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VIGIAR E PUNIR

CAPITULO II:A OSTENTAÇÃO DOS


SUPLÍCIOS
MICHEL FOUCAULT

Ana Luisa Santos Lopes – 23377


Eduardo Peres de Paula Bomfim Lopes – 23376
João Foureaux Travassos – 23289
Lara Kretli Dos Santos – 23367
Lucas Silva de Carvalho – 23260
Luiz Henrique Machado - 23337
DEFINIÇÃO DE SUPLÍCIO
É pena corporal dolorosa mais ou menos atroz. Grave punição ordenada por sentença. Castigos;
tortura.

Atroz :expressa excesso de crueldade ; em que há desumanidade.

CAPITULO II: A OSTENTAÇÃO DOS SUPLÍCIOS


O PROCESSO
■ Na França, como na maior parte do países europeus – com exceção da Inglaterra-
todo o processo criminal, até à sentença, permanecia secreto: ou seja, opaco não
só para o público mas para o próprio acusado. O processo se desenrolava sem ele.
■ “O mais diligente e o mais secretamente que se puder fazer”. Edito de 1498
■ De acordo com a ordenação de 1670, era impossível ao acusado ter acesso às
peças do processo, impossível reconhecer a identidade dos denunciadores,
impossível ter um advogado, seja para verificar a regularidade do processo, seja
para participar da defesa.
■ Magistrado tinha o direito de receber denuncias anônimas, de interrogar o acusado
de maneira capciosa, de usar insinuações. Constituía sozinho e com pleno poder,
uma verdade com a qual investia o acusado.

CAPITULO II: A OSTENTAÇÃO DOS SUPLÍCIOS


CARACTERISTICAS DO SUPLÍCIO NA
ORDENAÇÃO DE COLBERT ( 1670)
 Próprio cerimonial da justiça que se manifesta em sua força
 Produção diferenciada de sofrimentos, como se fosse um ritual de marcação das vitimas e
manifestação do poder que o pune.
 Deve marcar o condenado.
 Arte de fazer sofrer que deve ser assistido por todos.
 Para ser suplício se deve produzir uma certa quantidade de sofrimento, que se possa ao
menos apreciar, hierarquizar, comparar.
 O suplício correlaciona o tipo de ferimento físico, a qualidade, a intensidade, o tempo dos
sofrimentos com a gravidade do crime, a pessoa do criminoso, o nível social de suas vítimas.
 Há um código jurídico da dor.
 Os suplícios se prologam ainda depois da morte: cadáveres queimados, cinzas jogadas ao
vento, corpos arrastados na grasse, expostos a beira da estradas.
CAPITULO II: A OSTENTAÇÃO DOS SUPLÍCIOS
HIERARQUIA DOS SUPLÍCIOS
■ Morte
■ Reserva de provas
■ Galeras
■ Açoite
■ Confissão Pública
■ Banimento

CAPITULO II: A OSTENTAÇÃO DOS SUPLÍCIOS


O Castigo de Jeanne de La
Suplício de Damiens Motte

CAPITULO II: A OSTENTAÇÃO DOS SUPLÍCIOS


CAPITULO II: A OSTENTAÇÃO DOS SUPLÍCIOS
OSTENTAÇÃO: MANIFESTAÇÃO DA VERDADE
NA EXECUÇÃO PÚBLICA DAS PENAS
■ O culpado é encarregado de proclamar sua própria condenação. Ex: passeio pelas
suas com cartazes pendurados com sua sentença, confissão pública á porta das
igrejas, durante o qual o condenado reconhece solenemente seu crime.
■ Prosseguir uma vez mais a cena da confissão pública.
■ Prender o suplício no próprio crime. Ex: execução no próprio local em que o crime
fora cometido. Reprodução quase teatral do crime na execução do culpado.
■ Crueldade da punição terrestre ( os gritos, sofrimento) como dedução da pena
futura após a morte; ou penitência para aliviar os castigos, Deus não deixará de
levar em conta.

CAPITULO II: A OSTENTAÇÃO DOS SUPLÍCIOS


BANIMENTO E MULTA

O suplício comportava 9 a 10% das penas, em 260 sentenças, o Parlamento de


Flandres pronunciou 39 condenações a morte, de 1721 a 1730.
A maior parte das condenações eram banimento e multa, mas eram acompanhadas de
algum tipo de pena com dimensão de suplício, como exposição, roda, coleira de ferro,
açoite, etc. O banimento era muitas vezes precedido pela exposição e pela marcação
com ferrete, a multa, as vezes, era acompanhada de açoite.

CAPITULO II: A OSTENTAÇÃO DOS SUPLÍCIOS


CONFISSÃO
■ No interior do crime reconstituído por escrito, o criminoso que confessa vem
desempenhar o papel de verdade ativa.
■ É a peça complementar de uma informação escrita e secreta.
■ Ela sozinha não pode levar a condenação; deve ser acompanhada de indícios
anexos, e de presunções.
■ É ambígua, pois ao mesmo tempo a confissão ganha de qualquer prova.
■ O acusado aceita a acusação e reconhece que esta é bem fundamentada.
■ Exige que seja espontânea, formulada diante do tribunal competente, que seja feita
com toda consciência.
■ É obtida por meio do juramento antes do interrogatório e pela tortura.

CAPITULO II: A OSTENTAÇÃO DOS SUPLÍCIOS


INTERROGATÓRIO
■ Trata-se de uma prática regulamentada, que obedece a um procedimento bem definido,
com momentos, duração, instrumentos utilizados, comprimento das cordas, peso dos
chumbos, número de cunhas, intervenções do magistrado que interroga, tudo segundo
os diferentes hábitos, cuidadosamente codificado.
■ Aonde se pratica a tortura: violência física para arrancar uma verdade.
■ Suplício da verdade.
■ O “paciente” –termo pelo qual é designado o supliciado – é submetido a uma série de
provas, de severidade graduada e que ele ganha “aguentando”, ou perde
“confessando”.
■ Se o paciente aguenta e não morre, o magistrado é obrigado a abandonar as acusações.
■ Introduzir o suplício do interrogatório com reservas de provas, assim o magistrado
poderia continuar com o processo, mas, o suspeito não poderia ser condenado a morte.
■ Não submeter um acusado ao suplício do interrogatório caso haja provas concretas para
sua condenação.
CAPITULO II: A OSTENTAÇÃO DOS SUPLÍCIOS
Suplício jurídico-político

■ O crime, além de sua vítima imediata, ataca o soberano; ataca-o pessoalmente,


pois a lei vale como a vontade do soberano; ataca-o fisicamente, pois a força da lei
é a força do príncipe. Para que uma lei pudesse vigorar nesse reino era necessário
que emanasse direto do soberano ou pelo menos confirmada como selo de sua
autoridade.
■ É um cerimonial para reconstituir a soberania lesada por um instante.

CAPITULO II: A OSTENTAÇÃO DOS SUPLÍCIOS


Participação do povo nas cerimônias
■ Papel do povo é ambíguo nesse cenário.
■ É chamado como espectador: é convocado para assistir às exposições, às
confissões públicas; os pelourinhos, as forcas e os cadafalsos são erguidos nas
praças públicas ou à beira dos caminhos.
■ As pessoas não tem apenas que saber e sim ver com seus próprio olhos, para que
tenham medo.
■ Devem ser testemunhas da punição.
■ Um suplício escondido é um suplicio privilegiado.

CAPITULO II: A OSTENTAÇÃO DOS SUPLÍCIOS


POVO CONTRA O PODER PUNITIVO
■ O povo atraído a um espetáculo feito para aterrorizá-lo, pode precipitar sua recusa
do poder punitivo, e às vezes sua revolta.
■ Impedir uma execução que se considera injusta, arrancar um condenado às mãos
do carrasco, obter à força seu perdão, eventualmente perseguir e assaltar os
executores, de qualquer maneira maldizer os juízes e fazer tumulto contra a
sentença.
■ Condenação considerada injusta, e se vê levar a morte um homem do povo, por um
crime que teria custado, a alguém mais bem nascido ou mais rico, uma pena
relativamente leve.
■ Certas práticas da justiça penal não eram mais suportadas no século XVIII. Dava
lugar a começos de agitação, pela população que não suportava há muito tempo.
■ Agitação contra as penas excessivamente pesadas para os delitos frequente e
considerados pouco graves.

CAPITULO II: A OSTENTAÇÃO DOS SUPLÍCIOS


GLORIFICAÇÃO DO CRIME
■ Crime como obra de seres de exceção, porque releva a monstruosidade dos fortes e
dos poderosos, porque a perversidade é ainda uma maneira de ser privilegiado.
■ Apropriação da criminalidade sob formas aceitáveis.
■ Passou-se da exposição dos fatos ou da confissão ao lento processo da descoberta;
do momento do suplicio à fase do inquérito; do confronto físico com o poder à luta
intelectual entre o criminoso e inquisidor.
■ Não há mais heróis populares nem grandes execuções; os criminosos são maus,
mas inteligentes; e se há punição, não há sofrimento.
■ Os jornais que trarão à luz nas colunas dos crimes e ocorrências diárias a mornidão
sem epopeia do delitos e punições.
■ Os grandes assassinatos tornaram-se o jogo silencioso dos sábios.

CAPITULO II: A OSTENTAÇÃO DOS SUPLÍCIOS

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