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Ethics
in
Practice
(Oxford:
Blackwell
Publishing,
2002,
p
140-‐146).
Edited
by
Hugh
LaFollette
©
1997,
2002
by
Blackwell
Publishing
Ltd.
ISBN:
0-‐631-‐22834-‐9
Tradução:
Rafael
Rodrigues
Pereira
(professor
adjunto
do
departamento
de
filosofia
da
Ufg)
A
Defesa
dos
Direitos
dos
Animais
Tom
Regan
Como
proceder?
Começaremos
nos
perguntando
como
o
status
moral
dos
animais
foi
entendido
por
pensadores
que
negam
que
estes
tenham
direitos.
Então
testaremos
a
força
de
suas
ideias,
verificando
como
se
sustentam
à
luz
da
crítica
justa.
Se
iniciarmos
nossa
análise
desta
maneira,
descobriremos
logo
que
algumas
pessoas
acreditam
que
não
temos
deveres
para
com
os
animais,
que
não
devemos
nada
a
eles,
que
não
podemos
fazer
nada
de
errado
com
eles.
Podemos,
sim,
realizar
atos
errados
que
envolvem
animais,
e,
portanto,
temos
deveres
que
os
incluem,
mas
não
para
com
eles.
Estas
visões
podem
ser
chamadas
de
concepções
de
deveres
indiretos.
Como
ilustração:
suponha
que
seu
vizinho
chute
seu
cão.
Então
ele
fez
algo
errado.
Mas
não
com
seu
cão.
O
erro
cometido
foi
com
você.
Afinal,
é
errado
aborrecer
pessoas,
e
o
fato
de
seu
vizinho
ter
chutado
seu
cão
aborrece
você.
Portanto,
foi
a
você
que
foi
feito
algo
errado,
e
não
a
seu
cão.
Ou
ainda:
ao
chutar
seu
cão,
seu
vizinho
danifica
sua
propriedade.
E,
como
é
errado
danificar
a
propriedade
de
outra
pessoa,
seu
vizinho
fez
algo
errado
–
a
você,
obviamente,
e
não
a
seu
cão.
Seu
vizinho
não
prejudica
mais
seu
cão
do
que
se
o
para-‐brisa
de
seu
carro
tivesse
sido
amassado.
Os
deveres
de
seu
vizinho
em
relação
a
seu
cão
são
deveres
indiretos
para
com
você.
De
forma
mais
geral,
todos
os
nossos
deveres
para
com
os
animais
são
deveres
indiretos
para
com
outro
alguém
–
para
com
a
humanidade.
Como
se
poderia
tentar
justificar
esta
posição?
Alguém
poderia
dizer
que
seu
cão
não
sente
nada,
e,
portanto,
não
é
machucado
pelo
chute
de
seu
vizinho,
não
se
importando
com
a
dor,
já
que
nenhuma
é
sentida,
sendo
tão
inconsciente
de
tudo
quando
seu
para-‐brisa.
Alguém
poderia
dizer
isso,
mas
nenhuma
pessoa
racional
o
fará,
pois,
entre
outras
coisas,
esta
posição
comprometeria
qualquer
um
que
a
mantenha
com
a
tese
de
que
nenhum
ser
humano
sente
dor
tampouco
–
de
que
seres
humanos
também
não
se
importam
com
o
que
lhes
acontece.
Outra
possibilidade
é
considerar
que,
embora
tanto
seres
humanos
quanto
seu
cão
sejam
feridos
quando
chutados,
somente
a
dor
dos
seres
humanos
é
importante.
Mas,
mais
uma
vez,
nenhuma
pessoa
racional
pode
acreditar
nisso.
Dor
é
dor,
onde
quer
que
ocorra.
Se
o
fato
de
seu
vizinho
lhe
causar
dor
é
errado
devido
à
dor
infligida,
não
podemos
racionalmente
ignorar
ou
repudiar
a
relevância
moral
da
dor
sentida
por
seu
cão.
Filósofos
que
sustentam
deveres
indiretos
–
e
muitos
ainda
o
fazem
–
compreenderam
que
precisavam
evitar
ambos
os
defeitos
apontados
acima:
tanto
a
visão
de
que
os
animais
não
sentem
dor
quando
a
de
que
somente
a
dor
dos
seres
humanos
é
moralmente
relevante.
Entre
tais
pensadores,
o
tipo
de
visão
agora
predominante
é
alguma
variante
daquilo
que
é
conhecido
como
contractarianismo.
Eis,
colocada
cruamente,
a
ideia
central:
a
moralidade
consiste
em
um
sistema
de
regras
que
os
indivíduos
concordam
voluntariamente
em
seguir,
como
quando
assinamos
um
contrato
(daí
o
nome
contractarianismo).
Aqueles
que
compreendem
e
aceitam
os
termos
do
contrato
são
cobertos
diretamente;
têm
direitos
criados,
reconhecidos
e
protegidos.
E
estes
contratantes
também
pode
obter
proteção
expandida
para
outros,
que,
embora
não
tenham
a
capacidade
de
compreender
a
moralidade
e,
portanto,
não
possam
eles
próprios
assinar
o
contrato,
são
amados
e
estimados
por
aqueles
que
podem.
Assim,
crianças,
por
exemplo,
não
podem
assinar
contratos
e
não
têm
direitos.
Mas,
ainda
assim,
são
protegidos,
devido
ao
interesse
sentimental
de
outros,
sobretudo
de
seus
pais.
Nós
temos,
então,
deveres
que
envolvem
estas
crianças,
que
as
concernem,
mas
não
deveres
para
com
elas.
Neste
caso,
nossos
deveres
são
indiretos
para
outros
seres
humanos,
na
maioria
das
vezes
seus
pais.
Em
relação
aos
animais,
já
que
estes
não
podem
compreender
contratos,
não
podem,
obviamente,
assiná-‐los.
E,
já
que
não
podem
assiná-‐los,
não
têm
direitos.
No
entanto,
assim
como
no
caso
das
crianças,
alguns
animais
são
o
objeto
de
interesse
sentimental
de
outros.
Você,
por
exemplo,
ama
o
seu
cão
ou
o
seu
gato.
Então
aqueles
animais
que
são
amados
por
um
número
suficiente
de
pessoas
(animais
domésticos,
baleias,
bebês
focas,
a
águia
careca
americana),
embora
não
tenham,
eles
próprios,
direitos,
serão
protegidos
por
causa
do
interesse
sentimental
das
pessoas.
De
acordo
com
o
contractarianismo,
assim,
não
tenho
nenhum
dever
direto
para
com
seu
cão
ou
qualquer
outro
animal,
nem
mesmo
o
dever
de
não
lhe
causar
dor
ou
sofrimento;
meu
dever
em
não
ferir
estes
animais
é
um
dever
para
com
aquelas
pessoas
que
se
importam
com
o
que
acontece
com
eles.
Assim,
em
relação
a
outros
animais,
onde
não
há
nenhum
ou
pouco
interesse
sentimental
–
como
animais
de
fazenda,
por
exemplo,
ou
ratos
de
laboratório
–
os
deveres
que
temos
se
tornam
cada
vez
mais
fracos,
talvez
até
o
ponto
de
desaparecer.
A
dor
e
morte
que
estes
animais
suportam,
embora
real,
não
é
errada
se
não
há
ninguém
que
se
importe
com
eles.
O
contractarianismo
poderia
ser
difícil
de
refutar
em
relação
ao
status
moral
dos
animais,
se
fosse
uma
abordagem
teórica
adequada
para
o
status
moral
dos
seres
humanos.
Mas
ele
não
é
adequado
neste
último
aspecto,
o
que
faz
a
questão
de
sua
adequação
em
relação
ao
primeiro
caso
bastante
controversa.
Consideremos:
a
moralidade,
de
acordo
com
a
(crua)
visão
contractarianista
que
estamos
descrevendo,
consiste
em
regras
que
as
pessoas
concordam
em
seguir.
Que
pessoas?
Bem,
o
suficiente
para
fazer
alguma
diferença
–
ou
seja,
o
suficiente
para
ter
coletivamente
o
poder
de
fazer
com
que
as
regras
previstas
pelo
contrato
sejam
cumpridas.
Isso
é
muito
bom
para
aqueles
que
assinaram
o
contrato,
mas
não
tão
bom
para
aqueles
que
não
foram
consultados.
E
não
há
nada
no
contractarianismo
que
estamos
discutindo
que
garanta
ou
exija
que
todos
terão
a
chance
de
participar
de
forma
igualitária
ao
forjar
as
regras
da
moralidade.
O
resultado
é
que
esta
abordagem
da
ética
poderia
sancionar
as
formas
mais
grosseiras
de
injustiça
sociais,
econômicas,
morais
e
políticas,
desde
um
sistema
de
castas
repressivo
até
práticas
sistemáticas
de
discriminação
racial
ou
sexual.
Segundo
esta
teoria,
poder
faz
o
certo.
Vamos
deixar
aqueles
que
são
vítimas
da
injustiça
sofrerem
à
vontade.
Isso
não
importa,
contanto
que
ninguém
–
nenhum
contratante
ou
apenas
poucos
deles
–
se
importe
com
isso.
Tal
teoria
retira
todo
nosso
fôlego
moral...
como
se,
por
exemplo,
não
houvesse
nada
de
errado
como
o
apartheid
na
África
do
Sul
se
apenas
uns
poucos
brancos
sul
africanos
estivessem
aborrecidos
com
isso.
Uma
teoria
com
tão
pouco
a
recomendar
em
termos
éticos
para
com
nossos
companheiros
humanos
não
pode
ter
nada
mais
a
recomendar
em
relação
a
como
devemos
tratar
os
animais.
A
versão
do
contractarianismo
que
examinamos
é,
como
observei,
uma
versão
bastante
grosseira,
e,
para
ser
justo
com
os
contractarianistas,
é
preciso
observar
que
versões
mais
refinadas,
sutis
e
engenhosas
são
possíveis.
Por
exemplo,
John
Rawls,
em
Uma
Teoria
da
Justiça,
apresenta
uma
versão
que
força
os
contratantes
a
ignorar
as
características
acidentais
dos
seres
humanos
–
por
exemplo,
se
alguém
é
negro
ou
branco,
homem
ou
mulher,
gênio
ou
de
intelecto
modesto.
Somente
se
ignorarmos
estas
características,
Rawls
acredita,
teremos
certeza
de
que
os
princípios
da
justiça
acordados
pelos
contratantes
não
se
basearão
em
inclinações
ou
preconceitos.
Apesar
do
aprimoramento
que
uma
visão
como
a
de
Rawls
representa
em
relação
às
formas
mais
grosseiras
de
contractarianismo,
ela
permanece
deficiente:
pois
nega
sistematicamente
que
tenhamos
deveres
diretos
para
com
aqueles
seres
humanos
que
não
possuem
um
senso
de
justiça
–
crianças,
por
exemplo,
e
muitos
humanos
com
retardamento
mental.
E,
no
entanto,
parece
bastante
claro
que,
se
torturamos
uma
criança
ou
um
idoso
com
retardamento,
estaríamos
fazendo
algo
de
errado
com
ele
ou
ela,
e
não
algo
que
seria
considerado
errado
se
(e
somente
se)
outros
seres
humanos
com
um
senso
de
justiça
fossem
incomodados.
E,
já
que
isto
é
verdade
para
estes
humanos,
não
podemos
racionalmente
negar
o
mesmo
no
caso
dos
animais.
Assim,
visões
de
deveres
indiretos,
incluindo
as
melhores
delas,
falham
em
satisfazer
nosso
assentimento
racional.
Qualquer
teoria
ética
que
devamos
racionalmente
aceitar,
portanto,
deve
ao
menos
reconhecer
que
temos
alguns
deveres
diretos
para
com
os
animais,
da
mesma
forma
que
temos
deveres
diretamente
uns
para
com
os
outros.
As
próximas
duas
teorias
que
vou
esboçar
procuram
atender
a
este
requerimento.
A
primeira
eu
chamo
de
visão
da
crueldade-‐bondade.
De
forma
simples,
ela
diz
que
temos
um
dever
direto
de
sermos
bondosos
com
os
animais,
e
um
dever
direto
de
não
sermos
cruéis
com
eles.
Embora
estas
ideias
soem
familiares
e
reconfortantes,
não
acredito
que
esta
visão
ofereça
uma
teoria
adequada.
Para
deixar
isso
mais
claro,
consideremos,
por
exemplo,
a
bondade.
Uma
pessoa
bondosa
age
a
partir
de
certo
tipo
de
motivo
–
compaixão
ou
preocupação,
por
exemplo.
E
isto
é
uma
virtude.
Mas
não
há
nenhuma
garantia
de
que
um
ato
bondoso
é
um
ato
correto.
Se
sou
um
racista
generoso,
por
exemplo,
tenderei
a
ser
gentil
com
membros
de
minha
própria
raça,
favorecendo
seus
interesses
em
detrimento
dos
interesses
dos
outros.
Minha
generosidade
seria
real
e,
dentro
de
suas
limitações,
boa.
Mas
acredito
ser
bastante
óbvio,
mesmo
sem
argumentação,
que
meus
atos
podem
não
estar
acima
da
reprovação
moral
–
eles
podem,
na
verdade,
ser
positivamente
errados,
fruto
da
injustiça.
Assim,
a
bondade,
não
obstante
seu
status
de
virtude
a
ser
encorajada,
simplesmente
não
sustenta
o
peso
de
uma
teoria
da
ação
correta.
A
crueldade
não
se
sai
melhor.
Pessoas
ou
seus
atos
são
cruéis
se
demonstram
uma
falta
de
empatia,
ou,
pior
ainda,
prazer
com
o
sofrimento
alheio.
A
crueldade
é,
em
todos
os
seus
aspectos,
uma
coisa
ruim,
uma
falha
humana
trágica.
Mas,
assim
como
a
motivação
baseada
na
bondade
não
garante
que
uma
pessoa
faça
o
que
é
certo,
da
mesma
forma
a
ausência
de
crueldade
não
garante
que
ele
ou
ela
evite
fazer
o
que
é
errado.
Muitas
pessoas
que
realizam
abortos,
por
exemplo,
não
são
cruéis
ou
sádicas.
Mas
este
fato,
por
si
mesmo,
não
resolve
a
questão
terrivelmente
difícil
da
moralidade
do
aborto.
O
caso
não
é
diferente
se
examinamos
a
ética
de
nosso
tratamento
aos
animais.
Então,
sim,
sejamos
a
favor
da
bondade
e
contra
a
crueldade.
Mas
não
acreditemos
que
ser
a
favor
de
uma
e
contra
a
outra
responda
a
questões
morais
sobre
o
certo
e
o
errado.
Algumas
pessoas
acham
que
a
teoria
que
estamos
procurando
é
o
utilitarismo.
Um
utilitarista
aceita
dois
princípios
morais.
O
primeiro
é
de
igualdade:
o
interesses
de
todos
contam,
e
interesses
similares
devem
contar
com
o
mesmo
peso
e
importância.
Branco
ou
negro,
americano
ou
iraniano,
humano
ou
animal
–
a
dor
ou
frustração
de
todos
importa,
e
importa
tanto
quanto
a
dor
ou
frustração
de
qualquer
outro.
O
segundo
princípio
aceito
por
um
utilitarista
é
o
princípio
de
utilidade:
faça
aquilo
que
trará
o
melhor
saldo
líquido
entre
satisfação
e
frustração
para
todos
aqueles
afetados
pelo
resultado.
Como
utilitarista,
então,
eis
como
eu
devo
realizar
a
tarefa
de
decidir
o
que
fazer
moralmente:
devo
me
perguntar
quem
será
afetado
se
escolho
fazer
isso
ao
invés
daquilo,
o
quanto
cada
indivíduo
será
afetado,
e
onde
é
mais
provável
que
residam
os
melhores
resultados
em
termos
de
satisfação
e
frustração.
Esta
é
a
opção
que
devo
fazer,
seja
ela
qual
for.
É
nela
que
reside
meu
dever
moral.
O
grande
apelo
do
utilitarismo
está
em
seu
igualitarismo
intransigente:
o
interesse
de
todos
conta,
e
conta
tanto
quanto
o
de
todos
os
demais.
O
tipo
de
discriminação
odioso
que
algumas
formas
de
contractarianismo
pode
justificar
–
discriminação
baseada
na
raça
ou
no
sexo,
por
exemplo
–
parece
descartada,
em
princípio,
pelo
utilitarismo,
assim
como
o
especismo,
que
é
a
discriminação
sistemática
baseada
no
pertencimento
a
uma
espécie.
A
igualdade
que
encontramos
no
utilitarismo,
no
entanto,
não
é
do
tipo
que
um
defensor
de
direitos
humanos
ou
dos
animais
deveria
ter
em
mente.
Pois
não
há
espaço,
no
utilitarismo,
para
direitos
iguais
de
diferentes
indivíduos,
porque
não
há
espaço
para
seu
igual
valor
inerente.
O
que
tem
valor
para
o
utilitarista
é
a
satisfação
dos
interesses
de
um
indivíduo,
e
não
o
indivíduo
que
tem
estes
interesses.
Um
universo
no
qual
você
satisfaz
seu
desejo
por
água,
comida
e
calor,
é,
todo
o
resto
permanecendo
inalterado,
melhor
do
que
um
universo
onde
estes
desejos
são
frustrados.
E
o
mesmo
vale
para
animais
com
desejos
similares.
Mas
nem
você
nem
o
animal
têm
qualquer
valor
em
si
mesmo.
Somente
seus
sentimentos
têm.
Eis
uma
analogia
para
tornar
este
ponto
filosoficamente
mais
claro:
uma
xícara
contém
diferentes
líquidos,
alguns
doces,
outros
amargos,
às
vezes
uma
mistura
dos
dois.
O
que
tem
valor
são
os
líquidos:
quanto
mais
doce
melhor,
quanto
mais
amargo
pior.
A
xícara,
o
recipiente,
não
tem
valor.
É
o
que
vai
dentro,
e
não
aquilo
dentro
do
qual
se
está,
que
tem
valor.
Para
o
utilitarista,
você
e
eu
somos
como
a
xícara;
não
temos
valor
enquanto
indivíduos,
e,
portanto,
nenhum
valor
igual.
O
que
tem
valor
é
o
que
vai
dentro
de
nós,
aquilo
para
o
que
servimos
de
receptáculos;
nossos
sentimentos
de
satisfação
têm
valor
positivo;
nosso
sentimentos
de
frustração
têm
valor
negativo.
Problemas
sérios
surgem
para
o
utilitarismo
quando
nos
lembramos
de
que
ele
nos
diz
para
promover
as
melhores
consequências.
O
que
isto
significa?
Não
são
as
melhores
consequências
apenas
para
mim,
ou
pra
minha
família
ou
amigos,
ou
para
qualquer
outra
pessoa
considerada
individualmente.
O
que
devemos
fazer,
grosso
modo,
é
o
seguinte:
devemos
somar
(seja
lá
como
for!)
as
satisfações
e
frustrações,
consideradas
separadamente,
de
todos
os
prováveis
afetados
pela
minha
escolha,
satisfações
em
uma
coluna,
frustrações
na
outra.
Temos
que
totalizar
cada
coluna
para
cada
uma
das
opções
diante
de
nós.
É
isto
o
que
significa
dizer
que
a
teoria
é
agregativa.
E
então
devemos
escolher
aquela
opção
que
mais
provavelmente
trará
o
melhor
saldo
de
satisfações
agregadas
contra
as
frustrações
agregadas.
Qualquer
ato
que
leve
a
este
resultado
é
aquele
que
devemos
realizar
do
ponto
de
vista
moral
–
é
onde
reside
nosso
dever.
E
este
ato,
claramente,
pode
não
ser
aquele
que
traria
os
melhores
resultados
para
mim
pessoalmente,
ou
para
minha
família
ou
amigos,
ou
para
um
animal
de
laboratório.
As
melhores
consequências
agregadas
para
todos
os
afetados
não
são
necessariamente
as
melhores
para
cada
indivíduo.
Que
o
utilitarismo
é
agregativo
–
diferentes
satisfações
ou
frustrações
dos
indivíduos
são
adicionadas,
somadas,
ou
totalizadas
–
é
a
objeção-‐chave
a
esta
teoria.
Minha
tia
Bea
é
idosa,
inativa,
uma
pessoa
irritadiça
e
amarga,
embora
não
seja
fisicamente
doente.
Ela
prefere
continuar
vivendo.
Ela
também
é
bastante
rica,
e
eu
poderia
fazer
uma
fortuna
se
pusesse
as
mãos
em
seu
dinheiro,
dinheiro
este
que
ela
pretende
me
dar
quando
morrer,
mas
que
se
recusa
a
dar
agora.
Para
evitar
uma
pesada
taxação
de
impostos,
planejo
doar
parte
considerável
de
meus
ganhos
para
uma
hospital
infantil
local.
Muitas,
muitas
crianças
se
beneficiarão
de
minha
generosidade,
e
muita
alegria
será
trazida
a
seus
pais,
parentes
e
amigos.
Se
eu
não
obter
o
dinheiro
logo,
todas
estas
ambições
irão
por
água
abaixo.
A
oportunidade
de
uma
vida
em
cometer
um
assassinato
terá
sido
desperdiçada.
Por
que,
então,
não
matar
minha
tia
Bea?
Oh,
é
claro,
eu
poderia
ser
pego.
Mas
não
sou
bobo,
e,
além
disso,
posso
contar
com
a
cooperação
do
médico
dela
(ele
está
de
olho
no
mesmo
investimento,
e
eu
conheço
alguns
podres
de
seu
passado).
O
ato
pode
ser
realizado...
profissionalmente,
poderíamos
dizer.
Há
pouquíssimas
chances
de
eu
ser
pego.
E,
quanto
à
possibilidade
de
peso
na
consciência,
sou
um
homem
com
muitos
recursos,
e
terei
conforto
mais
do
que
suficiente
–
em
uma
praia
de
Acapulco
–
enquanto
contemplo
toda
a
alegria
e
saúde
que
trouxe
para
tantas
pessoas.
Suponhamos
que
minha
tia
Bea
seja
assassinada,
e
todo
o
resto
da
história
ocorra
como
descrevi.
Teria
eu
feito
alguma
coisa
de
errado?
Alguma
coisa
imoral?
Poderíamos
pensar
que
sim.
Mas
não
de
acordo
com
o
utilitarismo.
Como
minha
ação
produziu
o
melhor
saldo
líquido
de
satisfação
e
frustração
para
todos
os
afetados,
não
foi
errada.
Pelo
contrário,
ao
matar
tia
Bea,
eu
e
o
médico
cumprimos
com
nosso
dever.
O
mesmo
tipo
de
argumento
pode
ser
repetido
em
uma
ampla
variedade
de
casos,
ilustrando,
a
cada
vez,
como
a
posição
utilitarista
leva
a
resultados
que
pessoas
imparciais
considerariam
inumanos
[callous]. É
errado
matar
minha
tia
Bea
para
produzir
os
melhores
resultados
para
outras
pessoas.
Um
bom
fim
não
justifica
meios
maus.
Qualquer
teoria
moral
adequada
terá
que
explicar
porque
é
assim.
O
utilitarismo
falha
neste
aspecto,
e,
portanto,
não
pode
ser
a
teoria
que
procuramos.
O
que
fazer?
Por
onde
começar?
O
ponto
de
partida,
acredito,
está
na
visão
utilitarista
sobre
do
valor
do
indivíduo
–
ou
melhor,
na
ausência
deste.
Ao
invés
disso,
suponhamos
que
eu
e
você,
por
exemplo,
temos
valor
como
indivíduos
–
o
que
chamaremos
de
valor
inerente.
Dizer
que
temos
este
valor
significa
que
somos
mais,
algo
diferente,
do
que
meros
receptáculos.
Além
disso,
para
assegurar
que
não
estaremos
pavimentando
o
caminho
para
injustiças
como
a
escravidão
e
a
discriminação
sexual,
devemos
pressupor
que
todos
os
que
têm
este
valor
inerente
o
têm
igualmente,
independentemente
de
seu
sexo,
raça,
religião,
local
de
nascimento
e
assim
por
diante.
De
forma
similar,
devem
ser
descartados
como
irrelevantes
os
talentos
ou
habilidades
de
uma
pessoa,
inteligência
e
riqueza,
personalidade
ou
patologias,
se
esta
pessoa
é
amada
e
admirada
ou,
ao
contrário,
desprezada
e
rejeitada.
O
gênio
e
a
criança
com
retardamento,
o
príncipe
e
o
indigente,
o
neurocirurgião
e
o
vendedor
de
frutas,
Madre
Teresa
e
o
inescrupuloso
vendedor
de
carros
–
todos
eles
têm
valor
inerente,
todos
o
possuem
igualmente,
e
todos
têm
um
direito
igual
de
serem
tratados
com
respeito,
de
serem
tratados
de
maneiras
que
não
os
reduzam
ao
status
de
coisas,
como
se
existissem
apenas
como
recursos
para
os
outros.
Meu
valor
enquanto
indivíduo
é
independente
de
minha
utilidade
para
você.
E
o
seu
valor
não
depende
de
sua
utilidade
para
mim.
Para
qualquer
um
de
nós,
tratar
o
outro
de
maneiras
que
falham
em
mostrar
respeito
por
seu
valor
independente
é
agir
imoralmente,
violar
os
direitos
do
indivíduo.
Algumas
das
virtudes
racionais
desta
visão
–
que
chamarei
de
visão
dos
direitos
–
deveriam
parecer
evidentes.
Ao
contrário
do
(cru)
contractarianismo,
por
exemplo,
a
visão
de
direitos
por
princípio
exclui
a
tolerância
moral
com
qualquer
forma
de
discriminação
racial,
sexual
ou
social;
e,
ao
contrário
do
utilitarismo,
esta
visão
por
princípio
nega
que
possamos
justificar
bons
resultados
usando
meios
maus,
que
violam
os
direitos
individuais
–
nega,
por
exemplo,
que
seria
moral
matar
minha
tia
Bea
para
colher
consequências
benéficas
para
outros.
Seria
sancionar
o
tratamento
desrespeitoso
de
um
indivíduo
em
nome
do
bem
social,
algo
que
a
visão
de
direitos,
categoricamente,
nunca
permitiria.
A
visão
dos
direitos,
acredito,
é
a
teoria
mais
satisfatória
racionalmente.
Ela
supera
todas
as
outras
na
medida
em
que
ilumina
e
explica
o
fundamento
de
nossos
deveres
uns
para
com
os
outros
–
o
domínio
da
moralidade
humana.
Neste
sentido
tem
as
melhores
razões,
os
melhores
argumentos,
do
seu
lado.
Naturalmente,
se
fosse
possível
mostrar
que
somente
os
seres
humanos
estão
incluídos
em
sua
esfera,
então
uma
pessoa
como
eu,
que
acredita
em
direitos
dos
animais,
teria
que
procurar
em
outro
lugar.
Mas
podemos
mostrar
que
tentativas
em
limitar
seu
alcance
somente
aos
humanos
são
racionalmente
insatisfatórias.
É
verdade
que
falta
aos
animais
muitas
das
habilidades
que
os
humanos
possuem.
Os
animais
não
podem
ler,
fazer
matemática
avançada,
construir
uma
estante,
ou
fazer
baba
ganoush.1 Mas
muitos
seres
humanos
também
não,
e,
no
entanto,
nós
não
dizemos
(e
nem
deveríamos)
que
estes
humanos
têm
menos
valor
inerente,
menos
direito
em
serem
tratados
com
respeito,
do
que
outros.
O
que
realmente
importa
não
são
nossas
diferenças,
mas
sim
as
similaridades
que
existem
entre
aqueles
seres
humanos
que,
de
forma
clara
e
não
controversa,
têm
determinado
valor
(as
pessoas
que
estão
lendo
este
texto,
por
exemplo).
E
a
similaridade
realmente
crucial,
a
mais
básica,
é
simplesmente
esta:
cada
um
de
nós
é
o
sujeito
de
experiências
de
uma
vida,2
uma
criatura
consciente,
que
possui
um
bem-‐
estar
individual
cuja
importância
independe
de
nossa
utilidade
1
Prato
de
origem
árabe
(N.
do
T).
2
The
experiencing
subject
of
a
life
(N
do
T).
para
os
outros.
Nós
queremos
e
preferimos
coisas,
acreditamos
e
sentimos,
nos
lembramos
e
antecipamos.
E
todas
estas
dimensões
de
nossa
vida,
incluindo
nosso
prazer
e
dor,
alegria
e
sofrimento,
satisfação
e
frustração,
nossa
existência
contínua
ou
morte
prematura
-‐
todas
estas
dimensões
afetam
a
qualidade
desta
vida
que
é
vivida,
experimentada,
por
nós
enquanto
indivíduos.
Como
o
mesmo
pode
ser
dito
daqueles
animais
que
nos
interessam
aqui
(que
são
comidos
e
presos
por
nós,
por
exemplo),
eles
também
devem
ser
vistos
como
sujeitos
de
experiências
de
uma
vida,
com
seu
próprio
valor
inerente.
Algumas
pessoas
resistem
à
ideia
de
que
os
animais
possuem
valor
inerente.
“Somente
humanos
têm
este
valor”,
dizem
eles.
Como
esta
visão
estreita
poderia
ser
defendida?
Deveríamos
dizer
que
só
os
humanos
possuem
a
inteligência,
autonomia
ou
razão
requisitadas?
Mas
há
muitos,
muitos
humanos
que
falham
em
satisfazer
estes
padrões,
e
ainda
assim
são
vistos,
de
forma
razoável,
como
possuindo
valor
acima
e
além
de
sua
utilidade
para
os
outros.
Deveríamos
dizer
que
somente
os
humanos
pertencem
à
espécie
certa,
a
espécie
homo
sapiens?
Mas
isso
seria
um
especismo
gritante.
Será
dito,
então,
que
todos
–
e
somente
–
os
seres
humanos
têm
almas
imortais?
Neste
ponto
nossos
oponentes
têm
seu
trabalho
recortado
[cut
out
for
them].
Eu
próprio
não
estou
disposto
a
aceitar
a
proposição
de
que
existem
almas
imortais.
Gostaria
profundamente
de
ter
uma.
Mas
não
iria
querer
basear
minha
posição
em
um
ponto
ético
tão
controverso,
sobre
a
questão
ainda
mais
controversa
de
quem
ou
o
quê
possui
uma
alma
imortal.
Isso
seria
se
afundar
ainda
mais
no
buraco,
e
não
uma
forma
de
sair
dele.
Do
ponto
de
vista
racional,
é
melhor
resolver
problemas
morais
sem
fazer
mais
pressuposições
controversas
do
que
aquelas
necessárias.
A
questão
sobre
quem
tem
valor
inerente
é
um
destes
problemas,
abordado
de
forma
mais
racional
se
não
introduzirmos
a
ideia
de
uma
alma
imortal.
Bem,
talvez
algumas
pessoas
aceitem
que
os
animais
possuem
valor
inerente,
só
que
menor
que
o
nosso.
Mais
uma
vez,
no
entanto,
pode-‐se
mostrar
que
as
tentativas
em
defender
esta
visão
carecem
de
justificativa
racional.
Qual
seria
a
base
em
afirmar
que
nós
temos
mais
valor
inerente
do
que
os
animais?
A
falta
neles
de
razão,
autonomia
ou
intelecto?
Só
se
estivermos
dispostos
a
fazer
o
mesmo
julgamento
no
caso
de
humanos
com
deficiências
similares.
Mas
não
é
verdade
que
estes
humanos
–
a
criança
com
retardamento,
por
exemplo,
ou
pessoas
mentalmente
desajustadas
–
têm
menos
valor
inerente
do
que
você
ou
eu.
Não
podemos,
então,
sustentar
racionalmente
que
animais
que
são
como
estas
pessoas
enquanto
sujeitos
de
experiências
de
uma
vida
têm
menos
valor
inerente.
Todos
os
que
possuem
valor
inerente
o
possuem
igualmente,
sejam
eles
humanos
ou
animais.
O
valor
inerente,
assim,
pertence
igualmente
àqueles
que
são
os
sujeitos
de
experiências
de
uma
vida.
Se
também
pertence
a
outros
–
rochas
e
rios,
árvores
e
geleiras,
por
exemplo
–
nós
não
sabemos
e
talvez
nunca
saibamos.
Mas
nem
precisamos
saber
para
defender
os
direitos
dos
animais.
Nós
não
precisamos
saber,
por
exemplo,
quantas
pessoas
são
aptas
a
votar
na
próxima
eleição
presidencial
para
saber
se
eu
sou.
Da
mesma
forma,
não
precisamos
saber
quantos
indivíduos
possuem
valor
inerente
para
saber
que
alguns
o
têm.
Em
relação
aos
direitos
dos
animais,
então,
o
que
precisamos
saber,
por
exemplo,
é
se
os
animais
que
em
nossa
cultura
são
diariamente
comidos,
caçados
e
usados
em
nossos
laboratórios
são
sujeitos
de
uma
vida
como
nós.
E
nós
sabemos
disso.
Nós
sabemos
que
muitos
–
literalmente,
bilhões
e
bilhões
–
destes
animais
são
sujeitos
de
uma
vida
no
sentido
explicado
e,
portanto,
possuem
valor
inerente
se
nós
o
possuímos.
E,
como
para
chegar
à
melhor
teoria
acerca
de
nossos
deveres
uns
para
com
os
outros
precisamos
reconhecer
nosso
igual
valor
inerente
enquanto
indivíduos,
então
a
razão
–
e
não
o
sentimento,
não
a
emoção
–
a
razão
nos
compele
a
reconhecer
o
valor
inerente
igual
destes
animais,
e,
com
isso,
seu
direito
igual
em
serem
tratados
com
respeito.
Isto,
de
forma
muito
geral,
é
a
forma
e
o
sentimento
[shape
and
feel] da
defesa
dos
direitos
dos
animais.
Muitos
dos
detalhes
do
argumento
central
estão
faltando.
Eles
devem
ser
encontrados
no
livro
com
o
mesmo
título
deste
ensaio.3 Aqui,
os
detalhes
escasseiam,
e
eu
devo,
como
conclusão,
me
limitar
a
dois
pontos
finais.
O
primeiro
é
como
a
teoria
que
dá
suporte
à
defesa
dos
direitos
dos
animais
pode
se
mostrar
como
parte,
e
não
algo
antagônico,
ao
movimento
de
defesa
dos
direitos
humanos.
A
teoria
que
fundamenta
racionalmente
os
direitos
dos
animais
também
fundamenta
os
direitos
humanos.
Aqueles
envolvidos
com
o
primeiro,
assim,
são
parceiros
na
luta
em
assegurar
o
respeito
a
estes
últimos
–
direitos
das
mulheres,
por
exemplo,
ou
de
minorias,
ou
de
trabalhadores.
O
movimento
dos
direitos
dos
animais
é
um
recorte
no
mesmo
tecido
moral
dos
direitos
humanos.
Em
segundo
lugar,
tendo
estabelecido
as
linhas
gerais
da
visão
dos
direitos,
posso
agora
dizer
por
que
suas
implicações
para
a
criação
comercial
de
animais
e
para
a
ciência,
entre
outras
áreas,
é
firme
e
clara.
No
caso
do
uso
de
animais
pela
ciência,
a
visão
dos
direitos
é
categoricamente
abolicionista.
Animais
de
laboratório
não
são
nossos
tasters;
nós
não
somos
seus
reis.
Como
estes
animais
são
tratados
de
forma
rotineira
e
sistemática
como
se
seu
valor
fosse
redutível
à
sua
utilidade
para
outros,
eles
são
sistemática
e
rotineiramente
tratados
de
forma
desrespeitosa,
e,
assim,
seus
direitos
são
sistemática
e
rotineiramente
violados.
Isso
é
verdade
tanto
quando
são
usados
em
pesquisas
triviais,
duplicativas,
desnecessárias
ou
insensatas,
quanto
quando
são
usados
em
estudos
que
oferecem
promessas
reais
de
benefícios
aos
humanos.
Não
podemos
justificar
ferir
ou
matar
um
ser
humano
(minha
tia
Bea,
por
exemplo)
a
partir
deste
tipo
de
razões.
Nem
o
podemos
até
mesmo
no
caso
de
uma
criatura
tão
humilde
como
um
rato
de
laboratório.
Não
é
só
uma
questão
de
refinamento
ou
redução,
nem
de
jaulas
maiores
e
mais
limpas,
nem
um
uso
mais
3
The
Case
for
Animals
Rights
(Berkeley:
University
of
California
Press,
1983).
generoso
de
anestesia
ou
a
eliminação
de
cirurgia
múltipla,
nem
de
uma
limpeza
no
sistema.
É
uma
completa
substituição.
O
melhor
que
podemos
fazer
em
relação
ao
uso
de
animais
pela
ciência
é
–
não
usá-‐los.
É
nisso
que
consiste
nosso
dever,
de
acordo
com
a
visão
dos
direitos.
Em
relação
à
criação
comercial
de
animais,
a
visão
dos
direitos
assume
uma
posição
abolicionista
similar.
O
erro
moral
fundamental,
aqui,
não
é
que
os
animais
sejam
mantidos
em
um
confinamento
apertado
e
estressante,
em
isolamento,
ou
que
sua
dor
e
sofrimento,
necessidades
e
preferências,
sejam
ignorados
ou
minimizados.
Tudo
isso
é
errado,
naturalmente,
mas
não
é
o
erro
fundamental.
São
sintomas
e
efeitos
de
um
erro
mais
profundo
e
sistemático
que
permite
que
estes
animais
sejam
vistos
sem
valor
independente,
como
meros
recursos
para
nós
–
de
fato,
um
recurso
renovável.
Dar
mais
espaço
a
animais
de
fazenda,
mais
ambientes
naturais,
mais
companheiros,
não
corrige
o
erro
fundamental,
assim
como
dar
a
animais
de
laboratório
mais
anestesia
ou
jaulas
maiores
e
limpas
não
corrige
o
erro
no
caso
deles.
Nada
menos
do
que
a
total
dissolução
da
criação
comercial
de
animais
fará
isso,
assim
como,
por
razões
similares
que
não
desenvolverei
aqui,
a
moralidade
requer
nada
menos
do
que
a
eliminação
total
da
caça
e
captura
com
fins
esportivos
e
comerciais.
As
implicações
da
visão
de
direitos,
como
eu
havia
dito,
são
firmes
e
claras.