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AO DOUTO JUÍZO DA VARA DE SUCESSÕES DA COMARCA DE BELO

HORIZONTE ESTADO DE MINAS GERAIS

Nome, brasileiro, Estado Civil, ajudante de marcenaria, portador do RG M-5.071.647


PCMG, inscrito no CPF sob o n. 000.000.000-00, residente e domiciliado na
EndereçoCEP 00000-000, Cláudio/MG; Nome, brasileira, Estado Civil, do lar,
portadora da CTPS 51788 série 00.000 OAB/UF, inscrita no CPF sob o n. 000.000.000-
00e; Nome, brasileira, Estado Civil, motorista, portadora da CTPS 52032 série 00.000
OAB/UF, inscrita no CPF sob o n. 000.000.000-00, ambas residentes e domiciliadas à
EndereçoCEP 00000-000, Carmo do Cajuru/MG, por intermédio de sua advogada
abaixo assinada, vem à presença de Vossa Excelência, propor AÇÃO
DECLARATÓRIA DE MORTE PRESUMIDA COM DECRETAÇÃO DE
AUSÊNCIA pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

I – ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA

Os autores são pessoas que não tem recursos suficientes para pagarem as custas,
despesas processuais e honorários advocatícios, sendo pessoas pobres na acepção
jurídica do termo. Assim, possuem direitos à gratuidade da justiça.

Nos termos do artigo 99, § 3o do Código de Processo Civil, “presume-se verdadeira a


alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural”. Ademais,
também vale ressaltar que, conforme o § 2o do artigo 99 do Código de Processo Civil,
ao Magistrado somente cabe indeferir o pedido se houver nos autos elementos que
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade.

Assim, requerem a concessão do benefício da gratuidade judiciária, também chamada


de benefício da justiça gratuita, com base nos artigos 98 e seguintes do Código de
Processo Civil e no artigo 5o, incisos XXXV, LV e LXXIV da Constituição Federal.

II – FATOS

O Sr. Nomeé filho de Belarmino da Silva Rocha e Maria Ferreira Dias, nascido em aos
28/10/1921 na cidade de Urucânia/MG, onde se casou com Edith Gomes Rocha, sendo
ela falecida em 16/01/2012 na cidade de Contagem/MG.

O casal residia à EndereçoCEP 00000-000na cidade de Belo Horizonte/MG.

Desta união advieram 03 (três) filhos: José Nome, Antônio Ideni Rocha e Carlos
Eustáquio Rocha.

O Sr. José Nomefaleceu em 23/04/2020, era Estado Civile deixou 1 (um) filho: Nome.

O Sr. Antônio Ideni Rocha faleceu em 01/07/2001, foi casado com Lucia Fatima
Rocha (viva) e deixou 2 (duas) filhas: Nomee Nome.

O Sr. Carlos Eustáquio Rocha faleceu em 08/08/1987, foi casado com Maria das
Graças Rocha que faleceu em 08/08/2010 e não deixaram filhos.
Na época que a Sra. Edith veio a óbito, se o Sr. Nomeestivesse vivo, teria 90 (noventa)
anos e assim, se vivo estiver nesta presente data, conta com 98 (noventa e oito) anos de
idade.

Ocorre que nos últimos anos de vida da Sr. Edith Gomes Rocha, a família já não sabia
mais o paradeiro do Sr. Nome.

É que os netos sempre moraram no interior de Minas Gerais e os avós moravam na


capital, não havendo contato entre si, sendo que a avó apenas falava que o seu marido, o
Sr. Nome, havia saído de casa, sem deixar contato e que nunca mais se soube notícias
de seu paradeiro, não deixando nem mesmo nenhum documento.

Os familiares apenas tem conhecimento de um imóvel deixado pela Sr. Edith e pelo Sr.
Nomeem Belo Horizonte/MG, que era a casa de morada do casal até os últimos
instantes de vida, avaliado em R$ 00.000,00, conforme documento em anexo.

Assim, os netos do Sr. Nomediligenciaram-se na tentativa de encontrar algum paradeiro


de seu avô, todavia, as buscas restaram-se infrutíferas.

Foram realizadas buscas por algum possível registro de óbito nos cartórios de registro
civil do Brasil, todavia, não foi localizado, como demonstrado por e-mail em anexo.

Ademais, como os familiares não possuem nenhum documento do Sr. Nome, também
foram realizadas buscas junto à Receita Federal na tentativa de localizar o CPF e
respectivamente a situação cadastral, a fim de averiguar se houve a possível baixa por
óbito, mas esta informação foi negada como se faz prova por conversas por email em
anexo.

Portanto, diante da existência do imóvel situado em Belo Horizonte/MG, da ausência


por mais de 08 (oito) anos e da idade avançada de 98 (noventa e oito) anos do Sr. Nome,
os requerentes não se viram em outra situação, senão recorrer ao judiciário para obter a
declaração da morte de seu avô, caso já não tenha ocorrido, a fim de inventariar os bens
deixados pelo Espólio.

III – FUNDAMENTOS

Sabe-se que desaparecida uma pessoa sem deixar procurador e deixando bens, deverá
ser declarada sua ausência e arrecadado os seus bens para que os interessados requeiram
a abertura da sucessão provisória e logo convertida em definitiva nos casos previstos em
lei, a teor dos artigos 22, 26 e 37 do Código Civil:

Art. 22. Desaparecendo uma pessoa de seu domicílio sem dela haver notícia, se não
houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o
juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a
ausência, e nomear- lhe-á curador. Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens
do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos,
poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a
sucessão. Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a
abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e
o levantamento das cauções prestadas.
Nos conceitos do doutrinador Cristiano Sobral (2019), a existência da pessoa natural
termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei
autoriza a abertura de sucessão definitiva.

A doutrina costuma afirmar que existem duas espécies de morte: a morte real e a morte
presumida.

A morte real ocorre com a declaração de óbito pressuposta pela análise de um corpo
existente e a morte presumida é admitida nos casos de ausência em que a lei autoriza, a
teor do artigo 6o do Código Civil:

Art. 6o. A existência da pessoa natural termina com a morte; presume- se esta, quanto
aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva.

As hipóteses em que a lei autoriza a sucessão definitiva sem decretação de ausência


estão no rol taxativo do artigo 7o do Código Civil:

Art. 7o. Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação da ausência: I – se for
extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II – se alguém,
desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos
após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses
casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações,
devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

Por outro lado, a sucessão definitiva com a decretação de ausência ocorre quando o
ausente conta com mais de 80 (oitenta) anos de idade e de 05 (cinco) anos já não se tem
notícias. Nesses casos, o legislador, supondo certa a morte do ausente pelo tempo
decorrido cumulado pela sua idade avançada, passa a se preocupar somente com o
direito dos seus herdeiros e permite que estes requeiram a sucessão definitiva, em
conformidade com o artigo 38 do Código Civil:

Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente
conta com oitenta anos de idade , e que de cinco datam as últimas notícias dele.

O caso dos autos enquadra-se ao aludido artigo, é que o ausente conta com 98 (noventa
e oito) anos de idade e, antes mesmo do falecimento da Sr. Edith, ocorrido em 2012, já
não tinham mais notícias dele, ou seja, há no mínimo 8 (oito) anos que datam as suas
últimas notícias.

Assim, imperioso dizer que pela presunção de morte do ausente, necessário ser
declarada a respectiva morte, como bem esclarecido pelo doutrinador Cristiano Sobral.

Portanto, Excelência, haja vista o preenchimento dos requisitos acima elencados para a
sucessão definitiva, reitera-se: a idade mínima de 80 (oitenta) anos de idade e 05 (cinco)
anos das últimas notícias, a lei autoriza de imediato a sua abertura, nos termos do § 3o
do artigo 745 do Código de Processo Civil:

Art. 745. Feita a arrecadação, o juiz mandará publicar editais na rede mundial de
computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado e na plataforma de editais do
Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 1 (um) ano, ou, não havendo sítio,
no órgão oficial e na imprensa da comarca, durante 1 (um) ano, reproduzida de 2 (dois)
em 2 (dois) meses, anunciando a arrecadação e chamando o ausente a entrar na posse de
seus bens. § 3o. Presentes os requisitos legais, poderá ser requerida a conversão da
sucessão provisória em definitiva.

Nestes termos, os autores requerem a declaração da morte presumida com decretação de


ausência para ser registrada em cartório a teor do que dispõe o artigo 9o, inciso IV do
Código Civil.

Insta consignar que se faz necessário realizar pesquisa junto à Receita Federal para
localização do número de inscrição no CPF (Cadastro de Pessoas Física) do Sr. Nomee
evitar eventuais possíveis registros de óbito em duplicidade.

IV – REQUERIMENTOS

Ante o exposto, requer:

a) a concessão da justiça gratuita por serem os autores pessoas pobres no sentido legal,
com fulcro nos artigos 98 e seguintes do Código de Processo

Civil e no artigo 5o, XXXV, LV e LXXIV da Constituição Federal;

b) a intimação do Ilustre Representante do Ministério Público para manifestar- se no


presente feito;

c) seja oficiada a Receita Federal para que informe o número de CPF de Nome, bem
como a respectiva situação cadastral;

d) caso não seja encontrado possível óbito de Sr. Nome, que seja julgada procedente a
presente ação a fim de declarar a sua morte presumida por ausência para que seja aberta
a sucessão definitiva com a expedição do competente mandado de registro ao Cartório
de Registro Civil da Comarca de Belo Horizonte/MG.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos.

Dá-se à causa o valor de R$ 00.000,00.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Cláudio/MG para Belo Horizonte/MG, 05 de agosto de 2020.

Nome

00.000 OAB/UF

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