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JOÃO CARLOS LOUREIRO

DIREITO CONSTITUCIONAL – I

SUMÁRIOS DESENVOLVIDOS DAS AULAS TEÓRICAS


1.ª TURMA

Coimbra
2019
2
NOTA PRÉVIA

Inspiration.
I've got to love and live this way
It's my chance
To change the world in me and all
around.

V. CIPRÌ1

“(…) já não somos capazes de


discernir se o amor ama apenas, se a
inteligência apenas compreende,
tanto se uniram uma à outra as duas
atividades supremas do nosso ser”

José MARINHO2

Saudando de uma forma particular os estudantes que começam agora a sua jornada
universitária por terras do Direito, mas estimulando todos – também aqueles que, pelas
mais variadas circunstâncias, tropeçaram academicamente em anos anteriores –, apresento
os sumários desenvolvidos que pretendem ser uma espécie de mapa, ainda que com outra
densidade que não a da mera apresentação geral do programa (que também publicamos).
Michel de Certeau3 comparou a pobreza do mapa (visto como mera ligação entre pontos)
com a riqueza do itinerário, marcado pelas anotações e comentários do peregrino. O
itinerário é-nos dado nas aulas e nos textos propostos, às vezes em comentários que
serpenteiam floresta adentro até encontrarmos clareiras que nos permitem ver e perceber
melhor conceitos. Mas o itinerário intelectual deve ser reescrito por cada um, pois única e
irrepetível é a vida. Há uma outra forma de proceder: é memorizar as páginas sem as
perceber, esperando que o disparar sob a forma de despejo vazado nas folhas da prova
permita obter a almejada nota, cuspindo da memória o que lá se atulhou. Ou então,
entendendo mais ou menos a matéria, considerá-la, no entanto, de uma forma meramente
instrumental, como espécie de vara para transpor a fasquia do exame, se possível ao
primeiro ensaio.
É possível, mas não é desejável. Procedendo assim, para além da maior incerteza de
sucesso, continuarão ou engrossarão a multidão dos “vagabundos”, ou seja, de “nómada(s)

1 Parte da letra de Inspiration (Genrosso); musicada por B. Enderie.


2 Obras de José Marinho, vol. I, Aforismos sobre o que mais importa, Lisboa, 1994, p. 286-287.
3 The practice of everyday life, Berkeley, 1984, p. 120, apud William T. CAVANHAUG, Theological imagination:

discovering the liturgy as a political act in an age of global consumerism, New York, 2002 (trad.: Imaginación teo-política: la
liturgia como acto político en la época del consumismo global, Granada, 2006, p. 106).

3
sem itinerário”4. Quando falamos, por exemplo, de direitos fundamentais, importa não
esquecer o porquê da sua emergência, a que problemas visa(ra)m responder, inclusivamente
que foram sendo tecidos com sangue, suor e lágrimas, numa articulação de luta(s) e
compromisso(s), de conflito(s) e consenso(s).
Convido-vos a decorar, no sentido etimológico e mais positivo da noção. Decorar
não é aquilo que os estudantes assimilam, em inadequado registo animal, ao “marrar”;
decorar também não é a superficialidade da pseudo-sabedoria enfeite, uma espécie de
brincos ou pulseiras discursivas. Decorar, descascando a palavra, remete-nos para cor, cordis,
coração. Mas, ao contrário do que se pensa, este não é sinónimo da irracionalidade de
desvairadas paixões, mas antes se pode dizer em termos de razão cordial5.
Num belo texto sobre A metáfora do coração, María Zambrano6 coloca-se sob o signo
de Empédocles: “Dividindo bem o Logos – distribuindo-o bem pelas tuas entranhas”. É
preciso um saber que se entranhe para se transfigurar em sabedoria, ainda que, num
primeiro momento, como disse Fernando Pessoa em vestes publicitárias, primeiro se
estranhe. Permitindo-me aproveitar texto que escrevi noutra circunstância7, trata-se de
uma leitura não sentimentalista do coração8, que toma a sério os sentidos no processo
9
racional, um “coração pensante” (denkende hart) nas palavras de Etty Hillesum.
Mergulhando também nas nossa raízes hebraicas, recorda-se que o coração não se
confunde com a mera afetividade, antes surge como o centro ou o núcleo da pessoa10.
Num certo sentido, a proposta desta unidade curricular – socorrendo-me do
rebatizador bolonhês para designar o que antes da reforma se chamava curso –, traduz-se
num estudo colorido de textos e contextos constitucionais. Isto não significa que o
caminho não tenha de passar, às vezes, pela dureza, nalguns casos árida, dos conceitos.
Numa cidade marcada por isabelinas e caridosas rosas, importa não esquecer que se we all
want the roses without the thorns11, sabemos que, salvo por via de intervenção genética no reino

4 Zygmunt BAUMAN, Postmodern ethics, 1993, p. 240.


5 Adela CORTINA, Ética de la razón cordial: educar en la ciudadanía en el siglo XXI, Oviedo, 2007; Idem, Justicia
cordial, Madrid, 2010.
6 A metáfora do coração e outros escritos, Lisboa, 22000, p. 19.
7 “Poder, bem e glória: considerações fragmentárias sobre política, ética e cristianismo”, Humanística e Teologia

32 (2011), p. 85-111, p. 102-103.


8 Cf. Max SCHELER, citado por Maria ZAMBRANO (“Hacia un saber sobre el alma”, in: La razón en la

sombra: antología crítica, Madrid, 2004, p. 156): “[lo] que la expresión simbólica «corazón» designa, no es (…) la
sede de confusos estados, de oscuros e indeterminados arrebatos o intensas fuerzas que empujan al hombre
de un lado para otro”.
9 Etty HILLESUM, Diário (1941-1943), Lisboa, 2008, p. 323: “(…) «que eu possa ser o coração pensante da

barraca”»(…) Quero ser o coração pensante de todo um campo de concentração” (p. 323).
10 Rosanna VIRGILI, Le stanze dell’ amore: amore, coppia, matrimonio nella Bibbia, Assis, 2008 (trad.: Os aposentos do

amor: amor, casal, matrimónio na Bíblia, Prior Velho, 2011, p. 133-134).


11 Inspiration (Genrosso).

4
vegetal, os espinhos, em maior ou menor grau, fazem parte das rosas, mas também das
nossas vidas (incluindo as académicas).
Quanto às aulas, continuo a reconhecer-me plenamente nas palavras de um dos
meus Mestres, que morreu antes de eu nascer. Refiro-me a Ortega y Gasset, que, na sua
Meditación de la técnica12, escreveu:
“(…) una lección es esto: encontrarse de pronto unos hombres con otro y trabarse con él, chocar
con el, chocar con efectos positivos o negativos, pero siempre graves. Una lección es una peripecia de
fuerte dramatismo para el que la da y para los que la reciben. Cuando no es esto no es una lección
sino otra cosa – tal vez un crimen – porque es una hora perdida y la vida es tiempo limitado y perder
un trozo de él es matar vida, practicar asesinato blanco”.

Mas o dar a aula neste registo transformador, numa linguagem acessível a quem
está a ser introduzido no direito constitucional, não deve degenerar na infantilização que se
traduz numa “menoridade da inteligência”13, ainda que as luzes da razão se tenham
mostrado, na história, tragicamente bruxuleantes (a entrada seria aqui precisamente as
“patologias da razão”14). Numa distopia (utopia negativa), Fahrenheit 451, transposta para o
cinema com a assinatura de François Truffaut, onde os bombeiros tinham como vocação
queimar livros, e havia quem os soubesse de cor(ação) para os preservar – a memória pode
ser uma arma de civilização –, deixa-nos este alerta, que se mostra fundamental, perante já
não o totalitarismo ígneo, mas face ao fogo do olvido dos clássicos na formação pessoal,
por um método soft, que substitui o texto pela (des)consola. Vejamos:

“E esse elemento massas veio simplificar os problemas (…). Primeiro, os livros apenas interessavam
minorias, aqui e ali. Podiam permitir-se ser diferentes. O mundo era vasto. Depois o mundo encheu-se
de olhos, de cotovelos, de bocas. A população dobrou, triplicou, quadruplicou. Os filmes e os rádios,
os magazines, os livros, foram nivelados, normalizados sob a forma de uma espécie de pasta de bolo.
(…)
Estás a ver o quadro, o homem do século XIX, com os seus cavalos, os seus cães, os seus comboios;
lentidão do movimento. Depois a aceleração, a câmara. Os livros resumidos.
(…)
Os clássicos resumidos para compor emissões de um quarto de hora na rádio, cortados de novo para
darem extratos de dois minutos de leitura, enfim, arranjados para um resumo de dicionário de dez a
doze linhas. Estou a exagerar um pouco, claro. A minha alusão aos dicionários é apenas uma
referência. Mas para muita gente, Hamlet (...) era apenas um resumo de uma página que declarava:
«Finalmente, todos os clássicos ao seu alcance, o seu nível de conhecimentos igual ao seu vizinho».
Estás a ver o que eu quero dizer? Da sala das crianças ao colégio e do colégio à sala de crianças. Eis o
traçado da curva intelectual (…)”15.

12 Citamos a partir da 7.ª ed, Madrid, 1977, p. 15. A primeira foi publicada em 1939, resultando de um Curso
de 1933, na Universidade de Verão de Santander.
13 Recorremos a um título de uma obra de Fidelino de Figueiredo. Recorde-se que Immanuel Kant escreveu:

“[o] iluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado. A menoridade é a
incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa própria
se a causa não reside na falta de entendimento, mas na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo
sem a orientação de outrem. Sapere aude!” (“Resposta à pergunta: o que é o iluminismo?, in: Immanuel KANT,
A paz perpétua e outros opúsculos, Lisboa, 1988, p. 11; tradução de Artur Morão).
14 Joseph RATZINGER: cf., por exemplo, “Posição”, Estudos N.S. 3 (2004), p. 57-66, p. 65; Axel

HONNETH, Pathologien der Vernunft: Geschichte und Gegenwart der kritischen Theorie, Frankfurt am Main, 2007.
15 Ray BRADBURY, Fahrenheit 451, Porto, 2003, p. 58 (tradução de Mário Henrique Leiria).

5
Por último, mas não menos importante, uma referência às pessoas que, com
feminino cuidado, concorrem neste ano letivo para a concretização do direito
constitucional em sede de aulas práticas. Deixamos aqui público agradecimento à Mestre
Marta Costa Santos e à Mestre Carla Machado. Com os seus dons e os seus tons, num
ensino agápico, o ideal vai colorindo o real. Noutro contexto, uma espantosa mulher
chamada Teresa de Jesus escreveu: “[o] proveito da alma não está em pensar muito, mas
sim em amar muito”16. Num curso inclusivo, aberto e plural como a vida, em que a
dignidade pessoal de cada um exige respeito, procurando estabelecer pontes entre cidadãos
com diferentes mundividências, de esquerda(s), centro(s) ou direita(s), no campo político
(para usar rótulos tradicionais, incapazes, por si sós, de dar conta da diversidade), ou ateus,
agnósticos ou crentes (neste caso, com gigantesca paleta de possibilidades), em termos
(ar)religiosos, preferimos imbricar pensar e amar, e propor um pensAMAR com
implicações também no ensino17. É esta a verdadeira chave do coração (no sentido exposto
acima) que cruza pensar e agir, numa quotidiana (re)construção da unidade pessoal.
Bom trabalho e uma vida boa (que não é sinónimo de boa vida!)

Coimbra, setembro de 2019

João Carlos Loureiro

P.S. Embora mantendo, no essencial, os sumários de anos anteriores, não deixa de se


proceder a alguns desenvolvimentos e atualizações, sendo esta versão o referente para
efeitos de avaliação.

16Longinos SOLANA (Comp.), Pensamentos de Santa Teresa de Jesus, Alfragide, 2015, p. 105.
17Sobre a relação pedagógica como relação amorosa, permito-me remeter para João Carlos LOUREIRO,
“Universidade e método(s): a pedagogia entre a realidade e a imaginação. Alguns subsídios a partir do ensino
do direito da segurança social”, Boletim da Faculdade de Direito 88-I (2012), p. 343-377, esp. p. 358-360.

6
PLANO DO CURSO

PARTE I – CAMPO(S): CONSTITUIÇÃO, CONSTITUCIONALISMO(S) E


DIREITO CONSTITUCIONAL

1. Direito constitucional: aproximações

2. Constituição: génese e desenvolvimento histórico do conceito

3. We the People: poder constituinte e constituição

4. Estado constitucional

PARTE II – MEMÓRIA(S): HISTÓRIA CONSTITUCIONAL PORTUGUESA

PARTE III – CONCRETIZAÇÕES: DIREITO CONSTITUCIONAL


PORTUGUÊS

1. Texto e contexto: génese e evolução da CRP

2. Princípios

2.1. Princípio fundante: dignidade da pessoa humana


2.2. Princípios estruturantes
2.2.1. Princípio da juridicidade: o direito como medida do poder
2.2.2. Princípio democrático: povo e legitimação
2.2.3. Princípio da socialidade: também de pão vive o homem
2.2.4. Princípio da abertura internacional: interdependência(s) e redes

3. Posições jurídicas: direitos e deveres fundamentais

Bibliografia mínima

CANOTILHO, José Joaquim Gomes, Direito constitucional e teoria da constituição, Coimbra,


Almedina, 72003.

Bibliografia complementar

Para além da indicada na obra acabada de referir, vd. MIRANDA, Jorge, Curso de Direito
Constitucional, 1. Estado e constitucionalismo. Constituição. Direitos Fundamentais, Lisboa:
Universidade Católica Editora, 2016.

7
8
PARTE I

CAMPO(S):
CONSTITUIÇÃO, CONSTITUCIONALISMO(S) E
DIREITO CONSTITUCIONAL

9
10
CAPÍTULO I

DIREITO CONSTITUCIONAL: APROXIMAÇÕES

A. Direito? A especificidade da experiência jurídica face a outras dimensões da


convivencialidade

1. Fragilidade e finitude

1.1. O homem e a tartaruga: à conversa com Herbert Hart


1.2. Fragilidade (estrutural e circunstancial) e vulnerabilidade (fragilidade especial:
v.g., deficientes profundos)

2. A relação como prius: sentido do direito enquanto direito

2.1. No princípio era a relação: sobre o indivíduo e a pessoa


2.1.1. Relações aditivas e relações constitutivas
2.1.2. O prius do indivíduo: em torno de um paradigma hobbesiano (homo homini
lupus). Breve reflexão sobre a violência.
2.1.3. A importância da pessoa
2.2. Relações: a mediação e a imediação
2.2.1. Relações de imediação: o eu e o tu (v.g., amor e amizade)
2.2.2. A mediação institucional: o direito e o outro como socius (a questão do
terceiro)
2.2.3. O direito face a outras formas de convivencialidade (por exemplo, a
política): defesa da autonomia enquanto ordem de validade ou a questão da
justiça

3. Da relação ao sistema

3.1. Relação jurídica e ordem


3.1. O direito como ordem
3.2. Ordem e complexidade
3.2. Normas: princípios e regras (breve referência a uma distinção)

11
B. Constitucional?

1. Constituição: língua(s) e étimo(s)


1.1. Constitutio (constituição, constitution, constitución, costituzione, Konstitution, Konstituisaun)
1.2. Verfassung
1.3. Lex fundamentalis (Grundgesetz)
2. Constituição: um texto?
2.1. Texto e realidade constitucional

2.1.1. Texto(s)
2.1.2. Realidade constitucional: facticidade
2.1.3. Duas ilusões
2.1.3.1. Ferdinand Lassalle (1825-1864) ou a constituição como
mera “folha de papel”: os “fatores reais de poder”
2.1.3.2. Positivismo normativista: uma constituição pura ou a
aversão ao “contágio” da realitas
2.1.4. Texto(s) e contexto(s): interações e interpretações ou a importância
dos fatores (pressupostos) materiais e espirituais (culturais). Breve alusão à
questão das crises e sua refração em sede hermenêutico-normativa.

2.2. Tipologias constitucionais (I): constituição real, constituição material e constituição


formal

2.2.1. Constituição real ou material (na sua aceção sociológica): “conjunto de


forças políticas, ideológicas e económicas, operantes na comunidade e
decisivamente condicionadoras de todo o ordenamento jurídico” (Gomes
Canotilho)
2.2.2. Constituição material (aceção normativa): a prevalência do conteúdo sobre
a forma
2.2.2.1. Noção (normas que disciplinam os aspetos fundamentais do Estado e
da sociedade, independentemente da fonte formal de onde provém)
2.2.2.1.1. Constituição como conjunto de normas

12
2.2.2.1.2. Fundamentalidade ou essencialidade
2.2.2.1.3. Constituição do Estado e da sociedade
2.2.2.1.4. Irrelevância da fonte formal
2.2.2. Constituição material e ordem jurídica portuguesa (v.g.: direitos só
materialmente fundamentais: art. 16.º/1 CRP)
2.2.3. Constituição formal
2.2.3.1. Documento escrito
2.2.3.2. Superioridade hierárquica
2.2.3.3. Em regra, procedimento agravado de revisão constitucional

2.3. Tipologias constitucionais (II)

2.3.1. Constituições escritas


2.3.1.1. Constituições rígidas (revisão sujeita a procedimento agravado em
relação ao que é exigido para as leis ordinárias)
2.3.1.2. Constituições flexíveis (podem ser revistas nos termos em que o é
uma lei ordinária, não havendo, pois, lugar à exigência de um procedimento
agravado)

2.3.2. Constituições não-escritas? Breve referência ao caso do Reino Unido (vd.


também Parte I, Cap. II: constitucionalismo britânico; a distinção entre
constituições “codificadas” (codified) e “não-codificadas” (uncodified). A inadequação
da expressão constituições não-escritas e as ambiguidades semânticas da expressão
codificada.

2.4. Tipologias constitucionais (III)

2.4.1. Constituição e Estado(s)


2.4.1.1. Constituição estatal
2.4.1.2. Constituição estadual (leis fundamentais dos Estados Federados:
por exemplo, na Alemanha, a Constituição do Estado Livre da Baviera; nos
Estados Unidos da América, a Constituição do Estado de Nova Iorque; no
Brasil, a Constituição de Tocantins)
2.4.2. Constituições para lá do Estados?

13
2.4.2.1. Constituição da União Europeia: breve referência
2.4.2.2. Constituição mundial?
2.4.3. Relações: interconstitucionalidade

3. Constituição: um só texto? A constituição instrumental

3.1. Experiência comparada: os exemplos francês e austríaco ou a fragmentação da


constituição em sentido formal

3.1.1. França e o “bloco de constitucionalidade”: a Constituição de 4 de outubro de


1958, mas também outros textos referidos no Preâmbulo (Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão, de 1789; Preâmbulo da Constituição de 1946; Carta do
ambiente, de 2004)
3.1.2. Áustria: a Constituição de 1920 e o exemplo da Convenção Europeia dos
Direitos do Homem

3.2. O caso português: do texto originário à constituição revista (sobre as sete revisões
constitucionais, vd. Parte III, Cap. II).

4. Constituição: mais do que o(s) texto(s)?


4.1. Reenvios constitucionais: receção formal
4.1.1. Receção formal e receção material
4.1.2. Concretizações
4.1.2.1. Hino e bandeira nacionais (art. 11.º/1 e 2 CRP)
4.1.2.2. Princípios cooperativos (art. 61.º/2 e art. 82.º/4/a) CRP): o corpus
desenvolvido pela Aliança Cooperativa Internacional (por exemplo, adesão
livre e gestão democrática)
4.2. Costume constitucional
4.2.1. Noção: o tempo e a convicção de juridicidade
4.2.2. Costume: entre o admissível e o inadmissível (proibição do costume contra
constitutionem)
4.2.3. O caso português
4.2.3.1. Constituições anteriores (por exemplo, em matéria de prática
legislativa do governo entre 1933 e 1945)

14
4.2.3.2. Constituição de 1976: alguns exemplos

4.3. Interpretações: o papel da justiça constitucional (We, the judges?)

4.3.1. Interpretação: do texto à norma


4.3.2. Um excurso pelo direito constitucional norte-americano

4.3.2.1. A questão do controlo da constitucionalidade (judicial review) ou as


desventuras do “inglês inteligente”

4.3.2.2. Educação: de separate but equal a separate and not equal. O caso Brown
v. Board of Education of Topeka (1954) Memórias da discriminação racial:
ouvindo Bob Dylan [(…) how many years can some people exist/ Before they're
allowed to be free? (Blowin’ in the wind)]

4.3.3. Uma breve viagem à construção comunitária (hoje, falamos de União


Europeia)

5. Constituição: menos do que o texto? A questão das normas só formalmente


constitucionais
6. Constituição: um conceito com memória (remissão)
7. Constituição e referente (remissão)

C. Direito constitucional: uma primeira noção

D. Cartografia constitucional: o direito constitucional no quadro dos saberes

I. O direito constitucional no quadro da summa divisio direito público/direito privado

1. Critérios da distinção direito público /direito privado


1.1. Critério da posição dos sujeitos (relações de supra-infra-ordenação/ relações
tendencialmente paritárias)
1.2. Critério dos interesses (interesse(s) público(s)/interesses privados)
1.3. Avaliação dos critérios

2. O direito constitucional como ramo de direito público

15
II. Ciências constitucionais e outros saberes

1. Ciências constitucionais
1.1. Doutrina do Direito Constitucional
1.2. Teoria da Constituição
1.3. História Constitucional
1.4. Política Constitucional
1.5. Direito Constitucional Comparado
2. Direito Constitucional e outros saberes pertinentes
2.1. Teoria Geral do Estado
2.2. Direito do Estado (“direito político”, na tradição latina)
2.3. Ciência Política
2.4. Teoria política
2.5. Ética política

BIBLIOGRAFIA MÍNIMA

A. Para uma reflexão sobre o sentido do Direito, reenviamos para os textos da cadeira de Introdução
ao Direito, sendo que este ponto não será objecto de avaliação específica.

B. e C. Vide Gomes CANOTILHO, Direito constitucional e teoria da constituição, cit., esp. pp. 1127-1140.
Os pontos 2.4.2. (Constituições para lá do Estados?) e 2.4.3. (Relações: interconstitucionalidade)
correspondem a matéria dispensada.

D. Matéria dispensada. Em relação ao ponto II. 2., sublinhou-se o carácter não exaustivo do rol
de disciplinas, jurídicas ou não jurídicas, apresentado, ilustrando-se com a sistematização da obra de Philippe
MASTRONARDI, Verfassungslehre: Allgemeines Staatsrecht als Lehre vom guten und gerechten Staat,
Bern/Stuttgart/Wien, 2007.

16
CAPÍTULO II

CONSTITUIÇÃO: GÉNESE E DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO


CONCEITO

A. Constituição: conceito(s) com história

1. Sentido histórico-universal de constituição ou respondendo a três questões

1.1. Nós e os outros (quem pertence à comunidade política?)

1.2. Titularidade do poder político (legitimação)

1.3. Identidade e valores de uma comunidade política

2. Constitucionalismo(s): a defesa da limitação do poder político


3. Constitucionalismo antigo e moderno
3.1. Constitucionalismo antigo lato sensu
3.1.1. Constitucionalismo antigo stricto sensu: entre a Grécia (politeia) e Roma (res publica)
3.1.2. Constitucionalismo medieval, as leis fundamentais do reino e as ordens ou estamentos
3.1.3. A ideia de constituição mista: sobre o equilíbrio de poderes e a estabilidade da ordem
política. Sua projeção para lá do constitucionalismo antigo lato sensu.
3.2. Constitucionalismo moderno
B. O(s) constitucionalismo(s) moderno(s): a constituição como “gramática da liberdade”
(Thomas Paine)

1. Constitucionalismo inglês: continuidade e ruturas

1.1. Constituição inglesa: em torno de uma noção


1.1.1. Constituição não escrita?
1.1.2. O peso do common law
1.1.3. Uma “constituição incomparável” (a matchless constitution?) Da sedução
setecentista pela Constituição inglesa ao debate sobre a “renovação constitucional”
britânica

17
1.2. (Algumas) etapas da história constitucional inglesa

1.2.1. Fundamental Laws, direitos dos ingleses e common law: as raízes medievais

1.2.2. A tentação absolutista dos Stuart

1.2.2.1. Jaime (Tiago) I ou a teoria do “direito divino dos reis” (Divine Right
of Kings).
1.2.2.1.1. 1603: a morte da rainha Isabel e a subida ao trono do
sobrinho, Jaime I (Tiago), Jaime VI da Escócia
1.2.2.1.2. Defesa do “direito divino dos reis”: linhas de força
1.2.2.2. Carlos I e a Petition of Rights (1628)
1.2.2.2.1. O papel de Sir Edward Coke em defesa do common law
1.2.2.2.2. Petition of Rights: alguns conteúdos
a) Limitações no plano tributário
b) Defesa da propriedade dos súbditos
c) Garantias processuais
1.2.3. Do Long Parliament à República

1.2.3.1. Os Levellers e os Agreements of the People (1647-1649)


1.2.3.2. Instrument of Government (1653)

1.2.4. Da Restauração à Glorious Revolution


1.2.5. Glorious Revolution: o triunfo da monarquia constitucional

1.2.5.1. Bill of Rights (1689)


1.2.5.2. Act of Settlement (1701)

1.3. Caraterização do constitucionalismo inglês: alguns traços

1.3.1. Direitos adquiridos (vested rights)


1.3.2. Due process of law
1.3.3. Papel relevante da jurisprudência
1.3.4. Constituição mista
1.3.5. Soberania do parlamento
1.3.6. Rule of law

18
2. Constitucionalismo norte-americano: religião, impostos e revolução

2.1. (Algumas) etapas da história constitucional norte-americana: breve referência

2.1.1. Puritanismo e constitucionalismo: os antecedentes


2.1.1.1. Religião e constitucionalismo: dos “pactos de graça” aos pactos políticos
2.1.1.2. Documentos: covenants e colonial charters
2.1.1.2.1. Covenants: a imagem bíblica da aliança. Um exemplo paradigmático:
Fundamental orders of Connecticut (1639)
2.1.1.2.2. Colonial charters
2.1.2. A caminho da independência: taxation without representation
2.1.3. O “tempo da fundação”
2.1.3.1. Nas vésperas da Independência: a importância da Declaração dos Direitos
de Virgínia (12 de junho de 1776)
a) Novidade da linguagem
b) Conteúdo: os “traços essenciais do constitucionalismo moderno” (Horst
Dippel)
“1. soberania popular; 2. princípios universais; 3. direitos humanos;
4. governo representativo; 5. constituição como direito supremo; 6.
separação dos poderes; 7. governo limitado; 8. responsabilidade e
sindicabilidade do governo; 9. imparcialidade e independência dos
tribunais; 10. reconhecimento ao povo do direito de reformar o seu
próprio governo e do poder de revisão da Constituição” (Horst
Dippel, História do constitucionalismo moderno: novas perspectivas, Lisboa,
2007, 10)

2.1.3.2. Declaração de Independência (4 de julho de 1776) e a Confederação


2.1.3.3. Constituição americana (1787)
a)Do texto original às primeiras emendas ou aditamentos: Bill of Rights (1791)
b) A opção federal ou o confronto federalistas/ antifederalistas

2.2. Caraterização do constitucionalismo norte-americano: alguns traços

2.2.1. A nation under God


2.2.2. Democracia dualista: a lição de Madison
2.2.3. A ideia de limited government
2.2.4. A Constituição como paramount law
2.2.5. Judicial review: a importância do caso Marbury versus Madison (1803)

19
3. Constitucionalismo francês: o “conceito ideal de constituição” (Carl Schmitt)

3.1. (Alguns) traços históricos do constitucionalismo francês

3.1.1. Nas vésperas da Revolução: a république des lettres


3.1.2. Déclaration des Droits de l’Homme et du Citoyen (1789)
3.1.3. Constituição de 1791: a monarquia limitada
3.1.4. Constituição de 1793: a constituição inaplicada
3.1.5. Constituição do Ano III (1795): o Diretório

3.2. Linhas de força do constitucionalismo francês

3.2.1. Afirmação dos direitos naturais dos indivíduos


3.2.2. Recusa dos privilégios do Ancien Régime
3.2.3. Legitimação de um novo poder político: o contrato
3.2.4. Exigência de uma constituição escrita
3.2.5. Contributo para o conceito de poder constituinte

Bibliografia mínima:

Gomes CANOTILHO, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, cit., pp. 49-62.

Rogério SOARES, “O conceito ocidental de constituição”, Revista de Legislação e de Jurisprudência


(1986), p. 36 ss.; 69 ss.

NOTA

Não foi possível desenvolver o constitucionalismo antigo e medieval, pelo que, para além
das referências mínimas constantes das páginas das lições, este tópico (A. 3) não será exigido para
efeitos de avaliação. Os interessados em aprofundar este ponto podem ler, por exemplo, a síntese de
Maurizio FIOVARANTI, Costituzione, Bologna, 1999, p. 11-70 (há tradução castelhana).

20
CAPÍTULO III

“WE THE PEOPLE”

PODER CONSTITUINTE E CONSTITUIÇÃO

A. O que é o poder constituinte (o quê)? O poder constituinte como invenção da


Modernidade

1. A novidade da categoria

1.1. Conceção tradicional de constituição: a visão declarativa das leis fundamentais no quadro
do chamado constitucionalismo histórico
1.2. Poder constituinte: uma invenção moderna
2. Os contributos teorético-constitucionais

2.1. John Locke e o supreme power


2.2. Sieyès e o pouvoir constituant
2.3. A lição de Madison: constitutional politics e ordinary politics

B. O titular do poder constituinte (quem?). A questão da legitimação

1. A questão da legitimação da constituição: a diferença em relação à legitimidade (justeza material


da lei fundamental)
2. A história: povo (Rousseau) versus Nação (Sieyès)
1.1. Conceito de povo em Rousseau: O contrato social ou uma noção de soberania fracionária
1.2. Nação em Sieyès
3. O povo “dessacralizado”: a indispensável pluralização

C. A elaboração da constituição (como): procedimento(s) constituinte(s)

1. Fenomenologia do procedimento constituinte: o exemplo português


2. Procedimentos constituintes
2.1. Procedimento constituinte representativo (dominante na história constitucional portuguesa)

21
2.1.1. Assembleia constituinte soberana
2.1.2. Assembleia constituinte não soberana (procedimento constituinte misto)
2.1.3. Assembleia constituinte e Convenções do Povo (memória da Constituição norte-
americana de 1787)
2.2. Procedimento constituinte direto
2.2.1. Procedimento constituinte referendário: a justeza do procedimento referendário
2.2.2. Procedimento constituinte plebiscitário: a maldade do procedimento plebiscitário
(Portugal: Constituição de 1933)
2.3. Procedimentos constituintes monárquicos
2.3.1. Cartas constitucionais ou constituições outorgadas (Portugal: Carta Constitucional,
1826)
2.3.2. Constituições dualistas ou pactuadas

D. Poder constituinte originário: um poder absoluto?

1. A teoria da omnipotência no quadro da secularização de conceitos teológicos

1.1. Relendo Carl Schmitt: a teologia política


1.2. Modernidade e “migrações do sagrado”
1.3. Poder constituinte originário absoluto (= sem limites)?

2. A irrenunciável vinculação jurídica: entre a contextualização e a universalização

2.1. Vinculação interna


2.2. Vinculação internacional e cosmopolita

Bibliografia mínima:

Gomes CANOTILHO, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, cit., pp. 63-84.

22
CAPÍTULO IV

O ESTADO CONSTITUCIONAL

A. A Constituição e o seu referente: Estado? Sociedade?

1. O referente da Constituição
1.1. A sociedade e a Constituição
1.2. A Constituição como norma ou lei do Estado
2. Que coisa é o Estado?
2.1. Nascimento do Estado
2.2. Os elementos do Estado
2.2.1. Poder: a invenção da soberania
2.2.2. Povo
2.2.3. Território

B. O Estado constitucional: Estado de direito democrático

1. Estado de Direito: os contributos e as tradições


1.1. Rule of law: a herança britânica
1.2. Constituição e lei: a supremacia judicialmente garantida do texto constitucional
1.3. Estado legal (l' État légal) ou de legalidade: o contributo francês
1.4. Rechtsstaat: a lição alemã
2. Estado Democrático
2.1. Democracia versus Estado de Direito?
2.2. Estado de Direito democrático
3. Estado Constitucional
3.1. A inadequação de um conceito meramente formal
3.2. Dimensões do Estado Constitucional
3.2.1. Dimensão material
3.2.2. Dimensão organizacional
3.2.3. Dimensão procedimental
C. As crises do Estado nacional e territorial

1. Os desafios supranacionais e mundiais


2. O desafio federal e regional
3. A importância crescente da sociedade civil

23
4. Ingovernabilidade e crise do Estado Providência
5. O elemento nacional: entre a sua hipervalorização e o desenvolvimento da “constelação pós-
nacional” (Jürgen Habermas)

Bibliografia mínima:

Gomes CANOTILHO, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, cit., p. 85-102.

C. Estas questões serão retomadas ao longo do curso.

24
PARTE II

MEMÓRIA CONSTITUCIONAL PORTUGUESA

25
CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO À HISTÓRIA CONSTITUCIONAL PORTUGUESA

A. História Constitucional Portuguesa: entre a continuidade e a ruptura


1. Descontinuidades
1.1. Descontinuidade formal
1.2. Descontinuidade material
2. Continuidades

B. A história constitucional portuguesa e o constitucionalismo: monólogos e


diálogos
1. O peso das experiências constitucionais francesas, especialmente no constitucionalismo
monárquico
2. A receção do constitucionalismo espanhol
3. O diálogo luso-brasileiro
4. A influência alemã

Bibliografia mínima:

A. Gomes CANOTILHO, Direito constitucional e teoria da Constituição, cit., 195-199.


B. Matéria dispensada para prova escrita, só sendo exigida em provas orais tendo em
vista a melhoria de nota.
CAPÍTULO II

O CONSTITUCIONALISMO MONÁRQUICO E AS SUAS


CONCRETIZAÇÕES POSITIVAS: 1822, 1826, 1838

A. Os antecedentes próximos do constitucionalismo moderno: a “Súplica


constitucional” (1808)

B. O constitucionalismo vintista: a Constituição de 1822


1. Circunstâncias históricas da revolução de 1820
2. Génese do texto constitucional
2.1. Procedimento constituinte: as Cortes Extraordinárias Constituintes
2.2. Influências constitucionais
2.2.1. Constitucionalismo francês (as constituições de 1791 e 1795)
2.2.2. Constitucionalismo espanhol (a Constituição de Cádis de 1812)
3. Traços constitucionais essenciais
3.1. Princípios estruturantes
3.1.1. Princípio da soberania nacional
3.1.2. Princípio da representação
3.1.3. Princípio da independência de poderes
3.2. Direitos e deveres dos portugueses
3.3. Unicameralismo
4. Vigências do texto de 1822
4.1. Primeira vigência (1822-1823)
4.2. Segunda vigência (1836-1838)

C. O constitucionalismo cartista: a Carta Constitucional de 1826


1. Contexto histórico
2. Génese da Carta Constitucional de 1826
2.1. A Constituição brasileira de 1824
2.2. O lastro teorético: o pensamento político de Benjamin Constant
2.3. A (limitada) influência da Constituição de 1822

27
3. Traços essenciais do constitucionalismo cartista
3.1. Princípios estruturantes
3.1.1. Princípio monárquico
3.1.2. Princípio representativo
3.1.3. Princípio da divisão dos poderes
3.2. Um recém-chegado na arquitetura dos poderes constitucionais: o poder
moderador
3.3. Bicameralismo: Câmara dos Pares e Câmara dos Deputados
4. Vigências da Carta Constitucional
4.1. Primeira vigência (1826-1828)
4.2. Segunda vigência (1834-1836)
4.3. Terceira vigência (1842-1910) e os Atos Adicionais
4.3.1. Ato Adicional de 1852
4.3.2. Ato Adicional de 1885
4.3.3. Ato Adicional de 1895-96
4.3.4. Ato Adicional de 1907

C. O constitucionalismo setembrista: a Constituição de 1838


1. Contexto histórico
2. Fontes do texto setembrista
2.1. As anteriores constituições portuguesas
2.2. A Constituição francesa de 1830
2.3. A Constituição belga de 1831
2.4. As Constituições brasileira (1824) e a espanhola (1837)
3. Estrutura da Constituição de 1838
3.1. Declaração de direitos
3.2. Organização do poder político
4. Vigência da Constituição de 1838 (1838-1842)

Bibliografia mínima:
Gomes CANOTILHO, Direito constitucional e teoria da Constituição, cit., 125-161.
(Atenção: para efeitos de avaliação, será apenas exigido o conhecimento das datas
das Constituições, procedimentos constituintes e um breve quadro histórico)
CAPÍTULO III

O CONSTITUCIONALISMO REPUBLICANO

1. Circunstâncias históricas da revolução (portuguesa) de 5 de outubro de 1910


2. Fontes da Constituição
2.1. A Constituição brasileira de 1891
2.2. A Constituição suíça (de 1848, mas revista totalmente em 1874 e, parcialmente,
em 1891)
2.3. As constituições portuguesas anteriores
2.4. O constitucionalismo francês
3. Princípios republicanos
3.1. Democracia
3.1.1. Soberania nacional
3.1.2. Regime representativo
3.1.3. Separação de poderes
3.1.4. Sufrágio universal
3.1.5. Bicameralismo
3.1.6. Parlamentarismo monístico e regime parlamentar de assembleia
3.2. Laicismo
3.2.1. Igualdade de cultos
3.2.2. Liberdade de culto
3.2.3. Neutralidade religiosa do ensino
3.2.4. Perseguição à Igreja Católica: a extinção em Portugal da Companhia de
Jesus e de todas as congregações religiosas e ordens monásticas
3.3. Descentralização
4. Estrutura constitucional
4.1. Catálogo liberal de direitos
4.2. Estrutura organizatória do poder político
4.2.1. Parlamentarismo
4.2.2. Bicameralismo
4.2.2.1. Câmara dos deputados

29
4.2.2.2. Senado
4.2.3. Presidente da República: a eleição indirecta
4.2.4. Judicial review: controlo judicial da constitucionalidade
4.2.5. Descentralização administrativa

Bibliografia mínima:
Gomes CANOTILHO, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, cit., 162-177.

(Atenção: para efeitos de avaliação, será apenas exigido o conhecimento das


datas das Constituições, dos respetivos procedimentos constituintes e um breve
quadro histórico)
CAPÍTULO IV

O CONSTITUCIONALISMO CORPORATIVO

A. Contexto histórico

B. Génese da Constituição de 1933: do projecto de revisão da Constituição de 1911


à feitura de um novo texto constitucional

1. O Acto Colonial de 1930


2. A criação do Conselho Político Nacional: discussão sobre o seu papel

C. Linhas de força do constitucionalismo do Estado Novo


1. A república corporativa
2. A ideia de Estado forte
3. A Nação: uma concepção supra-individualista
4. A intervenção na economia: Constituição económica

D. Estrutura e princípios da Constituição de 1933


1. Direitos fundamentais
1.1. Direitos fundamentais no quadro da lei
1.2. Direitos sociais
2. Constituição económica: a influência da Constituição de Weimar
3. Estrutura político-organizatória: o “presidencialismo de primeiro-ministro”
(Marcello Caetano)
3.1. O Chefe do Estado: do sufrágio directo à eleição indirecta
3.2. O Governo
3.3. A Assembleia Nacional
3.4. A Câmara Corporativa
3.5. O Conselho de Estado
3.6. A ausência de pluripartidarismo

31
Bibliografia mínima:
Gomes CANOTILHO, Direito constitucional e teoria da Constituição, cit., 178-188.

(Atenção: para efeitos de avaliação, será apenas exigido o conhecimento das


datas das Constituições, dos respetivos procedimentos constituintes e um breve
quadro histórico)
PARTE III

CONCRETIZAÇÕES:
DIREITO CONSTITUCIONAL PORTUGUÊS

33
CAPÍTULO I

TEXTO E CONTEXTO: GÉNESE E EVOLUÇÃO DA CRP

A. Génese da CRP: o exercício do poder constituinte originário

1. A Constituição de 1976 como resposta constitucional da nova República


1.1. O fim do Estado Novo
1.2. A estrutura constitucional provisória e o papel do Movimento das Forças Armadas
1.2.1. Órgãos revolucionários com poderes constituintes (Junta de Salvação
Nacional, Conselho de Estado, Conselho da Revolução)
1.2.2. Leis constitucionais provisórias: domínios (quadro dos órgãos do poder
político; descolonização; medidas revolucionárias excecionais (v.g.,
incriminação dos agentes da PIDE/DGS)
2. A CRP no quadro do constitucionalismo português: continuidade e ruturas
2.1. Clarificação conceptual
2.2. Continuidades e ruturas da Constituição de 1976 e tradições constitucionais
portuguesas
2.2.1. Descontinuidade formal: a Constituição de Abril como expressão de rutura
com a Constituição de 1933
2.2.2. Descontinuidade material: rutura em termos de princípios políticos
constitucionalmente conformadores
2.2.3. Continuidades e tradições constitucionais: a inserção da Constituição de
1976 na corrente democrática, que compreende também os constitucionalismos
vintista, setembrista e republicano (Constituição de 1911). Contraposição desta
corrente à tendência autoritária e conservadora, testemunhada no cartismo e no
corporativismo
2.2.4. Continuidade de soluções, apesar das diferenças de tradições constitucionais
(v.g., fiscalização concreta e difusa da constitucionalidade)

3. A CRP e as matrizes constitucionais estrangeiras


3.1. O constitucionalismo ocidental
3.1.1. Lei Fundamental de Bona (1949): especial relevância em matéria de
catálogo e de regime dos direitos, liberdades e garantias

34
3.1.2. Constituição italiana (1947): influência no campo dos direitos
fundamentais e do estatuto jurídico das Regiões Autónomas
3.1.3. Constituição francesa (1958): importância em sede de desenho da
organização política (semipresidencialismo)

3.2. Os ventos de Leste: a influência em matéria de direitos económicos, sociais e


culturais

4. Constituição originária e procedimento constituinte: pecado capital?


4.1. Entre a liberdade e a tutela
4.1.1. A dimensão pretoriana: o Conselho da Revolução
4.1.2. A dimensão socialista: retórica e expressão (“abrir caminho para uma
sociedade socialista”)
4.2. As imperfeições procedimentais e a realidade constitucional
4.3. Os momentos constitucionais
4.3.1. O momento revolucionário
4.3.1.1. Em torno da noção de revolução: à conversa com Hannah Arendt
a) A origem astronómica do termo: a ideia de uma história cíclica ou o
eterno retorno (revolução = restauração)
b) Um novo sentido: a revolução como rutura e abertura ao futuro
como tempo constitucional
c) Revolução de Abril: aproximações
c.1. Revolução e deslegitimação do poder político anterior
c.2. Revolução e alterações estruturais nos planos político,
económico e social (três D’s: Democratizar, Descolonizar,
Desenvolver)
4.3.2. O momento extraordinário (Bruce Ackerman): a intensidade da participação
no processo. O caso português ou os ecos do Processo Revolucionário em Curso
(PREC)
4.3.3. O momento maquiavélico (John Pocock): Maquiavel e a virtude (virtù), a
fortuna (fortuna) da República e a “saúde da pátria” (salute della patria)

B. Sistematização da Constituição

35
1. Preâmbulo
2. Princípios fundamentais
3. Direitos e deveres fundamentais (Parte I)
4. Organização económica (Parte II)
5. Organização do poder político (Parte III)
6. Garantia e revisão da Constituição (Parte IV)
7. Disposições finais e transitórias

C. Caracterização da CRP

1. As características formais
1.1. Constituição unitextual: um texto (com poucas exceções: v.g., art. 292.º)
1.2. Constituição rígida (vd. infra, D.1.1.)
1.3. Constituição longa: sobre a extensão da Constituição (na versão inicial, 312 artigos;
atualmente, 296 artigos)
1.4. Constituição programática
1.5. Constituição compromissória
2. Constitucionalismo aberto
2.1. A abertura internacional originária da CRP
2.2. Portugal e a União Europeia
2.3. Portugal e o espaço lusófono: a Comunidade de Países de Língua Portuguesa

D. A evolução da Constituição de 1976: o exercício do poder constituinte derivado

1. Garantia da Constituição e revisão constitucional


1.1. Rigidez constitucional: constituições rígidas e constituições flexíveis
1.1.1. Constituições rígidas (exigência de um procedimento agravado para a
revisão constitucional)
1.1.2. Constituições flexíveis (rever o texto seguindo o procedimento das leis
ordinárias)
1.2. Limites da revisão constitucional
1.2.1. Limites formais

36
1.2.1.1. Limites relativos ao titular do poder de revisão (competência: só a
Assembleia da República): reserva parlamentar de revisão (art. 161.º/a);
284.º CRP)
1.2.1.2. Limites relativos às maiorias deliberativas: maioria especialmente
qualificada (aprovação por 2/3 dos deputados em efetividade de funções
– art. 286.º/1 CRP)
1.2.1.3. Limites temporais
a) Revisões ordinárias (art. 284.º/1 CRP): revisão constitucional possível
volvidos cinco anos sobre a data da publicação da última lei de revisão
b) Revisões extraordinárias (art. 284.º/2 CRP): a qualquer momento, mas
a assunção de poderes constituintes só é possível por deliberação de
maioria de quatro quintos dos deputados em efetividade de funções
1.2.1.4. Limites circunstanciais (art. 289.º CRP): proibição de revisão
constitucional em estado de exceção (estado de sítio ou estado de
emergência)
1.2.2. Limites materiais (art. 288.º CRP)
1.2.2.1. A garantia da identidade de uma constituição
1.2.2.2. Limites expressos e limites tácitos
a) Limites expressos ou textuais: noção e sentido
b) Limites tácitos: os limites textuais implícitos
1.2.2.3. Limites absolutos e limites relativos
a) Limites absolutos? A questão da dupla revisão
b) Limites relativos
2. As revisões constitucionais
2.1. A “normalização constitucional”
2.1.1. A primeira revisão (ordinária) (1982): a normalização política (libertação da
entorse militar e criação do Tribunal Constitucional)
2.1.2. A segunda revisão (ordinária) (1989): a normalização económica
2.2. A revisão que veio de cima: Maastricht (terceira revisão — 1992) (extraordinária)
2.3. Quarta revisão (ordinária) (1997)
2.3.1. A questão procedimental: pecar de novo?
2.3.2. Alterações formais ou a vontade de precariedade
2.3.3. As mutações substantivas
2.3.3.1. Reforma do sistema político

37
2.3.3.2. Consolidação e avanço das autonomias regionais
2.3.3.3. Fim do modelo republicano clássico de serviço militar: da
obrigatoriedade ao voluntariado
2.3.3.4. Liberdades: entre a expansão (“novos” direitos, por exemplo,
desenvolvimento da personalidade e direito à identidade genética do ser
humano) e a contração (a admissibilidade – limitada – da extradição de
cidadãos nacionais)
2.3.4. Quinta revisão (extraordinária) (2001)
2.3.4.1. O impulso para a revisão: o tratado constitutivo do Tribunal Penal
Internacional
2.3.4.2. Domínios da reforma
2.3.4.2.1. A possibilidade de aceitação da jurisdição do Tribunal Penal
Internacional
2.3.4.2.2. Outras alterações: do português como língua oficial às restrições
à inviolabilidade do domicílio
2.3.5. Sexta Revisão (ordinária) (2004)
2.3.5.1. União Europeia
2.3.5.2. As mudanças relativas às Regiões Autónomas
2.3.5.3. Outras alterações
2.3.6. Sétima Revisão (extraordinária) (2005): o referendo sobre o Tratado
constitucional europeu

Bibliografia mínima:
Gomes CANOTILHO, Direito constitucional e teoria da constituição, cit., 193-220, 231-238,
1059-1069.

38
CAPÍTULO II
PRINCÍPIOS

I. PRINCÍPIO FUNDANTE: DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

1. Génese e desenvolvimento da ideia de dignidade da pessoa humana

1.1. Cícero e as duas ideias de dignidade da pessoa humana


1.2. O Cristianismo: imago Dei ou o fundamento teológico da dignidade da
pessoa humana
1.3. Kant: a pessoa humana como fim em si

2. Teorias da dignidade da pessoa humana

2.1. Teorias do dom ou da dádiva


2.2. Teorias da prestação
2.3. Teorias do reconhecimento

3. Receção constitucional do princípio da dignidade da pessoa humana

3.1. Do preceito-chave (art. 1º CRP) a outras referências (art. 13º/1 –


dignidade social e art. 26º/3 – dignidade pessoal)
3.2. A unidade do sistema de direitos fundamentais
3.3. A teoria de “cinco componentes” (Podlech) como chave hermenêutica
3.3.1. Integridade pessoal do ser humano: individualidade,
autonomia e responsabilidade
3.3.2. Identidade e integridade da pessoa e o livre desenvolvimento
da personalidade
3.3.3. Socialidade como caminho para a “libertação da angústia da
existência”
3.3.4. Autonomia pessoal por via da limitação dos poderes públicos
no quadro do Estado de Direito
3.3.5. Igualdade, justiça e cidadania

39
4. Possibilidades e limites do princípio da dignidade da pessoa humana
(remissão)

Bibliografia mínima:

Gomes CANOTILHO, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, cit., 248-9.

NB: Com exceção de 3.3. (A teoria de “cinco componentes”), trata-se de


matéria dispensada.

40
II. PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES

α) Princípio da juridicidade: o Direito como medida do poder

A. Dimensões materiais e formais do princípio do Estado de Direito

1. Juridicidade: Estado de Direito


1.1. A medida (material, formal, procedimental e organizatória) do direito
1.2. Estado de Direito como Estado de “distância” (Michael Kloepfer)
1.2.1. Esfera de liberdade pessoal perante o Estado
1.2.2. Esfera de liberdade pessoal face aos outros (pessoas humanas ou
coletivas)
1.3. Justiça: Estado de Justiça (v.g., direitos fundamentais, justiça social)
1.3.1. As “esferas da justiça” (Michael Walzer)
1.3.2. Justiça e socialidade (Estado Social): remissão
2. Constitucionalidade: Estado Constitucional
2.1. Primado ou supremacia da constituição: princípio da
constitucionalidade [artigo 3.º, n.os 2 e 3 CRP]
2.1.1. Vinculação do legislador à constituição
2.1.2. Vinculação de todos os atos do Estado à constituição
2.2. Reserva de constituição
2.2.1. Noção
2.2.2. Princípio da tipicidade constitucional de competências [artigo
111.º, n.º 2 CRP]
2.2.3. Princípio da constitucionalidade das restrições de direitos,
liberdades e garantias (artigo 18.º, n.º 2 CRP)
2.3. Força normativa da constituição (Konrad Hesse): alguns desafios
3. Jusfundamentalidade: o sistema de direitos fundamentais
3.1. Direitos fundamentais e dignidade da pessoa humana

41
3.2. Direitos fundamentais (remissão)
4. Democraticidade: Estado democrático ou a legitimação do domínio
(remissão)
5. Divisão de poderes
5.1. A génese do princípio da divisão de poderes
5.2. Divisão de poderes
5.2.1. Dimensão negativa: limite do poder
5.2.2. Dimensão positiva: responsabilidade pelo poder
5.3. Relevância jurídico-constitucional
5.3.1. Princípio jurídico-organizacional [artigos 2.º, 111.º, n.º 1, 288.º,
alínea j) CRP]
5.3.2. Princípio normativo-autónomo: a salvaguarda do núcleo
essencial das competências
5.3.3. Princípio fundamentador de incompatibilidades: separação
pessoal de poderes ou funções (juízes: art. 216.º/3 CRP;
deputados: art. 154.º/1/2 CRP)
5.4. Divisão horizontal e divisão vertical de poderes
5.4.1. Garantia da autonomia político-regional dos Açores e da
Madeira [artigos 6.º, 225.º, 288.º, alínea o) CRP]
5.4.2. Garantia da administração autónoma local [artigos 6.º, n.º 1,
235.º e 288.º, alínea n) CRP]
6. Sustentabilidade ambiental: Estado de Direito Ambiental
6.1. O Estado (também) é verde: justiça ambiental sem
(eco)fundamentalismos
6.2. Os princípios da responsabilidade (Hans Jonas) e o princípio de Noé
(Michel Lacroix)
6.2.1. Cuidado e salvaguarda do ambiente
6.2.2. Responsabilidade para com as futuras gerações e o novo
imperativo categórico: “Age de tal maneira que os efeitos da tua

42
ação sejam compatíveis com a preservação da vida humana
genuína” (H. Jonas)
6.3. Concretização jurídico-constitucional [art. 9.º, alíneas d) e e) e artigo
66.º CRP]

B. O princípio do Estado de Direito Democrático na Constituição de


1976
1. A constituição e o princípio do Estado de Direito
1.1. A versão originária: fórmula “Estado de Direito” limitada ao
Preâmbulo
1.2. A revisão de 1982: explicitação no texto do princípio de Estado de
Direito (artigo 2.º)
2. Estado de Direito: subprincípios concretizadores (vide C)

C. O princípio do Estado de Direito e os subprincípios concretizadores

1. O princípio da legalidade da Administração


1.1. Princípio da reserva de lei (arts. 164.º/165.º CRP)
1.1.1. Reserva absoluta (art.164.º CRP)
1.1.2. Reserva relativa (art.165.º CRP)
1.2. Princípio da prevalência, primazia ou supremacia da lei (art. 266.º/2;
112.º/6/7 CRP)
1.3. Princípio da primariedade ou da precedência da lei (art. 112.º/7 CRP)

FIM DA MATÉRIA PARA A PRIMEIRA PROVA DE AVALIAÇÃO


REPARTIDA

43
Bibliografia mínima:
Gomes CANOTILHO, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, cit., 241-
256.

44
C. O princípio do Estado de Direito e os subprincípios concretizadores

1. O princípio da legalidade da Administração (cf. sumário anterior)

2. O princípio da segurança jurídica e da proteção da confiança dos


cidadãos
2.1. Princípio geral da segurança jurídica
2.2. O princípio da segurança jurídica e os atos normativos
2.2.1. Princípio da precisão ou da determinabilidade das normas
jurídicas
2.2.1.1. Exigência de clareza das normas legais
2.2.1.2. Exigência de densidade suficiente na normação legal
2.2.2. Proibição de pré-efeitos de atos normativos
2.2.3. A questão da retroatividade
2.2.3.1.1. Retroatividade autêntica e retrospetividade
2.2.3.1.2. O direito constitucional português
2.2.3.1.2.1. Retroatividade proibida
2.2.3.1.2.1.1. Retroatividade expressamente proibida
2.2.3.1.2.1.1.1. Leis restritivas de direitos, liberdades e
garantias (artigo 18.º, n.º 3 CRP)
2.2.3.1.2.1.1.2. Leis penais mais gravosas (artigo 29.º,
n.os 1 a 4 CRP)
2.2.3.1.2.1.1.3. Leis fiscais mais gravosas para o
contribuinte (artigo 103.º, n.º 3 CRP)
2.2.3.1.2.1.2. Proibição da retroatividade decorrente do
princípio da proteção da confiança e/ou de
outros princípios (princípio da
proporcionalidade em sentido amplo)

45
2.2.3.1.2.2. Retroatividade exigida: leis penais de conteúdo
mais favorável ao arguido (artigo 29.º, n.º 4, in fine
CRP)
2.2.3.1.2.3. Retroatividade permitida
2.3. O princípio da segurança jurídica e os atos da administração
2.3.1. Força de “caso decidido” (Bestandkraft): a tendencial imutabilidade
2.3.2. A “sociedade de risco” (Ulrich Beck) e os ventos da precarização
2.4. O princípio da segurança jurídica e os atos jurisdicionais: o instituto do
caso julgado

3. O princípio da proporcionalidade em sentido amplo ou da proibição


do excesso
3.1. Do direito de polícia ao direito constitucional
3.2. A “europeização do princípio”
3.3. Dimensões do princípio
3.3.1. A conformidade ou adequação de meios
3.3.2. A necessidade ou exigibilidade
3.3.2.1. Exigibilidade material
3.3.2.2. Exigibilidade espacial
3.3.2.3. Exigibilidade temporal
3.3.2.4. Exigibilidade pessoal
3.3.3. A proporcionalidade em sentido estrito (justa medida)
3.4. Concretização constitucional
3.4.1. Princípio da proporcionalidade em matéria de restrições aos
direitos, liberdades e garantias (artigo 18.º, n.º 2)
3.4.2. Princípio geral de atuação da Administração (artigo 266.º, n.º 2)
3.4.3. Princípio em matéria de medidas de polícia (artigo 272.º, n.º 2)
3.4.4. Princípio no domínio do estado de exceção (artigo 19.º, n.º 4)

46
4. O princípio da proibição do défice de proteção (“proibição por
defeito”)

5. O princípio da proteção jurídica e das garantias processuais


5.1. Garantias processuais e procedimentais
5.1.1. A importância do procedimento
5.1.2. As garantias do processo judicial
5.1.2.1. As garantias do processo judicial em geral (v.g., artigos 20.º,
n.º 4; 13.º; 20.º, n.º 2; 205.º, n.º 1 CRP)
5.1.2.2. As garantias do processo penal (artigos 28.º, 32.º, 209.º, n.º 4)
5.1.3. As garantias do procedimento administrativo (arts. 267.º/4,
266.º/1/2, 269.º/3, 268.º/1, 268.º/2 CRP)
5.2. O princípio do acesso ao direito
5.2.1. Informação e consulta jurídicas (artigo 20.º, n.º 2 CRP)
5.2.2. Garantia da via judiciária (artigo 20.º CRP)
5.2.2.1. A importância da função jurisdicional na realização do
Estado de Direito
5.2.2.2. A garantia da tutela jurisdicional efetiva (artigo 20.º CRP)
5.2.2.3. A garantia de patrocínio judiciário (artigos 20.º, n.º 2; 208.º
CRP)
5.3. O princípio da responsabilidade do Estado e da compensação de
prejuízos
5.3.1. A responsabilidade do Estado (artigos 22.º, 271.º CRP)
5.3.2. A indemnização dos sacrifícios especiais impostos a determinados
cidadãos (v.g., artigo 62.º CRP)

Bibliografia mínima:

47
Gomes CANOTILHO, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, cit., p. 257-
281.

Jurisprudência

Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 413/2014


Princípio da proteção da confiança

“57. No que respeita ao princípio da proteção da confiança, corolário do princípio do Estado de


direito democrático, e que constitui o lado subjetivo da garantia de estabilidade e segurança jurídica,
este Tribunal tem uma jurisprudência constante e reiterada (cf., em especial, a formulação do Acórdão
n.º 128/2009, reiterada em numerosas decisões posteriores). A aplicação do princípio da confiança
deve partir de uma definição rigorosa dos requisitos cumulativos a que deve obedecer a situação de
confiança, para ser digna de tutela: em primeiro lugar, as expectativas de estabilidade do regime
jurídico em causa devem ter sido induzidas ou alimentadas por comportamentos dos poderes
públicos; elas devem, igualmente, ser legítimas, ou seja, fundadas em boas razões, a avaliar no quadro
axiológico jurídico-constitucional; por fim, o cidadão deve ter orientado a sua vida e feito opções,
precisamente, com base em expectativas de manutenção do quadro jurídico.
Dados por verificados esses requisitos, há que proceder a um balanceamento ou ponderação entre
os interesses particulares desfavoravelmente afetados pela alteração do quadro normativo que os
regula e o interesse público que justifica essa alteração. Com efeito, para que a situação de confiança
seja constitucionalmente protegida, é ainda necessário que não ocorram razões de interesse público
que justifiquem, em ponderação, a não continuidade do comportamento que gerou a situação de
expectativa”.

48
β) Princípio Democrático: Povo e Legitimação

A. Democracia: um conceito de “luta” (Kampfbegriff)

1. Democracia representativa: entre a resignação e a desejabilidade


2. Democracia directa: nostalgia da polis?
2.1. Memória helénica e o humanismo cívico
2.2. À conversa com Jean-Jacques Rousseau: relendo O contrato social (Livro III,
Cap. XV – Dos deputados ou representantes): “no instante em que um povo se
entrega a representantes, já não é livre (…)”
3. Breve referência a algumas teorias da democracia: entre o método e a substância
3.1. Democracia ou o “governo do povo, pelo povo e para o povo” (Abraham
Lincoln)
3.2. Democracia como método de seleção dos governantes (por exemplo, Joseph
Schumpeter e a ideia de “democracia como mercado”)
3.3. Democracia deliberativa: participação e cidadania (Jürgen Habermas)

3.3.1. Insuficiências da democracia liberal (a “liberdade dos modernos” ou os


direitos como direitos negativos ou de defesa)
3.3.2. Insuficiências da democracia republicana (a liberdade participativa e a
solidariedade)
3.3.3. Crítica e contraproposta: entre a falta de solidariedade e o excesso de
virtude
3.3.3.1. Democracia deliberativa: uma etimologia sugestiva (deliberar vem
de libra, balança)
3.3.3.2. Democracia deliberativa: a exigência de dar razões e a importância
dos procedimentos.
3.3.3.3. Democracia deliberativa, participação e publicidade

4. Algumas “ameaças à democracia” (Helmut Willke): sobre as crises

4.1. Crise de legitimidade


4.2. Crise de participação

49
4.3. Crise de transparência

5. Pós-democracia (Colin Crouch) no quadro da neoglobalização?

B. Concretização constitucional do princípio democrático

1. Princípio da soberania popular: a questão da legitimação do poder político

1.1. Domínio político: a exigência de legitimação


1.2. Legitimação popular: o povo como titular da soberania
1.3. Soberania popular e ordem constitucional: dimensões materiais e
procedimentais (vd., por exemplo, os arts. 2.º e 10.º CRP)
2. Princípio da representação popular
2.1. Representação democrática formal
2.2. Representação democrática material
3. Princípio da democracia semidireta: o instituto do referendo
3.1. Noção de democracia semidireta
3.2. O instituto do referendo na CRP
3.3. Referendo constituinte: caminho tentado, caminho vedado
3.4. Os tipos de referendo
3.4.1. Referendo nacional (art. 115.º CRP)
3.4.1.1. Âmbito material: domínios excluídos (art. 115.º, n.º 4 CRP)
3.4.1.1.1. Referendos constituintes (i. e., visando alterar a Constituição)
3.4.1.1.2. Referendos em matérias de competência política e legislativa
absolutamente reservada à Assembleia [cf., no entanto, o
disposto no n.º 5 e na parte final do n.º 4, alínea d), do art.
115.º CRP]
3.4.1.1.3. Referendos sobre questões ou actos de conteúdo orçamental,
tributário ou financeiro
3.4.1.2. Universo eleitoral (art. 115.º/1/12 CRP)
a) Cidadãos eleitores recenseados no território nacional (art. 115.º/1
CRP)

50
b) Participação de cidadãos portugueses recenseados no estrangeiro,
quando o referendo verse “sobre matéria que lhes diga também
especificamente respeito” (art. 115.º/12 CRP)

3.4.1.3. Procedimento referendário (art. 167.º CRP)


a) Iniciativa: Assembleia da República, Governo e, desde a 4.ª
Revisão Constitucional, também os cidadãos (art. 115.º, n.os 1 e 2
CRP; art. 167.º/1 CRP). Em relação aos cidadãos, nos termos do art.
16.º da Lei Orgânica do Regime do Referendo (Lei n.º 15-A/98, de 3
de abril), a iniciativa popular do referendo depende do concurso de,
pelo menos, 60.000 cidadãos
b) Decisão de referendo: Presidente da República [arts 115.º, n.º 1;
134.º/ c) CRP]
c) Eficácia jurídica: vinculatividade do referendo (art. 115.º/1 CRP:
“pronunciar-se a título vinculativo”). Contudo, a vinculatividade fica
dependente de o número de votantes ser superior a metade dos
eleitores inscritos no recenseamento (art. 115.º/11 CRP)

3.4.2. Referendo local (art. 240.º CRP)

3.4.3. Referendo regional (art. 232.º/ 2 CRP)

4. Princípio da participação [art. 9.º/ c); 109.º CRP]

C. Princípio democrático e direito de sufrágio: princípios materiais do sufrágio


(arts. 10.º/ 1; 49.º/ 1; 113.º/ 1 CRP)
1. O princípio da universalidade do sufrágio: a questão da titularidade (art.10.º/1;
49.º/1 CRP)
1.1. Do sufrágio censitário e capacitário ao sufrágio universal
1.1.1. Sufrágio censitário: a importância da propriedade
1.1.2. Sufrágio capacitário: a relevância do conhecimento
1.1.3. Sufrágio universal
1.2. Universalidade e novas cidadanias: direito de voto [art. 15.º/ 3 a 5 CRP]

51
1.2.1. Cidadãos dos Estados de língua portuguesa com residência permanente
em Portugal (art. 15.º/3 CRP)
1.2.2. Estrangeiros residentes no território nacional, em condições de
reciprocidade, em relação às eleições autárquicas (art. 15.º/4 CRP)
1.2.3. Cidadãos dos Estados-membros da União Europeia residentes em
Portugal, no que toca às eleições para o Parlamento Europeu (art. 15.º/5
CRP)
1.3. Capacidade eleitoral ativa e capacidade eleitoral passiva
1.4. A questão das incapacidades eleitorais
2. O princípio da imediaticidade do voto (art.10.º/1; 113.º/1 CRP)
2.1. Voto direto ou imediato: noção
2.2. Sufrágio indireto ou mediato (v.g., Grandes Eleitores, EUA)
3. O princípio da liberdade de voto: o voto como dever cívico (art. 49.º/ 2 CRP)
3.1. Liberdade de votar ou não votar. A questão do voto obrigatório.
3.2. Liberdade no votar
4. O princípio do sufrágio secreto (art.10.º/1; 113.º/1 CRP)
4.1. Pessoalidade do voto, mas não a presencialidade (art. 49.º, n.º 2 CRP)
4.1.1. Pessoalidade de voto e proibição do voto por via de representante
(intransmissibilidade do direito de voto)
4.1.2. Deficiência e direito a ser assistido por alguém de confiança
4.2. O voto por correspondência: a questão do segredo
5. O princípio da igualdade de sufrágio (art.10.º/1 CRP)
5.1. Igual peso numérico (igual eficácia jurídica)
5.2. Igual quanto ao valor de resultado. A proibição de cláusulas-barreira
(expressamente, 152.º/1 CRP; vd. também art. 113.º/5 CRP). A discussão do
atual mapa eleitoral português: entre Portalegre e Lisboa
6. O princípio da periodicidade do sufrágio (art.10.º/1; 113.º/1; 118.º CRP)
7. O princípio da unicidade

D. Princípio democrático e sistema eleitoral


1. Sistema eleitoral: introdução
1.1. Noção (transformação de votos em mandatos)
1.2. Formas do sistema eleitoral maioritário
1.2.1. Sistema maioritário uninominal

52
1.2.1.1.Sistema maioritário uninominal a uma volta: a experiência inglesa
1.2.1.2. Sistema maioritário uninominal a duas voltas
a) Exigência de maioria absoluta
b) Candidato mais votado
1.2.2. Sistema maioritário plurinominal
1.2.2.1. Lista completa ou sistema maioritário de lista: o exemplo português
(1895; Estado Novo)
1.2.2.2. Lista incompleta plurinominal: uma abertura às minorias (Portugal,
1884; na I República, em 1915)
1.3. Formas do sistema eleitoral proporcional
1.3.1. Métodos (v.g., Hondt)
1.3.2. Concretizações: comparando os casos português e alemão
2. Sistema de representação proporcional e sistema maioritário
2.1. Sistema de representação proporcional: argumentos
2.1.1. A “função de espelho” do Parlamento
2.1.2. Adequação à democracia partidária
2.1.3. Igualdade material: a ideia de igual valor quanto ao resultado
2.2. Sistema maioritário: argumentos
2.2.1. Relevância em termos de governabilidade
2.2.2. Alternância do poder e bipartidarismo
2.2.3. Fortalecimento da oposição
3. Sistema eleitoral na Constituição
3.1. O sistema eleitoral proporcional na CRP (arts. 113.º/5, 149.º, 231.º/2, 239.º/2,
260.º, 288.º/h CRP)
3.2. À procura da personalização do sistema: as possibilidades abertas pela mudança
de redação do artigo149.º
3.2.1. Escrutínio uninominal e escrutínio por lista
3.2.2. Pessoalização do voto e garantia da proximidade entre eleitores e eleitos
3.2.2.1. Sistema de panachage
3.2.2.2. Sistema de voto preferencial
3.2.2.3. Sistema de duplo voto ou de representação proporcional
personalizado

53
E. Princípio democrático e sistema partidário: a opção pelo pluripartidarismo
[arts. 2.º; 10.º/ 2; 51.º; 288.º, i) CRP]

1. A constitucionalização dos partidos políticos: do exemplo italiano (da Constituição


italiana de 1947) à CRP
2. Partidos políticos: associações privadas com funções constitucionais
2.1. Partidos políticos: órgãos estaduais ou constitucionais?
2.2. Partidos políticos: corporações ou associações de direito público?
2.3. Partidos políticos como associações de direito privado, integrando a esfera
pública não estatal
3. Liberdade externa e liberdade interna
3.1. Liberdade externa (art. 51.º/1 CRP)
3.1.1. Liberdade de fundação dos partidos políticos: inadmissibilidade de
qualquer regime de autorização ou licença prévia (art. 46.º/1 CRP)
3.1.2. Liberdade de actuação partidária
3.1.3. A questão da extinção dos partidos políticos: competência do TC (art.
223.º/2/e) CRP)
3.2. Liberdade interna
3.2.1. Proibição de controlo ideológico ou programático (art. 51.º/ 3 CRP): no
entanto, proibição de “organizações racistas ou que perfilhem a ideologia
fascista” (art. 46.º/ 4 CRP)
3.2.2. A tradicional inadmissibilidade do controlo sobre a organização do
partido: a situação após a 4.ª Revisão Constitucional (art. 51.º/ 5 CRP)
3.2.2.1. Organização e funcionamento dos partidos e democracia: a
necessidade de respeitar os princípios da transparência, da
organização e da gestão democráticas e da participação de todos os
seus membros
3.2.2.2. O Acórdão n.º 355/2003 (Caso Edgar Maciel Almeida Correia,
Carlos Luís Carrapato Figueira e Carlos Alfredo de Brito versus PCP)
3.2.2.3. O controlo por parte do Tribunal Constitucional: art. 223.º/2/h) CRP
4. Princípio da igualdade de oportunidades dos partidos políticos
4.1. Igualdade de oportunidades na concorrência eleitoral [art. 113.º/ 3/b) CRP]
4.1.1. Propaganda eleitoral na rádio, televisão e imprensa
4.1.2. Limitações do trabalho de publicidade do governo

54
4.2. Igualdade de oportunidades e financiamento dos partidos (art. 51.º/ 6 CRP)
4.2.1. Financiamento estatal imediato (custos das campanhas)
4.2.2. Financiamento estatal mediato (representação parlamentar)
4.2.3. Quadro legislativo nacional: entre a disciplina e o controlo
4.2.3.1. Quadro normativo do financiamento: a Lei n.º 19/2003, de 20 de
junho (com diferentes alterações: última modificação – Lei Orgânica
n.º 1/2018, de 19 de abril)
4.2.3.1.1. Linhas de força: financiamentos admitidos
4.2.3.1.2. Financiamentos proibidos (donativos anónimos e donativos
ou empréstimos de natureza pecuniária ou em espécie de pessoas
coletivas nacionais ou estrangeiras)
4.2.3.1.3. Subvenções públicas
a) Subvenção para financiamento dos partidos políticos
b) Subvenção pública para as campanhas eleitorais
4.2.3.2. Entidade das Contas e Financiamentos Políticos
4.3. O destinatário constitucional da igualdade de oportunidades
5. Direito de oposição democrática (art. 114.º/ 2 CRP) e direitos de oposição
5.1. Função constitucional da oposição
5.2. Oposição parlamentar e oposição extraparlamentar
5.3. Alguns direitos de oposição
5.31. Direito à informação regular e direta pelo Governo sobre o andamento dos
principais assuntos de interesse público (art. 114.º/ 3 CRP)
5.3.2. Direito de antena e o direito de resposta ou de réplica política (art. 114.º/2
CRP)
5.3.3. A importância dos direitos dos grupos parlamentares (art. 180.º CRP):
breve referência à situação resultante das eleições de outubro de 2019, com a
estreia parlamentar de três novos partidos (Chega, Iniciativa Liberal e Livre)
6. Desobediência civil e oposição política

F. Princípio democrático e princípio maioritário


1. Sentido e alcance do princípio maioritário
1.1. Razão de ser do princípio
1.2. Limites do princípio maioritário
1.2.1. Os perigos da tirania da maioria

55
1.2.2. Limites externos: a relevância do quadro constitucional
1.2.2.1. Decidir no quadro constitucional; especial relevância de uma função
imunitária dos direitos fundamentais
1.2.2.2. Importância das maiorias qualificadas
1.2.3. Limites intrínsecos: maioria, verdade e justiça
2. O princípio maioritário na CRP (art. 116.º/3, 136.º/2/3, 163.º/h, 168.º/5/6, 284.º/2,
286.º/1 CRP)

Bibliografia mínima

Gomes CANOTILHO, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, cit., p. 283-


328.

56
γ) Princípio da Socialidade: também de pão vive o homem

A. Estado Social e socialidade(s)

1. Estado social

1.1. Antecedentes do Estado Social


1.2. Estado Social: pluralidade de modelos e trajetórias
1.3. Estado Pós-Social? Crítica.

2. Social(idade): em diálogo com Hans Zacher

2.1. Social(idade) em sentido amplo


2.2. Social(idade) em sentido estrito (segurança social)

B. Concretização constitucional do princípio

1. Da “decisão socialista” na versão originária da CRP à normalização


2. A democracia económica, social e cultural e as tarefas do Estado
3. Constituições concretizadoras da democracia económica, social e cultural
3.1. Constituição económica
3.2. Constituição do trabalho
3.3. Constituição social
3.3.1. Os direitos sociais
3.3.2. O princípio da democracia social
3.4. Constituição cultural

C. O princípio da socialidade e o Estado regulador

1. Estado Social de regulação


2. Estado Social e novo serviço público

57
Bibliografia mínima:

Gomes CANOTILHO, Direito constitucional e teoria da constituição, cit., p. 333-356.

NOTA: O princípio da socialidade apenas será objeto de avaliação em provas orais (para
melhoria da classificação).

58
3. POSIÇÕES JURÍDICAS: DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS

3.1. SEMÂNTICA, HISTÓRIA E PERSPETIVAS

A) Semântica

1. Posições jurídicas: noção


2. Bens, posições e relações jurídicas fundamentais
2.1. Bens fundamentais
2.2. Posições jurídicas fundamentais
2.2.1. Direitos fundamentais: noção
2.2.1.1. Os direitos fundamentais como direitos subjectivos
2.2.1.2. Os direitos fundamentais e os direitos do homem
2.2.1.3. Direitos fundamentais e dignidade humana: a unidade de
sentido
2.2.2. Deveres fundamentais (lato sensu)
2.2.2.1. Deveres do Estado
2.2.2.1.1. Deveres de abstenção
2.2.2.1.2. Deveres de proteção
2.2.2.1.3. Deveres de prestação
2.2.2.2. Deveres pessoais
2.3. Relações jurídicas fundamentais

B) História dos direitos fundamentais

1. Pré-história
2. A lenta emergência dos direitos
3. Fundamentalização e constitucionalização
3.1. Fundamentalidade formal e material
3.2. Constitucionalização
4. Momento liberal: os direitos fundamentais como direitos de defesa
5. Momento democrático: os direitos fundamentais e a participação política
6. Momento social: direitos fundamentais como direitos a prestações
7. Momento da tecnociência: os novos direitos na “sociedade de risco”

59
C) Perspetivas e questões jusfundamentais

1. Perspetiva filosófica: a questão da fundamentação


2. Perspetiva internacional: a universalidade
3. Perspetiva constitucional: os direitos fundamentais

D) Deveres fundamentais (stricto sensu)

1. Noção
2. Memória constitucional portuguesa
3. Deveres fundamentais no quadro da CRP
3.1. Deveres fundamentais autónomos (v.g., dever de pagar impostos – art. 103.º
CRP) e não autónomos (v.g., dever de votar – art. 49.º/2 CRP)
3.2. Regime jurídico

Bibliografia mínima:

Gomes CANOTILHO, Direito constitucional e teoria da constituição, cit., p. 375-390;


529-536

60
3.2. TIPOLOGIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

A) A Constituição de 1976: direitos, liberdades e garantias e direitos


económicos, sociais e culturais

1. Direitos, liberdades e garantias: critérios

1.1. O critério do “radical subjetivo”: a questão da sua adequação face aos


direitos fundamentais das pessoas coletivas
1.2. O critério da natureza “defensiva” e “negativa”: limitações da
dimensão imunitária dos direitos (o exemplo do direito à vida)
1.3. O critério da determinação ou determinabilidade constitucional do
conteúdo
1.4. Traços distintivos dos direitos, liberdades e garantias: uma aproximação
tendencial
2. Direitos económicos, sociais e culturais
3. Direitos de natureza análoga aos direitos, liberdades e garantias (v.g., direito
de propriedade)
4. Direitos só materialmente fundamentais: o princípio da não identificação,
da não tipicidade ou da cláusula aberta dos direitos fundamentais (art.
16.º/1 CRP)
4.1. Memória
4.1.1. Lição americana: a IX Emenda ou Aditamento
4.1.2. Mediação brasileira: Constituição republicana de 1891 (art. 78.º)
4.1.3. Antecedentes no constitucionalismo português (Constituição de
1911: art. 4.º; Constituição de 1933: art. 8.º, § 1.º)
4.2. Modo de emprego: passos metódicos
4.2.1. Caminhos hermenêuticos: defesa de uma compreensão aberta
do âmbito normativo dos preceitos respeitantes a direitos
fundamentais
4.2.2. Mobilização do art. 16.º/1: apenas em termos subsidiários

61
4.3. Âmbito de abertura: só direitos do tipo direitos, liberdades e garantias
ou também económicos, sociais e culturais? Defesa da inclusividade
4.3.1. O argumento literal, filológico ou gramatical (“direitos
fundamentais” e não direitos, liberdades e garantias)
4.3.2. Estado social de Direito
4.4. Elenco dos direitos
4.4.1. Lista ampla
4.4.2. Lista restritiva
4.4.3. Lista vazia?
4.5. Regime jurídico
4.5.1. Igual ao dos direitos material e formalmente fundamentais
4.5.2. Proteção menor dos direitos só materialmente fundamentais
4.5.3. Avaliação das posições anteriores
5. Direitos só formalmente fundamentais?

B) Funções dos direitos fundamentais

1. Funções de defesa
2. Funções de prestação
3. Funções de proteção
4. Funções de não discriminação

Bibliografia mínima:

Gomes CANOTILHO, Direito constitucional e teoria da constituição, cit., p. 391-411.

3.3. REGIME GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

A) Regime geral e regime específico dos direitos, liberdades e garantias

1. Regime geral dos direitos fundamentais: noção

62
2. Regime específico dos direitos, liberdades e garantias (arts. 18.º, 19.º/1/3,
21.º, 22.º, 165.º/b), 272.º/3, 288.º/d) CRP)

B) Regime geral dos direitos fundamentais

I. Princípio da universalidade ou a questão da titularidade dos direitos


fundamentais

1. Princípio da universalidade: duas aceções

1.1. Princípio da universalidade em sentido restrito: direitos de todos os


cidadãos portugueses (art. 12.º/1 CRP)
1.2. Princípio da universalidade (aceção mais generosa): direitos de todos e
não apenas dos cidadãos portugueses (art. 12.º/1 em articulação com o
art. 15.º/1 CRP: a equiparação entre portugueses e estrangeiros e
apátridas como regra).

2. Cidadão e “cidadanias”

2.1. Direitos dos cidadãos portugueses


2.1.1. Direitos reservados aos portugueses (arts. 15.º/2/3; 121.º/1;
275.º/2, CRP)
2.1.2. Outros direitos
2.2. Direitos dos cidadãos dos países de língua portuguesa (art. 15.º/3
CRP)
2.2.1. História como fundamento: os “laços privilegiados de amizade e
cooperação com os países de língua portuguesa” (art. 7.º/4
CRP)
2.2.2. Requisitos: (1) residência permanente em Portugal; (2) cláusula
de reciprocidade
2.2.3. Direitos exclusivamente reservados aos portugueses: acesso aos
cargos de Presidente da República, Presidente da Assembleia da
República, Primeiro-Ministro, Presidentes dos tribunais
supremos, serviço nas Forças Armadas, carreira diplomática

63
2.3. Direitos dos cidadãos da União Europeia
2.3.1. O conceito de cidadania europeia
2.3.2. Expressão constitucional (art. 15.º /5 CRP)
2.4. Direitos dos outros estrangeiros e dos apátridas

3. Direitos dos portugueses no estrangeiro (art. 14.º CRP)

4. Pessoas colectivas: titulares de direitos fundamentais? (art. 12.º/2 CRP)


4.1. Pessoas coletivas de direito privado
4.1.1. Conceito
4.1.2. Que direitos?
4.1.2.1. O elemento teleológico: o princípio da especialidade
4.1.2.2. Exclusão da titularidade de direitos que pressuponham
dimensões da personalidade humana (só podem ser titulares
de direitos que sejam “compatíveis com a sua natureza”).
Exemplos desses direitos: direito à vida (art. 24.º/1 CRP) ou
direito a celebrar casamento (art. 36.º/1 CRP); no plano
eleitoral, pense-se no direito de sufrágio (art. 49.º/1 CRP)

4.2. Pessoas coletivas de direito público

4.2.1. Tese negativa: a impossível titularidade


4.2.1.1. Argumento da essência ou natureza dos direitos
fundamentais (liberdade perante os poderes públicos)
4.2.1.2. Argumento da identidade ou da confusão: simultaneidade da
condição de destinatário (obrigado) e de titular de direitos
fundamentais
4.2.1.3. Crítica (vd. 4.2.2.)
4.2.2. Tese positiva: possibilidade e limites
4.2.2.1. O argumento literal, filológico ou gramatical: a referência a
pessoas coletivas, sem estabelecer distinções entre pessoas
coletivas de direito público e de direito privado. Valor deste
argumento hermenêutico

64
4.2.2.2. Existência de pessoas coletivas de direito público em
relações típicas de sujeição
4.2.2.3. Um ponto consensual: o reconhecimento de direitos
fundamentais processuais às pessoas coletivas de direito
público

4.3. Direitos fundamentais coletivos e direitos fundamentais de exercício


coletivo
4.3.1. Direitos fundamentais coletivos (direitos apenas das pessoas
coletivas: v.g., direito de antena, de que são titulares “[o]s
partidos políticos e as organizações sindicais, profissionais e
representativas das atividades económicas, bem como as outras
organizações sociais de âmbito nacional” (art. 40.º/1 CRP);
direito à contratação coletiva como reserva das associações
sindicais (art. 56.º/3 CRP)
4.3.2. Direitos fundamentais de exercício coletivo ou de ação coletiva
(direitos que não podem ser exercidos isoladamente por cada
pessoa, v.g., o direito à greve ou a liberdade de associação;
contudo, titularidade individual dos direitos)
4.4. Titularidade de direitos fundamentais e idade
4.4.1. A sombra do direito civil: capacidade jurídica e capacidade de
exercício
4.4.2. Titularidade de direitos e capacidade de direitos: uma distinção
infeliz no plano jusfundamental?
4.4.3. Linhas de força da questão
4.4.3.1. Direitos independentes de capacidades cognitivas ou
volitivas (por exemplo, direito à vida – art. 24.º)
4.4.3.2. A questão da idade: a ideia de “menor maduro”
4.4.3.3. A articulação com o direito civil

II – O princípio da igualdade

1. Igualdade(s)
1.1. Da igualdade formal à igualdade material

65
1.1.1. Igualdade perante a lei como igualdade formal: sua
importância face à diferenciação estamental do Antigo Regime.
Generalização e abstração da lei como formas de realização da
igualdade
1.1.2. A crise do Estado liberal oitocentista e a exigência de uma
igualdade material
1.2. Igualdade na aplicação da lei e igualdade na criação da lei
1.2.1. Igualdade na criação da lei e o princípio da proibição do
arbítrio
1.2.2. Igualdade na aplicação da lei
2. Concretizações constitucionais do princípio da igualdade
2.1. Princípio geral de igualdade (art. 13.º CRP)
2.1.1. Proibição do arbítrio: em torno de uma noção
2.1.2. Proibição de discriminação
2.1.2.1. Noção
2.1.2.2. Discriminação direta e discriminação indireta
(consequências)
2.12.3. Princípio da não tipicidade dos critérios de
discriminação constitucionalmente vedados (art. 13.º/2
CRP)
2.1.3. Obrigação de diferenciação (discriminação positiva)
2.2. Princípio geral de igualdade e direitos especiais de igualdade
2.2.1. O art. 13.º da CRP como direito geral de igualdade
2.2.2. Direitos especiais de igualdade (arts. 29.º/4, 36.º/4, 37.º, 40.º,
41.º, 47.º, 50.º, 113.º/3, al. b), 230.º, al. c), 269.º/2 CRP)

2.3. Princípio da igualdade perante os encargos públicos


2.3.1. Noção
2.3.2. Sacrifícios especiais: o exemplo da expropriação por utilidade
pública (art. 62.º/2 CRP)

III – O princípio do acesso ao direito e da garantia da tutela jurisdicional


efetiva (remissão)

66
Bibliografia mínima:

(1) Gomes CANOTILHO, Direito constitucional e teoria da constituição, cit., p. 413-434.

(2) Gomes CANOTILHO/Vital MOREIRA, Constituição da República Portuguesa


anotada, vol. I, Coimbra, 2007, 4.ªed., anotação aos arts. 12 a 15.º.

67
3.4. REGIME ESPECÍFICO DOS DIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS

I – Aplicabilidade direta dos direitos, liberdades e garantias (art. 18.°/1 CRP,


primeiro segmento)

1. O fim da doutrina da “regulamentação das liberdades”: a importância da Grundgesetz (GG)

1.1. Doutrina francesa da “regulamentação das liberdades” (“O exercício (...) dos direitos
individuais supõe uma regulamentação pelo Estado, sem a qual não passam de uma
simples promessa”: cf. Marnoco e Sousa, Constituição Politica da Republica Portuguêsa,
Coimbra: F. França Amado, 1913, 44)

1.2. Aplicabilidade direta: art. 1/3 da Lei Fundamental alemã (GG – Grundgesetz)

2. Aplicabilidade direta: dimensões

2.1. Os direitos, liberdades e garantias valem mesmo na ausência de interposição legislativa


(situações de falta ou ainda de insuficiência de lei)
2.2. Os direitos, liberdades e garantias valem contra lei e em vez dela (quanto à posição da
Administração, vd. II.3.2.)

II – Vinculação das entidades públicas (art. 18.°/1 CRP, segundo segmento)

1. Conceito de entidades públicas

1.1. Perspetiva funcional e perspectiva formal-organizacional: a exigência de uma


vinculação sem lacunas (vd. II.3.)
1.1.1. Vinculação do Estado nas suas vestes de legislador, administrador e juiz
1.1.2. Vinculação também nos casos de utilização de direito privado

1.2. Entidades públicas e não apenas estatais

68
2. Vinculação do legislador

2.1. Dimensão negativa da vinculação do legislador


2.2. Dimensão positiva da vinculação do legislador
2.3. Tipos de intervenção legislativa: a restrição como uma das formas possíveis de
atuação normativa (existência, por exemplo, de legislação ampliativa dos direitos,
liberdades e garantias)

3. Vinculação da Administração

3.1. O conceito de Administração


3.1.1. Pessoas coletivas de direito público (mesmo atuando sob a forma
privada – o campo do chamado “direito privado administrativo”)
3.1.2. Pessoas coletivas de direito privado no uso de poderes públicos de
autoridade (por exemplo, concessionários): vd. art. 267.º/6 CRP (“entidades
privadas que exerçam poderes públicos”)
3.2. Princípio da constitucionalidade e princípio da legalidade da Administração
3.2.1. Administração e a legislação inconstitucional: um dever geral de recusa
de aplicação?
3.2.2. Um modelo diferenciado e complexo
3.2.2.1. A tensão entre o princípio da constitucionalidade e o princípio
da legalidade da Administração: a relevância do princípio da separação
de poderes ou sobre a competência para o juízo de
inconstitucionalidade de normas
3.2.2.2. Recusa de um princípio geral de rejeição de leis
inconstitucionais por parte da Administração
a) Importância do princípio da legalidade da Administração
b) Hipóteses de leis inexistentes: a violação de direitos
fundamentais como o direito à vida ou direito à integridade
pessoal. Paralelo com as ordens ou instruções cujo
cumprimento implique a prática de qualquer crime (art.
271.º/3 CRP)
c) Existência de decisões do Tribunal Constitucional no
sentido da inconstitucionalidade de atos legislativos

69
d) O plano do direito regulamentar

4. Vinculação do poder judicial

4.1. Vinculação por via dos direitos processuais fundamentais (organização e processo)
4.2. Vinculação do conteúdo dos atos jurisdicionais pelos direitos fundamentais
4.3. O acesso direto à Constituição (art. 204.º CRP)

III – Vinculação das entidades privadas (art. 18.º/1 CRP, in fine): breve referência

1. Relações jurídicas interprivados: a questão do nome (eficácia em relação a terceiros?


efeito horizontal?)
2. Eficácia imediata e eficácia mediata
3. Metódica da diferenciação

IV – A restrição de direitos, liberdades e garantias (art. 18.º/2 e 3, CRP)

1. Âmbito de protecção, conteúdo juridicamente garantido e restrição de direitos, liberdades e


garantias
1.1. Âmbito de proteção: noção (a referência dos direitos a um determinado setor ou
domínio da realidade social)
1.2. Conteúdo juridicamente garantido: noção

2. Tipos de restrições ou limites constitucionais

2.1. Limites constitucionais expressos ou imediatos (restrições diretas)


2.2. Limites constitucionais mediatos (restrições feitas pela lei mas expressamente
autorizadas pela Constituição)
2.3. Limites constitucionais implícitos ou imanentes (restrições não expressamente
autorizadas pela Constituição); análise da designação tradicional (imanentes)

3. Limites dos limites

3.1. Noção (O que são?)

70
3.2. Localização constitucional (onde estão?: nuclearmente, no art. 18.º/2/3 CRP)
3.3. Identificação dos requisitos (quais são?) das leis restritivas de direitos, liberdades e
garantias

3.3.1. Reserva de lei (art. 18.°/2 CRP)

3.3.1.1. Reserva de lei material: proibição de restrição por via regulamentar


3.3.1.2. Reserva de lei formal
3.3.1.2.1. Regime-regra: reserva de lei relativa (art. 165.º/1/b CRP)
3.3.1.2.2. Excepções: reserva de lei absoluta (art. 164.º/f, h, i, j, l, o
CRP)

3.3.2. Autorização de restrição expressa (art. 18.°/2 CRP)

3.3.2.1. Noção
3.3.2.2. Alguns problemas em torno da fórmula

3.3.3. Princípio da proibição do excesso (art.18.º/2 CRP)

3.3.3.1. Adequação ou idoneidade


3.3.3.2. Exigibilidade ou necessidade
3.3.3.3. Proporcionalidade em sentido restrito ou “justa medida”

3.3.4. Generalidade e abstração como expressão do princípio da igualdade (art. 18.º/3


CRP)
3.3.4.1. Lei geral versus lei individual (destinatários)
3.3.4.2. Lei abstrata versus lei concreta (casos)
3.3.4.3. Proibição das leis individuais e/ou concretas camufladas

3.3.5. Proibição da retroatividade das leis restritivas de direitos, liberdades e garantias


(art. 18.º/3 CRP)´

3.3.5.1. Proibição da retroatividade autêntica


3.3.5.2. Discussão em torno da retrospetividade

71
3.3.6. Salvaguarda do conteúdo essencial dos direitos, liberdades e garantias (art. 18.º/3
CRP)
3.3.6.1. Teorias quanto ao objecto da proteção
3.3.6.1.1. Teorias objetivas
3.3.6.1.2. Teorias subjetivas
3.3.6.1.3. Teorias mistas
3.3.6.2. Teorias quanto ao valor da proteção
3.3.6.2.1. Teorias absolutas
3.3.6.2.2. Teorias relativas
3.3.6.2.3. Teorias mistas
3.3.6.3. A questão no quadro da CRP
3.3.6.3.1. Quanto ao objeto da proteção (art. 18.º/3, in fine: “conteúdo
essencial dos preceitos constitucionais”)
3.3.6.3.2. Quanto ao valor da proteção (distinção constitucional entre o
princípio da proibição do excesso – art. 18.º/2 – e a salvaguarda do
conteúdo essencial – art. 18.º/3, in fine)

Bibliografia mínima:

Gomes CANOTILHO, Direito constitucional e teoria da constituição, cit., p. 435-461.

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