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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE

SÃO LOURENÇO/MG

LOJÃO CHALÉ LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no Cadastro Nacional
de Pessoas Jurídicas sob o nº xxx, endereço eletrônico xxx, com sede em São Lourenço/MG,
na Rua Brasil, nº 200, Bairro Centro, CEP xxx, na pessoa de seu representante legal e
preposto Fabriciano Murta, estado civil xxx, profissão xxx, inscrito no Cadastro de Pessoas
Físicas sob nº xxx, endereço eletrônico xxx, residente e domiciliado na Rua xxx, nº xxx,
Bairro xxx, São Lourenço/MG, CEP xxx, por sua representante judicial signatária, vem, à
presença de Vossa Excelência, ajuizar

AÇÃO MONITÓRIA

PEÇANHA, estado civil xxx, profissão xxx, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas sob nº
xxx, endereço eletrônico xxx, residente e domiciliado na Rua Buenos Aires, nº 100, Bairro
xxx, São Lourenço/MG, CEP xxx, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:

I - DOS FATOS

Em 31/10/2012, o autor vendeu eletrodomésticos ao réu no valor de R$ 100.000,00 (cem mil


reais). Na mesma oportunidade, foi emitida uma nota promissória em caráter “pro solvendo”
(em anexo) no referido valor, com vencimento para o dia 25/01/2013, no lugar do pagamento.

No entanto, a obrigação não restou adimplida, bem como as tentativas de cobrança amigável
resultaram infrutíferas, razão pela qual o autor ajuíza a presente ação, a fim de cobrar
judicialmente o valor atualizado e com consectários legais que, até o presente momento,
perfaz o montante de R$ 280.000,00 (duzentos e oitenta
mil reais).
II – DOS FUNDAMENTOS

II.I – DA TEMPESTIVIDADE PARA A PROPOSITURA DA AÇÃO MONITÓRIA

Conforme descrito na narrativa fática e observando os documentos que instruem a exordial, o


autor é credor da importância descrita na nota promissória que, atualmente, equivale à R$
280.000,00 (duzentos e oitenta mil reais), montante a ser pago pelo réu.

Sendo assim, primordialmente é importante destacar que as disposições relativas à prescrição


da letra de câmbio aplicam-se, também, à nota promissória, conforme previsão contida no art.
77 do Decreto nº 57.663/66 (Lei Uniforme de Genebra - LUG).
Nessa senda, o art. 70 do mesmo diploma legal estabelece que as ações contra o aceitante
relativas a letras prescrevem em 3 (três) anos para a sua execução, a contar do seu
vencimento. Outrossim, destaca-se que o art. 78 responsabiliza o subscritor de uma nota
promissória da mesma forma que o aceitante de uma letra.

No entanto, considerando o vencimento da nota promissória objeto desta demanda


(25/01/2013) e a data de propositura desta ação, perceptível que transcorreram mais de 3
(três) anos, razão pela qual ocorreu a perda da eficácia executiva do título.
Todavia, é cabível a sua cobrança por via de Ação Monitória, como assim se faz, nos termos
do art. 700, I, do Código de Processo Civil, in verbis:

“Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por


aquele que afirmar, com base em
prova escrita sem eficácia de título executivo, ter
direito de exigir do devedor capaz:
I - o pagamento de quantia em dinheiro.”

Ou seja: o documento hábil a ensejar a ação monitória é, conforme o art. 700 do CPC/2015, a
prova escrita sem eficácia de título executivo. Documento escrito, pelos ensinamentos de
Nery Junior, é “qualquer documento que seja merecedor de fé quanto à sua autenticidade e
eficácia probatória”.
“In casu”, a ação está sendo proposta tempestivamente, visto que em consonância com o art.
206, § 5º, I, do Código Civil (prazo quinquenal) e “pari passu” à Súmula 504 do STJ,
considerando que o vencimento ocorreu em 25/01/2013 e não decorreram 5 (cinco) anos.
Acerca do tema, vejamos o entendimento do TJRS, “ad litteram”:

APELAÇÃO CÍVEL. AGRAVO RETIDO. AÇÃO


MONITÓRIA. NOTA PROMISSÓRIA.
PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. De conformidade com
o verbete da Súmula 504 STJ, a
cobrança da nota promissória destituída de força
executiva prescreve em cinco anos
contados da data do vencimento do título. Prescrição
rejeitada. Manutenção da sentença
recorrida. RECURSOS DESPROVIDOS. (Apelação
Cível Nº 70073223273, Décima
Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Ana Maria Nedel Scalzilli,
Julgado em 14/12/2017)

Portanto, conclui-se que a prescrição da eficácia executiva do título não atinge o direito ao
crédito, que poderá ser perseguido por ação monitória, razão pela qual não há de se falar em
prescrição na cobrança da nota promissória objeto da lide, visto que respeitado o prazo
quinquenal.

II.II – DA NÃO NOVAÇÃO NA EMISSÃO DA NOTA PROMISSÓRIA

Na clássica definição de Soriano Neto, novação “é a extinção de uma obrigação porque outra
a substitui, devendo-se distinguir a posterior da anterior pela mudança das pessoas (devedor
ou credor) ou da substância, isto é, do conteúdo ou da causa debendi” (cf. Soriano de Souza
Neto, Da novação, 2. Ed., 1937, n. 1).

Conforme mencionado, foi emitida uma nota promissória em caráter “pro solvendo”, “i.e.”, a
simples entrega do título não dá ensejo à efetivação do pagamento, razão pela qual salienta,
desde já, que não houve novação na emissão da nota promissória em relação ao crédito por
ter sido emitida na referida forma.

III – PEDIDOS

Por todo exposto e com base na legislação supracitada, o autor requer:

1) a expedição de mandado de citação e de pagamento contra o réu,


a ser cumprido no prazo de 15 dias, nos termos do art. 701 do CPC/15;

2) a condenação do réu ao pagamento de honorários advocatícios de


5% (cinco por cento) do valor atribuído à causa (R$ 280.000,00) e das custas
processuais em caso de descumprimento do mandado monitório, em consonância com
o art. 701, § 1º, do CPC/15;

3) a procedência do pedido para decretar a constituição, de pleno direito, de título


executivo judicial, independentemente de qualquer formalidade, se não realizado o
pagamento e não apresentados embargos pelo réu (art. 701, § 2º, do CPC/15);

4) a juntada da memória de cálculo, constando a importância devida


(art. 700, § 2º, I, do CPC/15);

5) a realização de audiência para tentativa de conciliação, na forma prevista no art. 319,


VII, do CPC/15.

IV - VALOR DA CAUSA

Dá-se o valor da causa R$280.000,00 (duzentos e oitenta reais).

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
Local e data
Advogado - OAB/UF

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