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08/03/2021
Número: 0600216-46.2020.6.14.0022
Classe: RECURSO ESPECIAL ELEITORAL
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Superior Eleitoral
Órgão julgador: Ministro Luiz Edson Fachin
Última distribuição : 22/02/2021
Assuntos: Inelegibilidade, Inelegibilidade - Rejeição de Contas Públicas, Impugnação ao Registro de
Candidatura, Cargo - Prefeito, Eleições - Eleição Majoritária
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
COLIGAÇÃO ÓBIDOS AMOR E CORAGEM, OS CASSIO BARBOSA MACOLA (ADVOGADO)
TRABALHOS NÃO PODEM PARAR (RECORRENTE) ANA LUIZA JORGE DE NAZARETH (ADVOGADO)
THIAGO ALVES DE SOUSA (ADVOGADO)
MARLUZI BARBARA KUSSLER MACOLA (ADVOGADO)
JAIME BARBOSA DA SILVA (RECORRIDO) ANA CRISTINA COSTA DIAS SILVA (ADVOGADO)
BENEDITO GABRIEL MONTEIRO DE SOUZA (ADVOGADO)
EDIMAR DE SOUZA GONCALVES (ADVOGADO)
ANDRE RAMY PEREIRA BASSALO (ADVOGADO)
GABRIELA ROLLEMBERG DE ALENCAR (ADVOGADO)
RODRIGO DA SILVA PEDREIRA (ADVOGADO)
JANAINA ROLEMBERG FRAGA (ADVOGADO)
Procurador Geral Eleitoral (FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
11707 08/03/2021 17:15 Parecer da Procuradoria Parecer da Procuradoria
2788
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
PROCURADORIA-GERAL ELEITORAL
Manifestação nº 542/21-GABVPGE
Processo: REspEl nº 0600216-46.2020.6.14.0022 – ÓBIDOS/PA
Recorrente: COLIGAÇÃO ÓBIDOS AMOR E CORAGEM, OS TRABALHOS NÃO
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PODEM PARAR
Recorrido: JAIME BARBOSA DA SILVA
Relator: MINISTRO LUIZ EDSON FACHIN
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Ministério Público Eleitoral
Procuradoria-Geral Eleitoral
“Óbidos amor e coragem, os trabalhos não podem parar” contra acórdão do Tribunal
Regional Eleitoral do Pará, que manteve o deferimento do registro de candidatura de
Jaime Barbosa da Silva ao cargo de Prefeito de Óbidos/PA.
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julgamento das contas do então prefeito como irregulares, pelo TCU.
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Opostos embargos de declaração, foram rejeitados.
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É o relatório.
1 Art. 12, parágrafo único, da Lei nº 64/90 e art. 67, § 2º, da Resolução TSE nº 23.609/2019.
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De acordo com a obra doutrinária de Fábio Medina Osório, a
improbidade administrativa constitui uma espécie de
Isso não significa, como atenta José Jairo Gomes, que é necessário
haver “a prévia condenação do agente por ato de improbidade administrativa ”4,
exigindo-se apenas a conclusão de que a irregularidade pode ser enquadrada como
ímproba, isto é, como fruto de má gestão, ensejada por desonestidade ou
ineficiência graves.
3 Teoria da improbidade administrativa. Má gestão pública. Corrupção. Ineficiência. São Paulo: Thomson
Reuters Brasil, 2018. RB-10.1. E-Book. ISBN 978-85-203-5674-6. Disponível em:
<https://portal.mpf.mp.br/bidforum/?key3=E9177BD38F03&key2=8840093A&key1=PGRDF.>Acesso em: 3 de
setembro de 2020. Grifos acrescidos.
4 GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 13a ed. São Paulo: Atlas, 2017. p. 248.
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enquadramento das irregularidades assentadas em decisão
irrecorrível do órgão competente, como insanáveis ou não, e
verificar se constituem ato doloso de improbidade administrativa,
não lhe competindo, todavia, a análise do acerto ou desacerto
dessa decisão6.
Assim, assiste razão ao recorrente quando diz que não pode ser
afastada da Justiça Eleitoral a análise de eventual sentença de improcedência
proferida em Ação Civil Pública, tal qual não é afastada em caso de procedência de
demanda dessa natureza, cabendo-lhe analisar os elementos da decisão para
concluir pela existência – ou não – de ato doloso de improbidade administrativa que
possa conduzir à hipótese de inelegibilidade.
5 ZILIO, Rodrigo López. Direito Eleitoral. 7ª ed. Salvador: Juspodivm, 2020. p. 288.
6 Recurso Especial Eleitoral nº 13607, Acórdão, Relator(a) Min. Rosa Weber, Publicação: DJE - Diário de justiça
eletrônico, Data 30/06/2017.
7 RECURSO ESPECIAL ELEITORAL nº 060018853, Acórdão, Relator(a) Min. Tarcisio Vieira De Carvalho Neto,
Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 18/12/2020.
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demanda cível, contudo, não pode contrariar aquilo que fora decidido, sob pena de
inobservância do teor da súmula nº 41 do TSE, segundo a qual “ não cabe à Justiça
Eleitoral decidir sobre o acerto ou desacerto das decisões proferidas por outros
órgãos do Judiciário ou dos tribunais de contas que configurem causa de
inelegibilidade”.
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afastar a causa de inelegibilidade por força da improcedência da ação civil pública
lastreada nos mesmos fatos, pois a decisão da Justiça Estadual não vincula o Juízo
Eleitoral tendo em vista que são searas distintas e autônomas.
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passiva. Nesse sentido:
“Eleições 2016. Recursos especiais. Registro de
candidatura. Cargo. Prefeito. Deferimento. Art. 1°, i, g, da LC
n° 64/90. Aferição dos requisitos. Divergência quanto à
ocorrência do dolo. Rejeição de contas pelo TCU
assentando a presença de elemento volitivo na prática das
irregularidades apuradas. Acórdão da justiça comum
consignando ausência do dolo. Cenário de dúvida razoável
objetiva acerca do estado jurídico de elegibilidade. Exegese
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de gestores públicos, nos termos do estabelecido no art. 71, VI, da Constituição da
República8, e desaprovou as contas do candidato, determinando ressarcimento ao
erário9.
8 Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas
da União, ao qual compete: (…) VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União
mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a
Município.
9 Consta do voto divergente que “ No caso em apreço, a desaprovação das contas decorreu da inexecução do
objeto do convênio e de pagamento por serviços não executados. Conforme consignado no acórdão do TCU, o
repasse de recursos federais foi na ordem de “R$ 939.576,66”, com determinação de “devolução de 550.187,99”,
a inexecução relativamente às verbas federais efetivamente repassadas foi superior a 50% do total. ” (id.
107678738).
10 No sentido em que se afirma é a jurisprudência do STJ: “1. Relativamente às condutas descritas na Lei n.
8.429/1992, esta Corte Superior possui firme entendimento segundo o qual a tipificação da improbidade
administrativa para as hipóteses dos arts. 9º e 11 reclama a comprovação do dolo e, para as hipóteses do
art. 10, ao menos culpa do agente” (AgInt no REsp 1526677/SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 24/11/2020, DJe 04/12/2020)
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NA PRÁTICA DAS IRREGULARIDADES APURADAS. ACÓRDÃO DA
JUSTIÇA COMUM CONSIGNANDO AUSÊNCIA DO DOLO. CENÁRIO
DE DÚVIDA RAZOÁVEL OBJETIVA ACERCA DO ESTADO
JURÍDICO DE ELEGIBILIDADE. EXEGESE QUE POTENCIALIZE O
EXERCÍCIO DO IUS HONORUM COMO CRITÉRIO NORTEADOR
DO EQUACIONAMENTO DA CONTROVÉRSIA. INCIDÊNCIA DO
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. INELEGIBILIDADE NÃO
CONFIGURADA. CONDENAÇÕES DE SUSPENSÃO DOS DIREITOS
POLÍTICOS EM AÇÕES DIVERSAS. IMPOSSIBILIDADE DE SOMA
DOS PRAZOS DAS SANÇÕES POLÍTICAS PARA FINS DE
11 No mesmo sentido é Recurso Especial Eleitoral nº 44231, Acórdão, Relator(a) Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Tomo 216, Data 08/11/2017, Página 32
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restritivamente, consoante lição basilar da dogmática de restrição a
direitos fundamentais, axioma que deve ser trasladado à seara
eleitoral, de forma a impor que, sempre que se deparar com uma
situação de potencial restrição ao ius honorum, como sói ocorrer nas
impugnações de registro de candidatura, o magistrado deve prestigiar a
interpretação que potencialize a liberdade fundamental política de ser
votado, e não o inverso.
8. In casu,
a) Há dois pronunciamentos divergentes sobre um ponto específico e
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justificado, bem como uma moralização desmedida e irresponsável do
processo político.
h) A dúvida razoável objetiva, materializada na prolação de juízos
antinômicos sobre a existência do dolo por órgãos competentes e
sobre fatos idênticos, conduz à conclusão inescapável de que o estado
jurídico de elegibilidade deve manter-se incólume com o, consequente,
registro de candidatura deferido.
9. Recursos especiais desprovidos12.
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Melhor sorte não assiste à parte quando argumenta que a
competência para julgamento de eventual ação civil pública seria da Justiça Federal,
e, por isso teria ocorrido violação ao art. 109 da Constituição da República.
14 Súmula 208-STJ. Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita
a prestação de contas perante órgão federal.
15 Súmula 208-STJ. Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e
incorporada ao patrimônio municipal.
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É indispensável que o recurso especial interposto com fundamento
na alínea b do inciso I do art. 276 do Código Eleitoral (art. 121, § 4º, II, CF)
demonstre, com objetividade, a existência de efetiva divergência na interpretação de
lei entre dois ou mais tribunais eleitorais.
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