas:
I- Obrigação ou permanência em localidade determinada;
II- Detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados
por crimes comuns;
III- Restrições relativas à inviolabilidade da correspondência ao
sigilo das comunicações, à prestação de informações e à
liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da
lei;
IV- Suspensão da liberdade de reunião;
V- Busca e apreensão em domicílio;
VI- Intervenção nas empresas de serviços públicos
VII- Requisição de bens.
Se o Estado de Sítio for decretado em razão de guerra declarada ou em
resposta à agressão armada estrangeira, não há limitações para
medidas coercitivas, vez que nesta temporariedade, o próprio direito à
vida encontra-se desprotegido.
• Quais são os controles utilizados no Estado de Sítio (limites
procedimentais)?
Aqui, o presidente ouve os conselhos, realiza o seu Juízo, e solicita ao
Congresso Nacional para realizar a aprovação. -> Art. 137, caput.
1. Controle Prévio
A aprovação do Estado de Sítio depende da anuência majoritária
do Congresso Nacional.
2. Controle Concomitante – art. 138, §3º.
3. Controle Posterior/Sucessivo – Art. 140
Desdobramento do controle concomitante, a mesa do congresso
nacional, ouvidos os líderes partidários, designará comissão
composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar
a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao
estado de sítio.
*Contrariamente ao Estado de Defesa, o Estado de Sítio pode ser
decretado em local indeterminado;

- AULA 1, PARTE 2 -

1. DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES *ESTATAIS*


1.1 Da tripartição orgânica das funções estatais
Aristóteles, na Grécia, em sua clássica obra “Política”, ele identifica, no
Estado, funções distintas, identificadas de forma particularizada. Após,
com o desenvolvimento da humanidade, uma contribuição relevante
acerca da matéria, já no século XVII, John Locke criou a grande obra
“2º Tratado do Governo Civil”, ensaiando as primeiras lições
relacionadas ao tema, até chegar ao pai da separação dos poderes, o
grande Barão de Montesquieu, no livro “O espírito das leis”, trazendo a
necessidade da existência, para uma verdadeira contenção do poder,
seria necessário que “um poder freasse o outro poder”, uma
autolimitação aos poderes. “Para se combater o arbítrio e evitar o
absolutismo monárquico, era necessário que o poder contivesse o
próprio poder” – “O poder freia o poder”.
A concentração do poder leva,
necessariamente, à corrupção do
poder. “Todo poder corrompe”.
 Nas lições de Montesquieu, era necessária uma contenção
recíproca, dividindo-se as atribuições dos órgãos, que ficariam
com suas funções especificas.
 Ao poder executivo recaía a função administrativa, ao poder
legislativo recaía a função legislativa e ao poder judiciário recaía a
função jurisdicional. Estas são as funções típicas.
 Quanto as funções atípicas, tem-se o claro exemplo criado pela
doutrina norte-americana “Checks And Balances”, freios e
contrapesos, em que os poderes, atipicamente, passaram a ter
funções dos outros poderes.

 Art. 2º da CRFB: São Poderes da União, independentes e


harmônicos entre si, o legislativo, o executivo e o judiciário.

 A separação dos poderes é clausula pétrea, engendrada no art.


60, § 4º, III. Deste modo, o único poder hábil a alterar as
atribuições dos poderes é o poder constituinte originário. Uma lei
ordinária ou uma emenda constitucional jamais conseguirá
alterar a base da concepção do Estado.

1.2. Do Poder Legislativo


1.2.1. Da estrutura e da organização
Do ponto de vista orgânico, o Poder Legislativo, no Estado Brasileiro, é
exercido pelo Congresso Nacional, sendo considerado “bicameral”, ou
seja, materializado em duas câmaras legislativas, uma clara opção do
legislador constituinte.
 Bicameralismo do tipo federativo subdivide-se em duas casas,
ambas integrantes do Congresso Nacional, a Câmara dos
Deputados, que representa o povo brasileiro e o Senado Federal,
que representa os entes que compõe a federação, materializando-
se, inclusive, na seleção dos membros que compõe cada uma
dessas casas.
 Hodiernamente, existem 513 Deputados Federais e 81 Senadores,
(584 membros do Congresso Nacional).

 CÂMARA DOS DEPUTADOS: ART. 45. A câmara dos deputados


compõe-se de representantes do povo, eleitos, pelo sistema
proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito
Federal. *“Quociente eleitoral partidário”. O parlamentar não é
necessariamente eleito com seus próprios votos. Nenhum Estado
poderá ter menos de 8 deputados, tampouco mais que 70
deputados. *Cada território elegerá 4 deputados federais.

Art. 27. O número de deputados estaduais será o triplo dos


deputados federais. DE = 3(DF)+(PF-12)
 Dep. Distritais > § 3º, art. 32

 SENADO FEDERAL: ART. 46. O Senado Federal compõe-se de


representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos
segundo o princípio majoritário. § 1º. Cada Estado e o Distrito
Federal elegerão três Senadores, com mandato de oito anos. § 2º
A representação de cada Estado e do Distrito Federal será
renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e
dois terços. *Ou seja, em um pleito eleitoral, elege-se um senador,
no próximo, dois senadores, e assim alternadamente. § 3º Cada
Senador será eleito com dois suplentes.
Historicamente, os países que adotam como forma de estado a
Federação, expressam o seu legislativo com a estrutura bicameral, pois
uma casa representa os interesses do povo e a outra casa
representa os interesses das unidades da federação.
 O Brasil apresenta, também, um
legislativo unicameral, no plano
estadual e municipal, sendo ele a
assembleia legislativa.

DIREITO CONSTITUCIONAL
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO PODER LEGISLATIVO
(continuação)
- AULA 2 -

Não há uma repercussão direta e imediata acerca do número de


vereadores. O legislador constituinte, considerando a quantidade de
municípios, adotou uma regra diversa para a definição do número de
vereadores a partir de uma relação que o legislador constituinte
considerou como mais adequada, sendo um número proporcional à
quantidade de habitantes dos municípios, nos exatos termos do art. 29,
IV (mínimo de 9, máximo de 55, em uma escala crescente).
 Atribuições/Competências TÍPICAS/PREDOMINANTES do
Poder Legislativo
• Competência Legislativa: poder de emitir comandos normativos,
poder legiferante, legislar;
A competência legislativa se biparte em duas funções: Função
Constituinte (PCR) e Função Comum
 Constituinte (derivado): elemento que possibilita a longevidade
da constituição, através do poder constituinte reformador.
Atribuição da Constituição para elaborar emendas
constitucionais.
*Não há promulgação ou sanção presidencial nas
EC’s.
 Comum: Elaborar leis ordinários e complementares.
Art. 48. Cabe ao congresso nacional, com a sanção
do presidente da república, não exigida esta para o
especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre
todas as matérias de competência da união,
especialmente sobre: [...]

-> As atribuições típicas do poder legislativo não esgotam-se nas


duas funções supracitadas. Há, ainda, a função de fiscalização e
controle dos poderes (art. 49, X); colaboração especial com os
Tribunais de Contas, como órgão “auxiliar” do parlamento, nos
termos do art. 70.
*Embora sejam membros
auxiliares do parlamento, os
membros do Tribunais de Contas
da União são autônomos; não
existe subordinação ao
parlamento. Os da União são
chamados de Ministros; os dos
estrados-membro, conselheiros.
*O legislador constituinte proibiu
que se criassem Tribunais de
Contas para os municípios. No
entanto, os que já existiam,
continuaram a existir.
-> Atribuições/Competências ATÍPICAS/NÃO PREDOMINANTES do
Poder Legislativo
1) Função administrativa: previstas para as duas casas legislativas,
individualmente. Auto-gestão das casas.
Art. 51 (atribuições das câmaras dos deputados) e Art. 52 (atribuições
do senado).
O funcionamento parlamentar, de modo mais detalhado, encontra-se no
Regimento Interno (parte regimental), que expressa a autonomia do
ente.
2) Função de julgamento: Materializada no plano interno de cada uma
das casas para o exercício do poder disciplinar para cada um dos seus
servidores, aplicando funções disciplinares (advertência, suspensão e
expulsão).
A competência mais destacada de julgamento é a do Senado, no
Processo de Impeachment.
Função meramente deliberativa: *ora pode materializar-se na
fiscalização e controle, ora na atividade administrativa.
1) Decreto Legislativo: Art. 49 As matérias correspondentes as
competências exclusivas do parlamento, conjugando a vontade
das duas casas (CD + SF), materializam-se através dos decretos
legislativos.
 A resolução, diz respeito à vontade, como regra geral, de
somente uma das casas, chamada pela doutrina por
Competência Privativa.
 Duas casas juntas (vontade das duas casas): Competência
exclusiva.

 DO FUNCIONAMENTO PARLAMENTAR

1) Legislatura: designa o período de 4 anos que coincide com o


mandato do deputado federal, nos termos do parágrafo único do
art. 44.
O ano parlamentar denomina-se de seção legislativa ordinária, que
corresponde a ¼ de uma legislatura. Os semestres parlamentares
chamam-se de períodos legislativos, já que não coincidem com o ano
civil. > Art. 57.
As sessões legislativas podem ser ordinárias e extraordinárias.
Sessão ordinária: Dia comum de trabalho.
Quando há convocações extraordinárias em período de recesso,
denomina-se de Sessão legislativa extraordinária. (art. 57, § 6º).
Há um tipo de sessão legislativa de caráter muito particular, chamada
de Sessão Preparatória, nos termos do art. 57, § 4º. Serve para dar
posse aos seus membros e, de 2 em 2 anos, para eleger a mesa diretora.
O trabalho parlamentar, propriamente dito, vai acontecer, basicamente,
de duas formas.
Quórum comum (maioria simples): art. 47. Salvo disposição
constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas
Comissões (comissões podem ser permanentes ou temporárias. Podem
ser de cada casa, ou mistas) serão tomadas por maioria dos votos
(número inteiro imediatamente seguinte a divisão da metade)(Quórum
de deliberação), presente a maioria absoluta de seus membros (Quórum
de instalação da sessão).
*Maioria simples= maioria absoluta/2. Maioria absoluta= número
imediatamente seguinte a divisão pela metade de pessoas empossadas.
• COMISSÕES PARLAMENTARES. Art. 58.
Não estão detalhadas, especificamente, no texto constitucional. São
apresentadas no texto de forma genérica. As Comissões são detalhadas
através dos regimentos internos.
Podem ser permanentes (aquelas previamente existentes no regimento
interno) ou temporárias (remotas. Algumas foram definidas na CF, ex:
CPI).
Podem ser de cada uma das casas (isoladas) ou das duas casas (mista).
*Todo parlamentar é obrigado a, no mínimo, participar de uma das
comissões.
Algumas comissões estão indicadas no próprio texto constitucional, ex.
art. 140.
1) COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO. Art. 58, § 3º.

Assim como as outras comissões, podem ser das câmaras dos


deputados, do senado federal, ou do CPMI (mistas).
A Comissão Parlamentar de Inquérito, em sua natureza, é
autoexplicativa. Ela não tem atribuição de julgamento, condenação
ou absolvição; como associado pelo próprio nome, é uma
investigação elaborada por parlamentares. Instrumento de
fiscalização/investigação de qualquer parlamento (federal, estadual e
municipal).
Poderes de investigação próprios, separados da atividade judicial.
Natureza particular, individualizada. Regem-se, também, pelo CPP.
Investimento dos parlamentares em funções judiciais de
investigação, não de julgamento. CPI NÃO CONDENA NINGUÉM.
A constituição de uma CPI prestigia o direito das minorias
parlamentares (requerimento de 1/3 dos membros da casa).
Para apuração de fato determinado.
Só pode ser instaurada sendo inserida nas atribuições do
parlamento. Não se pode, por exemplo, investigar temas que digam
respeito ao estado-membro, pois não compete. É necessária uma
vinculação fática ao objeto da atividade parlamentar.
A CPI não pode investigar aquilo que é função típica do judiciário.
Ex: analisar o acerto de decisões judiciais.
Por prazo certo: CPI não pode ser instaurada ad eternum. É
necessário o estabelecimento de um prazo. Não pode ultrapassar a
legislatura.
*Limites da atuação. Poderes da CPI: PESQUISA!!!
A CPI finaliza-se com um relatório apontando eventuais “culpados”.
Assim como em um inquérito policial. Essas conclusões são enviadas
ao MP, para que este, por sua vez, faça um juízo de valor do material
colhido e resolva, se vai denunciar ou não (opinium delicti)

 ESTATUTO DOS PARLAMENTARES


• Prerrogativa dos parlamentares:
a) Imunidades. *As imunidades são indisponíveis!
As imunidades são um conjunto de prerrogativas que estipulam
uma ampla liberdade no exercício da livre atividade parlamentar.
Há redução no limite das suas responsabilidades.
Existem alguns tipos de imunidades, quais são:
1. Imunidade material (inviolabilidade parlamentar)
Art. 53. Os deputados e senadores são invioláveis, civil e
criminalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e
votos. Liberdade de expressão/manifestação absoluta, desde
que haja um nexo causal com o exercício da atividade
parlamentar. Causa excludente da tipicidade.

2. Imunidade formal (foro (órgão responsável pelo julgamento),


prisão e processo)
2.1 Foro privilegiado / foro por prerrogativa de função. § 1º
do Art. 53. Os deputados e senadores, desde a expedição
do diploma, serão submetidos a julgamento perante o
Supremo Tribunal Federal.
Começa antes mesmo da posse (expedição do diploma).
*Deputado Estadual também possui foro privilegiado,
mas julgado pelo TJ.
*Vereador não possui esta prerrogativa.
2.2 Prisão
Art. 53, § 2º. Desde a expedição do diploma, os membros do
Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em
flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão
remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva,
para que, pelo voto da maioria (absoluta) de seus membros,
resolva sobre a prisão.
A imunidade só existe para a prisão cautelar.

2.3 Processo
Art. 53, § 3º. Recebida a denúncia contra senador ou
deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o STF
dará ciência à casa respectiva, que, por iniciativa de
partido política nela representado e pelo voto da maioria
de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o
andamento da ação.

• Proibições dos parlamentares (incompatibilidades):


a) Incompatibilidades.
As incompatibilidades podem ser das seguintes ordens:
Art. 54. Os deputados e senadores não poderão:
I – desde a expedição do diploma:

1. Funcionais
2. Negociais
3. Profissionais
4. Políticas
Se o parlamentar incidir em alguma destas circunstâncias, a
consequência direta e imediata é a perda do mandato parlamentar, que
pode ocorrer por meio da cassação ou da extinção, nos termos do art.
55.
 Cassação
Art. 55, § 2º. Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandado
será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado
Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva
mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional,
assegurada a ampla defesa.
 Extinção
Art. 55, § 3º. Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será
declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante
provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político
representado no Congresso Nacional, assegurada a ampla defesa.

Há, ainda, algumas funções em que o Deputado ou Senador não


perderá seus mandatos se cumulá-las, todas indicadas taxativamente
no art. 56.

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