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Tribunal de Justiça do Piauí

PJe - Processo Judicial Eletrônico

29/01/2024

Número: 0800855-15.2023.8.18.0146
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA
Órgão julgador: JECC Floriano Anexo I
Última distribuição : 25/07/2023
Valor da causa: R$ 25.095,87
Assuntos: Gratificações da Lei 8.112/1990, Licença Prêmio
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
TANIA CRISTINA EVANGELISTA DA SILVA (AUTOR) LUCAS EVANGELISTA SIQUEIRA (ADVOGADO)
LEILISE PEREIRA SANTOS registrado(a) civilmente como
LEILISE PEREIRA SANTOS (ADVOGADO)
MUNICIPIO DE FLORIANO - PROCURADORIA GERAL (REU) VITOR TABATINGA DO REGO LOPES (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
44101 25/07/2023 00:49 AÇÃO INDENIZATORIA - CONVERSAO LICENÇAS Petição
131 PREMIO PECUNIA - TANIA CRISTINA
EVANGELISTA DA SILVA
AO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE FLORIANO-PI

TÂNIA CRISTINA EVANGELISTA DA SILVA, brasileira, casada, professora


municipal aposentada, com CPF de n° 462.831.533-72, e RG de n° 1247206, SSP-PI,
residente e domiciliada na Rua Defala Attem, n° 1388, bairro Irapuá I, em Floriano-PI,
CEP: 64800-110 (docs. 01 e 02), e e-mail tania.cristina_silva@hotmail.com, vem, por
seus advogados in fine assinados, com escritó rio profissional e endereço eletrô nico
indicados no rodapé , à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos art. 927 e 884, do
CC/02, e nas Leis Municipais n° 166/97, 375/2005 e 521/2010, propor:

AÇÃO INDENIZATÓRIA – CONVERSÃO DE LIÇENÇAS-PRÊMIO NÃO


USUFRUÍDAS EM PECÚNIA

Em face do MUNICÍPIO DE FLORIANO-PI, pessoa jurídica de direito pú blico interno, na


pessoa de seu representante legal, com sede na Praça Petrô nio Portela Nunes, s/nº, em
Floriano (PI), CNPJ nº 06.554.067/0001- 54, pelos fatos e fundamentos que se passa a
expor:

I. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA – art. 54 da Lei 9.099/95:

Requerem-se os benefícios da gratuidade da justiça, com esteio no art, 5°, LXXIV,


da CF/88, e art. 98-102, do CPC/15, por ser a autora hipossuficiente na forma da lei, bem
como pugna-se pela aplicaçã o do art. 54, da Lei n°. 9.099/95, que dispensa o pagamento
de custas, taxas ou despesas no rito dos juizados especiais.

Rua Defala Attem 1388 – Bairro Irapuá I – Floriano –


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II. DOS FATOS:

A Sra. Tâ nia Cristina é professora aposentada do município de Floriano-PI desde


03 de maio de 2021, conforme portaria de concessã o de aposentadoria acostada nos
autos (doc. 03).

Servidora pú blica efetiva desde 16 de março de 1998 - vide portaria de


nomeaçã o anexada (doc. 04) -, a requerente trabalhou ininterruptamente por 23 (vinte e
três anos) no magisté rio municipal até a aposentadoria, sempre exercendo o seu ofício
com altivez, assiduidade, compromisso e dedicaçã o, razã o pela qual aposentou-se sem
nenhum registro desabonador em sua folha funcional.

Por acumular tanto tempo de serviço ininterrupto, a requerente adquiriu o


direito de gozar de licenças-prê mio asseguradas pelo Estatuto do Servidores Pú blicos
Municipais de Floriano-PI (Lei 166/97, Lei 375/05, Lei 521/10, todas em anexo) (docs.
05, 06 e 07). Segundo a legislaçã o de regê ncia, a cada cinco anos (quinquênios) de
trabalho ininterrupto, o servidor tem direito a 3 (trê s) meses de licença, sem prejuízo de
sua remuneraçã o.

Tendo em vista que o benefício da licença-prêmio vigeu até o ano de 2016 na


legislaçã o municipal, constata-se que a requerente trabalhou ininterruptamente por 3
(trê s) quinquê nios completos (entre 1998 e 2016), o que lhe dá direito a 9 (nove) meses
de licença, no mínimo.

Contudo, sucede-se que justamente por conta da referida assiduidade e altivez


em seu ofício, a requerente nunca se utilizou de tais licenças durante o seu tempo em
atividade. Na verdade, o ú nico afastamento da servidora ocorreu quando do nascimento
da sua filha mais nova, no ano de 2000. Afora isso, foram 23 (vinte e três) anos de
trabalho totalmente ininterruptos em favor da educaçã o florianense.

Impende destacar que a requerente até buscou utilizar um dos períodos


aquiridos de licença-prêmio enquanto aguardava a aprovaçã o de sua aposentadoria, mas
o pedido foi negado pela municipalidade, conforme se denota dos comprovantes de
protocolo e de processamento do processo administrativo n°. 001.0001076/2021 (doc.
08). Em suma, a requerente nã o usufruiu de nenhuma licença-prê mio.

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Dado que a pró pria legislaçã o e a jurisprudê ncia dos Tribunais Superiores
asseguram este direito, vislumbra-se a possibilidade de conversã o das licenças-prêmio
nã o utilizadas em pecú nia, daí a natureza indenizató ria da presente açã o. Isto posto,
requer-se desde já a conversã o de 3 (trê s) quinquê nios de licenças-prê mio em pecú nia (9
meses). Subsidiariamente, que sejam reconhecidos pelo menos 2 (dois) quinquênios (6
meses), acaso o pedido principal nã o seja acolhido.

III. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS:


III. 1 – Do direito à conversão das licenças-prêmio em pecúnia ao servidor aposentado:

A licença-prê mio é benefício estatutá rio previsto na lei de diversos entes


federativos, podendo també m ser chamada de licença por assiduidade. Consiste na
concessã o de licença remunerada ao servidor efetivo, no importe de 3 (três) meses por
cada quinquê nio – cinco anos - de trabalho ininterrupto.

No caso em tela, a licença-prê mio foi prevista em diversos atos normativos que
regem os direitos dos servidores pú blicos do município de Floriano-PI. Vejamos.

Primeiramente, há previsã o no art. 45 da Lei Municipal n.° 166, de 30 de


dezembro de 1997, que dispõ e sobre o plano de carreira e remuneraçã o do magistério
pú blico de Floriano-PI:

“Art. 45 – Aplicar-se-á , ao profissional do magisté rio, o regime de licenças


estabelecido no regime jurídico em vigê ncia na Prefeitura.”

No mesmo sentido, a Lei Municipal n.° 375 de 19 de dezembro de 2005, o


Estatuto do Servidor Pú blico Municipal à é poca, previu em seu art. 88, VI, c/c art. 96,
caput, o direito à “licença especial”, nos seguintes moldes:

Art. 88 – Conceder-se-á licença ao servidor:

[...]

VI – especial;

[...]

Art. 96 - Ao servidor pú blico apó s cada quinquê nio de efetivo serviço prestado
exclusivamente ao Município, inclusive nas autarquias e fundaçõ es, será
automaticamente assegurada licença especial de 03 (trê s) meses, mantida a
percepçã o integral do vencimento e vantagens do cargo que estiver ocupando na
data em que entrar em gozo deste benefício.

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Por conseguinte, a Lei Municipal n.° 521, de 18 de março de 2010, que dispõ e
sobre o plano de carreira, cargos, vencimento e remuneraçã o dos profissionais da
educaçã o do município de Floriano, prevê o direito do servidor à licença-prê mio em seu
art. 76, caput, nos seguintes termos:

Art. 76 – Após cada quinquênio ininterrupto de efetivo exercício, o


profissional da educação fará jus a 3 (três) meses de licença, a título de
prêmio por assiduidade, com a remuneração que percebia no dia do seu
afastamento.

Importante destacar que somente em 2016, com a Lei Complementar Municipal


n.° 15, de fevereiro de 2016, extinguiram-se as disposiçõ es acerca da licença-prê mio,
dado que o art. 335 da referida norma revogou expressamente toda a Lei 521/10.

Ou seja, em suma, defende-se que a licença-prê mio vigeu no regime estatutá rio
municipal para os profissionais do magistério entre 1997 e 2016.

Tendo em vista que a requerente trabalhou ininterruptamente entre 1998 e


2021, conclui-se que a Sra. Tâ nia amealhou, no mínimo, três quinquênios ou períodos
aquisitivos do direito entre 1998 – ano de sua nomeaçã o como servidora efetiva – e 2016
– ano em que fora revogada a Lei n.° 521/10.

Comprovada a existência da licença como benefício estatutá rio previsto em


normas municipais, passa-se aos fundamentos de sua conversã o em pecú nia em favor do
servidor aposentado.

Há muito tempo os Tribunais Superiores vêm entendendo que a nã o conversã o


em pecú nia das licenças-prê mio nã o gozadas configura enriquecimento sem causa da
Administraçã o Pú blica. Por sua vez, o art. 844, do Có digo Civil, aduz que “aquele que, sem
justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente
auferido, feita a atualizaçã o dos valores monetá rios”.

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Denota-se, portanto, que o enriquecimento sem causa é fenô meno jurídico
inaceitá vel do ponto de vista dos princípios constitucionais/administrativos e da boa-fé
objetiva, o que enseja o dever de indenizar a parte prejudicada.

O Supremo Tribunal Federal já decidiu, em sede de repercussã o geral, que o pleito


buscado nesta açã o é legítimo e possível. Veja-se:

Tema 635 de repercussã o geral: É assegurada ao servidor público inativo a


conversão de férias não gozadas, ou de outros direitos de natureza
remuneratória, em indenização pecuniária, dada a responsabilidade
objetiva da Administração Pública em virtude da vedação ao
enriquecimento sem causa. (ARE 721001/RJ. DJe-044 DIVULG 06-03-2013
PUBLIC 07-03-2013).

Todos os pressupostos para a aplicaçã o da referida tese vinculante estã o


presentes no caso em aná lise: a inatividade da servidora, a nã o utilizaçã o das licenças-
prêmio a que teve direito na atividade e o nã o pagamento de indenizaçã o e a nã o
utilizaçã o para contagem em dobro de tempo de serviço quando de sua aposentadoria.

A conversã o do benefício em pecú nia també m é entendimento assente na


jurisprudê ncia do STJ em sede de recurso repetitivo:

Tema repetitivo n°. 1086: Presente à redaçã o original do art. 87, § 2º, da
lei 8.112/90, bem como a dicçã o do art. 7º da lei 9.527/97, o servidor federal
inativo, sob pena de enriquecimento ilícito da Administração e
independentemente de prévio requerimento administrativo, faz jus à
conversão em pecúnia de licença-prêmio por ele não fruída durante sua
atividade funcional, nem contada em dobro para a aposentadoria,
revelando- se prescindível, a tal desiderato, a comprovação de que a
licença-prêmio não foi gozada por necessidade do serviço. REsp
1.854.662-CE, Rel. Min. Sé rgio Kukina, Primeira Seçã o, por unanimidade,
julgado em 22/06/2022.

Repise-se que o art. 927, do CPC, impõ e ao ó rgã o julgador a observâ ncia aos
temas julgados pelos Tribunais Superiores em sede de recursos repetitivos, o que reforça
o pedido pela procedência desta exordial.

III. 2 – Do respeito ao prazo prescricional – Tema 516 do STJ:

Desde já , esclarece-se que nã o há que se falar em extinçã o da pretensã o da


requerente pelo seu nã o exercício. Veja-se o tema repetitivo n°. 516 do STJ:

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Tema repetitivo n°. 516 do STJ: A contagem da prescriçã o quinquenal relativa
à conversã o em pecú nia de licença-prê mio nã o gozada e nem utilizada como lapso
temporal para a aposentadoria, tem como termo a quo a data em que ocorreu
a aposentadoria do servidor público. RECURSO ESPECIAL Nº 1.254.456 - PE
(2011/0114826-8).

Conforme demonstrado, a autora se aposentou em abril de 2021 (doc. 01). Logo,


ainda nã o transcorreu o prazo quinquenal de prescriçã o.

III.3 – Dos períodos aquisitivos – Interpretação conjunta das Leis Municipais n° 166/97,
375/05 e 521/10, juntamente com a Lei Complementar Estadual n° 13:

Conforme mencionado no tó pico dos fatos, pleiteia-se aqui a conversã o de três


quinquê nios (ou períodos aquisitivos) de licenças-prê mio nã o gozadas pela requerente,
referentes ao seu tempo de serviço ao município de Floriano-PI como professora – entre
1998 e 2021.

Dois quinquê nios sã o computados entre 2005 e 2016, interpretando-se


conjuntamente os artigos 88, VI, c/c art. 96, caput, da Lei Municipal n°. 375, de 2005, e o
art. 76, caput, da Lei Municipal n° 521, de 2010. Conforme demonstrado alhures, as
referidas legislaçõ es previam expressamente o direito à licença, que foram devidamente
adquiridas pela Sra. Tâ nia pelo seu efetivo e ininterrupto trabalho entre os anos de 2005
e 2016 (data em que foi revogada a Lei n° 521/10). Trata-se de dois quinquê nios
claramente incontroversos.

Quanto ao terceiro quinquê nio, a ser considerado entre o período de 1998 até
2004, cabe maior aprofundamento. É que a legislaçã o vigente e referente a este período
(Lei n°. 166/97) nã o é tã o clara ao tratar acerca do gozo da licença-prê mio, se
reservando a dizer em seu art. 45 que o regime de licenças do profissional do magisté rio
deve seguir “o regime jurídico em vigência da prefeitura”.

Ocorre que nã o se encontra no sítio oficial do município


(https://transparencia.floriano.pi.gov.br/) quaisquer informaçõ es acerca do ato
normativo a reger, durante a vigê ncia da Lei n° 166/97, o regime jurídico de licenças da
prefeitura de Floriano. Dada a aparente omissã o normativa, há de se acionar o art. 4° da
LINDB, que assim dispõ e:

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“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito.”

Invocando-se a analogia como forma de contornar a omissã o é possível se


utilizar da legislaçã o do Estado do Piauí aplicá vel aos seus servidores pú blicos à é poca do
período aquisitivo em aná lise. Trata-se da Lei Complementar Estadual n° 13 de 1994,
que em seu art. 91 (redaçã o anterior à LC 84 de 2007) (doc. 09), aduz:

Art. 91º Apó s cada quinquê nio ininterrupto de exercício, o servidor fará jus a 3
(trê s) meses de licença, que poderã o ser acumuladas até o má ximo de dois
períodos, a título de prêmio por assiduidade, com a remuneraçã o que percebia
à data do seu afastamento.
§ 1º Os períodos de licença-prê mio já adquiridos e nã o gozados pelo servidor que
vier a falecer ou aposentar - se por invalidez serã o convertidos em pecú nia, em
favor de seus beneficiá rios da pensã o, ou por ocasiã o da aposentadoria.
§ 2º A autoridade deverá conceder a licença prêmio dentro do prazo de até um
ano, se requerida pelo servidor.

Deve-se relembrar que o apelo à analogia é expediente legítimo diante da


aparente inexistê ncia de ato normativo que complemente o art. 45 da Lei n°. 166/97, do
município de Floriano-PI. Dito isso, acaso a parte ré impugne a tese aqui levantada,
requer-se, desde já , que este Respeitá vel Juízo aplique o art. 376, do CPC:

Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou


consuetudiná rio provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar.

Em suma, os períodos aquisitivos de licença-prê mio que aqui se pleiteiam


podem ser resumidos da seguinte forma:

 2 (dois) quinquênios, adquiridos entre 2005 e 2016, consubstanciados pelos


artigos 88, VI, c/c art. 96, caput, da Lei Municipal n°. 375, de 2005, e o art. 76,
caput, e § 1°, da Lei Municipal n° 521, de 2010, que resultam em 6 (seis)
meses de licença-prê mio a serem convertidos em pecú nia;

 1 (um) quinquênio, adquirido entre 1998 e 2004, consubstanciado no art. 45,


caput, da Lei Municipal n°. 166 de 1997, juntamente com a aplicaçã o
analó gica do art. 91 da Lei Complementar do Estado do Piauí n°. 13 de 1994,
na redaçã o anterior à LC 84 de 2007, que resulta em 3 (três) meses de
licença prêmio a serem convertidos em pecú nia.

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III.4 – Da desnecessidade do pedido administrativo prévio e da averiguação o motivo da
não fruição da licença:

Impende destacar que segundo a jurisprudência do STJ, para o deferimento da


conversã o das licenças nã o usufruídas em pecú nia, é desnecessá rio pré vio requerimento
administrativo.

Ademais, conforme já pontuado, o STJ também possui entendimento firme no


sentido de que é desnecessá rio averiguar o motivo da nã o utilizaçã o dos períodos de
licença-prê mio para a sua conversã o em pecú nia. Sendo adquirido o direito pelo servidor
e nã o utilizadas as licenças antes da aposentadoria, impõ e-se sua conversã o em dinheiro.

É o teor do tema 1086 do STJ, o qual se relembra: Presente a redação original do


art. 87, § 2º, da Lei n. 8.112/1990, bem como a dicção do art. 7º da Lei n. 9.527/1997, o
servidor federal inativo, sob pena de enriquecimento ilícito da Administração e
independentemente de prévio requerimento administrativo, faz jus à conversão em pecúnia
de licença-prêmio por ele não fruída durante sua atividade funcional, nem contada em
dobro para a aposentadoria, revelando-se prescindível, a tal desiderato, a comprovação de
que a licença-prêmio não foi gozada por necessidade do serviço.

III.5 – Da segurança jurídica – Direito adquirido do servidor:

A segurança jurídica é princípio constitucional insculpido no art. 5°, inciso


XXXVI, da CF/88, aduzindo que a lei nã o prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada. Nessa toada, descabe qualquer alegaçã o acerca da
inviabilidade da presente açã o por conta da revogaçã o das leis municipais que previam a
licença-prê mio.

Ora, cumpridos os requisitos presentes nas leis de 1997, 2005 e 2010,


respectivamente, o direito à s licenças-prê mio se aderem ao patrimô nio jurídico da
requerente, de forma que a posterior revogaçã o do instituto nã o extingue o direito de
pleitear, apó s a aposentadoria, a indenizaçã o pela nã o fruiçã o do benefício.

É nesse sentido a jurisprudê ncia do STF:

AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁ RIO COM AGRAVO.


SERVIDOR PÚ BLICO. LICENÇA-PRÊ MIO NÃ O USUFRUÍDA. CONVERSÃ O EM
PECÚ NIA. REQUISITOS PREENCHIDOS NOS TERMOS DA LEGISLAÇÃ O ENTÃ O

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VIGENTE. POSSIBILIDADE. DIREITO ADQUIRIDO. PRECEDENTES DO STF. 1.
Conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, os servidores
públicos têm direito à conversão em pecúnia de licença-prêmio não
usufruída quando os requisitos necessários à sua concessão foram
implementados antes do advento de lei revogadora deste direito. 2.
Agravo regimental desprovido. (STF - ARE nº 664.387/PE-AgR, Segunda Turma,
Relator o Ministro Ayres Britto, DJe de 8/3/2012).

III. 6– Do cálculo dos valores devidos:

No que concerne ao cá lculo a ser efetivado para a correta conversã o da licença-


prêmio em pecú nia, deve-se observar o entendimento do STJ no sentido de que o valor
de referê ncia é o da ú ltima remuneraçã o percebida pelo servidor antes de sua
aposentadoria. Além disso, deve compor a base de cá lculo qualquer verba de natureza
remunerató ria paga de forma permanente ao servidor. Veja-se:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚ BLICO. LICENÇA PRÊ MIO.


INDENIZAÇÃ O. PROCEDÊ NCIA DO PEDIDO. ACÓ RDÃ O ALINHADO COM A
JURISPRUDÊ NCIA DO STJ. APLICAÇÃ O DA SÚ MULA N. 83/STJ.
[...]

IV - A Corte de origem bem analisou a contrové rsia com base nos seguintes
fundamentos: "Nã o merece provimento o apelo. É entendimento assente neste
Tribunal que o cálculo da licença-prêmio convertida em pecúnia deve se
dar com base em todas as verbas de natureza permanente, em quantia
correspondente à da última remuneração do servidor quando em
atividade, inclusive abono permanência, décimo terceiro salário
proporcional, terço constitucional de férias e saúde suplementar, se for o
caso. [...]" Nesse sentido, destacam-se: (AgInt no AREsp 475.822/DF, relator
Ministro Napoleã o Nunes Maia Filho, Primeira Turma, julgado em 6/12/2018,
DJe 19/12/2018, AgRg no REsp. 1.530.494/SC, relator Ministro Sé rgio Kukina,
DJe 29/3/2016 e AgInt no REsp. 1.591.606/RS, relator Ministro Benedito
Gonçalves, DJe 7/12/2016.)

Como já esclarecido, a requerente teve sua aposentadoria deferida em maio de


2021. Logo, a remuneraçã o bruta de referência é a de abril de 2021, no importe de R$
2.778,43 R$ (dois mil setecentos e setenta e oito reais e quarenta e três centavos),
conforme demonstrado no contracheque em anexo (doc. 10), referente à matrícula de
nú mero 20094. O cá lculo fica da seguinte maneira:

 1° quinquê nio (1998~2004): 3 X R$ 2.778,43.


 2° quinquê nio (2005~2010): 3 X R$ 2.778,43.
 3° quinquê nio (2010~2015): 3 X R$ 2.778,43.
 TOTAL: 9 X R$ 2.778,43 = R$ 25.095,87 (vinte e cinco mil e noventa e cinco
reais e oitenta e sete centavos).

Rua Defala Attem 1388 – Bairro Irapuá I – Floriano –


PI Fone: (89) 99928-1715 |
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Número do documento: 23072500431847800000041488405
IV. DOS PEDIDOS:

Diante de todo o exposto, requer-se:


a) A concessã o dos benefícios da gratuidade da justiça, com supedâ neo nos arts. 98-
102, do CPC, bem como a aplicaçã o do art. 54 da Lei n°. 9.099/95;
b) Que seja dispensada a realizaçã o de audiência de conciliaçã o/mediaçã o;
c) a citaçã o da parte ré, na pessoa de seu representante legal, para apresentar
contestaçã o, sob pena de revelia;
d) no mérito, que seja julgada procedente a presente demanda, com a conversã o de
3 (trê s) quinquê nios de ininterrupto serviço em pecú nia (1998~2021),
condenando o ente municipal a pagar o valor de R$ 25.095,87 (vinte e cinco mil e
noventa e cinco reais e oitenta e sete centavos) a título de indenizaçã o, alé m da
incidê ncia cumulativa de juros e correçã o monetá ria;
e) subsidiariamente, acaso o pedido principal nã o seja acolhido, que seja julgada
procedente a presente demanda, com a conversã o de 2 (dois) quinquê nios de
ininterrupto serviço em pecú nia (2005~2016), condenando o ente municipal a
pagar o valor de R$ 16.730,58 (dezesseis mil setecentos e trinta reais e cinquenta
e oito centavos) a título de indenizaçã o, alé m da incidência cumulativa de juros e
correçã o monetá ria;
f) a condenaçã o da parte ré em custas e honorá rios advocatícios, com esteio no art.
85 e seguintes do CPC.

Protesta provar o alegado por quaisquer meios de prova em direito admitidos.


Dá -se à causa o valor de R$ 25.095,87 (vinte e cinco mil e noventa e cinco reais e
oitenta e sete centavos).
Nestes termos, pede deferimento.
Floriano-PI, 23.07.2023.
LUCAS EVANGELISTA SIQUEIRA
Advogado
OAB/PI n° 19.549

LEILISE PEREIRA SANTOS


Advogada
OAB/PI n° 19.545

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PI Fone: (89) 99928-1715 |
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