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S U P E R I O R E L E I T O R A L – L U Í S R OB ER T O B A R R OS O
C O N T ES T A Ç Ã O
( R E G I S T R O D E C A N D I D A T U R A N º 0600903-50.2018.6.00.0000 )
2 ID nº 305381.
3 Publicado em mural eletrônico no dia 23.08.2018 (7 dias após terminado o prazo para impugnação – art.
4º, LC 64/90 c.c art. 39, Res. nº 23.548/2017, TSE).
SUMÁRIO
01. NOTA PRÉVIA. FAIR PLAY PROCESSUAL. UMA DEFESA ESTRITAMENTE TÉCNICA 3
02. PRELIMINARES AO JULGAMENTO DO MÉRITO DAS NOTÍCIAS E IMPUGNAÇÕES 5
03. DELIMITAÇÃO OBJETIVA DA DEMANDA 7
04. UMA INELEGIBILIDADE PROVISÓRIA TRATADA COMO DEFINITIVA. O PAPEL DO TRF4 NA
ALOCAÇÃO DA INELEGIBILIDADE NO TEMPO DA ELEIÇÃO 8
05. IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DE TUTELA DE EVIDÊNCIA 13
06. TAMBÉM NÃO CABE TUTELA DE EVIDÊNCIA OU URGÊNCIA PORQUE HÁ UM PECULIAR
SISTEMA DE REGISTRO DE CANDIDATURAS VIGENTE NO BRASIL. O RESULTADO DO DIÁLOGO
ENTRE OS ART. 16-A E ART. 11, § 10º DA LEI ELEITORAL E ART. 26 DA LC 64/90 21
6.1 Análise jurimétrica da realidade imposta por um regime instável de registro de candidatura no Brasil.
Alguns casos concretos similares 28
07. EXCEÇÕES PROCESSUAIS E SUBSTANCIAIS 33
7.1A suspensão superveniente de inelegibilidade. A interim measure do Comitê de Direitos Humanos da ONU
33
7.2 Uma síntese da representação individual. Nos dois anos de tramitação, há três manifestações do Estado
brasileiro reconhecendo a submissão às decisões do Comitê 34
7.3 Pacto internacional sobre direitos civis e políticos – marco civilizatório de consagração da democracia e dos
direitos de cidadania. 46
7.4 Relevância do comitê de direitos humanos da ONU no contexto do pacto internacional sobre direitos civis e
políticos 53
7.5 Adesão, pelo brasil, ao protocolo facultativo do pacto internacional sobre direitos civis e políticos – medida
procedimental ao pacto. 59
7.6 Força vinculante, ao brasil, do protocolo facultativo ao pacto internacional sobre direitos civis e políticos –
irrelevância, para fins de vinculação internacional e doméstica, de decreto presidencial publicado em diário
oficial. 65
7.7 Competência para analisar os requisitos procedimentais. Incompetência da Justiça Eleitoral. Óbice da
Súmula 41 do TSE 79
7.8 Poder geral de cautela do comitê de direitos humanos da ONU – da obrigatoriedade no cumprimento de
todas as decisões. Entendimento do STF e da PGR 84
7.9 A decisão em favor de Lula não é inédita. Eficácia vinculante perante a justiça Eleitoral 97
7.10 Países com Estado Democrático de Direito consolidado cumprem as decisões do Comitê 102
2
8. A NECESSÁRIA APLICAÇÃO DA RECENTE LEITURA CONSTITUCIONAL SOBRE A
CULPABILIDADE PARA A AFERIÇÃO DOS LIMITES DA APLICABILIDADE DO ART. 1º, I, “E” DA LEI
COMPLEMENTAR Nº 64/90 119
9. PREJUDICIALIDADE 134
9.1 A plausibilidade da suspensão e reforma da decisão. Prejudicialidade e sindicabilidade excepcionais 134
9.2 Prejudicialidade excepcionalíssima. Ausência de oportunidade para a apreciação dos pedidos de suspensão
de inelegibilidade deduzidas no RESP e RE. Suspensão 148
10.2 Os direitos políticos de Lula seguem hígidos a despeito da condenação criminal por órgão colegiado 168
10.4 Lula não ocupou cargo de direção em estabelecimento de crédito que tenha sido objeto de liquidação 170
10.5. O candidato não precisa estar presente para ser escolhido em convenção 171
RAZÕES DE DEFESA
01. N OT A P R É V I A . F A I R P L A Y P R OC ES S U A L . U M A D EF ES A ES T R I T A M E N T E
TÉCNICA
mesmo dia pela defesa ( a Secretaria deste Tribunal havia concedido o prazo de
três dias).
3
exceção processual dil atória para distender o processo – como uma suspeição, por
um eventual pedido para dilatar o prazo de contestação (art. 139, VI, CPC). A
cooperou para que a decisão de mérito seja proferida em prazo razoável (art. 6º do
4“O magistrado é o destinatário da prova, cumprindo-lhe valorar sua necessidade. Em regra, tal procedimento não
configura cerceamento de defesa, pois cumpre ao juiz, no exercício do seu poder-dever de condução do processo, a
determinação das provas necessárias à instrução deste e o indeferimento das diligências inúteis ou meramente
protelatórias” (TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 4612, Relator Min. Tarcísio Vieira De Carvalho Neto,
07/08/2017).
4
CPC). Houve fair pl ay processual, como desde o início foi assegurado, em
inelegibilidade (art. 11, § 10º, da Lei Eleitoral; art. 493 do CPC). A corroborar a
exceção e outros pon tos da defesa, são acostados também par eceres jurídicos.
IMPUGNAÇÕES
legitimidade ativa.
apenas aos candidatos da mesma circunscrição. 5 Não por outra razão há segura
5Código Eleitoral: “Art. 86. Nas eleições presidenciais, a circunscrição será o país; nas eleições federais
e estaduais, o estado; e, nas municipais, o respectivo município.”
5
orientação na jurisprudência , segundo a qual diretórios municipais não possuem
impugnação tem uma causa de pedir não deduzida em qualq uer outra (uma
Eleitoral deveria ser intimado para avaliar se encampa as teses. De uma forma
6
A D V O G A D O S E E S T A G I Á R I O S D O E S T A D O D O R I O D E J A N E I R O (AAEERJ) – pessoa
(F E R N A N D O A G U I A R D O S S A N T O S – id nº 301543 e M A R C E L O F E L I Z A R T I L H E I R O –
não seja o caso de rejeição sumária das notícias por esse motivo, necessário que
03. D E L I M I T A Ç Ã O OB J E T I V A D A D E M A N D A
condenação por órgão colegiado (art. 1º, I, “e”, 1 e 6, LC 64/90) . As demais: ( ii)
administrativa; ( iv) art. 14, § 3º, II, CF ( suspensão dos direitos polític os); (v)
7
É claro que a defesa mais vertical dirá com a alegada inelegibilidade
CPC).
04. U M A I N E L E G I B I L I D A D E P R O V I S ÓR I A T R A T A D A C O M O D EF I N I T I V A . O P A P E L
DO TRF4 N A A L O C A Ç Ã O D A I N E L E GI B I L I D A D E N O T EM P O D A EL EI Ç Ã O
Limpa.
de registro, não havia (e ainda não há) interesse de agir (por ausência de
muito, sempre foi provisória (de eficácia provisória). E por que provisória,
Outro equívoco na n arrativa que tem por intenção mal rotular o registro
8
criticar o sistema – e os advogados signatários desta petição o criticam –, mas
não se pode desconsiderar o que está vigente. Para todos – inclusive para o ex -
Presidente L U L A .
eleitoral.
Fato é que a confirmação da condenação por órgão judi cial colegiado teria
imediatamente.
A ideia era que o recurso especial fosse julgado o quanto antes, restabelecendo
10 https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/01/1948737-caso-lula-passa-a-frente-de-7-acoes-da-lava-
jato-em-tribunal.shtml
9
TRF4, impedindo a decisão de mérito que reverteria (no tema que interessa à
Não se está a sustentar que tenha havido alguma artimanha do TRF4, mas
por dezenas de juristas, pode ter g erado uma inelegibilidade que vai durar
havia sido feito ainda em julho. Poderia ter sido concedido a q ualquer
momento.
10
processo eleitoral. Negada a liminar (por conta da pressão nada desprezível),
11 Sobre o tema, conferir o exaustivo trabalho multidisciplinar de Eduardo José da Fonseca Costa, em
seu recém lançado “Levando a imparcialidade a sério” (Juspodivm, 2018, p. 155 seguintes). Noutra ótica,
Bruno Bodart, em “Tutela de Evidência” (RT, 2014, p. 89) também aborda o tema.
11
A verdade é que o (involuntário, q uem sabe) acelera e freia do TRF4 legou
era ter o recurso julgado no mérito nos tribunais superiores antes da eleição.
Foi exatamente o que TRF4 tirou de Lula, ainda que involuntar iamente, repise -
se.
jurídica superveniente ao registro que afasta a inelegibilidade (art. 11, § 10º, da Lei
que o TRF4, por tudo isso, deve ser chamado a compartilhar, em alguma
12TSE, Embargos de Declaração no Recurso Especial Eleitoral nº 294-62, Rel. Min. Gilmar Mendes –
11.12.2014.
12
05. I M P OS S I B I L I D A D E D E C O N C ES S Ã O D E T U T E LA D E E V I D ÊN C I A
Presidente Lula).
processual. O impedi mento não existe até que o TSE reconheça a causa de pedir
13
julho e deferido em 17 de agosto pelo Comitê da ONU. A conferir o que o N O V O
protocolo.
ajuizada. E desde abril de 2018. Só não foi analisada porque o TRF4, como
teriam sido negados (pelo STJ e STF). Se não foram ajuizados, não podem ter
(certamente involuntário).
STJ já analisou e o STF estava para analisar nada tem a ver com a suspensão
14
O pedido do art. 26 -C, portanto, está sim posto. É claro que o ex -
aconteceu em tempo.
(inciso III).
inaudita. 13 Quem sabe por isso não tenham até aqui, corretamente, sido
analisados.
caso não se pode falar de tutela de evidência também com fundamento nos
propósito protelatório da parte ”; “IV - a petição ini cial for inst ruída com prova
documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não
13 “Pedido de concessão de tutela de evidência. Impossibilidade de concessão inaudita altera parte. Exigência de
formação do contraditório. Inteligência do parágrafo único do art. 311 do CPC. Precedentes” (TJ-SP
22011224020178260000, Relator: Azuma Nishi, 25ª Câmara de Direito Privado, 23/11/2017).
15
A leitura clássica do “inciso I” requer “ uma conduta que denote intuito
desta defesa. Incogitável que a sua mera apresentação seja classificada como
14AMARAL, Guilherme Rizzo. Comentários às alterações do novo CPC. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2016, p. 416. No mesmo sentido, MEDINA, José Miguel Garcia. Novo código de processo
civil comentado. São Paulo: RT, 2015, p. 501.
15 BODART, Bruno. Tutela de Evidência. São Paulo: RT, 2014, p. 116.
16MITIDIERO, Daniel. Antecipação da tutela: da tutela cautelar à técnica antecipatória. São Paulo: RT,
2017. p. 153.
16
professores que se pronunciaram publicamente. Não ser ia honesto, no entanto,
sugerir inconsistência .
O inciso IV, por fim, orienta -se por uma lógica similar. O fato
explica a doutrina, se a exceção substancial indireta , como neste caso, não viesse
prova da exceção sub stancial indireta , aí sim poderia ser cogitada a tutela de
a defesa.
de seu reconhecido val or para a efetividade do processo, não tem cabimento em sede
17Neste sentido, WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; DIDIER JR., Fredie; TALAMINI, Eduardo;
DANTAS, Bruno (coords.), Breves comentários ao novo código de processo civil. São Paulo: RT, 2015, p. 797.
18 Um dos advogados signatários desta petição, Luiz Fernando Casagrande Pereira, reconhece o
cabimento, em tese, de tutela de evidência e urgência em ação de impugnação de registro de
candidatura, em texto publicado e referido algumas vezes na petição do NOVO. Não seria necessário
consignar, mas a advocacia não provocou alteração da posição acadêmica já manifestada. Para o autor
cabe, em tese, tutela de evidência. Em posição que defendeu isolado na doutrina. A análise, no entanto,
é sempre casuística. Neste caso não se pode falar, pelos motivos expostos, em tutela de evidência ou
mesmo em fumus a autorizar juízos sumários.
17
que seria incompatível com j uízos sumários em ação de impugnação de
registro de candidatura. 19
Certo é que o TSE nunca admitiu juízos sumários (não apenas tutela de
19 GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 13ª ed. São Paulo: Atlas, 2017. p. 400.
20Portanto, quando se tratar de questões tendentes ao afastamento de modo antecipado – ou mesmo quando se
visa impedir candidato de participar do pleito -, regra geral, não se aplicam os regramentos previstos
pelo direito processual civil a respeito das medidas antecipatórias, entendimento que deve ser mantido
mesmo com a vigência da novel codificação. (...) Como afirmado, o entendimento veiculado, que restou sufragado
na vigência do CPC de 1973, deverá ser mantido mesmo com o NCPC, porquanto se trata de medida que, em regra,
nenhum prejuízo trará ao processo eleitoral: viabiliza-se o registro do candidato e a sua participação no certame,
sendo que em caso de posterior reconhecimento da impossibilidade da sua participação, bastará ser alijado; por
outro lado, uma vez reconhecida a lisura de seu registro, não será ele prejudicado pela sua precoce
retirada do pleito (FISCHER, Roger. SILVA, Jaqueline Mielke. A (in)compatibilidade da tutela
provisória prevista no NCPC no âmbito do direito processual eleitoral. In: AGRA, Walber de Moura.
PEREIRA, Luiz Fernando. TAVARES, André Ramos (coord.). O Direito Eleitoral e o Novo Código de
Processo Civil. Belo Horizonte: Fórum, 2016. p. 261-262).
21 TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 27840, Decisão monocrática de 21/05/2018.
22 TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 8144, Decisão monocrática de 24/10/2016.
18
direito de interpor o eventual recurso ao Supremo com a garantia do efeito
suspensivo, tal qual assegura o art. 16 -A. A ideia, neste momento proc essual,
candidaturas em eleições presidenciais (RCPR 125 e RCPR 137) . Nos dois casos
pelo TSE, seguiram em campanha. Em um dos casos ( RCPR 125, de Rui Costa
fato, não houve. Não fazia sentido q ue houvesse. O TSE, sem nenhuma
“O candidato que tiver seu registro indeferido poderá recorrer da decisão e, enquanto
estiver sub judice, prosseguir em sua campanha e ter seu nome mantido na urna
campanha. Ninguém cogitou negar vigência à regra tão clara. Foi por isso que
estava sub judice, pudesse realizar todos os atos da sua campanha eleitoral,
A.
19
Por dever de lealdade, é verdade que agor a, na eleição de 2018 , surgiram
casos havia condenação cr iminal com trânsito em j ulgado, sem nenhuma tese
concreto do ex-Presidente.
de fe ri me nt o d o ple it o p r ovi só ri o . A a ç ão de i m pu g n aç ão d e
pre vi s ão l eg al p a r a t ai s i n te nto s. ”
importantíssimo: a ir reversibilidade:
20
com a re du çã o d o p ra z o de ca mp a nha , ca da dia pe rdid o p ode
contrário. Quer ape nas que o plenário, competente para decidir o mérito,
Por fim, também não é o caso de rejeição liminar de mérito, do art. 332
06. T A M B É M NÃ O C A B E T U T E L A D E E V I D Ê NC I A O U U R G ÊN C I A P OR Q U E HÁ U M
P E C U L I A R S I S T E M A D E R E GI S T R O D E C A ND I D A T U R A S V I G E N T E N O BRASIL. O
R E S U L T A D O D O D I Á L O GO E N T R E OS A R T . 16-A E A R T . 11, § 10 º D A L E I E L EI T OR A L
E ART. 26 D A LC 64/90
23 “Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu,
julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I - enunciado de súmula do Supremo
Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal
Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento
firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV -
enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.”
21
O sistema de registro de candidatur as no B rasil é repleto de
também há prazo limite para a definição (vinte dias antes da eleição – art. 16,
24MIRANDA, Jorge. Teoria do Estado e da constituição. 4ª ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense,
2015. BARROS, Manuel Freire. Conceito e natureza jurídica do recurso contencioso eleitoral. 4 Coimbra:
Almedina, 1998. PORTUGAL. Tribunal Constitucional. Acórdão nº 322/85. Publicação: Diário da
República, II série, n. 88, de 16/04/1986. PORTUGAL. Tribunal Constitucional. Acórdão nº 35/86.
Publicação: Diário da República, II série, n. 109, de 15/05/1986. Apud: FRASCATI, Jacqueline Sophie
Perioto Guhur. Notas para a compreensão do contencioso da apresentação ou registro das candidaturas
das eleições políticas, sob o enfoque dos ordenamentos jurídicos português e brasileiro. Revista de Direito
Constitucional e Internacional, v. 58, p. 174, jan. 2007.
MIRANDA, Jorge. Leis eleitorais para os parlamentos dos países da União Europeia. Lisboa: Imprensa
25
22
condições de elegibilidade e eventuais inelegibilidades só podem ser
eleitoral pela Lei 13.165/2015. Se a J ustiça Eleitoral tinha 70 dias para julgar
todos os processos de registro (20 dias antes da eleição), agora passou a ter
apenas 25 dias. Não por acaso, o TSE divulgou q ue 145 prefei tos se elegeram
com registros sub judice em 2016. E a eleição sub judice é outra manifestação do
sistema.
sobre o candidato. É com esta lógica subjacente que foi concebido o art. 16 -A
da Lei Eleitoral: “ O candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar
todos os atos relativos à campanha eleitoral (...) ”. Nem poderia ser diferente.
Eleitoral leva tempo (um tempo q ue o candidato não deu causa) é que o art.
23
16-A garante a realização de todos os atos de campanha até o julgamento do
pleno, todos os atos i nerentes à campanha eleitoral ”. 28 Como poderia ser diferente?
O art. 16-A apenas garante que o candidato não seja penalizado pelo tempo do
O q ue n ão se po de é ne g ar - l he o di rei to de pro ss eg ui r n a
28ZILIO, Rodrigo López. Nulidade dos votos no sistema proporcional: eficácia e efeitos da decisão
judicial. Revista Brasileira de Direito Eleitoral – RBDE. Belo Horizonte, ano 5, n. 8, jan./jun. 2013.
Disponível em: <http://www.bidforum.com.br/PDI0006.aspx?pdiCntd=96272>. Acesso em: 20 out. 2017.
29“não se pode - com base na nova redação do art. 15 da Lei Complementar nº 64/90, dada pela Lei Complementar
nº 135/2010 - concluir pela possibilidade de cancelamento imediato da candidatura, com a proibição de realização
de todos os atos de propaganda eleitoral, em virtude de decisão por órgão colegiado no processo de registro”. (TSE,
Agravo Regimental em Reclamação nº 87629, Relator(a) Min. ARNALDO VERSIANI, 4/10/2012).
24
Como impor a L U L A uma solução drástica, proibitiva de fazer campanha,
o § 10º do art. 11 da Lei das Eleições prevê que “[...] as causas de inelegibilidade
Pode buscar a alteração jurídica superveniente que afaste a inelegi bili dade. Dos 145
O TSE não apenas sempre aplicou o §10º do art. 11, como gradativamente
25
demoraram a subir aos tribunais superiores. Diante disso, em julho de 2018, o
considerada como deci são do art. 26 -C, da Lei Complementar 64,como alteração fática
e jurídica para suspender a inelegibilidade (a rt. 11, § 10, Lei n. 9.504/97), porquant o
espera – é claro (isso será tratado em ponto específico). Até porque a recusa
Foi a partir das eleições de 2014 que o Tribunal Superior Eleitoral firmou
podem ser conhecidas em qual quer grau de jurisdição , incl usive nas instâncias
30Recurso Especial Eleitoral nº 12206, Acórdão, Relator(a) Min. ADMAR GONZAGA, Publicação: DJE
- Diário de justiça eletrônico, Data 15/08/2017, e Recurso Especial Eleitoral nº 7277, Acórdão, Relator(a)
Min. ADMAR GONZAGA, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 15/08/2017 e Recurso
26
portanto, L U L A tem até a diplomação (em 19 de dezembro) para reverter a
É bom que haja esta indefinição? Parece óbvio que não. No entanto, a
todos.
Calamandrei. 31
democracia.
Especial Eleitoral nº 27017, Acórdão, Relator(a) Min. ADMAR GONZAGA, Publicação: DJE - Diário de
justiça eletrônico, Data 15/08/2017.
31 CALAMANDREI, Piero. Introducción al estudio sistematico de las providencias cautelares, p. 36.
27
candidato, sempre que houver fumus boni iuris, prossiga na corrida eleitoral ”. 32
Brasil.
segunda instâncias). 33
e lavagem e prescrição tamb ém em relação aos dois tipos. Até aqui não houve
a eleição antes da decisão final sobre o registro. Todos eles tiveram o direito
32FRAZÃO, Carlos Eduardo; FUX, Luiz. Novos paradigmas do Direito Eleitoral. Belo Horizonte: Fórum,
2016. p. 257-258. Também sobre o tema, conferir, CHEIM JORGE, Flávio; SANTOS, Ludgero Ferreira
Liberato dos. A suspensão da inelegibilidade advinda das decisões judiciais e atribuição de efeito suspensivo aos
recursos. Revista de Processo. vol. 215. p. 13. Jan/2013DTR\2013\367.
33 Vale conferir os dois livros publicados sobre o tema, em versão digital.
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servico
s_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/Comentarios-a-uma-Sentenca-
Anunciada.pdf
https://www.alainet.org/pt/articulo/194715
28
combinado com o art. 26 -C da LC 64/90, nos termos expostos no tópico
anterior.
2016
DADOS: Dos 145 candidatos que foram eleitos nas urnas estando com o
eleitoral.
29
2010 – O candidato ao Senado pelo Estado de Rondônia, Ivo Cassol teve sua
2016 - José Salim H aggi Neto (PMDB) disputou todo o pleito com o registro
30
registro e possibilitou que assumisse o cargo (Recurso Especial Eleitoral nº
6338).
2018 – O Deputado Federal José Rodri gues (PSD) , que cumpria pena em
Caso 01
da alínea “e”. Contra tal decisão, Romário interpôs recurso especial. Sustentou
eleitoral.
31
Com a decisão liminar do ministro Mussi, o então candidato deu a
deferido (art. 11, §10º da Lei n.º 9.504/97). Venceu a eleição, foi diplomado e
exerceu o mandato.
Caso 2
Caso 3
32
07. E X C E Ç Õ E S P R OC E S S U A I S E S U B S T A N C I A I S
f i sc al i z aç ão do cu m pri me n to , p el o s p aí s es ad ere nt es , do s
“ i nter n a ti o n al co u rt s ” , co m põ e o si s te m a i nter n a ci o n al de
apó s a o i ti va de to do s o s au to re s, d a s no r m a s do ar t. 1 1 , § 1 0 º
da l ei n º 9 .5 0 4 / 9 7 e do ar t. 2 6 - c d a LC n º 6 4 / 9 0 – da su s pe ns ão
do re qu ere nt e.
óbice à candidatura do ex -Presidente (art. 11, § 10º da Lei nº 9.504/97, c/c art.
em segundo instância.
justo).
33
em situações revestidas de inquestionável gravidade – foi proferida na
alegações lá apresentadas.
decisões do Comitê
Civis e Políticos.
perante a 13ª Vara Federal de Curitiba e que desembo cou na suposta causa de
34 ARTIGO 14
1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes de justiça. Toda pessoa terá o direito de
ser ouvida publicamente e com devidas garantias por um tribunal competente, independente e
imparcial, estabelecido por lei, na apuração de qualquer acusação de caráter penal formulada contra ela
ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil. A imprensa e o público poderão ser
excluídos de parte da totalidade de um julgamento, quer por motivo de moral pública, de ordem pública
ou de segurança nacional em uma sociedade democrática, quer quando o interesse da vida privada das
Partes o exija, que na medida em que isso seja estritamente necessário na opinião da justiça, em
circunstâncias específicas, nas quais a publicidade venha a prejudicar os interesses da justiça; entretanto,
qualquer sentença proferida em matéria penal ou civil deverá torna-se pública, a menos que o interesse
34
Dessa representação, foi formalmente comunicado o Estado Brasileiro
Presidente não poderia ser conhecida, por não ter ele esgotado todas as vias
35
“ Por t od a s as r azõ e s acim a, o E stad o B ra si l ei ro r e q u er a e st e
H um a no s.
( ...)
U ni da s e co m es te h o no r á vel Co mi tê de D i r eit os H u m an os e m
pa r ti c ul a r ” .
Pacto.
livres, que poderão, ao final, em caso de dúvida por parte deste E. Tribunal Superior, ser cotejadas com
o laudo final.
36
Eis o que corretamente consignou o Estado Brasileiro, na primeira de
( ...) .
q ue o B ra s il e stá a f az e r (...).”
É dizer, oito meses após sua primeira int ervenção , o Estado Brasileiro,
37
Federativa do Brasil com o Sistema de Direitos Humanos da ONU e com o honrado
(tradução livre):
B ra si l pe l o D e cr et o 3 1 1 /2 0 0 9 , a Re p úb lic a F e de ra ti v a d o B r asil
g ar a n ti d os pel o P ac to po r p a r te de de te r min a do E st a do
me mb ro .’ ”
Humanos.
quais se apr esenta impugnação a cada uma das alegações deste ex-Presidente
e, uma vez mais, reafirma -se que “em razão do Protocolo Opcional ao Pacto sobre
considerar comuni cações de indivíduos submetidos à sua jurisdi ção que reclamem ser
vítimas de violação, por Estado membro, a qualquer dos direitos garantidos pelo
38
decisão tivesse sido proferida pelo Comitê, este ex-Presidente , pela primeira
disputar as elei ções presidenciais de 2018, o que demonstra que a medida (liminar)
p et i çõ es e ev id ênc ia s”
informação”;
para evitar dano irreparável à vítima da alegada viola ção. Que isso
39
Comitê não seja frustrada, caso venha a ser encontrada qualquer
violação ao Pacto”;
urgência apresentado pelo autor e da ale gação de que sua prisão poderia
de 2018 (...)”.
veiculado por este ex-Presidente , o que fez com base nas seguintes
As s im , o Co m it ê, at r av é s d o se u S peci al R a p po rte ur s o n Ne w
Pro ced im en t o d o C om it ê ” .
40
do Comitê sobre um a comuni cação em que se alega violação ao Pacto, ou que
individual e suas alegações de mérito par a uma análise conjun ta, tendo, ainda,
De se ver, portanto, que não houve qualquer atuação que pos sa ser
risco sua “desqualif icação” pela Justiça Eleitoral, veiculou novo pedi do de
41
b) Não seja o autor desab ilitado como candidato, até que sua
gravidade da situação que vinha sendo narrada há mais de dois anos (desde
julho de 2016), além do risco de dano irr eparável, após a apr esentação de 03
42
Tal decisão, frise -se, não foi tomada n um contexto de açodamento: ela
Tal decisão, ainda, não foi tomada sem prévia oitiva do Estado
por ato de soberania, obri gado e vinculado também ao Pro tocolo Facultativo
ao Pact o. Até porque “ qualquer cidadão pode formalizar uma com unicação perante
o Comitê. Esse é um importante direito para todos os cidadãos dos Estados membro.
Como consequência, os Estados devem providenciar uma resposta a tais comuni c ações,
que é o que o Brasil está a fazer agora” (texto da primeira manifestação brasileira).
atos de campanha.
43
ainda provisória e objeto de questionamentos perante o Comitê; verdade
pode deixar este candidato de registrar sua mais absoluta perplexidade com a
Como se pode ver dos documentos ora anexados a esta defesa, não é
37 ARTIGO 25
Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer das formas de discriminação mencionadas
no artigo 2 e sem restrições infundadas:
a) de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por meio de representantes
livremente escolhidos;
b) de votar e de ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por sufrágio universal e
igualitário e por voto secreto, que garantam a manifestação da vontade dos eleitores;
c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país.
38 Nota à imprensa.
A Delegação Permanente do Brasil em Genebra tomou conhecimento, sem qualquer aviso ou pedido de
informação prévios, de deliberação do Comitê de Direitos Humanos relativa a candidatura nas próximas eleições.
O Comitê, órgão de supervisão do Pacto de Direitos Civis e Políticos, é integrado não por países, mas por peritos
que exercem a função em sua capacidade pessoal.
As conclusões do Comitê têm caráter de recomendação e não possuem efeito juridicamente vinculante.
O teor da deliberação do Comitê será encaminhado ao Poder Judiciário.O Brasil é fiel cumpridor do Pacto de
Direitos Civis e Políticos. Os princípios nele inscritos de igualdade diante da lei, de respeito ao devido processo
legal e de direito à ampla defesa e ao contraditório são também princípios constitucionais brasileiros,
implementados com zelo e absoluta independência pelo Poder Judiciário.
44
vezes, sem falar na primeira defesa dirigi da à ONU pela República Brasileira
Proteção dos Direitos Humano s, expressamente “recalled the State party that it
is incompatible with the obligations under the Optional Protocol for a State
party to take any acti on that would prevent or frustrate consideration by the
39Muito embora não seja competência da Justiça Eleitoral discutir se o Estado brasileiro tomou ou não
conhecimento prévio da comunicação enviado pelo ex-Presidente, utiliza-se a informação como reforço
da tese defensiva.
40 “Advertiu ao Estado Parte que é incompatível com as obrigações decorrentes do Protocolo Facultativo que um
Estado Parte tome qualquer medida que impeça ou frustre a consideração pelo Comité de uma comunicação em que
alegada uma violação do pacto, ou que torne sua decisão inócua e fútil ”.
45
7.3 Pacto i nternacional sobre direitos ci vis e políticos – marco civilizatório
41 TOMUSCHAT, Christian. International Covenant on Civil and Political Rights. Disponível em:
<http://legal.un.org/avl/pdf/ha/iccpr/iccpr_e.pdf>. Acesso em 23 de agosto de 2018.
46
dos ci dadãos e das naç ões” 42, com a efetiva convergência da comunidade
viabilizar seu exercício e garantir sua implementação , pelo que f oram revestidos
de juridicidade.
d ocum e nt o ap r ov ad o p el a A ss em b lé ia Ge r al d a s N açõ e s U n id a s, em
f oi de nsi f ic ad o em o u tr os at os in te r na ci on ais ,
42 TOMUSCHAT, Christian. International Covenant on Civil and Political Rights. Disponível em:
<http://legal.un.org/avl/pdf/ha/iccpr/iccpr_e.pdf>. Acesso em 23 de agosto de 2018.
43BARROSO, Luís Roberto. A dignidade da pessoa humana no direito constitucional contemporâneo: natureza
jurídica, conteúdos mínimos e critérios de aplicação. Disponível em: <
https://www.luisrobertobarroso.com.br/wp-content/uploads/2010/12/Dignidade_texto-
base_11dez2010.pdf>. Acesso em 24 de agosto de 2018. (Grifo nosso)
47
co nt r á ri o da DUDH, t r adi cio n al me nt e vis t a c om o um
do cu me n t o me r a me nt e pr og ra m á ti c o, s oft La w – , co m o o P ac t o
am b o s d e 1 6 .1 2 .1 9 6 6 .
denominação tornada clássica por Norberto Bobbio ao referir -se aos direitos
indivíduo 44.
ao presente caso:
i ne re nt e s à a mp la de f e sa e a o co nt ra dit ór io ( a rt s. 1 4 e 1 5 ) , a
44 Cf. BOBBIO, Norberto. A Era dos direitos. 7 reimp. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
48
i nvi ol a bi l i da de da h on ra e intimida de , do do mi cí l i o e da
a sso ci aç ão ( a rt. 2 1 ).
AR TI GO 2 5
i nf un d ad as :
p or m e io d e r ep r e s ent an te s l iv rem e nt e es co lh id o s;
re al i z ad as po r s uf rág io u ni ve rs al e ig u ali tá ri o e p o r v ot o
d e se u p aí s.
compreende “direitos que estão no cerne da sociedade democ rática” 45, a partir da
premissa essencial de que o próprio usuf ruto dos direitos humanos depende,
CONTE, Alex; BURCHILL, Richard. Defining civil and political rights: the jurisprudence of the
45
United Nations Human Rights Committee. 2 ed. London and New York: Routledge, 2016. p. 97.
49
Já sob a perspectiva brasileira, o significado históri co, diplomático e
pr a ti c a me n te to d as as fo rm ali d ad es ex te r n a s ne ces sá ri as à s u a
em end as e, a i nd a, ex t en siv as a o u tr os d ec or r e nt es de tr a ta d os de
i n te rn aci o na is po r ele co nt r aí da s.
46ALVES, J.A. Lindgren. Os direitos humanos como tema global. São Paulo: Perspectiva, Fundação
Alexandre de Gusmão, 1994. p. 108.
50
I - i nd ep e nd ên cia n aci on al;
r el ev â nc ia c on st it ui r á um a da s m a nifes t aç õe s ex t er n as – e da s
hi s t óri a;
pl a n o ex te r n o q u a n to no in te r n o e co ns ti t uir ia c o mp r o miss o o u
no ss o paí s ” .
1989);
51
4. Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
(jan. 1992);
Erro histórico grave, que certamente não será cometido, seria o desprezo
a democracia.
52
7.4 Relevância do comitê de direitos humanos da ONU no contexto do
sobre Direitos Civis e Polít icos. Exercem igual papel, cada q ual em relação ao
respectivo tratado, o Comitê das Nações Unidas sobre o Direito das Pessoas
47 TOMUSCHAT, Christian. International Covenant on Civil and Political Rights. Disponível em: <
http://legal.un.org/avl/pdf/ha/iccpr/iccpr_e.pdf>. Acesso em 23 de agosto de 2018.
53
Estados-parte sobre as medidas adotadas para concretizar os direitos
eficácia do Pacto. Daí sua previsão no próprio corpo do PIDCP, como uma de
processo:
54
A qu e st ã o d o cu m p r im e nto r ea l d o Pact o é, p o is, e s s en cia l a est e
ad e ri ra m o s E stad o s - p a r te.
de f r ag i l i z a çã o pel a f rag me n ta çã o do P ID C P, co m a
su b m et e r em a o Pa cto.
Ad em ai s, ai nd a q u e se sup e ra s s e es s e a rg um en to, o E s ta d o- p ar t e
cum p rim e nt o .
O ri sc o, p o rt a nt o, é o de t ra nsf o r ma r o P ac to e m u m a p eç a
55
é ev it ad a p el a ad o ção i n t e rn aci on al d e d iv e r so s m eca n is m o s, no q u e
O s a t o s i nt e rn os d o s E s tad o s p od em v ir a s e r o bj et o d e ex am e p o r
Para além disso, cumpre asseverar que o j uízo de admissibili dade, pelo
48TRINDADE, Antonio Augusto Cançado. Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos. v. 1.
Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1997. p. 429-430.
49UNITED NATIONS HUMAN RIGHTS OFFICE OF THE HIGH COMISSIONER. Reporting to the
United Nations Human Rights Treaty Bodies Training Guide. Part 1. New York and Genova: UN, 2017. p.
11.
56
De acordo com o Relatório do Comitê sobre as 117ª, 118ª e 119ª
Sessões ( Doc. 012), foram recebi das 2.970 comunicações desde 1977. Deste
ocasiões – ou seja, em 82% dos casos foi detectada uma grave violação aos
Isso significa, portan to, q ue, uma vez admitida a comunicação, em filtro
o que reforça sua força vinculativa e impositiva, bem assim sua relevância
no Pact o.
compelidos a cumprir ( follow-up acti vit ies – art. 101 das regras de
procedimento).
50PLOTON, Vincent. A implementação das recomendações dos órgãos de tratados da ONU. Uma avaliação
dos últimos acontecimentos e como melhorar um mecanismo chave na proteção dos direitos humanos.
SUR – Revista Internacional de direitos humanos, v. 25, n. 25, 2017. p. 221.
57
satisfatória para o caso, à luz do posicionamento do Comitê de Direitos
Humanos.
ci r cu ns t ân ci a s de ss es ca so s, p or v ez es a ca r re t an d o
previu sua jurisdi ção como forma de assegurar que os direitos ali
vãs.
51TRINDADE, Antonio Augusto Cançado. Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos. p. 429-
430.
58
Diminuir a importância, a figura e a f orça do Comitê de Direitos
7.5 Adesão, pelo Brasil, ao prot ocolo facul tativo do pacto internacional
Legislativo nº 311/09 :
R es ol uç ão nº 4 4 / 1 2 8 , d e 1 5 d e d e ze m br o d e 1 9 8 9 , com a r e se rv a
ex p re s sa no a rt. 2 º.
59
aca rr et em e nca rg o s ou com p ro m i s so s g r av o so s ao p at rim ôn io
nac io na l.
p u bl icaç ão” .
Estados membros, mas, por igual , comunicações recebi das por i ndivíduos,
relativa a estado Parte no Pacto que não seja no presente Protocolo ”).
52MOSE, Erik; OPSAHL, Torkel. The Optional Protocol to the International Covenant on Civil and
Political Rights. Santa Clara Law Review, v. 21, 1991. p. 272,
60
reconhecimento do direito de petição s ignificaria interferência sobre os
brasileira de proteção dos direitos humanos foi muito bem sintetizada pelo
p oi s p r om o v em a p ro t e çã o d a dig n id a de da p ess oa h um a na se m
en t re os E s ta d os (. ..).
p el o B ra si l em su a s r e laç õe s ex t er na s. O Pa í s j á a d m it e a c om p etê nc ia
53MOSE, Erik; OPSAHL, Torkel. The Optional Protocol to the International Covenant on Civil and
Political Rights. p. 275.
61
di rei to s h um a no s e no r ec on he cim en t o do in di ví du o, em
Bra s il em s ua s r ela çõ es ex t er na s, q u e, d e m an e ir a ex em p la r, d ef e nd e
di rei to s hu m a no s, n os âm b it os g l ob al e r eg io nal , pa r a ex a me d e
D i sc ri mi n aç ã o R aci a l, o C o mi tê pa r a a Eli mi na çã o da
D i sc ri mi n aç ã o c o n tr a M ul he re s e a Co r te In t er a me ric a na d e
D i rei t os H u m an os .
A ap r ov aç ã o d a c o m pe tê nci a d o Co mi tê d as N a çõ es U ni d as
suj e i t o de di rei t o i nt e rn ac io n al .
015):
em bo ra a p r át i ca na ci on al nã o lh es v enh a a c on tra d iz e r d e m a ne i ra
ost e ns iv a, é se m p re co nv eni en t e e op o r tu na a ad es ão a os
i ns t ru me n t os in t er n aci on ai s de p ro m o çã o d os di rei to s
hu m an os , c o m o f o rm a de r ev ig o r am en t o do s co m pr o mis so s
na ci o n ai s c o m os di rei t os fu n da m en t ais e de ex e m pl o a os
62
reg i me s q ue se ob s ti na m em nã o a de ri r a os si ste m as r eg i on ais e
i n te rn aci o na is de di re it os hu m a no s.
d a Co rt e I nt er am er ic an a d e D ir e ito s H um an o s. A ex ig ib ili d ad e
no rm at iv a e p r inc ip i ol ó g ica.
H u ma n os d as N aç õe s U ni da s ap ós o ex am e d o Rel at ó ri o Ini ci al
di rei to s hu m an os , o rie n ta d a pa r a o a p ro fu n da me n to da
pa re ce ri a r ec om en d áv el a a de sã o ao s re fe r ido s in st r u me nt os
do C ong re ss o N aci o na l.
pr ev e r a c o mp et ên cia do C o mi tê d e D ir ei t os H um a no s p a ra
63
rec eb e r e ex a min a r pe tiç õe s i ndi vi du ai s, ha r mo niz a - se co m o
Co mi s sã o e a C or te I nt e ra me ric a n as d e D i rei t os H um a no s, o
pa r a a El i mi n aç ão d a D i sc ri min aç ã o c o nt ra a s M ul he res . O
pa r a ex a mi n a r pe tiç õe s de in di víd u os q ue al eg ue m s e r ví ti m as
Não por outro motivo, tal como já relatado, o próprio Estado Brasil eiro,
54TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. A proteção internacional dos direitos humanos: fundamentos
jurídicos e instrumentos básicos. São Paulo: Editora Saraiva, 1991. p. 8.
64
e vinculado também ao Protocolo Facultativo ao Pacto. A té porque “qualquer
direito para todos os cidadãos dos Estados m embro. Como consequência, os Estados
em diário oficial.
tratados internacionais, que foi assim resumido por Vladimir ARAS 56:
m in i st r o o u o ut ro p l en ip ote nc iá rio .
65
O t r at ad o é env iad o p e la p r es id ên cia d a R ep ú bl ica ao Co ng r e s s o
l eg i sl ati v o , q u e a ut en tica o t ex to q u e p a s sa rá a v a le r ap ó s a
Ent ã o, o Ch ef e de E st ad o, o ch a n cel e r ou o ut ro
57 FACHIN, Luiz Edson; GODOY, Miguel Gualano de; FILHO, Roberto Dalledone Machado Filho;
FORTES, Luiz Henrique Krassuski. O Caráter materialmente constitucional dos tratados e convenções
internacionais sobre Direitos Humanos. In: NOVELINO, Marcelo; FELLET, André. Separação de Poderes:
aspectos contemporâneos da relação entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Salvador: Juspodivm:
2018. p. 294. (Grifo nosso).
66
“ ( ...) ap ó s a n eg oc iaç ão e as si nat u ra p el o P re s id e nt e d a Rep ú b lic a, d a
a el e se vi nc ul a e se co mp r o me te co m o s eu c um p ri me n to.”
pr i vi l eg i a d a po siç ão d e p o de r ex ig i r a ob se r v ân cia d o pa c tu a do
58TÔRRES, Heleno Taveira. Aplicação dos tratados e convenções internacionais em matéria tributária no direito
brasileiro. In: AMARAL, Antônio Carlos Rodrigues do (org.). Tratados internacionais na ordem jurídica
brasileira. São Paulo: Lex Editora, Aduaneira, 2005. p. 150.
67
legislativo como uma “lei sem sanção”, porque se completa no âmbito do
d ec r et o d o Ex ec utiv o, q u e é o m ei o p e lo qu al es s e Pod e r r eg ul am e nt a
o tr a t ad o, o f az p or mei o de de cr e to l eg isl at iv o, p on d o - o em
vi g o r no p aís , n ão h a ve nd o n eces si da d e do d ec re t o de
Co ns ti tu i ç ão.
68
q ue o Co ng r es so N aci ona l o r e fe r e nd o u, p o r m e io d e d ec r eto
5 9 d a Co n st it u içã o. E nt end em os q u e o s j uí ze s e os t ri b un ai s, t e nd o
int e rn am ent e.
suposta necessidade nada mais é do que, segundo Francisco REZEK 62, “produto
d os t rat ad o s i nt er na cio n ai s, co nv en çõ es ou a to s, na m ed id a em q u e o
62REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
p. 103.
63MARTINS, Ives Gandra da Silva. Eficácia provisória e definitiva dos tratados internacionais. Revista do
Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Brasília, v. 13, n. 3, mar. 2001. p. 23-24.
69
Tal “ ef i cá ci a p rec á ria ” , to d av ia, g a nh a d efi ni tivi d ad e q u a nd o
Re púb l i ca .
p at r im ô ni o nac io nal .
A “ def i ni ti vi d ad e” do t ra t ad o, a co r do ou co n ve nç ã o
assi n a tu r a” .
Humanos da ONU sobre a 97ª, 98ª e 99ª Sessões faz menção expressa à adesão
2 0 0 9 a 3 1 d e j u lh o d e 2 0 1 0 e a 9 7 ª, 9 8 ª e 9 9 ª s e ss õe s d o Com it ê d e
70
t ot al, são 1 6 5 Est ad o s - p art e d o P acto , 1 1 3 d o P rot oco lo Fa cu ltat iv o
Por idêntica razão, insista -se, o Estado Brasileiro, nas três manifestações
por cidadãos brasil eiros , com base em violações a direitos protegidos pelo
Direitos Humanos.
e Políticos.
71
vinculante aos tratados e convenções internacionais – em par ticular, ao Pact o
ass u mi da p el o Es t ad o, co m fu n da me n to n um at o s ub o rdi n ad o –
su a n at ur ez a d e e le m e nt o n ec es s ár io p a r a a boa e x ec uçã o d a s l ei s, no
p os si b il id ad e d e s e t e r o d ec re to co m o el em ent o i nd i sp en sáv e l p a ra a
ju lg am e nt o [ A DI n º 1 .4 8 0 ] , – com o in ex i s te p ra zo p a ra e s sa
m ai s, à l óg ic a: p od er á o Es ta d o B ra silei r o s e v ale r d o tr a t ad o n o
pl a n o ex te r n o, e m se u b ene fíci o o u p ar a ex ig ir de ou t r o Es ta d o
evi de n te.
72
Por i s so m e sm o, a Co n v en ção d e V ie na e a Co rt e I nt er am er ica na 65
púb l i c o, o pa ct a su n t se rv a nd a e a b oa -fé e a in t er p re t aç ão
j u ri s pr u de nci al n ão p od e ig n or a r os c om p r omi ss os
i n te rn aci o na is as su mi do s pel o Es ta d o. É, em s u m a, a
cre di b i l i d a de do Es t ad o b ra silei r o e m j og o.
m ei o s, s e a s si m a co rd ad o (a rt. 1 1 ) , r ep e li nd o , d e m an ei r a i n ex o ráv e l,
a s ol uçã o d o S up r em o T r ib u na l F ed e ra l.
73
Por op o rt u no , co rr o bo r a H ild e b ra nd o A cci oly , em 1 9 8 6 , ao t rat ar
So b re o t e m a, o S up r em o T ri b u nal F ed e ra l p o s i cio no u - se n a Ca rt a
Rog at ó ri a n . 8 .2 7 2 , ju lg ad a p elo Pl e ná ri o e m 1 7 . 0 6 .1 9 9 8 (R e l. C E L S O
d a ex is t ê nc ia d o r e fe r i d o D e cr et o P re s id e nc ia l 69. E s sa p o s ição m e
68 ACCIOLY, Hildebrando. Manual de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 1986, p. 126.
69 Cf. o referido julgado: “A Constituição brasileira não consagrou, em tema de convenções
internacionais ou de tratados de integração, nem o princípio do efeito direto, nem o postulado da
aplicabilidade imediata. Isso significa, de jure constituto, que, enquanto não se concluir o ciclo de
sua transposição, para o direito interno, os tratados internacionais e os acordos de integração, além
de não poderem ser invocados, desde logo, pelos particulares, no que se refere aos direitos e
obrigações neles fundados (princípio do efeito direto), também não poderão ser aplicados,
imediatamente, no âmbito doméstico do Estado brasileiro (postulado da aplicabilidade imediata)”.
74
p ar ec e ba st a nt e co nh ecid a na d o ut ri na e j u ri sp r u d ên cia 70 na cio na i s e,
p oi s, d i sp e ns a m a io r es d ig r e s sõ es .
Fe de ra l , q ue nã o s e d e ve apl ic ar p ar a os t ra ta d os de D i r eit os
di rei to s e g a ra n ti as f u nd a me nt ai s” , ag o r a si m um
garantias fundamentais devem ter eficácia imediata (cf. art. 5º, § 1º); a
vinculação direta dos órgãos estatais a esses direitos deve obrigar o estado a
70 No mesmo sentido cf. ADI (MC) 1.480, rel. min. Celso de Mello, j. 4-9-1997.
75
realização do princípio da dignidade humana na ordem jurídica. 8.
do princípio do devido processo legal, que exige o fair trial não apenas entre
jurisdicional”.
ST F, im p õ e a ex ig i b ili da de i r re st ri t a d o s d i r eito s h um a no s n a
e st at a i s a es s e s d i r eit os e o se u d ev er d e g ua rd a r - lh e s es tr ita
Ex t . 9 8 6 ) .
h um a no s do Pac to I n te rn aci on al em an ál i s e, c on s id e ra nd o a
Co n st it u ição d e 1 9 8 8 é o d e qu e se r ia co m e l a in com p at ív el q ue r
ob so l et i sm o d e te or ia s q ue s e im ag in av am s ep ult ad a s n o p a s sad o
r et o rn a p ar a no s a ss om b ra r e im ola r a s l eg ít i m as p er sp ect iv a s d a
h um a no s.
76
N e ss e se nt id o, Ce l so Ba sto s , e m s eu s co m e ntá r i os, a s sim ap r e se nta
e ss a qu e st ã o:
ad m it ia, e nt ão , n o B ra si l. [... ]
p ara os p a rt ic ul ar e s, qu e f ic am na d ep e nd ê nc ia da r ef e rid a
d os t r at ad o s co nv en çõ e s d a s q ua i s o B ra si l s ej a s ig natá r io, s em a
ta mb ém , p or vez es, s ob a C o ns ti tu iç ão d e 1 9 8 8 . A te s e d e
A l ei tu r a d a C o ns ti tu i çã o d e 1 9 8 8 n ã o p od e s er a m es ma l ei tu r a
q ue s e p r a ti c av a n a co ns ti tui çã o do I m pé r i o b r as ilei ro , p o r
71BASTOS, Celso Ribeiro. Comentários à Constituição Brasileira (promulgada em 5 de outubro de 1988). São
Paulo: Saraiva,1989, v. 2, p. 396.
72 Pela efetividade dos direitos sociais, que sofrem esse tipo de bloqueio doutrinário e jurisprudencial,
já me posicionei da seguinte forma: a “efetivação dos direitos sociais deve necessariamente integrar essa
abordagem própria de transformação da realidade socioeconômica trazida pela Constituição
econômica. [...]
Essas questões tradicionalmente [...] sofreram [...] forte resistência de todos os setores, inclusive de
segmentos do próprio Poder Judiciário, quanto a assumir abertamente essa responsabilidade pelo
Estado social” (André Ramos Tavares, CNJ como Instância de Suporte aos Magistrados na Complexidade
Decisória: o caso dos direitos sociais e econômicos, In: Fabrício Bittencourt da Cruz (org.), CNJ: 10 anos.
Brasília: CNJ, 2015, p. 49-50, ref. p. 46-64).
77
oc asi ão de n os sa in de pe n dê nci a 73. F a z er d ep en de r a
Art ig o 4 6
Trat ad o s
1 . U m E st a do nã o p od e in v oc ar o f a to d e q ue seu c on se n tim en t o
em o b ri g a r -se po r u m t ra t ad o fo i ex p re ss o e m vi ol aç ão de u m a
di s po si ç ã o de se u d i rei t o i n te r no s ob re co mp e tê nci a p ar a
i m po r tâ nc i a f u n da me n ta l.
73De acordo com Celso D. de Albuquerque Mello “[a] promulgação vem sendo utilizada, entre nós,
desde 1826” (MELLO, Celso D. de Albuquerque de. Curso de Direito Internacional Público, 10a ed, Rio de
Janeiro: Renovar, 1994, v. 1, p. 240).
78
Estado Brasileiro já reconheceu ao longo de suas diversas comunicações a
Isso porque, como dito, o que fez o Protocolo Facultativo ao Pacto foi
Muito embora não seja competência da Justiça Eleitoral discutir se as competências do Relator Especial
74
no Comitê de Direitos Humanos da ONU, utiliza-se a informação como reforço da tese defensiva.
79
A jurisdição em si do Comitê não vem do Protocolo Facult ativo, mas,
ao contrário disso, como já dito, foi prev ista pelo próprio Pacto Internacional
Civis e Políticos.
competirá a ele alegar tal óbice junto ao Comitê, que, assim, irá proceder ao
75Entre as 2.970 comunicações recebidas pelo Comitê, apenas 1.200 foram apreciadas no mérito, de
acordo com o Relatório do Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas para as 117ª, 118ª e 119ª
Sessões.
80
E, como dito, não f oi esse o comportamento do Estado Brasileir o, que,
ter apresentado tal óbice ao Comitê, único com competência e jurisdição para
ad e q uad o s, ev it and o - se o ri sc o d e i ng re s sa rm os no cl u b e d a s na çõ es
ap e lo s a ut o r it á ri os q u e d e sp r ez am o PID CP.
81
É dizer: não compete, à jurisdição doméstica, pretender exercer um crivo
ap e na s um s im p l e s ata lh o p a ra ac e ss a r m a i s rap i d am e nt e o q ue se r ia
o D i r eit o c e rt o . É u m ca mi nh o p ar a a vi ol aç ã o sele ti v a do Pa c to .
Permitir que o J udiciário local se imiscua nas atribuições que, por força
cabe à Justi ça Eleitoral decidir sobre o acerto ou desacerto das decisões proferidas po r
82
outros órgãos do J udi ciário ou dos tribunais de contas que conf igurem causa de
inelegibilidade ”.
É o caso na espécie.
autoridade prolatora (Cf. EDcl no RESPE nº 9707, Rel. Min. J orge Mussi, DJe
15/05/2018 e AgRg n o RESPE nº 16689, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 05/12/2017) ,
suspensiva.
então imperioso seria que essa irresignação fosse dirigida ao próprio Comitê
prévia.
83
brasileiros movam, individualmente, queixas por descumprimentos aos
STF e da PGR
Brasil.
84
Não é outra a redação do art. 3 do Pacto Internacional de Direitos Civis
e Políticos:
3 . O s Es t ad o s P ar te s d o p r es e nt e Pa cto c om p rom et em - se a:
no p r e se nt e Pact o t e nh a m s id o v io l ad o s, p o s sa d e um r ec u rs o ef et iv o,
ex er cíc io d e fu nç õe s of ic iai s;
AR TI GO 1 º
85
Como anota Vladimir ARAS, que f oi membro i ntegrante das
Art ig o 2 6
Pact a s u nt se rv a nd a
d e boa - f é.
Art ig o 2 7
D ir e it o I nt e rn o e O b se r v ânc ia d e T r atad o s
o a rt ig o 4 6 .
em 28 de agosto de 2018.
77Aras, Vladimir. O caso Lula vs. Brasil. Disponível em: < https://vladimiraras.blog/2018/08/18/o-caso-
lula-vs-brasil/>. Acesso em 22 de agosto de 2018.
786.2 The Committee recalls that by adhering to the Optional Protocol, a State party to the Covenant
recognizes the competence of the Committee to receive and consider communications from individuals
claiming to be victims of violations of any of the rights set forth in the Covenant (Preamble and article
86
Para que não restasse qualquer dúvida sobre a força vinculativa de suas
1). Implicit in a State's adherence to the Protocol is an undertaking to cooperate with the Committee
in good faith, so as to enable it to consider such communications, and after examination to forward its
Views to the State party and to the individual (article 5, paragraphs 1 and 4). It is incompatible with
these obligations for a State party to take any action that would prevent or frustrate the Committee in
its consideration and examination of the communication, and in the expression of its Views.
6.3 Apart from any violation of the Covenant found against a State party in a communication, a State party
commits a grave breach of its obligations under the Optional Protocol if it acts to prevent or to
frustrate consideration by the Committee of a communication alleging a violation of the Covenant, or
to render examination by the Committee moot and the expression of its Views nugatory and futile. In
the present communication, both authors allege that their sons were denied rights under articles 6, 7, 10, 14, 15,
and 16, of the Covenant. Having been notified of the communications, the State party breached its obligations
under the Protocol by executing the alleged victims before the Committee concluded consideration and examination
of the case, and the formulation and communication of its Views. It is particularly inexcusable for the State to have
done so after the Committee acted under rule 92 of its Rules of Procedure.
6.4 The Committee recalls that interim measures pursuant to rule 92 of the Committee's Rules of Procedure
adopted in conformity with article 39 of the Covenant, are essential to the Committee's role under the Protocol.
Flouting of the Rule, especially by carrying out irreversible measures such as, as in the present case, the executions
of Mr. Maxim Strakhov and Mr. Nigmatulla Fayzullaev, undermines the protection of Covenant rights through
the Optional Protocol.
(CCPR/C/90/D/1017/2001&1066/2002)
6.1 Apart from any violation of the Covenant found against a State party in a communication, a State party
commits grave breaches of its obligations under the Optional Protocol if it acts to prevent or to frustrate
consideration by the Committee of a communication alleging a violation of the Covenant, or to render examination
by the Committee moot and the expression of its Views nugatory and futile. In the present communication, the
author alleges that her husband was denied rights under articles 6, 7, 9, 10 and 14 of the Covenant. Having been
notified of the communication, the State party breached its obligations under the Protocol by executing
the alleged victims before the Committee concluded consideration and examination of the case, and the
formulation and communication of its Views. It is particularly inexcusable for the State to have done
so after the Committee acted under rule 92 of its Rules of Procedure, and in spite of several reminders
addressed to the State party to this effect.
6.2 The Committee recalls that interim measures pursuant to rule 92 of the Committee’s Rules of Procedure
adopted in conformity with article 39 of the Covenant, are essential to the Committee's role under the Protocol.
Flouting of the Rule, especially by irreversible measures such as, as in the present case, the execution of
Dovud and Sherali Nazriev, undermines the protection of Covenant rights through the Optional
Protocol.
(CCPR/C/86/D/1044/2002)
87
of States Parties under the Optional Protocol to the International Covenant
1 3 . Th e vi e ws of t he Co m mit t ee un de r t he Op ti o nal Pr o to co l
re p res en t an a ut h o r it ati ve de te r mi na ti o n by t he o rg a n
i n te rp re t a ti o n of th a t i ns tr u me n t . Th e s e v ie w s d e r iv e th e i r
O p t io na l P rot o co l (… ).
1 5 . Th e c h ar ac t er of th e vie ws of t he C o m mit te e is f ur t he r
de te r mi n ed b y th e ob l ig a tio n of S t at es pa r t ies t o ac t in g o od
al l t re at y ob lig a tio ns .
ONU, portanto, também deriva da obrigação dos Estados em agir de boa -fé no
parecer contundente na ADPF nº 320/DF ( Doc. 019), que versa justamente sobre
88
de incorporação do i nstrumento ao ordenamento interno , do que resultaria a
República:
A R ep ú bl ica F ed e ra ti v a do B ra si l, de m an ei ra so b e ra na e
são v in cu la nt e s p ar a to d os o s ó rg ã os e p od e r es d o p aí s. O B ra si l
D ec r et o 4 .4 6 3 / 2 0 0 2 , r e conh ec e u d e m a n ei ra e x p r es sa e i rr e st rit a
Co n st it uc io na is T ra n si tór ia s d e 1 9 8 8 . P a r a n eg a r efic ác ia à
do a to de i n c or p or aç ã o de sse i ns t ru m en t o a o D ir ei to i n te rn o.
D i ss o h av er i a de r es u lt ar de nú nc ia i nt eg ral da c o nv en çã o, n a
f o rm a de se u a r t. 7 5 e do a r t. 4 4 (1 ) da C o nv e nç ão d e Vie n a sob re
o D i rei t o do s T ra t a do s (D ec re t o 7 .0 3 0 /2 0 0 9 ).
89
Bodies, f ormam o corpo indivisível consubstanciador do Sistema Internacional
discorrer:
Jo sé d a C os ta R ic a nã o p o de m, p o rt a nt o, se r in te r p re ta d os
I I , d a l e i f u nd am e nta l br as il ei ra .
N ã o po de o mag is tr ad o r ec us ar o c u mp r ime n to d e n or m a
i nc o rp o ra d a ao di rei t o i nt e rn o ( n o c as o, o ar tig o 6 8 (1 ) d a
Co nv en çã o Am er ic a n a ), se m o p or -l he de m an eir a f un d am en t a da
no rm at iv a d o t ratad o.
90
cumprir deliberações provenientes dos corpos integrantes do Sistema
direitos h umanos e com o cumprimento, pelo Brasil, dos compromissos por ele
O dever de agir de boa -fé dos Estados -Partes foi recentemente destacado
defendente 79:
As m ed id as i nt e ri na s ex p ed id a s p el o C om i tê sã o l eg al m en te
91
o Br a si l a c on s id e r ar d e bo a - f é o p a re ce r q u e o C om it ê ex p ed i rá so b r e
na i m pl em en t aç ão d as me di da s i n te rin as se r ia , p o r ta n t o,
est ab el eci d o s ob o P ro to co lo F ac ul ta ti v o.
Fac ult at iv o.
(Doc. 020):
s ent id o, r ea fi rm a o r e sp e ito à s s ua s d ec is õe s.
me di da s i n te ri n as ad o ta d as pel o C o mi tê de ve m se r cu m pr id as
pel o Es t a do b r asil ei ro , in de pe n de n te me nt e de se u c a rá te r
vi n cu l a n te, co m o ex p r ess ão de su a b o a -f é n o c u mp ri me n to de
ob ri g a çõ es in te r n ac ion al me n te a ss umi da s q u an t o à
i m pl e me nt aç ã o de di re it os hu m a no s n o p aís.
92
A norma do art. 27 da Convenção de Viena , ainda, sobre a
349.703/SP :
( art . 7 º , 7 ) , a m bo s no a n o d e 1 9 9 2 , n ão h á m a is b as e l eg a l p ar a p r i são
06-2009)
Direitos Civis e Polí ticos 80, possuem status diferenciado, sobrepondo -se às leis
ordinárias.
93
Nem se fale, ainda, da natureza materialmente constitucional dos
art. 5º, §2º, da Con stituição Federal: “ os direitos e garantia expressos nes ta
Constituição não excl uem outros decorrent es do regime e dos princípios por ela
parte”.
Facultativo.
81Cf. FACHIN, Luiz Edson; GODOY, Miguel Gualano de; FILHO, Roberto Dalledone Machado Filho;
FORTES, Luiz Henrique Krassuski. O Caráter materialmente constitucional dos tratados e convenções
internacionais sobre Direitos Humanos.
94
Cumpre mencionar, neste ponto, q ue o E. Supremo Tribunal Federal já
en t e nd i m e nt o f i rm ad o p or e sta Co rt e, e, n os t er m os d o ar t. 5 º, § 1 º,
f i r ma d os p el a Re p úb l ica Fe de ra ti v a d o B r asil e às n o r ma s
po si ti v a da s de m oc ra t ica me n te deb a ti da s n o âm b it o d o P o de r
95
pa ct o de di r ei to s ci vi s e p olí tic os , nó s não e stam o s a faz e r um
f az ê -l o.
É d ev e r d o s ó rg ã o s d o P od e r Pú b lic o – e n o ta d a me n te d os juíz es e
um co n st i t uc io na li sm o a be rt o ao p ro ce s so de c re sc e nt e
sua implementação.
96
Inquestionável, portanto, a força vi nculante do Pacto Internacional
ou recusar-lhe eficácia, significa compact uar com violações aos direitos civis
e políticos por ela detectados, o que significa desconsi derar o próprio Pacto.
a justiça Eleitoral 83
afirmação de que “ pela primeira vez, o comitê opinou sobre eleições, confundindo
direitos humanos ( uni versais) e direitos políticos (que dependem da legislação de cada
país)”. 84
83Muito embora não seja competência da Justiça Eleitoral discutir se o Comitê de Direitos Humanos da
ONU já se pronunciou antes sobre processo eleitoral, utiliza-se a informação como reforço da tese
defensiva.
84 Folha de São Paulo, 27 de agosto de 2018, “Tendências e Debates”.
97
democracia que o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos estabeleceu
liberdade.
cada país” e que não de veriam ser matéria e objeto de proteção internacional
essencial.
98
incineradas após a contagem dos votos e a proclamação do resultado, par a
destruição das c édulas, o que já estava pr ogramado para ocorrer entre os dias
12 e 26 de novembro de 2012.
Castañeda.
exarada do Comitê:
ap ar t ad o 2 , qu e e sta b l ec e q ue " c ad a E s ta d o Pa r te s e c o m pr o me te
99
pa r a ad o pt a r l as dis p osic io ne s leg is la ti va s o de ot r o c a rá c te r
q ue f u e re n ne ces ar ia s p ar a h ac er efe ct iv os l os
i n te rn aci o na les de de re ch os h u ma n os co n ar re g lo al
l os Es ta d os U ni do s M ex ica n os.
l os a r tí c ul os 1 y 1 3 3 d e l a Co ns ti t uci ón Po lí tic a de l os Es t ad os
( ON U ) , es t o e s, dej a r po r el m o me nt o, si n e fec to s el A cu er d o
CG 6 6 0 /2 0 1 2 , e mi ti do po r el C on sej o G en er a l de es te In st it u to ,
e st a bl ec id o e n el t e rc e r p ár ra fo d el a rtíc u lo 1 d e l a Co n stit uc ió n
res pe t a r, p ro t eg e r y g a r an tiz a r l os de re ch os h u ma n os d e
po si b l e t r an sg r esi ó n a d er ec ho s h u m an os, ha st a e n t an t o se
ad mi si b i l i da d o no d e la de nu nci a .
100
2 5 . Q u e m ed i an te d ec r eto p u bl icad o en e l D ia rio O f ici al d e la
l as n o rm as rel at iv as a d er ec ho s hu m a no s se in te r p re ta r á n
l a ma te ri a, f a vo r ecie nd o en t od o tie m p o a l as pe rs o na s la
l os r ec on oci d os por la Le y F un d am en t a l y l os t r at a do s
co nt en i d as e n in s tr u me n to s in te r na cio n al es y e n la s le yes ,
am p li a.
suspender a incineração das cédulas, tornou sem efeito deci são anterior que
101
Tal precedente, no entanto, também não é isolado, existindo outros casos
decisões do Comitê
85 Neste capítulo faz-se referência não apenas aos julgamentos que se relacionam com o processo
eleitoral dos países membros, mas a todos os casos submetidos ao Comitê de Direitos Humanos da
ONU, que expediu uma ordem liminar contra o Estado membro.
O Democracy Index é publicação da Unidade de Inteligência da Revista The Economist que mede a força
86
da democracia pelo mundo, valendo-se de sessenta diferentes indicadores de cinco distintas categorias:
processo eleitoral e pluralismo, funcionamento do governo, participação política, cultura política
democrática e liberdades civis. As classificações variam de acordo com a nota, sendo “regime
autoritário” entre 0 e 4, “regime híbrido” de 4 a 6, “democracia com vícios” de 6 a 8, e “democracia
plena” de 8 a 10. O Brasil recebeu a preocupante nota 6,86, sendo considerada uma democracia ainda
com vício. Informação disponível em: <https://www.economist.com/graphic-
detail/2018/01/31/democracy-continues-its-disturbing-retreat>. Acesso em 27 de agosto de 2018.
87O presente gráfico foi construído a partir de uma análise de todos os 93 casos disponíveis na categoria
“interim measures” junto ao Repositório disponibilizado pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU.
Decisões tomadas em processos ainda não concluídos, tal como no caso de Lula, ainda não são lançadas
no referido repositório, que se limita a relatar casos já concluídos, onde teria sido deferida a providência
102
MEDIDAS CAUTELARES OBEDECIDAS
538/1993; 539/1993;
167/1984; 1315/2004;
1465/2006; 1544/2007 e
1959/2010
Dinamarca 01 2204/2012
Finlândia 01 431/1990
210/1986; 225/1987;
250/1987; 226/1987;
252/1987; 259/2087;
246/1987; 258/1987;
233/1987; 231/1987;
278/1988; 298/1988;
315/1988; 281/1988 e
276/1988
Quirguitão 01 1338/2005
de urgência. Os dados disponibilizados pelo Comitê, ainda, revelam uma amostragem, e não
informação exaustiva. Disponível em: <http://juris.ohchr.org/>. Acesso em 23 de agosto de 2018.
103
São Vicente e 01 806/1998
Granadinas
Suécia 01 1416/2005
Tadjiquistão 01 1042/2001
575/1994
1449/2006
Zâmbia 01 1132/2002
maneira muito clar a na forma com que executa, concr etamente, no plano
104
Não se espera postura diferente de Estados com sólido compromisso e
contra a Mul her , órgão respo nsável pelo monitoramento da Convenção para a
nacional para alcançar a plena realização dos direitos reconhecidos nesta Convenção ”,
88BUERGENTHAL, Thomas. The UN Human Rights Committee. In: FROWEIN, J.A.; WOLFRUM, R.
(eds.). Max Planck Yearbook of United Nations Law, v. 5, 2001. p. 370.
105
art. 96 da Carta Espanhola e o art. 5º, §§ 2º e 3º da Constituição Federa l de
1988.
Direitos Humanos.
exaradas pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU são países que estão longe
pessoas, hoje apátridas. Ainda grassam pelo país conflitos r eligiosos, que em
não chegando a marcar dois pontos numa escala que vai até dez.
foram encontrados abusos em 263 casos 90 – ou seja, em 82% dos casos houve
89MIROLEV, Mansun. Uzbekistan: 10 years after the Andijan massacre. Al-Jazeera. Disponível em: <
https://www.aljazeera.com/indepth/features/2015/05/150511123115026.html>. Acesso em 23 de agosto
de 2018.
90Para chegar a estes dados em particular, foram subtraídos dos números constantes do Relatório da
119ª Sessão os números constantes do Relatório da 110ª Sessão. Todos os Relatórios de atividades da
Comissão estão disponíveis em:
<https://tbinternet.ohchr.org/_layouts/treatybodyexternal/TBSearch.aspx?Lang=en&TreatyID=8&
amp;DocTypeID=27>>. Acesso em 26 de agosto de 2018.
106
probabilidade de o Comitê de Direitos Humanos entender que o denunciante
com estatísticas do Com itê de Direitos Humanos até maio de 2016 92, foram:
admitidas;
Nesse grupo, acrescente -se ainda Algéria (3,56), Cazaquistão (3,06), Congo
eleitorais.
91A Coreia do Sul conta com 100 casos de violação ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos,
dos quais 95% envolvem objeção de consciência a serviço militar. A controvérsia foi parcialmente
resolvida após decisão da Suprema Corte que determinou a substituição da prisão por penas
alternativas a desertores. República Tcheca e Austrália possuem número razoável de condenações,
respectivamente 20 e 39, ambas por questões imigratórias.
92Para chegar a essa conclusão, comparou-se o número de casos em que foi constatada violação em face
do número de casos admitidos pelo Comitê, o que corresponde a casos em que houve e a casos em que
não houve violação. Informação disponível em:
<https://www.ohchr.org/EN/HRBodies/CCPR/Pages/AnalysisCommitteesCaseLaw.aspx>. Acesso em
22 de agosto de 2018.
107
Na Comunicação nº 1392/2005, o Comitê foi chamado a e xaminar a
direito do Autor .
o art. 25 do Pacto .
108
Precedente da maior importância a este caso, cuja discussão gira em
(CCPR/C/122/D/2851/2016).
Após trinta anos sob regime de partido único, com Maumoon Gayoon
início, deveria estender -se até 2012. Nasheed, contudo, viu -se obrigado a
para as eleições presidenciais de 2013, que viria a perder por estreita margem
foi preso seis dias depois por suposta atividade terrorista, sendo depois
Pacto, por não ter sido julgado por um órgão imparcial e isento , ao art. 22,
por ter sido banido da direção do seu partido político, e ao art. 25, por ter
109
8 .6 Th e C om m itt e e r eca l ls th at a rti cl e 2 5 o f th e Cov e na nt re cog niz e s
p u bl ic a ffa i rs , th e r ig h t to v ot e a nd to sta nd f o r be e le ct ed , a nd th e
su sp e nd ed or ex c l ud ed ex c ep t o n g r ou nd s wh ic h ar e e st a bl ish ed by
ab le t o ru n fo r p re s id e n cy in th e N ov em be r 2 0 1 3 el ect io n s, wh ich h e
na r row ly lo st , r ep o rt s i nd ic at e th at th es e p r oc e ed i ng s ra is ed s e ri ou s
conc e r ns r eg a rd ing th e i r f ai r ne s s, ap p e ar ed d e s ig n ed to p r ev e nt th e
110
on ch a rg e s of t er r or i sm we r e p ol itic al ly m otiv at ed , h ad s er io u s f la w s
das Maldivas nada f ez para permitir que Nasheed participasse das eleições
que vai de 01 a 07, sendo 07 o menos livre possível 93. Inclusive, no relatório do
ano de 2016, é feita men ção expressa ao episódio envolvendo Nasheed 94:
Th e w id e ly co nd e m n ed a rr e st of f orm e r p r e si d en t a nd op p o si tio n
em 27 de agosto de 2018.
Informação disponível em: <https://freedomhouse.org/report/freedom-world/2016/maldives>. Acesso
94
em 27 de agosto de 2018.
111
je op a rd iz ed a n a lr ea d y r e str ict ed sp a ce fo r civ i l soc i ety , wh i le
p olit ic iz ed act io ns by t h e S up re m e Co u rt ag a i ns t H um an R ig h ts
II, da Constituição .
112
agregando novas in formações e alegações ao Comitê da ONU, todas elas
impedida.
liminar) deferida pelo Comitê de Direit os Humanos da ONU ajusta -se, com
pretensão recursal.
pretensão recursal.
113
decorrente de acórdão ainda recorrível, considerada a plausibilidade de seu
V O T O D O MI N IS T R O LU I Z FU X : “ Ad em ai s, a p róp ri a L e i
V O T O D O M IN IS T R O RI CA R DO L E WA N DO WS KI : “ N ó s, a
no s p a rece u ex t ra o r di na ri a me nt e r az oá vel e q ue po de ri a, e m
es t e a rg u me n t o, m os t r an d o q ue a p ró p ria le i t r az me ca ni sm os
V O T O DA M IN IS T RA RO SA W E BE R : “ M e s m o col eg iad o s p od em
e rr ar , m as p er ce b e - s e q u e o leg i sl ad o r te ve a c a ut el a de p re ve r um
d e sd e q u e p r es e nt e a p la us i bi lid ad e d a p r ete n sã o ” .
114
realçaram a situação manifestamente inconstitucional decorrente da suposta
V O T O D O M IN IS T R O D IA S T OF F O L I: “ A i ncid ê nc ia d a s r eg r a s
a ca u sa d a i n el eg i b il id a d e d e sp id a d e c ert e za p o d e p rov o ca r p r ej uí zo
nã o p ar ti ci p aç ã o no p leit o ? (. ..)” .
Suprema Corte.
justamente porque conduzida com fortes violações aos dir eitos enunciados no
Pacto.
115
Dois anos após o aj uizamento do feito, o Comitê de Direitos Humanos
inelegibilidade.
d el in e ad o.
116
e P ol ít ic o s, r eco nh ec end o a n ec e ss id ad e d o ac io na m e nto d o m eca n is m o
d e i nj un ct iv e r e li ef o u d e um a int e ri m m e as u r e of re li e f, s om e nt e
p r es e nt e em c as o s d e ex t r em a g rav id ad e e d e d an os i rr ep a r áv e i s p a ra
a v ít im a . P or ev id e nt e, ao p ro lata r m ed id as ta i s , o C om i tê f az um a
cum p rim e nt o d a m ed id a.
Ad em ai s, e em r ef or ço ao qu e as s in al ei ac im a, a p r óp r ia L ei F ich a
Fich a Lim p a - L C 1 3 5 / 2 0 1 0 ).
in el eg i bi lid ad e.
o PI D CP na d et e rm i na ção e sp ecí fi ca d o CD H . Es te v ed a, no ca s o
su sp e ns ão d a i n el eg i b il i d ad e.
A pl a usi b i l i d a de de u ma r ev er sã o d a d eci sã o c o nd en a tó ri a (e m
117
ap re se n ta d o no c as o c on cr e to d a c on de n aç ã o pe n al, t or n a ra m
d et er m i na co nd i çõ es d e i g ua ld ad e d e ac e ss o e, co m a d et e rm in açã o d o
m an ei r a q u e é p re ci so a te nta r p a ra a f or ça d o P ID CP , a d et e rm i na r
t od o o e nc ad e am ent o no rm at iv o e d ec i só ri o a q ui d e sc rit o, e q ue d ev e
d eci s ão d a J u st iça b ra s il ei ra .
e s ua i mp ug n aç ão, de ve r efe re nd a r a c an di d at u ra do ex -
do Co mi tê de D ir ei t os H u ma n os, ne m de ve av a nç a r s ob r e
do Co mi tê ) . Ad em a i s, ne nh um a aut o rid ad e j ud ic iá ri a br a si le i ra
95O Ministro LUIZ FUX, pronunciando-se no julgamento da Lei Ficha Limpa, explicou que garantias de
um processo eleitoral justo visam a “garantir direito político fundamental pro eleitor e pro candidato”
(voto no RE 633.703/MG, j. 23.01.2011).
118
Comitê da ONU sign ifica dar a ela, no âmbito do presente pedido de registro
O tema ora submetido a esta Corte, com todo respeito, longe de ser
LC 64/90, c/c o art. 11, § 10º da Lei nº 9.504/97, DEFIRA o pedido de registro
aos arts. 1º, caput , 4º, inciso II, 5º, §2º, da Constituição Federal de 1988.
8. A N E C E S S Á R I A A P L I C A Ç Ã O D A R EC E NT E LE I T U R A C O NS T I T U C I O NA L S OB R E A
C U L P A B I L I D A D E P A R A A A F E R I Ç Ã O D O S LI M I T ES D A A P L I C A B I L I D A D E D O A R T . 1º,
I, “ E ” D A L E I C OM P L E M E NT A R N º 64/90
Presidente .
119
29 e 30 e ADI 4578). Todas foram julgadas em voto conj unto em 2012, q uando
Como asseverou, “ não há como sustentar, com as devidas vênias, que a extensão da
presunção de inocência par a além da esfera criminal tenha ati ngido o grau de
“revolver temas antes intocáveis, sem que se incorra [incorres se] na pecha de atentar
contra uma democracia que – louve-se ist o sempre e sempre – já está [estava]
solidamente instalada ”.
96“Já o tema da presunção de inocência merece atenção um pouco mais detida. Anota Simone Schreiber
(Presunção de Inocência. In TORRES, Ricardo Lobo et al. (org.) Dicionário de Princípios Jurídicos. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2001, p. 1004-1016) que dito princípio foi consagrado na Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão de 1789, refletindo uma concepção do processo penal como instrumento de tutela
da liberdade, em reação ao sistema persecutório do Antigo Regime francês, ‘[...] no qual a prova dos
fatos era produzida através da sujeição do acusado à prisão e tormento, com o fim de extrair dele a
confissão. [...]’. Sua recepção no ordenamento jurídico brasileiro, particularmente na jurisprudência
deste STF, vinha tratando como sinônimos as expressões presunção de inocência e não culpabilidade.”
120
Em que pese as pertinentes e fundamentadas divergências trazidas à
Admitiu-se, assim, que uma decisão con denatória proferida por órgão
97Dentre as divergências, destaca-se aqui trecho do voto proferido pelo min. Dias Toffoli: Aqui residem,
no meu sentir, situações de afronta ao princípio da presunção de inocência. Trata-se de hipóteses
proibitivas diversas em que se veda a participação no pleito eleitoral daqueles que foram condenados
pela suposta prática de ilícitos criminais, eleitorais ou administrativos, por órgãos judicantes colegiados,
mesmo antes da atestação da definitividade do julgado. (...)
A incidência das regras de inelegibilidade deve reclamar o caráter definitivo do julgamento das
causas que a elas antecedem. O impedimento prematuro à candidatura cria instabilidade no campo
da segurança jurídica, pois a causa da inelegibilidade despida de certeza pode provocar prejuízo
irreversível ao direito de candidatura”. Também pertinente as considerações trazidas pelo min. Cezar
Peluso, presidente da Corte à época: Não é garantia estritamente penal, senão que apenas leva em
consideração a pendência do processo penal para dar ao réu uma garantia. Que garantia? A de não ser
tratado indignamente pelo ordenamento, antes de sentença condenatória definitiva, transitada em
julgado, só pelo fato de ser réu. Noutras palavras, não é por ser réu que o acusado perde sua dignidade
de pessoa, e, por isso mesmo, o ordenamento jurídico não está autorizado a impor-lhe medidas
gravosas ou lesivas de qualquer natureza, pelo só fato de estar respondendo a um processo penal que
ainda não terminou. [...]
Noutras palavras, o réu não pode sofrer nenhuma restrição pelo fato de ser réu, porque ser réu, como
tal, para o Direito, é algo transitório e neutro, pois ainda não se definiu sua eventual culpabilidade,
de modo que essa condição não pode fundamentar nenhuma limitação à sua esfera jurídica.
Por esta razão básica é que não me parece possa a lei impor, ainda que para retirar direito associado a
eleições, ao direito de concorrer, nenhuma medida restritiva que lhe retire qualquer direito pelo
simples fato de ainda ser réu de um processo criminal não terminado.” Também cabe destaque às
considerações do min. Gilmar Mendes, que reconheceu expressamente os efeitos extrapenais do
postulado: “[...] a presunção de inocência, embora historicamente vinculada ao processo penal, também
irradia os seus efeitos, sempre em favor das pessoas, contra o abuso de poder e a prepotência do
Estado, projetando-os para esferas processuais não-criminais, em ordem a impedir, dentre outras
graves consequências no plano jurídico – ressalvada a excepcionalidade de hipóteses previstas na
própria Constituição -, que se formulem, precipitadamente, contra qualquer cidadão, juízos morais
fundados em situações juridicamente ainda não definidas (e, por isso mesmo, essencialmente
instáveis) ou, então, que se imponham, ao réu, restrições a seus direitos, não obstante inexistente
condenação judicial transitada em julgado.”
121
Portanto, foi com a análise da constitucionalidade da Lei Complementar
recurso.
Art . 1 º São i ne l eg ív ei s:
I - p a ra q ua lq u e r ca rg o ( ...):
e) o s q u e f or em co nd e n ad os , e m d eci sã o t ra ns i tad a em j u lg ad o ou
p el os c rim e s.
Quando instado pelas ADC nº 29 e nº 30, assim como pela ADI nº 4.578,
(que podem incluir a perda ou a suspensão dos direitos políticos, mas não a
Constituição Federal ”.
122
N ão ca b e d i sc uti r, n es t a s açõ e s, o s ent id o e o a l canc e d a p r e su nçã o
t ão so m e nt e da ap l i cab il id ad e da p r e s un ção de i no cê nc ia
5 º , LV I I , d a C on st itu içã o d e 1 9 8 8 .
em o ut ro s ra m o s d o D ir e ito, s e ri a v ed ad o em a b so l uto t am bé m
e st a b el ec e r re st ri çõ es a d ir e ito s d e o ut ra nat ur e za a nt e s d e um
ju lg am e nt o.
fática do processo, a devida formação da culpa , apta a viabilizar, sem que isso
hipótese de inelegibilidade.
123
ainda recorrível, qual seja, a de pront o início de cumprimento de eventual
98De forma interessante, esse mesmo raciocínio constitucional AINDA não se fez aplicar às sanções
penais de natureza pecuniária ou mesmo às restritivas de direitos, que seguem demandando, na linha
da jurisprudência mais recente, o trânsito em julgado do título condenatório respectivo (HC 458.501/STJ,
12/07/2018).
99“(...) A eventual condenação representa, por certo, um juízo de culpabilidade, que deve decorrer da
logicidade extraída dos elementos de prova produzidos em regime de contraditório no curso da ação
penal. Para o sentenciante de primeiro grau, fica superada a presunção de inocência por um juízo de
culpa - pressuposto inafastável da condenação -, embora não definitivo, já que sujeito, se houver
recurso, à revisão por Tribunal de hierarquia imediatamente superior. É nesse juízo de apelação que, de
ordinário, fica definitivamente exaurido o exame sobre os fatos e provas da causa, com a fixação, se for
o caso, da responsabilidade penal do acusado. É ali que se concretiza, em seu sentido genuíno, o duplo
grau de jurisdição, destinado ao reexame de decisão judicial em sua inteireza, mediante ampla
124
Confirmou-se, com esse novo entendimento, uma abordagem do
apelação, ao esgotar a an álise dos fatos e das provas e concretizar o duplo grau
devolutividade da matéria deduzida na ação penal, tenha ela sido apreciada ou não pelo juízo a quo.
Ao réu fica assegurado o direito de acesso, em liberdade, a esse juízo de segundo grau, respeitadas as
prisões cautelares porventura decretadas. Ressalvada a estreita via da revisão criminal, é, portanto, no
âmbito das instâncias ordinárias que se exaure a possibilidade de exame de fatos e provas e, sob esse
aspecto, a própria fixação da responsabilidade criminal do acusado. É dizer: os recursos de natureza
extraordinária não configuram desdobramentos do duplo grau de jurisdição, porquanto não são
recursos de ampla devolutividade, já que não se prestam ao debate da matéria fático-probatória. (...)”.
125
e até mesmo a própria inversão para o caso concreto, do princípio da presunção da
definitivo pelo E. Supremo Tri bunal Federal nos aut os das ADC nº 43/DF e
no julgamento do H C nº 152.752:
com o f iz t od o s o s o ut r os q ue d e sd e 2 0 1 6 m e fo ram su b m et id o s,
r eaf i rm a nd o qu e o t em a d e fu nd o, p a ra q ue m p e ns a com o e u, h á de
co ns ti tu ci o n ali da de , v al e d i z er , na s AD Cs d a re lat or ia d o M in .
d e i no cê nc ia, ni ng u ém o n eg a, s it uad a s no s eu te rm o f in al – o
126
m om e nt o d o tr ân si to e m ju lg ad o - se nt id o e alca nc e, p o nto s d e
cand e nt es d iv e rg ê nc ia s, as d i sp ut as h e rm e nê ut ic as
CPP 100) o min. Dias Toffoli denotou a tendência da Corte a reconhecer que a
ve rd a de p ro ces su al me nt e v áli d a, p a r a al ém de q ua lq u er d úv id a
Ju s ti ç a.”
“Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
100
127
concreto essa tendência pela calibragem do posicionamento assentado pela
Corte.
culpa, por serem indissociáveis ”. No mesmo sentido foi o voto do min Ricardo
101“No presente caso, entendo estarem presentes ambos os requisitos autorizadores para concessão da
medida liminar. Isso porque, em juízo preliminar, vislumbro que o art. 147 da Lei de Execuções Penais
determina que a pena restritiva de direitos será aplicada somente após o trânsito em julgado da sentença
penal condenatória (...) Cabe registrar que o entendimento até então esposado pelo Plenário deste
Supremo Tribunal Federal deu-se na análise de medidas cautelares nas Ações Declaratórias de
Constitucionalidade 43 e 44, carecendo, ainda, de pronunciamento quanto ao mérito. Ademais, a
decisão proferida no ARE 964.246/SP, julgado pela sistemática da repercussão geral, não tratou
especificamente de execução provisória de pena restritiva de direito, vedada pelo art. 147 da LEP, mas
sim de pena privativa de liberdade, tratando, somente, da hipótese do art. 283 do Código de Processo
128
Em voto igualmente recente, o mi n. Gilmar Mendes, no HC nº 146.815,
pena com decisão de segundo grau deve aguardar o julgamento do recurso especial
pelo STJ”.
nº 44:
o ju lg am e nt o d o r ec ur s o e sp e ci al o u d o ag rav o em r ec u r so esp ec ia l
p el o S up e rio r Tr i bu n al d e J us tiç a.
Penal. Destaco, por fim, que o art. 5°, LVII, da Constituição Federal de 1988 reforça a fumaça do bom
direito que exala dos presentes autos, ao determinar que “ninguém será considerado culpado até o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
129
aplicado corretamente ao seu caso o vasto arcabouço jurídico
regime.
Com voto do relator, min. Dias Toff oli, aplicando esta nova leitura e
“no sentido de que a execução provisória da pena deverá ser obstada até o julgamento
compôs a maioria.
sendo externada pela Suprema Corte, ao que parece, prevalecerá per ante o
102De relatoria do i. min. Teori Zavascki, o ARE nº 964.246 fixava entendimento no sentido de que “a
execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau recursal, ainda que sujeito a
recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de
inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal”.
130
Supremo Tribunal Federal: a condenação penal pode produzir seus efeitos
consequências nat urais de uma mesma premissa, qual seja, a de que, a partir
Suprema Corte.
103CANOTILHO, J.J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7 ed. Coimbra: Almedina,
2003. p. 1225.
131
caracterizada tão somente quando a doação afetar a normalidade e
CO MP LE ME N TA R 64/90. EX CE SS O DE D O A ÇÃO . VA LO R
I N EXP RE S SI VO . AU S ÊN CI A DE I M PA CT O NA D I SPU T A.
m e no s em t e se, p e rt u r ba r a no rm al id ad e e a le g it im id ad e d as e l eiç õe s.
29/11/2016)
injustiças.
Superior Eleitoral não encontraria em seu enunciado qualq uer elemento que
por ilegais” como “ti da por apta a quebrar a isonomia entre os candidatos, pôr em
132
econômico” (RESPE nº 43017, Rel. Min. Henrique Neves Da Silva, P SESS
29/11/2016).
Tribunal de Justiça.
eles principais.
da Carta Magna já foi assentada pelo Supremo Tribunal Federal nos autos das
da LC nº 64/90 da forma mais adequada possível com o art. 5º, inciso LVII, da
133
que ilegais, gerassem a automática i nelegibilidade do condenado e o
art. 1º, I, “e” da LC 64/90, para que não exista, num mesmo sistema justiça,
9. P R E J U D I C I A L I D A D E
e sindicabilidade excepcionais
do TRF4.
134
Com a Lei do Ficha Limpa, de lado as críticas manifestadas e tópico
Legislativas, dos tribunais de contas até mesmo de consel hos de classe. Daí
inelegibilidades pela Justiça Eleito ral em face das balizas decisórias dos
104“Art. 1º. São inelegíveis: I – para todos os cargos: (...) l) os que forem condenados à suspensão dos
direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato
doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento
ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o
cumprimento da pena;”
135
em outros processos, tampouco rediscutir q uestões de mérito a eles afetas” 105. No
julgamento no RESP E n.º 15444, concluiu -se que “não cabe à Justiça Eleitoral
proceder a novo enq uadramento dos fatos e provas veiculados na ação de improbidade
necessária a observância dos termos em que realizada a tipifi cação legal pelo
ser indeferido o registro se, a partir da análise das condenações, for possível constatar
condenatória”. 108
TSE, Recurso Ordinário nº 113797, Relator Ministro João Otávio de Noronha, Publicado em Sessão,
105
Data: 30/09/2014.
106TSE, Recurso Especial Eleitoral n.º 154144, Relator Min. Luciana Christina Guimarães Lóssio,
Publicação: DJE Data 03/09/2013. Igualmente, Mais recentemente, o TSE sedimentou que a incidência
na causa de inelegibilidade da alínea “l” “pressupõe análise vinculada da condenação colegiada imposta
em ação de improbidade administrativa, não competindo à Justiça Eleitoral, em processo de registro de
candidatura, chegar a conclusão não reconhecida pela Justiça Comum competente” (TSE, Recurso
Ordinário n.º 44853, Relator Ministro Gilmar Ferreira Mendes, Publicado em Sessão, Data 27/11/2014).
107Súmula TSE n.º 41: “Não cabe à Justiça Eleitoral decidir sobre o acerto ou desacerto das decisões proferidas
por outros órgãos do Judiciário ou dos tribunais de contas que configurem causa de inelegibilidade”.
108 TSE, Recurso Ordinário nº 38023. Relator Min. João Otávio de Noronha. Publicado em 12/09/2014.
RO nº 140804, Rel. Min. Maria Thereza Rocha de Assis Moura, J. 22/10/2014; AgReg no RO nº 22344,
109
Relator Min. Luiz Fux, J. 17/12/2014; AgReg em AI nº 189769, Rel. Min. Luciana Lóssio, DJE Data
21/10/2015.
136
verificar a presença dos elementos necessário à subsunção da decisão à
cabe ao juiz eleitoral perquirir o acerto ou desacerto das decisões das decisões
Essa concepção vem sendo confirmada e m outros julgados 113 e, com essa
110“Art. 1º. São inelegíveis: I – para todos os cargos: (...) g) os que tiverem suas contas relativas ao
exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso
de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver
sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos
seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da
Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem
agido nessa condição;”.
111 TSE, Recurso Ordinário n.º 72569, Rel. Min. Maria Thereza Assis Moura, DJ 27.03.2015.
112 TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 9229, Rel. Min. Luiz Fux, DJ 30.10.2017.
113“A jurisprudência deste Tribunal Superior orienta-se na linha de que não é qualquer vício apontado pela Corte
de Contas que atrai a incidência da inelegibilidade prevista no art. 1o, I, g, da LC 64/90, mas tão somente aqueles
que digam respeito a atos desonestos, que denotem a má-fé do agente público” (TSE, Recurso Especial Eleitoral
n.º 13527, Rel. Min. Rosa Weber, DJ 02.04.2018). No mesmo sentido: TSE, Recurso Especial Eleitoral n.º
28-69/PE, Rel. Min. Luciana Lóssio, publicado na sessão de 1º.12.2016.
137
sindicabilidade da s decisões que rejeitam as contas. A Justiça Eleitoral passou
rejeições de contas de gestão pelos tribun ais de contas, sem decisão final pela
contas, respectivament e), sob pena de afronta ao art. 31, §§ 1º e 2º, da CF” 115.
que “a revogação do decreto que rejeitou as contas do recorrente sem que se tenha
indicado qualquer ví cio no j ulgamento ant erior não tem o condão de afastar a
114TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 50784, Relator Min. Tarcisio Vieira De Carvalho Neto, DJE Data
02/02/2018.
115 Precedente: REspe nº 39-14/AM, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27.6.2017.
TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 21246, Relator Min. Henrique Neves Da Silva, Publicado em Sessão,
116
Data 19/12/2016.
Precedentes: Respe nº 16389, Rel. Min. Rosa Weber; nº 3914, Rel Min. Luiz Fux; RO 1731-70, Rel. Min.
117
Hamilton Carvalhido, CTA 540-93, Respe 295-40, Rel. Min. Fernando Gonçalves.
138
A simples rejeição das contas não possui, por tanto, efeitos automáticos
contas e, por fim (iii) a motivação legítima do ato que promove novo
jurisdição ( “salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário” )
inelegibilidades ). 119
de todos aq ueles “ responsáveis por doações eleitorais tidas por i legais por decisão
118“Art. 1º. São inelegíveis: I – para qualquer cargo: (...) o) os que forem demitidos do serviço público
em decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado da decisão,
salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário;”
119TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 38812, Relator Min. Luiz Fux, Publicado em Sessão, Data
06/12/2016.
120“Art. 1º. São inelegíveis: I – para todos os cargos: (...) p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas
jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em julgado ou
proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão,
observando-se o procedimento previsto no art. 22;”
121Antes, era pacífica nesta Corte a seguinte posição: “(...) 3. Na espécie, o agravante foi demitido do serviço
público em decorrência de processo administrativo disciplinar, não havendo decisão judicial que tenha
suspendido ou anulado o ato demissório. Desse modo, o indeferimento do seu pedido de registro de
candidatura deve ser mantido por incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, o, da LC 64/90. (...)”.
(TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 13189, Relatora Min. Fátima Nancy Andrighi, Publicado em Sessão,
Data 04/10/2012)
139
transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral” . Isso
excesso, acima dos limites dos artigos 23 122 e 81 123 da Lei n.º 9.504/97, mesmo
tenha sido reconhecida por meio de decisão transitada em julgado ou proferida por
órgão colegiado” 124. Da mesma forma, entendia que “doação aci ma do limite é
doação ilegal”, sendo que a LC n.º 64/90 “descreve fatos objeti vos, os quais se
mandato, bem como à normali dade e legitimidade das eleições , valores tutelados
Diante de tal fato, essa Corte evoluiu e passou a entender que "nem toda
doação eleitoral tida como ilegal é capaz de atrair a inelegibilidade da alínea p” , mas
122 “Art. 23. Pessoas físicas poderão fazer doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro para
campanhas eleitorais, obedecido o disposto nesta Lei. § 1 o As doações e contribuições de que trata este
artigo ficam limitadas a 10% (dez por cento) dos rendimentos brutos auferidos pelo doador no ano
anterior à eleição.”
123“Art. 81. As doações e contribuições de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais poderão ser feitas
a partir do registro dos comitês financeiros dos partidos ou coligações: § 1º As doações e contribuições
de que trata este artigo ficam limitadas a dois por cento do faturamento bruto do ano anterior à eleição.”
(Revogado pela Lei nº 13.165, de 2015)
124TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 40669, Relator Min. Henrique Neves Da Silva, DJETSE Data
07/05/2013.
125 TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 94681, Acórdão, Relator Min. José Antônio Dias Toffoli, J.
19/02/2013. No mesmo sentido: “o comando normativo previsto no art. 1º, I, p, da LC 64/90 exige apenas que
haja "decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral", não se cogitando, em
registro de candidatura, de juízo quanto ao eventual dolo do dirigente da empresa, notório responsável por doação
irregular à própria candidatura” (TSE, Recurso Especial Eleitoral nº 26124, Relatora Min. Fátima Nancy
Andrighi, Publicado em Sessão, Data 13/11/2012).
140
inelegibilidade” (TSE, RO 534-30/PB, rel. Min. Henrique Neves da Silva, DJe
16.9.2014) 126.
aos bens jurídicos do art. 14, §9º, da CF, o TSE fixou, a partir das eleições de
126No mesmo sentido: “(...) 1. As condenações por doação acima do limite legal atraem a inelegibilidade da alínea
p do inciso I do art. 1º da LC nº 64/90 quando o montante excedido possa, ao menos em tese, vulnerar os bens
jurídicos tutelados pelo art. 14, §9º, da Constituição Federal. Precedentes. (...)”. (TSE, Recurso Especial
Eleitoral nº 46557, Relatora Min. Rosa Maria Pires Weber, DJE Data 17/03/2017).
141
deste TSE ou mesmo às regras de competência absoluta previstas na CF.
cidadão.
apreciação incidental das inelegibilidades pela J ustiça Eleitoral: na anál ise dos
sejam por esta Cort e conhecidas de maneira inci dental, a fim de resguardar
penas etc. não podem ser reconhecidas como suporte fático válido para fins de
142
Como bem reconhece Michele Pimentel DUARTE, desse dever de
proteção é que o processo não pode ser visto como “mera técnica ou ferramenta
Não foi por outra razão que o TSE, pela autorizada voz do min. Luiz
Fux, avaliando um caso de alínea “g”, consignou que o due process of law
Outra vez o min. Luiz Fux, agora no tema relativo à alínea ‘o’ ( supra),
repudiar, no afã de tut elar valores tão caros à ordem constitucional pátria, a adoção
direito material”.
criminalistas.
DUARTE, Michelle Pimentel. O processo jurisdicional eleitoral e seus fundamentos: direitos políticos,
127
inelegibilidades e o devido processo legal. In: Direito Processual Eleitoral. FUX, Luiz; PEREIRA, Luiz
Fernando Casagrande; AGRA, Walber de Moura (Coord.); PECCININ, Luiz Eduardo Peccinin (Org.).
Belo Horizonte: Fórum, 2018 (Tratado de Direito Eleitoral, v.6), p. 95-124.
128 Precedente: REspe nº 39-14/AM, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 27.6.2017.
143
civilizado e democrático” 129. O princípio democrático e a soberania popular (art.
1º, parágrafo único, CF) projetam -se sobre todo o ordenamento jurídico
indispensável.
1º, CF), é dever da jurisdição eleitoral garantir efetiva proteção aos direitos
validade para fins da inelegibilidade do art. 1º, I, ‘e’, da LC n.º 64/90 não
existem.
129“Em resumo qualquer restrição ao sufrágio, seja no que diga respeito à capacidade política ativa, seja no que
respeite à capacidade política passiva, deve submeter-se ao que a teoria constitucional, contemporaneamente,
designa como “limites dos limites”, entre os quais sobressaem o princípio da proporcionalidade e a garantia do
conteúdo essencial do direito fundamental. No caso do sufrágio, tenho séria e honesta dúvida se a
legislação do chamado “ficha-limpismo” no Brasil alcançou respeitar esses limites”. GUEDES,
Néviton Oliveira Batista. A democracia e a restrição aos direitos políticos. In: Direito Constitucional
Eleitoral. FUX, Luiz; PEREIRA, Luiz Fernando Casagrande; AGRA, Walber de Moura (Coord.);
PECCININ, Luiz Eduardo Peccinin (Org.). Belo Horizonte: Fórum, 2018 (Tratado de Direito Eleitoral,
v.1), p. 111-120.
CLÈVE, Clèmerson Merlin. Temas de direito constitucional. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2014, p. 210-
130
211.
144
O ex-Presidente teve sua condenação de primeiro gr au confirmada pelo
hoje inexplicavelmente não enviado ao STJ. Admitido que está, o RESP passa
juristas sem nenhuma ligação com a causa. A primeira nulidade diz com a
corrupção (art. 317, CP) e lavagem de dinheiro (art. 1º, Lei 9.613/98).
esquisita por quem acompanha o tema), a pena foi aumentada para d e nove
anos e seis meses para doze anos e um mês. Há q uem diga q ue este “e um mês”
não está ali apenas por mero capricho da dosimetria, mas para subir um
especulação.
a defesa faz referência ao exaustivo par ecer dos dois em inentes professores
do julgamento:
influência” e “sem que se mostre necessário sua conduta ativ a nos contratos” ,
145
sem qualquer ato de ofício determinado que implique na tipicidade do
consumativo).
Constitucional da P UC -SP);
UFRJ) 132;
146
• Prof. Dr. M A U R I C I O D I E T E R (Professor de Direito Penal da USP) 133;
Mackenzie) 135;
L U I G I F E R R A J O L I , da Itália, e E M Í L I O G A R C Í A M E N D E Z , presidente
parte da defesa.
registro, são dois os possíveis (porque defens áveis) desdobramentos: (i) sua
133 Maurício Dieter analisa a condenação de Lula por Sérgio Moro. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=hY6Lxfw9JeA
134Juristas gravam vídeo repudiando processo do tríplex que condenou Lula. Disponível em:
https://www.revistaforum.com.br/juristas-gravam-video-repudiando-processo-do-triplex-que-
condenou-lula/
135Ex-governador de SP Cláudio Lembro classifica prisão de Lula como ‘equivocada’. Disponível em:
https://istoe.com.br/ex-governador-de-sp-claudio-lembo-classifica-prisao-de-lula-como-equivocada/
136 Comunidade jurídica critica condenação de Lula por Sérgio Moro. Disponível em:
http://justificando.cartacapital.com.br/2017/07/12/comunidade-juridica-critica-condenacao-de-lula-
por-sergio-moro/
147
reconhecimento, desde já, pelo plenário desta Corte, da ilegalidade -nulidade
múltiplas impugnações.
Presidente Lula teve alguns capri chos. O TRF4 j ulgou rapidamente o recurso e
para ser deferida (como de fato foi) a interim measure pelo Comitê da ONU, até
aqui não houve análise do art. 26 -C por STF e STF. Com a decisão do Comitê,
148
para reiterar aqui, retirou o interesse de agir ( por ausência de utilidade) do
Refutada a tese, o ex-Presidente tem o direito de, pelo menos, ver avaliada as
pedidos sumários do art. 26 -C. Até que STJ e STF se pronunciem (em juízos
interesse até que o TSE, eventualmente, não reconheça que já havia uma
149
reforma do acórdão recorrido” 137 sem a irreversibilidade do in deferimento do
9.504/97.
parece óbvia.
O TSE, lendo o art. 11, § 10, define que a suspensão pode se dar até a
diplomação. E o art. 16 -A, por sua vez, estabelece que o candidato fica na
disputa enquanto estiver sub j udice – o que, como regra – segue até a
diplomação. Há quem possa não concordar, mas é assim como estão as regras
Agora, se o sub judi ce for calibrado pelo TSE, o que se requer aqui é uma
literal dos três dispositivos – até aqui prevalente no TSE – entregaria ao ex-
Certo é que o pedido do art. 26-C da LC 64/90 deve ser, nos limites
o Min. Luiz Fux: “uma relação diversa daquela que compõe a causa de pedir” que
“não obstante esteja fora da órbita da decisão da causa , precisa ser apreciada como
137JORGE, Flávio Cheim. LIBERATO, Ludgero. RODRIGUES, Marcelo Abelha. Curso de Direito
Eleitoral. Salvador: Ed. Juspodivm, 2017. p. 507.
138 FUX, Luiz. Curso de direito processual civil. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 434
150
É a lógica do art. 313 do CPC: suspende -se o processo (...) IV –quando a
existência ou de inexi stência de relação jurí dica que constitua o objeto principal de
ação prejudi cada, circunstância que justifica a suspensão desta úl tim a”. 139
da resolução da subordinada, deparamo -nos com uma questão prejudi cial ”. 140
prejudiciais são aq uelas dotadas de vin culação jurídica, “é o juízo que tem
139 STJ, 3ª Turma, REsp 1230174/PR, Relatora Ministra Nancy Andrighi, DJe 13/12/2012. No mesmo
sentido: “(...) 1.- O art. 265, § 5º, do Cód. de Proc. Civil autoriza a suspensão do processo até um ano, quando o
julgamento da causa estiver subordinado ao resultado de outro processo conexo, retomando-se, em seguida, ao
andamento regular do feito. 2.- Essa regra somente pode ser excepcionada quando o Juízo, avaliando segundo sua
livre convicção, a razão da demora do processo conexo e a situação do processo "sub judice", se convença de que
deve ele permanecer suspenso. (...)”. (STJ, 3ª Turma, REsp 1374371/RJ, Rel. Ministro Sidnei Beneti, DJe
10/03/2014).
Diferentemente da questão preliminar, na qual o juízo sobre acondicionante predetermina a existência
140
do julgamento da condicionada. BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Questões prejudiciais e coisa julgada.
Rio de Janeiro: Borsoi, 1967, p. 54.
151
da exigência de coerência interna no processo” . Decorrem tanto ( a) da “subsunção
do juízo prejudicial na hipótese fática de uma norma que preveja como consequência
Marinoni: “todo fato que pode ser associ ado a um efeito jurí dico (...) é capaz
de dar ori gem a uma questão prejudicial ”. Os fatos sobre os q uais podem recair
demanda 142.
STJ e pelo STF. Tais pedidos, não custa repetir, já estão deduzidos desde abril.
141 LEITE, Clarisse Frechiani Lara. Prejudicialidade no processo civil. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 89-92
142Neste ponto, o processualista cita como exemplo da atribuição de culpa a um réu ser prejudicial à
discussão civil dos danos emergentes de um acidente automobilístico. MARINONI, Luiz Guilherme.
Coisa julgada sobre questão, inclusive em benefício de terceiro. In: Revista de Processo. vol. 259/2016, p.
97 – 116, Set/2016.
152
A suspensão, portan to, p or força do artigo acima mencionado, se torna
Uma prejudicialidade mitigada : apenas até que haja a análise dos juízos sumários
do art. 26-C.
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Elementos de direito processual civil. 2 ed. rev. e atual. São Paulo: RT,
143
2003. 2 v. p. 479.
153
dete rmi n ar a s us pe n s ã o do pro ce s so at é o j ul g a me nto do h a be a s
co rpu s pe nd e nte o u a c a ss a ç ão d a l i mi n a r, po r, no m á xi mo ,
O TRE de Santa Catarina deu 45 dias para resolver a prejudi cial . O ex-
do art. 26-C, até aq ui não apresentadas pelo atraso do TRF4 e, depois, pela
pelo STF.
OU T R A S C A U S A S D E P E D I R
peça);
154
(iv) art. 8º, Lei nº 9.504/97 (ausência do I M P U G N A D O na convenção
(v) art. 11, §1º, VIII, Lei nº 9.504/97 (ausência de juntada de certidão
incidência do art. 16 -A da Lei nº 9.504/97 144, aduz o requerente (i) que este
manife stante não teria formulado no bojo de nenhum dos recursos interpostos
144 Posto que o perigo da demora, no caso, pelas próprias palavras do impugnante, seria presumível:
“(...) não se desconsidera que o art. 16-A da Lei Eleitoral presume o perigo da demora, tendo em vista que a ausência
de campanha e do nome do candidato na urna eletrônica criam situação irreversível” (fl. 22).
155
Em primeiro lugar e antes de tudo, o ex-P residente L U L A não precisa de
também explicada.
do órgão colegiado .
Todavia, não foi sequer remetido ao STJ até o presente momento, diante do
assimétrico do TRF (acelera para condenar; freia para liberar os rec ursos).
156
Nenhum dos pedi dos de suspensão da inelegibilidade decorrente da
neste tópico.
pagamentos sejam realizados em razão do cargo ainda que em troca de atos de ofício
ou o recebimento da benesse, de modo que a práti ca efe tiva de ato de ofício não
145O Juízo negativo de admissibilidade, sob nenhuma hipótese, poderia ser tomado como um
indeferimento do pedido de suspensão efetuado, somente passível de apreciação pela Corte a que
incumbe o julgamento do recurso (no caso, o próprio STF).
157
consubstancia element ar do tipo penal, mas somente causa de aumento de pena (§ 1º
pareceristas mencionados:
et er no bi s i n id em . Po r é m , is so na d a te m a v e r co m a ex ig ên cia ,
o t eo r d o “ ac e rto” e n tr e as p a rt e s, q ua l e r a o se u o bj et o. A
ún ica fo rm a p o r m e io d a qu al s e p od e af ir m ar a ex i st ê nci a d e
b ra si l ei ra” .
158
O parecer demonstra de maneira clara como o TRF4 teria atribuído aos
Isso porque, tomando -se por base as datas dos fatos que con substanciam os
passiva, assim, também levant ada no recurso especial, por si só, denota a
instantâneo de efeitos permanentes -, cuja pena final foi fixada em 3 (três) anos
“ O si m pl es f a t o de o au t o r seg ui r s e a p r ov e it an d o d a l a vag em
pe rp e tr a da , n ão é s ufici en te pa r a de n o t ar a pe r m an ên cia
del i ti va , p os t o q u e n ã o s ão p ra ti ca d os, di ar i am en t e, n o vo s a t os
de oc ul ta çã o e d issi m ula çã o .
te ri a oc or ri d o e m o u tu b r o de 2 0 0 9 , de ac o rd o co m as afi r m aç ões
aci m a ” ( g ri fo s n o ss os ).
pr e te ns ão p u ni tiv a p e la de co r rê nci a de i nt e rv al o su pe ri o r a 4
( q u at r o) a no s en t re a da t a d o f a t o i m pu t ad o e o r ece b im en t o d a
de nú nci a .”
159
Também no tocante a este ponto, não só é patente a existência da
do recurso especial.
Isso porque:
não se confunde com a natureza do pedido genérico de suspensão dos efei tos
(a verossimilhança); e
160
pretensão necessári a à concessão da suspensão. Os recursos, aliás, sequer
sustentação constitucional.
eles 146. Como afirmou o min. Luís Roberto Barroso, “ deve-se levar em conta,
Sobre os elementos clássicos de interpretação e sua aplicação ao texto constitucional, v. Luís Roberto
146
161
portanto, o texto da norma (interpretação gramatical ou semântica), aspectos do seu
teleológica)” 147.
uma n ova interpretação do art. 77, §4º, da CF. Segun do afirma, o dispositivo
eleições com uma candidatura sub judice à Presidência. Nos te rmos do próprio
impugnante, “uma leitura atent a da Consti tuição revela que o incômodo instalado
que a levam a efeito, é uma tarefa jurídica, e não política” 148. Assim, as decisões do
Poder judiciário devem agir somente dentro dos “ limites e possibilidade s abertas
nas distribuições de royalties do petróleo. RDE. Revista de Direito do Estado, v. 24, 2012, p.12.
148BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição: fundamentos de uma dogmática
constitucional transformadora. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p.112.
162
ou c on t r ári o a d et er m ina d o i n diví d u o, el a d eve r á nec ess a ri am en t e se r
§1º, do artigo 489 e no §2º do artigo 926. Embora tenha apontado a questão,
a então candidata i mpugnada, que estava sub j udice, pudesse realizar todo s
precedente da RCPR137.
inconveniência tão grande que convença o j uiz que a i nten ção não era usá -las em sua
<https://www.conjur.com.br/2016-abr-23/observatorio-constitucional-jurisdicao-fundamentacao-dever-
149
coerencia-integridade-cpc>
163
significação comum, de forma a autorizar o juiz a utilizar outra acepção dos
inarredável conclusão de que o art. 77, §4º da Constituição não alcança todas
jurídico.
como um dos núcleos imutáveis do nosso sistema constitucional (CF, art. 60,
federadas 152.
164
Desse vínculo isonômico, q ue iguala as pessoas estatais dotadas de
da Federação 153. Com e feito, a autonomia política dos entes federados, atributo
Brasil.
Não se quer, aqui, negar, por exemplo, que o Estado de São Paulo apresenta rendimento econômico
superior ao Estado de Roraima, o que se quer afirmar é que, apesar das diferenças, todos entes federados
devem receber o mesmo tratamento jurídico-formal isonômico, sobretudo quando se trata do exercício
da esfera política.
165
Ignora, ademais, que a Constituição Fe deral, pela concisão que lhe é
para cada ent e federativo, o Constituinte optou por frisar a si metria de forma
A rt. 2 8 . A e le i çã o d o G o ve r na d or e d o V i ce - G ov e r na do r de
do mi n go de o ut u bro , em pri m ei ro tu r no , e no úl ti mo do mi n go
ma i s, o di sp ost o n o a r t. 7 7 .
do i s terço s do s me m bro s da C â m ar a M u ni ci p al , q ue a
Co n sti t ui ç ão ,
[ ...]
II - e l e i çã o do P re fe it o e d o V ice - P re fe it o r e a l i zad a no p ri m ei ro
166
Vê-se, fora de qualq uer dúvida, q ue o Constituinte equipar ou todos os
Federal.
que tenha sido possível aferir os votos dados pelo eleitorado e escalonar os
Admite -se, deste modo, não apenas que tenha havido um primeiro turno,
nome constou da urna eletrôn ica e que a ele se permitiu realizar os atos
constituinte, deste modo, somente pode referir -se ao período após o primeiro
garantir “assim, que o critério da maioria absoluta seja se mpre observado para
167
aqueles cargos em relação aos q uais foi adotado o sistema eleitoral majoritário de dois
turnos”. 154
somente pode ser lida a partir do seu próprio enunciado. Restringe -se aos
eventos ocorridos entre o p rimeiro e o segundo turnos e, por esta razão, não é
154 STUART, Paulo Henrique de Mattos. Quando, afinal, há segundo turno em uma eleição?
<http://www.tse.jus.br/o-tse/escola-judiciaria-eleitoral/publicacoes/revistas-da-eje/artigos/revista-
eletronica-eje-n.-6-ano-3/quando-afinal-ha-segundo-turno-em-uma-eleicao>.
168
O equívoco é manifesto. Ign ora -se que o artigo seguinte ao invocado na
suspensão só se dará nos casos de (...) condenação cr iminal transi tada em julgado ,
10.3 Lula não foi condenado por ato de improbidade administrat iva
anuir as ilícitas medidas provisórias 282 e 295, por não promover licitação, e fazer
155Ac.-TSE, de 3.4.2008, no REspe nº 28390: “a suspensão dos direitos políticos decorrente de condenação
criminal não se confunde com o disposto no art. 1º, I, e, da LC nº 64/1990”.
156Ac.-TSE, de 27.10.2016, no REspe nº 13273: “sendo incontroversa a pendência de embargos de divergência
admitidos perante o Superior Tribunal de Justiça, não há como reconhecer - sem que haja pronunciamento
nesse sentido proferido por aquela Corte Superior - o trânsito em julgado da decisão e o início do prazo
de suspensão dos direitos políticos do candidato.”
169
administrativa 157 – situação que não se comprovou em relação a Lula. E não se
por improbidade.
proceda a uma análise dos f atos imputados a Lula sob o ponto de vista da
fatos sem qualquer correlaçã o com o tipo por ele mesmo imputado, requer o
importa registrar que não há quaisquer provas de que Lula tenha ocupa do
Ac.-TSE, de 21.2.2017, no REspe nº 10049: requisitos de incidência desta alínea: a) condenação por ato
157
170
cargos nos estabelecimentos protegidos pelo escopo da alínea indicada 160, ônus
10.5. O candi dato não precisa estar presente para ser escolhido em
convenção
obrigatória.
instalado “ com a presença de qualquer número de convencionais ” ( art. 158). 161 Com
o quór um necessário foi transmitido (siste ma CANDex) dentro do prazo legal 162
160Ac.-TSE, de 17.12.2008, no REspe nº 34115: “a inelegibilidade prevista nesta alínea se configura com a
responsabilidade do sócio causador do estado falimentar do estabelecimento de crédito, financiamento
ou seguro pelo exercício de cargo ou função de direção, administração ou representação.”
161http://www.pt.org.br/wp-content/uploads/2016/03/ESTATUTO-PT-2012-VERSAO-FINAL-alterada-
outubro-de-2015-2016mar22.pdf
162 http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/tse-ata-de-convencao-realizada-dia-4-8-2018-pt
163 Conforme certificado nos autos do DRAP nº 0600901-80.2018.6.00.0000.
171
Não faz sentido algum a tese da impugnação. Os convencionais podem,
apresentadas
que não podem ser omitidos de seu registro, sob pena de indeferimento inescusável ”.
28, III, Res. nº 23.548/2017, TSE), o que foi rigorosamente cumprido pelo
compete ao Impugnado promover diligências que a lei não pr evê e que estão
304144.
Código Eleitoral: “Art. 101. (...) § 5º Em caso de morte, renúncia, inelegibilidade e preenchimento de
164
vagas existentes nas respectivas chapas, tanto em eleições proporcionais quanto majoritárias, as
substituições e indicações se processarão pelas comissões executivas.”
172
Não se tratando de documento obrigatório, assim, não há q ue se falar
P R O NU N C I E M S OB R E A DEFESA E D OC U M E NT OS , A L E G A Ç Õ ES F I NA I S E
M A NI F E S T A Ç Ã O D O MINISTÉRIO PÚBLICO
Resolução do TSE.
de cognição exauriente.
merece ser interpretada com o máximo cuidado, sob pena de sugerir mitigação
do direito de ampla defesa e do contraditó rio. 166 Fato é que as ações eleitorais
165 Entre outros, ZÍLIO, Rodrigo Lopez. Direito Eleitoral. 5ª ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2016. p. 581.
166 “A consagração da ampla defesa e contraditório no mesmo dispositivo constitucional indica, de um lado, que o
legislador constituinte os concebe como princípios distintos, de outro, que guardam entre si uma relação umbilical
de interdependência que torna impossível, na dialética processual conceber um sem o outro” (SANTOS FILHO,
Orlando Venâncio dos. A dogmatização da ampla defesa: óbice à efetividade do processo. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2005. p.135).
167“O contraditório compreende, de modo geral, o direito de influir na decisão do magistrado, mediante
argumentos, contrapontos e provas. Porém, os ritos mais céleres previstos na legislação eleitoral (artigos 58 e 96,
ambos da Lei Eleitoral), indiscutivelmente suprimem tal abrangência. Todos os demais feitos eleitorais que tratem
da possibilidade, ainda que mínima no caso concreto, de cassação de registro, diploma ou mandato, ou que
continuem ou gerem na via reflexa uma inelegibilidade no acusado deveriam respeitar, em sua plenitude, o
princípio do contraditório" (PECCININ, Luiz Eduardo; GOLAMBIUK, Paulo Henrique. O impacto do
contraditório substancial no direito eleitoral à luz do novo Código de Processo Civil. In TAVARES,
173
É verdade que há sumarização formal na AIRC. Esta sumarização se
interlocutórias . São técnicas clássicas de sumarização formal . 168 Não há nas ações
formar coisa j ulgada material. 169 Não há qualquer recorte horizontal ou vertical
na cognição. 170
André Ramos; AGRA, Walber de Moura; PEREIRA, Luiz Fernando. O direito eleitoral e o novo Código de
Processo Civil. Belo Horizonte: Fórum, 2016, p. 97).
168“A sumarização formal nada mais é do que forma encurtada, simplificada e concentrada do procedimento, mas
não apresenta incompletude da cognição. Já a sumarização material caracteriza-se pela incompletude material da
causa cognitio. Na sumariedade formal há sempre cognição exauriente, o que não ocorre na sumariedade material”
(Neste sentido: OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro de. Perfil dogmático da tutela de urgência. Revista
Forense, v. 342, Rio de Janeiro : Ed. Forense, p. 334). Sobre o tema, com ótimas referência à origem da
técnica, conferir a obra de GUILLÉN, Victor Fairen. El juicio ordinario y los plenarios rápidos. Barcelona:
Bosch, 1953.
169Para citar um autor de Direito Eleitoral, Adriano Soares da Costa fala em plena cognitio com
sumariedade prazal (Instituições, p. 448).
Sobre cognição horizontal e vertical, Watanabe, Da Cognição no Processo Civil. São Paulo: Ed. Revista
170
174
O caso concreto não aponta para a necessidade de produção de prova,
apesar dos pedidos articulados pelos impugnantes. Não quer isso dizer,
Assim, merece aplicação o art. 350 do CPC: “ Se o réu alegar fato impeditivo,
dias, permitindo -lhe o juiz a produção de prova ”. Trata-se de uma faculdade (e não
ter nascido (com a con denação de segun da instância), já estaria extinto (pela
exceção substancial indireta . E neste caso superveniente, como autoriza o art. 11,
substancial indireta “ não pode ser suprimido, sob pena de violação à garantia do
contraditório”. 175 Incogitável que fosse diferente. Como é que o plenário vai
173DANTAS, Marcelo Navarro Ribeiro. WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; DIDIER JR., Fredie;
TALAMINI, Eduardo; DANTAS, Bruno (coords.), Breves comentários ao novo código de processo civil, São
Paulo: RT, 2015, p. 947.
174Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do
direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a
requerimento da parte, no momento de proferir a decisão.
175 MEDINA, José Miguel Garcia. Novo código de processo civil comentado. São Paulo: RT, 2015, p. 501.
176“Se tal exigência é relevante nas demandas comuns, mais ainda naquelas em que estão em jogo
direitos fundamentais políticos, a regularidade e normalidade da eleição, a verdade do voto,
sustentáculos da democracia pátria.” (MACEDO, Elaine Harzheim. O código de processo civil de 2015
e a legislação processual eleitoral. In: FUX, Luiz; PEREIRA, Luiz Fernando Casagrande; AGRA, Walber
175
Necessidade de intimação dos impugnantes se dá também em atenção ao
Comitê da ONU, ap resentada apenas com a defesa (não poderia ter sido
apresentada antes). Aí teria aplicação o art. 437 do CPC: “ o autor manifestar -se-
defesa”. 177 Nem seria necessário invocar o CPC. Como apontam os pareceristas
de Moura (Coord.); PECCININ, Luiz Eduardo (Org.). Tratado de Direito Eleitoral. v. 6. Belo Horizonte:
Fórum, 2018. p. 71-92).
177 José Rogério. In DANTAS, Marcelo Navarro Ribeiro. WAMBIER, Teresa Arruda Alvim; DIDIER JR.,
Fredie; TALAMINI, Eduardo; DANTAS, Bruno (coords.), Breves comentários ao novo código de processo
civil, São Paulo: RT, 2015, p. 947.
178RESPE 22.545, rel. Min. Carlos Eduardo Caputo Bastos, PSESS de 6.10.2004; “Registro de candidatura
impugnado em face de alegada ausência de desincompatibilização de presidente de sindicato no prazo legal. O pré-
candidato impugnado juntou, na contestação, ata de afastamento do sindicato. O Juiz procedeu ao julgamento
antecipado da lide, sem abrir vista ao impugnante para que se manifestasse sobre o documento. Alegação de
cerceamento de defesa e de falsidade da ata. Hipótese na qual houve afronta ao disposto no art. 5º, LV, da
176
No limite, o Relator do caso poderia dispensar a oitiva dos impugnantes
não está apenas par a garantir o direito da parte, mas para o incremento da
parecer irrelevante para o relator da causa, pode ter grande significado para
os outros jul gadores ”. 180 Portanto, sendo a decisão de compet ência do plenário
Constituição Federal. Imperativo que se tivesse intimado o impugnante para se manifestar sobre o documento”
(RESPE 21.988, rel. Min. Caputo Bastos, PSESS de 26.8.2004).
179THEODORO JR, Humberto. Uma dimensão que urge reconhecer ao contraditório no direito
brasileiro: sua aplicação como garantia de influência, de não surpresa e de aproveitamento da atividade
processual. In: Revista de Processo, v. 168, p. 107-141, 2009.
180A situação mostra-se mais complexa nos julgamentos colegiados, tendo em vista que a condução do
feito, até o julgamento, fica a cargo do relator, a quem cabe decidir sobre a necessidade ou não da
produção das provas, bem como sobre a abertura da fase de alegações finais ou, ao menos, a intimação
dos impugnantes para se manifestarem sobre os documentos apresentas com a defesa oferecida. (...) A
complexidade deriva do fato que o Juiz Natural, nessas situações, é o órgão colegiado do Tribunal
composto por diversos juízes justamente para permitir que os processos não sejam julgados a partir de
uma visão isolada da causa.
177
s eja a s seg u rad o o cu m p rim e nto d o s p ra zo s e sta b el ec id o s em l ei e a s
Não fosse por tudo isso, não custa lembrar que a Resolução n º
décimo já bastaria: “ O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva d ecidir de ofício ”. A
12. P E D I D O S F I N A I S
181Registre-se, apenas como exemplo dessa possível situação, o julgamento da questão de ordem da
AIME 7-61, em que se discutia a validade da eleição da chapa Dilma-Temer, no qual se decidiu pelo
retorno do feito à fase de produção de provas, de modo a que fosse respeitado o prazo integral de cinco
dias para a apresentação das alegações finais. (DJE 29.5.2017).
182“(...) nas ações eleitorais que podem levar a consequências gravíssimas, como a cassação de registro
ou de diploma, o que pode ocorrer em ação de investigação judicial eleitoral, ação de impugnação de
registro de candidatura, ação de impugnação de mandato eletivo, recurso contra expedição de diploma
e representação que siga o rito do art. 22 da LC 64/90, não se pode cogitar o desrespeito ao disposto nos
arts. 9º e 10 do NCPC.” (PAIM, Gustavo Bohrer. O contraditório como direito de influência e de não
surpresa no novo código de processo civil e sua importância para o direito processual eleitoral. In: FUX,
Luiz; PEREIRA, Luiz Fernando Casagrande; AGRA, Walber de Moura (Coord.); PECCININ, Luiz
Eduardo (Org.). Tratado de Direito Eleitoral. v. 6. Belo Horizonte: Fórum, 2018. p. 259-270).
178
c) o indeferimento de todos os pedidos de provas requeridos
antecipado da lide;
IMPUGNANTES;
Nestes termos,
Pede deferimento.
L UI Z F E RN AN D O C A S AG R AN D E P E RE I R A F E RN AN D O G A SP A R N E I S SE R
OAB/PR 22.076 OAB/SP 206.341
179
M AR I A C L A UD I A B UC C H I A N E RI P I N H E I RO F E R N AN D O H AD D AD
OAB/DF 25.341 OAB/SP 88.022
P A U L A B E R NA R D E L L I P A U L O H E NR I Q U E G O LA M B I U K
OAB/SP 380.645 OAB/PR 62.051
D I O GO R A I S R EN A T A A NT O NY D E S O U Z A L I M A
OAB/SP 220.387 OAB/DF 23.600
MAITÊ MARREZ L A I S R OS A B ER T A G N O LI L O D U C A
OAB/PR 86.684 OAB/SP 372.090
RAFAELE WINCARDT L A Y S D O A M OR I M S A NT OS
OAB/PR 90.531 OAB/SE 9.749
RENATA CEZAR R OB ER T O J . N U C C I R I C ET T O J R .
OAB/SP 327.140 OAB/SP 409.382
180