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ÁREA DE
INTEGRAÇÃO
Área de integração
TEMA PROBLEMA 2.1 – ESTRUTURA FAMILIAR E DINÂMICA
SOCIAL
Uma dimensão biológica – entre os membros da família pode haver uma ligação parentesco de
sanguinidade, partilhando os seus membros uma ascendência (avós, p.e.) ou descendência
(filhos);
Uma dimensão sócio-afectiva – a família também pode ser constituída por laços de parentesco
originados por casamento ou adopção, ou seja, apenas por opção de ordem emocional e/ou
social.
Família Grupo de pessoas unidas por laços de parentesco, formando uma unidade económica em
(conceito) que os adultos velam pela segurança, saúde e educação das crianças. Os laços de
parentesco entre os membros de uma família podem ser estabelecidos por
consanguinidade, por casamento ou por adopção.
Mas nós, na nossa vida diária, estamos sempre integrados em grupos (em casa, na escola, no trabalho,
no café, nos transportes, etc…). Mas, sendo assim qual será o grupo mais importante?
Haverá algum grupo social mais importante na vossa vida que a família? A resposta é Não.
O grupo familiar é o mais importante de todos os grupos sociais, pois a
e é o grupo a partir da qual se constroem todas as relações sociais e todas as outras instituições sociais.
Sim, pode. De facto, a família tem um carácter universal, pois existe em todas as sociedades humanas
não se tendo conhecido nenhuma sociedade humana que não tivesse na base de sua organização o
grupo familiar.
Porém, as formas que a família assume nas diversas sociedades humanas variam muito de sociedade
para sociedade e também ao longo do tempo.
Há muitos e diversos tipos de família que vamos ver mais adiante (na parte dedicada aos critérios de
diferenciação familiar.
Mas apesar desta variedade muito grande de tipos de família, há uma regra que os sociólogos,
antropólogos e etnólogos identificaram como universal em todas famílias de todas sociedades do
passado e do presente – em todas elas é proibido o incesto, questão muito ligada à degenerescência
genética.
Mas porque é que o ser humano tem tanta necessidade de se agrupar em famílias?
As respostas a estas questões são complexas e ainda estão longe de ser definitivas, havendo muita
discussão à sua volta.
Aliás, o conceito de parentesco é, nos meios sociológicos e jurídicos, uma questão altamente controversa
e polémica. Contudo, estes problemas têm que ser resolvidos pois são questões que podem afectar a
nossa vida. Todos nós precisamos de saber de forma clara quem é a nossa família.
De casamento ou aliança;
De grau de parentesco
Da filiação;
De autoridade;
Do grau de autonomia.
Assim, usando estes critérios, podemos distinguir os seguintes tipos de grupos familiares.
Critério Diferenciação
Do Casamento ou Famílias monogâmicas Famílias poligâmicas
aliança* Em que cada um dos cônjuges só pode Em que um dos cônjuges pode ter dois
(critério relativo ao ter uma única pessoa como outro ou mais cônjuges. Uma família
tipo e número de cônjuge. poligâmica pode ainda ser
elementos da relação classificada como:
conjugal) • Família poligénica – um único
homem pode ter várias mulheres e
várias famílias; ou
• Família poliândrica – uma única
mulher pode ter dois ou mais homens
como cônjuges.
Do grau de Famílias nucleares Famílias extensas
parentesco Família constituída apenas por dois Família constituída por indivíduos
(critério relativo ao adultos em economia comum, com ligados por diversos graus e gerações
grau de parentesco filhos biológicos ou adoptados de parentesco (avós, irmãos/ãs,
dos indivíduos que tios/as, sobrinhos/as, p.e.)
constituem a família)
Da Filiação Família unilineares Família bilineares
(critério relativo à Família em que só os descendentes de Os descendentes recebem o nome do
família dos linha paterna ou materna são pai e de mãe, podendo perdê-lo
progenitores que considerados parentes. Pode ainda quando casam e podendo receber a
serve de referência ser classificada de duas maneiras: herança dos avós, tanto do lado do
do indivíduo) • Patrilinear – só são parentes os que pai, como da mãe.
descendem da linha paterna, a
residência é patrilocal (casa dos pais
do esposo) e a autoridade está na
família deste;
• Matrilinear – só são parentes os que
descendem da linha paterna, a
residência é matrilocal (casa dos pais
da esposa) e a autoridade está na
família desta.
Da autoridade Famílias patriarcais Família matriarcais Família gerontocráticas
(critério relativo à A família reconhece e A família reconhece e A família delega a
fonte da autoridade aceita que autoridade aceita que autoridade autoridade num conselho
e ao reconhecimento no seio familiar está no no seio familiar está na de anciãos
desta como tal) homem mais velho mulher mais velha
Do grau de Famílias autónomas Famílias interdependentes e não
autonomia Famílias que produzem tudo quanto autónomas
(critério relativo à os seus membros precisam. Famílias que dependem de outras
autosuficiência da para comprar e vender os bens que
produção familiar) de precisam, vendendo a outras
famílias os bens e serviços que
produzem (mútua dependência).
A baixa taxa de natalidade – hoje em dia, ter um filho não é lucrativo pois não é uma questão
de arranjar mais um trabalhador. Bem pelo contrário, criar um filho é uma grande despesa. Por
outro lado, ter ou adoptar um filho exige muita dedicação e alguns sacrifícios pessoais o que
choca com a mentalidade individualista (talvez até egoísta) e hedonista das sociedades
contemporâneas actuais;
O aumento da esperança média de vida, o que acarreta novos problemas como as questões
relativas à 3ª idade e aos encargos que acarretam para as famílias;
Grande aumento do trabalho feminino assalariado e feito fora de casa – as mulheres têm
legítimas aspirações de enriquecimento pessoal e profissional, levando-as a trabalhar em
condições semelhantes às dos homens, com implicações notórias ao nível das relações entre os
cônjuges e a maternidade, por exemplo;
A diminuição do número de casamentos tanto civis como religiosos, e aqui voltamos a falar
da sociedade individualista e hedonista, bem como da laicização da sociedade;
São várias:
Em primeiro lugar, a família extensa tende a transformar-se na chamada família tradicional. Nesta
mantém-se ainda alguma proximidade e intimidade entre os diversos parentes que não estão incluídos
na família nuclear, não residindo no mesmo local, é certo, mas mantendo ainda assim fortes laços
afectivos e com alguma mas limitada partilha dos recursos económicos;
A segunda grande consequência é uma das grandes transformações dos nossos tempos e consiste no
aparecimento de muitos e novos tipos de famílias – as chamadas famílias modernas. Estas podem ser:
Famílias nucleares sem vínculo matrimonial – uniões de facto com filhos, por exemplo;
Famílias recompostas – quando um casal, casado ou não, vive no mínimo com uma criança
nascida de uma relação marital de, pelo menos um, dos cônjuges;
Famílias com “filhos-canguru” – jovens casais que tendo uma relação estável, não desfrutam
um espaço de vida exclusivo pois vivem em casa dos pais.
Já vimos que, de entre as muitas mudanças sociais a que assistimos hoje em dia, uma das mais
importantes verifica-se ao nível da estrutura e organização das famílias.
De facto, a família tem sofrido grandes alterações, ao longo do tempo, particularmente nos últimos anos.
Já vimos, por exemplo, que houve algumas mudanças nos tipos de famílias.
Mas houve outras, nomeadamente ao nível dos papéis familiares e dos papéis parentais. Por exemplo,
em Portugal antes de 1974, estava previsto na lei a figura do chefe de família a quem todos deviam
obediência (as mulheres, por exemplo, só podiam sair do país depois de autorizadas pelo marido).
Não, não tinham. De facto, os papéis familiares e parentais mudaram. Actualmente, e só para dar
alguns exemplos:
As relações de autoridade no seio das famílias tendem a democratizar-se e o pai já não detém
toda a autoridade;
As tarefas familiares tendem a ser divididas por todos os membros do agregado familiar (e não
apenas à mulher);
As crianças, devido à proibição do trabalho infantil, deixaram de ter um papel produtivo como
mão-de-obra, e passaram a ser uma opção afectiva dos pais que estão dispostos a investir
numa educação longa, sem esperar qualquer tipo de contrapartida financeira;
Por outro lado, as crianças passam muito mais tempo fora do agregado familiar do que há uns
anos atrás, ficando a maior parte do dia em creches, infantários e escolas.
Na origem destas mudanças estão alguns factores, dos quais os mais importantes são:
A diminuição do tamanho da família – as crianças são, hoje em dia, um encargo muito caro,
enquanto antigamente eram vistas como um bem (mão-de-obra);
Democratização das relações familiares, com maior autonomia, dos indivíduos que desfrutam
de maior liberdade de expressão, mais autenticidade de sentimentos, baseadas em relações
afectivas de amor e com maior compreensão e respeito pelas diferenças individuais.
As consequências destas mudanças podem conduzir a uma ausência de valores, crítica que, aliás, hoje é
feita às novas gerações, pois a família já não detém o exclusivo da socialização primária das crianças.
Esta ausência de valores tem originado grandes discussões
na sociedade, falando-se, muito da questão da
necessidade de apostar na educação para os valores.
E aqui distinguem-se claramente duas facções que
defendem pontos de vista opostos. Uns, mais conservadores,
defendem o regresso a um modelo educativo autoritário,
enquanto outros mais liberais, são da opinião de que se
deve deixar andar, desistindo dessa educação para os
valores, pois a própria sociedade enferma ela, hoje em
dia, dessa falta de valores.
A única via que as famílias podem, então, seguir será a da abertura de espírito, ao diálogo e às
negociações que, no fundo, são os objectivos do sistema educativo actual.
Esta via passa por adoptarmos na nossa vida, particularmente na nossa família, as seguintes atitudes:
Criticar construtivamente;
Aceitar a diferença;
Respeitar as outras opiniões, o que não quer dizer que as tenhamos que as adoptar;
Por seu lado, aos pais cabe decidir, orientar e traçar limites à
acção dos filhos segundo quatro eixos fundamentais:
Contudo, educar uma criança ou jovem hoje em dia é uma questão extremamente complexa e difícil, que
põe novos desafios que os pais nem sempre estão preparados para enfrentar. Por isso surgiram os
chamados programas de educação parental, que mais não são do que acções de formação onde os
pais procuram competências que lhes permitam combinar o amor com a disciplina e lidar com a
influência dos amigos e com os comportamentos de risco dos filhos.
5 – FAMÍLIA E SOCIEDADE
Já vimos (e repetimos) que a família é a instituição social básica e fundamental, pois para além de
ser a instituição que assegura algumas funções básicas (sexual, reprodutiva e de sobrevivência),
desempenha outras funções também bastante importantes como:
E é aqui, neste último ponto, que reside um dos grandes problemas sociais
dos nossos tempos e cuja resolução está em grande parte no seio familiar: o
afastamento entre as gerações mais velhas e as gerações mais novas.
As famílias serem cada vez mais pequenas, vivendo em casas exíguas onde os avós já não
cabem;
À concentração das gerações mais novas no litoral do país, abandonando a família no interior;
À delegação de alguns papéis que eram da família em instituições como os lares de terceira
idade, creches e jardins-de-infância.
Esta crescente separação entre os mais novos e os mais velhos tem dois aspectos muito negativos:
Corre-se o sério risco de se perderem conhecimentos e sabedoria pois são os mais velhos que
têm mais cultura (não confundir com erudição), o que quer dizer que são eles que melhor
conhecem as crenças e costumes;
Quanto aos mais novos, para além de terem cada vez menos contacto com a cultura dos mais
velhos, verifica-se que o conceito de “escola a tempo inteiro” leva alguns pais a demitirem-se de
algumas das funções que lhes competiam, entregando-as às escolas, o que naturalmente, não
terá o melhor resultado para a educação e socialização das crianças.