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PROVA A

NOME: Rafael Rodrigues Resck

DATA: 31/01/2022

QUESTÕES:

1) Cite algumas das principais alterações contidas no CPC/2015.

Certamente, a mais impactante das mudanças, foi o estabelecimento da contagem dos


aprazados em dias úteis, como verifica-se do artigo 219, CPC. Outra alteração significativa, foi
a adequação de prazos para interposição de recursos e suas respostas, em 15 (quinze) dias,
excetuado o Embargos de Declaração. Vale mencionar que se normatizou a construção
jurisprudencial acerca do Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica, que
anteriormente não encontrava previsão legal, embora fosse instrumento já utilizado. Foram
inseridos diversos dispositivos que buscam à formação de uma jurisprudência mais coesa,
uniforme, afastando a insegurança jurídica. Houveram alterações na realização da
admissibilidade de recursos, não mais auferida pelos magistrados a quo.

2) Cite as principais medidas para localização de bens em nome dos executados em


Execuções de Título Extrajudicial ou Cumprimento de Sentença.

Dentre as principais medidas, dentre as menos onerosas estão as buscas de bens dos
executados pelos sistemas conveniados aos Tribunais de Justiça, ou seja, o SISBAJUD
(BACENJUD), relacionado à busca por ativos financeiros e RENAJUD (DETRAN), relacionado à
procura de veículos automotores, além do INFOJUD (Receita Federal), pelo qual busca-se o
acesso à última ou últimas declarações de Imposto de Renda do executado. Além disso, podem
ser expedidos mandados de arrolamento, dentre outros, a fim de averiguar os bens que
possuir em sua posse e sejam passíveis de penhora.

3) Em seu artigo 2.028, o CC/02 estabeleceu regra de transição para a contagem do prazo
prescricional nos casos ajuizados na vigência do CC/16: “Serão os da lei anterior os prazos,
quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver
transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada.” Considerando a
entrada em vigor do CC/02, responda as seguintes questões:

3.a) No caso de uma Execução de Título Extrajudicial (Contrato de Confissão de Dívida),


distribuída em 10/01/1993, qual seria o prazo prescricional aplicável ao caso? Por quantos
anos a ação poderia ficar paralisada, sem que ocorresse a prescrição intercorrente?

O prazo prescricional previsto no CC/16 aplicável ao caso, seria a regra geral, do artigo 177, ou
seja, o prazo vintenário. O CC/02, que reduziu o prazo prescricional para 05 (cinco) anos,
entrou em vigor em 11/01/2003, ou seja, 10 (dez) anos e 01 (um) dia após a distribuição da
Ação (causa interruptiva da prescrição, em tese). Desta forma, já tendo ocorrido o transcurso
de mais da metade do prazo da lei anterior, que fora reduzido pelo CC/02, o prazo
prescricional aplicável ao caso será o vintenário, conforme artigo 177, do Código Civil de
1916.
Para que seja aplicável a prescrição intercorrente, o credor deve permanecer inerte por prazo
superior ao de prescrição do direito material em questão. Desta forma, o processo poderá
ficar paralisado por até 20 (vinte) anos, sem que ocorra a prescrição intercorrente.

3.b) No caso de uma Execução de Título Extrajudicial (Contrato de Confissão de Dívida),


distribuída em 11/02/1993, qual seria o prazo prescricional aplicável ao caso? Por quantos
anos a ação poderia ficar paralisada, sem que ocorresse a prescrição intercorrente?
Neste caso, por ter transcorrido menos de 10 (dez) anos entre a distribuição da ação e a data
de entrada em vigor do CC/02 (11.01.2003), o prazo prescricional passará a ser aquele
estabelecido na nova lei, ou seja, 05 (cinco) anos. Considerando-se o conceito de prescrição
intercorrente, a ação poderá ficar paralisada por até 05 (cinco) anos, sem que ocorra tal
situação.

4) O Banco X, ficou sob Regime de Liquidação Extrajudicial por aproximadamente dezessete


anos. Em dezembro de 2014, houve o levantamento de tal regime. Em 2017, recebeu
intimação para pagamento decorrente de Ação Indenizatória. Diante disso, apresentou
Impugnação ao Cumprimento de Sentença, alegando excesso de execução e obteve a seguinte
decisão:
4.a) Faça o recurso cabível (exceto Embargos de Declaração):

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO


PARANÁ

PROCESSO N.

BANCO X S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº


XX.XXX.XXX/XXXX-XX, com sede à Avenida, andar, nº, bairro, cidade, neste estado do Paraná,
por seus representantes legalmente instituídos, por seu procurador in fine assinado, vem,
respeitosamente à vossa presença, em decorrência do Cumprimento de Sentença que lhe
move CREDOR Y, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº XX.XXX.XXX/XXXX-XX,
apresentar o presente

AGRAVO DE INSTRUMENTO

com fulcro no inciso I c/c parágrafo único, ambos do artigo 1.015, do


Código de Processo Civil, contra a r. decisão de fls. XX/XX, exarada pelo juízo a quo a qual
julgou parcialmente procedente a impugnação ao cumprimento de sentença, pelos fatos e
fundamentos que compõem as razões anexas.
Outrossim, a Agravante deixa de juntar aos autos as cópias que
obrigatoriamente deveriam instruir este recurso, vez que se trata de processo eletrônico, nos
termos do § 5º, do art. 1.017, do Código de Processo Civil.

Incluso o comprovante de recolhimento das custas devidas,


dispensado o recolhimento de porte de retorno, por se tratar de transmissão integralmente
eletrônica.

Em atenção ao artigo 1.016, inciso IV, do Código de Processo Civil, o


Agravante informa que se encontra representado pelos procuradores A, B e C, todos com
endereço profissional na Rua XXXXXXXX, nº , Bairro, São Paulo/SP – CEP.

Pelo Agravado, o mesmo se encontra representado pelo procurador


Dr. E, inscrito na OAB/SP sob n° XXX.XXX, com endereço profissional na Rua ZZZZZZZZZZZZ, nº,
Bairro, Curitiba/PR – CEP.

Isto posto, requer:

(i) Seja recebido e processado o presente recurso;

(ii) Requer que todas as intimações referentes ao presente feito sejam


encaminhadas exclusivamente em nome do DR. XXXXXX, inscrito na OAB/SP sob o nº XXX.XXX,
sob pena de nulidade.

Termos em que, pede deferimento.

Curitiba, 31 de janeiro de 2022.

RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

AGRAVANTE: BANCO X
AGRAVADA: CREDOR Y
ORIGEM: CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - PROCESSO XXXXXXX-XX.XXXX.X.16.XXXX – XX VARA
CÍVEL DA COMARCA DE XXXXXXXX/PR.

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA CÂMARA,

HONRADOS JULGADORES,

O presente recurso de agravo de instrumento merece ser conhecido


e provido, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
I. DA TEMPESTIVIDADE

Pugna-se pela tempestividade do presente recurso, tendo em vista


que a r. decisão agravada foi disponibilizada no dia 27.01.2022, considerando sua publicação
no primeiro dia útil subsequente, ou seja, dia 28.01.2022, iniciando-se a contagem do prazo de
15 (quinze) dias úteis a partir do dia 31.01.2022, sendo, portanto, tempestivo o recurso.

II. DO CABIMENTO DO RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO

O objetivo do artigo 1.015, “caput”, do Código de Processo Civil, foi


restringir o uso do recurso de Agravo de Instrumento, buscando maior efetividade e celeridade
dos processos. No caso dos autos, o cabimento do presente recurso encontra fundamento
legal no parágrafo único, do artigo 1.015, do Código de Processo Civil. Vejamos:

“Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que


versarem sobre:
(...)
Parágrafo Único: Também caberá agravo de instrumento contra decisões
interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento
de sentença, no processo de execução e no processo de inventário”

A r. decisão agravada é interlocutória e foi proferida pelo MM. Juízo “a


quo” no processo de execução, em sede de Embargos, a qual indeferiu o pedido de atribuição
do efeito suspensivo aos Embargos à Execução.

Portanto, claro o cabimento do presente Recurso de Agravo na forma de


instrumento, ao que se requer seja recebido, processado e, ao final, dado provimento, pelas
razões abaixo expostas.

III. DA SÍNTESE DO CASO

Trata-se de Impugnação ao Cumprimento de Sentença, em que o


Impugnante/Agravante buscava o reconhecimento do excesso de execução especialmente
quanto: (a) à aplicação de juros durante o prazo em que o Agravante se encontrou em
Liquidação Extrajudicial; (b) inclusão indevida de honorários advocatícios.

Após processada a Impugnação apresentada, conforme mov. X.XX,


sobreveio a seguinte decisão:
Desta feita, vem, tempestivamente os Agravantes, pleitear que sejam
acolhidos os cálculos apresentados por intermédio deste Agravo de Instrumento, decotando-
se o excesso de execução correspondente aos juros aplicados entre a citação da Agravante e o
levantamento da Liquidação Extrajudicial.

IV. DAS RAZÕES RECURSAIS

Imperioso repisar o que estabelece a Lei 6.024/74, que “Dispõe sobre


a intervenção e a liquidação extrajudicial de instituições financeiras, e dá outras providências”,
especificamente em seu artigo 18, in verbis:

“Art. 18. A decretação da liquidação extrajudicial produzirá, de


imediato, os seguintes efeitos:
a) suspensão das ações e execuções iniciadas sobre direitos e
interesses relativos ao acervo da entidade liquidanda, não podendo
ser intentadas quaisquer outras, enquanto durar a liquidação;
b) vencimento antecipado das obrigações da liquidanda;
c) não atendimento das cláusulas penais dos contratos unilaterais
vencidos em virtude da decretação da liquidação extrajudicial;
d) não fluência de juros, mesmo que estipulados, contra a massa,
enquanto não integralmente pago o passivo;
e) interrupção da prescrição relativa a obrigações de
responsabilidade da instituição;
f) não reclamação de correção monetária de quaisquer divisas
passivas, nem de penas pecuniárias por infração de leis penais ou
administrativas.”

Desta feita, como mencionado na Impugnação ao Cumprimento de


Sentença, que poderia ter sido matéria de Exceção de Pré-Executividade, por se tratar de
matéria de ordem pública, aplica-se ao caso o que estabelece a alínea ‘d’ supra.
Isto é, estando a Agravante sob os efeitos da Liquidação Extrajudicial
até 19/12/2014, certo é que desde a citação da mesma nestes autos até o levantamento da
Liquidação Extrajudicial, em 19/12/2014, não poderia haver a cobrança de juros moratórios,
pouco importando que a decisão sobre o cabimento deles adviesse da sentença ou de decisão
interlocutória em liquidação de sentença.

Assim, embora tenha agido com acerto o Magistrado de piso ao


reconhecer os excessos quanto aos honorários apresentados, bem como em relação ao índice
utilizado para correção de valores, não o fez quanto à cobrança de juros.

Tendo a Agravante estado em Liquidação Extrajudicial desde meados


de 1998 até 19/12/2014, quando houve o encerramento da mesma, os juros não poderiam ser
cobrados neste período anterior.

É medida que se impõe o reconhecimento do excesso de execução,


para que, sendo remetidos os autos para o cálculo do contador judicial, sejam conferidos juros
somente a partir de 20/12/2014, a fim de que seja possível a correta homologação do valor
devido, ou seja, aquele tido por incontroverso e depositado pela Agravante.

Desse modo, diante o exposto, é de rigor a reforma da r. decisão de


primeiro grau, a fim de que seja reconhecida a aplicação da Lei 6024/74, especialmente
quanto ao artigo 18, alínea ‘d’, quanto ao óbice de inclusão de juros no período em que a
Agravante esteve submetida à Liquidação Extrajudicial.

Ainda, neste espeque, a fim de ser dada maior segurança jurídica,


embora não se tratem de cálculos complexos, pugna pela determinação de remessa ao
Contador Judicial, para que apresente o valor devido pela Agravante, com o afastamento dos
juros indevidos.

V. DO EFEITO SUSPENSIVO

O artigo 1019 do Código de Processo Civil disciplina a possibilidade


de atribuição do efeito ativo do Agravo de Instrumento, sendo certo que a decisão deverá ser
analisada pelo Relator, senão vejamos:

“Art. 1.019: Recebido o agravo de instrumento no tribunal e


distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932,
incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:
I: poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em
antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal,
comunicando ao juiz sua decisão;”

Assim, a aplicação do dispositivo supra tem a urgência, eis que


presentes os requisitos do artigo 300 do Código de Processo Civil, ou seja, probabilidade do
direito e perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

A probabilidade do direito está caracterizada diante da


demonstração inequívoca de que há gritante ofensa ao que preconiza a Lei 6024/74, em plena
vigência, a qual determina a inaplicabilidade de juros durante o interregno a que estiver
submetida a instituição à Liquidação Extrajudicial.

O periculum in mora, no caso, é patente, vez que se o processo


Executivo tiver prosseguimento irá resultar em problemas financeiros e prejuízos de mais de
meio milhão de reais para o Agravante, que tem buscado se reerguer e reestruturar, honrando
com suas obrigações, de forma justa e correta, não podendo ser prejudicado infundadamente.

Desse modo, presente todos os pressupostos jurisdicionais para a


concessão da liminar pretendida – fumus boni iuris e periculum in mora, esperam os
Agravantes a concessão da liminar, para imediatamente acolher os Embargos à Execução com
efeito suspensivo.

VI – DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer:

a) O conhecimento do presente recurso, tendo em vista preencher todos os requisitos de


admissibilidade.

b) O DEFERIMENTO do Efeito Suspensivo, a fim de que a decisão prolatada em Liquidação


de Sentença não produza efeitos até o julgamento final deste recurso.

c) Ao final, seja o presente Agravo de Instrumento integralmente PROVIDO para que, em


razão do descabido e imotivado afastamento da aplicação da Lei 6.024/74, cujo
comando vigente extraído da alínea ‘d’, do artigo 18, seja REFORMADA a r. decisão
agravada de mov. XX.XX, determinando a inaplicabilidade de juros até 19/12/2014,
bem como remessa ao contador judicial para atualização dos valores.

d) Seja intimado o Agravado para que, querendo, apresente resposta no prazo legal.

Termos em que, pede deferimento.

Curitiba, 31 de janeiro de 2022.

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