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do direito
administrativo
Bellan, Rosana
SST Princípios do direito administrativo / Rosana Bellan
Local: 2020
nº de p. : 15
Apresentação
Os princípios do Direito Administrativo podem ser entendidos como orientações
que embasam este ramo do Direito. São linhas mestras que orientam as atividades
da Administração Pública. Tais princípios podem estar explícitos em uma norma ou
virem implícitos, como objeto de interpretação.
Para iniciar nossa análise dos princípios, trataremos daqueles que estão previstos
expressamente no art. 37 da Constituição Federal de 1988.
Princípios da legalidade,
impessoalidade e moralidade
Princípio da legalidade
Pelo princípio da legalidade, o administrador público somente deve agir dentro dos
limites determinados pela lei. Segundo ensina Di Pietro (2015), “a Administração só
pode fazer o que a lei permite”.
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Da obra de Meirelles (2015), extraímos que “[...] na Administração Pública não há
liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer
tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei
autoriza”.
Atenção
Se ao administrador só é admitido fazer o que a lei permite, como
podemos assistir diariamente notícias de escândalos nacionais
relatando o descumprimento das leis pelos nossos representantes?
Por que diariamente assistimos a reiterados atos de desrespeito à
Constituição Federal e por conseguinte aos direitos dos cidadãos?
Princípio da impessoalidade
Sobre o princípio da impessoalidade, destaca-se que as ações do administrador
público devem ser impessoais, ou seja, ele não pode agir de forma a favorecer
interesse próprio ou de terceiros. Pelo contrário, deve buscar sempre o interesse
da coletividade envolvido em determinado ato. Fala-se também em princípio da
finalidade, pois a finalidade dos atos praticados na Administração deve ser sempre
pública e não particular.
[...] nele se traduz a ideia de que Administração tem que tratar a todos
os administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas. Nem
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favoritismo nem perseguições são toleráveis. Simpatias ou animosidades
pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação
administrativa e muito menos interesses sectários, de facções ou grupos
de qualquer espécie.
Com fundamento neste princípio, o art. 37, §1°, da Constituição Federal de 1988,
proíbe que autoridades, partidos ou agentes públicos se promovam às custas das
realizações da Administração Pública, utilizando-se da propaganda oficial, por
exemplo, como forma de angariar popularidade. Observe o texto da Constituição
Federal:
Art. 37 […]
Atenção
Apesar de ser um princípio previsto na Constituição como
obrigatório, você talvez já tenha observado políticos usando
dinheiro público para fazer propaganda de seu governo com o
intuito de se promover e angariar votos para a próxima eleição.
Reflita sobre isso e fique mais atento a esta prática. Você pode
denunciar o uso de dinheiro público em promoção pessoal.
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Princípio da moralidade
Pelo princípio da moralidade, o administrador público deve agir com honestidade, e
pautado pela ética e pelos bons costumes.
Para Di Pietro (2015), trata-se de um princípio que deve ser observado não apenas
pelo administrador, mas também pelo particular quando se relaciona com a
Administração Pública, pois, como lembra a autora, é frequente, em licitação, o
conluio entre licitantes. O conluio em licitação configura violação ao princípio da
moralidade pelo particular.
Princípio da publicidade
O princípio da publicidade determina que os atos da administração devem ser
públicos, sendo que todo cidadão tem o direito de ter acesso a tais atos. Neste caso,
estamos diante da exigência de transparência da atuação administrativa, importante
para que seja possível um maior controle por parte da população sobre as ações de
seus governantes.,
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aos assuntos que a todos interessam, e muito menos em relação aos
sujeitos individualmente afetados por alguma medida. (MELLO, 2015)
Art. 5° [...]
Atenção
Note que todas as esferas da Federação (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios) sujeitam-se aos preceitos da nova lei. Trata-
se, portanto, de uma Lei de normas gerais, de caráter nacional, que
obriga todos os entes federados.
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Podemos afirmar, com certeza, que esta lei é fundamental para garantir o acesso à
informação e efetivar a democracia em nosso país.
Existem atos, no entanto, que não devem ser publicados. Isso acontece quando é
necessária a defesa da intimidade das pessoas, no caso de proteção da segurança
da sociedade e do Estado (art. 5º, incisos LX e XXXIII da Constituição Federal).
Princípio da eficiência
O princípio da eficiência foi introduzido na Constituição Federal de 1988, dez
anos após o nascimento da Constituição – em 1998, com a chamada reforma
administrativa. O objetivo inicial de introdução deste princípio, pela Emenda
Constitucional 19/1998, no “caput”, do art. 37 da Constituição Federal, foi trazer para
a Administração Pública métodos de gestão já utilizados nas empresas privadas,
as quais buscam sempre a produtividade, qualidade na prestação de serviços e
maximização de resultados.
Para Di Pietro (2015), o princípio da eficiência pode ser visto sob dois
pontos de vista. Em um primeiro aspecto a ser considerado é “[...] em
relação ao modo de atuação do agente público, do qual se espera o
melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os melhores
resultados”.
Note que este princípio busca aferir mais resultados com menos dispêndios. Por
este motivo, pode ser chamado de princípio da proibição de excesso, que significa
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aferir a compatibilidade entre os meios e os fins, de modo a evitar atuações
desnecessárias ou abusivas por parte da Administração Pública.
Atenção
De Mello (2015) entende que os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade não se confundem. Para ele, o princípio da
razoabilidade exige da Administração uma atuação dentro de
critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o
senso normal de pessoas equilibradas, respeitadas as finalidades
de competência outorgadas.
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Princípios da segurança jurídica, da
motivação e do contraditório e ampla
defesa
Atenção
O art. 54 da Lei nº 9.784/1999 tem como fundamento este
princípio, ao proibir que a Administração anule atos já benéficos
aos administrados praticados há mais de cinco anos. Observe o
texto da lei:
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Veja que o objetivo deste princípio é sempre proteger o cidadão contra novos atos
praticados pelo administrador.
Mas, fique atento, porque a segurança jurídica não ampara atos ilegais. Caso a
Administração tenha praticado atos ilegais, ela pode anulá-los dentro do prazo
previsto em lei, que em regra é de cinco anos, conforme previsto no art. 54 da Lei nº
9.784, acima descrito.
Princípio da motivação
O princípio da motivação exige que a prática dos atos administrativos esteja
acompanhada da devida justificação.
Para Di Pietro (2015), este princípio significa que a Administração deve indicar “[...]
os fundamentos de fato e de direito de suas decisões”. Segundo a autora, “[...] a sua
obrigatoriedade se justifica em qualquer tipo de ato, porque trata de formalidade
necessária para permitir o controle de legalidade dos atos administrativos”.
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Pela análise da lei e das considerações trazidas pela autora Di Pietro, podemos
concluir que todas as decisões administrativas devem ser motivadas. De fato, os
incisos do art. 50 não diferenciam uns ou outros atos, de modo que todos os que se
encontrarem nas situações elencadas devem obrigatoriamente trazer os argumentos
que levaram a uma ou outra decisão.
Observe também que praticamente todo ato administrativo está abrangido pelo
dispositivo citado acima. Analisando-se somente o inciso I você pode constatar que
a maioria absoluta dos atos já está aí abrangida, pois qual ato administrativo não
nega, limita ou afeta algum direito ou interesse?
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Atenção
Você consegue observar que a necessidade da motivação dos atos
administrativos tem como finalidade a proteção do interesse dos
administrados? Ora, se o objetivo da Administração é satisfazer o
interesse público, a motivação dos atos é a forma mais eficiente de
demonstrar a legalidade e as razões que ensejaram sua prática de
forma que todos possam verificar a existência do interesse público
envolvido.
Como você viu, são princípios garantidos pela Constituição aplicáveis aos processos
administrativos e judiciais.
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Fechamento
Todos ramos do direito possuem princípios, que são a base do direito em questão.
Ao se analisar os fundamento de direito, os princípios costumam servir tanto como
normas para a análise de uma situação concreta quanto fundamentos ou standards
para interpretação das regras. Com isso já é possível visualizar a importância dessas
normas.
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Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
<www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: out.
2010.
MELLO, C. A. B. Curso de direito administrativo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
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