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DIREITO CONSTITUCIONAL

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

O direito à liberdade de expressão artística previsto constitucionalmente não exclui a


possibilidade de o poder público exigir licença prévia para a realização de
determinadas exposições de arte ou concertos musicais.
(CESPE – 2018 – ABIN – Agente de Inteligência)

COMENTÁRIOS:

A questão possui certo índice de dificuldade, pois correlaciona dois dispositivos


constitucionais, que se complementam. Perceba, de início, que a CF assim aduz sobre
o direito fundamental à liberdade artística:

Art. 5º, IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,


científica e de comunicação, ​independentemente de censura
ou licença​;

Dessa forma, o aluno não pode confundir o mencionado acima com a possibilidade de
a União exercer a classificação, para efeito indicativo, das diversões públicas e
programas de rádio e televisão, o que NÃO configura um ato de licença. Vejamos:

Art. 21 Compete à União: (...) XVI - exercer a classificação, para


efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio
e televisão;

O erro reside, dessa forma, na exigência de licença prévia!

Aprofundamento​: A Banca Cespe explora bastante em suas questões a jurisprudência


dos Tribunais Superiores, razão pela qual o candidato deve estar atento às decisões
proferidas pelas Cortes. Nesse sentido, revisaremos importante julgado sobre o
dispositivo acima mencionado:

A classificação dos produtos audiovisuais busca esclarecer,


informar, indicar aos pais a existência de conteúdo inadequado
para as crianças e os adolescentes. O exercício da liberdade de
programação pelas emissoras impede que a exibição de
determinado espetáculo dependa de ação estatal prévia. ​A
submissão ao Ministério da Justiça ocorre, exclusivamente,

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para que a União exerça sua competência administrativa
prevista no inciso XVI do art. 21 da Constituição, qual seja,
classificar, para efeito indicativo, as diversões públicas e os
programas de rádio e televisão, o que NÃO se confunde com
autorização. Entretanto, essa atividade NÃO pode ser
confundida com um ato de licença, NEM confere poder à
União para determinar que a exibição da programação
somente se dê nos horários determinados pelo Ministério da
Justiça, de forma a caracterizar uma imposição, e não uma
recomendação. NÃO há horário autorizado, mas horário
recomendado. Esse caráter autorizativo, vinculativo e
compulsório conferido pela norma questionada ao sistema de
classificação, data vênia, não se harmoniza com os arts. 5º, IX;
21, XVI; e 220, § 3º, I, da Constituição da República. Permanece
o dever das emissoras de rádio e de televisão de exibir ao
público o aviso de classificação etária, antes e no decorrer da
veiculação do conteúdo, regra essa prevista no parágrafo único
do art. 76 do ECA, sendo seu descumprimento tipificado como
infração administrativa pelo art. 254, ora questionado (não
sendo essa parte objeto de impugnação). Essa, sim, é uma
importante área de atuação do Estado.
(...)
[ADI 2.404, rel. min. Dias Toffoli, j. 31-8-2016, P, DJE de
1º-8-2017.]

GABARITO: ERRADO

A competência do júri para o julgamento de crimes dolosos contra a vida não é


absoluta e pode ser excepcionada por regra da própria CF, como, por exemplo, o
julgamento de prefeitos pelo TJ.
(CESPE – 2015 – PGM/Salvador-BA – Procurador)

COMENTÁRIOS:

Questão também bem recorrente em prova organizada pela Banca Cespe, que pode
ser resolvida pelo texto da Constituição, apesar de haver alguns pontos jurisprudências
correlatos importantes.

A CF/88 prevê que o Prefeito será julgado no Tribunal de Justiça, vejamos:

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Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois
turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por
dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os
seguintes preceitos: (...) X - julgamento do Prefeito perante o
Tribunal de Justiça.

Em assim sendo, tal prerrogativa de foro prevalece frente à regra geral do Tribunal do
Júri. Sobre a temática, vejamos o que entende o STF:

EMENTA: Recurso extraordinário. Competência. Prefeito


Municipal, denunciado por crime de homicídio. Constituição
Federal, art. 29, VIII. ​O Tribunal de Justiça do Estado processa e
julga, originariamente, os Prefeitos Municipais, nos crimes
comuns, da competência da Justiça estadual, incluídos os
crimes dolosos contra a vida​. Não incide, na espécie, o art. 5º,
XXXVIII, letra "d", da Constituição, quanto à competência do
Júri, para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Cede a
norma geral de competência, diante da regra especial que
dispõe sobre foro por perrogativa de função. Não pode
prevalecer norma da Constituição estadual que, porventura,
afete ao Júri o julgamento de Prefeitos Municipais acusados da
prática de crime doloso contra a vida. Constituição Federal, art.
22, I. [...] STF RE 162966 RS

Atenção​ nas súmulas do STF correlatas ao assunto:

Enunciado 702: A competência do Tribunal de Justiça para


julgar prefeitos restringe-se aos crimes de competência da
justiça comum estadual; nos demais casos, a competência
originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.

Enunciado vinculante 45-STF: A competência constitucional do


Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de
função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual.

GABARITO: CORRETO

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DIREITO DO TRABALHO

TERCEIRIZAÇÃO

Em convenção coletiva do trabalho, estabeleceu-se cláusula que proíbe determinado


condomínio residencial de contratar empregados terceirizados — porteiros,
zeladores e prestadores de serviços gerais — para a realização de atividade fim.
Nessa situação hipotética, de acordo com o entendimento do TST, essa cláusula deve
ser considerada nula, pois limitou a iniciativa empresarial para a consecução de
objetivo considerado regular e lícito, em desacordo, portanto, com o princípio da
livre concorrência.
(CESPE - 2018 – PGM/João Pessoa- PB – Procurador)

COMENTÁRIOS:

Diante da divergência dentro do TST quanto à matéria, essa questão infelizmente não
poderia ter sido cobrada em primeira fase, mas a Cespe cobrou!

Ressalvamos para vocês que isso não é muito comum de ocorrer nas provas
organizadas pelo Cespe, que geralmente prezam pela justeza com os candidatos.

De qualquer forma, importante você conhecer a divergência que existe na matéria e,


caso esse tipo de questão seja cobrada em sua prova, tentar perceber pela leitura da
assertiva em relação à qual dos julgados o examinador está se referindo. Penso que,
somente assim, é possível garantir a pontuação do item.

Vejamos os julgados divergentes:

Ação anulatória. Cláusula convencional que proíbe os


condomínios de contratarem empregados terceirizados.
Nulidade. Ofensa ao princípio constitucional da livre
concorrência. A SDC, por unanimidade, conheceu de recurso
ordinário e, no mérito, por maioria, deu-lhe provimento ​para
declarar a nulidade de cláusulas de convenções coletivas de
trabalho que proíbem aos condomínios residenciais e
comerciais a contratação de mão de obra terceirizada para a
execução de serviços definidos pelas partes como atividade
fim​. Na espécie, prevaleceu o entendimento de que as referidas
cláusulas, ao impedir que as atividades de zelador, de porteiro,
de vigilante e de serviços gerais, entre outras, sejam

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executadas por empresas terceirizadas, além de afastar o
permissivo da Súmula n° 331 do TST, limitaram a iniciativa
empresarial para a consecução de objetivo considerado regular
e lícito, em desacordo, portanto, com o princípio da livre
concorrência consagrado no art. 170, IV, e parágrafo único, da
CF. Vencidos os Ministros Mauricio Godinho Delgado, Kátia
Magalhães Arruda, Maria de Assis Calsing e Fernando Eizo Ono.
TST-RO-121-39.2014.5.10.0000, SDC, rel. Min. Mauricio
Godinho Delgado, red. p/ acórdão Min. Dora Maria da Costa,
12.3.2018 (Informativo 174)

Ação anulatória. Cláusula convencional que proíbe os


condomínios de contratarem empregados terceirizados.
Validade. Princípio da adequação setorial negociada. ​São
válidas cláusulas de termo aditivo de convenção coletiva de
trabalho que proíbem aos condomínios residenciais e
comerciais a contratação de mão de obra terceirizada para a
execução de serviços definidos pelas partes como atividade
fim (zelador, garagista, porteiro, trabalhador de serviços
gerais e faxineiro). Na espécie, registrou-se que as normas
firmadas pelos convenentes apenas vedam a utilização de
empresas interpostas nos serviços de limpeza, portaria, etc,
sem adentrar na questão da validade ou não da terceirização
das referidas atividades. Ademais, pelo princípio da adequação
setorial negociada, as normas autônomas, oriundas de
negociações entre as categorias profissional e patronal,
prevalecem sobre as regras estatais de proteção ao trabalho,
desde que não avancem sobre direitos de indisponibilidade
absoluta. De outra sorte, não há falar em ofensa ao princípio
constitucional da livre iniciativa, pois a opção dos convenentes
tem aplicação restrita às categorias representadas, sem
imposição direta a terceiros. Sob esses fundamentos, a SDC,
por maioria, conheceu dos recursos ordinários e, no mérito,
negou-lhes provimento para manter a decisão do Tribunal
Regional que julgara improcedente a ação anulatória. Vencidos
os Ministros Emmanoel Pereira, Aloysio Corrêa da Veiga, Ives
Gandra Martins Filho e Dora Maria da Costa.
TST-RO-332-46.2012.5.10.0000, SDC, rel. Min. Kátia Magalhães
Arruda, 11.6.2018. (Informativo 180)

GABARITO: CERTO

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

PROCESSO EM GERAL. PROCEDIMENTOS EM DISSÍDIOS INDIVIDUAIS

No processo trabalhista, serão devidos honorários de sucumbência ao advogado,


ainda que ele tenha atuado em causa própria.
(CESPE – 2018 – MPU – Analista)

COMENTÁRIOS:

Alteração IMPORTANTÍSSIMA operada pela Reforma de 2017!

O conhecimento acerca do conteúdo do artigo 791-A da CLT é de elevada importância,


pois tal dispositivo tem sido cobrado em quase toda prova Cespe realizada pós 2017, e
certamente terá lugar nas próximas provas.

Vejamos o dispositivo completo e depois analisemos um quadro-resumo para auxiliar


na memorização do tema:

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria,


serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o
mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa.
§1º Os honorários são devidos também nas ações contra a
Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou
substituída pelo sindicato de sua categoria.
§2º Ao fixar os honorários, o juízo observará:
I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para
o seu serviço.
§3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará
honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação
entre os honorários.

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§4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não
tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos
capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de
sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de
exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois
anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as
certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação
de insuficiência de recursos que justificou a concessão de
gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações
do beneficiário.
§5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.

Fechando os comentários dessa questão trazemos um quadro resumo a fim de auxiliar


na revisão desse dispositivo de forma mais rápida:

Cabe honorário de sucumbência no SIM


processo do trabalho?
Qual valor? Igual do CPC? De 10 à 20%? NÃO, no processo do trabalho o
percentual é de 5 a 15%
Mesmo em causa própria, o advogado SIM
recebe?
E em reconvenção? Também cabe
Se a ação for contra a Fazenda? E se a Haverá também condenação em
parte estiver representada por honorários
sindicato?
E se houve sucumbência recíproca, NÃO, cada advogado recebe o seu
como faz? Pode compensar? valor, vedada a compensação
E o beneficiário da justiça, terá que Em regra, SIM!
pagar também?
Em regra? Então pode ser que ele não SIM, quando não tenha obtido em juízo,
pague? ainda que em outro processo, créditos
capazes de suportar a despesa.
E nesse caso, ele simplesmente ficará NÃO, ficarão sob condição suspensiva
livre desse ônus? de exigibilidade e poderão ser
executadas se, nos dois anos
subsequentes ao trânsito o credor
demonstrar que deixou de existir a
situação de insuficiência de recursos

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que justificou a concessão de
gratuidade!
E depois desses dois anos, ele SIM, nesse caso a obrigação será
finalmente estará totalmente livre? extinta.

GABARITO: CERTO

DIREITO FINANCEIRO

LEIS ORÇAMENTÁRIAS

O PPA traça o planejamento de longo prazo, estabelece diretrizes, objetivos e metas


da administração pública federal para as despesas correntes e para as despesas
relativas aos programas de duração continuada.
(CESPE – 2019 – PGM Campo Grande/MS – Procurador do Município)

COMENTÁRIOS:

Há dois erros na questão! Um deles, mais fácil de notar, e deriva do próprio texto
constitucional. Nesse sentido, o Plano Plurianual (PPA) irá prever o “​DOM​”
(​D​iretrizes+​O​bjetivos+​M​etas) da Administração federal para despesas DE CAPITAL e
outras dela decorrentes!

Muita atenção nesse ponto, pois a Banca Cespe já cobrou diversas vezes esse
dispositivo, não erre mais. Observe o texto normativo:

Art. 165 (...) §1º A lei que instituir o plano plurianual


estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e
metas da administração pública federal ​para as DESPESAS DE
CAPITAL e outras delas decorrentes e para as relativas aos
programas de duração continuada​.

O outro erro é doutrinário. O Cespe, assim como a maioria da doutrina, adota o


entendimento que o PPA se refere ao planejamento ​de MÉDIO prazo​. Observe outras
questões, da mesma banca, no qual esse entendimento foi adotado:

Cespe – 2014 – PF - O plano plurianual — instrumento de


planejamento de médio prazo do governo federal — estabelece
objetivos e metas para despesas de capital, incluindo-se

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despesas correntes necessárias a investimentos a serem
realizados durante mais de um exercício financeiro. (Certo)

Cespe - 2011 – TER/ES - Entre os instrumentos de planejamento


obrigatoriamente elaborados a cada mandato do chefe do
Poder Executivo, o único considerado de médio prazo é o plano
plurianual. (Certo)

GABARITO: ERRADO

DIREITO CIVIL

T​ anto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas podem sofrer danos morais.
(CESPE - PGM/RR – 2019 - Procurador do Município)

COMENTÁRIOS:

De acordo com o entendimento do STJ, a pessoa jurídica pode sofrer dano moral
quanto à sua honra objetiva:

Súmula 227: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

Apesar disso, o STJ entende as ​pessoas jurídicas de direito PÚBLICO não podem sofrer
dano moral (​veja o informativo 534). ALTERAR ISSO, COLOCAR O NUMERO DO
JULGADO E FUNDAMENTOS, RESUMO RÁPIDÃO

Por fim, destaca-se o seguinte enunciado do CJF:

Enunciado 189 da III jornada de Direito Civil: Na


responsabilidade civil por dano moral causado à pessoa
jurídica, o fato lesivo, como dano eventual, deve ser
devidamente demonstrado (2004, aprovado pela comissão de
responsabilidade civil, contratos e obrigações, e está de acordo
com a súmula do STJ e com o CC).

GABARITO: CERTO

O Código Civil dispõe que “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”
e que “a personalidade civil da pessoa começa com o nascimento com vida”.
Considerando-se os conceitos de capacidade e personalidade, é correto afirmar que a

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pessoa passa, a partir do nascimento com vida, a ser sujeito de direitos e de deveres,
e a ocorrência desse requisito determina consequências de alta relevância, incluindo
aspectos sucessórios​.
(CESPE - 2019 - MPE-PI - Promotor de Justiça Substituto)

COMENTÁRIOS:

De acordo com o Código Civil:

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento


com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos
do nascituro.

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Nesse contexto, Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona lecionam que:

A pessoa natural, para o direito, é o ser humano, enquanto


sujeito/destinatário de direitos e obrigações. O seu surgimento,
segundo a dicção legal, ocorre a partir do nascimento com vida
(art. 2º do CC/2002). No instante em que principia o
funcionamento do aparelho cardiorrespiratório, clinicamente
aferível pelo exame de docimasia hidrostática de Galeno, o
recém-nascido adquire personalidade jurídica, tornando-se
sujeito de direito, mesmo que venha a falecer minutos depois.
Ao menos aparentemente essa teria sido a opção do legislador
brasileiro, na medida em que tradicional corrente doutrinária
defende a denominada ​teoria natalista​.

É necessário frisar uma observação pertinente sobre os nascituros. O nascituro tem


resguardado os seus direitos sucessórios e, assim, possui legitimidade para suceder.
TODAVIA, trata-se de uma legitimação condicional, vez que somente irá dispor dos
direitos sucessórios se nascer com vida.

GABARITO: CERTO

DIREITO TRIBUTÁRIO

CONCEITO DE TRIBUTO E ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

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GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de Direito Civil. São Paulo: Saraiva. 2020.

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A contribuição de melhoria tem por objetivo custear obra pública e evitar
enriquecimento ilícito do proprietário de imóvel valorizado pela mesma edificação.
(EBSERH Advogado 2018)

COMENTÁRIOS:
Inicialmente, destaque-se que o CTN determina que:

Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos


Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito
de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao
custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária,
tendo como limite total a despesa realizada e como limite
individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada
imóvel beneficiado.

Esse foi o fundamento para a questão ter sido considerada correta pelo CESPE.

Entretanto, esse entendimento merece algumas ressalvas.

A melhor doutrina entende que a contribuição de melhoria não serve para custear a
obra em si, afinal, não pode ser cobrada antes de sua realização, mas é DECORRENTE
da obra, ASSOCIADA à valorização imobiliária posterior.

A contribuição de melhoria é um tributo vinculado, ou seja, depende de um fato/ato


do Ente Público.

No caso, a realização da obra pública. Não pode é o Estado, antes mesmo de a obra ser
iniciada, pretender que os particulares da área respectiva a financiem, sem saber,
sequer, se haverá, de fato, valorização imobiliária.

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Nesse sentido, Ricardo Alexandre :

Como a contribuição é decorrente de obra pública e não para a


realização de obra pública, não é legítima a sua cobrança com o
intuito de obter recursos a serem utilizados em obras futuras,
uma vez que a valorização só pode ser aferida após a conclusão
da obra. Excepcionalmente, porém, o tributo poderá ser
cobrado em face de realização de parte da obra, desde que a
parcela realizada tenha inequivocamente resultado em
valorização dos imóveis localizados na área de influência.
2
ALEXANDRE. Ricardo. Direito Tributário. Salvador: Juspodivm.

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Por fim, outro guia para tal cobrança é justamente evitar o enriquecimento sem causa
dos particulares que se beneficiaram com a valorização imobiliária decorrente da obra
pública. Isso está associado ao princípio da solidariedade social.

GABARITO: CERTO

A vontade do sujeito passivo é irrelevante na relação tributária.


(CESPE – 2017 - TRE PE - Analista)
COMENTÁRIOS:

O CTN assim aduz:


Art. 3º Tributo é toda ​prestação pecuniária compulsória​, em
moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua
sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.

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Comentando sobre a caráter compulsório dos tributos, Ricardo Alexandre assevera
que:
O tributo é receita derivada, cobrada pelo Estado, no uso de
seu poder de império. O dever de pagá-lo é, portanto, imposto
pela lei, sendo irrelevante a vontade das partes (credor e
devedor). É verdade que somente a lei pode obrigar alguém a
fazer ou deixar de fazer alguma coisa (CF, art. 5​o​, II); assim, toda
obrigação tem a lei por fonte (ao menos mediata).​ ​(Grifei)

Diante disso, a assertiva está certa.

GABARITO: CERTO

DIREITO ADMINISTRATIVO

INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

O poder de polícia e os serviços públicos são exemplos de atividades que integram o


conceito de administração pública sob o critério material.
(CESPE – 2015 – Procurador do Tribunal de Contas - TCU)

3
Idem.

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COMENTÁRIOS:

De acordo com a doutrina, Administração Pública em sentido ​subjetivo, orgânico ou


formal é o conjunto de agentes, órgãos e entidades públicas que exercem a função
administrativa.

Por sua vez, Administração Pública em sentido ​objetivo, funcional ou material​, mais
adequadamente denominado “administração pública “ (com iniciais minúsculas), é a
atividade estatal consistente em defender concretamente o interesse público.

Critério material/ objetivo/ funcional: atividades administrativas;


Critério formal/ subjetivo/ orgânico: sujeitos da Administração.

Dentro das atividades precípuas da administrativas, a doutrina elenca: prestação de


serviços públicos, o exercício do poder de polícia, a realização de atividade de fomento
e a atividade de intervenção.

De uma forma simplificada, conceituam-se as atividades administrativas:

a) Prestação de serviços públicos: Oferecimento de prestações materiais à


população com vista à satisfação de necessidades essenciais ou secundárias;

b) Exercício do poder de polícia: Limitação e condicionamento, pelo Estado, de


liberdades e direitos privados em favor do interesse público;

c) Atividade de fomento: Incentivo a setores sociais específicos, estimulando o


desenvolvimento da ordem social e econômica;

d) Atividade de intervenção: Intervenção do Estado na propriedade privada, na


ordem econômica (regulação) e no domínio social.

Logo, o descrito no enunciado está correto.

GABARITO: CERTO
PRINCÍPIOS

Embora não estejam previstos expressamente na Constituição vigente, os princípios


da indisponibilidade, da razoabilidade e da segurança jurídica devem orientar a
atividade da administração pública.
(CESPE – 2018 – STM - Técnico Judiciário (área administrativa))

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COMENTÁRIOS:

O artigo 37 da Constituição Federal elenca cinco princípios norteadores da


Administração Pública, quais sejam, l​ egalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência.

Além dos princípios expressos no ​caput artigo 37, há outros princípios do direito
administrativo expressos na Constituição.

Ademais, a doutrina elenca outros princípios basilares da atividade administrativa, que


podem estar expressos nas leis esparsas de direito administrativo, ou mesmo se tratar
de um princípio implícito (que não está expresso em alguma lei).

Citam-se os seguintes princípios:

Supraprincípios:
- Supremacia do Interesse público
- Princípio da indisponibilidade do interesse público

Princípios Constitucionais:
- Princípio da participação (art. 37, §3º, da CF)
- Princípio da celeridade processual (art. 5º, LXXVIII, da CF)
- Princípio do devido processo legal formal e material (art.5º, LIV, da CF)
- Princípio do contraditório (art.5º, LV, da CF)
- Princípio da ampla defesa (art.5º, LV, da CF)

Princípios Infraconstitucionais:
- Princípio da autotutela
- Princípio da obrigatória motivação
- Princípio da finalidade
- Princípio da razoabilidade
- Princípio da proporcionalidade
- Princípio da responsabilidade
- Princípio da segurança jurídica
- Princípio da boa administração
- Princípio da sindicabilidade
- Princípio da continuidade do serviço público
- Princípio da descentralização
- Princípio da presunção de legitimidade
- Princípio da isonomia
- Princípio da hierarquia

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