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§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação
judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação
de fato por mais de dois anos.
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. (Redação dada Pela
Emenda Constitucional nº 66, de 2010)
Breves considerações:
A equivocada concepção de família ancorada única e exclusivamente no
matrimônio, que apresenta o homem como seu chefe e representante e relega a
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mulher a um papel secundário, além de abertamente discriminar os núcleos
formados à margem do casamento, estabelecendo clara distinção entre a filiação
legítima e a ilegítima, encontra-se em dissonância com a realidade social.
Surgiu a teoria de parte minoritária da doutrina de que casamento era a
única forma de família, e as demais, ENTIDADES FAMILIARES, o que seria algo de
segunda categoria. Essa tese não vingou. Os companheiros só passaram a ter
direitos sucessórios a partir de 1994 (Lei 8971/94), e mesmo assim, somente se
comprovasse a união há mais de 5 anos. Ainda assim, com todas essas questões,
isso causou uma reação muito forte aos conservadores. Em 1995 o então Ministro
da Justiça escreveu um artigo extremamente grosseiro chamando a lei de 94 de
“Lei Piranha”, de maneira especialmente agressiva à mulher. Em 1996 foi criada
uma nova lei, que não exigia mais o prazo de 5 anos (Lei 9278/96), que trazia os
requesitos que hoje estão contidos no artigo 1723 do CC, além de determinar que
as questões sobre união estável deveriam ser decididas nas varas de família. Fica
claro o entendimento de que existia uma primazia do casamento em detrimento
das demais formas de família, (vide parágrafo 3 do art. 226, CRFB/88) inclusive para
efeitos sucessórios, o que é traduzido pelo artigo 1790 do Código Civil, que garantia
direitos sucessórios prejudiciais para a união estável. O “ideal almejado” seria
converter uma união estável em casamento, que seria superior e por isso garantia
direitos mais benéficos do cônjuge em relação ao companheiro. O código se
preocupa muito mais em relação ao casamento, dando a ele uma regulamentação
muito mais extensa do que para a união estável. O código todo ainda suprime a
figura do companheiro. Somente a partir da Repercursão Geral 809 do STF de 10 de
maio de 2017 é que isso modifica. DECIDIU-SE PELA INCONSTITUCIONALIDADE DO
ARTIGO 1790 DO CC.
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/listarProcesso.asp?tipo=A
C&numeroTemaInicial=809+++++++&numeroTemaFinal=809+++++++&txtTituloTe
ma=&acao=acompanhamentoPorTema&botao=
RE 878694
OBS: O Acórdão foi publicado quase 1 ano depois, fixando a tese. Nesse meio
tempo, o STJ já se manifestou aplicando a tese do STF. O Supremo fixa que os
efeitos dessa decisão têm eficácia ex tunc.
Espécies:
a) Casamento civil ou família marital (art. 226, § 1º e § 2º, da CF): trata da forma
mais tradicional de constituição familiar, nesta há elementos formais para sua
celebração. Como regra, é gratuito, bem como tem efeito civil quando for religioso.
b) União estável ou familiar informal (art. 226, § 3º, da CF): nos termos de Álvaro
Villaça de Azevedo, é o reconhecimento do concubinato puro, inicialmente
realizado entre o homem e a mulher e posteriormente sendo a “porta de entrada”
para as uniões homoafetivas (ADPF 132), devendo a lei facilitar a sua conversão em
casamento. Portanto, união estável não é igual a casamento, pois coisas iguais não
são convertidas em outra. Entretanto, não há hierarquia entre união estável e
casamento, mas apenas categorias distintas.
c) Família monoparental (art. 226, §4º, da CF): aquela estabelecida entre um dos
ascendentes e seus descendentes, pois, conforme muito bem é aventado pela
doutrina, monoparental significa o contraponto ao parental, pois este significa a
presença do pai ou da mãe. Como exemplo se tem: pai solteiro que mora com seus
três filhos decorrentes de três relacionamentos distintos.
d) Família anaparental: Citada inicialmente por Sérgio Rezende de Barros, é a
família sem os pais, ou seja, é aquela constituída sem a apresentação da posição de
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ascendentes. Nesse sentido, o próprio STJ já entendeu que o imóvel onde residem
duas irmãs solteiras é bem de família, essa ideia pode ser extraída do RESP
57.606/MG.
e) Família unipessoal: o bem de família não precisa pertencer à família, bastando
que pertença a uma pessoa apenas. Tal apontamento se baseia na Súmula 364, do
STJ que reconheceu a família unipessoal: “Súmula nº 364: O conceito de
impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a
pessoas solteiras, separadas e viúvas”. Desde meados da década de 1990, o STJ
vinha reconhecendo família unipessoal a fim de garantir-lhe bem de família; hoje,
no entanto, a impenhorabilidade dos bens do single decorre não do bem de
família, mas da teoria do patrimônio mínimo (para civilistas) ou mínimo existencial
(para constitucionalistas).
f) Família homoafetiva: não há como comentar referida modalidade de entidade
familiar sem citar o nome de Maria Berenice Dias, que em sua obra anota ser
família homoafetiva aquela constituída entre pessoas do mesmo sexo as quais
convivem afetivamente. Sua evolução, bem como tratamento, será explanada em
momento oportuno. Todavia somente se tornou possível quando do julgamento da
ADPF 132/ RS pelo STF, qual prevê regras relativas à união estável, para aplicação
por analogia na união homoafetiva.
g) Família mosaico, recomposta ou pluriparental: trata-se daquela que tem várias
origens, conforme pode ser compreendido pela sua própria denominação. Sendo
assim, são possíveis em vários exemplos, pois sua forma de combinação é
infindável. Exemplifica com o modelo comum aos dias atuais, refere-se a um
homem que tem três filhos, de relacionamentos distintos, o qual passou a viver em
união estável com uma mulher com quatro filhos, também de quatro
relacionamentos distintos. Também conhecida como famílias reconstituídas ou
ensambladas. Família constituída por pessoas que antes tinham outras famílias . As
famílias reconstituídas tratam de relações de afinidade . Há um preconceito
histórico contra as famílias reconstituídas (por exemplo, a figura da “madrasta”).
h) Família eudemonista: os indivíduos encontram-se ligados por vínculo de afeto
na busca individual de seus membros sem a observância da rigidez estabelecida no
regime matrimonial ou de convivência. Como exemplo, podem ser citados os casais
que frequentam casas de swing.
i) Família paralela ou simultânea: é a única modalidade não protegida pelo
sistema, bem como é o caso do indivíduo que mantém uma relação concubinária
(cumula uma família decorrente do casamento e outra de união estável) ou desleal
(cumula duas situações de união estável). O STJ entende que não há putatividade
em união estável, isso é, a parte não pode alegar desconhecimento de que o
companheiro mantinha outra família. Todas as relações decorrentes são passíveis
de desfazimento.
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Dessa maneira, a interpretação dos dispositivos confere ao instituto importância
tridimensional, na medida em que a família é entendida como base da sociedade
(aspecto social), merece especial atenção do Estado (aspecto relacionado ao
interesse público) e o seu regramento é disciplinado por normas de direito (aspecto
jurídico).
Noções iniciais
Fonte: http://genjuridico.com.br/2017/10/26/principio-da-afetividade-no-direito-de-familia/
Dica: http://genjuridico.com.br/2017/12/08/afetividade-e-cuidado-sob-lentes-direito/
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AFETO X AFETIVIDADE:
Afeto (sentimento, dimensão subjetiva da afetividade, e foge ao direito que
não pode impor o sentimento a alguém)
Afetividade (dimensão objetiva, exteriorização do afeto, fatos que permitem
às pessoas identificarem que ali existe uma relação de afeto que se
demonstra para a coletividade, para a sociedade, que recebe a tutela do
Estado por meio do Princípio da Socioafetividade como um princípio
fundamental do Direito das Famílias).
Ex: Art. 5º da Lei Maria da Penha, incisos II e III, a possibilidade de existência -
Tese de repercussão Geral 622 STF – Tese do Reconhecimento da
multiparentalidade)
Legislação:
ABANDONO AFETIVO:
Duas decisões simbólicas do STJ:
CONSIDERANDO ser recomendável que o Ministério Público seja sempre ouvido nos
casos de reconhecimento extrajudicial de parentalidade socioafetiva de menores de 18
anos;
RESOLVE:
Art. 10-A. A paternidade ou a maternidade socioafetiva deve ser estável e deve estar
exteriorizada socialmente.
"art. 11 ................................
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III – Eventual dúvida referente ao registro deverá ser remetida ao juízo competente para
dirimí-la.
"art. 14 ................................
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