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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA

COMARCA DE (...), ESTADO DO (...).


(...), brasileira, casada, (...) , portadora da cédula de identidade sob o nº (...) SESP/PR,
residente e domiciliada à Avenida (...) , Nº (...) , Bairro (...) , , (...) , Estado do (...) [1]; e (...),
brasileiro, solteiro, (...) , portador da cédula de identidade sob o nº (...) , residente e
domiciliado à Avenida (...) , (...) , Bairro (...) , (...), Estado do (...) [2], por seu advogado e
procurador que esta subscreve, com escritó rio profissional descrito no rodapé desta, vêm,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, ajuizar a presente AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O
POR DANO MORAIS em face de (...) , brasileira, residente e domiciliada na (...) , (...) , (...),
(...) , (...) , Estado do (...) , pelas razõ es a seguir expostas:
I – SÍNTESE DOS FATOS
Os Requerentes e a Requerida residem no mesmo (...) , o qual fora construído pela
família (...) , eis que o esposo da Requerente e o esposo da Requerida sã o irmã os e
trabalham juntos na (...) , a qual está situada nas adjacências do referido edifício (...) .
Os Requerentes sempre procuraram manter relaçõ es sadias e de respeito com a
Requerida, bem como com os demais familiares que também residem no mesmo prédio.
Entretanto, conforme fora demonstrado nos autos AÇÃO PENAL DE INICIATIVA
PRIVADA sob o nº (...) [3] e TERMO CIRCUNSTANCIADO sob o nº (...) [4], a Requerida
transgrediu todas as normas de boa convivência e harmonia, posto que, praticou vários
crimes contra a pessoa dos Requerentes, consoante será amplamente demonstrado.
Com efeito, no dia (...) de (...) de (...) , a Requerida estava limpando o prédio
mencionado, e ao perceber que a Requerente subia as escadarias para entrar em seu
apartamento, a Requerida, sem qualquer justificativa para tal conduta ilícita, agrediu
verbalmente a Requerente, chamando a mesma de: “Puta”, “Porca”, “Relaxada” e “Vadia”.
Nã o satisfeita com os crimes cometidos, esta, ainda, se valeu da oportunidade para afirmar
o ó dio que sentia da Requerente.
Alarmado com as agressõ es verbais praticadas pela Requerida em face de sua
mã e, o Requerente, que estava pró ximo ao local, interferiu, no sentido de indagar a
Requerida se esta possuía provas do estava afirmando. Neste momento a Requerida passou
a alvejar o Requerente com muitos vitupérios, chamando-lhe de “ (...) e (...) ”, terminando
por afirmar que o mesmo era frequentemente abordado pela Polícia Militar.
No dia (...) de (...) de (...) , a Requerida, nã o satisfeita com as agressõ es anteriores,
apó s avistar os Requerentes, da sacada de seu apartamento passou a proferir, novamente,
xingamentos em face do Requerente, chamando-o de “ (...) ”, “ (...) ”, “ (...) ” e outros
vitupérios.
Diante das afrontas diá rias e humilhaçõ es, suportadas pelos Requerentes, as quais
ocorrem na presença de parentes, empregados e vizinhos, a Requerente, pessoa humilde,
mã e de família, que jamais fora insultada por qualquer pessoa, passou a sofrer da doença
de depressã o, tendo inclusive que utilizar medicamentos de uso controlados para o
tratamento de tal malefício, consoante receitas médicas anexas.
Assim, nã o restou alternativa aos Requerentes senã o se socorrer as vias judiciais,
com finco de que a Requerida seja responsabilizada pelas condutas ilícitas praticadas em
face dos Requerentes.
II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DOS PEDIDOS
II. 1 – Das Condutas Ilícitas Praticadas Pela Requerida – Do Dano Moral
No caso em tela, as inú meras condutas ilícitas praticadas pela Requerida
configuram, nitidamente, o dever de indenizar, visto que além de praticar crimes contra a
pessoa dos Requerentes, ainda, fez com que estes fossem submetidos a uma situaçã o
humilhante, desgastante e vexató ria, situaçã o esta que ocasionou a depressã o na
Requerente.
No que tange a indenizaçã o pelo dano moral como resposta ao sofrimento e
humilhaçã o injustamente provocados pela Requerida, a jurisprudência nã o destoa:
AGRAVO INTERNO. DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU SEGUIMENTO Á APELAÇÃO. Não desmerecida pelas
razões deduzidas no agravo interno, subsiste a decisão que negou seguimento à apelação em conformidade com o
art. 557, caput, do Código de Processo Civil. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. OFENSA VERBAL. DANO MORAL CONFIGURADO. Comprovada nos autos a ofensa verbal proferida pelos
réus, submetendo o autor à situação de constrangimento e humilhação, resta caracterizado o dano moral puro e
evidente a obrigação de indenizar. Prova testemunhal que corrobora a versão [5]. (sem destaque no original).

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. Ofensa verbal. ATUAÇÃO LEVIANA E IRRESPONSÁVEL DO RÉU. DANO
MORAL CONFIGURADO. ATO ILÍCITO. DEVER DE INDENIZAR. QUANTUM MANTIDO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
REDUZIDOS. 1. O caso sob exame diz com pedido de indenização por danos morais decorrentes de ofensa verbal
perpetrada pelo apelado em face da parte autora. 2. Conforme a análise do substrato probatório, o requerido,
de fato, ofendeu a honra do autor ao chamar-lhe de “burro” e “boca aberta” perante outras pessoas. 3. Diante
da situação humilhante e vexatória a que a autora foi exposta, o dano moral configurou-se in re ipsa. Dispensada
a comprovação da extensão dos danos, sendo estes evidenciados pelas circunstâncias do fato. 4. Quantum
indenizatório por danos morais mantido, na forma posta na sentença. 5. Honorários advocatícios reduzidos. Art. 20
do CPC. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. UNÂNIME [6]. (sem destaque no original)

Portanto, impõ e-se a condenaçã o da Requerida à indenizaçã o por sua conduta


ilícita, a qual violou a dignidade, imagem e honra dos Requerentes, ensejando a reparaçã o
mediante indenizaçã o, consoante observou-se nos julgados supra.
II. 2 – Do “Quantum” Indenizatório
Reconhecida a existência do dano moral, e o consequente direito a indenizaçã o
dele decorrente, é importante e necessá rio analisar o aspecto do “quantum” pecuniá rio
deve ser considerado e fixado, não só para efeitos de reparação dos prejuízos sofridos
pelos Requerentes, mas também sob o cunho de caráter punitivo, preventivo e
repressivo, com FINCO DE QUE A REQUERIDA SE ABSTENHA DE PRATICAR NOVAS
CONDUTAS ILÍCITAS, PRINCIPALMENTE CONTRA OS REQUERENTES.
Essa indenizaçã o que se pretende em decorrência dos danos morais sofridos
pelos Requerentes há de ser arbitrada, mediante estimativa prudente, para que possa
compensar, ao menos em parte, os danos morais sofridos pelos Requerentes, os quais
FORAM VÍTIMAS DE INÚMERAS AGRESSÕES VERBAIS E HUMILHAÇÕES, as quais foram
praticadas pela Requerida.
Com relaçã o ao valor da indenizaçã o por esses danos morais, os Requerentes
pedem “permissa vênia” para trazer a presente açã o entendimento jurisprudencial:
JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS. CIVIL. VALOR IRRISÓRIO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL DECORRENTE DE
AGRESSÕES FÍSICAS E VERBAIS. DANO MATERIAL NÃO PROVADO. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE
PROVIDO. 1. É incontroverso que a autora sofreu agressões físicas (mordidas na mão e braço) e verbais
(xingamentos) de funcionário da imobiliária ré no estabelecimento da empresa. O quadro exposto evidencia grave
violência física e moral e revela violação da dignidade e da honra da ora recorrente. 2. Sobre a dignidade humana
é oportuna a transcrição da lição de Fábio Konder Comparato (KOMPARATO, Fábio Konder. Ética: direito, moral e
religião no mundo moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 622), litteris: "Se a justiça consiste em sua
essência, como ressaltaram os antigos, em reconhecer a todos e a cada um o que lhes é devido, esse princípio
traduz-se, logicamente, no dever de integral e escrupuloso respeito àquilo que, sendo comum a todos os humanos,
distingue-os radicalmente das demais espécies de seres vivos: a sua transcendente dignidade." 3. Não obstante
reconhecido o ilícito pelo Juízo de origem, a indenização foi fixada em R$1.000,00, valor que reputo irrisório em
face das circunstâncias da causa, com a mais respeitosa vênia ao douto magistrado sentenciante. 4. Desse modo, e
em atenção aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, ao caráter compensatório e igualmente
dissuasório da indenização, à natureza da ofensa e às peculiaridades do caso sob exame, à condição social das
partes e a gravidade do ilícito praticado, tenho que o valor de R$12.000,00 revela moderação e se amolda ao
conceito de justa reparação. 5. Sobre a matéria o Superior Tribunal de Justiça assentou o seguinte entendimento
no REsp 968019/PI, de relatoria do Exmo. HUMBERTO GOMES DE BARROS: "(...) A indenização deve ter conteúdo
didático, de modo a coibir reincidência do causador do dano sem enriquecer injustamente a vítima." 6. De outro
norte, no que se refere à indenização por danos materiais, nada há a ser provido. O dano material deve sempre
estar devidamente demonstrado a conferir juridicidade à pretensão condenatória respectiva. 7. Na hipótese, não
há sequer indicação do modelo do celular e óculos que a autora alega terem sido danificados. A existência e a
extensão dos danos que alega haver sofrido não encontram, assim, suporte nos autos, e à evidência, não podem
ser presumidos. Com efeito, não se julga ressarcimento de dano por verossimilhança e sim com a segurança
exigida pelo ordenamento jurídico, onde a prova deve ser robusta e irretorquível, não se afigurando adequada a
condenação por danos hipotéticos ou mera presunção. 8. Recurso conhecido e parcialmente provido para
condenar a ré ao pagamento da quantia líquida de R$12.000,00 (doze mil reais), acrescida de correção
monetária desde a citação e juros legais a partir deste acórdão. A súmula de julgamento servirá de acórdão,
conforme inteligência dos arts. 2º e 46 da Lei n. 9.099/95, e em observância aos princípios informadores dos
Juizados Especiais. Sem honorários, conforme regra do art. 55 da Lei n. 9.099/95 [7]. (sem destaque no original).
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. CONTRATO DE TRANSPORTE AÉREO.
VOO INTERNACIONAL. CONSTRANGIMENTOS EXPERIMENTADOS POR PASSAGEIRO DE VÔO INTERNACIONAL
(MIAMI- GUARULHOS), DENTRE ELES, HUMILHAÇÃO, AGRESSÃO VERBAL, EXTRAVIO DA BAGAGEM, PERMANÊNCIA
POR MAIS DE TRÊS HORAS DENTRO DA AERONAVE E OUTROS PERCALÇOS. PEDIDO DE PAGAMENTO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. VALOR DA INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. MAJORAÇÃO. JUROS
DE MORA. MARCO DA SUA CONTAGEM. O contexto reproduzido na inicial, revelando o verdadeiro calvário vivido
pelo apelante, com os desdobramentos que são da natureza do contexto relatado - estresse, indignação,
sentimento de impotência, de revolta, de desamparo e outros tantos, sobretudo se considerada a reversão das
expectativas do demandante, que programou determinado espaço temporal para deleite -, permite concluir que o
montante estabelecido na sentença não cumpre os objetivos precípuos da sanção pecuniária imposta (punitivo,
pedagógico e reparatório), sobretudo ante a defesa ofertada pela companhia demandada, que mais preenche os
padrões técnicos e processuais da resposta do que refuta pontualmente as acusações contra ela versadas. Nesses
termos, é de ser majorada a indenização para o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), equivalentes a pouco
mais de 40 (quarenta) salários mínimos atuais, verba essa que deverá ser corrigida monetariamente pelo IGP-M
a contar da data do acórdão, seguindo-se a dicção da Súmula n. 362 do STJ, com o cômputo de juros de mora
desde a citação, uma vez se tratar de responsabilidade contratual. APELO PROVIDO. Apelação Cível Nº
70051486447, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ana Lúcia Carvalho Pinto Vieira
Rebout, Julgado em 27/02/2014 [8]. (sem destaque no original).

No mesmo sentido leciona o eminente jurista e Ministro do Superior Tribunal de


Justiça, Paulo Roberto Saraiva da Costa Leite:
QUANDO O DANO MORAL RESULTA DE OFENSA À HONRA NÃO HÁ MAIOR DIFICULDADE. O CRITÉRIO
ESTABELECIDO NO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 1.547 DO CÓDIGO CIVIL CONSTITUI UM BOM PARÂMETRO.
LEVANDO-SE EM CONTA QUE A MULTA CRIMINAL HOJE TEM CERTA EXPRESSÃO, É PERFEITAMENTE POSSÍVEL
FAZER-SE APLICAÇÃO ANALÓGICA DO QUE ALI SE CONTÉM. ALCANÇAR-SE-IA HOJE INDENIZAÇÃO DE ATÉ 3.600
SALÁRIOS MÍNIMOS, SOMA BASTANTE SIGNIFICATIVA [9]. (sem destaque no original).

Portanto, diante da jurisprudência e doutrina citadas acima, jurisprudência esta,


que se assemelha ao caso em tela, ampara os Requerentes, na melhor forma de direito, e
como ponderaçã o, sua pretensã o a fim de que seja a Requerida condenada a lhe pagar, a
título de indenizaçã o por danos morais, a quantia de 40 (quarenta) salá rios-mínimos, o
que, nesta data, equivale à importâ ncia de R$ (...) .
III – DOS PEDIDOS
Na conformidade do exposto, requer:
a) a citaçã o da Requerida, por correspondência, com aviso de recebimento (artigo
18 da Lei 9.099/95), no endereço registrado no preâ mbulo, para, querendo, apresente
defesa, sob pena de revelia;
b) Seja julgada procedente a presente açã o, condenando a Requerida a indenizar
os Requerentes em danos morais oriundos das prá ticas ilícitas – agressõ es verbais,
humilhaçõ es e outros vitupérios proferidos pela Requerida contra os Requerentes -,
cabalmente comprovados nesta peça exordial, no valor correspondente R$ (...) , corrigidos
monetariamente desde a citaçã o, ou em valor a ser fixado ao prudente critério de Vossa
Excelência;
c) a produçã o de todos os meios de prova em direitos admitidos, em especial pela
juntada de documentos, oitiva de testemunhas, e depoimento pessoal da Requerida, a fim
de demonstrar a veracidade das alegaçõ es dos Requerentes;
d) Dá a esta o valor de R$ (...) .
Nestes termos, pede deferimento.
Salto do Lontra, (...) de (...) de (...) .
RAFAEL KOLONETZ
OAB/PR 65.094

[1] Doc. 01 – Procuraçã o;


Doc. 02 – RG e CPF;
[2] Doc. 03 – Procuraçã o;
Doc. 04 – RG e PCF;
Doc. 05 – Comprovante de residência;
[3] Doc. 06 – Có pia da Açã o Penal Privada;
[4] Doc. 07 – Có pia do Termo Circunstanciado;
[5] 70044360147 RS , Relator: Paulo Roberto Lessa Franz, Data de Julgamento:
25/08/2011, Décima Câ mara Cível, Data de Publicaçã o: Diá rio da Justiça do dia
01/09/2011;
[6] Apelaçã o Cível Nº 70050674696, Nona Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Iris Helena Medeiros Nogueira, Julgado em 12/09/2012;
[7] TJ-DF - ACJ: 20150610060419, Relator: SANDRA REVES VASQUES TONUSSI, Data de
Julgamento: 02/02/2016, 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal,
Data de Publicaçã o: Publicado no DJE : 07/03/2016 . Pá g.: 533
[8] TJ-RS - AC: 70051486447 RS, Relator: Ana Lú cia Carvalho Pinto Vieira Rebout, Data de
Julgamento: 27/02/2014, Décima Segunda Câ mara Cível, Data de Publicaçã o: Diá rio da
Justiça do dia 13/03/2014.
[9] O Dano Moral no Direito Brasileiro, rev. el. Teia Jurídica.

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