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Faça um quadro comparativo sobre estado de sítio, estado de defesa e intervenção,

considerando os seguintes itens: conceito, causas para ser implementado, quem decreta e
consequências:

Estado de sítio Estado de Defesa Intervenção

O estado de sítio é uma Substitui o estado de A intervenção é medida


medida excepcional emergência previsto na extraordinária de suspensão
temporária para restaurar a constituição anterior temporária da autonomia
ordem em momento de ente federativo, é a medida
anormalidade/ situação de É uma medida excepcional típica da federação
crise. e temporária para preservar A intervenção Federal é
ou restabelecer a ordem considerada um ato coletivo
pública e a paz social, com a participação de todos
quando estas estiverem os Estados através da
ameaçadas. União, e de competência
privativa do Presidente da
República.

1 ocorrência de fatos que a instabilidade institucional Em princípio não se admite


comprovam a ineficácia de grave e imediata; qualquer intervenção nas
medida tomada durante o calamidades de grandes unidades federadas; porém,
estado de defesa proporções na natureza em caráter estritamente
2 comoção grave de excepcional, pode a União
repercussão nacional intervir nos
3 declaração de estado de Estados-membros e no
guerra ou resposta a Distrito Federal nas
agressão armada hipóteses relacionadas no
estrangeira art. 34 da CF/88.
As hipóteses que
possibilitam a intervenção
de Estado-membro em
Município ou intervenção da
União em Município
localizado em Território
Nacional estão no art. 35.

A decretação do estado de O estado de defesa dá-se a A intervenção pode ser


sítio é solicitada pelo partir de decreto emitido decretada de forma
presidente da República ao pelo Presidente da espontânea ou provocada.
Congresso Nacional, República, sem a intervenção espontânea
ouvidos o Conselho da necessidade de autorização acontece nas hipóteses em
República e o Conselho de anterior do Congresso. que o presidente da
Defesa Nacional. Ainda deve ouvir os república está autorizado
Conselhos da República e pela constituição a decretar
da Defesa Nacional, sem a intervenção de ofício - por
estar obrigado a seguir o iniciativa sem provocação
parecer dos mesmos. de outros órgãos.
A intervenção provocada,
Porém até 24 horas após de depende de provocação de
decretado o estado de algum orgão que pode ser
defesa deve o Presidente por solicitação ou uma
apresentar a justificativa ordem - requisição.
perante o Congresso que aí
sim poderá confirmar ou
revogar a medida.

restrições relativas à As conseqüências durante o Afastamento da autonomia


inviolabilidade de estado de defesa poderão dos entes federativos:
correspondência, ao sigilo ser: interrupção das
de comunicações, à restrição aos direitos de capacidades de
prestação de informações e reunião, sigilo de auto-organização,
à liberdade de imprensa, correspondência e autogoverno, autolegislação
radiodifusão e televisão; comunicação telegráfica e e autoadministração;
suspensão da liberdade de telefônica; A Constituição não pode ser
reunião; ocupação e uso temporário emendada durante a
busca e apreensão em de bens e serviços públicos( intervenção (limite
domicílio; somente na hipótese de circunstancial ao poder de
intervenção nas empresas calamidade pública); emenda): enquanto houver
de serviços públicos; prisão por crime contra o uma intervenção em
requisição de bens. Estado, determinada qualquer local do país, a
Enquanto no estado de sítio diretamente pelo executor Constituição Federal não
decretado no estado de do estado de defesa. pode ser alterada ou
guerra ou resposta à emendada.
agressão armada Esta prisão não poderá ser
estrangeira todas as superior a 10 dias e será
garantias constitucionais imediatamente comunicada
poderão ser suspensas, até a juiz competente que a
o direito a vida pode sofrer relaxará no caso de
restrições, já que conforme ilegalidade, sendo ainda
o artigo 5°,XLVII, poderá vedada a
haver pena de morte em incomunicabilidade do
caso de guerra declarada. preso.

2 que tipo de crise pode dar base para essas 3 formas de exceção?

Contrapostas à noção de ordem pública são as idéias de desordem ou crise, que na CRFB
aparecem na forma de ameaça à integridade nacional, invasão, desorganização das
finanças de unidade da federação, instabilidade institucional, calamidades de grandes
proporções na natureza, comoção grave de repercussão nacional.

Para Bonavides (2004), a crise constitucional é uma crise da Constituição, ou parte dela.
Diversos casos podem ocasionar uma crise constitucional, desde as transformações sociais
que impõem uma atualização do texto constitucional, até determinados fatos políticos, como
a renúncia de um presidente. Porém, se a crise é apenas constitucional, ela “é crise que não
se propaga às instituições nem lhe abala os fundamentos”.
Já a conhecida como “crise constituinte" é a crise do próprio poder constituinte. Trata-se de
uma crise muito mais severa, que pode afetar o regime, o sistema de governo, as
instituições, a forma de Estado, a própria existência do Estado etc.

A crise constituinte é uma crise mais grave, que ameaça a ordem social de tal forma que
não seria preservada por uma simples modificação, parcial ou total, da Constituição, pois as
próprias instituições estão comprometidas. Por serem tão graves, e por não serem
resolvidas apenas pela ressignificação ou reforma da Constituição, as crises constituintes
precisam ser evitadas. O sistema constitucional de restauração da ordem pública se insere
justamente na fronteira entre a crise constitucional e a crise constituinte, tentando evitar que
esta última acabe com a própria ordem vigente

3 explique a teoria do Estado de Exceção de Agamben


“O estado de exceção tem um significado para a ciência do Direito análogo ao significado do
milagre para a teologia. O totalitarismo moderno pode ser definido, como estabelecimento,
por meio do estado de exceção, de uma guerra civil legal, que permite a eliminação física
não apenas de oponentes políticos, mas de categorias inteiras de cidadãos que por algum
motivo não podem ser integrados no sistema político. Desde então, a criação voluntária de
um estado de emergência permanente tornou-se uma das práticas essenciais dos Estados
contemporâneos, mesmo dos ditos democráticos”.

O estado de exceção para Giorgio Agamben, trata-se da adoção contínua de medidas que
seriam próprias de um estado de exceção, tais como a suspensão de alguns correios
fundamentais, a confusão dos poderes, a prática de atos pelo Estado que, de acordo com o
próprio Direito estatal, são, a rigor, ilícitos- o que acontece inclusive nas democracias, que
adotam tais práticas a pretexto de restaurar a ordem. Para Agamben (2013) “É preciso
entender que hoje o governo não se trata de manter a ordem, mas de administrar a
desordem. E a desordem ainda está aí, a gente percebe: a crise, as desordens, as
emergências, o estado de necessidade… São evocados a todo momento.”

Segundo Agamben (2003, p. 42), “O estado de exceção moderno é, por outro lado, uma
tentativa de incluir a própria exceção no ordenamento jurídico, criando um espaço de
indistinção em que fato e Direito coincidem”. Todos os estados acabariam tendo algo de
estado de exceção, mesmo em regimes democráticos.

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