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SÚMULAS VINCULANTES – STF

Material confeccionado por Eduardo B. S. Teixeira.

#Atenção: Atualizações em 16/04/2023 (as últimas atualizações na cor VERDE):

 Atualização nos comentários à SV 37 (Fonte: Buscador DOD: 08/03/2022)


 Comentários à SV 51 (Fonte: Buscador DOD: 07/10/2022)
 Comentários à SV 58 (Fonte: Buscador DOD: 17/09/2022)
 Comentários à SV 17 (Fonte: Buscador DOD: 19/03/2022)
 Comentários à SV 3 (Fonte: Buscador DOD: 17/02/2022)
 Inclusão da nova SV 58;
 Questões de concurso.

Orientações:

Súmulas válidas: Em verde (Ex: Súmula nº “x”)


Súmulas com pouca relevância: Em cinza (Ex: Súmula nº “y”)
Súmulas canceladas: Em vermelho (Ex: Súmula nº “z”)
Súmulas superadas: Em roxo, ao final da súmula. Ex: (SUPERADA)

Fonte: Site Buscador do Dizer o Direito e Site do DOD; questões de concurso; julgados do STJ e STF.

SÚMULA VINCULANTE 1

Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar as circunstâncias do
caso concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante de termo de adesão instituído pela lei
complementar nº 110/2001.

SÚMULA VINCULANTE 2

É INCONSTITUCIONAL a lei ou ato normativo estadual ou distrital que DISPONHA sobre sistemas de
consórcios e sorteios, INCLUSIVE bingos e loterias. (TJMS-2008) (PCRN-2009) (MPSC-2010) (DPEAM-2011)
(MPRS-2012) (MPSP-2015) (DPEMA-2015) (PGM-São Luís/MA-2016) (DPEAL-2017) (PGESE-2017) (TJSP-2021)
(MPMG-2021)

OBS: Importante.

Os Estados-membros e os Municípios podem legislar sobre loterias? NÃO.

Competência privativa da União: A competência para tratar sobre esse assunto (sistemas de sorteios) é
privativa da União, conforme determina o art. 22, XX, da CF/88:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...)
XX - sistemas de consórcios e sorteios;

A expressão “sistema de sorteios”, constante do art. 22, XX, da CF/88, abrange os jogos de azar, as loterias
e similares (STF. Plenário. ADI 3895, Rel. Min. Menezes Direito, julgado em 04/06/2008).

O STF editou uma súmula vinculante sobre o tema:


Súmula vinculante 2: É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha
sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.

É inconstitucional norma estadual ou distrital que regulamente o funcionamento de loterias, por ser
matéria de competência privativa da União. STF. Plenário. ADI 3630, Rel. Min. Edson Fachin, j.
30/06/17.

Veja como o tema já foi cobrado em prova:


þ (DPE/MA 2015 FCC) A competência legislativa assegurada constitucionalmente à União para
dispor sobre sistema de consórcios e sorteios impede legislação dos Estados que disponha sobre a
matéria, mesmo que apresente caráter suplementar à legislação federal e seja voltada a atender às
suas peculiaridades. (certo)

Os Estados-membros e os Municípios podem explorar serviços de loteria? Pode existir loteria estadual ou
municipal? SIM. A União possui competência privativa para legislar sobre sistemas de consórcios e
sorteios, inclusive loterias. Isso não impede, contudo, que os Estados e Municípios explorem essas
atividades.

São situações diferentes:


• Estados-membros e Municípios não podem legislar sobre os sistemas de consórcios e sorteios, incluindo
as loterias.
• Estados-membros e Municípios podem explorar os serviços de loterias.

A competência legislativa acerca de determinado assunto não se confunde com a competência material,
executiva, de exploração de serviço a ele correlato. Não se pode conferir interpretação estendida para
também gerar competência material exclusiva da União, que não consta do rol taxativo previsto no art. 21
da CF/88.

A competência da União para legislar exclusivamente sobre sistemas de consórcios e sorteios,


inclusive loterias, não obsta a competência material (administrativa) para a exploração dessas
atividades pelos entes estaduais ou municipais, nem a competência regulamentar dessa exploração.
STF. Plenário. ADPF 492/RJ, ADPF 493/DF e ADI 4986/MT, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 30/9/20
(Info 993).

Exploração de loterias é serviço público e a CF não afirmou que a sua exploração seria exclusiva da
União: A exploração de loterias ostenta natureza jurídica de serviço público. Quando a CF/88 quis
atribuir a prestação de determinado serviço público com exclusividade à União, o constituinte o fez de
forma expressa. A CF/88 não atribuiu à União a exclusividade sobre o serviço de loterias nem proibiu
expressa ou implicitamente o funcionamento de loterias estaduais. Isso significa que os Estados-membros
podem explorar esse serviço com base na competência residual prevista no art. 25, § 1º, pedra de toque do
constitucionalismo republicano brasileiro. Confira:
Art. 25 (...)
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.

Mas e os arts. 1º e 32 do Decreto-lei nº 204/1967? O Decreto-lei nº 204/1967 dispõe sobre a exploração de


loterias. O art. 1º deste DL estabelece que a União teria exclusividade para a prestação dos serviços de
loteria. O art. 32, por sua vez, proíbe expressamente a criação de loterias estaduais. Veja:
Art. 1º A exploração de loteria, como derrogação excepcional das normas do Direito Penal,
constitui serviço público exclusivo da União não suscetível de concessão e só será permitida nos
termos do presente Decreto-lei.

Art. 32. Mantida a situação atual, na forma do disposto no presente Decreto-lei, não mais será
permitida a criação de loterias estaduais.
§ 1º As loterias estaduais atualmente existentes não poderão aumentar as suas emissões ficando
limitadas às quantidades de bilhetes e séries em vigor na data da publicação dêste Decreto-lei. (...)

O STF afirmou que os arts. 1º e 32, caput e § 1º, do Decreto-Lei 204/1967 não foram recepcionados pela
Constituição Federal de 1988. Esses dispositivos colidem frontalmente com o art. 25, § 1º, da CF/88 porque
esvaziam a competência constitucional subsidiária dos Estados-membros para a prestação de serviços
públicos não expressamente reservados pelo texto constitucional à exploração pela União.

Ato normativo infraconstitucional não pode proibir que determinado ente federativo preste o serviço
público se isso não está previsto na Constituição: A legislação federal não pode impor a qualquer ente
federativo restrição à exploração de serviço público para além daquelas previstas constitucionalmente.
Não se pode inferir do texto constitucional a possibilidade de a União, mediante legislação
infraconstitucional, excluir outros entes federados da exploração de atividade autorizada pela própria
Constituição. Em outras palavras, se a Constituição não proibiu que demais entes prestem aquele serviço
público, a União não pode, por meio de norma infraconstitucional, proibir. Ato normativo da União
excluindo os demais entes cria um desequilíbrio em seu próprio benefício, não sendo isso autorizado
constitucionalmente (art. 19, III, da CF/88), além de a Constituição não lhe ter atribuído essa autoridade.
Desse modo, viola a autonomia dos Estados-membros restringir a esfera de competência material residual,
sem amparo na Constituição.
Vimos acima que a União detém competência privativa para legislar sobre “sistemas de consórcios e
sorteios” (art. 22, XX)... Não seria possível que a União, com base nessa competência, editasse lei dizendo
que as loterias são um serviço público federal e que, portanto, Estados e Municípios estão excluídos?
Poderíamos considerar que os arts. 1º e 32 do DL 204/1967 são válidos já que estariam em harmonia com o
art. 22, XX, da CF/88? NÃO. Configura abuso da competência de legislar quando a União se vale do art.
22, XX, da CF/88 para excluir todos os demais entes federados da arrecadação que deles provém, ou para
restringi-la de forma irrazoável e anti-isonômica. A situação anti-isonômica se torna ainda mais patente
quando, compulsado o DL 204/1967 que a sustenta, verifica-se a possibilidade de exploração dos serviços
lotéricos por alguns estados, ao passo que são de prestação proibida a outros. As distinções entre as
unidades da federação são toleradas desde que previstas no texto constitucional, mas nunca em norma
infraconstitucional.

Legislações estaduais que instituem loterias: As legislações estaduais instituidoras de loterias, por meio
de lei estadual ou decreto, em seus territórios, devem simplesmente viabilizar o exercício de sua
competência material de instituição do serviço público. Somente a União pode definir as modalidades de
atividades lotéricas passíveis de exploração. Assim, a norma estadual que instituir loteria no âmbito do
respectivo Estado-membro deverá simplesmente obedecer a disciplina imposta pela União. Se a norma
estadual instituir disciplina ou modalidade de loteria não prevista pelo União, essa norma será
inconstitucional por violar o art. 22, XX, da CF/88. Desse modo, a legislação local deve ter o caráter de ser
simplesmente materializador do serviço público, ou seja, apenas institui o serviço, sem inovar. De acordo
com a SV 2 e os precedentes que a fundamentaram, a disposição legal ou normativa vedada aos Estados-
membros e ao Distrito Federal é a que inova. O aludido verbete e o art. 22, XX, da CF/88 não tratam da
competência material de instituir loterias dentro das balizas federais, ainda que a materialização tenha
expressão mediante decretos ou leis estaduais, distritais ou municipais.

Estados-membros que exploram atividades de loteria não violam a Lei de Contravenções Penais: Não se
pode extrair da Lei de Contravenções Penais interpretação que torne toda e qualquer norma sobre loterias
uma legislação penal. Esse raciocínio equivaleria a interpretar de forma ampla a competência privativa da
União para legislar sobre Direito Penal porque a exploração de loteria foi considerada contravenção. Estar-
se-ia a interpretar a CF conforme a lei. Considerar o exercício de atividade pública uma contravenção
penal significaria dizer que um serviço público constitui crime.

(DPEMA-2015-FCC): A competência legislativa assegurada constitucionalmente à União para dispor sobre


sistema de consórcios e sorteios impede legislação dos Estados que disponha sobre a matéria, mesmo que
apresente caráter suplementar à legislação federal e seja voltada a atender às suas peculiaridades. BL: SV
2, STF.

OBS: Aos Estados cabe exercer a competência suplementar à legislação federal somente em caso de
competência CONCORRENTE. No entanto, a competência para legislar sobre consórcios públicos
encontra-se inserida na competência PRIVATIVA da União, e nesse caso, não cabe ao Estado exercer
suplementação, ainda que haja legislação federal disciplinando a matéria, SALVO, se houvesse delegação
da União por meio de lei complementar a todos os Estados, o que não é o caso.

#Atenção: #STF: #DPEMA-2015: #FCC: Quanto à competência legislativa assegurada constitucionalmente


à União para dispor sobre sistema de consórcios e sorteios, caso não tenha sido exercida, não enseja o
cabimento de mandado de injunção. Tem-se, conforme o STF, que a questão, “por não se constituir em
direito ou liberdade constitucional ou mesmo prerrogativa inerente à nacionalidade, à soberania e à cidadania, não há
a configuração de qualquer mora legislativa a ensejar a impetração do mandado de injunção. A simples discordância
do impetrante com o tratamento normativo dispensado à exploração de determinada atividade não justifica o
cabimento da ação do art. 5º, LXXI, da CF”. (MI 79 - AGR, Min. Octávio Gallotti; MI 81 - AGR, Min. Celso de
Mello; MI 609 - AGR, Min. Octávio Gallotti; MI 600 - AGR, Min. Carlos Velloso). “O mesmo se aplica no caso
de ocorrência de eventual proibição tácita da atividade diante da revogação dos dispositivos de lei que a
regulamentavam”. (MI 697, DF; Min. Cezar Peluso).

SÚMULA VINCULANTE 3

Nos processos perante o tribunal de contas da união ASSEGURAM-SE o contraditório e a ampla defesa
quando da decisão PUDER RESULTAR ANULAÇÃO ou REVOGAÇÃO de ato administrativo que
BENEFICIE o interessado, EXCETUADA a APRECIAÇÃO DA LEGALIDADE do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma e pensão. (TJMS-2008) (MPRO-2008) (TRF2-2009) (PGEAL-2009) (PCPB-
2009) (AGU-2010) (TJPE-2011) (PGEPA-2011) (TJMG-2012) (PGEMG-2012) (PCMA-2012) (MPPR-2013) (MPAC-
2014) (DPEMS-2014) (PGM-Recife/PE-2014) (PGEPR-2015) (MPT-2015) (TJDFT-2007/2012/2016) (TRF4-
2014/2016) (PGEMA-2016) (MPF-2008/2017) (DPEPR-2017) (Cartórios/TJMG-2015/2018) (MPBA-2018) (PCRS-
2018) (Anal. Judic./STJ-2018) (Cartórios/TJPR-2019) (DPEAM-2011/2021) (TJPR-2021) (DPERJ-2021)
(Cartórios/TJSC-2021) (PCMS-2021) (TCDF-2021) (TCEPI-2021) (TJMA-2022) (MPGO-2022) (Cartórios/TJSP-
2022) (TCEPB-2022) (TCETO-2022) (MPCSC-2022)

OBS: Importante.

Quando o Tribunal de Contas faz o controle de legalidade do ato de “concessão inicial” da


aposentadoria, reforma ou pensão, é necessário que ele assegure contraditório e ampla defesa ao
interessado? NÃO. Isso porque quando o Tribunal de Contas aprecia, para fins de registro, a
legalidade das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, não há litígio ou acusação, mas tão
somente a realização de um ato administrativo. Logo, não havendo litígio, não é necessário contraditório
ou ampla defesa.

Para que não houvesse dúvidas quanto a isso, o STF editou, em 30/05/2007, uma súmula:
Súmula Vinculante 3-STF: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

A análise da aposentadoria ou pensão representa o exercício de uma competência constitucional do


Tribunal de Contas (art. 71, III), motivo pelo qual ocorre sem a participação dos interessados e, portanto,
sem a observância do contraditório e da ampla defesa:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal
de Contas da União, ao qual compete: (...)
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título,
na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não
alterem o fundamento legal do ato concessório;

A SV possuía uma exceção: A jurisprudência do STF, antes do RE 636553/RS (Tema 445), havia construído
uma exceção à SV 3: se o Tribunal de Contas tivesse demorado mais do que 5 anos para analisar a
concessão inicial da aposentadoria, ele teria que permitir contraditório e ampla defesa ao interessado. Essa
exceção deixou de existir com o julgamento do RE 636553/RS. O STF passou a dizer que, se o Tribunal de
Contas demorar mais que 5 anos para julgar a aposentadoria, reforma ou pensão, o ato é considerado
definitivamente registrado.
Antes do RE 636553/RS (Tema 445) Depois do RE 636553/RS (Tema 445)
Não havia prazo para o Tribunal de Contas apreciar O Tribunal de Contas possui o prazo de 5 anos para
a legalidade do ato de concessão inicial da apreciar a legalidade do ato de concessão inicial da
aposentadoria, reforma ou pensão. aposentadoria, reforma ou pensão.
Se o Tribunal de Contas demorasse mais de 5 anos Se o Tribunal de Contas demorar mais de 5 anos para
para apreciar a legalidade do ato, ele continuaria apreciar a legalidade, ele não poderá mais rever esse
podendo examinar, mas passava a ser necessário ato. Esgotado o prazo, considera-se que a
garantir contraditório e ampla defesa ao interessado. aposentadoria, reforma ou pensão está
definitivamente registrada, mesmo sem ter havido a
análise pelo Tribunal de Contas.
Esse prazo de 5 anos era contado a partir da data da Mesma regra. O prazo de 5 anos para que o Tribunal
chegada, ao TCU, do processo administrativo de de Contas julgue a legalidade do ato de concessão
concessão inicial da aposentadoria, reforma ou inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, é
pensão. contado da chegada do processo à respectiva Corte
de Contas.
A SV 3 possuía uma exceção. A SV não possui mais exceção. Em nenhum caso será
necessário contraditório ou ampla defesa.

Veja a tese fixada pelo STF no RE 636553/RS:


Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas
estão sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial
de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de
Contas. STF. Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 19/2/20 (repercussão geral –
Tema 445) (Info 967). (TJPR-2021) (DPEAM-2021) (DPERJ-2021) (Cartórios/TJSC-2021) (TJMA-2022)
(MPGO-2022) (TCEPB-2022) (MPCSC-2022) (TCETO-2022)
(TJMA-2022-CESPE): Enquanto pela tutela a administração exerce controle sobre outra pessoa jurídica
por ela mesma instituída, pela autotutela o controle se exerce sobre os próprios atos, com a
possibilidade de anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou inoportunos, independentemente de
recurso ao Poder Judiciário. Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Direito administrativo. 31.ª ed., Rio de
Janeiro: Forense, 2018 (com adaptações). Tendo como referência o fragmento de texto precedente,
assinale a opção correta em relação ao princípio da autotutela: Passados mais de cinco anos da
chegada ao tribunal de contas de processo que trata de registro da concessão de aposentadoria de
servidor público, não poderá a referida corte de contas anular o ato. BL: SV 3, STF e Info 967, STF.
(TCEPB-2022-CESPE): Julgue o item que se segue, acerca dos princípios do direito administrativo, do
ato administrativo, dos poderes da administração pública e do Regime Jurídico dos Servidores
Públicos Civis do Estado da Paraíba: Em observância aos princípios da segurança jurídica e da
confiança, os tribunais de contas sujeitam-se a prazo decadencial para o julgamento da legalidade do
ato de concessão inicial de aposentadoria. BL: SV 3, STF e Info 967, STF.
(TCETO-2022-FGV): Maria, após cumprir os requisitos exigidos, teve deferida a sua aposentadoria
voluntária por tempo de serviço, sendo o respectivo expediente encaminhado ao Tribunal de Contas
do Estado Alfa para fins de registro. Os autos ingressaram no Tribunal em dezembro de 2015 e
somente no último mês foi designada a sessão de julgamento na qual seria apreciada a legalidade do
ato. À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que: em razão dos princípios da segurança
jurídica e da confiança legítima, o ato de aposentadoria deve ser considerado definitivamente
registrado. BL: SV 3, STF e Info 967, STF.
#Atenção: A ementa traz, ainda, em determinado ponto, o que segue: "(...) 3. Princípios da segurança
jurídica e da confiança legítima. Necessidade da estabilização das relações jurídicas. Fixação do prazo de 5 anos
para que o TCU proceda ao registro dos atos de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, após o
qual se considerarão definitivamente registrados. (...)". O enunciado informa que o processo chegou em
dezembro de 2015 no Tribunal de Contas. Assim, possuía até dezembro de 2020 para julgar a
legalidade do ato, mas só marcou o julgamento "no último mês", que, nesse caso, é o mês anterior à
data de aplicação da prova - que ocorreu em outubro de 2022. Desse modo, como no dia marcado para
julgamento o Tribunal terá levado mais de cinco anos para julgar a legalidade do ato (não sabemos
para qual data foi marcado, mas já sabemos que quase 7 anos se passaram desde a chegada do
processo no Tribunal), o ato de concessão deve ser considerado definitivamente registrado. Obs.: o
enunciado deveria ter colocado a data ou reforçado que considerou como "último mês" o mês anterior à
data de aplicação da prova. Isso porque a questão é, em regra, uma situação hipotética e o candidato
está habituado a utilizar somente as datas fornecidas. Quando o examinador mistura data fictícia com
data real, pode levar a erro o candidato que conhece a tese, mas que ficou confuso com a redação da
questão.
(TJPR-2021-FGV): Os Tribunais de Contas, no exercício da competência constitucional que lhes
outorga a atribuição para o registro dos atos de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão
dos servidores dos órgãos e entidades submetidos à sua jurisdição, devem observar que a fluência do
prazo: decadencial de cinco anos para julgamento da legalidade de tais atos tem início a contar da
chegada do processo à respectiva Corte de Contas. BL: SV 3, STF e Info 967, STF.

Nesta sessão de hoje, o relator reajustou seu voto para manter, por motivos de segurança jurídica, a
jurisprudência do STF de que a concessão de aposentadoria é um ato administrativo complexo, que
envolve órgãos diversos da administração pública e somente pode ser concretizado após a análise de sua
legalidade pelo TCU. Apesar de entender que o procedimento administrativo de verificação de condições
de validade do ato não se sujeita ao prazo extintivo de cinco anos, o Ministro concluiu que é necessário
fixação de prazo para que as cortes de contas exerçam seu dever constitucional. O relator propôs, por
analogia, a aplicação, aos casos de revisão de aposentadoria, do prazo prescricional de cinco anos
previsto no Decreto 20.910/32 para que o administrado acione a Fazenda Pública. “Se o administrado tem o
prazo de cinco anos para buscar qualquer direito contra a Fazenda Pública, também podemos considerar que o Poder
Público, no exercício do controle externo, teria o mesmo prazo para rever eventual ato administrativo favorável ao
administrado”, explicou. (STF, RE 636553, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 19.02.20).

#Atenção: #STF: #MPRO-2008: #TRF2-2009: #Anal. Judic./STJ-2018: #Cartórios/TJPR-2019: #DPERJ-


2021: #CESPE: #FGV: #UFPR: O ato de aposentadoria consubstancia ato administrativo complexo,
aperfeiçoando-se somente com o registro perante o Tribunal de Contas. Submetido a condição
resolutiva, não se operam os efeitos da decadência antes da vontade final da Administração. (STF.
Plenário. MS n. 25.072/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 27/04/07).

(TJCE-2018-CESPE): José, servidor público do estado do Ceará, por preencher os requisitos legais,
requereu a concessão de sua aposentadoria por tempo de serviço, o que foi deferido pelo respectivo órgão
público no qual era lotado. Após mais de cinco anos do ato concessivo, o Tribunal de Contas do Estado do
Ceará julgou ilegal aquele ato, em procedimento no qual José não havia sido intimado a se manifestar.
Considerando o entendimento do STF acerca do ato concessivo de aposentadoria, o tribunal de contas
estadual, na situação hipotética apresentada, agiu incorretamente, pois, em que pese se tratar de ato
administrativo complexo, transcorrido lapso temporal superior a cinco anos, em nome da segurança
jurídica, deveria José ter sido previamente intimado a se manifestar. BL: SV 3, STF.
(MPPR-2017): Assinale a alternativa correta: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União
asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação
de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. BL: SV 3, STF.

(MPMT-2014): No julgamento de legalidade de ato administrativo de concessão inicial de aposentadoria,


fica afastada a necessidade de observância dos institutos do contraditório e da ampla defesa pelo Tribunal
de Contas da União. BL: SV 3, STF.

(TRF4-2014): Excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e


pensão, nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla
defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o
interessado. BL: SV 3, STF.

SÚMULA VINCULANTE 4

SALVO nos casos previstos na constituição, o SALÁRIO MÍNIMO NÃO PODE SER USADO como
indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, NEM SER
SUBSTITUÍDO por decisão judicial. (MPF-2008) (TRF4-2009) (AGU-2012) (TJMA-2013) (MPAC-2014)
(PGERN-2014) (PGEPR-2015) (PGERS-2015) (TRT1-2015) (MPGO-2010/2016) (TJAM-2016) (TRT/Unificado-
2017) (TJSP-2018) (TJPA-2019) (MPPR-2019)

OBS: O art. 7º, IV da CF afirma que é vedada a vinculação do salário mínimo para qualquer fim. Há, no
entanto, no próprio texto constitucional situações em que o salário mínimo é utilizado como parâmetro
(ex: art. 201, §2º).
Art. 201. (...)
§2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do
segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 20, de 1998)

#Atenção: #STF: #MPGO-2016: Especialmente quanto aos alimentos decorrentes do parentesco, o STF
decidiu: “A fixação de pensão alimentícia tem por finalidade garantir aos beneficiários as mesmas necessidades
básicas asseguradas aos trabalhadores em geral pelo texto constitucional. De considerar-se afastada, por isso,
relativamente a essa hipótese, a proibição da vinculação ao salário mínimo, prevista no inciso IV do artigo 7.
da CF.” (STF. 1ª T., RE 134567, Rel. Min. Ilmar Galvão, j. 19/11/91). Além disso, dispõe o art. 533, § 4º, do
NCPC: “a prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o salário mínimo”.

(TJSP-2018-VUNESP): O art. 7° , IV, da CF/88 assegura ao trabalhador a percepção de salário-mínimo e


proíbe sua vinculação “para qualquer fim”. Diante de tal vedação e de outros preceitos da Carta, como o
art. 39, § 3° , a Súmula Vinculante n° 4 estabeleceu, em relação a vantagem percebida por servidor público,
que também nessa hipótese é vedada a utilização do salário-mínimo como indexador ou base de cálculo,
proibida, ademais, sua substituição por decisão judicial. BL: SV 4, STF.

(TJMA-2013-CESPE): Com relação aos servidores públicos, assinale a opção correta: O salário mínimo não
pode ser utilizado como indexador de base de cálculo de adicional de insalubridade devido a servidor
público. BL: SV 4, STF.

SÚMULA VINCULANTE 5

A FALTA DE DEFESA TÉCNICA por advogado no processo administrativo disciplinar NÃO OFENDE a
constituição. (MPF-2005) (TJAP-2008) (MPCE-2009) (TRF2-2009) (TRF5-2009) (AGU-2009) (MPT-2009) (MPSC-
2010) (DPEGO-2010) (TRF4-2010) (PGEGO-2010) (TJPE-2011) (MPPB-2011) (PGEPA-2011) (PGEPR-2011)
(MPMG-2012) (MPRJ-2012) (MPRR-2012) (PGEMG-2012) (PCMA-2012) (DPEAM-2011/2013) (DPEDF-2013)
(DPERR-2013) (TRF1-2013) (Cartórios/TJES-2013) (TJRJ-2011/2014) (DPEMS-2012/2014) (MPRS-2014) (DPEMG-
2014) (PGEMS-2014) (PCSP-2014) (DPESP-2010/2012/2015) (TJAL-2015) (PGEAM-2010/2016) (Cartórios/TJSP-
2012/2016) (TJDFT-2008/2011/2014/2015/2016) (PGEMT-2016) (DPEAC-2012/2017) (PGEAC-2014/2017)
(Cartórios/TJRJ-2017) (PCGO-2017/2018) (TJCE-2018) (MPBA-2018) (PGESC-2018) (PGM-João Pessoa/PB-2018)
(TJAC-2012/2019) (MPSP-2008/2011/2017/2019) (PGM-Boa Vista/RR-2019) (TJPR-2012/2014/2021) (PGEMS-
2014/2021) (MPPR-2013/2017/2021) (TJSP-2017/2021) (MPDFT-2021) (Cartórios/TJGO-2021) (Aud. Fiscal-
SEFAZ/CE-2021) (TJMG-2012/2022) (PGDF-2013/2022) (DPEPR-2014/2022) (MPGO-2010/2019/2022) (DPEPI-
2022) (Anal. Judic./TRT4-2022)

OBS: Assim, a presença de advogado em PAD é facultativa. O acusado pode ser acompanhado por
advogado se assim desejar. No entanto, não é obrigatório que o processado tenha a assistência jurídica.
Logo, caso não tenha sido auxiliado por advogado, tal circunstância não gera a nulidade do PAD.

OBS: Vale ressaltar que a SV 5 refere-se ao típico processo administrativo disciplinar, ou seja, aquele que
tramita no âmbito da Administração Pública. Este enunciado não se aplica para o processo administrativo
que apura infrações cometidas no sistema penitenciário.

(PGDF-2022-CESPE): Acerca do processo administrativo disciplinar, julgue o item seguinte, considerando


o entendimento dos tribunais superiores sobre a matéria: A falta de defesa técnica por advogado em
processo administrativo disciplinar não viola a CF. BL: SV 5, STF.

(TJSP-2017-VUNESP): Particularmente, no tocante ao processo administrativo, é correto afirmar: deve ter


as garantias do contraditório e da ampla defesa, mas não a defesa técnica quando se tratar de processo
disciplinar de natureza civil, conforme orientação sumulada pelo STF. BL: SV 5, STF.

(MPPR-2017): Assinale a alternativa correta: A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a CF. BL: SV 5, STF.

(PGEMS-2014): Servidor público estatutário de autarquia estadual, em sede de recurso administrativo


manejado em face de decisão proferida em processo administrativo disciplinar que lhe aplicou pena de
“advertência”; alegou, exclusivamente, que mesmo sendo-lhe garantido direito à informação, à
manifestação e à consideração de tal manifestação, não foi assistido por advogado durante todo o PAD.
Você, na condição de Procurador(a) do Estado, com fundamento na jurisprudência vinculante sobre o
tema, acaso tivesse que realizar parecer, pugnaria: Pelo indeferimento do recurso administrativo, pois não
há nulidade a ser reconhecida exclusivamente por ausência de advogado constituído no processo
administrativo em análise. BL: SV 5, STF.

(DPEPR-2014) O verbete sumular vinculante de n. 5, que dispõe que “a falta de defesa técnica por
advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição” somente é aplicável ao
procedimento disciplinar na esfera cível-administrativa, não sendo aplicável no procedimento disciplinar
no âmbito da execução penal. (DPESP-2012) (TJSP-2017/2021)

SÚMULA VINCULANTE 6

NÃO VIOLA a constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças
prestadoras de serviço militar inicial. (PCDF-2009) (MPM-2013) (Cartórios/TJDFT-2014) (PGDF-2022)

(Cartórios/TJDFT-2014-CESPE): Considerando os dispositivos constitucionais referentes à defesa do


Estado e das instituições democráticas, assinale a opção correta: O estabelecimento de remuneração
inferior ao salário mínimo às praças prestadoras de serviço militar inicial está em consonância com o texto
constitucional. BL: SV 6, STF.

SÚMULA VINCULANTE 7

A norma do § 3º do artigo 192 da constituição, revogada pela emenda constitucional nº 40/2003, que
limitava a taxa de juros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicação condicionada à edição de lei complementar.
(TRF1-2011) (TRF2-2013) (MPT-2015)

OBS: Importante. O que dizia o §3º do art. 192 da CF/88: “As taxas de juros reais, nelas incluídas comissões e
quaisquer outras remunerações direta ou indiretamente referidas à concessão de crédito, não poderão ser superiores a
doze por cento ao ano; a cobrança acima deste limite será conceituada como crime de usura, punido, em todas as suas
modalidades, nos termos que a lei determinar”.

SÚMULA VINCULANTE 8
SÃO INCONSTITUCIONAIS o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45
e 46 da Lei nº 8.212/1991, que TRATAM de prescrição e decadência de crédito tributário. (MPRN-2009)
(PGEAL-2009) (PGEGO-2010) (TJRO-2011) (PGEPA-2011) (TRF4-2010/2012) (PFN-2012/2015) (DPEMA-2015)
(Anal. Judic./STJ-2018) (MPPR-2019) (TJMS-2020)

OBS: A edição da SV 8, ocorrida em 12/06/2008, motivou o Congresso Nacional a aprovar a Lei


Complementar nº 128, de 19/12/2008, revogando os arts. 45 e 46 da Lei 8212/91.

(TJRO-2011): O prazo de 10 anos para o lançamento das contribuições previdenciárias foi objeto da
primeira súmula vinculante do STF sobre questão tributária. BL: SV 8, STF e art. 146, III, “b”, CF.

(TRF4-2010): Assinale a alternativa correta: Alterações de prazos de decadência e prescrição como as feitas
pelo art. 5º do Decreto-Lei 1.569/77 e pelos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91 são inconstitucionais por exigir-se
Lei Complementar para reger tais matérias. BL: SV 8, STF e art. 146, III, “b”, CF.

(MPRN-2009-CESPE): Com base na CF e considerando que lei ordinária estadual tenha criado
contribuição previdenciária e estabelecido em 10 anos o prazo prescricional do crédito tributário, assinale
a opção correta: É inconstitucional a alteração do prazo prescricional, pois a alteração deveria ser feita
apenas por lei complementar federal. BL: SV 8, STF e art. 146, III, “b”, CF.

#Atenção: #MPRN-2009: #TJRO-2011: #TRF4-2010/2012: #PFN-2012: #Anal. Judic./STJ-2018: #MPPR-


2019: #TJMS-2020: #CESPE: #ESAF: #FCC: O art. 146, III, “b”, CF, que trata das normas gerais de direito
tributário, sendo que esse dispositivo expressamente nomeia a prescrição e decadência como temas que
demandam edição de lei complementar. O STF, analisando o tema, acabou editando a SV 8 e, por via de
consequência, julgou inconstitucional leis ordinárias que tratavam de prescrição e decadência de crédito
tributário.

SÚMULA VINCULANTE 9

O disposto no artigo 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido pela ordem
constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58 . (MPMS-2011)
(TRF5-2011) (TJAM-2013) (DPECE-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (TJSP-2017)

OBS: Este enunciado foi editado em 2008. A redação do art. 127 foi alterada pela Lei 12.433/2011, no
entanto, o sentido da súmula permanece sendo válido, ou seja, o referido dispositivo é compatível com a
CF/88.

Art. 127. O condenado que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido,
começando o novo período a partir da data da infração disciplinar.

Art. 127.  Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido,
observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração
disciplinar.  (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)

SÚMULA VINCULANTE 10

VIOLA a CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de
tribunal que EMBORA NÃO DECLARE expressamente a INCONSTITUCIONALIDADE de lei ou ato
normativo do poder público, AFASTA sua incidência, no todo ou em parte. (TJMT-2009) (PGEAL-2009)
(MPPB-2010) (MPSC-2010) (PGEAM-2010) (TJDFT-2012) (TJPA-2012) (MPMG-2012) (DPEAC-2012) (PGEAC-
2012) (PGESP-2012) (TJRN-2013) (MPDFT-2013) (MPPR-2013/2014) (TJSP-2014) (TJDFT-2014) (TJCE-2014)
(MPAC-2014) (DPEGO-2014) (Cartórios/TJSE-2014) (PGERN-2014) (TRF5-2011/2015) (DPEMA-2015) (PCDF-
2015) (PGM-Salvador/BA-2015) (TJAM-2016) (TRF3-2016) (TRF2-2013/2017) (DPERO-2017) (PCAP-2017) (MPT-
2017) (TJRS-2009/2018) (DPEAM-2011/2018) (DPERS-2018) (TCEMG-2018) (Anal. Judic./STJ-2018) (DPESP-
2012/2019) (TJPR-2014/2019) (TJAC-2019) (TJRO-2019) (MPSP-2019) (Cartórios/TJDFT-2019) (Anal. Judic./TRF3-
2019) (Anal. Judic./TRF4-2019) (TJMS-2008/2020) (MPCE-2009/2020) (PGEGO-2021) (PGEPB-2021) (PGERS-
2021) (MPGO-2010/2013/2022) (DPEPR-2022)

OBS: No chamado controle difuso de constitucionalidade, também adotado pelo Brasil, ao lado do
controle abstrato, qualquer juiz ou Tribunal pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei ou ato
normativo no caso concreto. No entanto, se o Tribunal for fazer essa declaração, deverá respeitar a
cláusula de reserva de plenário.

A chamada "cláusula de reserva de plenário" significa que, se um Tribunal for declarar a


inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, é obrigatória que essa declaração de
inconstitucionalidade seja feita pelo voto da maioria absoluta do Plenário ou do órgão especial deste
Tribunal.

Esta exigência da cláusula de reserva de plenário tem como objetivo conferir maior segurança jurídica
para as decisões dos Tribunais, evitando que, dentro de um mesmo Tribunal, haja posições divergentes
acerca da constitucionalidade de um dispositivo, gerando instabilidade e incerteza.

Atenção: Trata-se da chamada “cláusula de reserva de plenário”, também conhecida como regra do full
bench, full court ou julgamento em banc.

(MPCE-2020-CESPE): Conforme a jurisprudência do STF, a decisão de órgão fracionário de tribunal que,


embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei, afaste sua incidência, no todo ou em
parte, viola, especificamente, a cláusula de reserva de plenário. BL: SV, 10, STF.

(TJMS-2020-FCC): A cláusula de reserva de plenário (regra do full bench), nos termos da CF e da


jurisprudência do STF, tem aplicabilidade à decisão que declara a inconstitucionalidade de lei, ainda que
parcial, inexistindo violação à referida cláusula na decisão de órgão fracionário quando houver declaração
anterior proferida pela maioria absoluta do órgão especial ou Plenário do Tribunal respectivo. BL: SV 10,
STF e RE 544.246/SE do STF c/c art. 97, CF/88.

#Atenção: O STF entende que mesmo a declaração parcial de inconstitucionalidade, pressupõe a


obediência à norma do art. 97 da CF (STF. 1ª T. RE 544.246/SE, rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 13.02.07).
Por outro lado, não há violação da regra se houve manifestação do órgão especial ou do plenário do
tribunal respectivo; é justamente essa a aplicação literal do art. 97 da CF/88.

(TJAC-2019-VUNESP): A denominada cláusula de reserva de plenário, aplicada na apreciação judicial de


leis e atos normativos submetidos ao controle de constitucionalidade, deve ser observada quando o órgão
fracionário do Tribunal apenas afasta a incidência, parcialmente, da lei ou ato normativo, mas não declara
expressamente a sua inconstitucionalidade. BL: SV 10, STF.

(DPESP-2019-FCC): A Defensoria Pública de São Paulo ingressou com ação civil pública alegando, em
síntese, que a Resolução 18/15, da Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado de São Paulo − que
exige, em todos os concursos públicos na esfera estadual, que as candidatas mulheres apresentem exames
médicos de mamografia (mulheres acima de 40 anos) e colpocitologia oncótica (Papanicolau) na avaliação
de aptidão das candidatas para posse em cargos públicos − violaria a dignidade humana, a intimidade, a
privacidade e integridade física e psicológica das mulheres, além de ferir os princípios da igualdade de
gênero e da isonomia, uma vez que não há exigência de previsão equivalente aos candidatos homens.
Após decisão parcialmente favorável na primeira instância, houve recurso e a Câmara do Tribunal de
Justiça determinou a remessa dos autos ao Órgão Especial. A respeito do caso é correto afirmar: Se o órgão
fracionário declara expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público ou
mesmo afasta sua incidência, no todo ou em parte, viola a Súmula Vinculante nº 10 do STF, bem como o
art. 97 da CF/88. BL: SV 10 e art. 97, CF.

(TJPR-2019-CESPE): Um órgão fracionário de determinado tribunal afastou a incidência de parte de ato


normativo do poder público, sem declarar expressamente a inconstitucionalidade do ato. Nessa situação
hipotética, segundo a CF e o entendimento sumulado do STF, a decisão desse órgão fracionário violou a
cláusula de reserva do plenário, uma vez que afastou a incidência, ainda que em parte, de ato normativo
do poder público. BL: SV 10, STF e art. 97, CF.

SÚMULA VINCULANTE 11

SÓ É LÍCITO o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à


integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, JUSTIFICADA a
EXCEPCIONALIDADE por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou
da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado. (DPEAL-2009) (PCPB-2009) (PCPI-2009) (PCRN-2009) (MPT-2009)
(DPEMA-2011) (PGEAC-2012) (PCMA-2012) (PCRJ-2012) (MPMA-2014) (MPDFT-2015) (PCDF-2015) (PGM-
Salvador/BA-2015) (PCAP-2010/2017) (TJCE-2018) (DPEAM-2018) (DPERS-2018) (PCBA-2018) (PCGO-2018)
(PCRS-2018) (MPMT-2012/2019) (TJPA-2019) (TJRO-2019) (MPRS-2021) (Cartórios/TJMS-2021) (DPEPR-
2014/2022) (PCRR-2022)

OBS: Importante. A Lei n° 7210/84 (Lei de Execuções Penais) prevê o seguinte: “Art. 199. O emprego de
algemas será disciplinado por decreto federal.”

Em 2016, ou seja, após a SV 11-STF, finalmente foi editado o Decreto federal mencionado pelo art. 199 da
LEP e que trata sobre o emprego de algemas.

Sobre o que trata o Decreto 8.858/2016? Regulamenta o art. 199 da Lei de Execução Penal com o objetivo
de disciplinar como deve ser o emprego de algemas.

Diretrizes: O emprego de algemas terá como diretrizes:


 A dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88);
 A proibição de que qualquer pessoa seja submetida a tortura, tratamento desumano ou
degradante (art. 5º, III, da CF/88);
 A Resolução nº 2010/16, de 22 de julho de 2010, das Nações Unidas sobre o tratamento de
mulheres presas e medidas não privativas de liberdade para mulheres infratoras (Regras de
Bangkok); e
 O Pacto de San José da Costa Rica, que determina o tratamento humanitário dos presos e, em
especial, das mulheres em condição de vulnerabilidade.

A pessoa presa pode ser algemada? Como regra, NÃO. Existem três exceções. Quais são elas? É permitido
o emprego de algemas apenas em casos de:
 resistência;
 fundado receio de fuga; ou
 perigo à integridade física própria ou alheia, causado pelo preso ou por terceiros.

Formalidade que deve ser adotada no caso do uso de algemas: Caso tenha sido verificada a necessidade
excepcional do uso de algemas, com base em uma das três situações acima elencadas, essa circunstância
deverá ser justificada, por escrito.

Situação especial das mulheres em trabalho de parto ou logo após: É proibido usar algemas em mulheres
presas:
 Durante o trabalho de parto
 No trajeto da parturiente entre a unidade prisional e a unidade hospitalar; e
 Após o parto, durante o período em que se encontrar hospitalizada.

A proibição das algemas vale somente no momento da prisão? NÃO. Essa regra vale para todas as
situações. A vedação quanto ao uso de algemas incide tanto no momento da prisão (seja em flagrante ou
por ordem judicial) como também nas hipóteses em que o réu preso comparece em juízo para participar
de um ato processual (ex: réu durante a audiência). Em outras palavras, a pessoa que acaba de ser presa,
em regra, não pode ser algemada. Se ela tiver que ser deslocada para a delegacia, por exemplo, em regra,
não pode ser algemada. Se tiver que comparecer para seu interrogatório, em regra, não pode ser
algemada.

Quais são as consequências caso o preso tenha sido mantido algemado fora das hipóteses mencionadas
ou sem que tenha sido apresentada justificativa por escrito? O Decreto 8.858/16 não prevê consequências
ou punições para o descumprimento das regras impostas para o emprego de algemas. No entanto, a SV 11
do STF impõe as seguintes consequências:
a) Nulidade da prisão;
b) Nulidade do ato processual no qual participou o preso;
c) Responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade responsável pela
utilização das algemas;
d) Responsabilidade civil do estado.

Vale ressaltar que, se durante audiência de instrução e julgamento o juiz recusa, de forma motivada, o
pedido para que sejam retiradas as algemas do acusado, não haverá nulidade processual (STJ HC 140.718-
RJ).
A SV 11-STF continua valendo mesmo após o Decreto 8.858/16? SIM. O Decreto 8.858/16 praticamente
repetiu as mesmas hipóteses previstas na súmula vinculante, acrescentando, contudo, a proibição das
algemas para mulheres em trabalho de parto e logo após. Apesar disso, a SV 11 continua tendo grande
importância porque ela prevê, em sua parte final, as consequências caso o preso tenha sido mantido
algemado fora das hipóteses mencionadas ou sem que tenha sido apresentada justificativa por escrito.

(PRF-2020-CESPE): No que se refere ao uso diferenciado da força, julgue o item a seguir: O STF, por
súmula vinculante, trata do uso de algema como algo excepcional, que deve ser justificado por escrito. BL:
SV 11, STF.

(PCSE-2018-CESPE): Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e coletivos e às
garantias constitucionais: Em caso de perigo à integridade física do preso, admite-se o uso de algemas,
desde que essa medida, de caráter excepcional, seja justificada por escrito. BL: SV 11, STF.

SÚMULA VINCULANTE 12

A cobrança de taxa de matrícula NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS VIOLA o disposto no art. 206, IV,
da Constituição Federal. (MPSC-2010) (MPMG-2010) (TRF4-2010) (DPEAC-2012) (MPRS-2012) (DPEAC-2012)
(PGEPA-2012) (AGU-2010/2013) (DPESP-2013) (TRF2-2013) (TRF5-2013) (MPM-2013) (MPPR-2014) (DPEPR-
2014) (Cartórios/TJSE-2014) (PGM-Recife/PE-2014) (TJSE-2015) (TRT23-2015) (DPERO-2012/2017)
(Cartórios/TJMG-2017) (TJPA-2012/2019) (Cartórios/TJSC-2021) (MPGO-2019/2022) (DPECE-2022)

OBS:
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: (...).
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais.

Taxa de inscrição em vestibular: Aplicando-se o raciocínio da SV 12, as universidades públicas também


não podem cobrar taxa para inscrição em processo seletivo seriado (aquele "vestibular" que ocorre, de
forma contínua, durante todo o ensino médio. Nesse sentido: STF. 1ª T. AI 748944 AgR, Rel. Min. Marco
Aurélio, j. 05/08/14.

Cursos de extensão: Vale ressaltar, por outro lado, que essa súmula não se aplica para cursos de extensão.
Em tais casos poderá haver cobrança de taxa de matrícula.

Cursos de pós-graduação: Além disso, segundo decidiu o STF, "a garantia constitucional da gratuidade de
ensino não obsta a cobrança por universidades públicas de mensalidade em cursos de especialização."
(STF. Plenário. RE 597854/GO, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 26/4/2017. Repercussão geral. Info
862). Em outras palavras, as universidades públicas podem cobrar taxa de matrícula e mensalidade em
cursos de especialização.

(MPPR-2014): Sobre o direito prestacional à educação, assinale a alternativa correta: A CF, dentre os
princípios basilares do ensino, inseriu o da gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais.
Sobre o tema, é posição do Supremo Tribunal Federal, consagrada em súmula vinculante, a
impossibilidade de cobrança de taxa de matrícula em Universidades Públicas. BL: SV 12.

(AGU-2010-CESPE): Com base na legislação que trata de ensino, julgue o item a seguir: A cobrança de
matrícula como requisito para que o estudante possa cursar universidade federal viola disposto da CF,
pois, embora configure ato burocrático, a matrícula constitui formalidade essencial para que o aluno tenha
acesso à educação superior. BL: SV 12.

SÚMULA VINCULANTE 13

A NOMEAÇÃO de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, INCLUSIVE, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica
INVESTIDO em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, COMPREENDIDO o ajuste
mediante DESIGNAÇÕES RECÍPROCAS, VIOLA a Constituição Federal. (PCPR-2007) (TJMG-2009)
(MPCE-2009) (AGU-2009) (MPMG-2010) (PGEAM-2010) (TJPB-2011) (MPMS-2011) (DPESP-2011/2012)
(DPEES-2012) (DPEMS-2012) (Cartórios/TJSP-2012) (PCPA-2012) (MPPR-2011/2013) (TJMA-2013) (TJSP-2013)
(MPDFT-2013) (DPERR-2013) (PGDF-2013) (PCGO-2013) (MPAC-2014) (DPEGO-2014) (DPEPR-2014)
(Cartórios/TJDFT-2014) (Cartórios/TJMT-2014) (PGM-Recife/PE-2014) (MPAM-2015) (PGEPR-2015) (PCCE-
2015) (TRF4-2016) (TJMSP-2016) (PGEMA-2016) (PCPE-2016) (PGM-POA/RS-2016) (MPT-2009/2017) (MPF-
2011/2013/2017) (PGESE-2017) (PCAC-2017) (PCGO-2017) (PGM-Fortaleza/CE-2017) (TJCE-2018) (MPBA-2018)
(PGM-João Pessoa/PB-2018) (MPGO-2013/2019) (Cartórios/TJPR-2014/2019) (MPSC-2010/2013/2021) (PCMS-
2021) (PCRN-2021) (PCSP-2018/2022) (MPSP-2015/2019/2022)

OBS: Importante.

Vale ressaltar que a norma que impede nepotismo no serviço público não alcança servidores de
provimento efetivo. STF. Plenário. ADI 524/ES, rel. orig. Min Sepúlveda Pertence, red. p/ o acórdão Min
Ricardo Lewandowski, j. 20/05/15 (Info 786). 1 Desse modo, ficou entendido pelo STF, por ocasião do
julgamento da ADI 524/ES, que o sujeito que irá assumir um cargo efetivo em virtude de aprovação em
concurso público poderá, sim, permanecer em exercício ainda que esteja sob a chefia imediata de cônjuge
ou parente. Este entendimento se dá pelo fato de o chefe imediato, ainda que seja parente, não influenciar
em nada na contratação. Todavia, é constitucional norma Estadual que veda ao servidor público servir sob
a direção imediata de cônjuge ou parente até segundo grau civil para os cargos de provimento em
comissão, função gratificada, cargos de direção e assessoramento. Em outras palavras, evidente que se
devem retirar da incidência da norma os servidores admitidos mediante concurso público, ocupantes de
cargo de provimento efetivo. A norma antinepotismo deve incidir sobre cargos de provimento em
comissão, as funções gratificadas e os cargos de direção e assessoramento. Esse o quadro, julgo
procedente, em parte, a ação direta para emprestar interpretação conforme à Constituição para declarar
constitucional o inciso VI do art. 32 da Constituição do Estado do Espírito Santo, somente quando incida
sobre os cargos de provimento em comissão, função gratificada, cargos de direção e assessoramento: é o
meu voto.2

Não haverá nepotismo se a pessoa nomeada possui um parente no órgão, mas sem influência hierárquica
sobre a nomeação. A incompatibilidade da prática enunciada na SV 13 com o art. 37 da CF/88 não decorre
diretamente da existência de relação de parentesco entre pessoa designada e agente político ou servidor
público, mas de presunção de que a escolha para ocupar cargo de direção, chefia ou assessoramento tenha
sido direcionado à pessoa com relação de parentesco com quem tenha potencial de interferir no processo
de seleção. STF. 2° T., Rcl 18564/SP, Rel. Orig. Min Gilmar Mendes, Red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, j.
23/2/16 (Info 815).3

É Inconstitucional lei estadual que excepciona a vedação da prática do nepotismo, permitindo que sejam
nomeados para cargos em comissão ou funções gratificadas de até dois parentes das autoridades
estaduais, além do cônjuge do Governador. STF. Plenário. ADI 3745/GO, Rel. Min. Dias Toffoli, j.
15/05/13 (Info 706). 4

A nomeação do cônjuge de prefeito para o cargo de Secretário Municipal, por se tratar de cargo público de
natureza política, por si só, não caracteriza ato de improbidade administrativa. STF. 2ª T., Rcl 22339
AgR/SP, Rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, j. 4/9/18 (Info 914). 5

Desse modo, em regra, a proibição da SV 13 não se aplica para cargos públicos de natureza política, como,
por exemplo, Secretário Municipal. Assim, a jurisprudência do STF, em regra, tem excepcionado a regra
sumulada e garantido a permanência de parentes de autoridades públicas em cargos políticos, sob o
1
#Atenção: Julgado cobrado nas provas: i) MPBA-2018; ii) MPGO-2019; iii) PCRN-2021 (FGV).
2
(PCRN-2021-FGV): A Lei Orgânica da Polícia Civil do Estado Alfa foi alterada pela Assembleia Legislativa, de
maneira que foi inserido um artigo dispondo que é vedado ao servidor público ocupante de cargo efetivo ou
comissionado servir sob a direção imediata de cônjuge ou parente até segundo grau civil. De acordo com a
jurisprudência do STF, a norma mencionada é: inconstitucional em relação aos ocupantes de cargos efetivos eis
que normas inibitórias do nepotismo não têm como campo próprio de incidência os cargos efetivos sob pena de
violação ao concurso público. BL: Info 786, STF.
3
#Atenção: Julgado cobrado nas provas: i) MPGO-2019; ii) MPSP-2022.
4
#Atenção: Julgado cobrado na prova do MPBA-2018.
5
#Atenção: Julgado cobrado nas provas: i) MPBA-2018; ii) MPGO-2019; iii) PCMS-2021 (FAPEC); iv) MPSP-2022.
fundamento de que tal prática não configura nepotismo. Entretanto, há uma exceção trazida pelo STF:
poderá ficar caracterizado o nepotismo mesmo em se tratando de cargo político caso fique demonstrada
a inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por manifesta ausência de qualificação técnica ou
inidoneidade moral do nomeado. STF. 1ª T. Rcl 28024 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 29/05/18. 6

Por fim, para os casos de Conselheiros de Tribunais de Contas, entende-se que a súmula é aplicável, visto
que o cargo tem natureza administrativa.7

#Atenção: #DOD: #Reperc. Geral/STF – Tese 66: #PGM-POA/RS-2016: #MPF-2017: #MPSP-2019:


#Fundatec: As leis que proíbam o nepotismo na Administração Pública não são de iniciativa exclusiva
do Chefe do Poder Executivo, podendo, portanto, ser propostas pelos parlamentares. STF. Plenário. RE
570392/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 11/12/14 (Info 771).

(MPSC-2021-CESPE): Primo de membro de Ministério Público pode ser nomeado para cargo em comissão
na mesma promotoria onde este atua. BL: SV 13, SV.

#Atenção: Como se observa, o nepotismo diz respeito a grau de parentesco até terceiro grau, ou seja, a
partir do quarto grau (primos, tio avô, sobrinho neto), não é considerado nepotismo.

(MPGO-2019): Segundo entendimento do STF, nepotismo é a conduta de nomear para cargos públicos em
comissão ou funções de confiança de livre provimento e de livre exoneração parentes, cônjuges ou
companheiros de agentes públicos, enaltecendo critérios de promoção familiar e de afinidade em
detrimento de critérios de mérito e capacidade funcional, no acesso a cargos públicos. Ainda levando em
conta os entendimentos firmados pelo STF sobre nepotismo, assinale a alternativa correta: A Súmula
Vinculante 13, ao explicitar as situações em que se caracteriza o nepotismo, não esgotou as hipóteses de
violação à moralidade decorrente da contratação por influência de vínculos familiares na Administração
Pública, de forma que é possível a configuração de nepotismo em situações outras, ali não expressamente
definidas. BL: S. 13, STF e Entend. Jurisprud. STF.

#Atenção: #STF: #MPGO-2019: Ao se editar a Súmula Vinculante nº 13, embora não se tenha pretendido
esgotar todas as possibilidades de configuração de nepotismo na Administração Pública, erigiram-se
critérios objetivos de conformação, a saber: i) ajuste mediante designações recíprocas, quando inexistente
a relação de parentesco entre a autoridade nomeante e o ocupante do cargo de provimento em comissão
ou função comissionada; ii) relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a autoridade nomeante; iii)
relação de parentesco entre a pessoa nomeada e o ocupante de cargo de direção, chefia ou assessoramento
a quem estiver subordinada e iv) relação de parentesco entre a pessoa nomeada e a autoridade que exerce
ascendência hierárquica ou funcional sobre a autoridade nomeante. 2. A incompatibilidade da prática
enunciada na Súmula Vinculante nº 13 com o art. 37, caput, da CF não decorre diretamente da existência
de relação de parentesco entre pessoa designada e agente político ou servidor público ocupante de cargo
em comissão ou função comissionada, mas da presunção de que a escolha para ocupar cargo de direção,
chefia ou assessoramento tenha sido direcionada a pessoa com relação de parentesco com alguém que
tenha potencial de interferir no processo de seleção. 3. Ultrapassar a delineação fática traçada pelo
Tribunal de origem demandaria o reexame do conjunto fático-probatório dos autos, o que não é cabível
em sede de recurso extraordinário. Incidência do enunciado de Súmula 279 do STF. 4. Agravo regimental
não provido. 5. Inaplicável o art. 85, § 11, do CPC, haja vista tratar-se, na origem, de mandado de
segurança (art. 25 da Lei nº 12.016/09). STF. 2ª T., RE 807383 AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 30/06/17. (...)
Além disso, cumpre destacar o seguinte do voto do Min. Rel. Dias Toffoli, no julgamento do MS 21697:
“Ao editar a Súmula Vinculante 13, a Corte não pretendeu esgotar todas as possibilidades de configuração
de nepotismo na Administração Pública, dada a impossibilidade de se preverem e de se inserirem, na redação do
enunciado, todas as molduras fático-jurídicas reveladas na pluralidade de entes da Federação (União, Estados,
Distrito Federal, Territórios e Municípios) e das esferas de Poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), com as
peculiaridades de organização em cada caso”. STF. 1ª T., MS 31697, Rel. Dias Toffoli, j. 11/03/14.

(MPGO-2019): Segundo entendimento do STF, nepotismo é a conduta de nomear para cargos públicos em
comissão ou funções de confiança de livre provimento e de livre exoneração parentes, cônjuges ou
companheiros de agentes públicos, enaltecendo critérios de promoção familiar e de afinidade em
detrimento de critérios de mérito e capacidade funcional, no acesso a cargos públicos. Ainda levando em
conta os entendimentos firmados pelo STF sobre nepotismo, assinale a alternativa correta: A vedação ao
nepotismo decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da CF e não exige a edição de lei.
Entretanto, caso seja disciplinada por lei, sua iniciativa não é exclusiva do Chefe do Poder Executivo. BL:
6
#Atenção: Julgado cobrado nas provas: i) MPBA-2018; ii) MPGO-2019; iii) PCMS-2021 (FAPEC); iv) PCRN-2021
(FGV).
7
#Atenção: Julgado cobrado nas provas: i) TJPB-2011 (CESPE) e ii) MPF-2013.
S. 13, STF e teses 29 e 66, Reperc. Geral/STF.

#Atenção: #Reperc. Geral/STF – Teses 29 e 66: #AGU-2009: #DPEMS-2012: #PGDF-2013:


#Cartórios/TJDFT-2014: #MPAM-2015: #TRF4-2016: #PGEMA-2016: #PCPE-2016: #PGM-POA/RS-2016:
#MPF-2013/2017: #PGESE-2017: #PCAC-2017: #TJCE-2018: #MPBA-2018: #MPGO-2019: #PCSP-2022:
#CESPE: #FCC: #Fundatec: #VUNESP: #Tese 29: Leis que tratam dos casos de vedação a nepotismo não
são de iniciativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo (RE 570392); #Tese 66: A vedação ao nepotismo
não exige a edição de lei formal para coibir a prática, dado que essa proibição decorre diretamente dos
princípios contidos no art. 37, caput, da CF (RE 579951). 8
(PCSP-2022-VUNESP): No tocante ao regramento e aos princípios constitucionais que regem a
Administração Pública, é correto afirmar que a vedação ao nepotismo é regra constitucional que decorre do
núcleo dos princípios da impessoalidade e da moralidade administrativas. BL: SV 13 e tese 66, Reperc.
Geral/STF.
(MPF-2017): Assinale a alternativa correta: Não há vício de iniciativa em lei municipal, deflagrada por
parlamentar, que veda a contratação de parentes de 1º e 2º grau do prefeito e vice-prefeito para ocuparem
cargo ou função pública no âmbito da administração pública local. BL: SV 13 e tese 66, Reperc. Geral/STF.
#Atenção: Leis que tratam dos casos de vedação a nepotismo não são de iniciativa exclusiva do Chefe do
Poder Executivo. Esse o entendimento do Plenário, que, por maioria, deu provimento a recurso
extraordinário para reconhecer a constitucionalidade da Lei 2.040/90, do Município de Garibaldi/RS, que
proíbe a contratação, por parte do Executivo, de parentes de 1º e 2º graus do prefeito e vice-prefeito, para
qualquer cargo do quadro de servidores, ou função pública.
(TRF4-2016): Assinale a alternativa correta: A vedação ao nepotismo não exige a edição de lei formal para
coibi-lo, na medida em que tal proibição decorre diretamente dos princípios constitucionais contidos no art.
37, caput da CF. BL: SV 13 e tese 66, Reperc. Geral/STF.
(PGEMA-2016-FCC): O Governador de certo Estado pretende editar decreto permitindo a nomeação, para
cargo em comissão, de livre provimento e exoneração, de parente em linha colateral de servidor público que
exerça cargo de direção, chefia ou assessoramento na mesma pessoa jurídica, autorizando a nomeação ainda
que entre eles haja relação de subordinação direta. À luz da CF e da jurisprudência do STF, o ato do
Governador seria materialmente incompatível com a CF, de acordo com a jurisprudência do STF e com a
súmula vinculante editada nessa matéria. BL: SV 13 e tese 66, Reperc. Geral/STF.
#Atenção: O ato do governador é materialmente inconstitucional, uma vez que afronta o princípio da
impessoalidade e a SV 13. Todavia, deve-se ressaltar que não há inconstitucionalidade formal, uma vez que a
matéria não demanda a edição de lei no sentido estrito, conforme jurisprudência citada acima.
(MPAM-2015-FMP): A vedação ao nepotismo decorre diretamente do art. 37, caput, da CF/1988, em especial
dos princípios da impessoalidade e da moralidade, os quais informam sobremaneira a conduta retilínea e
ética a ser exigida da Administração Pública nacional. BL: SV 13 e tese 66, Reperc. Geral/STF.
(MPDFT-2013): A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal que o coíba, uma vez que decorre
diretamente dos princípios encartados no art. 37 da CF. BL: SV 13 e tese 66, Reperc. Geral/STF.
(AGU-2009-CESPE): Com relação aos preceitos constitucionais aplicáveis à administração pública, julgue o
próximo item: Segundo entendimento do STF, a vedação ao nepotismo não exige edição de lei formal, visto
que a proibição é extraída diretamente dos princípios constitucionais que norteiam a atuação administrativa.
BL: SV 13 e tese 66, Reperc. Geral/STF.

(MPSP-2015): Sobre a proibição da prática de nepotismo, é correto afirmar que ressalvada situação de
fraude à lei, a nomeação de parentes para cargos públicos de natureza política não configura nepotismo na
Administração Pública. BL: SV 13, STF.

#Atenção: #STF: #PCGO-2017: #MPSP-2022: #CESPE: A jurisprudência do STF preconiza que, ressalvada
situação de fraude à lei, a nomeação de parentes para cargos públicos de natureza política não desrespeita
o conteúdo normativo do enunciado da Súmula Vinculante 13. STF. 2ª T., RE 825682 AgR, Relator Ministro
Teori Zavascki, j. 10.2.15.

(MPAM-2015-FMP): A proibição do nepotismo consubstanciada nos precedentes do STF, inclusive na


súmula vinculante em apreço, deve levar em observância o assento constitucional dos cargos políticos, os
quais não resultam em tese abrangidos pela envergadura daquela vedação, salvo modulações casuísticas
demonstráveis para efeito de se verificar nepotismo cruzado ou fraude à legislação. BL: SV 13, STF.

#Atenção: #STF: #DPEPR-2014: #MPAM-2015: #MPGO-2019: #FMP: Com efeito, a doutrina, de um


modo geral, repele o enquadramento dos Conselheiros dos Tribunais de Contas na categoria de agentes
8
#Atenção: #STF: Embora restrita ao âmbito do Judiciário, a Resolução 7/05 do Conselho Nacional da Justiça, a
prática do nepotismo nos demais Poderes é ilícita. II - A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal
para coibir a prática. III - Proibição que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da CF. IV -
Precedentes. V - RE conhecido e parcialmente provido para anular a nomeação do servidor, aparentado com
agente político, ocupante, de cargo em comissão. STF. Plenário. RE 579951, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j.
20/08/08.
políticos, os quais, como regra, estão fora do alcance da Súmula Vinculante nº 13, salvo nas exceções acima
assinaladas, quais sejam, as hipóteses de nepotismo cruzado ou de fraude à lei. STF. Plenário. Rcl 6702
MC-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 4.3.09.

#Atenção: O Professor Marcelo Pilon, em seu artigo “Nepotismo, Nepotismo Cruzado e Transnepotismo”,
considera “‘Nepotismo-Cruzado’ a nomeação por parte dos membros do Judiciário, Executivo e
Legislativo da União, Estados, Distrito Federal e municípios, de parentes uns dos outros . É a migração
de servidores não concursados “dentro de um poder”, por exemplo, na Câmara de Vereadores, o vereador
X contrata para atuar em seu gabinete o filho do vereador Y que em contrapartida contrata a esposa do
vereador X.”

(MPGO-2013): Em tema de nepotismo, é correto, consoante a jurisprudência dominante do STF, afirmar


que o cargo de Secretário Municipal tem natureza essencialmente política, não sendo apanhado pelas
normas jurídicas que proíbem a prática de nepotismo. Daí por que é juridicamente acertada a nomeação
de irmão do Prefeito para o cargo de Secretário Municipal da Fazenda. BL: SV 13, STF.

(MPDFT-2013): As regras relativas à proibição do nepotismo não são aplicáveis a situações que envolvam
cargos de natureza política. BL: SV 13, STF.

(TJSP-2013-VUNESP): A Súmula Vinculante n.º 13 do STF, que proíbe o nepotismo na esfera dos três
poderes da República, não alcança os serviços extrajudiciais de notas e de registro, pois estes têm caráter
privado e seus titulares não exercem cargo público efetivo nem ocupam cargo público (ADI 2.602-0 do
STF) e nada os impede de contratar parentes pelo regime da CLT. BL: SV 13, STF.

(TJMG-2009): Antônio, Prefeito do Município "X", nomeou como Secretário de Saúde João, seu irmão e,
por recomendação deste, nomeou seu primo, Tadeu, para exercer o cargo de Superintendente de
Assistência Farmacêutica da Secretaria. Inconformado, o MP ajuizou ação judicial pretendendo
liminarmente o afastamento dos ocupantes dos cargos em comissão. Em se considerando que ambos são
cargos comissionados de recrutamento amplo, pergunta-se, segundo entendimento sumulado do STF,
qual decisão caberá ao Juiz da causa? Indeferir integralmente a liminar. BL: SV 13, STF.

#Atenção: Consoante entendimento jurisprudencial, a nomeação de Secretário Municipal é Ato Político,


razão pela qual não atrai a incidência da Súmula Vinculante 13. Já o Tadeu (primo do Prefeito), é situado
no 4º grau de parentesco, escapando, novamente, do referido Enunciado Sumular, que alcança tão
somente até o 3º grau.

SÚMULA VINCULANTE 14

É DIREITO DO DEFENSOR, no interesse do representado, TER ACESSO AMPLO aos elementos de


prova que, JÁ DOCUMENTADOS em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, DIGAM RESPEITO ao exercício do DIREITO DE DEFESA. (PGEPE-
2009) (PGESP-2009) (PCRO-2009) (MPRO-2010) (DPERS-2011) (PGEPA-2011) (MPMT-2012) (MPRJ-2012)
(DPEPR-2012) (DPESP-2012) (PCRJ-2012) (TRF2-2009/2011/2013) (PCES-2013) (MPSC-2013/2014)
(Cartórios/TJSE-2014) (DPERN-2015) (TRF5-2015) (PCDF-2015) (AGU-2015) (MPT-2015) (PFN-2015) (TJDFT-
2014/2016) (TJRS-2016) (MPPR-2016) (PGEMA-2016) (PCPA-2016) (PCPE-2016) (MPF-2005/2008/2017) (DPEAC-
2017) (DPERO-2017) (PCMT-2017) (Anal. Judic./TRF1-2017) (PCBA-2008/2018) (PCPI-2009/2018) (PCMA-
2012/2018) (MPBA-2018) (DPEAM-2018) (PCSE-2018) (MPGO-2010/2019) (PCES-2011/2019) (TJBA-2019) (TJPA-
2019) (PCRN-2009/2021) (MPDFT-2011/2021) (MPRS-2016/2021) (PCMS-2017/2021) (Cartórios/TJSC-2021)
(TJMG-2022) (PCSP-2022)

OBS: Importante.

Fundamento: arts. XXXIII, LIV e LV, da CF/88; art. 7°, XIII e XIV, do Estatuto da OAB.

Vale ressaltar que, depois de a súmula ter sido editada, houve alteração no inciso XIV do art. 7° do
Estatuto da OAB, que agora tem a seguinte redação:
“Art. 7° São direitos do advogado: (...) XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por
conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer
natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e
tomar apontamentos, em meio físico ou digital;”
A súmula vinculante continua válida. Contudo, depois da alteração promovida pela Lei 13.245/16, a
interpretação do enunciado deve ser ampliada para abranger qualquer procedimento investigatório
realizado por qualquer instituição (e não mais apenas aquele realizado “por órgão com competência de
polícia judiciária”, como prevê o seu texto).

#Atenção: #STF: #DOD: O STF entende que não viola a SV 14 quando se nega que o investigado tenha
acesso a peças que digam respeito a dados sigilosos de terceiros e que não estejam relacionados com o
seu direito de defesa. Portanto, mesmo que a investigação criminal tramite em segredo de justiça será
possível que o investigado tenha acesso amplo autos, inclusive a eventual relatório de inteligência
financeira do COAF, sendo permitido, contudo, que se negue o acesso a peças que digam respeito a
dados de terceiros protegidos pelo segredo de justiça. Essa restrição parcial não viola a súmula
vinculante 14. Isso porque é excessivo o acesso de um dos investigados a informações, de caráter
privado de diversas pessoas, que não dizem respeito ao direito de defesa dele. STF. 1ª T. Rcl 25872 AgR-
AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, j. 17/12/2019 (Info 964).

Confira outros precedentes do STF no mesmo sentido:


O direito assegurado ao indiciado (bem como ao seu defensor) de acesso aos elementos constantes
em procedimento investigatório que lhe digam respeito e que já se encontrem documentados nos
autos, não abrange, por óbvio, as informações concernentes à decretação e à realização das
diligências investigatórias, mormente as que digam respeito a terceiros eventualmente
envolvidos. STF. 1ª T. HC 94387 ED, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 06/04/10.

Elementos informativos produzidos pela autoridade judiciária reclamada que atestam a ocorrência
do pretendido acesso dos advogados constituídos aos documentos dos autos da persecução penal, à
exceção das peças que não teriam pertinência alguma com o procedimento penal instaurado em
face do reclamante. STF. 2ª T. Rcl-ArR 26983, Rel. Min Celso de Mello, j. 20/12/2019.

(PCRN-2021-FGV): Maria, advogada de João, compareceu à Delegacia de Polícia da Circunscrição XX, e


requereu vista do Inquérito Policial nº 123, no qual seu cliente figurava como um dos investigados. O
requerimento foi negado pelo delegado de polícia sob o argumento de que a investigação dizia respeito a
uma perigosa organização criminosa, o que levou à decretação do sigilo, para que fosse assegurado o êxito
das investigações. A decisão está: incorreta, pois deveria ser assegurado o direito de acesso aos elementos
já documentados, associados ao direito de defesa. BL: SV 14, STF.

(PCPA-2021-AOCP): Analise a seguinte situação hipotética: Por intermédio do noticiário televisivo,


Fulano soube que estaria sendo investigado por envolvimento em crimes de fraude à licitação na compra
de equipamentos para a Prefeitura de Belém/PA. Cautelosamente, decidiu contratar um advogado para
acessar os autos de inquérito policial. Munido de competente procuração, seu procurador se dirige à
Delegacia de Polícia para ter vista dos autos da investigação e o servidor que o atende nega acesso ao
procedimento, por conveniência policial. A atitude do servidor é equivocada, pois é direito do defensor,
no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
exercício do direito de defesa. BL: SV 14, STF.

(TJSC-2019-CESPE): Com relação às características do inquérito policial, assinale a opção correta: Não
poderá haver restrição de acesso, com base em sigilo, ao defensor do investigado, que deve ter amplo
acesso aos elementos de prova já documentados no IP, no que diga respeito ao exercício do direito de
defesa. BL: SV 14, STF e art. 7º, XIV da lei 8.906/94.

(DPERS-2018-FCC): Sobre a defesa no processo penal, considere: É direito do defensor, no interesse do


representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do
direito de defesa. BL: SV 14, STF.

(DPEPE-2018-CESPE): Em razão de mandados expedidos por juiz competente, foram realizadas


providências cautelares de interceptação telefônica e busca domiciliar na residência de Marcos para a
obtenção de provas de crime de tráfico ilícito de entorpecentes a ele imputado e objeto de investigação em
inquérito policial. Nessa situação, durante o procedimento investigatório, o advogado de Marcos terá
direito de acessar os relatórios de cumprimento dos mandados de busca e apreensão e os respectivos autos
de apreensão. BL: SV 14, STF.

OBS: O processo já foi concluído e documentado, sendo assim, o advogado terá amplo acesso.
(TJSP-2017-CESPE): Durante o inquérito, o advogado pode ter delimitado, pela autoridade competente, o
acesso aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentadas nos
autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das
diligências. BL: SV 14, STF c/c art. 7º, §4º da Res. 13/06 do CNMP c/c art. 7º, §11 do Estatuto da OAB.

(DPESP-2015-FCC): “Paridade de armas no processo penal é a igual distribuição, durante o processo penal (...) aos
envolvidos que defendem interesses contrapostos, de oportunidades para apresentação de argumentos orais ou escritos
e de provas com vistas a fazer prevalecer suas respectivas teses perante a autoridade judicial" (Renato Stanziola
Vieira, Paridade de armas no processo penal, Gazeta Jurídica, Brasília, 2014, p. 236). Com base no texto
acima, é situação de NÃO violação ao princípio da paridade de armas: Sigilo das medidas cautelares em
curso na investigação preliminar, cuja ciência ao investigado ou defensor possa prejudicar a eficácia do
ato. BL: SV 14, STF.

(MPAC-2014-CESPE): Acerca das garantias processuais previstas no art. 5º da CF, assinale a opção correta:
Consoante o STF, configura expressão do direito de defesa o acesso de advogado, no interesse do
representado, aos elementos de prova produzidos por órgão com competência de polícia judiciária, desde
que já estejam documentados em procedimento investigativo. BL: SV 14, STF.

(TRF4-2014): Assinale a alternativa correta: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso
amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Esse direito tem
por objeto as informações já introduzidas nos autos de inquérito, não as relativas à decretação e às
vicissitudes da execução de diligências em curso. BL: SV 14, STF.

(MPRO-2013-CESPE): Em relação aos direitos e às garantias individuais e coletivos, assinale a opção


correta: Com base no direito constitucional à ampla defesa, o STF admite que o advogado de investigado
por suposto crime tenha acesso amplo aos elementos de prova já documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária. BL: SV 14, STF.

(TJRN-2013-CESPE): Durante o inquérito policial, é assegurado ao defensor amplo acesso aos elementos
de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de
polícia judiciária, digam respeito ao direito de defesa. BL: SV 14, STF.

SÚMULA VINCULANTE 15

O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público NÃO INCIDE SOBRE o ABONO
UTILIZADO para se atingir o salário mínimo. (MPT-2009) (DPESP-2013) (TJPA-2019) (TCEAM-2021)
(DPECE-2022) (Anal. Judic./TRT4-2022)

(TJPA-2019-CESPE): Determinado servidor público estadual possui vencimento-base inferior ao salário


mínimo. Sua remuneração é complementada por meio de um abono, destinado a garantir a percepção do
mínimo legal. Considerando-se os enunciados de súmula vinculante do STF, nesse caso, se for criada uma
nova gratificação de desempenho aplicável a esse servidor, ela não poderá incidir sobre o abono. BL: SV
15, STF.

SÚMULA VINCULANTE 16

Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da Constituição, referem-se ao total da remuneração
percebida pelo servidor público. (TJRS-2012) (Cartórios/TJSP-2012) (TJPA-2019) (TCEAM-2021)

OBS: Ex: o vencimento básico de João é de 500 reais (abaixo do salário mínimo). No entanto, ele recebe
também 600 reais de uma determinada gratificação. Logo, os arts. 7º, IV e 39, §3º da CF estão atendidos,
considerando que a remuneração percebida pelo servidor é de 1100 reais, estando, portanto, acima do
valor do salário mínimo.

SÚMULA VINCULANTE 17

Durante o período previsto no parágrafo 1º (atual § 5º) do artigo 100 da Constituição, NÃO INCIDEM
JUROS DE MORA sobre os precatórios que nele sejam pagos. (DPEMT-2009) (TRF1-2009) (TRF2-2009)
(TRF4-2010) (PGEGO-2010) (TRF5-2011) (TJDFT-2014) (DPERS-2014) (TJPR-2017) (PGM-Fortaleza/CE-2017)
(PGM-João Pessoa/PB-2018) (PGM-Manaus/AM-2018) (PGECE-2021) (Aud. Fiscal-SEFAZ/PE-2022)

OBS: Válida, mas quando o enunciado fala em “§ 1°”: deve-se entender § 5°. Isso porque, após a súmula
ter sido aprovada (em 10/11/2009), foi editada a EC 62/2009 (em 09/12/2009), que deslocou a redação do
antigo § 1° para o atual § 5° do art. 100 da CF/88.

Veja outras informações sobre o tema, iniciando a explicação com a seguinte situação hipotética : João
ajuizou ação de cobrança contra a Fazenda Pública. Foi prolatada sentença condenando o Poder Público a
pagar R$ 300 mil. Essa sentença transitou em julgado em 04/04/16. Em 10/04/16, o credor pediu ao juiz,
nos termos do art. 534 do CPC, o cumprimento de sentença, apresentando o cálculo da dívida atualizada.
Segundo entende o STF, a partir do momento em que forem apresentados os cálculos, começa a incidir
juros da mora contra a Fazenda Pública:
Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da realização dos cálculos e a da
requisição de pequeno valor (RPV) ou do precatório. STF. Plenário. RE 579431/RS, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 19/4/2017 (Repercussão Geral – Tema 96) (Info 861).

O que acontece a agora? A Fazenda Pública poderá impugnar ou não o cumprimento de sentença.
Suponhamos que o Poder Público não impugnou. Neste caso, deverá ser expedido, por intermédio do
Presidente do Tribunal, precatório em favor do exequente. Confira o que diz o art. 535, § 3º do CPC:
Art. 535 (...)
§ 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada:
I - expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal competente, precatório em favor do
exequente, observando-se o disposto na Constituição Federal;
II - por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado para o
processo, o pagamento de obrigação de pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses
contado da entrega da requisição, mediante depósito na agência de banco oficial mais próxima da
residência do exequente.

Neste caso, o juízo da execução elabora o precatório e o encaminha ao Presidente do Tribunal. Este, por
sua vez, irá expedir o precatório, ou seja, repassá-lo ao ente devedor para que seja incluído no orçamento.
Ex: se a execução era contra a União, o juiz federal responsável pela execução irá elaborar o precatório e
encaminhá-lo ao Presidente do TRF; este irá expedir o precatório determinando que a União inclua no
orçamento para pagamento. Suponhamos que, em nosso exemplo, a Fazenda Pública concordou com os
cálculos do credor. Diante disso, o juiz encaminhou ao Presidente do Tribunal que expediu, em 30/05/2016, o
precatório em favor de João. Assim, deverá haver a incidência dos juros da mora referente ao período de
10/04/2016 (data da realização dos cálculos) e a data do precatório.

Existe um prazo para que o ente pague o precatório? SIM. Os pagamentos requisitados até 01 de julho
(01/07)* de cada ano deverão ser pagos até o final do exercício do ano seguinte. Isso está previsto no § 5º
do art. 100 da CF/88:
Art. 100 (...)
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao
pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de
precatórios judiciários apresentados até 1º de julho*, fazendo-se o pagamento até o final do
exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente.

Em nosso exemplo: o precatório foi apresentado pelo Presidente do Tribunal em 30/05/2016; logo, ele
deverá ser pago pelo Poder Público até o dia 31/12/2017 (último dia do ano seguinte).*

Abrindo um parêntese: Se o precatório tiver valor muito alto (valor superior a 15% do montante dos
demais precatórios apresentados até o dia 01/07 do respectivo ano), então, neste caso, deverá ser pago
15% do valor deste precatório até o dia 31/12 do ano seguinte e o restante em parcelas iguais nos 5 anos
subsequentes, acrescidas de juros de mora e correção monetária. A CF/88 permite também que o credor
faça um acordo com o Poder Público (§ 20 do art. 100 da CF/88, incluído pela EC 94/2016).

Período de suspensão dos juros moratórios: Entre o dia 01/07 de um ano até o dia 31/12 do ano seguinte
(em nosso exemplo: de 01/07/16 até 31/12/17), não haverá incidência de juros de mora porque o STF
entende que esse foi o prazo normal que a CF/88 deu para o Poder Público pagar seus precatórios, não
havendo razão para que a Fazenda Pública tenha que pagar juros referentes a esse interregno. É
justamente o que diz a SV 17. Obs: neste período, não há incidência de juros moratórios, mas deverá ser
paga correção monetária, conforme prevê a parte final do § 5º do art. 100.

E se passar o dia 31/12 e o ente devedor não efetuar o pagamento do precatório, neste caso, voltará a
incidir juros de mora? Em nosso exemplo, se passar o dia 31/12/17, começa novamente a incidir juros
moratórios? SIM. Isso porque terá se esgotado o prazo dado pela CF para que o ente devedor pague o
precatório. Logo, o ente encontra-se em mora. Assim, por exemplo, se o precatório foi inscrito até o dia
01/07/2016, este precatório deverá ser pago até o dia 31/12/17. Se o pagamento for realizado neste
período, não haverá incidência de juros de mora porque não houve inadimplemento por parte da Fazenda
Pública. No entanto, se passar o dia 31/12/17 sem pagamento, haverá a incidência de juros moratórios,
que serão computados a partir de 01/01/18 até a data em que ocorrer a quitação do precatório.

Confira as palavras do Min. Edson Fachin:


“A não incidência de juros de mora nesse período ocorre justamente porque nele não existe mora, em
decorrência de norma constitucional, e isso se mantém independentemente de quando ocorrer o pagamento
do precatório. No caso de o pagamento ocorrer após o prazo estabelecido pela CF, haverá a incidência de
juros de mora, mas só no período em que houver mora, ou seja, depois do prazo estabelecido para o
pagamento.” (Voto na Rcl 15906 AgR, Rel.  Min. Edson Fachin, 1ª Turma, j. 18/08/15)

Obs: como esses juros moratórios não estavam previstos no precatório, considerando que se presumia que
ele seria pago na data fixada pela CF/88 (até o dia 31/12), para que o credor receba o valor dos juros, será
necessária a expedição de um precatório complementar. Depois que o precatório está expedido, não se
pode acrescentar novos valores a ele.

Voltando ao nosso exemplo:


- Sentença transitada em julgado: 04/04/2016.
- Início dos juros moratórios: 10/04/2016 (data da realização dos cálculos).
- Dia em que o precatório foi apresentado para pagamento: 30/05/2016.
- Suspensão dos juros moratórios: 01/07/2016 (SV 17-STF).
- Prazo máximo para a Fazenda Pública pagar: 31/12/2017 (§ 5º do art. 100 da CF/88).
- Se a Fazenda não pagar até o prazo máximo: voltam a correr os juros moratórios a partir de 01/01/2018.

Discussão sobre eventual superação da SV 17 em virtude da EC 62/09: A SV 17 foi publicada em 10/11/09.


Contudo, logo em seguida, mais especificamente em 09/12/09, foi promulgada a EC 62/09, que
promoveu diversas mudanças no art. 100 da CF. Duas dessas alterações poderiam, em tese, afetar a SV 17:
1) a EC 62/2009 reposicionou o conteúdo do § 1º do art. 100 para o §5º (houve apenas uma mudança da
numeração do dispositivo, permanecendo idêntico o conteúdo da norma);
2) inclusão do § 12 ao art. 100 da CF/88, com a seguinte redação:
Art. 100 (...)
§ 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de
requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza,
será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança*, e, para fins de
compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a
caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios.

Diante disso, surgiu o argumento de que o § 12 do art. 100 determinou a incidência de juros moratórios
independentemente do período. Por essa razão, esse novo § 12 teria modificado o entendimento exposto
na SV 17.
* obs: esse trecho (“índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança”) foi declarado
inconstitucional pelo STF no julgamento da ADI 4425, permanecendo válido, contudo, o restante da norma.

Essa argumentação foi acolhida pelo STF? A EC 62/09 acarretou a superação da SV 17? NÃO. A SV 17 fala
no § 1º do art. 100 da CF/88. A EC 62/09 deslocou o conteúdo do § 1º para o § 5º do mesmo art. 100. Essa
modificação, contudo, não altera o sentido da súmula. Para o STF, nenhum dispositivo da EC 62/09
alterou a SV 17. O período previsto no art. 100, § 5º, da CF (precatórios apresentados até 1º de julho*,
devendo ser pagos até o final do exercício seguinte) costuma ser chamado de “período de graça
constitucional”. Nesse interregno, não cabe a imposição de juros de mora, pois o ente público não está
inadimplente. Caso não haja o pagamento integral dentro deste prazo, os juros de mora passam a correr
apenas a partir do término do “período de graça”.
Conforme explica Harrisson Leite:
“A suspensão da contagem dos juros de mora decorre do fato de que o pagamento de precatório somente deve
ocorrer após sua devida inclusão na Lei Orçamentária Anual do ente devedor e, por essa razão, jamais
poderia a Fazenda Pública ser considerada em mora, uma vez que o exercício orçamentário é compreendido
de 1º de janeiro até 31 de dezembro de cada ano. Assim, expedido o precatório, deve o credor aguardar o seu
pagamento até o final do ano seguinte, contando apenas com a correção monetária dos valores, mas não com
os juros de mora, já que a Administração encontra-se dentro do prazo para o pagamento. (...) Nesse ponto,
aplica-se o entendimento de que, no espaço de tempo entre a expedição do precatório e o término do exercício
subsequente, o Estado não pode ser enquadrado em mora. Trata-se de um período de 18 (dezoito) meses para
pagamento de débitos com suspensão da fluência dos juros de mora, chamado de graça constitucional”
(Manual de direito financeiro. 9ª ed. Salvador: Juspodivm, 2020, p. 485).

Conclui-se, portanto, que o §12 do art. 100 da CF deve ser analisado conjuntamente com o §5º, de forma
que os juros de mora só poderão incidir se ultrapassado o prazo constitucional para pagamento do
precatório.

Tese fixada pelo STF para fins de repercussão geral:


O enunciado da Súmula Vinculante 17 não foi afetado pela superveniência da Emenda
Constitucional 62/09, de modo que não incidem juros de mora no período de que trata o § 5º do art.
100 da CF. Havendo o inadimplemento pelo ente público devedor, a fluência dos juros inicia-se
após o ‘período de graça’. STF. Plenário. RE 1169289, Rel. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão
Alexandre de Moraes, j. 16/06/20 (Repercussão Geral – Tema 1037 (Info 984 – clipping).

* ATUALIZAÇÃO
 A EC 114/2021 alterou o prazo de pagamento do precatório, previsto no § 5º do art. 100:

Constituição Federal
Antes da EC 114/2021 Depois da EC 114/2021
Art. 100 (...) Art. 100. (...)
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das § 5º É obrigatória a inclusão no orçamento das
entidades de direito público, de verba necessária ao entidades de direito público de verba necessária ao
pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças pagamento de seus débitos oriundos de sentenças
transitadas em julgado, constantes de precatórios transitadas em julgado constantes de precatórios
judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o judiciários apresentados até 2 de abril, fazendo-se o
pagamento até o final do exercício seguinte, quando pagamento até o final do exercício seguinte, quando
terão seus valores atualizados monetariamente. terão seus valores atualizados monetariamente.

Aud. Fiscal-SEFAZ/PE-2022-FCC): A empresa Y moveu ação indenizatória contra a Fazenda Pública do


Estado de Pernambuco. A demanda foi julgada procedente e o ente público condenado ao pagamento da
quantia de R$ 200.000,00 a título de indenização. A sentença transitou em julgado no dia 22 de Fevereiro
de 2022 após ser negado provimento ao recurso de apelação interposto. O precatório para pagamento do
débito em questão foi apresentado no dia 29 de Junho de 2022. Neste caso, à luz de CF, é obrigatória a
inclusão, no orçamento da Fazenda Pública do Estado de Pernambuco, de verba necessária ao pagamento
do débito, que deverá ser feito até o final do ano de 2024, quando terá o valor atualizado monetariamente,
não havendo incidência de juros de mora no caso de adimplemento dentro deste prazo. BL: art. 100, §5º,
CF e SV 17, STF

SÚMULA VINCULANTE 18

A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, NÃO AFASTA a


INELEGIBILIDADE prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal. (MPCE-2009) (PGEPA-2011)
(PGEPR-2011) (MPPI-2012) (TJAM-2013) (TJRN-2013) (TJSP-2014) (MPMT-2014) (DPEPR-2014) (PGERN-2014)
(TJGO-2015) (MPBA-2015) (PCDF-2015) (TJDFT-2014/2016) (TRF4-2016) (MPRO-2017) (PCAC-2017) (PCRS-
2018) (DPEMG-2019) (TJPR-2021) (PGEAL-2021) (PCMS-2021) (DPEPI-2022) (PGM-Florianópolis/SC-2022)
(Aud. Fiscal-SEFAZ/AP-2022) (Aud. Fiscal-SEFAZ/PE-2022)

OBS:
Art. 14. (...)
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou
Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

A inelegibilidade do art. 14, §7º da CF NÃO ALCANÇA o cônjuge supérstite (sobrevivente, viúvo)
quando o falecimento tiver ocorrido no primeiro mandato, com regular sucessão do vice-prefeito, e tendo
em conta a construção de novo núcleo familiar. A SV 18 do STF não se aplica aos casos de extinção de
vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges (STF, Plenário, RE 758461/PB, j. 22/05/14 (repercussão
geral) (Info 747).9
(DPEPI-2022-CESPE): Uma Governadora está no fim do seu segundo mandato consecutivo no cargo.
Considerando-se a posição majoritária e atual do STF e as normas constitucionais sobre direitos políticos, é
correto afirmar que o cônjuge de governadora que esteja no fim de seu segundo mandato consecutivo será
inelegível em todo o território do respectivo estado, ainda que o vínculo conjugal se dissolva no curso do
mandato. BL: SV 18, STF e art. 14, §7º, CF.

(TJPR-2021-FGV): João e Antônio eram casados com influentes políticas de determinada região do país,
sendo ambas Prefeitas Municipais. João almejava iniciar sua carreira política concorrendo ao cargo de
vereador, nas próximas eleições, no mesmo Município em que sua esposa chefiava, pela segunda vez
consecutiva, o Poder Executivo municipal. Antônio, por sua vez, almejava concorrer ao cargo de Prefeito
Municipal, nas próximas eleições, no mesmo Município chefiado por sua esposa. Um ano antes da eleição,
Antônio se divorciou de sua esposa. À luz da sistemática constitucional e dos dados da narrativa, é correto
afirmar que: João e Antônio estão inelegíveis para concorrer aos referidos cargos eletivos. BL: SV 18, STF e
art. 14, §7º, CF.

(TJDFT-2016-CESPE): Considerando as interpretações doutrinárias e jurisprudenciais conferidas às


normas constitucionais referentes aos direitos políticos, assinale a opção correta: A dissolução da
sociedade conjugal no curso do mandato eletivo de governador de Estado implica a inelegibilidade de sua
ex-cônjuge para o cargo de deputado estadual na mesma unidade da Federação para o pleito subsequente.
BL: SV 18, STF.

(TRF4-2016): A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a


inelegibilidade do ex-cônjuge. BL: SV 18, STF.

(TJSP-2014-VUNESP): Assinale a opção correta, a respeito da inelegibilidade: A dissolução do vínculo


conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade do cônjuge, que não seja titular de mandato
eletivo do Presidente da República, de Governador de Estado ou de Prefeito, no território de jurisdição do
titular do mandato, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. BL: SV 18, STF e art. 14,
§7º, CF.

(TJDFT-2014-CESPE): Considere que Tino, casado com Rita, esteja no exercício de seu segundo mandato
consecutivo de prefeito do município Y e que o casal se divorcie durante o segundo mandato. Nessa
situação, consoante entendimento jurisprudencial do STF e do TSE acerca das hipóteses de inelegibilidade,
caso Rita decida candidatar-se, na eleição imediatamente posterior ao segundo mandato de Tino, ao
mesmo cargo no mesmo município, ela será considerada inelegível, uma vez que o divórcio não afasta a
inelegibilidade. BL: SV, 18, STF (eleitoral)

SÚMULA VINCULANTE 19

A taxa cobrada EXCLUSIVAMENTE em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou
destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, NÃO VIOLA o artigo 145, II, da Constituição
Federal. (PCRN-2009) (MPMG-2010) (MPSE-2010) (TRF4-2010) (DPU-2010) (TJRO-2011) (TRF5-2011) (PGEPA-
2011) (TJGO-2012) (MPRS-2012) (DPERO-2012) (TJMA-2013) (DPESP-2013) (MPT-2013) (MPM-2013) (PGM-
Cuiabá/MT-2014) (Cartórios/TJMG-2012/2017) (TJPR-2017) (TJSC-2017) (TJRS-2018) (TJPA-2012/2019)
(DPEMG-2019) (TJMS-2020) (TCERJ-2021) (DPECE-2022) (MPAM-2023)

(DPECE-2022-FCC): O STF editou súmula vinculante que prevê a possibilidade de cobrança de taxa em
razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento de lixos ou resíduos sólidos. BL: SV 19, STF.

(TCERJ-2021-CESPE): Acerca do Sistema Tributário Nacional, julgue o item que se segue: O serviço
público de coleta domiciliar de lixo pode ser financiado pela cobrança de taxa. BL: SV 19, STF.

(TRF5-2011-CESPE): A respeito do Sistema Tributário Nacional, assinale a opção correta: A cobrança de


taxa exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo
ou resíduos provenientes de imóveis não viola o texto constitucional. BL: SV 19, STF.

(DPU-2010-CESPE): Segundo o STF, são específicos e divisíveis os serviços públicos municipais de coleta,
remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, desde que essas
9
#Atenção: Julgado cobrado na prova da PCAC-2017.
atividades sejam completamente dissociadas de outros serviços públicos de limpeza realizados em
benefício da população em geral e de forma indivisível, a exemplo dos serviços de conservação e limpeza
de bens públicos, como praças, calçadas, ruas e bueiros. BL: SV 19, STF.

#Atenção: #STF: #PCRN-2009: #TJMA-2013: #MPT-2013: #MPM-2013: #TJPR-2017: #TJPA-2019: #TJRS-


2018: #TJMS-2020: #CESPE: #FCC: #VUNESP: O STF fixou balizas quanto à interpretação dada ao art.
145, II, da CF, no que concerne à cobrança de taxas pelos serviços públicos de limpeza prestados à
sociedade. Com efeito, a Corte entende como específicos e divisíveis os serviços públicos de coleta,
remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, desde que essas
atividades sejam completamente dissociadas de outros serviços públicos de limpeza realizados em
benefício da população em geral (uti universi) e de forma indivisível, tais como os de conservação e
limpeza de logradouros e bens públicos (praças, calçadas, vias, ruas, bueiros). Decorre daí que as taxas
cobradas em razão exclusivamente dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação
de lixo ou resíduos provenientes de imóveis são constitucionais, ao passo que é inconstitucional a
cobrança de valores tidos como taxa em razão de serviços de conservação e limpeza de logradouros e
bens públicos. (STF. Plenário. RE 576321 RG-QO, Min. Rel. Ricardo Lewandowski, j. 4.12.08, com repercussão
geral - tema 146). A denominada “taxa de limpeza de logradouros” é inconstitucional por ser um serviço
público uti universi e, assim como a taxa de iluminação pública, não permite a real aferição da “quantidade
de serviço” usufruída por cada contribuinte. (STF. 2ª T. RE 433335 AgR, Min. Rel. Joaquim Barbosa, j.
03/03/09).

SÚMULA VINCULANTE 20

A Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-Administrativa - GDATA, instituída pela Lei nº


10.404/2002, deve ser deferida aos inativos nos valores correspondentes a 37,5 (trinta e sete vírgula cinco)
pontos no período de fevereiro a maio de 2002 e, nos termos do artigo 5º, parágrafo único, da Lei nº
10.404/2002, no período de junho de 2002 até a conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se
refere o artigo 1º da Medida Provisória no 198/2004, a partir da qual passa a ser de 60 (sessenta) pontos.

SÚMULA VINCULANTE 21

É INCONSTITUCIONAL a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens PARA


ADMISSIBILIDADE de recurso administrativo. (TJMS-2008) (PGEPB-2008) (MPSC-2010) (PGEAM-2010)
(PGERS-2010) (PGEPA-2011) (TJPA-2012) (MPMG-2012) (MPPI-2012) (MPRJ-2012) (DPEAC-2012) (DPESC-
2012) (PGEMG-2012) (TJRN-2013) (DPEDF-2013) (DPERR-2013) (DPESP-2013) (TRF1-2013) (Cartórios/TJES-
2013) (PGEGO-2013) (DPEMS-2012/2014) (TJMT-2014) (DPEGO-2014) (DPEMG-2014) (DPEPB-2014)
(Cartórios/TJDFT-2014) (TJSE-2015) (PCDF-2015) (DPU-2015) (TRT15-2015) (PGM-Salvador/BA-2015)
(Cartórios/TJMG-2012/2015/2016) (TJDFT-2016) (TJAM-2016) (TJRJ-2016) (PGEMS-2016) (TJPR-2012/2014/2017)
(MPPR-2017) (MPSP-2017) (DPEPR-2017) (DPERO-2017) (PGESE-2017) (TRF2-2017) (TRF5-2017) (MPF-2017)
(PGM-Fortaleza/CE-2017) (TJCE-2018) (MPBA-2018) (PCMA-2018) (TJSP-2018/2021) (TCDF-2021) (TJAP-
2008/2022) (PCRR-2022) (PGM-Teresina/PI-2022)

OBS: Importante. Essa exigência viola o art. 5º, LV da CF/88.

(PGM-Teresina/PI-2022-FCC): Na condição de Procurador do Município, lhe foi demandado emitir


parecer jurídico sobre a seguinte situação: a Administração, com base em lei municipal, exige depósito
em espécie para o munícipe recorrer de decisão administrativa da qual foi sucumbente. Nesse caso, a lei
local não pode ser aplicada pela Administração porque existe súmula vinculante sobre a matéria com
efeito vinculante para a Administração pública municipal, a qual declara inconstitucional a exigência de
depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
BL: SV 21, STF.

(TJSP-2021-VUNESP): A garantia, aos litigantes, em processos judicial ou administrativo, e aos acusados


em geral, do direito ao contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ele inerentes, leva ao
reconhecimento: é inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens
para a admissibilidade de recurso administrativo. BL: SV 21, STF.

(TCDF-2021-CESPE): Determinado servidor público, por desconhecer norma aplicável, concedeu licença
em desacordo com a legislação ambiental para que uma sociedade empresarial praticasse atividade
sujeita à prévia autorização do poder público. Após a concessão da licença, supostamente foram
praticados crimes ambientais e causados danos pela empresa ou por seus representantes. Acerca dessa
situação hipotética e considerando os aspectos legais a ela relacionados, julgue o item a seguir: Mesmo
que aparente o dano ambiental, o órgão encarregado do poder de polícia não poderá estabelecer um
depósito prévio do valor estimado dos danos como condição para o recebimento da defesa na esfera
administrativa. BL: SV 21, STF.

#Atenção: É pacífico o entendimento de que a exigência de depósito ou arrolamento prévio de bens e


direitos como condição de admissibilidade de recurso administrativo constitui obstáculo intransponível
ao exercício do direito de petição (CF, art. 5º, XXXIV), além de caracterizar ofensa ao princípio do
contraditório (CF, art. 5º, LV). Por essa razão, o STF editou a Súmula Vinculante nº 21.

(MPPR-2017): Assinale a alternativa correta: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento


prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. BL: SV 21, STF.

(DPEPB-2014-FCC): Segundo a Súmula Vinculante número 21 do STF, a exigência de depósito ou


arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo é
inconstitucional, por violar o direito de petição e à ampla defesa. BL: SV 21, STF.

#Atenção: #STF: A exigência de depósito ou arrolamento prévio de bens e direitos como condição de
admissibilidade de recurso administrativo constitui obstáculo sério (e intransponível, para
consideráveis aparcelas da população) ao exercício do direito de petição (CF, art. 5º, XXXIV), além de
caracterizar ofensa ao princípio do contraditório (CF, art. 5º, LV). A exigência de depósito ou
arrolamento prévio de bens e direitos pode converter-se, na prática, em determinadas situações, em
supressão do direito de recorrer, constituindo-se, assim, em nítida violação ao princípio da
proporcionalidade. Ação direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do art. 32 da
MP 1699-41 - posteriormente convertida na Lei 70.235/72. STF. Plenário. ADI 1.976, Rel. Min. Joaquim
Barbosa, j. 28/3./07.

(Cartórios/TJDFT-2014-CESPE): A respeito dos direitos e garantias fundamentais e dos direitos sociais,


assinale a opção correta de acordo com a jurisprudência do STF: A exigência legal de depósito prévio do
valor correspondente à multa administrativa, como condição de admissibilidade de recurso
administrativo, é considerada inconstitucional. BL: SV 21, STF.

(TJRN-2013-CESPE): No que diz respeito aos direitos individuais, sociais e políticos e aos direitos dos
estrangeiros, assinale a opção correta de acordo com a jurisprudência do STF: Considere que
determinado órgão estadual edite resolução que preveja, como condição para a interposição de recursos
administrativos que questionem as multas por ele aplicadas, a exigência de depósito prévio de 1% do
valor da multa questionada. Nessa situação, a resolução é inconstitucional. BL: SV 21, STF.

SÚMULA VINCULANTE 22

A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e
patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador, inclusive
aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação da
Emenda Constitucional nº 45/04. (PGEES-2008) (PGERS-2010) (MPBA-2010) (MPGO-2010) (AGU-2010)
(MPPR-2011) (DPEMA-2011) (PGERO-2011) (TRF1-2011) (TRF2-2011) (TJGO-2012) (DPEMS-2012) (DPERO-
2012) (PGEMG-2012) (TRF3-2013) (PGEAC-2014) (TRT23-2015) (PGEAM-2016) (DPERS-2018) (PGEAL-2021)

OBS: Importante. Art. 114, VI, da CF/88.

 Ação proposta pelo acidentado (seu cônjuge, demais herdeiros ou dependentes) contra o
empregador pedindo indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente de
trabalho: competência da Justiça do TRABALHO.

 Ação proposta pelo acidentado (seu cônjuge, demais herdeiros ou dependentes) contra o INSS
pleiteando benefício decorrente de acidente de trabalho: competência da justiça comum
ESTADUAL.

 Ação proposta pelo acidentado (seu cônjuge, demais herdeiros ou dependentes) contra o INSS
pleiteando benefício decorrente de acidente de outra natureza (que não seja acidente de trabalho):
competência da Justiça FEDERAL (STJ AgRg no CC 118.348/SP, j. 29/02/2012).

SÚMULA VINCULANTE 23

A JUSTIÇA DO TRABALHO É COMPETENTE para processar e julgar ação possessória ajuizada em


decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. (PGERO-2011)
(TJGO-2012) (PGEMG-2012) (PGEPA-2012) (DPERR-2013) (Cartórios/TJES-2013) (TRT1-2015) (TRT6-2015)
(TRT23-2015) (MPT-2015) (TRT/Unificado-2017) (DPEAM-2018) (PGESP-2018) (TJRO-2019) (MPGO-2019)
(Anal. Judic./TRT4-2022)

OBS: Importante. Art. 114, II, CF/88:


Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004) (...)
II as ações que envolvam exercício do direito de greve; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)

(Anal. Judic./TRT4-2022-FCC): Diante do que dispõe a CF, bem como do entendimento dos Tribunais
Superiores, em matéria de competência judiciária, é da Justiça do Trabalho a competência para processar
e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da
iniciativa privada. BL: S. 23, STF.

SÚMULA VINCULANTE 24

NÃO SE TIPIFICA CRIME MATERIAL CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, previsto no art. 1º, incisos
I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. (MPRN-2009) (MPSE-2010) (DPU-
2010) (MPGO-2010/2012) (TJAC-2012) (MPRJ-2012) (TRF1-2009/2013) (TRF5-2009/2013) (TJSC-2013) (MPSC-
2013) (TJCE-2012/2014) (MPAC-2014) (MPPR-2014) (PGEBA-2014) (PGM-São Paulo/SP-2014) (MPF-2013/2015)
(Cartórios/TJRS-2013/2015) (TJSE-2015) (TJRR-2015) (TJPB-2015) (PGERS-2015) (PFN-2015)
(PGM-Salvador/BA-2015) (TCERN-2015) (TJRJ-2014/2016) (TJDFT-2014/2016) (TRF4-2016) (PCPE-2016)
(DPERO-2012/2017) (TJPR-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (TRT/Unificado-2017) (PGM-BH/MG-2017) (TRF3-
2011/2013/2018) (PCGO-2017/2018) (TJPA-2019) (MPMT-2019) (MPSP-2019) (PCSE-2020) (MPMG-
2010/2017/2021) (PGECE-2021) (PCRN-2021) (PF-2021) (TCDF-2021) (Aud. Fiscal-SEFAZ/CE-2021) (TJRS-
2018/2022)

OBS: Importante.

#Atenção:
Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição
social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;
II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de
qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento
relativo à operação tributável;
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou
inexato;
V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente,
relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em
desacordo com a legislação.

#Atenção: #DOD: #STJ e STF: #PF-2021: #CESPE: Mitigação da SV 24: #STF: Excepcionalmente, a
jurisprudência admite a mitigação da SV 24-STF em duas situações: i) nos casos de embaraço à
fiscalização tributária; ou ii) diante de indícios da prática de outros delitos, de natureza não fiscal. Os
crimes contra a ordem tributária pressupõem a prévia constituição definitiva do crédito na via
administrativa para fins de tipificação da conduta. A jurisprudência desta Corte deu origem à SV 24.
Não obstante a jurisprudência pacífica quanto ao termo inicial dos crimes contra a ordem tributária, o
STF tem decidido que a regra contida na SV 24 pode ser mitigada de acordo com as peculiaridades do
caso concreto, sendo possível dar início à persecução penal antes de encerrado o procedimento
administrativo, nos casos de embaraço à fiscalização tributária ou diante de indícios da prática de
outros delitos, de natureza não fiscal. STF. 1ª T. ARE 936653 AgR, Rel. Min Roberto Barroso, j. 24/05/16.
(...) #STJ: A jurisprudência desta Corte Superior é firme no sentido de que se admite a mitigação da
SV 24/STF nos casos em que houver embaraço à fiscalização tributária ou diante de indícios da prática
de outras infrações de natureza não tributária. Precedentes. STJ. 6ª T. AgRg no HC 551422/PI, Rel. Min.
Nefi Cordeiro, j. 09/06/20.10

#Atenção: #DOD: #STJ e STF: #MPMT-2019: #FCC: #PF-2021: #CESPE: A Súmula Vinculante 24 tem
aplicação aos fatos ocorridos anteriormente à sua edição. Como a SV 24 representa a mera
consolidação da interpretação judicial que já era adotada pelo STF e pelo STJ mesmo antes da sua
edição, entende-se que é possível a aplicação do enunciado para fatos ocorridos anteriormente à sua
publicação. Assim, a Súmula Vinculante 24 pode ser aplicada aos crimes cometidos antes da sua
vigência, tendo em vista que não se está diante de norma mais gravosa, mas de consolidação de
interpretação judicial. STF. 1ª T. RHC 122774/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 19/5/2015 (Info 786). STJ. 3ª S.
EREsp 1318662-PR, Rel. Min. Felix Fischer, j. 28/11/18 (Info 639).

(TJRS-2022-Faurgs): Analise as seguintes assertivas sobre crimes contra a ordem tributária e assinale a
correta: Não se tipifica crime material contra a ordem tributária (art. 1º, I a IV, da Lei nº 8.137/90) antes
do lançamento definitivo do tributo. BL: S. 24, STF.

(PCRN-2021-FGV): Sávio possui um pequeno comércio de venda de material de escritório.


Considerando a situação financeira precária da empresa e procurando reduzir o valor do tributo devido,
Sávio praticou uma série de condutas que, em tese, tipificariam o delito do artigo 1º, inciso I, da Lei nº
8.137/90 (constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer
acessório, mediante as seguintes condutas: inciso I -omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades
fazendárias). Sobre o delito tipificado na referida legislação, e de acordo com a posição da jurisprudência
dos Tribunais Superiores, é correto afirmar que é, em tese, de natureza material, pois somente estará
configurado com o lançamento definitivo do tributo. BL: SV 24, STF e art. 1º, I, Lei 8137/90.

(MPRR-2017-CESPE): João, prestador de serviços, trabalha como MEI na forma da Lei Complementar n.º
123/06 (SIMPLES Nacional). Nessa qualidade, com o propósito de recolher menos tributo, ele informou à
RFB ter recebido, no exercício de 2016, a receita bruta de R$ 50.000, mas a RFB constatou que sua receita
bruta real nesse exercício havia sido de R$ 120.000. Ante a existência de provas suficientes desses fatos, a
conduta de João foi tipificada como dolosa. A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta
com base na Lei 8.137/90, que dispõe sobre crimes contra a ordem tributária: A conduta de João poderá
ser tipificada como crime contra a ordem tributária somente após o lançamento definitivo do tributo em
exame. BL: SV 24, STF e art. 1º, I, Lei 8137/90.

#Atenção: A conduta praticada por João se amolda, em tese, ao art. 1º, inciso I, da Lei 8.137/90, pelo que
há de ser observada a SV nº 24.

(TRF2-2017): Sobre crimes contra o sistema tributário, marque a opção correta: Nos termos da Súmula
Vinculante 24 do STF, os crimes contra a ordem tributária previstos no art. 1º, incisos I a IV, da Lei
8.137/90 não se tipificam antes do lançamento definitivo do tributo. Contudo, o delito do art. Io, inciso V,
da Lei 8.137/90 (“negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a
venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação"),
sendo formal, independe do lançamento tributário. BL: SV 24, STF e art. 1º, V, Lei 8137/90.

(TJSP-2014-VUNESP): Acerca de crime contra a ordem tributária, previsto no art. 1.º, incisos I a IV, da
Lei n.º 8.137/90 (constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição
social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:…), assinale a opção correta: Não se tipifica
crime material contra a ordem tributária, previsto nestas hipóteses, antes do lançamento definitivo do
tributo. BL: SV 24 do STF e art. 1º, I a IV, da Lei 8137/90.

10
(MPSE-2010-CESPE): Assinale a alternativa correta: Em recente decisão, o STF entendeu que é possível a
instauração de inquérito policial para apuração de crime contra a ordem tributária, antes do encerramento do
processo administrativo-fiscal, quando isso for imprescindível para viabilizar a fiscalização.
#Atenção: #DOD: #STF: #TRF3-2018: #PCGO-2018: #UEG: Imagine que determinada empresa deixou de
pagar tributos, fraudando a fiscalização tributária (inciso II do art. 1º da Lei 8.137/90). Ocorre que o Fisco ainda
não terminou o processo administrativo-fiscal instaurado para apurar o fato. É possível que seja instaurado
inquérito policial para apurar o crime mesmo não tendo havido ainda a constituição definitiva do crédito
tributário? SIM. Nos crimes de sonegação tributária, apesar de a jurisprudência do STF condicionar a
persecução penal à existência do lançamento tributário definitivo, o mesmo não ocorre quanto à investigação
preliminar. Em outras palavras, mesmo não tendo havido ainda a constituição definitiva do crédito tributário,
já é possível o início da investigação criminal para apurar o fato. STF. 1ª T. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa
Weber, j. 29/3/16 (Info 819).
#Atenção: Vejamos o seguinte julgado do STF: “É pacífica a jurisprudência do STF quanto à necessidade do
exaurimento da via administrativa para a validade da ação penal, instaurada para apurar infração aos incisos I a IV
do art. 1º da Lei 8.137/1990. Precedentes: HC 81.611, da relatoria do ministro Sepúlveda Pertence (Plenário); HC
84.423, da minha relatoria (Primeira Turma). Jurisprudência que, de tão pacífica, deu origem à Súmula
Vinculante 24 (...). 2. A denúncia ministerial pública foi ajuizada antes do encerramento do procedimento
administrativo fiscal. A configurar ausência de justa causa para a ação penal. Vício processual que não é passível de
convalidação. 3. Ordem concedida para trancar a ação penal." (HC 100.333, Relator Ministro Ayres Britto,
Segunda Turma, julgamento em 21.6.2011, DJe de 19.10.2011).

(MPPE-2014-FCC): De acordo com a atual posição do STF, nos crimes materiais contra a ordem
tributária, o início do lapso prescricional ocorre com o lançamento definitivo do tributo. BL: SV 24, STF.

#Atenção: A SV 24 afirma que “não se tipifica crime material contra a ordem tributária previsto no artigo 1º
inciso I a IV da Lei 8.137/1990, antes do lançamento definitivo do tributo”. Por conseguinte, o prazo
prescricional, nos crimes contra a ordem tributária previstos no art. 1º, incisos I a IV, do referido diploma
legal, que são os crimes materiais, somente pode ter início com a sua consumação, o que ocorre, no caso,
com o lançamento definitivo do crédito, havendo de ser observado o disposto no inciso I, do art. 111, do
CP, que estabelece que a prescrição começa a ser contada a partir da data da consumação do crime. Desta
forma, o termo inicial da prescrição, nestes crimes, é o lançamento definitivo do tributo.

(MPMG-2013): Segundo orientação do STF, não se tipifica crime material contra a ordem tributária antes
do lançamento definitivo do tributo, a supressão ou redução deste, ou contribuição social e qualquer
acessório, mediante as seguintes condutas, exceto: Negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota
fiscal ou documento equivalente, relativa à venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente
realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. BL: SV 24 do STF e art. 1º, V da Lei 8137/90.

SÚMULA VINCULANTE 25

É ILÍCITA a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. (DPEMS-
2008) (DPEES-2009) (MPRO-2010) (PGEAM-2010) (TJPE-2011) (MPPB-2011) (MPCE-2011) (PGEPA-2011)
(PGERO-2011) (TJAC-2012) (MPRS-2012) (DPESE-2012) (PCRJ-2012) (TJRN-2013) (TJAP-2014) (TJCE-2014)
(PGEMA-2016) (TJPR-2012/2014/2017) (DPEPR-2014/2017) (DPERO-2017) (PGEAC-2017) (PCGO-2013/2018)
(DPEMG-2019) (MPT-2020)

SÚMULA VINCULANTE 26

Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o
juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem
prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício,
PODENDO DETERMINAR, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
(MPES-2010) (DPERS-2011) (TRF3-2011) (DPESP-2010/2012) (TJAC-2012) (MPPI-2012) (DPEPR-2012) (MPF-
2005/2013) (TJRN-2013) (MPDFT-2013) (DPETO-2013) (TRF1-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (Cartórios/TJPE-2013)
(TRF2-2014) (TRF4-2014) (TJRR-2015) (DPU-2015) (TJDFT-2016) (MPSC-2016) (DPEBA-2016) (MPMG-
2012/2017) (TJSP-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (TJMT-2018) (DPEPE-2018) (TJAL-2019) (TJBA-2019) (MPSP-
2019)

(MPPR-2016): Os crimes hediondos e assemelhados admitem a progressão de regime. BL: SV 26.

(TJAP-2014-FCC): Desde o advento da Lei 8.072/90, a vedação absoluta de progressão de regime


prisional, originalmente instituída para os crimes hediondos ou assemelhados, comportou intenso debate
acadêmico e jurisprudencial. Importantes vozes na doutrina desde logo repudiaram o regime
integralmente fechado. Mas o Pleno do STF, então, em dois julgados antológicos, afastou a pecha da
inconstitucionalidade (HC 69.603/SP e HC 69.657/SP), posicionamento que se irradiou para as outras
Cortes e, desse modo, ditou a jurisprudência do país por mais de 13 anos. Somente em 2006 o STF
rediscutiu a matéria, agora para dizer inconstitucional aquela vedação (HC 82.959-7/SP). A histórica
reversão da jurisprudência, afinal, fez com que se reparasse o sistema normativo. Editou-se a Lei nº
11.464/07 que, pese admitindo a progressividade na execução correspondente, todavia lhe estipulou
lapsos diferenciados. Todo esse demorado debate mais diretamente fundou-se especialmente em um dado
postulado de direito penal que, portanto, hoje mais que nunca estrutura o direito brasileiro no tópico
respectivo. Precipuamente, trata-se do postulado da individualização.

SÚMULA VINCULANTE 27

COMPETE à JUSTIÇA ESTADUAL JULGAR causas entre consumidor e concessionária de serviço


público de telefonia, quando a ANATEL NÃO SEJA litisconsorte passiva necessária, assistente, NEM
opoente. (MPRO-2008) (PCPB-2009) (MPMG-2010) (TRF4-2010) (TRF1-2009/2011) (MPRR-2012) (DPEMS-2012)
(MPMS-2013) (TRF3-2013) (TJRJ-2014) (TJSC-2010/2015) (TRF5-2015/2017) (DPEAM-2018) (MPSC-2019)
(DPEMG-2019) (MPDFT-2021) (PGEPB-2021) (DPEPR-2022)

(MPSC-2019): Compete à Justiça Federal julgar causas entre consumidor e concessionária de serviço
público de telefonia, quando a ANATEL for litisconsorte passiva necessária, assistente, ou opoente. BL:
SV 27 (consumidor)

(TJSC-2015-FCC): Nos termos da Súmula Vinculante 27, do STF, “Compete à Justiça estadual julgar causas
entre consumidor e concessionária de serviço público de telefonia, quando a ANATEL não seja litisconsorte passiva
necessária, assistente, nem opoente". Está contida no posicionamento do Tribunal a compreensão de que há
relação jurídica caracterizada como de consumo entre o usuário e a concessionária de serviço público. BL:
SV 27.

(MPRO-2008-CESPE): Desencadeados pelos debates a respeito da possibilidade ou não de cobrança de


assinatura básica pelas empresas de telefonia de âmbito regional ou nacional, um grande número de
litígios judiciais relativos a consumidores, tanto de natureza coletiva como individual, ocorre atualmente
nos tribunais pátrios. A respeito das disposições do CDC que repercutem em tais ações, assinale a opção
correta: Nos litígios individuais em que a autarquia federal reguladora de serviços de telefonia integrar o
feito como litisconsorte necessária, assistente ou oponente, o foro será sempre o da justiça federal. BL: SV
27.

SÚMULA VINCULANTE 28

É inconstitucional a exigência de DEPÓSITO PRÉVIO como requisito de admissibilidade de ação


judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. (TRF4-2010) (PGEAM-2010)
(DPEAM-2011) (TJAC-2012) (MPRJ-2012) (MPRS-2012) (DPEAC-2012) (TJMA-2013) (TJRJ-2013) (TJPR-
2012/2014) (TJMT-2014) (PGERN-2014) (TJDFT-2014/2015) (TJSE-2015) (TJGO-2015) (TJAM-2016) (PGEMT-
2016) (PGM-POA/RS-2016) (Cartórios/TJMG-2012/2015/2016/2017) (MPPR-2017) (MPF-2017) (PGM-BH/MG-
2017) (PGESC-2018) (PGM-João Pessoa/PB-2018)

(TJDFT-2015-CESPE): Determinada unidade da Federação criou norma de processo administrativo


tributário que torna obrigatório o depósito de 30% do valor do crédito tributário discutido como condição
para recorrer para o tribunal administrativo de recursos fiscais. Após tal modificação, determinado
contribuinte recebeu intimação sobre a decisão de primeira instância que lhe foi desfavorável, tendo
apresentado recurso desacompanhado de depósito. Antes de intimar o contribuinte, o tribunal
administrativo inscreveu o crédito em dívida ativa para interromper a prescrição e declarou a suspensão
da exigibilidade do crédito tributário diante da interposição do recurso. A respeito dessa situação
hipotética, assinale a opção correta. Como é inconstitucional a exigência de depósito recursal na esfera
administrativa, a autoridade agiu corretamente ao suspender a exigibilidade do crédito tributário. BL: SV
28 (tributário)

(PGERN-2014-FCC): Ao receber inicial de ação desconstitutiva de crédito tributário, Juízo determinou o


depósito do valor integral do débito, sob pena de extinção do processo. A decisão é incorreta, pois não se
pode exigir depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se discute a
exigibilidade de crédito tributário. BL: SV 28 (proc. civil)

(TJRJ-2013-VUNESP): Celestino, inconformado com o valor do Imposto Predial e Territorial Urbano


(IPTU) que foi notificado a pagar, e não pagou, promoveu ação anulatória do ato declarativo da dívida,
sem proceder, contudo, ao depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e
acrescido dos juros e multa e demais encargos, conforme determina a lei que trata da execução fiscal. A
Fazenda Pública Municipal contestou, alegando que o feito é de ser extinto diante do descumprimento da
exigência legal. Nesse caso, o juiz deve dar regular andamento ao feito por ser inconstitucional a exigência
de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação na qual se pretenda discutir a exigibilidade
de crédito tributário. BL: SV 28 (tributário)

SÚMULA VINCULANTE 29

É CONSTITUCIONAL a adoção, NO CÁLCULO DO VALOR DE TAXA, de um ou mais elementos da


base de cálculo própria de determinado imposto, DESDE QUE NÃO HAJA INTEGRAL IDENTIDADE
entre uma base e outra. (TJTO-2007) (PGESP-2009) (TJRO-2011) (PGEPA-2011/2012) (TJPA-2012) (TJPR-2012)
(TRF4-2012) (TRF5-2013) (Cartórios/TJBA-2013) (PGM-Cuiabá/MT-2014) (PFN-2015) (PGM-Salvador/BA-2015)
(TJRJ-2011/2012/2016) (TJDFT-2014/2016) (MPPR-2011/2017) (TJSC-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (PGM-
Fortaleza/CE-2017) (TJRS-2018) (DPEMG-2019) (PGM-Curitiba/PR-2019) (TJMS-2020) (MPRS-2021) (Aud.
Fiscal-SEFAZ/CE-2021) (TJMA-2022) (MPAM-2023)

(TJRS-2018-VUNESP): O prefeito do Município X pretende instituir uma taxa para custear o serviço de
coleta, remoção e destinação do lixo doméstico produzido no Município. A taxa será calculada em função
da frequência da realização da coleta, remoção e destinação dos dejetos e da área construída do imóvel ou
da testada do terreno. Acerca dessa taxa, é correto afirmar que ela é legal se houver equivalência razoável
entre o valor cobrado do contribuinte e o custo individual do serviço que lhe é prestado. BL: art. 145, §2º,
CF; SV 29 do STF e RE 232.393/SP.

#Atenção: Acerca da base de cálculo das taxas, o STF, no RE 232.393/SP, analisou um caso muito
interessante, em que o Município de São Carlos/SP criou uma taxa pela coleta domiciliar de lixo que era
calculada em função da área construída do imóvel, de modo que, quanto maior a área, maior seria a taxa a
ser paga por aquele imóvel. Em contestação, foi alegado pelos contribuintes que tal taxa estava sendo
calculada, levando em conta um elemento utilizado também para firmar a base de cálculo do IPTU, o que
acarretaria a violação da CF/1988, no art. 145, § 2º, que dispõe que taxas não podem ter as bases de cálculo
próprias de imposto. Assim, do que foi analisado no RE 232.393/SP pelo STF, podemos extrair três
conclusões:
1º) É razoável presumir que imóveis maiores produzam mais lixo que os menores, sendo justa a
cobrança da taxa com valores proporcionais a essa utilização presumida do serviço;
2º) A Corte Suprema percebeu que, ao cobrar a taxa proporcionalmente à área do imóvel, a taxa
acaba sendo graduada de acordo com a capacidade econômica do contribuinte. A CF, em seu art.
145, § 1º, conforme interpretação do dispositivo, diz que não há proibição para que as taxas sejam
graduadas, apesar de o princípio da capacidade contributiva referir-se aos impostos. Perceba que,
em relação aos impostos, há obrigatoriedade da aplicação do princípio da capacidade
contributiva, se possível (para o ICMS, por exemplo, não é possível a aplicação tal princípio);
3º) A CF/1988 proíbe que as taxas possuam base de cálculo idêntica a dos impostos. A base de
cálculo da taxa – levando em conta a área – é igual à base de cálculo do imposto? Não. Na base de
cálculo da taxa, a área foi utilizada apenas como um elemento. E mesmo que a base de cálculo
fosse exatamente a área, ainda assim, não seria idêntica à base de cálculo do IPTU. Desse modo, a
área é só um elemento para se chegar à base de cálculo do IPTU (utilização do valor venal).
Portanto, o STF afirmou que não é inconstitucional utilizar para fixar uma taxa um ou mais
elementos próprios da base de cálculo do imposto, desde que não haja integral correspondência
entre uma base e outra., entendimento esse que, em 2008, resultou na edição da Súmula
Vinculante 29 do STF. (Fonte: ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário. 14ª ed. 2020, p. 70/71).

#Atenção: #STF: O fato de um dos elementos utilizados na fixação da base de cálculo do IPTU - a
metragem da área construída do imóvel - que é o valor do imóvel (CTN, art. 33), ser tomado em linha de
conta na determinação da alíquota da taxa de coleta de lixo, não quer dizer que teria essa taxa base de
cálculo igual à do IPTU: o custo do serviço constitui a base imponível da taxa. Todavia, para o fim de
aferir, em cada caso concreto, a alíquota, utiliza-se a metragem da área construída do imóvel, certo que a
alíquota não se confunde com a base imponível do tributo. Tem-se, com isto, também, forma de realização
da isonomia tributária e do princípio da capacidade contributiva: C.F., artigos 150, II, 145, § 1º. II. - R.E.
não conhecido. (STF. Plenário. RE 232393/SP, Rel. Min. Carlos Velloso, j. 12/08/99). A propósito, vejamos
o seguinte trecho do julgado: “Numa outra perspectiva, deve-se entender que o cálculo da taxa de lixo, com
base no custo do serviço dividido proporcionalmente às áreas construídas dos imóveis , é forma de
realização da isonomia tributária, que resulta na justiça tributária (CF, art. 150, II). É que a presunção é no
sentido de que o imóvel de maior área produzirá mais lixo do que o imóvel menor. O lixo produzido, por
exemplo, por imóvel com mil metros quadrados de área construída, será maior do que o lixo produzido por imóvel de
cem metros quadrados. A previsão é razoável e, de certa forma, realiza também o princípio da capacidade
contributiva do art. 145, §1º, da C.F., que, sem embaraço de ter como destinatária os impostos, nada
impede que possa aplicar-se, na medida do possível, às taxas.” (...)
(TJPR-2017-CESPE): O município de Curitiba/PR instituiu, por lei ordinária, taxa de coleta e remoção de
lixo para os imóveis urbanos situados em seu território, estabelecendo como base de cálculo do tributo a
área construída do imóvel, que, multiplicada pelo valor de R$ 2, resultaria no valor do tributo devido pelo
contribuinte. Acerca dessa situação hipotética e dos preceitos constitucionais pertinentes ao poder de
tributar, assinale a opção correta: O serviço de coleta e remoção de lixo em questão pode adotar um dos
elementos de base de cálculo de impostos, desde que não haja identidade completa e o valor pago pelo
contribuinte seja proporcional ao serviço que lhe é prestado. BL: SV 29.

#Atenção: No caso apresentado, o tributo é considerado constitucional por não haver identidade integral
das bases de cálculo, uma vez que foi adotada apenas um dos elementos da base de cálculo do IPTU, qual
seja, a área construída do imóvel.

(DPU-2017-CESPE): No cálculo do valor de determinada taxa, pode haver elementos da base de cálculo de
algum imposto, desde que não haja total identidade entre uma base e outra. BL: SV 29.

(TRF3-2016): É possível a adoção, no cálculo do valor de uma taxa, de um ou mais elementos da base de
cálculo de um imposto, desde que não ocorra integral identidade entre uma base e outra. BL: SV 29.

(TRF4-2010): Dadas as assertivas abaixo, assinale a alternativa correta. Em matéria de taxas, o STF
pacificou entendimento de que o disposto no § 2º do art. 145 da CF/1988 (“As taxas não poderão ter base de
cálculo própria de impostos”): Interpreta-se dando por constitucional a adoção, no cálculo da taxa, de um ou
mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra. BL: SV 29.

SÚMULA VINCULANTE 30

(A Súmula Vinculante 30 está pendente de publicação)

OBS: Esta súmula foi aprovada em 03/02/2010, mas, no dia seguinte, os Ministros decidiram que ela não
deveria ser publicada, uma vez que concluíram que seria necessário analisar com mais calma o tema. Em
suma, o enunciado não está valendo.

Súmula vinculante 30-STF: É inconstitucional lei estadual que, a título de incentivo fiscal, retém parcela do
ICMS pertencente aos municípios.

SÚMULA VINCULANTE 31

É INCONSTITUCIONAL a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre


operações de locação de bens móveis. (TJSC-2009) (DPU-2010) (TJRO-2011) (TJAC-2012) (MPRS-2012)
(TJMA-2013) (DPEDF-2013) (DPESP-2013) (MPT-2013) (TJPE-2015) (TJDFT-2015) (PGERS-2015) (TJRJ-2016)
(PGEMS-2016) (Cartórios/TJMG-2012/2017) (TJMG-2018) (PGM-João Pessoa/PB-2018) (TJMS-2020) (DPECE-
2022) (PGM-Florianópolis/SC-2022) (MPAM-2023)

(PGM-João Pessoa/PB-2018-CESPE): Uma empresa de locação de guindastes, locados juntamente com os


seus operadores, foi autuada pelo fisco em razão do não recolhimento de ISS. Nessa situação hipotética, a
autuação da empresa foi lícita, porque se trata de operação mista de locação de bens móveis e de prestação
de serviços de operação de máquinas (guindastes). BL: SV 31. (tributário)

#Atenção: Se fosse a prestação de serviço de guindaste, incidiria o ISS, nos termos do art. 1º da LC 116/03
e item 14.14 da Lista de serviços anexa à mencionada lei complementar: “LC 116, Art. 1 O Imposto Sobre
Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a
prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do
prestador. (...) Lista de serviços anexa à Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. 14 – Serviços relativos a
bens de terceiros. (...) 14.14 - Guincho intramunicipal, guindaste e içamento”. Todavia, a locação pura e simples
do guindaste não incide, nos termos da SV 31 do STF.

(TJDFT-2015-CESPE): Com relação ao sistema constitucional tributário e à ordem econômica e financeira,


assinale a opção correta. Situação hipotética: Em razão de dificuldades financeiras, o Poder Legislativo do
DF editou lei determinando a incidência de ISS nos casos de locação de tratores e guindastes destinados à
construção civil. Assertiva: Nessa situação, caberá ADI contra a norma distrital, uma vez que a CF não
prevê a incidência do referido imposto sobre a locação de bens móveis. BL: SV 31. (tributário)

(TJRO-2011): É inconstitucional a incidência de imposto sobre serviços de qualquer natureza sobre


operações de locações de veículos. BL: SV 31. (tributário)

#Atenção: De fato, a locação de móvel não incide ISS. Todavia, se colocar à disposição funcionário para
operar a atividade de locação de bens móveis, neste caso haverá prestação de serviço, não se aplicando a
SV 31.

(TJSC-2009): Segundo orientação dominante do STF, o ISS não incide na locação de bens móveis. BL: SV
31. (tributário)

SÚMULA VINCULANTE 32

O ICMS NÃO INCIDE sobre alienação de SALVADOS DE SINISTRO pelas seguradoras.


(Cartórios/TJMG-2012) (TJMA-2013) (TJPR-2013) (Cartórios/TJDFT-2014) (PGEMS-2016) (PGESC-2018)
(MPPR-2019) (TJMS-2020) (DPECE-2022)

SÚMULA VINCULANTE 33

Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da previdência social sobre
aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei
complementar específica. (MPGO-2014) (MPPE-2014) (DPECE-2014) (DPEPE-2015)

#Atenção: Importante.

SÚMULA VINCULANTE 33 – ANTES DA EC 103/2019

O que é aposentadoria especial? Aposentadoria especial é aquela cujos requisitos e critérios exigidos do
beneficiário são mais favoráveis que os estabelecidos normalmente para as demais pessoas.

Quem tem direito à aposentadoria especial no serviço público? Antes da Reforma da Previdência (EC
103/19), a CF dizia o seguinte:
Art. 40 (...) § 4° É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de
aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos
definidos em leis complementares, os casos de servidores:
I - portadores de deficiência;
II - que exerçam atividades de risco;
III - cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física.

O § 4º do art. 40 da CF exigia, portanto, que fossem editadas leis complementares definindo os critérios
para a concessão da aposentadoria especial aos servidores públicos em cada uma das hipóteses dos incisos
acima listados.

A lei complementar de que trata o inciso III já tinha sido editada? NÃO.

O que acontecia, já que não existe a LC? Como ainda não havia a referida lei complementar disciplinando
a aposentadoria especial do servidor público, o STF reconheceu que o Presidente da República estava em
“mora legislativa” por ainda não ter enviado ao Congresso Nacional o projeto de lei para regulamentar o
antigo art. 40, § 4º, III da CF/88. Diante disso, o STF, ao julgar o Mandado de Injunção nº 721/DF (e vários
outros que foram ajuizados depois), determinou que, enquanto não fosse editada a LC regulamentando o
antigo art. 40, § 4º, III, da CF/88, deveriam ser aplicadas, aos servidores públicos, as regras de
aposentadoria especial dos trabalhadores em geral (regras do Regime Geral de Previdência Social —
RGPS), previstas no art. 57 da Lei nº 8.213/91. Logo, os servidores públicos que exerciam atividades sob
condições especiais que prejudiquem a sua saúde ou integridade física (antigo art. 40, § 4º, III da CF/88)
teriam direito de se aposentar com menos tempo de contribuição que os demais agentes públicos. O STF
editou uma súmula espelhando o entendimento:
Súmula vinculante 33-STF: Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do Regime
Geral de Previdência Social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, parágrafo 4º,
inciso III, da Constituição Federal, até edição de lei complementar específica.

Vale ressaltar que a SV 33-STF somente trata sobre a aposentadoria especial do servidor público baseada
no inciso III do § 4° do art. 40 da CF/88 (atividades sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a
integridade física), não abrangendo as hipóteses dos incisos I (deficientes) e II (atividades de risco).

CONVERSÃO DO TEMPO ESPECIAL EM TEMPO COMUM – ANTES DA EC 103/2019

Imagine a seguinte situação hipotética: A lei prevê a aposentadoria especial para aqueles que trabalharam
durante 25 anos em condições insalubres. Maria laborou, em uma empresa privada, durante 20 anos em
atividades especiais (trabalho exposto a radiação) e 6 anos em atividade comum (não insalubres). Logo,
não terá direito à aposentadoria especial, que exige 25 anos de atividades especiais para o caso de radiação
(item 1.1.4 do Decreto nº 53.831/64).

Poderá ela somar os 20 anos de atividades insalubres com os 6 anos de atividades comuns? SIM.

Ao converter estes 20 anos de atividades especiais em tempo de atividades comuns, haverá algum tipo de
acréscimo (contagem de tempo diferenciada)? SIM. O tempo de trabalho exercido sob condições especiais
consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será convertido em “tempo comum” (exercido
em atividade comum) e nesta conversão vão ser aplicados alguns índices matemáticos que farão com que
o tempo se torne maior. Ex.: 20 anos = 7300 dias de tempo comum. No entanto, como esses 20 anos foram
prestados em atividade especial, para serem convertidos em tempo comum, eles devem ser multiplicados
por 1,2. Assim, teremos 7.300 x 1,2 = 8.760. Logo, 7.300 dias trabalhados sob o regime especial podem se
transformar em 8.760 dias caso este período de tempo especial seja convertido em tempo comum. No
exemplo acima, Maria trabalhou 20 anos (7.300 dias) em atividades especiais e 6 anos (2.190 dias) em
atividade comum. Logo, não conseguirá a aposentadoria especial (que exige 25 anos de atividade
especial). Maria irá, então, somar os períodos para ver se consegue a aposentadoria comum (não especial).
Os 7.300 dias trabalhados irão virar 8.760 dias. Dessa forma, ela irá somar 8.760 + 2.190 = 10.950 dias (30
anos) para fins de aposentadoria.

Onde está previsto este índice de conversão de 1,20? Os índices de conversão de “tempo especial” em
“tempo comum” estão previstos no art. 70 do Decreto nº 3.048/99. Ressalte-se que há outros índices, além
deste de 1,20 e eles irão variar de acordo com a atividade especial (Obs.: há muitas polêmicas sobre esse
tema, mas elas não interessam para os objetivos desta explicação).

Antes da Reforma da Previdência (EC 103/2019), os servidores públicos que exerciam atividades sob
condições especiais que prejudicassem a saúde ou a integridade física  (art. 40, § 4º, III da CF/88) podiam
se valer destes índices para fazer a conversão do “tempo especial” trabalhado em “tempo comum”? SIM.
Até a edição da EC 103/19, o direito à conversão, em tempo comum, do prestado sob condições especiais
que prejudiquem a saúde ou a integridade física de servidor público era possível. Isso decorria da
previsão contida na CF/88 no sentido de que deveriam ser adotados requisitos e critérios diferenciados
para a jubilação (aposentadoria) da pessoa enquadrada na hipótese prevista no inciso III do § 4º do art. 40
da CF/88. Logo, deveriam ser aplicadas as normas da aposentadoria especial do regime geral, previstas na
Lei nº 8.213/91 enquanto não houvesse lei complementar disciplinando a matéria.

Exemplo: João era servidor público estadual, ocupando o cargo de assistente agropecuário. Durante 10
anos, ele exerceu esse cargo, prestando o serviço em condições insalubres. Em seguida, ele pediu
exoneração. João não chegou a completar o tempo necessário para adquirir a aposentadoria especial. No
entanto, a despeito disso, ele terá direito de averbar o tempo de serviço prestado em atividades
prejudiciais à saúde, com a conversão em tempo comum, mediante contagem diferenciada, para a
obtenção de benefícios previdenciários. Em outras palavras, ele poderá utilizar os índices matemáticos de
conversão para aproveitar esse tempo especial como tempo comum.

REGIME POSTERIOR À EC 103/2019

A Reforma da Previdência (EC 103/2019) alterou a redação do § 4º do art. 40:


CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Antes da EC 103/2019 Depois da EC 103/2019
Art. 40 (...) Art. 40 (...)
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios
diferenciados para a concessão de aposentadoria aos diferenciados para concessão de benefícios em
abrangidos pelo regime de que trata este artigo, regime próprio de previdência social, ressalvado o
ressalvados, nos termos definidos em leis disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º.
complementares, os casos de servidores:
I - portadores de deficiência;
II - que exerçam atividades de risco;
III - cujas atividades sejam exercidas sob condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física.
Não havia § 4º-C. Art. 40 (...)
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei
complementar do respectivo ente federativo idade e
tempo de contribuição diferenciados para
aposentadoria de servidores cujas atividades sejam
exercidas com efetiva exposição a agentes químicos,
físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou
associação desses agentes, vedada a caracterização
por categoria profissional ou ocupação.

A EC 103/2019 previu agora que ente federado poderá estabelecer, por lei complementar, idade e tempo
de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas com
efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses
agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação. Desse modo, após EC 103/2019,
não se pode mais afirmar que os servidores tenham direito à conversão com base na aplicação do regime
geral. Para se ter direito à conversão, é necessário que o respectivo ente edite uma lei complementar
prevendo.

Em suma:
Até a edição da Emenda Constitucional nº 103/2019, o direito à conversão, em tempo comum, do
prestado sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física de servidor
público decorre da previsão de adoção de requisitos e critérios diferenciados para a jubilação
daquele enquadrado na hipótese prevista no então vigente inciso III do § 4º do art. 40 da CF,
devendo ser aplicadas as normas do regime geral de previdência social relativas à aposentadoria
especial contidas na Lei nº 8.213/91 para viabilizar sua concretização enquanto não sobrevier lei
complementar disciplinadora da matéria. Após a vigência da EC nº 103/2019, o direito à conversão
em tempo comum, do prestado sob condições especiais pelos servidores obedecerá à legislação
complementar dos entes federados, nos termos da competência conferida pelo art. 40, § 4º-C, da CF.
STF. Plenário. RE 1014286, Rel. Luiz Fux, Relator p/ Acórdão Edson Fachin, j. 31/08/20
(Repercussão Geral – Tema 942) (Info 992).

Observação: Cuidado com o segundo parágrafo da tese acima exposta. Isso porque essa tese,
aparentemente, está em desarmonia com o § 3º do art. 10 da EC 103/2019. Veja:
Art. 10. Até que entre em vigor lei federal que discipline os benefícios do regime próprio de
previdência social dos servidores da União, aplica-se o disposto neste artigo. (...)
§ 3º A aposentadoria a que se refere o § 4º-C do art. 40 da Constituição Federal observará
adicionalmente as condições e os requisitos estabelecidos para o Regime Geral de Previdência
Social, naquilo em que não conflitarem com as regras específicas aplicáveis ao regime próprio de
previdência social da União, vedada a conversão de tempo especial em comum.

O STF não debateu com profundidade o tema porque o objeto do recurso envolvia um caso anterior à EC
103/2019. Mais para frente esse assunto deverá ser novamente discutido com maior atenção pela Corte.
Por enquanto, para fins de provas, guarde essas duas afirmações como corretas:
• Após a vigência da EC nº 103/2019, o direito à conversão em tempo comum, do prestado sob
condições especiais pelos servidores obedecerá à legislação complementar dos entes federados, nos
termos da competência conferida pelo art. 40, § 4º-C, da CF. (certo)
• A aposentadoria especial a que se refere o § 4º-C do art. 40 da CF observará adicionalmente as
condições e os requisitos estabelecidos para o Regime Geral de Previdência Social, naquilo em que
não conflitarem com as regras específicas aplicáveis ao regime próprio de previdência social da
União, vedada a conversão de tempo especial em comum. (certo).

(TJPR-2017-CESPE):  Nossa CF, como a maioria das cartas políticas contemporâneas, contém regras de
diversos tipos, funções e naturezas, por postularem finalidades diferentes, mas coordenadas e inter-
relacionadas entre si, formando um sistema de normas que se condicionam reciprocamente. Algumas
delas são plenamente eficazes e de aplicabilidade imediata; outras são de eficácia reduzida, dependem de
legislação que lhes integre o sentido e determine sua incidência; não são de aplicabilidade imediata, mas
são aplicáveis até onde possam. José Afonso da Silva. Aplicabilidade das normas constitucionais. 6.ª ed.
São Paulo: Malheiros, 2004, p. 47 (com adaptações). Tendo o fragmento de texto de José Afonso da Silva
como referência inicial, assinale a opção correta com relação à eficácia das normas constitucionais e aos
princípios e à interpretação da CF: Para o STF, a norma que estabelece o direito à aposentadoria especial
dos servidores públicos tem eficácia limitada.

SÚMULA VINCULANTE 34

A Gratificação de Desempenho de Atividade de Seguridade Social e do Trabalho – GDASST, instituída pela


Lei 10.483/2002, deve ser estendida aos inativos no valor correspondente a 60 (sessenta) pontos, desde o
advento da Medida Provisória 198/2004, convertida na Lei 10.971/2004, quando tais inativos façam jus à
paridade constitucional (EC 20/1998, 41/2003 e 47/2005).

SÚMULA VINCULANTE 35

A HOMOLOGAÇÃO DA TRANSAÇÃO PENAL prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 NÃO FAZ coisa
julgada material e, DESCUMPRIDAS suas cláusulas, RETOMA-SE a situação anterior,
POSSIBILITANDO-SE ao Ministério Público a CONTINUIDADE DA PERSECUÇÃO PENAL mediante
oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial. (TJMG-2012) (MPRR-2012) (DPESP-2013)
(Cartórios/TJES-2013) (DPECE-2014) (DPEMS-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (TJRR-2015) (TJDFT-2015) (PCDF-
2015) (MPF-2015) (PGERS-2015) (TRF4-2016) (TJPR-2017) (MPRS-2017) (Anal. Judic./TRF1-2017) (PCGO-
2013/2018) (DPERS-2018) (PCBA-2018) (PCSE-2018) (MPSP-2015/2019) (Cartórios/TJMG-2019) (PCES-2019)
(TJGO-2021) (Cartórios/TJMS-2021) (PCRR-2022)

OBS: Em que consiste a transação penal? Transação penal é...


- um acordo
- celebrado entre o MP (se a ação penal for pública) ou o querelante (se for privada)
- e o indivíduo apontado como autor do crime
- por meio do qual a acusação
- antes de oferecer a denúncia (ou queixa-crime)
- propõe ao suspeito que ele, mesmo sem ter sido ainda condenado,
- aceite cumprir uma pena restritiva de direitos ou pagar uma multa
- e em troca disso a ação penal não é proposta e o processo criminal nem se inicia.

Previsão legal: O instituto da transação penal é previsto na Lei dos Juizados Especiais (Lei 9099/95):
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada,
não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de
pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

A transação penal é compatível com a CF? SIM. A transação penal é, inclusive, uma determinação
constitucional. Confira:
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais
de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas
hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de
primeiro grau;

A transação penal não ofende os princípios do contraditório e da ampla defesa porque se trata de uma
escolha (faculdade) colocada à disposição do suposto autor do fato, que pode preferir fazer logo o acordo
e cumprir uma medida restritiva de direitos (mesmo sem ter sido julgado), do que se submeter aos
transtornos de um processo criminal. Logo, por não ser obrigatória, a transação penal não é incompatível
com as garantias constitucionais.

Requisitos: Para que a transação penal possa ser proposta, deverão estar presentes os seguintes
requisitos:

a) A infração apurada deve ser de menor potencial ofensivo. Só cabe transação penal em casos de
infrações de menor potencial ofensivo, ou seja, contravenções penais e crimes cuja pena máxima prevista
não seja superior a 2 anos, cumulada ou não com multa. Exceção: não cabe transação penal se o crime ou
a contravenção penal tiver sido praticado com violência doméstica e familiar contra a mulher, mesmo
que a pena seja inferior a 2 anos.

b) A infração apurada pode ser crime de ação pública ou privada. Apesar de o caput do art. 76 da Lei
9.099/95 falar apenas em “crime de ação penal pública”, a doutrina e jurisprudência entendem que a
transação penal é cabível tanto em delitos de ação penal pública (condiciona ou incondicionada), como
também de ação penal privada.

c) A hipótese não pode ser caso de arquivamento do TC. Se houver algum motivo que autorize o
arquivamento do termo circunstanciado, a acusação não deverá propor transação penal e, se o fizer, o
juiz não deverá homologá-la. Isso porque o caput do art. 76 da Lei 9.099/95 afirma claramente que a
transação somente deverá ser oferecida se não for caso de arquivamento dos autos . Assim, por
exemplo, se não houver indícios suficientes de autoria e prova da materialidade, a hipótese é de
arquivamento, não devendo ser proposto o acordo.

d) O autor da infração não pode ter sido condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade,
por sentença definitiva (art. 76, § 2º, I, da Lei 9.099/95).

e) O autor do fato não pode ter sido beneficiado anteriormente, no prazo de 5 anos, com a transação
penal (art. 76, § 2º, II, da Lei 9.099/95).

f) Os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as


circunstâncias do fato devem indicar que a transação penal é medida necessária e suficiente para o caso
(art. 76, § 2º, II, da Lei 9.099/95).

Atenção: em se tratando de crime ambiental, existe outro requisito, qual seja, a proposta de transação
penal somente poderá ser oferecida se tiver havido prévia composição do dano ambiental, salvo em
caso de impossibilidade de fazê-lo (art. 27 da Lei 9.605/98).

Procedimento
1. Se a autoridade policial tomar conhecimento da prática de uma infração penal de menor
potencial ofensivo, ela deverá lavrar um termo circunstanciado.
O termo circunstanciado é um “substituto” bem mais simples que o inquérito policial, realizado
pela polícia nos casos de infrações de menor potencial ofensivo. O objetivo do legislador foi
facilitar e desburocratizar o procedimento. No termo circunstanciado é narrado o fato criminoso,
com todos os dados necessários para identificar a sua ocorrência e autoria, devendo ser feita a
qualificação do autor, da vítima e indicadas as provas existentes, inclusive o rol de testemunhas.
Vale ressaltar que, se não for realizada transação penal e o MP entender que o caso é complexo,
ele poderá requisitar que seja feito um inquérito policial. Em outras palavras, a regra nas
infrações penais de menor potencial ofensivo é o termo circunstanciado, mas é possível que seja
feito IP se assim entender necessário o titular da ação penal.

2. Após lavrar o termo circunstanciado, a autoridade policial deverá encaminhá-lo imediatamente


ao Juizado Especial Criminal, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições
dos exames periciais necessários (ex: exame de corpo de delito).

3. Recebendo o termo, o juiz deverá designar uma audiência preliminar.


Atenção: a Lei prevê que a audiência preliminar deverá ser preferencialmente realizada no
mesmo dia em que o fato ocorreu ou, não sendo isso possível, que seja marcada uma data
próxima. Na prática, a audiência nunca ocorre no mesmo dia do fato.

4. Na audiência preliminar deverão estar presentes o representante do MP, o autor do fato e a


vítima, acompanhados por seus advogados.

5. A conciliação poderá ser conduzida pelo Juiz ou por conciliador sob sua orientação.

6. Logo ao abrir a audiência, o Juiz esclarecerá que, neste tipo de infração de menor potencial
ofensivo é possível que o autor do fato faça:
a) um acordo de composição civil dos danos com o ofendido (acordo de natureza cível);
b) e também um acordo de transação penal com o MP (acordo de natureza criminal).

7. Importante ressaltar que, apesar de a audiência preliminar ser realizada no Poder Judiciário,
com a participação do juiz e do MP, ainda não existe ação penal (ainda não houve denúncia
nem queixa-crime e o autor ainda não é réu).
8. Caso o autor do fato e a vítima aceitem fazer o acordo de composição civil:
a) Se o crime for de ação penal privada (ex: dano): a celebração do acordo acarreta a renúncia ao
direito de queixa, significando dizer que a punibilidade do agente está extinta (art. 107, V, do
CP). O autor está livre do processo criminal.
b) Se o crime for de ação pública condicionada (ex: lesão corporal leve): a celebração do acordo
acarreta a renúncia ao direito de representação, extinguindo a punibilidade, de forma que o
autor também estará livre do processo criminal.
c) Se o crime for de ação pública incondicionada (ex: violação de domicílio): a celebração do
acordo não acarreta a extinção da punibilidade. A composição civil no caso de crimes de ação
pública incondicionada não produz efeitos penais. A única vantagem para o autor do fato é que
ele já resolveu a questão cível, ou seja, não poderá mais ser demandado em uma ação de
indenização. No entanto, o processo criminal permanece intacto e a etapa seguinte será verificar
se ele tem direito de (e quer) fazer a transação penal.

9. Caso o autor do fato e a vítima NÃO aceitem fazer o acordo de composição civil: o MP (ou
querelante) irá fazer a proposta de transação penal (desde que cumpridos os requisitos).

10. Imaginemos que o MP fez a proposta de transação penal ao autor do fato.

11. Se o autor do fato não aceitar a transação (ou nem comparecer injustificadamente), o membro
do MP, na própria audiência, terá duas opções:
a) formulará denúncia oral, que será reduzida a escrito no termo de audiência (isso se o
Parquet entender que já existem indícios suficientes de autoria e prova da materialidade); ou
b) requisitará a instauração de um inquérito policial para a realização de novas diligências
que sejam imprescindíveis para a definição da autoria ou materialidade.

12. Se o autor do fato aceitar a transação, o juiz deverá analisar a legalidade das condições
propostas e, estando conforme o ordenamento jurídico, irá homologar a transação penal
realizada. A sentença que homologa a transação penal tem natureza declaratória e somente faz
coisa julgada formal (não produz coisa julgada material).

13. Lembrando que, se o autor do fato aceitou a transação, é porque se comprometeu a cumprir uma
pena restritiva de direitos ou a pagar uma multa, segundo as condições que foram fixadas na
proposta. Ex: o MP propôs e o autor do fato concordou em prestar 60h de serviços comunitários
no prazo máximo de 6 meses em um hospital. O autor terá que atender a essa exigência imposta
no prazo assinalado.

Descumprimento injustificado da transação penal: O que acontece se o autor do fato aceitar a proposta,
mas acabar descumprindo a obrigação por ele assumida no acordo (ex: o autor tinha que prestar 60h,
mas acabou realizado apenas 40h de trabalhos comunitários)? O juiz deverá determinar a abertura de
vista dos autos ao MP. O membro do Parquet terá, então, duas opções:
 Oferecer denúncia; ou

 Requerer mais investigações, por meio da realização de um inquérito policial, caso entenda
que ainda não existem provas suficientes.

Tal entendimento é baseado no fato de que a decisão homologatória da transação penal não faz coisa
julgada material. Dessa forma, diante do descumprimento das cláusulas estabelecidas na transação
penal, retorna-se ao status quo ante (volta-se para a fase 11 acima explicada), viabilizando-se, assim, ao
Parquet a continuidade da persecução penal.

Essa solução não viola o contraditório e a ampla defesa? NÃO. Isso porque o acusado terá direito ao
contraditório e a ampla defesa durante a ação penal que ainda irá se iniciar. Haveria sim violação ao
devido processo legal se, após descumprir a transação, o autor do fato fosse desde logo condenado (sem
processo) ou preso.

Confira agora novamente a redação da súmula para ver se entendeu: A homologação da transação penal
prevista no art. 76 da Lei 9.099/95 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-
se a situação anterior, possibilitando-se ao MP a continuidade da persecução penal mediante
oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.

O entendimento exposto na súmula já era adotado não apenas pelo STF como também pelo STJ. Nesse
sentido: STF. Plenário. RE 602072 QO-RG, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 19/11/2009 (repercussão
geral). STJ. 6ª Turma. RHC 34.580/SP, Rel. Min. Maria Thereza De Assis Moura, julgado em 12/03/2013.

(MPRS-2021): De acordo com o direito sumular dos Tribunais Superiores, assinale a alternativa correta:
A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei nº 9.099/1995 faz coisa julgada formal e,
descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a
continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito
policial. BL: SV 35, STF.

(DPEAM-2018-FCC): Praticada infração penal de menor potencial ofensivo, o MP apresenta proposta de


transação penal ao autor dos fatos que não possui advogado constituído. Na presença do Defensor
Público e, com a concordância de ambos, a proposta de aplicação imediata da pena de multa é
homologada pelo Juiz, com redução de um terço. Após o trânsito em julgado, o autor da infração penal
não cumpre o estabelecido na transação penal, apesar de regularmente intimado. Em face do
descumprimento, o MP oferece denúncia contra o autor da infração penal perante o Juízo comum. A
Defensoria Pública postula a rejeição da denúncia em face do trânsito em julgado da decisão que
homologou a transação penal. Sobre o tema, é correto afirmar: A homologação da transação penal não
faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se
ao MP a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia. BL: SV 35, STF.

(MPMG-2017): “[...] Não se desconhece que, em elevadíssima porcentagem de certos crimes de ação penal pública,
a polícia não instaura o inquérito e o MP e o juiz atuam de modo a que se atinja a prescrição. Nem se ignora que a
vítima - com que o Estado até agora pouco se preocupou - está cada vez mais interessada na reparação dos danos e
cada vez menos na aplicação da sanção penal. É por essa razão que atuam os mecanismos informais da sociedade,
sendo não só conveniente como necessário que a lei introduza critérios que permitam conduzir a seleção dos casos de
maneira racional e obedecendo a determinadas escolhas políticas. [...]” Disponível
em:<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1995/ lei-9099-26-setembro-1995-348608-
exposicaodemotivos- 149770-pl.html> . Acesso em 22 mar. 2017. Assinale a alternativa correta: A
ausência de coisa julgada material na homologação de transação penal permite retornar-se à situação
anterior, possibilitando ao MP o oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial, se forem
descumpridas as cláusulas do acordo. BL: art. 76, §5º, Lei 9099/95 e SV 35, STF.

(TJDFT-2016-CESPE): Assinale a opção correta, em que o magistrado agiu em consonância com a


jurisprudência sumulada do STF ou do STJ: Após a homologação da transação penal prevista no art. 76
da Lei 9.099/95, sobreveio o descumprimento de suas cláusulas, razão pela qual o magistrado acolheu o
pedido da acusação, retomando-se a situação anterior, e possibilitando ao MP a continuidade da
persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial, ao fundamento
de que a homologação não faz coisa julgada material. BL: art. 76, Lei 9099/95 e SV 35, STF.

(TJSP-2015-VUNESP): A sentença de transação penal, nos termos do art. 76, §5º, da Lei 9.099/95, tem as
seguintes características: tem natureza homologatória e não faz coisa julgada material. BL: art. 76, §5º,
Lei 9099/95 e SV 35, STF.

SÚMULA VINCULANTE 36

COMPETE à JUSTIÇA FEDERAL COMUM processar e julgar civil denunciado pelos crimes de
falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de Inscrição e
Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA), AINDA QUE EXPEDIDAS pela
Marinha do Brasil. (Anal. Judic./TRF5-2017) (DPEAM-2018) (TJAL-2019) (TCERO-2019)

OBS: Imagine a seguinte situação hipotética: Pedro, civil, foi convidado para trabalhar em um navio
mercante como aquaviário. Ocorre que ele nunca concluiu o Ensino Profissional Marítimo (EPM), razão
pela qual não possuía a chamada “Caderneta de Inscrição e Registro (CIR)”, documento necessário para o
exercício da atividade profissional em embarcações. Diante disso, Pedro comprou uma CIR falsificada e a
apresentou para embarcar e prestar serviço em um navio de frota privada. Vale ressaltar que a expedição
da CIR é de responsabilidade da Capitania dos Portos (Marinha do Brasil).

De quem será a competência para julgar esse delito? Justiça Federal ou Justiça Militar? JUSTIÇA
FEDERAL COMUM: A jurisprudência do STF é firme no sentido de que cabe à Justiça Federal processar e
julgar civil denunciado pelo crime de uso de documento falso (art. 315 do CPM), quando se tratar de
falsificação de Caderneta de Inscrição e Registro (CIR), expedida pela Marinha do Brasil, por aplicação dos
arts. 21, XXII, 109, IV, e 144, § 1º, III, todos da CF. (STF. 2ª Turma. HC 112142, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, j. 11/12/12).

Vejamos outro caso hipotético: Eduardo estava passeando em sua lancha quando foi parado por uma
fiscalização da Capitania dos Portos. Na ocasião, ele apresentou uma Carteira de Habilitação Naval de
Amador falsificada.

De quem será a competência para julgar esse crime? JUSTIÇA FEDERAL COMUM. Compete à Justiça
Federal, quando se tratar de Carteira de Habilitação Naval de Amador expedida pela Marinha do Brasil,
processar e julgar civil denunciado pelos delitos de falsificação de documento e uso de documento falso
(arts. 311 e 315 do Código Penal Militar). (STF. 1ª Turma. HC 108744, Rel. Min. Dias Toffoli, j.
13/03/2012).

Vamos entender o motivo.

Competências da Justiça Militar: Compete à Justiça Militar processar e julgar os crimes militares, assim
definidos em lei (art. 124 da CF/88). A lei que prevê os crimes militares é o Código Penal Militar (Decreto-
Lei 1.001/1969).
 No art. 9º do CPM são conceituados os crimes militares, em tempo de paz.
 No art. 10 do CPM são definidos os crimes militares em tempo de guerra.

Em regra, os crimes militares em tempo de paz são praticados somente por militares. No entanto,
excepcionalmente, é possível que civis também cometam crimes militares.

O inciso III do art. 9º define os crimes militares impróprios, ou seja, aqueles em que a Justiça Militar irá
julgar condutas ilícitas praticadas por civis, ainda que em tempo de paz. Veja a redação do dispositivo:
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:
(...) III - os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do
inciso II, nos seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem administrativa militar;
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de atividade ou assemelhado,
ou contra funcionário de Ministério militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao
seu cargo;
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação,
exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobras;
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza
militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública,
administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquêle fim, ou em obediência a
determinação legal superior.

O STF confere intepretação restritiva às hipóteses do inciso III do art. 9º do CPM. Assim, para a Corte, as
condutas praticadas por civis somente devem ser enquadradas como crimes militares em caráter
excepcional, apenas nos casos em que o ato praticado ofender bens jurídicos tipicamente ligados à função
castrense (militar), tais como, a defesa da pátria, a garantia dos poderes constitucionais, a garantia da Lei e
da ordem etc.

Nesse sentido:
(...) é excepcional a competência da Justiça castrense para o julgamento de civis, em tempo de paz.
A tipificação da conduta de agente civil como crime militar está a depender do "intuito de atingir,
de qualquer modo, a Força, no sentido de impedir, frustrar, fazer malograr, desmoralizar ou
ofender o militar ou o evento ou situação em que este esteja empenhado" (CC 7.040, da relatoria do
ministro Carlos Velloso). 2. O cometimento do delito militar por agente civil em tempo de paz se dá
em caráter excepcional. Tal cometimento se traduz em ofensa àqueles bens jurídicos tipicamente
associados à função de natureza militar: defesa da Pátria, garantia dos poderes constitucionais, da
lei e da ordem (art. 142 da CF). (...) (STF. 2ª T. HC 104617, Rel. Min. Ayres Britto, j. 24/08/10)

Em outras palavras, somente deverá ser enquadrado como crime militar quando o civil praticar uma
conduta que tenha por objetivo ofender os valores inerentes às Forças Armadas, previstos no art. 142 da
CF/88:
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina,
sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia
dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Para o STF, a conduta do réu civil de falsificar ou usar a Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou a
Carteira de Habilitação de Arrais-Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil, não
afronta diretamente a ordem militar (nenhum dos valores previstos no art. 142 da CF/88).

A Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) e a Carteira de Habilitação Naval de Amador são licenças
necessárias para se pilotar embarcações. Apesar de serem documentos expedidos pela Marinha, a licença
por eles conferida é de natureza civil. Logo, a sua expedição e fiscalização são atividades inerentes ao
poder de polícia administrativa. São funções ligadas, portanto, ao policiamento naval, que não é atribuição
exclusiva da Marinha.

Por não serem exclusivas, as atividades de fiscalização e policiamento marítimo não se caracterizam como
função de natureza militar típica, uma vez que podem ser desempenhadas por outros órgãos estaduais ou
federais, como, por exemplo, a Polícia Fluvial, Guarda Costeira e a Polícia Federal. Dessa forma, trata-se
de uma atribuição secundária da Marinha.

E por que a competência é da Justiça Federal comum? Porque o crime foi cometido contra um serviço
fiscalizado pela Marinha, que é um órgão da União. Logo, amolda-se na hipótese prevista no art. 109, IV,
da CF/88:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse
da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e
ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

(TCERO-2019-CESPE): Considerando a jurisprudência do STJ e do STF e a legislação a respeito de crimes


contra a fé pública, assinale a opção correta: Compete à justiça federal comum processar e julgar civil
denunciado pelo crime de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da caderneta de
inscrição e registro expedida pela Marinha do Brasil. BL: SV 36, STF.

SÚMULA VINCULANTE 37

NÃO CABE ao Poder Judiciário, que NÃO TEM função legislativa, AUMENTAR vencimentos de
servidores públicos sob o fundamento de ISONOMIA. (DPEMA-2009) (PGEAL-2009) (AGU-2009)
(DPEAM-2011) (TJMG-2012) (TJCE-2014) (PGEMS-2014) (TJSE-2015) (PGEPR-2015) (MPT-2015) (MPPR-2017)
(TJSP-2015/2018) (DPEPE-2015/2018) (DPEAP-2018) (PGEPE-2018) (PGESP-2018) (MPCPA-2019) (PGERS-2021)
(TJRS-2022) (MPSP-2022) (PCSP-2022) (Anal. Judic./TRT4-2022)

OBS: Importante.

Entendendo a súmula com um exemplo concreto: a Lei 2.377/95, do Município do Rio de Janeiro, concedeu
gratificação a servidores lotados e em exercício na Secretaria Municipal de Administração. João, servidor
que estava lotado em outra Secretaria, ajuizou ação pedindo que fosse reconhecido seu direito de também
receber a referida gratificação, com base no princípio da isonomia. Afirmou que desempenhava
exatamente as mesmas atribuições que os demais servidores e que, por isso, deveria também ser
contemplado com a verba.

Esse pedido de João, caso fosse deferido, violaria o princípio da reserva legal, previsto no art. 37, X, da CF
segundo o qual a remuneração dos servidores públicos somente pode ser fixada por lei específica: "X - a
remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser
fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão
geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices;"

Desse modo, a CF determina que o aumento dos vencimentos deve ser feito por meio de lei. O Poder
Judiciário, mesmo se deparando com uma situação de desigualdade (violação da isonomia), como no
exemplo proposto, não pode “corrigir” essa disparidade conferindo o aumento porque ele não tem
“função legislativa”, não podendo, portanto, suprir a ausência da lei que é indispensável no caso.

Foi o que decidiu o STF no caso do exemplo acima mencionado: STF. Plenário. RE 592317/RJ, Rel. Min.
Gilmar Mendes, j. 28/8/14 (repercussão geral) (Info 756). Nesse julgado, o Min. Rel. Gilmar Mendes
afirmou expressamente que o fundamento da Súmula 339 do STF, editada em 1963, foi recepcionado pela
CF, de forma que permanece válido para a ordem constitucional vigente.

Exceções à SV 37: Existem alguns processos nos quais se invoca exceções à súmula 339 do STF e,
consequentemente, agora seriam exceções à SV 37. É o caso, por exemplo, das ações judiciais que
questionam a Resolução nº 133/2011, que reconhece a simetria constitucional entre as carreiras da
Magistratura e do MP como decorrência da aplicação direta do dispositivo constitucional (art. 129, § 4º, da
CF/88). O Plenário do STF ainda irá apreciar essas discussões. Assim que forem sendo divulgados novos
entendimentos sobre o tema (confirmando ou não essas exceções), avisarei você no site. Por enquanto, as
informações acima são as mais seguras e suficientes para as provas de concurso público.

(MPSP-2022): Assinale a alternativa correta: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa,
aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia. BL: SV 37, STF.

(DPEAP-2018-FCC): Servidores ocupantes de cargos efetivos de Técnico Administrativo nos quadros de


apoio da Defensoria Pública de determinado Estado obtêm, em juízo, reconhecimento do direito a
perceberem adicional por produtividade criado por lei para ocupantes de cargos efetivos de Técnico
Administrativo no âmbito de Secretarias de Estado, sob o fundamento de que a lei em questão teria
ofendido o princípio da isonomia, ao não conceder a verba a todos os servidores estaduais ocupantes de
cargos com as mesmas atribuições. Sendo a decisão confirmada em segunda instância e mantida por seus
próprios fundamentos, a parte vencida, tempestivamente, interpõe recurso extraordinário, visando à
reforma do julgado. Nessa hipótese, à luz da legislação pertinente e da jurisprudência do STF, o recurso
extraordinário possui repercussão geral, por ter a decisão recorrida contrariado súmula vinculante do STF
sobre a matéria. BL: SV 37 c/c art. 1035, §3º, I do NCPC.

OBS: A questão está correta, pois de fato há repercussão geral, uma vez que houve contrariedade à
Súmula do STF, inclusive súmula vinculante, o que torna a contrariedade ainda mais reveladora. Nada
obstante, é preciso ter em mente que também é cabível o oferecimento de reclamação constitucional, no
presente caso, para garantir a observância de SV nº. 37. Neste sentido, estabelece a parte final do art. 7º da
lei 11.417 de 2006 (Lei da Súmula Vinculante): ”Art. 7o Da decisão judicial ou do ato administrativo que
contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao
Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação.” Nessa
esteira, extrai-se da norma que o cabimento de reclamação não impede a interposição do recurso
extraordinário, sendo que a escolha, em regra, é facultativa à parte interessada ou ao Ministério Público.

(DPEPE-2018-CESPE): Com referência às disposições constitucionais aplicáveis aos agentes públicos,


julgue o seguinte item, com base no entendimento do STF: O Poder Judiciário não tem competência para
aumentar vencimentos de servidores públicos com fundamento em isonomia. BL: SV 37, STF.

(DPEPE-2015-CESPE): Julgue o item que se segue, relativo aos servidores públicos: De acordo com a
jurisprudência do STF, o princípio da isonomia não justifica o aumento de vencimento de servidor público
por decisão judicial. BL: SV 37, STF.

(TJMG-2012-VUNESP): Segundo o STF, não cabe ao Poder Judiciário aumentar vencimentos de


servidores públicos, mesmo que sob o fundamento do princípio da igualdade. BL: SV 37, STF.

SÚMULA VINCULANTE 38

É COMPETENTE o Município para FIXAR o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.


(PGEPB-2008) (TRF2-2009/2011) (MPDFT-2013) (TRF5-2013) (TJDFT-2014) (PGERN-2014) (MPF-2013/2015)
(TJPB-2015) (PGEPR-2015) (PGM-Salvador/BA-2015) (PFN-2015) (PGEMT-2016) (PGM-São Luís/MA-2016)
(DPEAL-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (PGESE-2017) (PCMS-2017) (MPBA-2018) (PGETO-2018) (PCRS-2018)
(PGM-Manaus/AM-2018) (PGM-João Pessoa/PB-2018) (MPMG-2011/2019) (MPPR-2012/2019) (MPGO-
2012/2022) (PGM-Teresina/PI-2022)

OBS: Importante.

Compete aos Municípios legislar sobre o horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais
situados no âmbito de seus territórios. Isso porque essa matéria é entendida como sendo “assunto de
interesse local”, cuja competência é municipal, nos termos do art.30, I, da CF/88.

Cada cidade tem suas peculiaridades, tem seu modo de vida, umas são mais cosmopolitas, com estilo de
vida agitado, muitos serviços, turistas. Por outro lado, existem aquelas menos urbanizadas, com costumes
mais tradicionais, etc. Assim, o horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais deve atender a
essas características próprias, análise a ser feita pelo Poder Legislativo local.
Ressalva à SV 38-STF: Existe uma "exceção" à Súmula Vinculante 38: o horário de funcionamento dos
bancos. Segundo o STF e o STJ, as leis municipais não podem estipular o horário de funcionamento dos
bancos. A competência para definir o horário de funcionamento das instituições financeiras é da União.
Isso porque esse assunto (horário bancário) traz consequências diretas para transações comerciais
intermunicipais e interestaduais, transferências de valores entre pessoas em diferentes partes do país,
contratos etc., situações que transcendem (ultrapassam) o interesse local do Município. Enfim, o horário de
funcionamento bancária é um assunto de interesse nacional (STF RE 118363/PR). O STJ possui, inclusive,
um enunciado que espelha esse entendimento:
Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da
União.

Desse modo, a Súmula 19 do STJ é compatível com a Súmula Vinculante 38 do STF, ambas convivendo
harmonicamente.

Legislação sobre outros aspectos relacionados com os serviços bancários disponibilizados aos clientes:
Vale ressaltar, por fim, que os Municípios podem legislar sobre medidas que propiciem segurança,
conforto e rapidez aos usuários de serviços bancários (STF ARE 691591 AgR/RS, j. 18/12/12). Exs: tempo
máximo de espera na fila ("Lei das Filas"), instalação de banheiros e bebedouros nas agências, colocação de
cadeiras de espera para idosos, disponibilização de cadeiras de rodas, medidas para segurança dos
clientes, etc. Tais assuntos, apesar de envolverem bancos, são considerados de interesse local e podem ser
tratados por lei municipal.

Resumindo: Lei municipal pode dispor sobre:


a) Horário de funcionamento de estabelecimento comercial: SIM (SV 38).
b) Horário de funcionamento dos bancos (horário bancário): NÃO (Súmula 19 do STJ).
c) Medidas que propiciem segurança, conforto e rapidez aos usuários de serviços bancários: SIM.

(PGM/AM-2018-CESPE): Conforme regras e interpretação da CF, julgue o item subsequente, relativo a


autonomia municipal e intervenção de estado-membro em município: No âmbito de sua jurisdição,
compete ao município a fixação do horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais, uma vez
que se trata de assunto de interesse local. BL: SV 38, STF.

SÚMULA VINCULANTE 39

Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar e
do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. (TJDFT-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (PCMG-2018)
(MPDFT-2021) (PCPR-2021) (TCERJ-2022)

OBS: Importante.

Quem tem competência para legislar sobre os vencimentos dos membros das polícias civil e militar e do
corpo de bombeiros militar do Distrito Federal? A União. Isso porque, segundo o art. 21, XIV da CF/88,
compete à União ORGANIZAR e MANTER a polícia civil e militar e o corpo de bombeiros militar do
Distrito Federal. Ora, a organização dos órgãos públicos, em regra, precisa ser feita por meio de lei. Além
disso, manter tais órgãos significa dar os recursos financeiros necessários à sua sobrevivência. Logo,
compete à União legislar sobre os vencimentos dos membros de tais instituições considerando que isso
está abrangido no conceito de organizar e manter.

Em suma, não haveria lógica em se admitir que o DF tivesse competência para aumentar os vencimentos
dos policiais e bombeiros se não será ele quem irá pagar tal remuneração.

(MPDFT-2021): Assinale a alternativa correta: Compete privativamente à União legislar sobre


vencimentos dos membros das polícias civil e militar do Distrito Federal. BL: SV 39, STF.

SÚMULA VINCULANTE 40

A CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA de que trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, SÓ É


EXIGÍVEL dos filiados ao sindicato respectivo. (PFN-2015) (PGESP-2018) (MPT-2009/2013/2020)
OBS: Contribuição sindical: Com o objetivo de garantir o seu custeio, a CF/88 assegurou às entidades
sindicais duas contribuições diferentes. Veja:
Art. 8º (...)
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será
descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei;

Desse modo, apesar de a redação do inciso ser um pouco truncada, é possível perceber que ele fala em
duas espécies de contribuição:
1ª) Contribuição fixada pela assembleia geral (destacada na primeira parte);
2ª) Contribuição prevista em lei (destacada na segunda parte).

Contribuição CONFEDERATIVA Contribuição SINDICAL


Prevista na 1ª parte do art. 8º, IV, da CF/88. Prevista na 2ª parte do art. 8º, IV, da CF/88.
Também chamada de “contribuição de assembleia”. Também chamada de “imposto sindical”, expressão
incorreta porque não é imposto.
NÃO é tributo. É um TRIBUTO. Trata-se de contribuição parafiscal
(ou especial).
É instituída pela União, mas a sua arrecadação é
destinada aos sindicatos.
Fixada pela assembleia geral do sindicato (obrigação Instituída por meio de lei (obrigação ex lege).
ex voluntate).
É VOLUNTÁRIA. É COMPULSÓRIA.
A contribuição confederativa é considerada como Deve ser paga por todos aqueles que fizerem parte
voluntária porque somente é paga pelas pessoas que de uma determinada categoria econômica ou
resolveram (optaram) se filiar ao sindicato. profissional, ou de uma profissão liberal, em favor
A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, do sindicato representativo da mesma categoria ou
IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao profissão ou, inexistindo este, à Federação
sindicato respectivo (SV 40). correspondente à mesma categoria econômica ou
profissional.
Aqui não tem jeito: se você é metalúrgico, p. ex., terá
que pagar a contribuição sindical, mesmo que não
seja filiado ao sindicato. É um tributo.
NÃO precisa obedecer aos princípios tributários. DEVERÁ respeitar os princípios tributários
(legalidade, anterioridade etc.).

Logo que a CF/88 foi editada, os sindicatos quiseram emplacar a tese de que as duas espécies de
contribuição seriam obrigatórias, ou seja, a pessoa, mesmo sem ser filiada ao sindicato, deveria pagá-las.

O STF, contudo, rechaçou essa tese e, para pacificar o assunto, editou, em 2003, um enunciado: Súmula
666-STF: A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da CF, só é exigível dos filiados ao
sindicato respectivo. Posteriormente, este enunciado foi transformado na SV 40.

Por que a contribuição CONFEDERATIVA não é obrigatória para todos da categoria? Por que ela só é
exigível dos filiados ao sindicato? Porque não existe uma lei que obrigue seu pagamento. A contribuição
confederativa não é instituída por lei, mas sim por decisão da assembleia geral. Ora, se a pessoa não é
filiada ao sindicato, não há razão jurídica que autorize que ela seja obrigada a pagar uma contribuição
criada pela assembleia geral desse sindicato do qual não faz parte. O indivíduo somente pode ser obrigado
a pagar algo se isso for determinado por meio de lei ou se ele próprio se sujeitou a isso. Como a
contribuição confederativa não é prevista em lei, somente será obrigatória se o trabalhador se sujeitou à
filiação junto àquele sindicato.

SÚMULA VINCULANTE 41

O SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA NÃO PODE SER remunerado mediante TAXA. (MPSE-2010)
(PGEGO-2010) (PGEPA-2011) (PGEPR-2011) (TJRS-2012) (MPRS-2012) (TRF1-2013) (TRF5-2013)
(Cartórios/TJBA-2013) (MPT-2013) (PGERN-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (MPF-2015) (PCDF-2015) (TJDFT-
2007/2016) (Cartórios/TJMG-2012/2015/2016/2017) (MPRO-2017) (DPRO-2017) (PGM/Fortaleza/CE-2017) (TRF2-
2013/2018) (TJMG-2018) (PGEPE-2018) (PGESC-2018) (TJAL-2019) (TJPA-2019) (PGM-Curitiba/PR-2019) (TJMS-
2020) (MPMG-2021) (MPSC-2021) (PGECE-2021) (TCDF-2021) (TJMA-2022) (TCEPB-2022)

OBS: Importante.
O que são as taxas? A taxa é uma espécie de tributo paga pelo contribuinte: 1) em virtude de um serviço
prestado pelo Poder Público; ou 2) em razão do exercício da atividade estatal de poder de polícia.

Diz-se que a taxa é um tributo bilateral, contraprestacional, sinalagmático ou vinculado. Isso porque a taxa
é um tributo vinculado a uma atividade estatal específica, ou seja, a Administração Pública só pode cobrar
se, em troca, estiver prestando um serviço público ou exercendo poder de polícia. Há, portanto, obrigações
de ambas as partes. O poder público tem a obrigação de prestar o serviço ou exercer poder de polícia e o
contribuinte a de pagar a taxa correspondente.

Quem pode instituir taxa? A União, os Estados, o DF e os Municípios. Trata-se de tributo de competência
comum. A taxa será instituída de acordo com a competência de cada ente. Ex.: Município não pode
instituir uma taxa pela emissão de passaporte, uma vez que essa atividade é de competência federal. Logo,
a competência para a instituição das taxas está diretamente relacionada com as competências
constitucionais de cada ente.

“Taxa” de iluminação pública: Os serviços de Iluminação pública (luzes que iluminam as cidades à noite)
são de responsabilidade dos Municípios em virtude de ser considerado um serviço de interesse local (art.
30 da CF/88). Como os custos para manter esse serviço são muito altos, diversos Municípios instituíram,
por meio de leis municipais, a cobrança de um valor a ser pago pelas pessoas que tivessem conta de
energia elétrica. Essa cobrança já vinha diretamente na fatura da energia elétrica. As leis municipais
diziam que estavam criando uma “taxa de serviço” ("taxa de iluminação pública”). Diversos contribuintes
questionaram essa cobrança alegando que o serviço de iluminação pública não é especifico e divisível.
Logo, não poderia ser remunerado mediante taxa.

A questão chegou até o STF. É possível instituir taxa para custear os serviços prestados pelo Município
com a iluminação pública? Em outras palavras, a iluminação dos postes nas vias públicas possui um
custo, que é suportado pelos Municípios. É permitido que tais entes cobrem uma taxa dos usuários para
remunerar esse serviço? NÃO. O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.

O poder público somente poderá cobrar taxa para custear serviços públicos específicos e divisíveis. O
serviço público de iluminação pública não é específico e divisível. Isso porque não é possível mensurar
(medir, quantificar) o quanto cada pessoa se beneficiou pelo fato de haver aquela iluminação no poste.
Uma pessoa que anda muito à pé, à noite, se beneficia, em tese, muito mais do que o indivíduo que quase
não sai de casa, salvo durante o dia. Apesar de ser possível presumir que tais pessoas se beneficiam de
forma diferente, não há como se ter certeza e não existe um meio de se controlar isso. Todo mundo (ou
quase todo mundo) acaba pagando igual, independentemente do quanto cada um usufruiu. Perceba,
assim, que o serviço de iluminação pública, em vez de ser específico e divisível, é, na verdade, geral
(beneficia todos) e indivisível (não é possível mensurar cada um dos seus usuários).

Como observa Ricardo Alexandre: "Nos serviços públicos gerais, também chamados universais (prestados uti
universi), o benefício abrange indistintamente toda a população, sem destinatários Identificáveis. Tome-se, a título de
exemplo, o serviço de iluminação pública. Não há como identificar seus beneficiários (a não ser na genérica expressão
“coletividade”). Qualquer eleição de sujeito passivo pareceria arbitrária. Todos os que viajam para Recife, sejam
oriundos de São Paulo, do Paquistão ou de qualquer outro lugar, utilizam-se do serviço de iluminação pública
recifense, sendo impossível a adoção de qualquer critério razoável de mensuração do grau de utilização individual do
serviço” (Direito Tributário esquematizado. São Paulo: Método, 2013, p.29).

COSIP: Diante das reiteradas decisões judiciais declarando as "taxas de iluminação pública"
inconstitucionais, os Municípios que perderam essa fonte de receita começaram a pressionar o Congresso
Nacional para que dessem uma solução ao caso. Foi então que, nos últimos dias de 2002, foi aprovada a
EC 39/2002 que arrumou uma forma de os Municípios continuarem a receber essa quantia. O modo
escolhido foi criar uma contribuição tributária destinada ao custeio do serviço de iluminação pública.
Sendo uma contribuição, não havia mais a exigência de que o serviço público a ser remunerado fosse
específico e divisível. Logo, o problema anterior foi contornado. Essa contribuição, chamada pela doutrina
de COSIP, foi introduzida no art. 149-A da CF/88:
Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das
respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I
e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de
consumo de energia elétrica. (artigo incluído pela Emenda Constitucional n° 39/2002)

Dessa forma, o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa (SV 41). No
entanto, os Municípios poderão instituir contribuição para custeio desse serviço (art. 149-A, CF/88).
Em resumo: O aspecto material da iluminação pública não é específico e nem divisível, razão porque não
poderíamos cobrar Taxa nessa hipótese de incidência. Nesse sentido, é assente no âmbito do STF o
entendimento de que o serviço de iluminação pública não atende aos requisitos de especificidade e
divisibilidade, necessários à possibilidade de financiamento mediante a instituição de taxa. É o que levou a
editar a SV 41.

(TRF3-2016): Tratando-se de serviço indivisível e inespecífico, a iluminação pública não pode ser
remunerada mediante taxa. BL: SV 41, STF.

(TRF4-2014): Considerando a jurisprudência STF, assinale a alternativa correta: É inconstitucional a


cobrança de taxa para custear o serviço de iluminação pública. BL: SV 41, STF.

SÚMULA VINCULANTE 42

É INCONSTITUCIONAL a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou


municipais a ÍNDICES FEDERAIS de correção monetária. (TJMG-2008) (DPEAL-2009) (TJRS-2012)
(Cartórios/TJSE-2014) (TJSE-2015) (TJSC-2015) (MPSP-2017) (PGESE-2017) (TRT/Unificado-2017) (PGM-
Fortaleza/CE-2017) (PGEPE-2018) (TJPR-2019) (MPPR-2019) (PGEAL-2009/2021) (Aud. Fiscal-SEFAZ/AP-2022)
(Anal. Judic./TRT4-2022)

OBS: Os Estados-membros e os Municípios são autônomos (art. 18 da CF). Como entes autônomos, eles
devem ter a liberdade de organizar seus órgãos públicos e respectivos servidores, fixando, inclusive, a
remuneração de tais agentes. Se a lei estadual ou municipal prevê que a remuneração dos servidores
estaduais ou municipais ficará vinculada (atrelada) a índices federais de correção monetária, isso significa
que, em última análise, quem terá o poder de reajustar ou não os vencimentos dos servidores estaduais ou
municipais será a União. Dessa feita, isso retira do Poder Legislativo estadual ou municipal a autonomia
de definir os reajustes dos servidores. Se a lei estadual/municipal diz que os vencimentos dos servidores
serão reajustados sempre que for reajustado o IPCA, na verdade, quem estará aumentando ou não a
remuneração dos servidores estaduais/municipais será o IBGE (e não o respectivo ente).

Além disso, o STF também afirma que essa vinculação viola o art. 37, XIII, da CF: “XIII - é vedada a
vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço
público”.

(TJPR-2019-CESPE): À luz dos dispositivos constitucionais e do entendimento jurisprudencial acerca de


processo legislativo, é correto afirmar que as leis que dispõem sobre o aumento da remuneração de
servidores em cargos públicos na esfera estadual da administração direta é de iniciativa privativa do
governador do estado, sendo inconstitucional a vinculação desse reajuste aos índices federais de correção
monetária. BL: art. 61, §1º, II, “a”, CF e SV 42 do STF.

#Atenção: As leis que versam sobre “a criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração
direta e autárquica ou aumento de sua remuneração” são de iniciativa do chefe do poder executivo, na
forma do art. 61, §1º, II, “a”, da CF, aplicável a todos os entes federados por simetria com o modelo da
União Federal.

SÚMULA VINCULANTE 43

É INCONSTITUCIONAL toda modalidade de provimento que PROPICIE ao servidor investir-se, sem


prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que NÃO INTEGRA A
CARREIRA na qual anteriormente investido. (TJMG-2008) (TJMS-2008) (TRF2-2009) (AGU-2009) (MPT-
2009) (MPDFT-2013) (DPU-2017) (Cartórios/TJMG-2017) (TRT/Unificado-2017) (PCBA-2018) (TJSC-2015/2019)
(Cartórios/TJSC-2021) (DPEMS-2022) (Anal. Judic./TRT4-2022) (Aud. Fiscal-SEFAZ/MG-2023)

OBS: Provimento é o ato pelo qual o cargo público é preenchido, com a designação de seu titular (Hely
Lopes Meirelles). Existem duas formas de provimento: originário e derivado.

Ascensão funcional: O que a SV 43 do STF proíbe é a chamada ascensão funcional (também conhecida
como acesso ou transposição). A ascensão funcional é a progressão funcional do servidor público entre
cargos de carreiras distintas. Ocorre quando o servidor é promovido para um cargo melhor, sendo este, no
entanto, integrante de uma carreira diferente. A ascensão funcional era extremamente comum antes da
CF/88. Quando o servidor chegava ao último nível de uma carreira, ele ascendia para o primeiro nível de
carreira diversa (e superior) sem necessidade de concurso público. Ex.1: o indivíduo é servidor público e
ocupa o cargo de técnico judiciário; a lei previa que, se ele chegasse à última classe de técnico judiciário,
poderia ser promovido à analista judiciário. Ex.2: o agente de polícia de último nível tornava-se delegado
de polícia de nível inicial. Antes da CF/88, somente se exigia o concurso público para o ato da primeira
investidura.

A ascensão funcional é compatível com a CF/88? NÃO. A promoção do servidor por ascensão funcional
constitui uma forma de “provimento derivado vertical”, ou seja, a pessoa assume outro cargo
(provimento) em virtude de já ocupar um anterior (ou seja, derivado do primeiro), subindo no nível
funcional para um cargo melhor (vertical). A ascensão funcional é inconstitucional porque a CF/88 afirma
que a pessoa somente pode assumir um cargo público após aprovação em concurso público (art. 37. II),
salvo as hipóteses excepcionais previstas no texto constitucional. Desse modo, a ascensão viola o princípio
do concurso público. Veja esta ementa bem elucidativa:
"(...) O STF fixou entendimento no sentido de banir o acesso ou ascensão, que constitui forma de
provimento de cargo em carreira diversa daquela para a qual o servidor ingressou no serviço
público. (...)” STF. 2° T. RE 602795 AgR, Rel. Min. Eros Grau, j. 16/3/10).

A SV 43-STF veda a promoção no serviço público? NÃO. A SV 43-STF não veda a promoção, desde que
seja na mesma carreira. A promoção é a passagem (desenvolvimento funcional) do servidor público de um
cargo para outro melhor, tudo dentro da mesma carreira. Ex.: a Lei prevê que a carreira de Defensor
Público é dividida em 3 classes; a pessoa ingressa como Defensor Público de 3° classe e, após determinado
tempo e cumpridos certos requisitos, poderá ser promovida, por antiguidade e merecimento,
alternadamente, a Defensor Público de 2° classe e depois a Defensor Público de 1° classe. A promoção é
constitucional, não sendo proibida pela SV 43-STF.

Pode-se dizer que a SV 43-STF proíbe todas as formas de provimento vertical? NÃO. Existem duas formas
de provimento: originário e derivado.
1) Provimento originário: ocorre quando o indivíduo passa a ocupar o cargo público sem que existisse
qualquer vínculo anterior com o Estado. Ex.: João prestou concurso público e foi aprovado para o cargo de
técnico judiciário do TRF, sendo nomeado. Trata-se de um provimento originário. Alguns anos depois,
João fez novo concurso público e foi aprovado, desta vez, para analista judiciário do TRF. Ao ser nomeado
para o cargo de analista, houve novo provimento originário, uma vez que seu vínculo não decorreu do
anterior.

2) Provimento derivado: provimento derivado ocorre quando o indivíduo passa a ocupar determinado
cargo público em virtude do fato de ter um vínculo anterior com a Administração Pública. O
preenchimento do cargo decorre de vínculo anterior entre o servidor e o Poder Público. Existem, por sua
vez, três espécies de provimento derivado:

2.1) Provimento derivado vertical: ocorre quando o servidor muda para um cargo melhor. Há dois
exemplos de provimento derivado vertical: a) a ascensão funcional (transposição/acesso) e; b) a
promoção. A ascensão funcional, como vimos, é inconstitucional, sendo proibida pela SV 43-STF. Assim,
atualmente, a única hipótese permitida de provimento derivado vertical é a promoção.

2.2) Provimento derivado horizontal: ocorre quando o servidor muda para outro cargo com atribuições,
responsabilidades e remuneração semelhantes. É o caso da readaptação (art. 24 da Lei n° 8.112/90).

3) Provimento derivado por reingresso: ocorre quando o servidor havia se desligado do serviço público e
retoma em virtude do vínculo anterior. Exs.: reintegração, recondução, aproveitamento e reversão.

Desse modo, concluindo, a SV 43-STF não proíbe todas as formas de provimento derivado. Na verdade,
ela só veda uma espécie de provimento derivado vertical, que é a ascensão funcional.

(MPSP-2019): Em relação ao regime jurídico dos agentes públicos, assinale a alternativa correta: É
inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia
aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual
fora anteriormente investido. BL: SV. 43, STF.

(PCBA-2018-VUNESP): Servidores da Secretaria da Fazenda pretendem a ascensão do cargo de Técnico,


posteriormente reestruturado para Analista Tributário, para o cargo de Agente Fiscal, sob o argumento de
que ambos os cargos pertencem à mesma carreira. Tal pretensão é inconstitucional, por constituir
modalidade de provimento derivado, que propicia ao servidor a investidura, sem prévia aprovação em
concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual foi
anteriormente investido. BL: SV. 43, STF.

(DPU-2017-CESPE): Jorge, servidor público federal ocupante de cargo de determinada carreira, foi, por
meio administrativo, transferido para cargo de carreira diversa. Com referência a essa situação hipotética,
julgue o item subsequente à luz do entendimento dos tribunais superiores. A forma de provimento do
cargo público na referida situação — transferência para cargo de carreira diversa — foi inconstitucional,
por violar o princípio do concurso público; cabe à administração pública, no exercício do poder de
autotutela, anular o ato ilegal, respeitado o direito ao contraditório e à ampla defesa. BL: SV. 43, STF.

(MPPR-2016): É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem
prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira
na qual anteriormente investido. BL: SV. 43, STF.

SÚMULA VINCULANTE 44

SÓ POR LEI SE PODE SUJEITAR a EXAME PSICOTÉCNICO a habilitação de candidato a cargo


público. (TRF4-2010) (Cartórios/TJSP-2012) (MPGO-2013) (DPERR-2013) (PGEMS-2014) (TJSC-2015) (MPSP-
2017) (DPERO-2017) (PCAP-2017) (PGM-Fortaleza/CE-2017) (TRF3-2018) (PCRS-2018) (Cartórios/TJGO-2021)
(PCRN-2021)

OBS: É válida a realização de exame psicotécnico em concursos públicos? SIM. O STF afirma que é
admitida a realização de exame psicotécnico em concursos públicos, desde que a lei da carreira preveja
expressamente esse teste como um dos requisitos para acesso ao cargo.

Princípio da legalidade: O fundamento principal da súmula é o princípio da legalidade, aplicável aos


concursos públicos, nos termos do art. 37, I da CF/88. O mencionado art. 37, I afirma claramente que os
requisitos de acesso a cargos, empregos e funções sejam previstos em lei. Assim, as exigências contidas no
edital do concurso público devem ter previsão na lei. Em outras palavras, o edital não pode fixar
exigências que não tenham amparo legal.

Requisitos do exame psicotécnico: Além da previsão em lei, o STJ e o STF exigem outros requisitos à
validade do teste psicotécnico. Cuidado, portanto, porque a redação da SV 44-STF é “incompleta” em
relação ao atual cenário da jurisprudência. Assim, para que seja válido em concursos públicos, o exame
psicotécnico deverá cumprir os seguintes requisitos:
a) o exame precisa estar previsto em lei e no edital;
b) deverão ser adotados critérios objetivos no teste;
c) deverá haver a possibilidade de o candidato prejudicado apresentar recurso contra o resultado.

Nesse sentido: STF. Plenário. AI 758.533-QO-RG, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 13/8/2010; STJ. 2a
Turma. AgRg no REsp 1404261/DF; Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 11/02/2014.

Início do prazo para mandado de segurança contra reprovação em exame psicotécnico: Se um candidato é
eliminado no exame psicotécnico, o termo inicial do prazo decadencial para que ele impetre mandado de
segurança é a data da publicação do resultado do teste e não a data da publicação do edital do certame
(STJ. 2ª Turma.AgRg no AREsp 202.442-RO, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 9/10/2012).

Se o exame psicotécnico for anulado por falta de previsão legal, o que acontece? O candidato reprovado
neste teste deverá ser considerado aprovado.

Se o exame psicotécnico for anulado por ser subjetivo (faltar-lhe objetividade), o que acontece? O
candidato reprovado neste teste deverá ser submetido a novo exame, desta vez adotando-se critérios
objetivos (STJ AgRg no REsp 1437941/DF). Assim, uma vez anulado o exame psicotécnico por falta de
objetividade, o candidato beneficiado com a decisão não pode prosseguir na disputa sem se submeter a
novo exame, não sendo válida a nomeação e a posse efetuadas sob essa hipótese, sob pena de
malferimento aos principias da isonomia e da legalidade (STJ AgRg no AgRg no AREsp 566.853/SP).

(DPESP-2015-FCC): O STF sumulou entendimento segundo o qual somente por lei poderá ser exigido,
para habilitação do candidato a cargo público, o exame psicotécnico. BL: SV. 44, STF.
SÚMULA VINCULANTE 45

A competência constitucional DO TRIBUNAL DO JÚRI PREVALECE sobre o FORO POR


PRERROGATIVA DE FUNÇÃO estabelecido exclusivamente pela constituição estadual. (PCSC-2008)
(MPRN-2009) (PCDF-2009) (PCRJ-2009) (MPBA-2010) (DPESP-2010) (MPF-2011) (TJCE-2012) (TJBA-2012)
(TJAC-2012) (MPRS-2012) (TJPE-2013) (TJRN-2013) (Cartórios/TJES-2013) (MPM-2013) (MPAC-2014) (MPMT-
2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (Cartórios/TJSP-2014) (TJDFT-2012/2015) (TJPI-2015) (DPEMA-2015) (DPERN-
2015) (TRT15-2015) (TRT23-2015) (PGM-Salvador/BA-2015) (MPPR-2016) (DPEMT-2016) (PGEMA-2016)
(MPSP-2015/2017) (TJSC-2017) (PCAP-2017) (PCMT-2017) (Proc./ALERJ-2017) (Anal. Judic./TRF1-2017) (PCMA-
2012/2018) (DPERS-2014/2018) (Cartórios/TJMG-2017/2018) (PGM-Manaus/AM-2018) (PCSP-2018) (DPEAM-
2018) (MPSC-2010/2019) (MPMG-2018/2019) (TJPA-2019) (TJRJ-2019) (MPGO-2019) (DPEMG-2019)
(Cartórios/TJPR-2019) (MPAP-2021) (PF-2021) (MPRJ-2022)

OBS: Importante.

Competência constitucional do Tribunal do Júri: Dizemos que a competência do Tribunal do Júri é


constitucional porque ela é prevista na própria CF/88 (e não no CPP ou em qualquer lei ordinária). O art.
5º, XXXVIII, alínea “d”, da CF/88 afirma expressamente que o Tribunal do Júri terá competência para
julgar os “crimes dolosos contra a vida”.

Quais são os crimes dolosos contra a vida (de competência do Tribunal do Júri)? a) homicídio (art. 121 do
CP); b) induzimento, instigação ou auxílio a suicídio (art. 122 do CP); c) infanticídio (art. 123 do CP); d)
aborto em suas três espécies (arts. 124, 125 e 126 do CP). Desse modo, em regra, ocorrendo a prática de um
desses crimes, o autor será julgado pelo Tribunal do Júri (e não por um juízo singular).

O que é o foro por prerrogativa de função? Trata-se de uma prerrogativa prevista pela CF segundo a qual
as pessoas ocupantes de determinados cargos ou funções somente serão processadas e julgadas
criminalmente (não engloba processos cíveis) em foros privativos colegiados (TJ, TRF, STJ, STF). A CF
prevê diversos casos de foro por prerrogativa de função. Ex.: os Senadores deverão ser julgados
criminalmente pelo STF (art. 102, I, “b” da CF). A CF previu que determinadas autoridades deveriam ser
julgadas pelo Tribunal de Justiça e, como o tema interessa aos Estados, as Constituições estaduais
acabaram repetindo essas regras. Ex: a CF afirma que os Prefeitos devem ser julgados pelo TJ (art. 29, X, da
CF). Mesmo sendo desnecessário, todas as Constituições Estaduais decidiram repetir, em seus textos, essa
regra. Assim, você irá encontrar tanto na CF como nas Constituições Estaduais que a competência para
julgar os Prefeitos é do TJ. Vale ressaltar, no entanto, conforme já vimos acima que as normas da CF que
estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente,
aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em razão dele.
Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser diplomado como Prefeito, não se
justifica a competência do TJ, devendo ele ser julgado pela 1ª instância. Além disso, mesmo que o crime
tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação direta com as
funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. O STF entende, portanto, que “o foro por
prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados
às funções desempenhadas” (STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
03/05/2018).

A Constituição Estadual pode estabelecer que determinadas autoridades deverão ser julgadas pelo
Tribunal de Justiça mesmo isso não estando previsto na CF/88? É possível foro por prerrogativa de função
estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual? Tradicionalmente, o STF afirma que sim.* A
posição tradicional do STF é no sentido de que a CF/88 autoriza que a competência dos Tribunais de
Justiça seja definida na Constituição do Estado (art. 125, § 1º). No entanto, essa liberdade de definição não
é absoluta. Quando a Constituição Estadual for definir quais são as autoridades que serão julgadas pelo TJ,
deverá respeitar o princípio da simetria ou paralelismo com a CF/88. Explicando melhor: as autoridades
estaduais que podem ter foro privativo são aquelas que, se comparadas com as mesmas autoridades em
nível federal, teriam direito de foro por prerrogativa de função na CF/88.

Ex.1: a CE pode prever que o Vice-Governador terá foro por prerrogativa de função no TJ. Isso porque a
autoridade correspondente em nível federal (Vice-Presidente) também possui foro privativo no STF.

Ex.2: a CE pode prever que os Secretários de Estado terão foro por prerrogativa de função no TJ. Isso
porque as autoridades correspondentes em nível federal (Ministros de Estado) também possuem foro
privativo no STF.

Obs.: existem ainda algumas polêmicas envolvendo o tema, mas, para fins de concurso, a resposta mais
adequada é o que foi explicado acima.

* Existe um julgado recente no qual o STF julgou inconstitucional dispositivo da Constituição do Estado
do Maranhão que conferiu foro por prerrogativa de função, no Tribunal de Justiça, para Procuradores do
Estado, Procuradores da ALE, Defensores Públicos e Delegados de Polícia. Na ocasião, o Min. Alexandre
de Moraes afirmou que a CF/88, apenas excepcionalmente, conferiu prerrogativa de foro para as
autoridades federais, estaduais e municipais. Assim, não se pode permitir que os Estados possam,
livremente, criar novas hipóteses de foro por prerrogativa de função. STF. Plenário. ADI 2553/MA, Rel.
Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/5/2019 (Info 940).

É preciso, no entanto, aguardar um pouco para saber se o STF irá proibir qualquer previsão de foro por
prerrogativa de função nas Constituições Estaduais.

Feitos esses esclarecimentos, imagine o seguinte exemplo hipotético: A Constituição do Estado do


Amazonas prevê que os Secretários de Estado, se praticarem algum crime, deverão ser julgados pelo
Tribunal de Justiça (e não pelo juízo de 1ª instância). Em outras palavras, a Constituição do Estado confere
aos Secretários de Estado foro por prerrogativa de função. Pode-se dizer que esse foro por prerrogativa de
função é estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual (a CF não traz uma regra com essa
previsão). Suponha, então, que um Secretário do Estado do Amazonas cometa homicídio doloso contra
alguém.

Quem julgará esse Secretário Estadual pelo homicídio por ele praticado? Temos aqui um impasse: a
CF/88 determina que esse réu seja julgado pelo Tribunal do Júri e a Constituição Estadual preconiza que o
foro competente é o Tribunal de Justiça. Qual dos dois comandos deverá prevalecer? A Constituição
Federal, por ser hierarquicamente superior. Logo, qual é a conclusão: “Se determinada pessoa possui
por foro prerrogativa de função previsto na Constituição Estadual e comete crime doloso contra a vida,
deverá ser julgada pelo Tribunal do Júri, não prevalecendo o foro privativo estabelecido na
Constituição Estadual. Este é o entendimento que consta na SV 45.”

Imaginemos outra seguinte situação hipotética para verificar se você entendeu: “BB” é Vice-Governador
do Estado “XX”. A Constituição do Estado “XX” prevê que os Vice-Governadores serão julgados
criminalmente pelo TJ.
1) Se “BB” pratica um crime contra licitação (art. 89, da Lei nº 8.666/93), ele será julgado pelo Tribunal de
Justiça.
2) Se “BB” pratica crime doloso contra a vida (arts. 121 a 126 do CP), será julgado pelo Tribunal do Júri.

Vale ressaltar que esta diferença entre crimes dolosos contra a vida e demais delitos somente se aplica para
os casos em que o foro por prerrogativa de função for previsto apenas na Constituição Estadual. Se o foro
por prerrogativa de função for previsto na CF, a pessoa será julgada no foro privativo, mesmo que o crime
seja doloso contra a vida.

Vamos a mais um exemplo: “CC” é Prefeito de uma cidade do interior.


1) Se “CC” pratica crime contra licitação (art. 89, da Lei nº 8.666/93), ele será julgado pelo Tribunal de
Justiça.
2) Se “CC” pratica crime doloso contra a vida (arts. 121 a 126 do CP), ele será julgado pelo:
• pelo Tribunal de Justiça: se o crime foi praticado durante o exercício do cargo e estiver
relacionado com as funções desempenhadas; ou
• pelo Tribunal do Júri: se o crime não foi praticado durante o exercício do cargo ou não estiver
relacionado com as funções desempenhadas.

Por quê? Porque o foro por prerrogativa de função dos prefeitos é previsto na própria CF (art. 29, X). Logo,
temos a previsão da CF dizendo que as pessoas que cometem crimes dolosos contra a vida serão julgadas
pelo Tribunal do Júri (art. 5º, XXXVIII, d). E temos a previsão, também da CF, dizendo que os Prefeitos
serão julgados pelo Tribunal de Justiça (art. 29, X). As duas normas são de mesma hierarquia (as duas são
da CF). Qual deve ser aplicada então? A norma mais específica, ou seja, a norma que prevê o foro por
prerrogativa de função (os crimes cometidos por Prefeito serão julgados pelo Tribunal de Justiça). Vale
ressaltar, no entanto, que o Prefeito será julgado pelo TJ se o crime for de competência da Justiça Estadual.
Se for da competência da Justiça Federal, será julgado pelo TRF e se for da Justiça Eleitoral, pelo TRE. Este
é o entendimento sumulado do STF. Confira:
Súmula 702-STF: A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos crimes
de competência da justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao
respectivo tribunal de segundo grau.

Crime comum praticado por Prefeito (durante o exercício do cargo e desde que relacionado com as
funções desempenhadas):
a) Crime estadual: a competência será do TJ.
b) Crime federal: a competência será do TRF.
c) Crime eleitoral: a competência será do TRE.

Se o crime não foi praticado durante o exercício do cargo ou não estiver relacionado com as funções
desempenhadas, a competência será do juízo de 1ª instância.

(MPAP-2021-CESPE): Acerca da competência derivada da prerrogativa de função, assinale a opção


correta: A competência do tribunal do júri prevalece sobre a competência estabelecida exclusivamente por
Constituição estadual. BL: SV 45, STF.

(DPEMG-2019): Sobre competência no Direito Processual Penal, assinale a alternativa correta: A


competência pela natureza da infração do Tribunal do Júri, por ter fundamento na CF, prevalece diante de
competência por prerrogativa de função estabelecida exclusivamente em Constituição Estadual. BL: SV
45, STF.

(TJPA-2019-CESPE): A Constituição do Estado do Pará prevê que compete ao Tribunal de Justiça do


Estado do Pará processar e julgar os secretários de estado que comentam crimes comuns. De acordo com a
posição majoritária do STF, se secretário de estado cometer homicídio doloso, a competência
constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função, uma vez que a
hipótese se refere a foro privilegiado estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual. BL: SV 45,
STF.

(MPSC-2019): Dispõe a Súmula 721 do STF que a competência constitucional do Tribunal do Júri
prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.
A Súmula Vinculante 45 do STF resultou da conversão da Súmula n. 721. BL: SV 45, STF.

(PGM-Manaus/AM-2018-CESPE): Julgue o item a seguir com base nas normas constitucionais que versam
sobre as prerrogativas dos vereadores: Os estados podem prever foro por prerrogativa de função aos
vereadores, ressalvada a competência constitucional do tribunal do júri. BL: SV 45, STF.

OBS: Via de regra, somente a CF/88 pode prever casos de foro por prerrogativa de função. Exs.: art. 102, I,
“b” e “c”; art. 105, I, “a”. Porém, excepcionalmente, o art. 125, caput e § 1º, da CF/88 (“Art. 125. Os Estados
organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição. § 1º A competência dos tribunais
será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. “A
competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa
do Tribunal de Justiça.”) autorizam que as Constituições Estaduais prevejam hipóteses de foro por
prerrogativa de função nos Tribunais de Justiça, ou seja, situações nas quais determinadas autoridades
serão julgadas originalmente pelo TJ. Vale ressaltar, no entanto, que a previsão da Constituição Estadual
somente será válida se respeitar o princípio da simetria com a CF/88. Isso significa que a autoridade
estadual que “receber” o foro por prerrogativa na Constituição Estadual deve ser equivalente a uma
autoridade federal que tenha foro por prerrogativa de função na CF/88. Desse modo, a Constituição do
Estado poderá sim prever a prerrogativa de foro no TJ aos vereadores, mas não pode estipular que aqueles
sejam julgados pelo Tribunal do Júri. A competência do Tribunal do Júri é prevista na Constituição
Federal, de forma taxativa.

(MPAC-2014-CESPE): Acerca dos direitos individuais, assinale a opção correta: Autoridade detentora de
foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente na constituição estadual que praticar crime
doloso contra vida deverá ser julgada pelo tribunal do júri. BL: SV 45, STF.

(TJRN-2013-CESPE): Considere que Helvécio, indiciado por homicídio doloso, tenha foro por
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual. Nesse caso, deve
prevalecer, conforme entendimento do STF, a competência do tribunal do júri para o processamento e o
julgamento da ação penal ajuizada contra Helvécio. BL: SV 45, STF.

SÚMULA VINCULANTE 46

A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e


julgamento SÃO da competência legislativa privativa DA UNIÃO. (TJCE-2012) (MPRS-2012) (MPTO-2012)
(TJMA-2013) (DPETO-2013) (TRF1-2013) (MPM-2013) (PGEPI-2014) (TRF5-2011/2015) (TJPB-2015) (PGEPA-
2015) (TJDFT-2014/2016) (TJMSP-2016) (PGEAM-2016) (PGM-POA/RS-2016) (MPRR-2017) (DPEAL-2017)
(DPEPR-2017) (PCAP-2017) (PCMS-2017) (PGESC-2018) (PGETO-2018) (TJSP-2021) (PCRN-2021)

OBS: Crimes de responsabilidade são infrações político-administrativas praticadas por pessoas que
ocupam determinados cargos públicos. Caso o agente seja condenado por crime de responsabilidade, ele
não receberá sanções penais (prisão ou multa), mas sim sanções político-administrativas (perda do cargo e
inabilitação para o exercício de função pública).

Muitas Constituições estaduais tratam sobre o procedimento a ser aplicado quando o Governador do
Estado pratica um crime de responsabilidade. As Cartas estaduais podem dispor sobre isso? NÃO. O STF
entende que o Estado-membro não pode dispor sobre crime de responsabilidade, ainda que seja na
Constituição estadual. Isso porque a competência para legislar sobre crime de responsabilidade é privativa
da União.

Por que é privativa da União? Porque o STF entende que definir o que seja crime de responsabilidade e
prever as regras de processo e julgamento dessas infrações significa legislar sobre Direito Penal e
Processual Penal, matérias que são de competência privativa da União, nos termos do art. 22, I, e art. 85,
parágrafo único, da CF:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho;

Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a
Constituição Federal e, especialmente, contra: (...)
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de
processo e julgamento.

Repare que a doutrina conceitua os crimes de responsabilidade como sendo “infrações político-
administrativas”. No entanto, o STF entende que, para fins de competência legislativa, isso é matéria que
se insere no direito penal e processual, de forma que a competência é da União. Daí o Supremo ter editado
a SV 46 destacando essa conclusão.

(PCRN-2021-FGV): Sensível à necessidade de zelar pela probidade administrativa, a Assembleia


Legislativa do Estado Alfa promulgou a Emenda Constitucional nº XX/2019, de iniciativa parlamentar,
dispondo sobre as infrações político-administrativas passíveis de serem praticadas pelo Governador do
Estado, as quais poderiam acarretar, na hipótese de condenação, a perda do mandato eletivo e a
inabilitação para o exercício de outra função pública. A Emenda Constitucional nº XX/2019 é:
formalmente inconstitucional, pois a matéria é de competência legislativa privativa da União. BL: SV. 46,
STF.

(TJMSP-2016-VUNESP): A definição das condutas típicas configuradoras do crime de responsabilidade e


o estabelecimento de regras que disciplinem o processo e o julgamento de agentes públicos federais,
estaduais ou municipais envolvidos, conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, são de
competência legislativa privativa da União. BL: SV. 46, STF.

SÚMULA VINCULANTE 47

Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante principal devido ao


credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de
precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza.
(PGM-Contagem/MG-2019)

SÚMULA VINCULANTE 48

Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legítima a cobrança do ICMS por ocasião do


desembaraço aduaneiro. (PGEPE-2009) (PGEMS-2016) (Cartórios/TJMG-2017) (PGM-BH/MG-2017)

OBS:
A CF/88 prevê que haverá cobrança de ICMS nos casos de mercadoria importada do exterior ou nas
hipóteses de serviço prestado no exterior. Ex: uma empresa que fabrica roupas deverá pagar ICMS se
importou da China uma máquina têxtil para utilizar em sua linha de produção.

Se a pessoa que importou a mercadoria era uma pessoa física não contribuinte habitual do imposto,
haverá incidência de ICMS? SIM.

Se a pessoa que importou a mercadoria era uma pessoa jurídica não comerciante (não contribuinte
habitual do imposto), haverá incidência de ICMS? SIM.

Se a mercadoria foi importada pela empresa sem finalidade comercial (não seria utilizada em sua cadeia
produtiva), mesmo assim haverá incidência de ICMS? SIM. Desde a edição da EC 33/2001, o ICMS incide
sobre toda e qualquer importação. Independentemente de a pessoa ser contribuinte ou não do ICMS,
deverá pagar o ICMS importação.

Veja a redação do art. 155,2°, IX, "a'; da CF/88:


Incide também o ICMS:
a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda
que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre
o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o
estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço; (Redação dada pela EC 33/2001)

MOMENTO DA COBRANÇA DO ICMS IMPORTAÇÃO: O fato gerador do ICMS importação é a


importação. Em que momento ocorre a importação e, consequentemente, o fato gerador do imposto?
Considera-se ocorrido o fato gerador no momento do desembaraço aduaneiro da mercadoria ou bem
importado do exterior (art. 12, IX, da LC 87/96). O despacho aduaneiro consiste na liberação da
mercadoria ou bem importado após ser verificado que todas as formalidades exigidas foram cumpridas.
Como o fato gerador ocorre com o despacho aduaneiro, a jurisprudência entende que exatamente neste
momento já pode ser exigido o ICMS. Daí ter sido editada a SV 48 súmula afirmando isso.

Cuidado com a Súmula 577 do STF: O STF possui um enunciado antigo (de 15/12/1976), que dizia o
seguinte:
Súmula 577-STF: Na importação de mercadorias do exterior, o fato gerador do imposto de
circulação de mercadorias ocorre no momento de sua entrada no estabelecimento do importador.

Esta súmula encontra-se SUPERADA porque era baseada na legislação anterior e não mais subsiste, já que
o art. 12, IX, da LC 87/96 afirma que o fato gerador do imposto é o desembaraço aduaneiro, situação que
ocorre ainda na alfândega, ou seja, antes de o bem ou a mercadoria ser levada ao estabelecimento do
importador.

(TJSP-2013-VUNESP): Nos casos de ICMS incidente sobre operação de importação, a partir de quando é
devido o tributo? No momento do desembaraço aduaneiro. BL: SV. 48, STF e art. 12, IX da LC 87/96.

OBS: Vejamos o teor do art. 12, IX da LC 87/96: “Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no
momento: (...) IX – do desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens importados do exterior; (Redação dada pela Lcp
114, de 16.12.2002)”

SÚMULA VINCULANTE 49

OFENDE o PRINCÍPIO DA LIVRE CONCORRÊNCIA lei municipal que IMPEDE a instalação de


estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área. (TJMS-2008) (TJAL-2008) (TRF2-2011)
(MPPI-2012) (MPRJ-2012) (MPF-2012) (Cartórios/TJSP-2012) (TJSP-2013) (Cartórios/TJES-2013) (TJDFT-
2008/2012/2014) (PGERN-2014) (PGM-Recife/PE-2014) (TJPB-2011/2015) (TJSE-2015) (PGM-Salvador/BA-2015)
(PFN-2015) (PGEMT-2016) (PGM-POA/RS-2016) (Cartórios/TJMG-2017) (PCMS-2017) (PCMT-2017)
(TRT/Unificado-2017) (PGM-BH/MG-2017) (TJRS-2018) (MPMG-2019) (MPDFT-2013/2015/2021) (MPPR-
2019/2021) (TJGO-2021) (Cartórios/TJGO-2021) (PCPR-2021) (PGM-Florianópolis/SC-2022) (Aud. Fiscal-
SEFAZ/PE-2022)

OBS: O Município, ao proibir que um estabelecimento comercial se instale em determinada área da cidade
pelo simples fato de já existir outro ali funcionando, impede a livre concorrência entre os empresários.

OBS: "(...). O Órgão reclamado concluiu pela constitucionalidade do artigo 86, § 4º, inciso I, da Lei
Complementar local nº 205/2012, alusiva ao zoneamento, uso e ocupação do solo e o sistema viário do
Município de Dourados/MS. Vejam o texto do dispositivo: (...). As instalações de postos de combustíveis
deverão atender as seguintes disposições: I - Somente poderão ser implantados em terrenos com, pelo
menos, 1.000m (um mil metros) de distância um do outro, verificada por um raio partindo do centro do
lote. Surge relevante a alegação. Ao admitir a validade do preceito, o Tribunal estadual desrespeitou o
verbete vinculante nº 49 da Súmula do Supremo, porquanto limitada, por meio de legislação local, a
instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em certa localidade." (Rcl 24383, Relator
Ministro Marco Aurélio, Decisão Monocrática, j. 29.6.2016, DJe de 1.8.2016).

(TJGO-2021-FCC): Um dos municípios do Estado de Goiás editou lei dispondo sobre a distância mínima
exigida para a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo, como medida de facilitação de
acesso aos respectivos serviços pelos consumidores, tendo previsto a imposição de multa aos infratores.
Considerando o teor da CF e a jurisprudência do STF, esse ato normativo mostra-se inconstitucional, uma
vez que ofende o princípio da livre concorrência. BL: SV 49, STF.

(MPDFT-2021): Assinale a alternativa correta: Ofende o princípio da livre concorrência a lei municipal que
impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área. BL: SV 49,
STF.

(MPMG-2019): Assinale a assertiva verdadeira: Ofende o direito à livre concorrência a lei municipal que
possibilita à Administração Pública impedir a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo
em determinada área. BL: SV 49, STF.

(TJRS-2018-VUNESP): A Súmula Vinculante nº 49 afirma que a lei municipal que impede a instalação de
estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área é inconstitucional, porque viola o
princípio da livre concorrência, previsto como princípio expresso da ordem econômica na CF/88. BL: SV
49, STF.

#Atenção: Embora caiba aos entes municipais legislar sobre assuntos de interesse local (art. 30, I, CF), a lei
municipal que restrinja sobremodo a concorrência estará transbordando a sua competência, atentando
contra a ordem econômica.

(PCMT-2017-CESPE): De acordo com o entendimento dos tribunais superiores, lei municipal que impedir
a instalação de mais de um estabelecimento comercial do mesmo ramo em determinada área do município
será considerada inconstitucional, por ofender o princípio da livre concorrência. BL: SV 49, STF.

(TJDFT-2014-CESPE): Acerca da intervenção do Estado no domínio econômico, assinale a opção correta


de acordo com o entendimento jurisprudencial mais recente do STF e do STJ: Lei municipal que impeça a
instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área ofende o princípio
constitucional da livre concorrência. BL: SV 49, STF.

(TJSP-2013-VUNESP): No exercício do poder de polícia administrativa, o Município, segundo orientação


Sumulada do STF, ao proibir a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada
área, edita lei inválida. BL: SV 49, STF.

SÚMULA VINCULANTE 50

Norma legal que ALTERA o prazo de recolhimento de obrigação tributária NÃO SE SUJEITA ao
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE. (TRF1-2009) (PGEPA-2011) (MPRS-2012) (MPSC-2012) (TRF5-2013)
(AGU-2007/2015) (PFN-2015) (TRF3-2011/2016) (TJDFT-2016) (PGEMT-2016) (PGEMS-2016) (PGEMT-2016)
(MPPR-2016/2017) (Cartórios/TJMG-2017/2018) (PGESC-2018) (PCGO-2018) (PCPI-2018) (PF-2018) (Anal.
Judic./STJ-2018) (TJRJ-2016/2019) (TJAC-2019) (Aud. Fiscal-SEFAZ/AP-2022)

OBS: Importante. A SV 50 do STF é a mesma redação da Súmula 669 do STF.

Existem, atualmente, dois princípios (ou subprincípios) da anterioridade tributária:


1) Princípio da anterioridade anual ou de exercício ou comum. Segundo esse princípio (rectius: uma
regra), o Fisco não pode cobrar tributos no mesmo exercício financeiro (ano) em que haja sido
publicada a lei que os instituiu ou aumentou (art. 150, III, “b”, da CF/88):
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;

2) Princípio da anterioridade privilegiada, qualificada ou nonagesimal. Segundo o princípio da


anterioridade nonagesimal, o Fisco não pode cobrar tributos antes de decorridos 90 dias da data em
que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Trata-se de regra prevista no art. 150, III,
“c” (para os tributos em geral) e também no art. 195, § 6º (no que se refere às contribuições sociais).
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou, observado o disposto na alínea b;

Esses dois princípios foram previstos para serem aplicados cumulativamente, ou seja, se um tributo é
instituído ou aumentado em um determinado ano, ele somente poderá ser cobrado no ano seguinte. Além
disso, entre a data em que foi publicada a lei e o início da cobrança deverá ter transcorrido um prazo
mínimo de 90 dias. Tudo isso para que o contribuinte possa programar suas finanças pessoais e não seja
“pego de surpresa” por um novo tributo ou seu aumento.

Ex: a Lei “X”, publicada em 10 de dezembro de 2014, aumentou o tributo “Y”. Esse aumento deverá
respeitar a anterioridade anual (somente poderá ser cobrado em 2015) e também deverá obedecer a
anterioridade nonagesimal (é necessário que exista um tempo mínimo de 90 dias). Logo, esse aumento
somente poderá ser cobrado a partir de 11 de março de 2015.

#Atenção: existem alguns tributos que estão fora da incidência desses dois princípios. Em outras palavras,
são exceções a essas regras. Ao estudar para concursos, lembre-se de memorizar essas exceções,
considerando que são bastante cobradas nas provas.

Modificação do prazo de pagamento do tributo: Se uma lei (ou mesmo Decreto) antecipa a data de
pagamento do tributo, essa lei terá que respeitar o princípio da anterioridade? Ex: o Decreto previa que o
IPTU deveria ser pago em julho de cada ano; ocorre que em janeiro de 2015, o Prefeito edita um Decreto
antecipando o pagamento para março; essa mudança só valerá em 2016? NÃO. Segundo o STF, o princípio
da anterioridade só se aplica para os casos em que o Fisco institui ou aumenta o tributo. A modificação do
prazo para pagamento não pode ser equiparada à instituição ou ao aumento de tributo, mesmo que o
prazo seja menor do que o anterior, ou seja, mesmo que tenha havido uma antecipação do dia de
pagamento. Em outras palavras, quando o Poder Público alterar o prazo de pagamento de um tributo, isso
poderá produzir efeitos imediatos, não sendo necessário respeitar o princípio da anterioridade (nem a
anual nem a nonagesimal). Repare que no exemplo que demos acima, foi falado em Decreto. Isso porque a
alteração do prazo de pagamento não precisa ser feita por lei, podendo ser realizada por ato infralegal.
Assim, pode-se dizer que a alteração do prazo de pagamento não se submete ao princípio da legalidade.

(TJMG-2018-Consulplan): Assinale a alternativa que retrata a jurisprudência consolidada nos Tribunais


Superiores: Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao
princípio da anterioridade. BL: SV 50, STF.

#Atenção: #STF: #TJAC-2019: #VUNESP: Não se compreendendo no campo reservado à lei a definição
de vencimento das obrigações tributárias, legítimo o Decreto 34.677/92, que modificou a data de
vencimento do ICMS. Improcedência da alegação no sentido de infringência ao princípio da
anterioridade e da vedação de delegação legislativa. STF. 1ª T., RE 182.971, Rel. Min. Ilmar Galvão, j.
05.08.97.

(PGM-Fortaleza/CE-2017-CESPE): O princípio da anterioridade do exercício, cláusula pétrea do sistema


constitucional, obsta a eficácia imediata de norma tributária que institua ou majore tributo existente, o que
não impede a eficácia, no mesmo exercício, de norma que reduza desconto para pagamento de tributo ou
que altere o prazo legal de recolhimento do crédito. BL: art. 150, III, “b” c/c SV 50 do STF e ADI 4016 MC,
STF

(MPRR-2017-CESPE): Lei municipal antecipou a data de recolhimento da taxa de coleta de lixo do dia dez
para o dia sete do mês seguinte ao do fato gerador. Nessa situação, segundo o entendimento do STF, a
referida lei municipal não se sujeitará nem ao princípio da anterioridade anual nem ao da anterioridade
nonagesimal. BL: SV 50, STF.

(PGEMT-2016-FCC): Um Decreto editado pelo Governador de determinado Estado altera o prazo de


recolhimento de ICMS, com vigência imediata a partir de sua publicação, no mês de janeiro de 2016. Neste
caso, referido decreto, à luz da Constituição Federal, é compatível com a Constituição Federal, não estando
sujeito ao princípio constitucional tributário da anterioridade. BL: SV 50, STF.

(TRF4-2016): Segundo entendimento sumulado do STF, norma legal que altera o prazo de recolhimento da
obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. BL: SV 50, STF.

(TCEPA-2016-CESPE): Qualificado como garantia individual do contribuinte e, por conseguinte, como


cláusula pétrea da CF/1988, o princípio da anterioridade não se aplica à norma jurídica que altera o prazo
de recolhimento da obrigação tributária. BL: SV 50, STF.

(TJSE-2015-FCC): À luz da Constituição da República e da jurisprudência do STF, a alteração do prazo de


recolhimento de contribuição social incidente sobre o faturamento da empresa, de modo a antecipá-lo em
relação ao vigente, não requer edição de lei complementar, tampouco se sujeita a qualquer anterioridade,
sendo passível de exigência imediata. BL: art. 195, I, “b” e §6º da CF/88 e Súmula Vinculante 50 do STF.

(TJDFT-2014-CESPE): Em decreto expedido pelo governador do DF, em 8/8/2012, a data do pagamento


do ICMS, inicialmente estipulada para o dia cinco, foi antecipada para o dia primeiro do mês seguinte ao
fato gerador do imposto. Pelo mesmo instrumento normativo, também foram alteradas a guia do
recolhimento do imposto, que passou a ter novos códigos, conforme o tipo de mercadoria, e a multa de
mora, que deixou de ser mensal, no percentual de 30% sobre o valor do tributo em atraso, e passou a ser
diária ― 1%, limitada a 30%. Sem atentar para tal alteração, um contribuinte recolheu, em 4/3/2013, por
meio da guia antiga, o tributo relativo a fato gerador ocorrido em fevereiro de 2013. Em relação a essa
situação hipotética, assinale a opção correta. A mudança da data de recolhimento por decreto é válida,
visto que não implica majoração de tributo com alteração de alíquota e de base de cálculo. BL: SV 50, STF.

(TRF4-2014): Considerando a jurisprudência do STF, assinale a alternativa correta: A lei que altera o prazo
de pagamento do tributo, por não implicar majoração da exação, não se sujeita ao princípio da
anterioridade. BL: SV 50, STF.

SÚMULA VINCULANTE 51

O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores militares pelas Leis 8622/1993 e 8627/1993, estende-se aos
servidores civis do poder executivo, observadas as eventuais compensações decorrentes dos reajustes
diferenciados concedidos pelos mesmos diplomas legais.

OBS:

Revisão geral da remuneração antes da EC 19/98. O art. 37, X, da CF/88, antes da EC 19/98, estabelecia
que a revisão geral da remuneração dos servidores públicos civis deveria ser feita nos mesmos índices que
a revisão geral da remuneração dos militares e vice-versa. Havia uma vinculação entre eles. Confira: "X - a
revisão geral da remuneração dos servidores públicos, sem distinção de índices entre servidores públicos
civis e militares, far-se-á sempre na mesma data;"

Leis 8.622/93 e 8.627/93. Ocorre que, em 1993, o Governo Federal, descumprindo a determinação
constitucional, editou duas leis concedendo revisão geral da remuneração para os militares sem estendê-la
aos servidores públicos civis federais. Tais reajustes foram veiculados por meio das Leis nº 8.622/93 e nº
8.627/93.

Ações pedindo a extensão do aumento. Os servidores públicos civis passaram, então, a ingressar com ações
pedindo a extensão para si da revisão geral dada aos militares. A questão chegou até o STF que acatou a
tese dos servidores e, para pacificar a questão, editou a Súmula 672-STF: O reajuste de 28,86%, concedido
aos servidores militares pelas Leis 8.622/1993 e 8.627/1993, estende-se aos servidores civis do Poder
Executivo, observadas as eventuais compensações decorrentes dos reajustes diferenciados concedidos
pelos mesmos diplomas legais. Esta Súmula 672 do STF foi transformada posteriormente na SV 51.

Atualmente, a regra constitucional continua a mesma? NÃO. A EC 19/98 alterou o texto constitucional e
impôs duas mudanças que interessam diretamente ao tema:
1) Antes da EC 19/98, os militares eram chamados de “servidores públicos militares” em
contraposição aos “servidores públicos civis”. Após a mudança, os militares deixaram de ser
qualificados como servidores públicos e passaram a ser denominados apenas de “militares”. Os
antigos “servidores públicos civis” agora são chamados apenas de “servidores públicos”;
2) A redação do inciso X do art. 37 foi modificada e não mais existe essa equiparação entre os
servidores públicos e os militares. Veja: "X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de
que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a
iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem
distinção de índices;" (Redação dada pela EC 19/98)

Assim, se atualmente for dado um reajuste anual para os militares maior do que para os servidores
públicos do Poder Executivo federal, estes não terão direito de pedir equiparação. O contrário também é
verdadeiro.

SÚMULA VINCULANTE 52

AINDA QUANDO ALUGADO a terceiros, PERMANECE IMUNE ao IPTU o imóvel pertencente a


qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, DESDE QUE o VALOR
DOS ALUGUÉIS SEJA APLICADO nas atividades para as quais tais entidades FORAM
CONSTITUÍDAS. (TJCE-2012) (TJPA-2012) (TJRN-2013) (MPES-2013) (MPMA-2014) (MPF-2015) (TJDFT-
2014/2016) (PGEMS-2016) (PGEMT-2016) (PGM-São Luís/MA-2016) (MPPR-2017) (Cartórios/TJMG-2017)
(Cartórios/TJRJ-2017) (PCPI-2018) (TJRO-2019)

OBS:
Conversão da súmula 724 do STF: A conclusão exposta nesta SV 52 já era prevista, em parte, em uma
súmula “comum” do STF, a súmula 724 do STF (de 24/09/03) e redação parecida. O Plenário do STF tem
convertido em súmulas vinculantes algumas súmulas “comuns” com o objetivo de agilizar os processos e
pacificar os temas. Essa foi uma das escolhidas.

Imunidade tributária conferida em favor de partidos políticos, entidades sindicais de trabalhadores e


instituições educacionais e de assistência social: O art. 150, VI, “c” da CF/88 prevê que os partidos
políticos, entidades sindicais de trabalhadores e instituições educacionais e de assistência social gozam de
imunidade tributária quanto aos impostos, desde que atendidos os requisitos previstos na lei. Vejamos a
redação do dispositivo constitucional:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI — instituir impostos sobre:
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
atendidos os requisitos da lei;

Exemplos dessa imunidade (o partido/entidade/instituição não pagará):


 Ex.1: IPTU sobre o prédio utilizado para a sua sede.
 Ex.2: IPVA sobre os veículos utilizados em sua atividade-fim;
 Ex.3: ITBI sobre a aquisição de prédio onde funcionará uma filial da entidade;
 Ex.4: IR sobre os valores recebidos com doações;
 Ex.5: ISS sobre os serviços prestados pela instituição.

Essa imunidade abrange APENAS o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades
essenciais do partido, entidade ou instituição. Isso está previsto no art. 150, § 4º da CF/88:
Art. 150 (...)
§ 4º - As vedações (leia-se: proibição de cobrar impostos) expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c",
compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades
essenciais das entidades nelas mencionadas.

Se o partido, entidade ou instituição possui um imóvel onde ali realiza suas atividades, esse bem é imune
(estará livre do pagamento de IPTU)? SIM.

Se o partido, entidade ou instituição possui um imóvel e o aluga a um terceiro, esse bem continua sendo
imune (estará livre do pagamento de IPTU)? SIM. Persiste a imunidade, mas desde que o valor dos
aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. É o que afirma a
jurisprudência do STF que conferiu uma interpretação teleológica à imunidade afirmando que o fator que
realmente importa é saber se os recursos serão utilizados para as finalidades incentivadas pela CF.

Repare que a SV 52 tem uma redação mais “flexível”, mais elástica que a antiga Súmula 724 porque agora
não se exige mais que o valor dos alugueis seja aplicado nas atividades ESSENCIAIS da entidade,
tendo sido suprimido esse adjetivo. Atualmente, basta que o valor dos alugueis seja investido nas
atividades da entidade.

SV 52-STF pode ser aplicada para a imunidade do art. 150, VI, “d”, da CF/88 : Apesar da súmula referir-se
à imunidade do art. 150, VI, “c”, seu enunciado também se aplica à imunidade religiosa prevista no art.
150, VI, “b” (imunidade religiosa: “templos de qualquer culto”). Nesse sentido: STF. 2ª Turma. ARE
694453/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 09/08/2013.

(TRF2-2017): Assinale a opção correta: Instituição de educação, beneficiária de imunidade tributária, que
tem certo imóvel alugado, cuja renda reverte em benefício de suas finalidades, não está sujeita a pagar
IPTU sobre este seu bem, dado em locação. BL: SV 52, STF.

SÚMULA VINCULANTE 53

A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114, VIII, da Constituição Federal ALCANÇA a
execução de ofício das CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS relativas ao objeto da condenação
constante das sentenças que proferir e acordos por ela homologados. (TRF5-2009) (TJPA-2012) (AGU-2015)
(TRT/Unificado-2017) (PGEAP-2018) (MPT-2020) (PGEPB-2021)

(MPT-2020): Assinale a alternativa correta: A competência da Justiça do Trabalho alcança a execução de


ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da condenação constante das sentenças que
proferir e acordos por ela homologados. BL: SV 53, STF.

SÚMULA VINCULANTE 54

A MEDIDA PROVISÓRIA NÃO APRECIADA pelo Congresso Nacional PODIA, até a Emenda
Constitucional 32/2001, SER REEDITADA dentro do seu prazo de eficácia de trinta dias, MANTIDOS os
efeitos de lei desde a primeira edição. (TJPA-2009) (MPDFT-2009) (PGERS-2010) (PGEGO-2013)

Conversão da súmula 651 do STF: A conclusão exposta nesta SV 54 já era prevista em uma súmula
“comum” do STF, a súmula 651 do STF (de 24/09/03). O Plenário do STF tem convertido em súmulas
vinculantes algumas súmulas “comuns” com o objetivo de agilizar os processos e pacificar os temas. Essa
foi uma das escolhidas.

O que é medida provisória? Medida provisória é um ato normativo editado pelo Presidente da República,
em situações de relevância e urgência, e que tem força de lei, ou seja, é como se fosse uma lei ordinária,
com a diferença de que ainda será votada pelo Congresso Nacional, podendo ser aprovada (quando,
então, é convertida em lei) ou rejeitada (situação em que deixará de existir). As regras sobre as medidas
provisórias estão previstas no art. 62 da CF/88.

Como funciona: O Presidente da República, sozinho, edita a MP e, desde o momento em que ela é
publicada no Diário Oficial, já passa a produzir efeitos como se fosse lei. Esta MP é, então, enviada ao
Congresso Nacional. Ali chegando, ela é submetida inicialmente à uma comissão mista de Deputados e
Senadores, que irão examiná-la e sobre ela emitir um parecer (art. 62, § 9º). Depois, a MP será votada
primeiro pelo plenário da Câmara dos Deputados (art. 62, § 8º) e, se for aprovada, seguirá para votação no
plenário do Senado Federal. Caso seja aprovada no plenário das duas Casas, esta MP é convertida em lei.

Qual é o prazo de eficácia da medida provisória?


 Atualmente (depois da EC 32/2001): 60 dias.

 Antes da EC 32/2001 (texto originário da CF/88): 30 dias.

Vale a pena mencionar que, antes da EC 32/2001, o STF afirmava que a medida provisória poderia ser
reeditada infinitas vezes até que fosse votada. Atualmente, só é admitida uma reedição. Compare:
Atualmente (Depois da EC 32/2001) Antes da EC 32/2001 (texto originário da CF/88)
As MP’s possuem prazo de eficácia de 60 dias. As MP’s tinham prazo de eficácia de 30 dias.
A medida provisória será prorrogada uma única vez Não havia número máximo de reedições das
por igual período se, mesmo tendo passado seu medidas provisórias.
prazo de 60 dias, ela não tiver sido ainda votada nas Enquanto não fossem votadas pelo Congresso
duas Casas do Congresso Nacional. Nacional, elas podiam ficar sendo reeditadas quantas
Dessa forma, o prazo máximo da MP é de 120 dias vezes o Presidente da República quisesse.
(60 + 60). A MP 2.096, por exemplo, foi reeditada mais de 80
Se não for aprovada neste período, ela será vezes (durou mais de 6 anos até ser votada).
considerada rejeitada por decurso do prazo,
perdendo a sua eficácia desde a sua edição.
É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de
medida provisória que tenha sido rejeitada ou que
tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo (§10
do art. 62, CF/88).

SÚMULA VINCULANTE 55

O DIREITO AO AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO NÃO SE ESTENDE aos servidores inativos. (PGEPE-2009)


(DPEAC-2012) (Cartórios/TJSE-2014) (PGESE-2017) (PGM-Fortaleza/CE-2017) (TJSP-2021) (Cartórios/TJSC-
2021) (Anal. Judic./TRT4-2022)

OBS: Importante.

Auxílio-alimentação (vale alimentação): A União e alguns Estados e Municípios possuem leis prevendo a
concessão de auxílio-alimentação ("vale alimentação") a seus servidores públicos. No âmbito do Poder
Executivo federal, por exemplo, esta verba encontra-se disciplinada pela Lei nº 8.460/92:
Art. 22. O Poder Executivo disporá sobre a concessão mensal do auxílio-alimentação por dia
trabalhado, aos servidores públicos federais civis ativos da Administração Pública Federal direta,
autárquica e fundacional.
§ 1º A concessão do auxílio-alimentação será feita em pecúnia e terá caráter indenizatório. (...)
§ 3º O auxílio-alimentação não será:
a) incorporado ao vencimento, remuneração, provento ou pensão;

Exclusão dos aposentados do direito ao auxílio-alimentação: Quando o auxílio-alimentação foi instituído


pela lei federal e pelas leis estaduais e municipais, foi previsto que esta verba seria paga somente aos
servidores ativos. Os servidores aposentados não concordaram e passaram a ajuizar ações pedindo que o
valor do auxílio-alimentação também fosse estendido a eles, sob o argumento de que teriam direito com
base no princípio da paridade (previsto na antiga redação do § 4º do art. 40 da CF/88).

O STF concordou com a tese dos aposentados? Mesmo sem previsão legal, os servidores inativos também
possuem direito ao auxílio-alimentação? As leis que preveem o pagamento de auxílio-alimentação apenas
aos servidores ativos violam o princípio da paridade? NÃO. O direito ao auxílio-alimentação (vale-
alimentação) não pode ser estendido aos servidores inativos com base no princípio da paridade. Isso
porque esta verba tem natureza indenizatória e é destinada apenas a cobrir os custos de refeição devida
exclusivamente ao servidor que se encontrar no exercício de suas funções, não se incorporando à
remuneração nem aos proventos de aposentadoria. Mesmo quando vigorava o princípio da paridade,
algumas verbas concedidas aos servidores ativos não precisavam ser estendidas aos aposentados se ficasse
demonstrado que tais quantias eram próprias do serviço e incompatíveis com a inatividade. O exemplo
mais marcante era o direito ao adicional de férias. Ora, o servidor inativo não recebe esta verba porque o
aposentado não tem férias. Outro exemplo seriam as horas extras. Para o STF, o auxílio-alimentação é
mais um exemplo dessas verbas que são próprias da atividade e incompatíveis com a aposentadoria.
Segundo este ponto de vista, o valor pago a título de auxílio-alimentação destina-se a custear as despesas
que o servidor público tem com alimentação no horário do almoço ou lanche pelo fato de ter saído para
trabalhar e, por isso, não estar fazendo suas refeições em casa. Este é o argumento que, em tese, justificaria
ser uma verba exclusiva dos servidores da ativa. Quando foi em 2003, o Tribunal decidiu deixar ainda
mais clara a sua posição e editou a súmula 680, prevendo que "o direito ao auxílio-alimentação não se
estende aos servidores inativos". Agora, este enunciado é alçado à condição de súmula vinculante. 11

No âmbito do Poder Executivo federal, o valor mensal do auxílio-alimentação é fixado por meio de ato do
Ministro do Planejamento. Considerando que esta quantia possui caráter indenizatório e que há muito
tempo não é reajustada, é possível que o Poder Judiciário aumente este valor em ação proposta por
sindicato dos servidores públicos? NÃO. Não é possível a correção ou majoração de auxílio-alimentação
pelo Poder Judiciário, por configurar indevida ingerência na esfera exclusiva do Poder Executivo.
11
#Atenção: Entendimento jurisprudencial cobrado na prova do TJSP-2021 (VUNESP).
Aplicação da SV 37. Nesse sentido: STF. 2ª T. AgRg no REsp 1556358/RS, Rel. Min. Humberto Martins, j.
19/11/15.

Auxílio-alimentação e recebimento durante as férias: O servidor público tem direito de continuar


recebendo o auxílio-alimentação mesmo durante o período em que estiver de férias?
 1ª corrente: SIM. Isso porque as férias são consideradas como período de efetivo exercício. STJ. 2ª
Turma. AgRg no REsp 1528084/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, j. 6/8/15.
 2ª corrente: NÃO. Em virtude de seu caráter indenizatório, o auxílio-alimentação é devido apenas
aos servidores que estejam no efetivo exercício do cargo. STJ. 1ª Turma. RMS 47.664/SP, Rel. Min.
Regina Helena Costa, j. 6/6/17.

Obs1: Vale ressaltar que, neste segundo precedente, a Turma não analisou o art. 102, I, da Lei 8.112/90.
Desse modo, o Dizer o Direito acredita que a 1ª corrente seja majoritária, ou seja, é devido o pagamento
de auxílio-alimentação durante as férias do servidor público federal.

Obs2: Se a recusa ao pagamento do auxílio-alimentação durante as férias foi baseada em lei estadual ou
municipal que vede essa possibilidade, então, neste caso, esta decisão irá ser mantida. Isso porque o STJ
entende que não é possível o exame de normas de caráter local em recurso especial, em face da vedação
prevista na Súmula 280 do STF, segundo a qual "por ofensa a direito local não cabe recurso
extraordinário". (EDcl no AgRg no REsp 1360774/RS, Rel. Min. Humberto Martins, j. 04/02/14).

(TJSP-2021-VUNESP): Lei Municipal prevê a concessão de auxílio-alimentação aos servidores


mensalmente, em parcela destacada, sem incidência de contribuição previdenciária, incorporando-o
definitivamente após 12 meses. Estabelece, ainda, que o valor pago a título de auxílio-alimentação
integrará a base de cálculo para efeitos de pagamento de 13º salário e férias. Questionada a
constitucionalidade e a extensão da norma, é correto afirmar que se trata de verba indenizatória, o que não
permite sua incorporação à remuneração ou integração à base de cálculo para efeito de 13º salário e férias.
BL: SV 55, STF e julgado do TJSP (vide abaixo os destaques na ementa).

#Atenção: #TJSP-2021: #VUNESP: “ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE Incorporação do


auxílio-alimentação aos rendimentos DECLARADA a inconstitucionalidade da expressão 'incorporando-o
definitivamente após 12 meses', bem como do parágrafo único, ambos do art. 4º da Lei Complementar
009/07, do Município de Santo Antonio de Posse. (...) Trata-se de verba indenizatória, o que não permite,
dessa forma, a sua incorporação à remuneração ou sua integração à base de cálculo para efeito de 13º
salário e de férias. O benefício concedido sob o rótulo de auxílio-alimentação tem evidente caráter
indenizatório e não salarial, eis que pago como uma forma de ajuda de custo aos servidores municipais,
correspondente aos dias efetivamente trabalhados. (...) O Egrégio Supremo Tribunal Federal, decidindo
que o auxílio alimentação possui natureza indenizatória, editou a Súmula vinculante nº 55: 'O direito ao
auxílio-alimentação não se estende aos servidores inativos.' ARGUIÇÃO PROCEDENTE para declarar a
inconstitucionalidade da expressão 'incorporando-o definitivamente após 12 meses', bem como do
parágrafo único, ambos do art. 4º da Lei Complementar 009/07, do Município de Santo Antonio de Posse."
(Arguição de Inconstitucionalidade nº 0002240-30.2021.8.26.0000, Rel. Des. ALEX ZILENOVSKI, Órgão
Especial do TJSP, V.U., J. 07/04/21). Logo, no que tange a constitucionalidade e a extensão da norma, é
correto afirmar que se trata de verba indenizatória, o que não permite sua incorporação à remuneração ou
integração à base de cálculo para efeito de 13º salário e férias.

(PGESE-2017-CESPE): De acordo com as súmulas vinculantes do STF, será constitucional lei estadual que
disponha sobre o(a) vedação do pagamento de auxílio-alimentação aos servidores estaduais inativos. BL:
SV 55, STF.

SÚMULA VINCULANTE 56

A falta de estabelecimento penal ADEQUADO NÃO AUTORIZA a manutenção do condenado em


REGIME PRISIONAL MAIS GRAVOSO, DEVENDO-SE OBSERVAR, nessa hipótese, os parâmetros
fixados no RE 641.320/RS. (TJAM-2016) (MPGO-2016) (DPEBA-2016) (TJPR-2017) (MPRR-2017) (DPEAL-2017)
(DPEAM-2018) (DPEMA-2018) (PCGO-2018) (MPSP-2019) (PF-2018/2021) (PGEGO-2021)

Regimes de cumprimento de pena: Pela Lei (CP e Lei 7.210/84), existem três regimes de cumprimento de
pena que seguem às seguintes regras:
FECHADO SEMIABERTO ABERTO
A pena é cumprida na A pena é cumprida em colônia A pena é cumprida na Casa do
Penitenciária. agrícola, industrial ou Albergado ou estabelecimento
Obs.: apesar de, na prática, isso estabelecimento similar (art. 33, adequado (art. 33, § 1º, "c", CP).
ser desvirtuado, a chamada § 1º, "b", CP). A Casa do Albergado deverá estar
Cadeia Pública destina-se apenas localizada em centro urbano,
ao recolhimento de presos separado dos demais
provisórios (art. 102, LEP), estabelecimentos prisionais, e
considerando que as pessoas caracteriza-se pela ausência de
presas provisoriamente devem obstáculos físicos contra a fuga. Isso
ficar separadas das que já tiverem porque o regime aberto baseia-se na
sido definitivamente condenadas autodisciplina e senso de
(art. 300, CPP). responsabilidade.
O condenado fica sujeito a O condenado fica sujeito a Durante o dia, o condenado
trabalho, dentro da própria trabalho, dentro da colônia, trabalha, frequenta cursos ou realiza
Penitenciária, no período diurno, durante o período diurno. outras atividades autorizadas, fora
e a isolamento durante o repouso do estabelecimento e sem vigilância.
noturno. Durante o período noturno e nos
dias de folga, permanece recolhido
na Casa do Albergado.

Na prática, contudo, é muito comum que não existam colônias agrícolas e industriais e casas de albergado,
unidades prisionais previstas na Lei como sendo as adequadas para o cumprimento da pena nos regimes
semiaberto e aberto.

O STF debateu este tema em sede de repercussão geral e firmou três teses a respeito do assunto:

AUSÊNCIA DE VAGAS NA UNIDADE PRISIONAL ADEQUADA E CUMPRIMENTO DA PENA NO


REGIME MAIS GRAVOSO (primeira parte da Súmula)

Imagine agora a seguinte situação: João foi condenado à pena de 5 anos de reclusão, tendo o juiz fixado o
regime semiaberto. Ocorre que, no momento de cumprir a pena, verificou-se que não havia no local
estabelecimento destinado ao regime semiaberto que atendesse todos os requisitos da LEP.

João poderá cumprir a pena no regime fechado enquanto não há vagas no semiaberto? NÃO.

A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional
mais gravoso. STF. Plenário. RE 641320/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes,j. 11/5/16 (repercussão geral) (Info
825).

No Brasil, adota-se o sistema progressivo. De acordo com o CP e com a LEP, PPL’s deverão ser executadas
(cumpridas) em forma progressiva, com a transferência do apenado de regime mais gravoso para menos
gravoso tão logo ele preencha os requisitos legais.

O STF destacou, no entanto, que este sistema progressivo de cumprimento de penas não está funcionando
na prática. Isso porque há falta de vagas nos regimes semiaberto e aberto.

Desse modo, os presos dos referidos regimes estão sendo mantidos nos mesmos estabelecimentos que os
presos em regime fechado e provisórios. Essa situação viola duas garantias constitucionais da mais alta
relevância:
 a individualização da pena (art. 5º, XLVI) e;
 a legalidade (art. 5º, XXXIX).

A manutenção do condenado em regime mais gravoso do que é devido caracteriza-se como "excesso de
execução", havendo, no caso, violação ao direito do apenado.

Vale ressaltar que não é possível "relativizar" esse direito do condenado com base em argumentos ligados
à manutenção da segurança pública. A proteção à integridade da pessoa e ao seu patrimônio contra
agressões injustas está na raiz da própria ideia de Estado Constitucional. A execução de penas corporais
em nome da segurança pública só se justifica se for feita com observância da estrita legalidade. Permitir
que o Estado execute a pena de forma excessiva é negar não só o princípio da legalidade, mas a própria
dignidade humana dos condenados (art. 1º, III, da CF/88). Por mais grave que seja o crime, a condenação
não retira a humanidade da pessoa condenada. Ainda que privados de liberdade e dos direitos políticos,
os condenados não se tornam simples objetos de direito (art. 5º, XLIX, da CF/88).

CONCEITO DE "ESTABELECIMENTO SIMILAR" E DE "ESTABELECIMENTO ADEQUADO"


(segunda parte da Súmula)

O Código Penal, ao tratar sobre os regimes semiaberto e aberto, prevê o seguinte:


Art. 33 (...)
§ 1º - Considera-se:
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento
similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.

O que vêm a ser estabelecimento similar e estabelecimento adequado? A LEP trata do tema nos arts. 91 a
95, mas também não define em que consistem tais estabelecimentos. Na prática, existem pouquíssimas
colônias agrícolas e industriais no país. Dessa forma, alguns Estados mantêm os presos do regime
semiaberto em estabelecimentos similares, ou seja, unidades prisionais diferentes do regime semiaberto,
onde os presos possuem um pouco mais de liberdade. De igual forma, em muitos Estados não existem
casas de albergado e os detentos que estão no regime aberto ficam em unidades diferentes dos demais
presos. Há discussão se essa prática é válida ou não.

O STF decidiu que os magistrados possuem competência para verificar, no caso concreto, se tais
estabelecimentos onde os presos do regime semiaberto e aberto ficam podem ser enquadrados como
"estabelecimento similar" ou "estabelecimento adequado". Assim, os presos do regime semiaberto podem
ficar em outra unidade prisional que não seja colônia agrícola ou industrial, desde que se trate de
estabelecimento similar (adequado às características do semiaberto). De igual forma, os presos do regime
aberto podem cumprir pena em outra unidade prisional que não seja casa de albergado, desde que se trate
de um estabelecimento adequado.

DÉFICIT DE VAGAS NO ESTABELECIMENTO ADEQUADO E MEDIDAS QUE DEVERÃO SER


TOMADAS (parte final da Súmula)

O que fazer em caso de déficit de vagas no estabelecimento adequado? Havendo “déficit” de vagas, deve
ser determinada:
1) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas;
2) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão
domiciliar por falta de vagas;
3) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progrida ao regime
aberto.
STF. Plenário. RE 641320/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 11/5/2016 (repercussão geral) (Info 825).

Objetivo das medidas acima é o de que surjam novas vagas nos regimes semiaberto e aberto: As vagas nos
regimes semiaberto e aberto são insuficientes. De um modo geral, a falta de vagas decorre do fato de que
já há um sentenciado ocupando o lugar. O STF determinou, como alternativa para resolver o problema,
antecipar a saída de sentenciados que já estão no regime semiaberto ou aberto, abrindo vaga para aquele
que acaba de progredir.

Exemplo de como essas medidas fazem surgir vaga no regime semiaberto: João estava cumprindo pena no
regime fechado e progrediu para o regime semiaberto. Não há vagas na unidade prisional destinada ao
regime semiaberto. João não poderá continuar cumprindo pena no fechado porque haveria excesso de
execução. Nestes casos, o que acontecia normalmente é que João seria colocado em prisão domiciliar. No
entanto, o STF afirmou que essa alternativa (prisão domiciliar) não deve ser a primeira opção para o
caso. Diante disso, o STF entendeu que o juiz das execuções penais deverá antecipar a saída de um detento
que já estava no regime semiaberto, fazendo com que surja a vaga para João . Em nosso exemplo,
Francisco, que estava cumprindo pena no regime semiaberto, só teria direito de ir para o regime aberto em
2018. No entanto, para dar lugar a João, Francisco receberá o benefício da "saída antecipada" e ficará em
liberdade eletronicamente monitorada, ou seja, ficará livre para trabalhar e estudar, recolhendo-se em casa
nos dias de folgas, sendo sempre monitorado com tornozeleira eletrônica. Com isso, surgirá mais uma
vaga no regime semiaberto e esta será ocupada por João.

E se a ausência de vaga for no regime aberto? Ex: Pedro progrediu para o regime aberto, mas não há vagas,
o que fazer? Neste caso, o Juiz deverá conceder a um preso que está no regime aberto a possibilidade de
cumprir o restante da pena não mais no regime aberto (pena privativa de liberdade), mas sim por meio de
pena restritiva de direitos e/ou estudo. Ex: Tiago, que estava no regime aberto, só acabaria de cumprir sua
pena em 2018. No entanto, para dar lugar a Pedro, o Juiz oferece a ele a oportunidade de sair do regime
aberto e cumprir penas restritivas de direito e/ou estudo. Com isso, surgirá nova vaga no aberto. Assim,
se não há estabelecimentos adequados ao regime aberto, a melhor alternativa não é a prisão domiciliar,
mas a substituição da pena privativa de liberdade que resta a cumprir por penas restritivas de direito e/ou
estudo.

Benefícios devem ser concedidos aos detentos que estão mais próximos de progredir ou de acabar a pena:
Os apenados que serão beneficiados com a saída antecipada ou com as penas alternativas deverão ser
escolhidos com base em critérios isonômicos. Tais benefícios deverão ser deferidos aos sentenciados que
satisfaçam os requisitos subjetivos (bom comportamento) e que estejam mais próximos de satisfazer o
requisito objetivo, ou seja, aqueles que estão mais próximos de progredir ou de encerrar a pena.
Para isso, o STF determinou que o CNJ faça um "Cadastro Nacional de Presos", com as informações sobre
a execução penal de cada um deles. Isso permitirá verificar os apenados com expectativa de progredir ou
de encerrar a pena no menor tempo e, em consequência, organizar a fila de saída com observação da
igualdade.

Por que o STF afirma que a prisão domiciliar não pode ser a primeira opção, devendo-se adotar as
medidas acima propostas? Segundo o STF, a prisão domiciliar apresenta vários inconvenientes, que irei
aqui resumir:
1º) Para ter esse benefício, cabe ao condenado providenciar uma casa, na qual vai ser acolhido. Nem
sempre ele tem meios para manter essa residência. Nem sempre tem uma família que o acolha.
2º) O recolhimento domiciliar puro e simples, em tempo integral, gera dificuldades de caráter econômico e
social. O sentenciado passa a necessitar de terceiros para satisfazer todas as suas necessidades – comida,
vestuário, lazer. De certa forma, há uma transferência da punição para a família, que terá que fazer todas
as atividades externas do sentenciado. Surge a necessidade de constante comunicação com os órgãos de
execução da pena, para controlar saídas indispensáveis – atendimento médico, manutenção da casa etc.
3º) Existe uma dificuldade grande de fiscalização se o apenado está realmente cumprindo a restrição
imposta.
4º) A prisão domiciliar pura e simples não garante a ressocialização porque é extremamente difícil para o
apenado conseguir um emprego no qual ele trabalhe apenas em casa.

MEDIDAS QUE O STF DETERMINOU AO CNJ: A fim de tentar minimizar os problemas acima expostos
e conseguir implementar as teses que foram definidas, o STF determinou que o CNJ apresente:
A) em 180 dias, contados da conclusão do julgamento:
 projeto de estruturação do Cadastro Nacional de Presos, com etapas e prazos de implementação,
devendo o banco de dados conter informações suficientes para identificar os mais próximos da
progressão ou extinção da pena;
 relatório sobre a implantação das centrais de monitoração e penas alternativas, acompanhado, se
for o caso, de projeto de medidas ulteriores para desenvolvimento dessas estruturas; e

B) em um ano, relatório com projetos para:


 expansão do Programa Começar de Novo e adoção de outras medidas buscando o incremento da
oferta de estudo e de trabalho aos condenados; e
 aumento do número de vagas nos regimes semiaberto e aberto.

DECISÃO MANIPULATIVA
Decisão manipulativa (manipuladora): A decisão tomada pelo STF e acima explicada pode ser classificada
como uma "decisão manipulativa".
Gilmar Mendes, citando a doutrina italiana de Riccardo Guastini, afirma que decisão manipulativa é
aquela mediante a qual "o órgão de jurisdição constitucional modifica ou adita normas submetidas a sua
apreciação, a fim de que saiam do juízo constitucional com incidência normativa ou conteúdo distinto do
original, mas concordante com a Constituição" (RE 641320/RS).

Decisão manipulativa, portanto, como o nome indica, é aquela em que o Tribunal Constitucional
manipula o conteúdo do ordenamento jurídico, modificando ou aditando a lei a fim de que ela se torne
compatível com o texto constitucional. Trata-se de instituto que surgiu no direito italiano, sendo,
atualmente, no entanto, adotada em outros Tribunais constitucionais no mundo.

Espécies de decisões manipulativas: As decisões manipulativas podem ser divididas em:


1) Decisão manipulativa de efeitos aditivos (SENTENÇA ADITIVA): Verifica-se quando o Tribunal
declara inconstitucional certo dispositivo legal não pelo que expressa, mas pelo que omite, alargando o
texto da lei ou seu âmbito de incidência.

"A sentença aditiva pode ser justificada, por exemplo, em razão da não observância do princípio da
isonomia, notadamente nas situações em que a lei concede certo benefício ou tratamento a
determinadas pessoas, mas exclui outras que se enquadrariam na mesma situação. Nessas
hipóteses, o Tribunal Constitucional declara inconstitucional a norma na parte em que trata
desigualmente os iguais, sem qualquer razoabilidade e/ou nexo de causalidade. Assim, a decisão se
mostra aditiva, já que a Corte, ao decidir, 'cria uma norma autônoma'', estendendo aos excluídos o
benefício." (LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 177).

Ex1: ADPF 54, Min. Marco Aurélio, j. em 12/4/12, na qual o STF julgou inconstitucional a criminalização
dos abortos de fetos anencéfalos atuando de forma criativa ao acrescentar mais uma excludente de
punibilidade – no caso de o feto padecer de anencefalia – ao crime de aborto. Ao decidir o mérito da ação,
assentando a sua procedência e dando interpretação conforme aos arts. 124 a 128 do CP, o STF proferiu
uma típica decisão manipulativa com eficácia aditiva em matéria penal.

Ex2: MI 670, Red. para o acórdão Min. Gilmar Mendes, j. em 25/10/07, na qual o STF determinou a
aplicação aos servidores públicos da Lei 7783/89, que dispõe sobre o exercício do direito de greve na
iniciativa privada, pelo que promoveu extensão aditiva do âmbito de incidência da norma.

2) Decisão manipulativa de efeitos substitutivos (SENTENÇA SUBSTITUTIVA): Nessa espécie, a Corte


Constitucional declara a inconstitucionalidade de parte de uma lei (ou outro ato normativo) e, além disso,
substitui a regra inválida por outra, criada pelo próprio Tribunal, a fim de que se torne consentânea com a
CF. Há, neste caso, uma forma de direito judicial, considerando que se trata de um direito criado pelo
Tribunal.

Ex: a MP 2183-56 alterou o Decreto-lei 3.365/41 e estabeleceu que, no caso de imissão prévia na posse, na
desapropriação por necessidade ou utilidade pública e interesse social, havendo divergência entre o preço
ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença, deverá incidir juros compensatórios de até 6% ao
ano. Ao julgar ADI contra esta MP, o STF afirmou que esse percentual de 6% era inconstitucional e
determinou que este percentual deveria ser de 12% ao ano (ADI 2332, Rel. Min. Moreira Alves, julgado em
05/09/01).

(PF-2021-CESPE): Considerando a posição majoritária e atual do Supremo Tribunal Federal (STF), julgue o
item a seguir, a respeito dos fundamentos constitucionais dos direitos e deveres fundamentais, do Poder
Judiciário, da segurança pública e das atribuições constitucionais da Polícia Federal: A falta de
estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais
gravoso, podendo o juiz da execução autorizar a saída antecipada de sentenciados enquadrados nesse
regime em razão da falta de vagas no estabelecimento penal. BL: SV 56, STF.

(PGEGO-2021-FCC): Tendo obtido judicialmente o direito à progressão do regime de cumprimento de


pena a que está submetido, de fechado para semiaberto, pelo preenchimento das condições para tanto,
determinado condenado requer a transferência para estabelecimento penal diverso daquele em que se
encontra recluso, dado inexistirem no local condições para cumprimento do regime menos gravoso. No
entanto, em função das restrições sanitárias impostas pela pandemia, tais como determinadas pela
autoridade governamental competente, o órgão de administração penitenciária do Estado informa ao juízo
de execução penal que não haveria vagas disponíveis em estabelecimento penal adequado para o
cumprimento do regime semiaberto, restando por motivo de força maior impossibilitada a transferência.
Diante das informações prestadas, o juízo da execução penal determina que o apenado permaneça no
estabelecimento ao qual foi recolhido, enquanto não houver vagas para local de custódia diverso, em que
pese a incompatibilidade das condições do local com o regime de cumprimento de pena mais benéfico a
que faz jus. Diante da negativa, o condenado pretende ajuizar reclamação perante o STF para fazer valer
seu direito. Nessa hipótese, à luz da disciplina normativa pertinente e da jurisprudência do STF, a
reclamação é cabível, uma vez que a decisão do juízo de execução penal violou o quanto estabelecido em
súmula vinculante do STF sobre a matéria, devendo ser adotadas a esse propósito as medidas alternativas
preconizadas por aquela Corte. BL: SV 56, STF.

#Atenção: O art. 7º da Lei 11.417/06 dispõe: “Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar
enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo
Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação”. O art. 103-A, § 3º CF
afirma: “Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar,
caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará
a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o
caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)”

(DPEAM-2018-FCC): Considerando inexistir vaga em estabelecimento prisional adequado ao


cumprimento de pena em regime semiaberto, o juiz de execução penal determina que certo condenado,
embora tendo direito à progressão de regime, seja mantido em regime fechado. O Defensor Público
competente para atuar no caso pretende adotar medida diretamente perante o STF, com vistas à cassação
da referida decisão e determinação para que outra seja proferida em seu lugar, estabelecendo o
cumprimento de medidas alternativas. Nessa hipótese, à luz da CF e da jurisprudência do STF, a
pretensão do Defensor Público é viável, sendo cabível ajuizar reclamação, por ofensa a súmula vinculante
do STF segundo a qual a falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do
condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, no estabelecimento de medidas
alternativas, os parâmetros fixados em sede de repercussão geral por aquela Corte. BL: SV 56, STF.

#Atenção: O art. 7º da Lei 11.417/06 dispõe: “Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar
enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo
Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação”. O art. 103-A, § 3º CF
afirma: “Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar,
caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará
a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o
caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)”.

#Atenção: Assim, o STF deu provimento parcial ao RE 641320, e fixou a tese nos seguintes termos: a) a
falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional
mais gravoso; b) os juízes da execução penal poderão avaliar os estabelecimentos destinados aos regimes
semiaberto e aberto, para qualificação como adequados a tais regimes. São aceitáveis estabelecimentos que
não se qualifiquem como “colônia agrícola, industrial” (regime semiaberto) ou “casa de albergado ou
estabelecimento adequado” (regime aberto) (art. 33, parágrafo 1º, alíneas b e c); c) havendo déficit de
vagas, deverá determinar-se: (i) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; (ii) a
liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão
domiciliar por falta de vagas; (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao
sentenciado que progride ao regime aberto. Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas,
poderá ser deferida a prisão domiciliar ao sentenciado.

SÚMULA VINCULANTE 57

A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se à importação e comercialização, no
mercado interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes exclusivamente utilizados para fixá-los,
como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda que possuam funcionalidades acessórias. (TJSP-
2021) (PF-2021) (TJMA-2022)

OBS: Importante.

Imunidade tributária: Imunidade tributária consiste na determinação feita pela CF/1988 de que certas
atividades, rendas, bens ou pessoas não poderão sofrer a incidência de tributos. Trata-se de uma dispensa
constitucional de tributo. A imunidade é uma limitação ao poder de tributar, sendo sempre prevista na
própria CF. As normas de imunidade tributária constantes da Constituição objetivam proteger valores
políticos, morais, culturais e sociais essenciais e não permitem que os entes tributem certas pessoas, bens,
serviços ou situações ligadas a esses valores.

Imunidade do art. 150, VI, “d”, da CF/88: O art. 150, VI, “d”, da CF/88 prevê que os “livros, jornais,
periódicos e o papel destinado a sua impressão” gozam de imunidade tributária quanto aos impostos:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

Vamos estudar um pouco mais sobre esta previsão:

Nomenclatura: É chamada pela doutrina de imunidade tributária “cultural” ou “de imprensa”.

Razão de sua existência: Esta imunidade foi prevista pelo legislador constituinte como uma forma de
fomentar a difusão da cultura, do ensino e da liberdade de expressão, evitando que tais manifestações
fossem impedidas ou dificultadas por força do pagamento de impostos.

Histórico desta imunidade: O Min. Dias Toffoli, em rico voto no RE 330817/RJ, aponta as razões históricas
que motivaram a previsão desta imunidade. No período histórico conhecido como Estado Novo (1937 a
1945), o Governo cobrava elevado imposto dos jornais que divulgavam ideias contrárias ao regime quando
estes importavam papeis. Por outro lado, concediam benefícios fiscais aos jornais partidários do Governo.
Era uma forma de censura indireta. A Constituição Federal de 1946, com o intuito de acabar com este
controle estatal da imprensa, conferiu imunidade tributária ao “papel” e, além disso, com o objetivo de
estimular a produção editorial, também estendeu esta imunidade para os livros. A Constituição Federal de
1967 manteve a imunidade, prevendo que era vedado criar imposto sobre “o livro, os jornais e os
periódicos, assim como o papel destinado à sua impressão” (art. 20, III, d). A Constituição Federal de 1969
(para alguns, apenas uma Emenda Constitucional à CF/67) manteve a imunidade, com pequena alteração
em seu texto.

Imunidade objetiva: As alíneas “a”, “b” e “c” do inciso VI do art. 150 da CF/88 tratam de imunidade
subjetiva. A imunidade desta letra “d” (imunidade cultural) é classificada com objetiva (ou real). Isso
porque recai apenas sobre bens (livros, jornais, periódicos e o papel) e não se refere a impostos pessoais.
“A aplicação da imunidade independe da pessoa que os produza ou que os comercialize; ou seja, não importa se se está
diante de uma editora, uma livraria, uma banca de jornal, um fabricante de papel, um vendedor de livros, do autor ou
de uma gráfica, pois o que importa à imunidade é o objeto e não a pessoa.” (Min. Dias Toffoli).

Exemplos dessa imunidade: Quando o livro sai da gráfica, não paga IPI; quando é vendido pela livraria,
não paga ICMS; quando é importado, não paga Imposto de Importação.

Estão fora da imunidade cultural: Pelo fato da imunidade cultural não ser subjetiva, a gráfica, a livraria e
o importador pagarão IR por conta da renda que obtiverem. Isso porque as pessoas (sujeitos) que
trabalham com livros, jornais, periódicos etc. não gozam de imunidade. De igual forma, não é qualquer
bem que goza da imunidade, mas tão-somente os livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua
impressão. Assim, por exemplo, a imunidade não abrange:
• os carros da editora/jornal (deverão pagar IPVA);
• os imóveis da editora/jornal (deverão pagar IPTU).

O conteúdo do jornal, da revista ou do periódico influencia no reconhecimento da imunidade? O Fisco


pode cobrar o imposto se a revista não tiver “conteúdo cultural”? NÃO. Não importa o conteúdo do livro,
jornal ou periódico. Assim, um livro sobre piadas, um álbum de figurinhas ou uma revista pornográfica
gozam da mesma imunidade que um compêndio sobre Medicina ou História. Em suma, todo livro, revista
ou periódico é imune, considerando que a CF/88 não estabeleceu esta distinção, não podendo ela ser feita
pelo intérprete (STF RE 221.239/SP).

Imunidade incondicionada: A norma constitucional que prevê a imunidade cultural é dotada de eficácia
plena e aplicabilidade imediata, não precisando de lei para regulamentá-la. Por essa razão, é classificada
como uma imunidade incondicionada (não depende do preenchimento de nenhuma condição prevista em
lei, bastando ser livro, jornal, periódico ou o papel destinado à sua impressão).

Conceito de livros: O conceito de livro deve ser utilizado em sentido amplo. Assim, incluem-se aqui os
manuais técnicos e as apostilas (STF RE 183.403/SP).

Livros veiculados em formato digital (e-books) estão abrangidos pela imunidade? SIM. A imunidade de
que trata o art. 150, VI, “d” da CF/88 alcança o livro digital (“e-book”). O STF, apreciando o tema sob a
sistemática da repercussão geral, fixou a seguinte tese:
A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal (CF), aplica-se ao
livro eletrônico (“e-book”), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo. STF.
Plenário. RE 330817/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 8/3/17 (repercussão geral) (Info 856).

A imunidade do art. 150, VI, “d”, da CF/88 não abrange apenas os livros produzidos pelo “ método
gutenberguiano”. Antes de prosseguir na explicação do julgado, é importante esclarecer uma curiosidade:
Johann Gutenberg foi um alemão que, no século XV, teria inventado (ou aperfeiçoado) a máquina de
impressão tipográfica. Antes dele, os livros eram todos manuscritos. Assim, o primeiro livro impresso do
mundo foi feito na máquina desenvolvida por este alemão. Trata-se de uma Bíblia em latim, que ficou
historicamente conhecida como a “Bíblia de Gutemberg”. Desse modo, quando o STF fala em livro
produzido pelo “método gutenberguiano”, o que ele está querendo dizer é livro impresso.

Voltando ao julgado.

O livro pode ser veiculado em diversos tipos de suporte, seja ele tangível (ex: papel) ou intangível (ex:
digital). Aliás, no passado, os livros já foram feitos de diferentes materiais: entrecasca de árvores, folha de
palmeira, bambu reunido com fios de seda, placas de argila, placas de madeira, pergaminho (proveniente
da pele de carneiro) etc. Isso tudo nos leva à conclusão de que o papel é apenas um elemento acidental no
conceito de livro. Quando se fala que algo é um elemento acidental, isso significa que ele pode existir ou
não. Ao contrário, quando se diz que algo é um elemento essencial, obrigatoriamente ele tem que estar
presente. O papel é um elemento acidental (e não essencial) do conceito de livro. Em outras palavras,
existe livro mesmo sem papel. Nas palavras do Min. Dias Toffoli: “o suporte das publicações é apenas o
continente (“corpus mechanicum”) que abrange o conteúdo (“corpus misticum”) das obras e, portanto, não é o
essencial ou o condicionante para o gozo da imunidade.” O fato de os livros eletrônicos permitirem uma maior
capacidade de interação com o leitor/usuário (a partir de uma máquina), em comparação com os livros
contidos nos códices (livros impressos em papel), não é motivo para se negar a eles a imunidade tributária.
O aumento dessa interação é natural e está ligado ao processo evolutivo da cultura escrita trazendo novas
funcionalidades como a busca de palavras, o aumento ou a redução do tamanho da fonte etc. Além disso,
o usuário pode carregar consigo centenas de livros armazenados no leitor digital. Isso tudo facilita a
difusão da cultura.

Os “e-readers”, ou seja, aparelhos eletrônicos utilizados exclusivamente para ler livros digitais também
gozam da imunidade tributária? Ex: um Kindle (Amazon), Lev (Saraiva), Kobo (Livraria Cultura) também
estariam protegidos pela imunidade tributária? SIM. O avanço na cultura escrita fez com que fossem
criadas novas tecnologias para o suporte dos livros, como o papel eletrônico (“e-paper”) e o aparelho
eletrônico para leitura de obras digitais ( “e-reader”). Tais aparelhos tem a função de imitar a leitura em
papel físico. Por essa razão, eles estão igualmente abrangidos pela imunidade cultural, por equipararem-se
aos livros tradicionais. Assim, a partir de uma interpretação teleológica conclui-se que a regra de
imunidade alcança também os aparelhos leitores de livros eletrônicos (“e-readers”) confeccionados
exclusivamente para esse fim. Vale ressaltar que a maioria dos “e-readers” possuem algumas
funcionalidades acessórias ou rudimentares, como a possibilidade de acesso à internet para fazer o
“download” dos livros digitais, dicionários, possibilidade de alteração de tipo e tamanho da fonte,
marcadores, espaçamento, iluminação do texto etc. Essas funcionalidades são acessórias e têm por objetivo
permitir a função principal: a leitura. Por essa razão, mesmo com essas funcionalidades, os “e-readers” são
considerados como um suporte utilizado exclusivamente para fixar o livro eletrônico e, portanto, gozam
de imunidade.

É possível ler livros digitais em “smartphones”, “tablets” e “laptops”. Isso significa que eles também
devem gozar de imunidade tributária? NÃO. O STF afirmou que a imunidade tributária se aplica ao livro
eletrônico e aos “suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo”. Um “smartphone”, um “tablet” ou um
“laptop” não podem ser considerados suportes utilizados exclusivamente para fixar um livro eletrônico.
Ao contrário, tais aparelhos possuem centenas de funcionalidades e a leitura de livros digitais neles é
apenas uma das possibilidades, podendo até mesmo ser considerada secundária. Dessa forma, os tablets
não gozam da imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da CF/88.

Imagine que o livro digital está contido dentro de um DVD, sendo assim vendido para o público. Esse
DVD gozará de imunidade tributária? SIM. Neste caso, o DVD é apenas um corpo mecânico ou suporte.
Aquilo que está nele fixado (seu conteúdo textual) é o livro. Por essa razão, tanto o suporte (o DVD)
quanto o livro (conteúdo) estão abarcados pela imunidade do art. 150, VI, “d”, da CF/88.

A imunidade tributária alcança também o audiolivro (“áudio book”)? SIM. Para que seja considerado
livro e possa gozar da imunidade não é necessário que o destinatário (consumidor) tenha necessariamente
que passar sua visão pelo texto e decifrar os signos da escrita. Dessa forma, a imunidade alcança o
denominado “audio book” (audiolivro), ou seja, os livros gravados em áudio e que estejam salvos em CD,
DVD ou qualquer outro meio. Essa é a conclusão a que se chega a partir de uma interpretação teleológica
da norma, que tem por objetivo garantir a liberdade de informação, a democratização e a difusão da
cultura, bem como a livre formação da opinião pública. Vale relembrar que os audiolivros cumprem
importante função social por permitirem levar cultura e informação aos cegos e também aos analfabetos.

Havia um argumento no sentido de que durante os debates da constituinte de 1988 foi aventada a
possibilidade de se incluir os livros digitais na imunidade e que isso teria sido expressamente rejeitado, o
que revelaria a intenção do legislador de restringir o benefício ao livro físico. Essa alegação é pertinente?
NÃO. Segundo defendeu o Min. Dias Toffoli, o argumento de que a vontade do legislador histórico foi
restringir a imunidade ao livro editado em papel não se sustenta em face da própria interpretação
histórica e teleológica do instituto. Ainda que se partisse da premissa de que o objetivo do legislador
constituinte de 1988 tivesse sido restringir a imunidade, seria de se invocar, ainda, a interpretação
evolutiva, método interpretativo específico das normas constitucionais. Os fundamentos racionais que
levaram à edição do art. 150, VI, “d”, da CF/88 continuam a existir mesmo quando levados em
consideração os livros eletrônicos, inequívocas manifestações do avanço tecnológico que a cultura escrita
tem experimentado. Utilizando-se de uma interpretação evolutiva da norma, chega-se à conclusão de que
os livros eletrônicos estão sim inseridos no âmbito dessa imunidade tributária.
Componentes eletrônicos que compõem o material didático. Imagine a seguinte situação: determinada
editora comercializa fascículos (uma espécie de apostila) nas quais ensina como montar computadores. O
consumidor que compra esses fascículos recebe também, dentro deles, pequenos componentes eletrônicos
para que ele possa aplicar, na prática, aquilo que está lendo na apostila. Quando a editora vai adquirir
esses componentes eletrônicos para colocar nos fascículos, tais bens serão também imunes? SIM. A parte
impressa (fascículos) e o material demonstrativo (componentes eletrônicos) formam um conjunto com o
qual se ensina como montar as placas de computadores. O Min. Marco Aurélio afirmou que o dispositivo
constitucional que garante imunidade tributária a livros, jornais, periódicos e ao papel destinado a sua
impressão deve ser interpretado de forma ampliada para abranger peças e componentes a serem
utilizados como material didático que acompanhe publicações. O art. 150, inciso VI, “d”, da CF/88 deve
ser lido de acordo com os avanços tecnológicos ocorridos desde sua promulgação, em 1988. Desde então,
ocorreram diversos avanços no campo da informática. O Direito, a Constituição e o STF não podem ficar
avessos às transformações, sob pena de se tornarem obsoletos. Afirmou ainda que, na medida do possível,
o Supremo deve ser intérprete contemporâneo das normas. Para o Ministro, o “constituinte originário não
poderia antever tamanho avanço tecnológico”. No caso concreto, essas pequenas peças nada representam
sem o curso teórico, ou seja, as ditas “pecinhas” nada mais são do que partes integrantes dos fascículos,
estando, portanto, esse conjunto abarcado pela referida imunidade tributária. O STF apreciou o caso sob a
sistemática da repercussão geral e fixou a seguinte tese:
A imunidade da alínea “d” do inciso VI do art. 150 da CF/88 alcança componentes eletrônicos
destinados, exclusivamente, a integrar unidade didática com fascículos. STF. Plenário. RE
595676/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 8/3/17 (repercussão geral) (Info 856).

Jornais: Os jornais gozam de imunidade, mesmo que contenham publicidade em seu corpo (anúncios,
classificados etc.), considerando que isso constitui fonte de renda necessária para continuar a difusão da
cultura (Ricardo Alexandre). Contudo, algumas vezes, junto com o jornal vêm alguns folhetos separados
contendo publicidade de supermercados, lojas etc. Tais encartes publicitários não são parte integrante
(indissociável) do jornal e não se destinam à difusão da cultura (possuem finalidade apenas comercial),
razão pela qual NÃO gozam de imunidade (RE 213.094/ES).

Papel: O papel utilizado para a impressão de livros, jornais e periódicos também é imune. Não importa o
tipo e a qualidade do papel. Basta que ele seja utilizado para a produção de livros, jornais e periódicos.

Filmes e papeis fotográficos: A imunidade pode abranger filmes e papeis fotográficos:


Súmula 657-STF: A imunidade prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal abrange os
filmes e papeis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.

Chapas de impressão: NÃO são imunes: A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, "d," da CF/88
deve ser interpretada finalisticamente à promoção da cultura e restritivamente no tocante ao objeto, na
medida em que alcança somente os insumos assimiláveis ao papel. STF. 1ª Turma. ARE 930133 AgR-ED,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/09/2016.

Listas telefônicas: são imunes: A edição de listas telefônicas goza de imunidade tributária prevista no art.
150, VI, "d", da CF/88. A imunidade tributária prevista em prol de livros, jornais, periódicos e o papel
destinado a sua impressão, ostenta caráter objetivo e amplo, alcançando publicações veiculadoras de
informações genéricas ou específicas, ainda que desprovidas de caráter noticioso, discursivo, literário,
poético ou filosófico. STF. 1ª T. RE 794285 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, j. 24/5/16.

Papel para propaganda: não é imune: Os veículos de comunicação de natureza propagandística de índole
eminentemente comercial e o papel utilizado na confecção da propaganda não estão abrangidos pela
imunidade definida no art. 150, VI, "d", da CF/88, uma vez que não atendem aos conceitos constitucionais
de livro, jornal ou periódico contidos nessa norma. STF. 2ª Turma. ARE 807093 ED/MG, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 05/08/2014.

Serviços de distribuição de livros, jornais e periódicos: NÃO são imunes: A jurisprudência do STF é firme
no sentido de que a distribuição de periódicos, revistas, publicações, jornais e livros não está abrangida
pela imunidade tributária da alínea “d” do inciso VI do art. 150 da CF/88. STF. 2ª Turma. RE 630462 AgR,
Rel. Min. Ayres Britto, julgado em 07/02/2012.

Serviços de composição gráfica: NÃO são imunes: Segundo o STF, as prestadoras de serviços de
composição gráfica, que realizam serviços por encomenda de empresas jornalísticas ou editoras de livros
não estão abrangidas pela imunidade tributária prevista no art. 150, VI, d, da CF. As empresas que fazem
composição gráfica para editoras, jornais etc. são meras prestadoras de serviço e, por isso, a elas não se
aplica a imunidade tributária. STF. 2ª Turma. RE 434826 AgR/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o
acórdão Min. Celso de Mello, julgado em 19/11/2013 (Info 729).

O maquinário para impressão de livros goza de imunidade tributária? NÃO.


A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da CF/88, não abarca o maquinário utilizado
no processo de produção de livros, jornais e periódicos. A imunidade tributária visa à garantia e
efetivação da livre manifestação do pensamento, da cultura e da produção cultural, científica e
artística. Assim, é extensível a qualquer material assimilável a papel utilizado no processo de
impressão e à própria tinta especial para jornal, mas não é aplicável aos equipamentos do parque
gráfico, que não são assimiláveis ao papel de impressão, por não guardarem relação direta com a
finalidade constitucional do art. 150, VI, “d”, da CF/88. STF. 1ª T., ARE 1100204/SP, rel. orig. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, j. 29/5/18 (Info 904).

(TJMA-2022-CESPE):  De acordo com a Constituição Federal de 1988 e a jurisprudência do Supremo


Tribunal Federal acerca da ordem econômica e financeira, das finanças públicas, bem como do Sistema
Tributário Nacional, assinale a opção correta: A imunidade tributária cultural aplica-se à importação e
comercialização, no mercado interno, dos livros eletrônicos (e-books) e dos suportes exclusivamente
utilizados para fixa-los, como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda que possuam funcionalidades
acessórias. BL: SV 57, SV.

SÚMULA VINCULANTE 58

Inexiste direito a crédito presumido de IPI relativamente à entrada de insumos isentos, sujeitos à alíquota
zero ou não tributáveis, o que não contraria o princípio da não cumulatividade.

OBS:

IPI: IPI é a sigla para Imposto sobre Produtos Industrializados. Trata-se de um tributo federal que incide
sobre a produção e a circulação de produtos industrializados. O IPI foi instituído por meio da Lei nº
4.502/64.

Fato gerador do IPI: Segundo o art. 46 do CTN, o IPI possui três fatos geradores:
I - o desembaraço aduaneiro do produto industrializado, quando de procedência estrangeira;
II - a saída do produto industrializado do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial;
III - a arrematação do produto industrializado, quando apreendido ou abandonado e levado a
leilão.

Princípio da não-cumulatividade: O IPI é um imposto não cumulativo (art. 153, § 3º, II, da CF/88), o que
significa que é possível compensar o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas
anteriores, ou seja, o valor pago na operação imediatamente anterior pode ser abatido do mesmo imposto
em operação posterior (art. 49 do CTN).
“A cada aquisição tributada de insumo, o adquirente registra como crédito o valor do tributo incidente na
operação. Tal valor é um ‘direito’ do contribuinte, consistente na possibilidade de recuperar o valor incidente
nas operações subsequentes (é o ‘IPI a recuperar’).
A cada alienação tributada de produto, o alienante registra como débito o valor do tributo incidente na
operação. Tal valor é uma obrigação do contribuinte, consistente no dever de recolher o valor devido aos cofres
públicos federais ou compensá-los com os créditos obtidos nas operações anteriores (trata-se do ‘IPI a
recolher’).
Periodicamente, faz-se uma comparação entre os débitos e créditos. Caso os débitos sejam superiores aos
créditos, o contribuinte deve recolher a diferença aos cofres públicos. Caso os créditos sejam maiores, a
diferença pode ser compensada posteriormente ou mesmo, cumpridos determinados requisitos, ser objeto de
ressarcimento.” (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário esquematizado. Salvador: Juspodivm,
2019, p. 681-682).

Exemplo de aplicação do princípio da não cumulatividade: Imaginemos uma indústria que fabrica
computadores. Ela precisa comprar os insumos que são utilizados na fabricação dos seus bens. Exs:
precisa adquirir os plásticos que são utilizados no computador, comprar os metais que são empregados
nos dispositivos eletrônicos etc. Quando essa indústria compra cada um desses insumos, ela paga um
preço para o fornecedor. Ocorre que esse fornecedor pagou um valor de IPI e embutiu no preço o valor
deste IPI. Ex: suponhamos que a indústria pagou R$ 100 mil para o fornecedor do plástico; imagine que de
R$ 100 mil, R$ 10 mil é referente ao IPI, ou seja, essa quantia é custo de IPI que o fornecedor repassou para
a indústria. Vamos agora imaginar que a indústria vendeu os computadores e, por essa venda, foi cobrada
R$ 500 mil de IPI. Como a indústria já pagou R$ 10 mil na aquisição dos insumos, vai utilizar esse crédito
para descontar do valor do IPI e assim só irá pagar R$ 490 mil de IPI pelas vendas. Isso é a não
cumulatividade.

Entrada de insumos isentos, sujeitos à alíquota zero ou não tributáveis: não há direito a crédito
presumido: Quando a operação anterior é isenta, não existe direito de crédito em favor do adquirente. Isso
porque, segundo a técnica da não cumulatividade, prevista no art. 153, § 3º, II, da CF/88, somente é
possível creditar o imposto que foi cobrado na operação anterior:
Art. 153. (...)
§ 3º O imposto previsto no inciso IV (obs: IPI): (...)
II – será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante
cobrado nas anteriores;

Se não foi cobrado imposto (por ser isento, sujeito à alíquota zero ou não tributável), não é possível
creditamento do IPI.

Exemplo: Morlan S/A é uma indústria que comprou insumos da empresa Tecno S/A. A adquirente pediu
para ter direito ao crédito de IPI relativo a essa compra. Ocorre que os insumos que a Morlan comprou da
empresa Tecno são isentos do pagamento de IPI. Diante disso, a Receita Federal afirmou que a Morlan não
teria direito a creditamento. Isso porque se a operação é isenta, ela não gera crédito de IPI. Assim, não
houve imposto efetivamente cobrado. A posição da Receita Federal está em harmonia com o entendimento
do STF cristalizado na SV 58.

Por que não há violação ao princípio da não-cumulatividade? O princípio da não-cumulatividade é


alicerçado no direito que o contribuinte possui à compensação. Isso significa que o valor a ser pago na
operação posterior sofre a diminuição do que foi pago anteriormente. Assim, se nada de IPI foi pago na
entrada do produto, nada há a ser compensado na operação seguinte. Logo, o aproveitamento dos créditos
do IPI não se caracteriza quando a matéria-prima utilizada na fabricação de produtos tributados reste
desonerada, sejam os insumos isentos, sujeitos à alíquota zero ou não tributáveis. Isso porque a
compensação com o montante devido na operação subsequente pressupõe, necessariamente, a existência
de crédito gerado na operação anterior, o que não ocorre nas hipóteses exoneratórias.

Exceção: Zona Franca de Manaus: A Amazônia é uma região de enorme relevância para o Brasil e o
mundo em razão de sua biodiversidade. Em razão disso, existe uma grande pressão interna e até
estrangeira para que essa área seja preservada. Diante desse cenário, decidiu-se que seria interessante criar
um polo industrial em Manaus, capital do Amazonas, a fim de permitir que as pessoas tivessem emprego
e não precisassem explorar, de forma desordenada, os recursos naturais existentes principalmente no
interior no Estado. O Decreto-Lei nº 288/1967 estabelece que a Zona Franca de Manaus é uma área de livre
comércio. Assim, as indústrias que se instalam na Zona Franca de Manaus gozam de incentivos fiscais,
como a isenção total ou parcial de alguns impostos e contribuições federais, como é o caso do IPI, do
imposto de importação, do imposto de renda e do PIS/PASEP. A Zona Franca de Manaus é também
prevista no art. 40 do ADCT da CF/88. Diante dessas peculiaridades, o STF entende que, com relação à
Zona Franca de Manaus é devido o aproveitamento de créditos de IPI mesmo se a operação anterior é
isenta. Isso porque há, neste caso, uma exceção constitucionalmente justificada à técnica da não
cumulatividade (art. 153, § 3º, II), que legitima o tratamento diferenciado. Assim, se uma indústria de São
Paulo, por exemplo, comprar insumos de uma empresa localizada na Zona Franca de Manaus, essa
indústria terá direito ao creditamento de IPI mesmo sendo essa venda isenta de IPI. O STF firmou essa tese
em sede de repercussão geral:
Há direito ao creditamento de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na entrada de
insumos, matéria-prima e material de embalagem adquiridos junto à Zona Franca de Manaus sob o
regime da isenção, considerada a previsão de incentivos regionais constante do art. 43, § 2º, III, da
Constituição Federal, combinada com o comando do art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias. STF. Plenário. RE 592891/SP, Rel. Min. Rosa Weber e RE 596614/SP, rel. Min. Marco
Aurélio, red. p/ ac. Min. Edson Fachin, j. 24 e 25/4/19 (Repercussão Geral – Tema 322) (Info 938).

Lei nº 9.779/99: O art. 11 da Lei nº 9.779/99 prevê o seguinte:


Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, acumulado em cada
trimestre-calendário, decorrente de aquisição de matéria-prima, produto intermediário e material
de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota
zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos ,
poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 27 de
dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério
da Fazenda.
Esse art. 11 não fica prejudicado com a edição da SV 58. Isso porque são situações diversas:
• SV 58: trata da hipótese em que o insumo entra na indústria e essa aquisição é isento, tem alíquota
zero ou não é tributável. Neste caso, quando houver a saída do produto da indústria e nessa saída
houver cobrança de IPI, não será possível a utilização de créditos pela entrada dos insumos.
Resumindo: aqui temos a entrada desonerada, com a saída onerada.
• Art. 11 da Lei nº 9.779/99: trata da situação na qual as operações anteriores foram oneradas com o
IPI e a final, a da ponta, não o foi. Então, para que não fique esvaziado em parte este último
benefício, tem-se a consideração do que devido e cobrado anteriormente. Resumindo: aqui temos a
entrada onerada e a saída desonerada.

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