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Estrutura familiar e

dinâmica social

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Conceito e relevância social do
parentesco:

O termo “família” é derivado do latim “famulus”, este termo foi criado em Roma
para designar um novo grupo social que surgiu entre as tribos latinas, ao serem
introduzidas à agricultura e também escravidão legalizada.
Parentesco é a relação que une duas ou mais pessoas por vínculos de sangue
(descendência/ascendência) ou sociais que vêm sobretudo pelo casamento, onde
a partir daí se vão criando laços e constituindo famílias e assim tornando-as
mais fortes.
Chama-se de parentesco em linha repta quando as pessoas descendem umas
das outras directamente (filho, neto, bisneto, trisneto, tataraneto, etc.), e
parentesco colateral quando as pessoas não descendem uma das outras, mas
possui um ancestral em comum (tios, primos, etc.). O parentesco que temos
com qualquer pessoa sendo pai, mão, tio ou até mesmo prima “liga-nos” de uma
forma mais directa, em que as afinidades e cumplicidades normalmente seriam
muito mais fortes do que com qualquer outra pessoa.

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A família enquanto grupo específico e
diferenciado de outras estruturas sociais:

A família representa um grupo social primário que influencia e é influenciado por


outras pessoas e instituições. É um grupo de pessoas, ou um número de grupos
domésticos ligados por descendência (demonstrada ou estipulada) a partir de
um antepassado comum, matrimónio ou adoção.
Dentro de uma família existe sempre algum grau de parentesco. Membros de
uma família costumam compartilhar do mesmo sobrenome, herdado dos
ascendentes directos. A família é unida por múltiplos laços capazes de manter os
membros moralmente, materialmente e reciprocamente durante uma vida e
durante as gerações.
Ainda hoje é possível ver que o pai é e sempre será o chefe de família. É quem
tem mais “poder” sobre todos, no entanto está a dar-se uma mudança bem
grande na nossa sociedade, pois as famílias já não estão estereotipadas como
antigamente.
A mulher tem o direito de tomar decisões, de trabalhar, de interagir em tudo o
que diz respeito á família. Outrora as mulheres não tinham direito a opinar, nem
a trabalhar, hoje são elas que lideram muitos dos cargos mais altos da
sociedade. É por isso que já muitas famílias – não pelos melhores motivos – são
constituídas apenas pela mãe e pelos filhos, não dando tanta ênfase ao pai.

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A família ao longo da história:

Nos últimos cinquenta anos, no Ocidente, a família modificou as suas estruturas


e organizou-se de diversas formas tendo em conta os novos valores vigentes.

O tradicional conceito de família pode-se definir como o conjunto de pessoas que


residem no mesmo alojamento e que possuem relações de parentesco entre si.
Este tipo de família era geralmente extenso (constituída por avós, maternos,
paternos ou ambos, pais e filhos) apresentando um elevado número de
indivíduos de várias gerações, residentes no mesmo local.
A estrutura familiar obedecia a uma determinada organização com papéis e
funções bem definidas para cada elemento e por este mesmo motivo não pode
ser considerada um sistema estanque e inalterável.
Os elementos da família transformaram-se ao longo da sua vida familiar,
mediante as exigências do interior ou do meio social onde se tornou necessária a
adaptação a novos papéis de modo a equilibrar o seu funcionamento.

A família nunca pode ser isolada das alterações culturais, sociais ou económicas
e por esta razão podemos então afirmar que as principais mudanças sofridas
deveram-se a:

. Industrialização: principalmente na época da Revolução industrial, com


consequências danosas, com o afastamento do pai do lar para ir trabalhar,
abandonando as actividades de auto subsistência exercidas, regra geral,
junto à habitação familiar;

. Urbanização: a migração da população das áreas rurais para as áreas


urbanas fez com que muitas famílias partissem deixando os familiares mais
velhos no local de origem;

. Entrada da mulher, de forma activa, no mercado de trabalho e consequente


investimento nas suas carreiras e na mobilidade profissional;

. Controlo da natalidade e adiamento da idade de maternidade;

. Fornecimento de métodos contraceptivos,

. Aparecimento de novos valores face à sexualidade,

. Mudança de atitude em relação aos filhos e obrigações parentais;

. Legalização do divórcio e consequente aumento da taxa de divórcios;

. Redução da nupcialidade;

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Assistimos, deste modo, à inversão do conceito tradicional de família motivada
pelas razões acima apresentadas. Todos estes motivos originaram novas
tipologias familiares

a) Famílias monoparentais: referem-se à relação com os filhos por parte das


mães ou pais solteiros, viúvos ou divorciados. Em 2005, estas famílias
representavam 20% do total de todas as famílias. Na origem das famílias
monoparentais estão os novos processos ideológicos e tecnológicos, a libertação
sexual, o maior entendimento das necessidades e direitos das crianças, uma
vivência mais individualista, na emancipação da mulher e na sua entrada no
mundo laboral, bem como no aumento da igualdade de géneros.

b) Famílias recompostas: a realidade do divórcio em Portugal é recente: foi


autorizado em 1975 e tem vindo a aumentar no nosso país. Portanto, nada mais
natural que uma pessoa divorciada contraia novo matrimónio e tendo,
geralmente, filhos da anterior relação, constitua com eles uma nova família. A
este novo tipo de família chamamos família recomposta;

c) União de facto: trata-se de uma realidade bastante semelhante ao


casamento. No entanto, a União de facto não implica a existência de qualquer
contrato escrito, podendo ser realizada por pessoas do mesmo sexo e embora se
estabeleça como comunhão plena de vida, no plano pessoal o mesmo não se
aplica no plano patrimonial. O casamento, por seu lado, exceptuando o regime
de separação de bens, trata-se de um contrato de comunhão de vida pessoal e
patrimonial.

d) Famílias Unipessoais: a par do divórcio, da viuvez e do facto de se ser


solteiro existem as famílias unipessoais, numa variação que entre 1991 e 2001
rondava 45% das famílias portuguesas. Estamos a falar de pessoas que vivem
sozinhas, resultado das causas já referidas, acentuando-se uma tendência de
género feminino na população jovem, pois nas camadas mais idosas femininas a
vivência com os filhos em situação de divórcio ou viuvez ainda é bastante
frequente.

A redução dos agregados domésticos é cada vez mais visível, passando de uma
média de 3, 8 indivíduos em 1960 para 2,8 no ano de 2001. Por seu lado, a
percentagem de agregados familiares com cinco ou mais membros também

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sofreu uma acentuada redução representando em 2001 apenas 3, 3% do total
das famílias, ou seja, cerca de um quinto do que representava em 1960.

A nível geográfico observamos diferenças entre o litoral e o interior, sendo que


segundo os Censos de 2001, o interior do país ainda apresenta uma considerável
taxa de conjugalidade e um número elevado de famílias numerosas. O mesmo
não se passa na zona litoral do país que apresenta um elevado número de
pessoas sós, mais famílias monoparentais e mais casais com reduzido número
de filhos.

Se antigamente os filhos só saíam de casa dos pais para se casarem, o mesmo


não se passa actualmente. O grupo dos 20 aos 29 anos apresenta
predominância para viverem sós ou em situação de casal sem filhos ou com um
filho apenas, assistindo-se a um reduzido número de jovens desta faixa etária a
viverem em situação de família complexa (com os pais, por exemplo). Assim
sendo, estes dados revelam um aumento da individualização dos jovens e o
incremento da autonomia residencial dos jovens casais, ao mesmo tempo que
tendem a adiar para mais tarde a entrada na parentalidade.

Em relação à população com 65 e mais anos, verificamos um aumento da


proporção de indivíduos a viver em situação familiar simples (de casal sem filhos
ou em situações de viuvez) em detrimento de agregados familiares complexos.
Embora seja a população idosa a que mais vive em situação de família
complexa, o crescimento do número de famílias unipessoais foi mais acelerado
neste grupo etário, identificando assim o isolamento como fenómeno em
expansão no fim da vida.

Existe uma longa tradição familiar no nosso país que só agora começa a sofrer
alterações, visíveis da década de 90 em diante. Dos anos 70 aos anos 90 as
estruturas familiares caracterizavam-se por uma elevada taxa de nupcialidade,
por uma baixa taxa de nascimentos fora do casamento, baixos níveis de
coabitação sem ser em situação matrimonial e de uma modesta taxa de divórcio
comparada com as estatísticas da restante Europa.

A redução generalizada do número de casamentos é outro fenómeno observado


e de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), a percentagem de
famílias com um só filho ronda os 53,7%, com dois filhos 34,4% e com três ou
mais filhos 11,9%.

Em 26,1% dos casamentos realizados em 2005 existiam filhos anteriores ao


casamento, sendo que a idade média do nascimento do primeiro filho está entre
os 27, 5 anos (dados de 2005). A idade média para o casamento continua a

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aumentar em ambos os sexos: 31,3 anos para os homens e 28,9 anos para as
mulheres.

O divórcio revelou-se um importante fenómeno demográfico em Portugal,


bastante significativo nas últimas décadas. Desde que foi autorizado em 1975, o
seu número aumentou consideravelmente em Portugal, tendo sido decretados
22, 853 divórcios no ano de 2005.

Em suma, o surgimento de novas tipologias familiares é decorrente de factores


temporais, económicos, históricos e sociais. O tradicional conceito familiar
vigente até às décadas de 60/70 constituído por avós, pais e filhos está-se a
tornar cada vez mais obsoleto dando origem a novos tipos de famílias cada vez
mais frequentes na nossa sociedade.

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Mudança na realidade familiar:
O número médio de pessoas da família tem vindo a diminuir progressivamente.
As causas são conhecidas e estão relacionadas com a queda da natalidade e da
fertilidade. De facto, analisando apenas a última parte do século XX, verificamos
que a taxa de natalidade baixou de 19,1 para 11,8 entre 1975 e 2000, e a taxa
de fertilidade que era de 3,1 em 1960 atingiu o valor mais baixo do século XX
em 1999 com 1,5.

Se olharmos agora para os vários tipos de família, de acordo com o último censo
em 2001, temos a seguinte tipologia: (1) casais com filhos – 64,8% do total de
casais; (2) famílias unipessoais – 17,3% do total de famílias; (3) famílias
monoparentais – 11,5% do total de núcleos familiares; famílias reconstruídas –
2,7% do total de casais com filhos.

As famílias monoparentais que aumentaram relativamente ao censo anterior são


na sua maioria constituídas pela mãe e pelos seus filhos e resultaram
geralmente de separações e divórcios. Outras tiveram origem na morte de um
dos cônjuges. A Grande Lisboa é uma das regiões onde se verifica a maior
percentagem, atingindo os 16,9% do total de núcleos familiares.

No caso das famílias unipessoais, elas são constituídas por pessoas solteiras,
divorciadas, separadas ou viúvas, mas predominam as pessoas viúvas,
principalmente mulheres. O facto explica-se sobretudo por duas razões. A
primeira é que no caso das pessoas viúvas os homens mostram maior tendência
para casar de novo, a segunda está relacionada com o facto de a esperança
média de vida ser mais elevada nas mulheres do que nos homens, o que leva a
que 39,5% das famílias unipessoais sejam mulheres idosas que vivem sós.

O número das famílias reconstruídas parece estar em aumento, tendo-se


registado em 2003 uma percentagem de 14,1% de casamentos com filhos não
comuns ao casal.

Alguns estudos em países da União Europeia têm chamado à atenção para um


novo tipo de relacionamento conjugal conhecido na terminologia inglesa por LAT
(ambos qualquer outro vínculo conjugal, decidem fazer vida em conjunto, mas
vivendo cada um na sua casa. Em Portugal não se conhece ainda a dimensão
deste fenómeno.

Quanto a novas formas de família originadas na relação entre duas pessoas do


mesmo sexo, elas não são referidas nas estatísticas. Segundo o inquérito
realizado pela Fundação Bom Sucesso, a nível nacional, em 1999, a

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percentagem dos homens que respondeu ter tido relacionamento sexual
exclusivamente com pessoas do mesmo sexo foi de 0,9% e no caso as mulheres
de 0,6%. O número de casais homossexuais não será portanto muito elevado.
Por outro lado, existe uma atitude negativa na sociedade portuguesa face à
homossexualidade, sendo apenas de 11,8% os que achavam aceitável o
relacionamento sexual entre homens e de 26,2% os que achavam parcialmente
aceitável. No caso do relacionamento entre mulheres, a percentagem era,
respectivamente 12% e 28,5%.

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Família extensa à família nuclear
A família tem sido alvo de inúmeras mudanças ao longo das últimas décadas, as
quais importa conhecer e analisar. A estrutura familiar não é estática face ás
mudanças sociais, económicas e politicas que ocorreram, portanto, o conceito
familiar existente em 1960 é totalmente diferente da realidade actual.

A família extensa —ou família complexa— é um conceito com vários significados


diferentes. Em primeiro lugar, é empregue como sinónimo de família
consanguínea. Em segundo lugar, naquelas sociedades dominadas pela família
conjugal, refere à parentela — uma rede de parentesco egocêntrica que se
estende para além do grupo doméstico—, mesma que está excluída da família
conjugal. Uma terça aceitação é aquela que define à família estendida como
aquela estrutura de parentesco que habita em uma mesma unidade doméstica
(ou lar) e está conformada por parentes pertencentes a diferentes gerações.

Nas famílias estendidas, a rede de afines actua como uma comunidade fechada.
Este tipo de estruturas parentais pode incluir aos pais com seus filhos, os irmãos
dos pais com seus filhos, os membros das gerações crescentes — avôs, tios,
bisavós...— ou da mesma geração que Ego. Ademais pode abarcar parentes não
consanguíneos, como médios irmãos, filhos adoptivos ou putativos. Todo o
anterior estabelece um contraste com a pequena família nuclear.

Nas culturas onde a família estendida é a forma básica da unidade familiar, a


transição de um indivíduo para a maioridade não necessariamente implica a
separação de seus parentes ou de seus pais. Quando um pequeno cresce, se
translada ao mais amplo e real âmbito dos adultos, ainda que em circunstâncias
normais estabeleça uma identidade separada do resto de sua comunidade.

Por outro lado, a família nuclear é um exemplo de família com um


número de membros mais reduzido, normalmente os apenas os
pais e os filhos.

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Constituição da família
A família constitui-se quando duas pessoas decidem viver em comum debaixo do
mesmo teto com o objectivo de manterem entre si um relacionamento sexual. A
maior parte das pessoas constitui família através do casamento, mas nas
sociedades contemporâneas tem sido crescente o número daqueles que constitui
família através de uma união de facto e não de jura. Em Portugal, o número de
uniões de facto é ainda baixo quando comparado com outros países da União
Europeia, sendo de 6,9% de acordo com os resultados do último censo de 2001,
o que representa quase o dobro da percentagem verificada em 1991 que foi de
3,9%. Segundo alguns estudos, a coabitação é uma prática bastante corrente
nos países escandinavos o que se explica até por razões históricas. Na Suécia,
por exemplo, a percentagem de coabitação é de cerca de 30%.Em Portugal, o
casamento de jure continua a ser a norma e muitos casais que começam a viver
em coabitação vêm a casar mais tarde, geralmente por ocasião do nascimento
do primeiro filho. O casamento é visto como estando associado a uma maior
estabilidade e continua a ter grande importância na população portuguesa.
Apesar da maior parte dos casais ter optado pelo casamento, a idade em que
este se realiza tem vindo a aumentar.

No período de 20 anos, entre 1981 e 2001 a idade do primeiro casamento


passou nas mulheres de 23,3 para 25,3 anos e nos homens de 25,4 para 27,1
anos.

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Conclusão
Após a conclusão e apresentação deste trabalho, chegamos a conclusão que o
tema da família é extremamente importante e interessante na nossa vida e
representa um grupo social primário que influencia e é influenciado por outras
pessoas e instituições. É um grupo de pessoas, ou um número de grupos
domésticos ligados por descendência (demonstrada ou estipulada) a partir de
um ancestral comum, matrimónio ou adopção.

A família vem-se transformando através dos tempos, acompanhando as


mudanças religiosas, económicas e socioculturais do contexto em que se
encontram inseridas. Esta é um espaço sociocultural que deve ser
continuamente renovado e reconstruído; o conceito de próximo encontra-se
realizado mais que em outro espaço social qualquer, e deve ser visto como um
espaço político de natureza criativa e inspiradora.

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