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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
JACP
Nº 70085054880 (Nº CNJ: 0019041-11.2021.8.21.7000)
2021/CRIME
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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
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Nº 70085054880 (Nº CNJ: 0019041-11.2021.8.21.7000)
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ACÓRDÃO
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Relator.
RELATÓRIO
DES. JOSÉ ANTÔNIO CIDADE PITREZ (RELATOR)
Na Comarca de São Pedro do Sul, o Ministério Público ofereceu denúncia
contra RICARDO SANTOS VIEIRA, nascido em 23NOV1982, pela prática dos delitos
tipificados no artigo 121, §2°, incisos II e IV, na forma do artigo 14, inciso II, e no artigo
121, §2º, incisos II, IV e VII, na forma do artigo 14, inciso II, todos do Código Penal.
Da inicial acusatória, apreende-se (fls. 02/03v):
“(...)
1º Fato:
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2º Fato:
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(...)”.
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VOTOS
DES. JOSÉ ANTÔNIO CIDADE PITREZ (RELATOR)
Ausente questões preliminares e/ou prejudiciais a serem apreciadas, passo de
imediato ao exame do mérito.
A existência (prova da materialidade) do primeiro fato delituoso (vítima
Diogo Cavalheiro da Rosa), objeto do recurso, está consubstanciada no boletim de
ocorrência policial (fls. 07-08), no boletim hospitalar (fls. 29/31) e no Laudo Pericial nº
186199/2018 (fls. 136-137).
No que toca aos indícios suficientes de autoria, aptos a manter a pronúncia
do réu, verifico que estão presentes nos autos. Reproduzo, para tanto, trecho da r. sentença,
da lavra da Dra. Luana Schneider, em que sumariada a prova oral colhida ao longo da
instrução (fls. 170v/172v):
“(...)
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(...)” (grifei).
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Neste contexto, não existindo prova suficiente que afaste qualquer dúvida
acerca de possível excludente de ilicitude, sobretudo de quem iniciou as agressões, bem
como da moderação do meio empregado, a matéria deverá ser submetida à apreciação do
Tribunal do Júri.
Demais disso, a desclassificação do delito para outro diverso da
competência do Tribunal do Júri, ao argumento de ausência do animus necandi, comporta
maior reflexão pelos Senhores Jurados, dada a dinâmica dos fatos, em que o réu teria
desferido diversos golpes de faca na vítima, alguns deles em regiões vitais (tórax e
pescoço).
Nesta esteira, não há certeza de que não houve intenção de matar por parte
do réu, devendo o elemento subjetivo da conduta ser dirimido pelo Conselho de Sentença,
uma vez que a desclassificação só teria lugar se nenhuma dúvida houvesse acerca da
ausência de dolo na conduta da agente, o que não ocorre na espécie
A propósito, reproduzo a seguinte passagem do voto do saudoso Des. Marco
Aurélio Canosa (RSE nº 70052976545): “a ausência de animus necandi trata-se de alegação
de “... factum internum, e desde que não é possível pesquisá-lo no “foro intimo” do agente,
tem-se de inferi-lo dos elementos e circunstâncias do fato externo.”, ou seja, “É sobre
pressupostos de fato, em qualquer caso, que há de assentar o processo lógico pelo qual se
deduz o dolo distintivo do homicídio.”, como, há muito deixou assentado o mestre
HUNGRIA (COMENTÁRIOS AO CÓDIGO PENAL, Vol. V, 6ª edição, Forense, 1981, fls. 49) . E
prossegue: “(...) já decidiu esta Corte, por sua colenda CÂMARA ESPECIAL
CRIMINAL, quando do julgamento, em 10/09/2002, do Recurso em Sentido
Estrito Nº 70004609368, a ausência de dolo e a desistência voluntária
são “TESES QUE EXIGEM PERQUIRICAO DO ANIMUS DO AGENTE,
INGRESSANDO EM MATERIA DE COMPETENCIA CONSTITUCIONAL
PRIVATIVA DO TRIBUNAL DO JURI.”.
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