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PROJUDI - Recurso: 0016584-38.2019.8.16.0170 - Ref. mov. 48.

1 - Assinado digitalmente por Marcos Sergio Galliano Daros:7627


24/03/2021: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Marcos Sérgio Galliano Daros - 3ª Câmara Cível)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
3ª CÂMARA CÍVEL

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APELAÇÃO CÍVEL N° 0016584-38.2019.8.16.0170, DA COMARCA DE
TOLEDO – 3ª VARA CÍVEL E DA FAZENDA PÚBLICA.

APELANTE: MUNICÍPIO DE TOLEDO

APELADA: SOLANGE TERESINHA LANGER

RELATOR: DES. MARCOS S. GALLIANO DAROS

APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA DE


OFÍCIO – RECLAMAÇÃO TRABALHISTA (SIC) –SERVIDORA
PÚBLICA MUNICIPAL OCUPANTE DO CARGO DE ASSISTENTE EM
DESENVOLVIMENTO SOCIAL – DESEMPENHO DE ATIVIDADES DE
PROFESSORA DE EDUCAÇÃO INFANTIL – DESVIO DE FUNÇÃO
CONFIGURADO – DIFERENÇAS SALARIAIS DEVIDAS – APLICAÇÃO
DO ENTENDIMENTO CONSOLIDADO NA SÚMULA Nº 378 SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA – REFLEXOS LEGAIS SOBRE DÉCIMO
TERCEIRO SALÁRIO E FÉRIAS – ÍNDICES APLICÁVEIS AOS JUROS
DE MORA READEQUADOS – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS –
QUANTUM A SER FIXADO EM FASE DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
(ARTIGO 85, § 4º, INCISO II, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL) –
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA MOFICADA
PARCIALMENTE EM SEDE DE REMESSA NECESSÁRIA.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de apelação cível e remessa


necessária nº 0016584-38.2019.8.16.0170, da Comarca de Toledo – 3ª Vara Cível e da
Fazenda Pública, em que figuram como apelante o Município de Toledo e, como apelada,
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24/03/2021: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Marcos Sérgio Galliano Daros - 3ª Câmara Cível)

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Solange Teresinha Langer.

Trata-se de recurso de apelação interposto contra a r. sentença (mov. 80.1)


proferida nos autos de reclamação trabalhista (sic) nº 0016584-38.2019.8.16.0170, ajuizada por
Solange Teresinha Langer contra o Município de Toledo, por meio da qual o eminente juiz da

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causa julgou procedentes os pedidos deduzidos na petição inicial, para reconhecer o desvio de
função da autora que, embora contratada para exercer a função de assistente em
desenvolvimento social I, desempenha as funções inerentes ao cargo de professor de
educação infantil desde o início do exercício da função junto à municipalidade (1º/09/2011),
“excepcionado o período em que esteve lotada no CRAS II e na secretaria do CAIC”, até os
dias atuais, bem como para condenar o réu ao pagamento das diferenças salariais decorrentes
do desvio de função reconhecido desde 23/12/2014 (prescrição quinquenal), acrescidas dos
reflexos sobre as demais vantagens trabalhistas usufruídas pela autora. No mesmo ato,
determinou que os valores devem ser apurados em liquidação de sentença, corrigidos
monetariamente pelo IPCA-E, desde o vencimento de cada parcela, e acrescidos de juros de
mora de 1% (um por cento) ao mês, a contar da citação (24/01/2020). Pela sucumbência,
condenou o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes
incidentes “sobre o valor da condenação, conforme faixas estabelecidas no artigo 85, § 3º,
incisos I a V e § 5º, do Código de Processo Civil”.

Inconformado, o Município de Toledo sustenta que não restou demonstrado


o desvio de função pela parte autora, porque, segundo diz, ela não desenvolve tarefas alheias
ao cargo de assistente em desenvolvimento social I, para o qual foi nomeada. Diz, mais, que
tanto as atribuições do cargo de assistente em desenvolvimento social I quanto as do cargo de
professor infantil estão elencadas em conformidade com o disposto na Lei Municipal nº
1821/1999, que, por sua vez, prevê algumas atividades inerentes aos dois cargos e, assim, os
professores eventualmente desenvolvem as tarefas das assistentes em desenvolvimento social
e mais as específicas de seu cargo, e não ocorre o contrário. Afirma que a responsabilidade
das assistentes em desenvolvimento social está limitada a “prestar assistência a esses
professores, auxiliá-los com a rotina de cuidados, como o próprio nome ‘Assistente em
Desenvolvimento Social’ sugere”. Defende que, no caso da autora, não há enriquecimento
ilícito do Município de Toledo, ao argumento de que a remuneração por ela recebida é aquela
pactuada quando de seu ingresso por meio de concurso público e, consequentemente, não há
diferença remuneratória devida pela municipalidade. Alega que o cargo de professor exige a
elaboração dos projetos, bem como a regência de sala de aula, com conhecimentos técnicos
específicos, o que não ocorre em relação ao cargo de assistente em desenvolvimento social.
Discorre sobre a impossibilidade de ascensão da autora ao cargo de professora, bem como ao
pagamento de diferenças salariais, sob pena de caracterizar-se “provimento derivado ou
transposição de cargo, estes vedados pela Constituição Federal”. Por fim, caso o entendimento
seja pela manutenção da sentença recorrida, pede que os juros de mora incidam nos termos do
artigo 100, § 12, da Constituição Federal (mov. 86.1).
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A apelada apresentou contrarrazões (mov. 90.1).

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Os autos foram encaminhados à douta Procuradoria-geral de Justiça, que
se manifestou pelo parcial provimento do recurso interposto pelo Município de Toledo, para
adequar os parâmetros adotados pelo eminente magistrado sentenciante para a incidência dos
juros de mora (mov. 11.1 – TJ).

É o relatório.

Voto.

Cabe referir, de início, que por tratar-se de sentença condenatória ilíquida


proferida contra a Fazenda Pública Municipal, é o caso de análise por esta Corte, de ofício, de
remessa necessária, na forma do disposto no artigo 496, inciso I, do Código do Processo Civil
[1], e do teor do enunciado da Súmula 490 do Superior Tribunal de Justiça[2].

Vê-se dos autos que Solange Teresinha Langer, servidora pública


municipal efetiva, ocupante do cargo de assistente em desenvolvimento social I, com vínculo
junto à municipalidade desde 1º/09/2011, conforme ficha funcional anexada aos autos (mov.
22.2), ajuizou ação de cobrança contra o Município de Toledo, por meio da qual argumentou
que desde que assumiu o cargo público que ocupa sempre laborou em desvio de função no
cargo de professora de educação infantil, razão pela qual, diz, tem o direito de perceber as
diferenças salariais decorrentes do desvio de função a que foi submetida, acrescidas dos
reflexos legais (mov. 1.1).

Ao proferir a sentença recorrida, o eminente juiz da causa, reconheceu o


desvio de função da autora que, embora contratada para exercer a função de assistente em
desenvolvimento social I, desempenha as funções inerentes ao cargo de professor de
educação infantil desde o início do exercício da função junto à municipalidade (1º/09/2011),
“excepcionado o período em que esteve lotada no CRAS II e na secretaria do CAIC”, até os
dias atuais, na parte que aqui interessa, sob o seguinte fundamento (mov. 80.1):

“Mesmo que algumas atribuições sejam semelhantes, as diferenças entre


os cargos são claras, a começar pela carga horária prevista na referida lei
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que não são iguais.

Além disso, o cargo de Assistente em Desenvolvimento Social (ADS) foi


criado para ser exercido junto aos CENTROS MUNICIPAIS DE
EDUCAÇÃO INFANTIL (CMEI) DO MUNÍCIPO DE TOLEDO – PARANÁ, e

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não exige ensino superior. Já o cargo de Professora de Educação de
Ensino Infantil não traz essa exclusividade, tanto que na Lei municipal nº
1.821/99 prevê que suas funções podem ser exercidas em instituição, sem
identificação de qual seja.

Entretanto, as provas produzidas nos autos, principalmente a prova oral


produzida nos movs. 70.1/70.5, confirmaram que, na prática, dentro dos
CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL (CMEI), em situação
de normalidade, as atividades desempenhadas pelas Assistentes em
Desenvolvimento Social (ADS) eram desenvolvidas sem qualquer distinção
com as atividades desempenhadas pelos Professores de Educação Infantil.

(...)

Ressalta-se ainda que as funções descritas na Lei de Plano de Cargos e


Vencimentos do Município (ADS e Professor de Educação Infantil) se
assemelham em parte, como acima transcrito, mas na prática exerciam as
mesmas funções e tinham as mesmas responsabilidades, em relação as
crianças que ali estavam e ficavam sob seus cuidados.

(...)

Assim, estando comprovado o desvio de função impõe-se a procedência do


pedido para condenar o réu ao pagamento das diferenças de vencimentos,
sob pena de enriquecimento ilícito do Município de Toledo- PR, porque
usufruiu de serviços e funções atribuídas aos Professores de Educação
Infantil, prestados pela Assistente em Desenvolvimento Social I, ora autora,
sem a remuneração correspondente, conforme preceitua a Súmula 378 do
Egrégio Superior Tribunal de Justiça transcrita acima. (...) – grifos
acrescidos.

Inconformado, recorre o Município de Toledo para requerer a reforma da


sentença, ao argumento de que não restou demonstrado o desvio de função pela parte autora,
porque, segundo diz, ela não desenvolve tarefas alheias ao cargo de assistente em
desenvolvimento social I, para o qual foi nomeada.
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Pois bem. No que diz respeito a caracterização do desvio de função, vale
anotar, inicialmente, o conceito de função pública, segundo leciona Matheus Carvalho:

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A função pública é o conjunto de atividades atribuídas a um cargo ou
emprego público, seja este cargo isolado ou de carreira, para provimento
efetivo, vitalício ou em comissão.

Com efeito, pode-se definir que todo cargo ou emprego público deve ter
função estipulada por lei, que corresponde às tarefas a serem executadas
pelo servidor público que, de forma lícita, o ocupar[3].

Assim, para que seja caracterizado o desvio de função, é necessário o


exercício, pelo servidor público, de atividades laborais atribuídas a cargo diverso ao qual
pertence, não compreendidas nas atribuições de seu próprio cargo.

A autora ingressou no serviço público municipal em 1º/09/2013, para


exercer o cargo de assistente em desenvolvimento social I, cujas atribuições estão assim
definidas no anexo V, da Lei Municipal nº 1821/1999, que dispõe sobre o Plano de Cargos e
Vencimentos dos servidores de Toledo (mov. 1.22):

CARREIRA: ASSIST. EM DESENV. SOCIAL NIVEL: MÉDIO

GRUPO OCUPACIONAL: ASSIST. DESENV. SOCIAL

Tarefas típicas:

EM UNIDADES DE EDUCAÇÃO INFANTIL:

- Realizar o planejamento das atividades e dos projetos a serem


realizados no CMEI, seguindo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil, Deliberações do Conselho Municipal de
Educação/Toledo, Currículo Básico para a Região Oeste do Paraná/AMOP
e Projeto Político-Pedagógico;

- Planejar e Desenvolver atividades atendendo ao que preconiza a


legislação da Educação Infantil:o cuidar e o educar indissociavelmente,
oportunizando uma educação integral, priorizando o desenvolvimento físico,
motor, intelectual e afetivo às crianças sob sua responsabilidade;
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- Atender as crianças respeitando seu estágio de desenvolvimento, de
acordo com suas habilidades e limitações;

- Responsabilizar-se pelas crianças de sua turma, durante o período em


que estiverem nos Centros (educação, segurança, higiene e saúde), bem

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como no cuidado de todos nos horários que estiverem em outros espaços
do Centro;

- Realizar observações, registro, avaliação e planejamento de atividades


pedagógicas próprias de cada faixa etária em conjunto com a coordenação;

- Informar aos pais e/ou responsáveis sobre o desenvolvimento integral da


criança (cognitivo, afetivo, motor e social);

- Orientar, acompanhar e auxiliar as crianças durante a alimentação,


repouso e higienização (escovação de dentes, higienização das mãos
antes e depois das refeições, no banho, na ida ao banheiro), realizando os
banhos e trocas quando necessário;

- Incentivar hábitos de organização e asseio às crianças, zelando pela


limpeza e higiene pessoal e do ambiente do Centro, orientando para criar
hábitos de economia;

- Participar na elaboração, execução, avaliação e reformulação do


regimento interno da instituição e do Projeto Político-Pedagógico;

- Respeitar os horários de medicamentos e dietas (quando necessário) em


conformidade com prescrições médicas;

- Receber e entregar as crianças aos responsáveis, observando


estritamente os procedimentos preestabelecidos pelo Regimento Interno do
CMEI;

- Contribuir com o bem-estar das crianças, propiciando um ambiente de


respeito, carinho, atenção individual e coletiva, tranquilidade e aconchego
durante o período de adaptação, bem como adequando e organizando o
espaço para o período de descanso das crianças, observando-as durante
esse período;

- Controlar a frequência e pontualidade das crianças no Centro, comunicar


a coordenadora em caso de faltas e atrasos em excesso, de acordo com
regimento interno;

- Auxiliar a criança na execução de atividades diárias, responsabilizando-se


pelo processo de ensino- aprendizagem, estimulando as mesmas em todas
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suas ações e movimentos, bem como incentivando-as a engatinhar, sentar
e andar e propiciando o direito de comer sozinha, promovendo sua
autonomia;

- Tomar as devidas precauções para evitar o contágio de doenças

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infecto-contagiosas que possam ocorrer entre as crianças no CMEI;

- Comunicar aos pais e/ou responsáveis e coordenação quando a criança


adoecer no período de permanência no Centro, realizar procedimentos
relacionados à saúde da criança no que diz respeito à temperatura,
medicando-a mediante receituário médico e prestando atendimento prévio
em caso de acidentes, comunicando e orientando os pais/responsáveis;

- Discutir com a coordenação do CMEI, qualquer dúvida ou dificuldade em


relação à criança e à família, acatando a orientação recebida;

- Manter a coordenação informada dos problemas que interfiram no seu


trabalho com as crianças;

- Zelar pelo cumprimento dos princípios de ética profissional, no que diz


respeito aos aspectos referentes à intimidade e privacidade dos usuários e
profissionais;

- Promover e/ou favorecer a adaptação das crianças admitidas no CMEI;

- Participar de reuniões, programações e do planejamento de atividades


desenvolvidas pelo CMEI;

- Participar de reuniões sistemáticas de estudo e trabalho para o


aperfeiçoamento pedagógico;

- Manter e promover um relacionamento cooperativo de trabalho com


colegas, crianças, pais e diversos segmentos da comunidade, envolvidos
nas atividades do CMEI;

- Zelar pelo patrimônio e organização do ambiente;

- Desempenhar outras atividades.

Já em relação ao cargo de professor, suas funções foram assim


determinadas pela já referida Lei Municipal nº 1821/1999 (anexo V):

CARREIRA: PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL


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NIVEL: SUPERIOR; GRUPO OCUPACIONAL: MAGISTÉRIO

DESCRIÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES:

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- Realizar o planejamento das atividades e dos projetos a serem
realizados na instituição, seguindo as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Infantil, as Deliberações do Conselho Municipal de
Educação/Toledo, o Currículo Básico para a Região Oeste do
Paraná/AMOP e o Projeto Político-Pedagógico;

- Planejar e desenvolver atividades pedagógicas atendendo ao que


preconiza a legislação da Educação Infantil: o cuidar e o educar
indissociavelmente, oportunizando uma educação integral, priorizando o
desenvolvimento físico, motor, intelectual e afetivo das crianças sob sua
responsabilidade;

- Dirigir e responsabilizar-se pelo processo de transmissão e


assimilação do conhecimento;

- Realizar observações, registros, avaliação e planejamento de atividades


pedagógicas próprias de cada faixa etária, em conjunto com a
coordenação;

- Planejar, em conjunto com a equipe pedagógica, atividades


extra-classe a serem realizadas;

- Participar de reuniões sistemáticas de estudo e trabalho para o


aperfeiçoamento pedagógico;

- Manter e promover relacionamento cooperativo de trabalho com colegas,


crianças, pais e os diversos segmentos da comunidade envolvidos nas
atividades da instituição de ensino;

- Detectar casos de crianças que apresentem dificuldades e problemas


específicos e encaminhá-los ao profissional responsável pelas áreas
afins;

- Manter a equipe pedagógica informada dos problemas que interfiram no


trabalho de sala de aula;

- Executar todos os procedimentos de registros referentes ao


processo de avaliação das crianças;

- Atender as crianças respeitando seu estágio de desenvolvimento, de


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acordo com suas habilidades e limitações;

- Responsabilizar-se pelas crianças de sua turma, durante o período


em que estiverem na instituição de ensino, em relação à educação,
segurança, higiene e saúde, bem como no cuidado de todas, nos

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horários que estiverem fora da sala e em outros espaços da
instituição de ensino;

- Auxiliar as crianças na execução de atividades diárias,


responsabilizando-se pelo processo de ensino-aprendizagem,
estimulando-as em todas as suas ações e movimentos, bem como
incentivando-as a engatinhar, sentar e andar e propiciando o direito de
comerem sozinhas, promovendo sua autonomia;

- Informar aos pais e/ou responsáveis sobre o desenvolvimento integral da


criança (cognitivo, afetivo, motor e social);

- Orientar, acompanhar e auxiliar as crianças durante a alimentação,


repouso e higienização (escovação de dentes, higienização das mãos
antes e depois das refeições, no banho, na ida ao banheiro), realizando os
banhos e trocas, quando necessário;

- Incentivar hábitos de organização e asseio às crianças, zelando pela


limpeza e higiene pessoal e do ambiente escolar, orientando para criar
hábitos de economia;

- Participar na elaboração, execução, avaliação e reformulação do


regimento interno e do Projeto Político-Pedagógico da instituição;

- Contribuir com o bem-estar das crianças, propiciando um ambiente de


respeito, carinho, atenção individual e coletiva, tranquilidade e aconchego
durante o período de adaptação, bem como adequando e organizando o
espaço para o horário de descanso das crianças, observando-as durante
esse período;

- Controlar a frequência e pontualidade das crianças na instituição,


comunicar a coordenação em caso de faltas e atrasos em excesso, de
acordo com Regimento Interno;

- Tomar as devidas precauções para evitar o contágio de doenças


infecto-contagiosas que possam ocorrer entre as crianças na instituição de
ensino;

- Comunicar aos pais e/ou responsáveis e à coordenação quando a criança


adoecer no período de permanência na instituição;
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- Respeitar os horários de medicamentos e dietas (quando necessário), em
conformidade com prescrições médicas;

- Realizar procedimentos relacionados à saúde da criança, no que diz

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respeito à temperatura, medicando-a mediante receituário médico e
prestando atendimento prévio em caso de acidentes, comunicando e
orientando os pais/responsáveis;

- Discutir com a coordenação da instituição, qualquer dúvida ou dificuldade


em relação à criança e à família, acatando a orientação recebida;

- Zelar pelo cumprimento dos princípios de ética profissional, no que diz


respeito aos aspectos referentes à intimidade e à privacidade dos usuários
e profissionais;

- Promover e/ou favorecer a adaptação das crianças admitidas na


instituição;

- Participar de reuniões, programações e do planejamento de


atividades desenvolvidas pela instituição;

- Participar de reuniões sistemáticas de estudo e trabalho para o


aperfeiçoamento pedagógico;

- Participar de reuniões com pais e/ou responsáveis pelas crianças, quando


solicitado, possibilitando a flexibilidade de horários de modo a favorecer a
participação dos mesmos;

- Manter e promover um relacionamento cooperativo de trabalho com


colegas, crianças, pais e diversos segmentos da comunidade, envolvidos
nas atividades da instituição;

- Zelar pelo patrimônio e organização do ambiente;

- Desempenhar outras atividades correlatas (...) – grifos acrescidos.

Com efeito, como bem observado pelo eminente juiz sentenciante,


“enquanto as Professoras de Educação de Ensino Infantil exercem, promovem, dirigem e
responsabilizam-se pelas atividades pedagógicas, as quais exigem conhecimento
técnico e científico (inerentes ao cargo de ensino superior), as Assistentes em
Desenvolvimento Social (ADS) atuam apenas de forma colaborativa com essas
atividades” (mov. 80.1) – destaquei.
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No caso destes autos, malgrado os argumentos esposados pelo município
apelante, é possível constatar que a requerente efetivamente exercia as atividades típicas do
cargo de professora, como se observa da instrução processual, em especial da prova oral

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colhida.

A testemunha Gislaine Santos de Sousa de Oliveira, ocupante do cargo de


professora de educação infantil desde o ano de 2012, afirmou que trabalha na Escola Municipal
Vereador José Pedro Brum – CAIC desde que assumiu seu cargo, local onde também
conheceu a autora no ano de 2014. Esclareceu que o trabalho da autora consiste em
ministrar aulas para as turmas do 1º (primeiro) ao 5º (quinto) ano do ensino fundamental
e que, para tanto, há necessidade de que ela realize planejamento das atividades a serem
trabalhadas, as quais são submetidas à coordenação da escola e disponibilizadas à
Secretaria de Educação. Explicou que a autora sempre trabalhou em sala de aula e,
apesar da diferença de cargos para os quais foram nomeadas, isto é, pelas assistentes
em desenvolvimento social (ADS) e pelas professoras, não havia qualquer tipo de
diferenciação ou hierarquia entre elas. Enfatizou que, quando havia reunião com os pais, a
autora era apresentada a eles como professora, assim como os demais professores igualmente
a identificavam como professora, a despeito do cargo por ela ocupado. Destacou que não havia
distinção no sentido de se utilizar as designações de cargo quanto as ocupantes do cargo ADS
em qualquer ocasião, pois todas eram reconhecidas como professoras. Esclareceu que
Solange realizava planejamentos e projetos pedagógicos (mov. 70.4) – destaquei.

Roseli Teresinha Agostini, também ocupante do cargo de professora de


educação infantil, inquirida na qualidade de testemunha, declarou que trabalhou com a Sra.
Solange no período compreendido entre os anos de 2014 a 2018, na Escola Municipal
Vereador José Pedro Brum – CAIC. Informou que a autora exercia a função de professora
regente, tal qual as demais professoras de educação infantil, cujas atividades incluem a
parte pedagógica, planejamento, controle do livro de chamada, bem como reuniões com
os pais. Destacou que não havia qualquer tipo de subordinação das assistentes de
desenvolvimento social (ADS) em relação às professoras de educação infantil e todas
realizavam as tarefas indistintamente. Informou que Solange realizava os planejamentos
e projetos pedagógicos, bem como de que não havia qualquer proibição por parte da
administração relativamente às atividades por ela desempenhadas (mov. 70.5) –
destaquei.

Assim, observados tais depoimentos colhidos na fase de instrução


processual, depreende-se que a autora desempenhou atividades inerentes ao cargo de
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professor de educação infantil, tais como elaborar planejamento de atividades pedagógicas a
serem desenvolvidas pelos alunos, dirigir e responsabilizar-se pelo processo de transmissão e
assimilação do conhecimento e atendimento aos pais dos alunos, atividades estas que
efetivamente divergem das atribuições definidas para o cargo de assistente em

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desenvolvimento social, conforme estabelece o anexo V, da Lei Municipal nº 1821/1999, acima
transcrito.

Não restam dúvidas, portanto, que a autora exercia as atividades inerentes


ao cargo de professora. Destarte, uma vez caracterizado o desvio de função, faz jus às
diferenças salariais devidas, consoante enuncia a Súmula 378 do Superior Tribunal de Justiça
[4].

Sobre o tema, já restou decidido por esta Corte de Justiça:

ADMINISTRATIVO. AÇÃO DECLARATÓRIA, CUMULADA COM


INDENIZAÇÃO. SERVIDORAS PÚBLICAS MUNICIPAIS. ATENDENTES
DE CRECHE QUE EXECUTAM TRABALHO DE EDUCADOR SOCIAL.
DESVIO DE FUNÇÃO CARACTERIZADO. DIFERENÇAS SALARIAIS
DEVIDAS. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MANTIDOS. RECURSO
DESPROVIDO (TJPR - 2ª Câmara Cível - Apelação Cível nº 1509775-9 -
São José dos Pinhais - Rel.: Lauro Laertes de Oliveira - Unânime - J.
07.06.2016) – grifos acrescidos.

ADMINISTRATIVO - AÇÃO DE COBRANÇA - SERVIDORA MUNICIPAL -


ATIVIDADES EXERCIDAS - DESVIO DE FUNÇÃO CARACTERIZADO -
DIFERENÇAS SALARIAIS DEVIDAS COM OS REFLEXOS LEGAIS -
APELAÇÃO DESPROVIDA - REEXAME NECESSÁRIO - SENTENÇA
REFORMADA EM PARTE. Comprovado o desvio de função pelo
desempenho de funções alheias ao cargo para o qual fora nomeada, a
servidora faz jus às diferenças salarias, acrescidas dos reflexos legais, sob
pena de se caracterizar o locupletamento indevido por parte da autarquia
municipal (TJPR - 3ª Câmara Cível - Apelação Cível nº 1356576-5 - Região
Metropolitana de Londrina - Foro Central de Londrina - Rel.: Rogério
Coelho - Unânime - J. 08.03.2016 - grifos acrescidos).

Acertado, portanto, o proceder do eminente magistrado sentenciante ao


reconhecer o direito da autora à percepção das diferenças remuneratórias advindas do desvio
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funcional acrescidas dos reflexos legais, sob pena de caracterizar enriquecimento impróprio
pela administração pública.

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A propósito, destacam-se alguns julgados proferidos em situações
semelhantes, verbis:

APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. SERVIDORA PÚBLICA


MUNICIPAL NOMEADA PARA O CARGO DE AUXILIAR DE EDUCAÇÃO
INFANTIL. EXERCÍCIO DE ATIVIDADES PREVISTAS PARA O CARGO
DE DOCENTE. COMPROVAÇÃO DE QUE A SERVIDORA EXERCIA A
FUNÇÃO DE REGENTE DE TURMA, DA QUAL ERA RESPONSÁVEL,
ELABORANDO OS PLANOS DE AULA E DESENVOLVENDO
ATIVIDADES EDUCATIVAS NA QUALIDADE DE PROFESSORA DAS
CRIANÇAS DO MATERNAL PARA AS QUAIS MINISTRAVA AS AULAS.
DESVIO DE FUNÇÃO COMPROVADO. DIFERENÇAS SALARIAIS
DEVIDAS, COM A REPERCUSSÃO NOS REFLEXOS TRABALHISTAS.
CONDENAÇÃO DO MUNICÍPIO DE PATO BRANCO MANTIDA.
REEXAME NECESSÁRIO. CONHECIMENTO EX OFFICIO. ÍNDICE DE
CORREÇÃO MONETÁRIA. ADEQUAÇÃO. APLICAÇÃO DO IPCA-E,
CONFORME O JULGAMENTO DO RE Nº 870.947/SE. TESE DE
REPERCUSSÃO GERAL (TEMA Nº 810). JUROS DE MORA.
OBSERVÂNCIA DO PERÍODO DE GRAÇA CONSTITUCIONAL.
INTELIGÊNCIA DA SÚMULA VINCULANTE 17. CUSTAS PROCESSUAIS.
AFASTAMENTO DA TAXA JUDICIÁRIA. INCIDÊNCIA DO ART. 3º DO
DECRETO ESTADUAL Nº 962/32. RECURSO CONHECIDO E, NO
MÉRITO, NÃO PROVIDO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA
EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO DE OFÍCIO (TJPR,
3ª Câmara Cível, Apelação Cível e Reexame Necessário nº 1644534-2,
Pato Branco, Relator: José Sebastião Fagundes Cunha, Unânime, Julgado
em 03.10.2017 – grifos acrescidos).

APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO DE COBRANÇA


C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SERVIDORA PÚBLICA
MUNICIPAL QUE FOI NOMEADA PARA O CARGO DE AUXILIAR DE
EDUCAÇÃO INFANTIL, MAS DESENVOLVE ATIVIDADES INERENTES
À FUNÇÃO DE DOCENTE. PROVA TESTEMUNHAL CONSISTENTE E
SATISFATÓRIA A CORROBORAR O DESVIO DE FUNÇÃO.
DIFERENÇAS DEVIDAS, BEM COMO RESPECTIVOS REFLEXOS.
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SENTENÇA MANTIDA EM REEXAME NECESSÁRIO. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO (TJPR, 2ª Câmara Cível,
0011264-32.2016.8.16.0131, Pato Branco, Relatora: Angela Maria
Machado Costa, Julgado em 18.07.2018 – grifos acrescidos).

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ADMINISTRATIVO - AÇÃO DE COBRANÇA - SERVIDORA MUNICIPAL -
ATIVIDADES EXERCIDAS - DESVIO DE FUNÇÃO CARACTERIZADO -
DIFERENÇAS SALARIAIS DEVIDAS COM OS REFLEXOS LEGAIS -
APELAÇÃO DESPROVIDA - REEXAME NECESSÁRIO - SENTENÇA
REFORMADA EM PARTE. Comprovado o desvio de função pelo
desempenho de funções alheias ao cargo para o qual fora nomeada, a
servidora faz jus às diferenças salarias, acrescidas dos reflexos legais, sob
pena de se caracterizar o locupletamento indevido por parte da autarquia
municipal (TJPR, 3ª Câmara Cível, Apelação Cível nº 1356576-5, Londrina,
Relator: Rogério Coelho, Unânime, Julgado em 08.03.2016 - grifos
acrescidos).

Cumpre referir, ainda, a necessidade de que o Município de Toledo


proceda à cessação do desvio de função constatado, o que deverá ser comprovado em fase de
liquidação de sentença, conforme já determinado pelo juiz sentenciante. É que a manutenção
da servidora em cargo para o qual não obteve prévia aprovação em concurso público importa
em violação aos princípios do concurso público e da legalidade (Súmula Vinculante nº 43).

Insurge-se o ente municipal, ainda, quanto aos parâmetros adotados pelo


eminente magistrado sentenciante para a incidência dos juros de mora, eis que determinou que
os valores devidos sejam acrescidos de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, a contar
da citação (24/01/2020). Contudo, segundo diz, “os juros de mora só poderão incidir a partir do
atraso do pagamento, ou seja, se a RPV ou precatório expedido não for pago no prazo
Constitucional, nos termos do § 12, do artigo 100, CF, com redação dada pela EC nº 62/2009” .

Quanto aos índices aplicáveis, o artigo 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com


redação conferida pela Lei nº 11.960/2009, assim estabelece:

Art. 1 o -F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública,


independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária,
remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma
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única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração
básica e juros aplicados à caderneta de poupança.

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Acerca do tema, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar as Ações Diretas de
Inconstitucionalidade nº 4.357 e nº 4.425, entendeu, entre outros, pela inconstitucionalidade da
atualização monetária dos débitos fazendários inscritos em precatórios segundo o índice oficial
de remuneração da caderneta de poupança, bem como da quantificação dos juros moratórios,
porém, apenas em relação aos débitos estatais de natureza tributária. Declarou, assim, a
inconstitucionalidade parcial do § 12, do artigo 100, da Constituição Federal, incluído pela
Emenda Constitucional nº 62/2009, e, por arrastamento, do acima transcrito artigo 1º-F da Lei
nº 9.494/1997, com redação conferida pela Lei nº 11.960/2009. Confira-se:

DIREITO CONSTITUCIONAL. REGIME DE EXECUÇÃO DA FAZENDA


PÚBLICA MEDIANTE PRECATÓRIO. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº
62/2009. (...). IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DA UTILIZAÇÃO DO ÍNDICE
DE REMUNERAÇÃO DA CADERNETA DE POUPANÇA COMO CRITÉRIO
DE CORREÇÃO MONETÁRIA. VIOLAÇÃO AO DIREITO FUNDAMENTAL
DE PROPRIEDADE (CF, ART. 5º, XXII). INADEQUAÇÃO MANIFESTA
ENTRE MEIOS E FINS. INCONSTITUCIONALIDADE DA UTILIZAÇÃO DO
RENDIMENTO DA CADERNETA DE POUPANÇA COMO ÍNDICE
DEFINIDOR DOS JUROS MORATÓRIOS DOS CRÉDITOS INSCRITOS
EM PRECATÓRIOS, QUANDO ORIUNDOS DE RELAÇÕES
JURÍDICO-TRIBUTÁRIAS. DISCRIMINAÇÃO ARBITRÁRIA E VIOLAÇÃO
À ISONOMIA ENTRE DEVEDOR PÚBLICO E DEVEDOR PRIVADO (CF,
ART. 5º, CAPUT). (...). PEDIDO JULGADO PROCEDENTE EM PARTE.
(...) 5. O direito fundamental de propriedade (CF, art. 5º, XXII) resta violado
nas hipóteses em que a atualização monetária dos débitos fazendários
inscritos em precatórios perfaz-se segundo o índice oficial de remuneração
da caderneta de poupança, na medida em que este referencial é
manifestamente incapaz de preservar o valor real do crédito de que é titular
o cidadão. É que a inflação, fenômeno tipicamente econômico-monetário,
mostra-se insuscetível de captação apriorística (ex ante), de modo que o
meio escolhido pelo legislador constituinte (remuneração da caderneta de
poupança) é inidôneo a promover o fim a que se destina (traduzir a inflação
do período). 6. A quantificação dos juros moratórios relativos a débitos
fazendários inscritos em precatórios segundo o índice de remuneração da
caderneta de poupança vulnera o princípio constitucional da isonomia (CF,
art. 5º, caput) ao incidir sobre débitos estatais de natureza tributária, pela
discriminação em detrimento da parte processual privada que, salvo
expressa determinação em contrário, responde pelos juros da mora
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tributária à taxa de 1% ao mês em favor do Estado (ex vi do art. 161, §1º,
CTN). Declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução da
expressão “independentemente de sua natureza”, contida no art. 100, §12,
da CF, incluído pela EC nº 62/09, para determinar que, quanto aos

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precatórios de natureza tributária, sejam aplicados os mesmos juros de
mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário. 7. O art. 1º-F da
Lei nº 9.494/97, com redação dada pela Lei nº 11.960/09, ao reproduzir as
regras da EC nº 62/09 quanto à atualização monetária e à fixação de juros
moratórios de créditos inscritos em precatórios incorre nos mesmos vícios
de juridicidade que inquinam o art. 100, §12, da CF, razão pela qual se
revela inconstitucional por arrastamento, na mesma extensão dos itens 5 e
6 supra. (..) 9. Pedido de declaração de inconstitucionalidade julgado
procedente em parte (ADI 4357, Relator: Ministro Ayres Britto, Relator p/
Acórdão: Ministro Luiz Fux, Tribunal Pleno, julgado em 14/03/2013, acórdão
eletrônico DJe-188, divulgado em 25/09/2014 e publicado em 26/09/2014).

Posteriormente, ao analisar questão de ordem, a Corte Suprema modulou


os efeitos da decisão acima mencionada e assentou o seguinte:

QUESTÃO DE ORDEM. MODULAÇÃO TEMPORAL DOS EFEITOS DE


DECISÃO DECLARATÓRIA DE INCONSTITUCIONALIDADE (LEI
9.868/99, ART. 27). POSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE ACOMODAÇÃO
OTIMIZADA DE VALORES CONSTITUCIONAIS CONFLITANTES.
PRECEDENTES DO STF. REGIME DE EXECUÇÃO DA FAZENDA
PÚBLICA MEDIANTE PRECATÓRIO. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº
62/2009. EXISTÊNCIA DE RAZÕES DE SEGURANÇA JURÍDICA QUE
JUSTIFICAM A MANUTENÇÃO TEMPORÁRIA DO REGIME ESPECIAL
NOS TERMOS EM QUE DECIDIDO PELO PLENÁRIO DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL. (...). Confere-se eficácia prospectiva à declaração
de inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ADI, fixando como
marco inicial a data de conclusão do julgamento da presente questão de
ordem (25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou
pagos até esta data, a saber: (i) fica mantida a aplicação do índice oficial de
remuneração básica da caderneta de poupança (TR), nos termos da
Emenda Constitucional nº 62/2009, até 25.03.2015, data após a qual (a) os
créditos em precatórios deverão ser corrigidos pelo Índice de Preços ao
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) e (b) os precatórios tributários
deverão observar os mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública
corrige seus créditos tributários; e (ii) ficam resguardados os precatórios
expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base nos arts.
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27 das Leis nº 12.919/13 e nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice
de correção monetária. (...) - ADI 4425 QO, Relator: Ministro Luiz Fux,
Tribunal Pleno, julgado em 25/03/2015, processo eletrônico DJe-152,
divulgado em 03/08/2015 e publicado em 04/08/2015.

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Em sede de embargos de declaração, quanto às hipóteses de incidência de
correção monetária e juros moratórios sobre condenações impostas à Fazenda Pública, restou
aclarado que a declaração de inconstitucionalidade, no tocante a correção monetária, atingiu
apenas valores requisitórios, e, relativamente aos juros de mora, abrangeu até mesmo os
incidentes na data da condenação.

As ementas são esclarecedoras, o que impõe, por oportuno, suas


transcrições:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 62/2009.
SUPOSTA OMISSÃO QUANTO AO ÍNDICE DE CORREÇÃO
MONETÁRIA DAS CONDENAÇÕES JUDICIAIS DA FAZENDA PÚBLICA
(“PRECATÓRIOS NÃO EXPEDIDOS”). ALCANCE MATERIAL DA
DECISÃO DE MÉRITO. LIMITES DA DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE POR ARRASTAMENTO DO ART. 1º-F DA
LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADA PELA LEI 11.960/2009.
EXTENSÃO DO ACÓRDÃO EMBARGADO. OMISSÃO INEXISTENTE.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. 1. O art. 1º-F da Lei nº
9.494/1997 foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal,
ao julgar as ADIs nº 4.357 e 4.425, apenas na parte em que o texto legal
estava logicamente vinculado no art. 100, §12, da CRFB, incluído pela EC
nº 62/2009, o qual se refere tão somente à atualização de valores de
requisitórios, não abarcando as condenações judiciais da Fazenda Pública.
2. A correção monetária nas condenações judiciais da Fazenda Pública
segue disciplinada pelo art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, devendo-se observar
o índice oficial de remuneração da caderneta de poupança como critério de
cálculo; o IPCA-E deve corrigir o crédito uma vez inscrito em precatório. 3.
Os juros moratórios nas condenações judiciais da Fazenda Pública
seguem disciplinadas pelo art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997,
aplicando-se-lhes o índice oficial de remuneração da caderneta de
poupança como critério de cálculo, exceto no que diz respeito às
relações jurídico-tributárias, aos quais devem seguir os mesmos
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critérios pelos quais a Fazenda Pública remunera o seu crédito. 4.
Embargos de declaração rejeitados (ADI 4357 QO-ED, Relator: Ministro
Luiz Fux, Tribunal Pleno, julgado em 09/12/2015, processo eletrônico
DJe-157, divulgado em 03/08/2018, publicado em 06/08/2018 - destaquei).

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 62/2009.
REGIME DE JUROS MORATÓRIOS EM RELAÇÕES JURÍDICAS NÃO
TRIBUTÁRIAS. SUPOSTA OMISSÃO QUANTO AO PRINCÍPIO DA
ISONOMIA. NÃO OCORRÊNCIA. TENTATIVA DE REDISCUSSÃO DO
MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO QUANTO AOS
JUROS COMPENSATÓRIOS. IMPUGNAÇÃO NÃO APRESENTADA NA
POSTULAÇÃO INICIAL. AUSÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO
EMBARGADO. EFICÁCIA RETROATIVA DO JULGADO. OMISSÃO
INEXISTENTE. CRITÉRIO DE CORREÇÃO MONETÁRIA DE
PRECATÓRIOS NÃO SUJEITOS AO REGIME ESPECIAL. ALEGADA
OMISSÃO. NÃO OCORRÊNCIA. APLICABILIDADE DO IPCA-E A PARTIR
DE 25 DE MARÇO DE 2015 A TODOS OS REQUISITÓRIOS. EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. (...). 2. Os juros moratórios nas
condenações e nos precatórios judiciais da Fazenda Pública seguem
disciplinados pelo art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, sendo válido o índice
oficial de remuneração da caderneta de poupança como critério de
sua quantificação, exceto no que diz respeito às relações
jurídico-tributárias . 3. Os juros moratórios nas relações
jurídico-tributárias devem seguir os mesmos critérios pelos quais a
Fazenda Pública remunera o seu crédito, tendo como marco inicial a
data de 25 de março de 2015, quando concluído o julgamento de questão
de ordem relativa à eficácia temporal do julgado. Inexistência de omissão
quanto ao ponto. 4. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-Especial
(IPCA-E) é o índice de correção monetária a ser aplicado a todos os
valores inscritos em precatórios, estejam eles sujeitos, ou não, ao
regime especial criado pela EC nº 62/2009, qualquer que seja o ente
federativo de que se trate. 5. Embargos de declaração rejeitados (ADI 4357
QO-ED-segundos, Relator: Ministro Luiz Fux, Tribunal Pleno, julgado em
09/12/2015, processo eletrônico DJe-157, divulgado em 03/08/2018 e
publicado em 06/08/2018 - destaquei).

Paralelamente, o Supremo Tribunal Federal, ao analisar o recurso


extraordinário nº 870.947, no qual restou reconhecida repercussão geral da matéria, firmou o
entendimento de que a utilização do índice de remuneração da caderneta de poupança para
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fins de correção monetária das condenações impostas à Fazenda Pública é inadequada. No
mais, reafirmou que os juros moratórios incidentes sobre débitos estatais relativos a relações
jurídico-tributárias devem incidir pelos mesmos critérios que a Fazenda Pública atualiza seus
créditos. Note-se:

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DIREITO CONSTITUCIONAL. REGIME DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E
JUROS MORATÓRIOS INCIDENTE SOBRE CONDENAÇÕES JUDICIAIS
DA FAZENDA PÚBLICA. ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM A REDAÇÃO
DADA PELA LEI Nº 11.960/09. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DA
UTILIZAÇÃO DO ÍNDICE DE REMUNERAÇÃO DA CADERNETA DE
POUPANÇA COMO CRITÉRIO DE CORREÇÃO MONETÁRIA. VIOLAÇÃO
AO DIREITO FUNDAMENTAL DE PROPRIEDADE (CRFB, ART. 5º, XXII).
INADEQUAÇÃO MANIFESTA ENTRE MEIOS E FINS.
INCONSTITUCIONALIDADE DA UTILIZAÇÃO DO RENDIMENTO DA
CADERNETA DE POUPANÇA COMO ÍNDICE DEFINIDOR DOS JUROS
MORATÓRIOS DE CONDENAÇÕES IMPOSTAS À FAZENDA PÚBLICA,
QUANDO ORIUNDAS DE RELAÇÕES JURÍDICO-TRIBUTÁRIAS.
DISCRIMINAÇÃO ARBITRÁRIA E VIOLAÇÃO À ISONOMIA ENTRE
DEVEDOR PÚBLICO E DEVEDOR PRIVADO (CRFB, ART. 5º, CAPUT).
RECURSO EXTRAORDINÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O princípio
constitucional da isonomia (CRFB, art. 5º, caput), no seu núcleo essencial,
revela que o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº
11.960/09, na parte em que disciplina os juros moratórios aplicáveis a
condenações da Fazenda Pública, é inconstitucional ao incidir sobre
débitos oriundos de relação jurídico-tributária, os quais devem observar os
mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Pública remunera seu
crédito; nas hipóteses de relação jurídica diversa da tributária, a fixação dos
juros moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de
poupança é constitucional, permanecendo hígido, nesta extensão, o
disposto legal supramencionado. 2. O direito fundamental de propriedade
(CRFB, art. 5º, XXII) repugna o disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97,
com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, porquanto a atualização
monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a
remuneração oficial da caderneta de poupança não se qualifica como
medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo
inidônea a promover os fins a que se destina. 3. A correção monetária tem
como escopo preservar o poder aquisitivo da moeda diante da sua
desvalorização nominal provocada pela inflação. É que a moeda fiduciária,
enquanto instrumento de troca, só tem valor na medida em que capaz de
ser transformada em bens e serviços. A inflação, por representar o
aumento persistente e generalizado do nível de preços, distorce, no tempo,
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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
a correspondência entre valores real e nominal (cf. MANKIW, N.G.
Macroeconomia. Rio de Janeiro, LTC 2010, p. 94; DORNBUSH, R.;
FISCHER, S. e STARTZ, R. Macroeconomia. São Paulo: McGraw-Hill do
Brasil, 2009, p. 10; BLANCHARD, O. Macroeconomia. São Paulo: Prentice

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Hall, 2006, p. 29). 4. A correção monetária e a inflação, posto fenômenos
econômicos conexos, exigem, por imperativo de adequação lógica, que os
instrumentos destinados a realizar a primeira sejam capazes de capturar a
segunda, razão pela qual os índices de correção monetária devem
consubstanciar autênticos índices de preços. 5. Recurso extraordinário
parcialmente provido (RE 870947, Relator: Ministro Luiz Fux, Tribunal
Pleno, julgado em 20/09/2017, acórdão eletrônico repercussão geral -
mérito DJe-262, divulgado em 17/11/2017 e publicado em 20/11/2017).

Feitas tais premissas, e neste cenário, assiste razão ao apelante quanto a


necessidade de reforma da sentença na parte que trata dos índices dos juros de mora
aplicáveis sobre as parcelas da condenação.

Tratando-se de remuneração de servidor público, os juros de mora são


devidos, a partir da citação, pelos índices oficiais de remuneração básica da caderneta de
poupança, com a ressalva, em sede de remessa necessária, que eles não poderão incidir no
período de graça constitucional (Súmula Vinculante nº 17).

No que pertine ao índice de atualização monetária incidente sobre a


condenação, vê-se que corretamente estabelecido na r. sentença, pois a correção monetária do
valor da condenação deve ser calculada pelo IPCA-E, nos termos do tema 810 do Supremo
Tribunal Federal, em repercussão geral, com a manutenção do termo inicial (a partir de cada
pagamento devido) e, assim, deve ser confirmada em remessa necessária, conhecida de ofício.

No que diz respeito aos honorários advocatícios, verifica-se que o eminente


juiz singular os arbitrou “sobre o valor da condenação estabelecida (...), conforme faixas
estabelecidas nos incisos I a V do art. 85, §3º c/c §5º do art. 85 do CPC, em face da
sucumbência do requerido, da natureza da demanda e do trabalho realizado pelo ilustre
advogado, conforme incisos I, III e IV do § 2º também do art. 85 do Código de Processo Civil” .
Contudo, está-se diante de sentença ilíquida, cujo proveito econômico obtido pela parte autora
não pode ser verificado de plano. Há necessidade, aqui, de liquidação do julgado.
PROJUDI - Recurso: 0016584-38.2019.8.16.0170 - Ref. mov. 48.1 - Assinado digitalmente por Marcos Sergio Galliano Daros:7627
24/03/2021: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Marcos Sérgio Galliano Daros - 3ª Câmara Cível)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Dessa forma, faz-se necessário observar o disposto no artigo 85, 4º, inciso
II, do Código de Processo Civil de 2015, verbis:

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Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado
do vencedor.

(...)

§ 4º Em qualquer das hipóteses do §3º:

II - não sendo líquida a sentença, a definição do percentual, nos termos


previstos nos incisos I a V, somente ocorrerá quando liquidado o julgado –
grifos acrescidos.

DA REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA DE OFÍCIO

O processo teve seu trâmite regular e a r. sentença foi prolatada de forma


fundamentada. Conforme registrado linhas acima, cabe ressalvar, apenas, a não incidência de
juros de mora no período de graça constitucional (Súmula Vinculante nº 17) e determinar que o
percentual devido a título de honorários advocatícios deverá ser definido pelo magistrado da
causa na fase de liquidação do julgado, nos termos do artigo 85, § 4º, inciso II, do Código de
Processo Civil.

Por essas razões, o meu voto é no sentido de dar parcial provimento ao


recurso de apelação interposto pelo Município de Toledo, apenas para determinar que os juros
de mora incidentes sobre o valor da condenação deverão ser calculados pelos índices oficiais
de remuneração básica da caderneta de poupança. Em sede de remessa necessária, ressalvar
a não incidência de juros de mora no período de graça constitucional (Súmula Vinculante nº 17)
e determinar que o percentual devido a título de honorários advocatícios deverá ser definido
pelo magistrado da causa na fase de liquidação do julgado, nos termos do artigo 85, § 4º, inciso
II, do Código de Processo Civil, bem como confirmar a r. sentença em seus demais aspectos,
nos termos da fundamentação.

Ante o exposto, ACORDAM os Senhores Magistrados integrantes da 3ª


Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em dar
parcial provimento ao recurso de apelação interposto pelo Município de Toledo, apenas para
determinar que os juros de mora incidentes sobre o valor da condenação deverão ser
calculados pelos índices oficiais de remuneração básica da caderneta de poupança. Em sede
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24/03/2021: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Marcos Sérgio Galliano Daros - 3ª Câmara Cível)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
de remessa necessária, ressalvar a não incidência de juros de mora no período de graça
constitucional (Súmula Vinculante nº 17) e determinar que o percentual devido a título de
honorários advocatícios deverá ser definido pelo magistrado da causa na fase de liquidação do
julgado, nos termos do artigo 85, § 4º, inciso II, do Código de Processo Civil, bem como manter

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a r. sentença em seus demais aspectos, nos termos do voto do relator.

O julgamento foi presidido pelo Desembargador José Sebastião Fagundes


Cunha, sem voto, e dele participaram Desembargador Marcos Sérgio Galliano Daros (relator),
Desembargadora Lidia Maejima e Desembargador Jorge de Oliveira Vargas.

23 de março de 2021

Desembargador Marcos Sérgio Galliano Daros

Juiz relator

[1] Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentenç

[2] Súmula 490 do Superior Tribunal de Justiça: “A dispensa de reexame necessário, quando o valor da condenação ou do d

[3] CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. 3. ed. rev. ampl. e atual. Salvador:
JusPodivm, 2016, p. 756.

[4] Súmula 378 do Superior Tribunal de Justiça: “reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às
diferenças salariais decorrentes”.

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