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Brasília, 23 a 27 de abril de 2018 Nº 899

Data de divulgação: 3 de maio de 2018

CNMP: competência normativa e interceptação telefônica


CABE ADI EM FACE DE RESOLUÇÃO DO CNMP, Pois trata-se de ato geral e abstrato
e mesmo que futuras mudanças venha a ocorrer não implica perda o objeto.
O CNMP possui competência para editar resolução, nos termos do artigo 130-A, § 2º, I e
II, da Constituição Federal (CF) (1), com o fim de regular, uniformizar e evitar abusos.
A Resolução em questão em face de interceptações telefônicas, validade e pedido de
dilação, e que neste pedido tem que devidamente fundamentada

Ademais, ressaltou que o ato questionado está em consonância com a jurisprudência do


STF no sentido de que (a) o pedido de prorrogação de interceptação telefônica, para ser válido,
deve estar devidamente justificado e fundamentado; e (b) é necessário transcrever o trecho
completo da conversa, a fim de permitir sua contextualização, vedada a edição, ainda que
dispensada a transcrição completa da interceptação.

(1) Constituição Federal: “Art. 130-A. (...) § 2º Compete ao Conselho Nacional do


Ministério Público o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do
cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo lhe: I - zelar pela autonomia
funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares, no
âmbito de sua competência, ou recomendar providências; II - zelar pela observância do art. 37 e
apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por
membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo desconstituí-los,
revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da
lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas. (...)”.

DIREITO CONSTITUCIONAL – QUEBRA DE SIGILO

Quebra de sigilo e divulgação em site oficial


Os dados obtidos por meio da quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal devem ser
mantidos sob reserva.
Com base nesse entendimento, o Plenário concedeu mandado de segurança para determinar
ao Senado Federal que retire de sua página na Internet os dados obtidos por meio da quebra de
sigilo determinada por comissão parlamentar de inquérito (CPI).

DIREITO CONSTITUCIONAL - CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

CNJ: competência normativa e interceptação telefônica


O Tribunal, por maioria, julgou parcialmente procedente o pedido formulado em ação
direta para declarar a inconstitucionalidade do § 1º (1) do art. 13 da Resolução 59/2008 do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o qual dispõe que não será admitido pedido de
prorrogação de prazo de medida cautelar de interceptação de comunicação telefônica, telemática
ou de informática durante o plantão judiciário, ressalvada a hipótese de risco iminente e grave à
integridade ou à vida de terceiros.

O CNJ é órgão interno de controle administrativo, financeiro e disciplinar da magistratura,


possuindo natureza meramente administrativa. No âmbito de sua competência normativa, lhe é
possível regular as rotinas cartorárias dos órgãos do Poder Judiciário, desde que isso não
implique estender, para além da reserva legal, as hipóteses legalmente autorizadas de

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interceptação das comunicações. Por outro lado, o CNJ não pode criar obrigações que se
estendam a órgãos estranhos ao Poder Judiciário.

O ato normativo em questão, de modo geral, observa tais premissas. Entretanto, em relação
ao § 1º do art. 13 da Resolução 59/2008, o CNJ extrapolou sua competência normativa,
adentrando em seara que lhe é imprópria. Assim, desrespeitou: (a) a competência legislativa
estadual, no que concerne à edição das leis de organização judiciária locais (CF, art. 125, § 1º);
(b) a competência legislativa na União para a edição de normas processuais (CF, art. 22, I); e (c)
a norma constante do art. 5º, XXXV, da CF, no que respeita à inafastabilidade da jurisdição.

DIREITO ADMINISTRATIVO - COMPETÊNCIA

Redistribuição de cargos efetivos e competência do CNJ


O Plenário, por maioria, julgou improcedente o pedido formulado em ação direta de
inconstitucionalidade ajuizada contra o art.6º, inc. I, da Resolução 146/2012 (1) do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ).

Salientou que o prazo de 36 meses previsto no dispositivo impugnado coincide com o


prazo estabelecido no art. 41 da Constituição Federal (CF) [2] relativo à estabilidade do servidor
público, de modo a evidenciar a razoabilidade e a proporcionalidade da resolução e é um
interesse d administração e não do servidor.

DIREITO CONSTITUCIONAL – CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

CNMP: conflito de atribuições e competência


A Corte decidiu que, tratando-se de divergência interna entre órgãos do MP (MP estadual e
MPF), instituição que a Carta da República subordina aos princípios institucionais da unidade e
da indivisibilidade (CF, art. 127, § 1º(1)), cumpre ao próprio Ministério Público identificar e
afirmar as atribuições investigativas de cada um dos seus órgãos em face do caso concreto,
devendo prevalecer, à luz do princípio federativo, a manifestação do Procurador-Geral da
República (PGR). Que dentro a hierarquia da PGR cabe ao Conselho superior ou à CCR –
Câmara de Coordenação e Revisão.

REPERCUSSÃO GERAL

DIREITO CONSTITUCIONAL – DIREITOS FUNDAMENTAIS

Atividade parlamentar e o direito à informação


O Plenário deu provimento a recurso extraordinário e fixou a seguinte tese de repercussão
geral (Tema 832): "O parlamentar/verador, na condição de cidadão, pode exercer plenamente seu
direito fundamental de acesso a informações de interesse pessoal ou coletivo, nos termos do art.
5º, inciso XXXIII(1), da Constituição Federal (CF) e das normas de regência desse direito".

O Tribunal entendeu que o parlamentar, na qualidade de cidadão, não pode ter cerceado o
exercício do seu direito de acesso, via requerimento administrativo ou judicial, a documentos e
informações sobre a gestão pública, desde que não estejam, excepcionalmente, sob regime de
sigilo ou sujeitos à aprovação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O fato de as casas
legislativas, em determinadas situações, agirem de forma colegiada, por intermédio de seus
órgãos, não afasta, tampouco restringe, os direitos inerentes ao parlamentar como indivíduo.

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(1) CF: “Art. 5°. (...) XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações
de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei,
sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado”.

PRIMEIRA TURMA

DIREITO PENAL – CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

Roubo e extorsão e a continuidade delitiva


Por não constituírem delitos da mesma espécie, não é possível reconhecer a continuidade
delitiva na prática dos crimes de roubo e extorsão.

O Colegiado considerou evidente a divisão de desígnios das condutas, uma vez que o
paciente já havia consumado o roubo quando passou a exigir algo que apenas a vítima podia
fornecer, de modo a caracterizar a consumação do crime de extorsão.

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