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Joana Charneco
PÓS‐GRADUAÇÃO ARTE DE CONTAR ESTÓRIAS
Esta análise trata-se de uma reflexão pessoal, acerca da minha leitura do conto.
Dezembro
Querido Diário
O silêncio paira cá em casa, já está tudo a dormir. É assim que adoro ler, na serenidade
da noite.
Abri o conto e comecei a ler...
As primeiras frases do texto parecem complexas, parece que falta qualquer coisa. Sem
contextualização, sem capa, sem guardas, sem ilustração.... Apesar de ter pesquisado e saber
que fazes parte de uma obra, foste-me entregue assim.… e sinto falta de contatar com a
restante obra.
Continuo a ler e o texto começa a ganhar forma e o meu pensamento também e não
consigo parar de ler. Começo a devorar página atrás de página, e quando dou conta já li mais
de metade do conto, mas os olhos começam a pesar e já passa da 1h da manhã. Está na hora
de ir dormir, o conto consumiu o meu tempo, os meus pensamentos, e eu deixei-me vaguear
na sua narrativa... Até amanhã Timo, estou a gostar de ti. Cada capítulo que li, uma lição.
PÓS‐GRADUAÇÃO ARTE DE CONTAR ESTÓRIAS
Nota: (19.12.20) Tive de vir escrever esta nota... Na aula de hoje, descobri que sinto falta do
Paratexto, esta é a definição exata, sinto falta de elementos que prolonguem e reforcem o
texto, o que não significa que a obra no seu todo não os tenha, mas eu desconheço-a.
Hoje acabei de ler o Timo e fiquei um bocado confusa. Voltei a sentir o mesmo que
senti quando comecei a ler o conto, achei-o novamente complexo. Sinto que o nosso estado
de espírito influencia a nossa leitura, principalmente neste conto. Hoje não estava a conseguir
ver o conto com olhos de contador, não consegui virar o olho, fixei-me somente nas suas
palavras e não naveguei na narrativa.
Em breve iniciarei mais uma vez a sua leitura e posteriormente a minha análise
pessoal. Agora é tempo de fazer uma pausa e regressar mais tarde. Até Breve Timo.
Janeiro
Dia 1 de janeiro de 2021 – A Entrada no Bosque
Após 23 dias sem pegar no conto e no diário, estou de volta. A primeira leitura foi
feita de forma leve, sem pensar que existe uma análise para fazer.... Li apenas e somente para
me deleitar na sua narrativa.
A narrativa do Conto “Timo” começa quando um menino entra num bosque muito
aflito, Timo a personagem da história adora brincar com as palavras e tem um livro onde
escreve os seus poemas secretos. Esse livro é roubado pelos colegas, e os mesmos acabam
PÓS‐GRADUAÇÃO ARTE DE CONTAR ESTÓRIAS
por ler os poemas e gozar com o Timo. Isto mostra-nos que todos somos diferentes, nem
sempre gostamos do mesmo, mas é importante que haja respeito. Infelizmente nem sempre
os nossos gostos são compreendidos pelos outros.
Quando Timo entra na floresta questiona-se acerca da sua paixão pela leitura, pela
escrita, pelas palavras…. Enquanto futura contadora percebo que é necessário assumir a
minha paixão, sem medos, sem receio... Na verdade, na vida temos de assumir o que
gostamos, o que queremos e quem somos, isso é meio caminho para a felicidade, dito assim
parece fácil, mas todos sabemos que é um caminho árduo, mas que vale a pena.
Para ser contador é necessário uma grande exposição, o que nem sempre é fácil, essa
exposição deixa-nos mais suscetíveis às nossas fraquezas, é importante aprender a lidar com
isso, enfrentar os nossos medos e ser corajoso o suficiente para enfrentar as nossas lacunas,
as nossas frestas e tornarmo-nos mais fortes. Tenho muito trabalho pela frente, nem sempre
gosto de me expor.
Ao entrar na floresta a personagem entra dentro de si próprio e faz uma introspetiva
até que ouve uma voz inesperada. Essa voz explica-lhe questões importantes, particularmente
o que é a aprendizagem. Para aprendermos temos de estar abertos para isso, olhar para o
mundo com olhos de ver, por vezes estamos tão concentrados no óbvio que não vemos o
mundo ao nosso redor. Temos de deixar fluir, sair da nossa zona de conforto, claro que
implica esforço e dedicação, como tudo na vida… E a vida é feita de momentos bons, menos
bons e maus, mas é isso que nos faz crescer e ter histórias para contar. Para atingirmos um
objetivo o caminho é muitas vezes atribulado.
Através da lenda das areias percebemos que para nos tornarmos contadores, ou outra
coisa qualquer, é necessário tempo, experiência, ou seja, é todo um processo que está sempre
em construção, e nunca tem fim. E o mais importante é o caminho percorrido e todas as cosias
que aprendemos/conquistamos durante o caminho.
PÓS‐GRADUAÇÃO ARTE DE CONTAR ESTÓRIAS
Na nossa vida, por muito difícil que o seja, é necessário arriscar, não aprendemos
quando ficamos na nossa zona de conforto, quando fazemos sempre o mesmo, ano após ano.
Quando iniciei a pós-graduação pensei em desistir, muitas questões passaram pela
minha cabeça: “Onde é que me fui meter? Será que tenho capacidade para isto? Será que
tenho tempo? Já não estudo há tanto tempo...”, mas através da leitura do conto reencontrei a
coragem, e voltei a perceber que o caminho faz-se caminhando, mandei o medo embora e
continuei a caminhar com a coragem ao lado. Obrigada Timo, por me teres virado o olho.
Em tempos já precisei de virar o olho e não consegui, escolhi o caminho mais fácil,
desistir, e ficou uma promessa desses tempos que já lá vão, tentar sempre até ao fim, por
muito difícil que pareça o caminho.
Quem quer ser contador tem de ter algo muito saliente, não há uma receita, na verdade
a vida não vem com receitas, cada um de nós traça o seu próprio caminho, é importante existir
um esforço pessoal, refletir, pesquisar, estudar e experimentar… e se errar, já sei o que tenho
a fazer, levantar-me e a seguir em frente, o tempo e a persistência são grandes aliados.
e super dedicada às aulas de LI, ia com paixão, com desejo de saber mais... E a partir daí
comecei a fazer algumas formações pontuais e a investir em livros infantis.
Mas afinal quem é a Bruxa Bromélia? Talvez, alguém mais velho e experiente. A
bruxa seria, na vida real, um professor/mestre, alguém mais experiente que nos direciona
para o caminho da sabedoria, não nos dá as respostas, apenas nos encaminha, porque as
respostas estão dentro de nós, e para as descobrirmos temos de caminhar.
Momento de Introspeção
“À medida que avançava pelo caminho, achou o ar parado, calmo demais. Mas ao
mesmo tempo havia uma névoa esquisita, um silêncio pesado.”
SILÊNCIO
Parar e pensar....
Afinal quem sou eu agora? Onde é que estou? E onde é que quero
chegar?
Ao longo do percurso é importante parar e repensar. Procurar
respostas dentro de nós, verificar o percurso que já foi feito e caminhar...
caminhar na direção certa.
Jequitibá, o Rei da floresta, representa o rei dos contadores, o grande mestre. No conto,
Timo verifica que o incidente que aconteceu na escola, que é apresentado ao leitor no início
PÓS‐GRADUAÇÃO ARTE DE CONTAR ESTÓRIAS
do conto, já foi há muito tempo. Timo já fez um desmedido percurso e já se encontra junto
ao grande mestre, pronto para o ajudar.
E agora fiquei a pensar como é que cheguei aqui?! Como é que cheguei à pós-
graduação? Tal como já referi na licenciatura em Educação Básica adorei LI, e desde então
sempre gostei de ler livros e artigos sobre a temática, fiz algumas formações na área, no
Mestrado em Pré e 1º ciclo fiz um trabalho de investigação sobre a literatura para infância e
a promoção de valores e pelo caminho contei algumas histórias para grupos muito, muito
restritos. Mas, durante 2020, um ano atribulado em que foram passadas inúmeras horas em
casa os livros infantis fizeram-me companhia e ajudaram-me a manter a sanidade mental na
quarentena. Criei uma página e partilhei histórias e atividades direcionadas a crianças e como
cada vez mais pessoas ouviam as histórias que contava, senti necessidade de procurar mais
formações na área e as formações tornaram-se um hobbie, mas queria mais, já começava a
achar que as formações não me satisfaziam. Pesquisei, pesquisei, até que um dia apareceu no
Google a pós-graduação: “A arte de contar histórias” e era totalmente online, de outra forma
não conseguiria frequentar, mas... a pós-graduação já tinha começado há uma semana, enviei
email, entrei na segunda semana e foi assim que cheguei até aqui. O tempo passa tão rápido
que às vezes temos de parar para ver qual foi o percurso que já foi feito.
Neste capítulo surge uma descrição do caminho que o rei fez até chegar a contador.
Para realizar esse percurso conheceu outros contadores, experimentou, fracassou, duvidou,
sentiu medo, enfrentou as dúvidas. Até que encontrou a sua forma, tão própria, de contar
histórias. E quem representará a Rainha? Uma contadora? Uma mestra na arte de narrar?
Timo encontra Leila. E quem é Leila? Uma companheira no sonho da narração, uma
colega. O caminho torna-se mais fácil quando temos bons colegas e os bons colegas
entreajudam-se. Espero apanhar muitas “Leilas” pelo caminho.