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RESUMO

Este é um trabalho sobre um problema que surgiu nas últimas décadas, o


surgimento da criminalização injusta devido ao erro judicial, particularmente no
nível estadual. Analisa os fundamentos da responsabilidade civil dos estados
trazidos pela doutrina, atribui responsabilidade objetiva aos criminosos
condenados por erros judiciários e recomenda um melhor entendimento da
dinâmica decisória utilizada pelos tribunais federais para discutir questões
relevantes em regiões e territórios. Aborda a possibilidade de o Estado aceitar
ou não a responsabilidade por um erro judiciário e, quando não
responsabilizado, quais os fundamentos para não aceitar eventuais
indenizações. Para chegar ao ápice da discussão, inicia-se esclarecendo as
diretrizes de como o Estado responde aos danos causados por agentes e
empregados, esclarecendo o sentido e o significado da responsabilidade civil
contemporânea, e dissecando as normas objetivas e subjetivas da
responsabilidade civil. Avaliando responsabilidade, pressupostos de
responsabilidade, o conceito de erro judicial, seus tipos, argumentos contra e a
favor da responsabilização do Estado pelas ações do judiciário e críticas da
literatura judicial e julgamentos sobre a responsabilidade do Estado pela
criminalização do erro judicial. Para tanto, realiza-se ampla pesquisa em obras
clássicas e modernas, utilizando-se as principais leis e a legislação pertinente
nelas contidas, o Código Civil vigente, o Código de Processo Civil, o Código
Penal, o Código de Processo Penal e a decisão final do dos Tribunais do
Distrito Federal e Territoriais. Concluiu que o entendimento dos tribunais
distritais e regionais desconsiderou largamente a responsabilidade estatal e,
portanto, nenhuma indenização, seja por falta de requisitos processuais, seja
por falta de reconhecimento de erro judiciário.

Palavras-chave: Direito Civil. Direito Administrativo. Responsabilidade Civil.


Responsabilidade Objetiva do Estado. Erro judiciário.

ABSTRACT

This is a work on a problem that has arisen in recent decades, the emergence
of unfair criminalization due to judicial error, particularly at the state level. It
analyzes the foundations of the civil liability of the states brought by the
doctrine, assigns objective responsibility to criminals convicted of judicial errors
and recommends a better understanding of the decision-making dynamics used
by the federal courts to discuss relevant issues in regions and territories. It
discusses the possibility of the State accepting or not the responsibility for a
miscarriage of justice and, when not responsible, what are the reasons for not
accepting eventual indemnities. To reach the summit of the discussion, it begins
by clarifying the guidelines for how the State responds to damages caused by
agents and employees, clarifying the meaning and meaning of contemporary
civil liability, and dissecting the objective and subjective norms of civil liability.
Evaluating responsibility, assumptions of responsibility, the concept of judicial
error, its types, arguments against and in favor of the State's accountability for
the actions of the judiciary and criticisms of the judicial literature and judgments
about the State's responsibility for the criminalization of the judicial error. To this
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end, extensive research is carried out in classic and modern works, using the
main laws and the pertinent legislation contained in them, the current Civil
Code, the Civil Procedure Code, the Penal Code, the Criminal Procedure Code
and the decision end of the Federal District and Territorial Courts. It concluded
that the understanding of the district and regional courts largely disregarded
state responsibility and, therefore, no compensation, either for lack of
procedural requirements or for lack of recognition of miscarriage of justice.

Keywords: Civil Law. Administrative law. Civil responsability. Objective


Responsibility of the State. Judicial error.
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1. INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

A liberdade é um direito fundamental de todo cidadão, mas os Estados


costumam cometer erros irreparáveis que violam diretamente esses direitos,
que estão claramente consagrados na Constituição Federal de 1988
(SORGATTO MM, et al., 2016).
Segundo Rozas LB (2018), as violações a esse direito são
generalizadas, especialmente quando se trata de condenações injustas,
problema que persiste no processo penal e perdura até os dias de hoje, sendo
uma das principais causas de erros judiciários.
Não há como negar os danos e as consequências que o erro judiciário
pode causar na vida de inocentes condenados injustamente. Para tanto, cabe
ressaltar que o erro judiciário deve ser evitado a fim de evitar que inocentes
sejam condenados injustamente e paguem por crimes que não cometeram
(SILVA NCP et al., 2020).
A negação de justiça ocorre em todas as áreas ativas do direito. Na
esfera criminal, porém, o erro judiciário ganha maior destaque pela gravidade
de suas consequências, por se tratar de um direito constitucional como a
liberdade, a honra, a propriedade, etc. Segundo a teoria atual, casos injustos,
falsos e mal decididos no campo penal são atos injustos de exercício da
jurisdição, incluindo principalmente condenações injustas, que levam à
condenação de pessoas inocentes, causando danos e consequências
vitalícias. (Gonçalves CR, 2020).
As consequências dos erros judiciários não se refletem apenas na
privação da liberdade, mas também em problemas psicológicos e violações da
dignidade, ferindo gravemente o valor básico do próprio caráter e
personalidade, o que pode estar relacionado a danos morais (SILVA NCP et al.
, 2020). É certo que o Estado é obrigado a reparar os danos causados a
terceiros em razão de erro judiciário, criminal ou não, pois a Constituição da
República de 1988 propõe como garantia pessoal em seu LXXV Artigo 5º que o
Estado indenize os danos causados a possibilidades de terceiros
(FIORENTINO TF, 2020).
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Diante disso, este estudo busca analisar as manifestações dos erros


judiciários diante das condenações injustas e seus antecedentes e
consequências por meio de uma revisão narrativa, com foco nos erros criminais
que acabam levando à condenação injusta de pessoas inocentes.

1.2 Objetivo geral

O objetivo geral do trabalho é analisar os casos injustos, falsos e


erroneamente decididos e suas causas e consequências, e focar na análise de
faltas criminais que levam a pessoas inocentes serem injustiçadas.

1.3 Objetivo específico

A fim de viabilizar a consecução do objetivo geral de estudo, foram


formulados objetivos específicos, como forma de restringir logicamente o
raciocínio descritivo apresentado neste estudo.
i. apresentar o sistema Judiciário no Brasil;
ii. descrever sobre Prisão decorrente de erro judiciário – TJDFT
iii. apresentar as responsabilidades civil do estado por prisão ilegal

1.4. Justificativa

O cárcere privado e o erro judiciário são flagrantes violações de diversos


dispositivos constitucionais e também da legislação federal, dentre os quais
podemos destacar a inviolabilidade da dignidade, liberdade, honra e imagem
da pessoa humana, todos merecedores de reparação, nos aspectos morais ou
materiais determinados pelo texto da Constituição. É especialmente importante
ter em mente que o sistema prisional brasileiro é considerado um local inóspito
que muitas vezes apresenta riscos graves, e ainda mais graves, para quem
nele ingressa, prejudicando não só a personalidade dos detentos, mas também
sua integridade física e mental. Sua importância está ligada ao fato de que o
Estado tem o dever de zelar para que os presos respeitem sua integridade
física e moral, com penas baseadas na responsabilidade civil por danos morais
causados por violações aos direitos inerentes à dignidade da pessoa humana.
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1.4 Hipótese

O Estado ao cometer um erro no judiciário exerce sua responsabilidade


civil?

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Noções provisórias da dignidade da pessoa humana

A dignidade da pessoa humana é a premissa de interpretação que se


refere as necessidades vitais de cada indivíduo, em via de regra, qualquer
sistema jurídico, internacional ou nacional, a dignidade é a base que se
considera compatível com os valores éticos, notadamente da moral, da justiça
e da democracia.
Pensar em dignidade da pessoa humana significa, acima de tudo,
colocar a pessoa humana como centro e norte para qualquer processo de
interpretação jurídico, seja na elaboração da norma, seja na sua aplicação
(NUCCI, 2022).
Feitas as primeiras considerações, esclarece-se que o presente capítulo
tem por objetivo analisar o tema compreendendo os tempos passados e atuais,
ou seja, a origem dos direitos a liberdade e sua contextualização no sistema
brasileiro quanto as ações configuradoras do abuso de autoridade e a reforma
da Lei de abuso de autoridade (NUCCI, 2022).

2.2 A liberdade pessoal como direito fundamental e a prisão como


privativação de liberdade no ordenamento jurídico brasileiro

Os direitos fundamentais do homem são direitos históricos, nascidos em


circunstâncias marcadas por lutas em defesa de novas liberdades contra
velhos poderes, e nascidos de modo gradativo, ou seja, não todos de uma só
vez. As garantias, por sua vez, são entendidas como elementos assecuratórios
ao exercício dos direitos, portanto, ao mesmo tempo, limitam os poderes do
Estado
Com isso, os Direitos Fundamentais são protetivos e buscam garantir o
mínimo necessário para a existência digna do indivíduo frente à atuação do
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Estado. Estes direitos, são baseados no princípio da dignidade humana, sendo


inalienáveis do contrato social entre indivíduo e Estado (NUCCI, 2022).
Previstos no título II da Constituição Federal de 1988, os Direitos e
garantias Fundamentais são fortemente baseados na Declaração dos Direitos
Humanos, cujo objetivo é a obrigação de garantir e prezar pela dignidade e
proteção à vida humana frente a atuação do Estado (NUCCI, 2022).
De acordo com Tiago Fachini, (2022) a Declaração dos Direitos
Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) de 1948 é vigorosamente
baseada na sua irmã de 1789, e teve uma dimensão maior, uma vez que é
uma cartilha de direitos básicos defendida por todos os países que a
assinaram.
Diante da proximidade dos laços entre a Declaração dos Direitos
Humanos e dos Direitos Fundamentais, resta diferenciá-los: A Declaração dos
Direitos Humanos de 1948 faz menção as normas de caráter internacional,
baseados em acordos, tratados e declarações, enquanto os Direitos
Fundamentais estão presentes na Constituição Federal. Por estarem os
Direitos Fundamentais no ordenamento jurídico brasileiro, são garantias
formais estabelecidas dentro do Estado brasileiro (AB, 2022).
Frente ao narrado, a atuação do Estado diante dos direitos fundamentais
não deixa de ser ambígua. De um lado, pelo monopólio do uso legítimo da
força, o Estado é forte candidato a violar direitos fundamentais. Em
contrapartida, cada vez mais se exige que o Estado atue, inclusive
preventivamente, para evitar lesões a direitos fundamentais. Dessa forma,
verifica-se nitidamente a ambiguidade pois o Estado que deve ser o protetor
dos direitos fundamentais, com muita frequência é seu principal agressor
(NORONHA, 2022).
O direito à liberdade surgiu como forma de libertar o homem das ligas do
estado absolutista, é o Direito Fundamental individual de maior destaque,
sendo que tal direito não mais poderia ser restrito pelo Estado de forma
deliberada e absoluta (NORONHA, 2022).
A essência do poder absolutista consiste no tipo de governo cuja pessoa
que possui o poder absoluto e ilimitado, não esteja sujeita a contestações ou
regulamentações de qualquer outra instituição. Este regime surgiu no final da
Idade Média caracterizado em concentrar o poder na figura de um rei. Na figura
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de rei é possível identificar como sendo o Estado, ou seja, não há diferença


entre a pessoa da realeza e o Estado que governa (BERGAMIM, 2020).

(...)O principal fundamento dos Direitos Humanos é a garantia da


dignidade humana. Todos os seres humanos devem ter reconhecido
seu direito a ter direitos. Diante disso, o direito à liberdade sem dúvida
se coloca no núcleo central das questões jurídicas relevantes. Sendo
objeto central deste projeto, é expressamente mencionado no
preâmbulo e assegurado no artigo 5º da Constituição Federal de 1988
sem qualquer distinção (BERGAMIM, 2020).

Desta forma, conforme Fernanda Carolina Tôrres, o direito à liberdade


admite restrições como todo direito fundamental e tal direito não pode ser
usado como fuga para a prática de crimes. Sendo a liberdade o estado natural
da pessoa, a liberdade é regra e a prisão exceção. Com isso, toda prisão deve
preencher todos os requisitos em lei e ser amplamente fundamentada, caso
contrário será considerada uma prisão indevida.
Ainda que caiba ao Estado determinar quando o indivíduo deverá sofrer
a violação de seu direito à liberdade, ele deve fazê-lo com amparo ao
regramento jurídico, conforme entendimento de Lenilma Cristina Sena de
Figueiredo Meirelles (2004, p. 505):

A liberdade física implica necessariamente no direito de ir vir e


permanecer. Todavia, essa liberdade que podemos chamar de
natural, não é absoluta, esbarra no poder estatal, encarregado de
manter a ordem e a paz pública. Assim, podemos afirmar que a
liberdade pessoal é condicionada pela lei, que regula o que não se
pode fazer, circunscrevendo o arbítrio de cada pessoa. Inexistindo,
dessa forma, liberdade absoluta, pois todos devem agir dentro dos
limites impostos pela ordem legal.

Sendo assim, a liberdade está ligada ao princípio da legalidade e pode-


se perceber no artigo 5º, inciso II da Carta Magna, esta ligação: "ninguém será
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei"
(BRASIL, 1988). A liberdade é somente limitada pela lei. A forma de considerar
a legalidade frente à liberdade é baseada em um conteúdo negativo, sendo a
liberdade o conceito geral e a restrição da lei a exceção.
Assegurado ao legislador a tarefa de delegar a criação de normas
destinadas a limitar o direito à liberdade pessoal ou de locomoção, legitimando
e possibilitando a ação do Estado, o direito tem seu exercício condicionado às
exigências da sociedade pelos interesses dos tutelados. As normas limitadoras
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são exceções à liberdade pessoal e devem, assim, atender aos rigorosos


limites impostos pelas determinações do Estado de Direito (BERGAMIM, 2020).
O Estado tem na pena de prisão o seu maior instrumento de restrição a
liberdade individual. O termo prisão deriva do latim prehensio, cujo significado é
‘’o ato de prender’’, designando o ato pelo qual se priva uma pessoa de sua
liberdade de ir e vir. No entendimento de Humberto Theodoro Junior (2009, p.
764) o conceito de prisão é a supressão da liberdade individual.
Nesse mesmo sentido, Julio Fabbrini Mirabete (2006, n.p.), entende
que:

A prisão, em sentido jurídico, é a privação de liberdade de


locomoção, ou seja, do direito de ir e vir, por motivo ilícito ou ordem
legal. Entretanto, o termo tem significado vários no direito pátrio, pois
pode significar a pena privativa de liberdade (“prisão simples” para o
autor de contravenções, “prisão” para crimes militares, além do
sinônimo de “reclusão” e “detenção”), o ato da captura (prisão em
flagrante ou em cumprimento de mandado) e a custódia (recolhimento
da pessoa ao cárcere). Assim, embora seja tradição no direito
objetivo o uso da palavra em todos os seus sentidos, nada impede se
utilize os termos captura e custódia, com os significados mencionados
em substituição ao termo prisão. Também se faz distinção das
espécies de prisão no direito brasileiro: a prisão-pena (penal) e a
prisão sem pena (processual penal, civil, administrativa e disciplinar)
(ALMEIDA, 2005; CASARA, 2015; NORONHA, 2022).

Em suma, a regra determinada pela Constituição Federal de 1988 é a


liberdade, consentindo o aprisionamento diante de flagrância na prática de
crime, ou diante da expedição de respectiva ordem de prisão fundamentada e
nos casos previstos em lei. Qualquer modalidade de prisão que não esteja em
acordo com os fundamentos será considerada ilegal sendo passível de
indenização pela autoridade estatal (ALMEIDA, 2005).
Com intuito de proteger e resguardar a liberdade individual, a
Constituição Federal anuncia uma série de garantias em seus vários incisos do
art. 5º da CF quais sejam (ALMEIDA, 2005):

Art. 5º- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]

LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem


escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo
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nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar,


definidos em lei;
[...]
LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária;

LXVI- ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei


admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
[...]
LXVIII- conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou
se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade
de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder;

LXIX- o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim


como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença. (BRASIL,
1988).

2.3 Responsabilidade civil do estado

Não há direito sem obrigação e não há nem direito nem obrigação sem
uma norma de conduta. Para tanto, passamos a analisar a responsabilidade
que é atribuída. Sendo utilizado nas mais diversas situações de nosso
cotidiano, na qual alguma pessoa, física ou jurídica, deverá arcar com as
consequências de seus atos ou fatos que causem um evento danoso, sendo a
responsabilidade civil, nesse contexto, a obrigação de indenizar os danos
sofridos por outrem.
Os princípios da responsabilidade civil, segundo Rosa Maria Andrade
Nery, visam reestabelecer o equilíbrio moral e patrimonial que tenha sido
violado. Nesse sentido, os ordenamentos jurídicos contemporâneos procuram
alargar o dever de indenizar, procurando alcançar novas perspectivas para que
restem, cada vez menos danos e prejuízos não ressarcidos (ALVES, 2022;
LEMOS, 2020; LEMOS, 2020; SANTIAGO, 2022).
A responsabilidade civil, de acordo com Emerson Santiago (2011, n.p.)
foi introduzida, no Brasil, pelo Ministro do STJ José de Aguiar Dias. Este
atestou que ‘’toda manifestação humana traz em si o problema da
responsabilidade’’. Ou seja, a responsabilidade civil baseia-se na prioridade de
restabelecer o ordenamento jurídico violado. A partir dessa premissa depara-se
com o sentimento de justiça e reformulação da convivência harmônica e
equilibrada recaindo na imposição de deveres que devem ser observados pelos
indivíduos que compõem a sociedade.
De acordo com o entendimento de Sérgio Cavalieri Filho (2009, p. 02), a
‘’responsabilidade civil é dever jurídico sucessivo que origina -se da violação de
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dever jurídico’’. Assim, a responsabilidade civil é toda ação ou omissão que


gere alguma violação de norma jurídica legal ou contratual.
Não seria diferente ao tratarmos da responsabilidade civil do Estado. Se
na origem vinculamos a responsabilidade no dever de arcar com as
consequências dos atos realizados, na responsabilidade civil do Estado
impõem-se à Fazenda Pública a obrigação de compor o dano causado à
terceiros diante da omissão ou por atos danosos realizados por seus agentes
públicos no desempenho de suas funções (ALVES, 2022; KNOER et al., 2022),
Hely Lopes Meirelles (2011), designa que a responsabilidade civil deverá
ser da administração visto que, a responsabilidade decorre de ações da
administração e não de atos do estado como entidade política. Com isso, o
tema ainda é bastante desconexo pois há posicionamentos que defendam o
Estado de possuir a obrigação de reparar pois indiretamente foi o responsável
pelo erro judiciário, no entanto, ainda oscila em relação a efetiva indenização.
Assim nasce a natureza específica da responsabilidade civil assumida
pelo estado, há uma autoria direta dos atos dos agentes, de maneira que as
condutas praticadas por eles serão entendidas como efetuadas pelo próprio
Estado. Este é conferido pelo poder de restringir a liberdade pessoal e as
regras limitadoras caso não respeitadas, seja por erro ou omissão, acarretam-
lhe a obrigação de indenizar (ALVES, 2022).
Com isso, observa-se que o mesmo ato, é capaz de gerar mais de uma
responsabilidade, em mais de uma esfera, sendo a principal ligação entre estes
o fato de se tratar de ato praticado contra o direito à liberdade. Assim, a fim de
identificar o assunto, é fundamental esclarecermos que o conceito de
responsabilidade abrange não somente o direito civil, como também as demais
esferas do direito, como por exemplo a penal e administrativa (ALVES, 2022).
Todavia, precisamos deixar claro que a responsabilidade civil é
independente da criminal, não podendo assim questionar-se mais sobre a
existência do fato ou sobre a autoria, quando estas questões já estiverem
decididas na esfera penal, conforme leciona o art. 935 do Código Civil:
(BRASIL, 2022. ALVES, 2022)
A partir do exposto, diferente do que ocorre no Direito Penal, em que a
culpa é considerada para efeitos de fixação de pena, no Direito Civil, se mede a
indenização não pela gravidade da culpa, mas pela extensão do dano. Não há
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distinção entre culpa e dolo para fixar o dever de indenizar. Segundo Cavalieri,
ainda que levíssima, a culpa obriga a indenizar (In lege aquilea et levíssima
culpa venit) (2008, p. 37) (CAPEZ, 2018).
Com isso, a responsabilidade estatal é gerida pela teoria do risco
administrativo. Ao demonstrar-se o nexo causal entre o dano e a conduta do
Estado, mediante ação de seus agentes, é garantido o direito de indenização
sem necessidade de analisar a culpa, visto que a responsabilidade é objetiva.
O direito à indenização pelos prejuízos sofridos está previsto como garantia
fundamental em nossa Constituição Federal (ARAÚJO, 2022; FRANCO, 2022).

2.4 quanto ao direito de ir e vir

Elencado no inciso LXV do artigo 5º de nossa Constituição Federal de


1988, resguarda-se o direito fundamental à liberdade, trazendo consigo ‘a
obrigatoriedade imediata de soltura das pessoas presas ilegalmente. A prisão
possui significado único quanto a privação da liberdade de locomoção, isto é,
do direito de ir e vir do indivíduo. Considerado ato de medida extrema contra a
liberdade individual da pessoa humana, ela só pode ser aplicada por ordem
escrita e fundamentada emitida por autoridade judiciária competente e,
excepcionalmente em casos de flagrante delito (BERGAMIM, 2020).
Podemos evidenciar as situações de flagrante delito como sendo
(BERGAMIM, 2020):
1. Os agentes estejam cometendo a infração penal;
2. O agente acaba de cometer a infração;
3. O agente é perseguido, logo após, em situação que faça presumir ser
autor da infração e,
4. O agente é encontrado, logo após, com instrumentos que façam
presumir ser ele o autor da infração.
Em razão do caráter de urgência das situações, impossibilita-se assim
de haver previamente uma decisão escrita e fundamentada, com isso, qualquer
pessoa do povo ou autoridade policial estará autorizada a prender o indivíduo
mesmo sem decisão de um juiz. Em fevereiro de 2015, houve a instituição do
Projeto de Audiência de Custódia pelo Conselho Nacional de Justiça em
parceria com órgãos como Ministério Público, IDDD, Segurança Publicas, entre
outros, visando a implantação e o monitoramento do projeto em todo o país, de
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modo que ao longo de 2015 todos os tribunais de justiça estaduais aderiram ao


termo (AB, 2020).
A prisão em flagrante possui caráter administrativo, sendo efetuada sem
um mandado expedido por autoridade judiciária e, por isso, estará sempre
sujeita à avaliação imediata de um juiz em audiência de custódia que deverá
acontecer no prazo máximo de 24 horas contadas da efetivação da prisão em
flagrante. O objetivo dessa audiência é a verificação, por parte do juiz, quanto a
legalidade da prisão como também a necessidade de eventual manutenção.
Caso o juiz conclua que a medida foi ilegal, aplica-se o previsto no inciso LXV
do artigo 5º CF determinando-se o relaxamento (invalidação do ato) e a
consequente soltura imediata (AB, 2020).
O presente inciso LXV do artigo 5º CF, não se limita aos casos de prisão
em flagrante, mas sim em toda e qualquer medida que possa ocorrer
ilegalidade na modalidade de prisão. Com isso, o que é a prisão ilegal e como
ela se caracteriza? Segundo Anália Cristina Ferreira Brum e Matheus Silva
(2020), são aquelas que não observam os requisitos mínimos exigidos em lei,
como quando:
1. O indivíduo não estava em situação de flagrante delito;
2. A prisão ocorre sem mandado judicial;
3. Envolve abuso de poder e,
4. Há excesso de prazo.
Em nossa Constituição do império do Brasil, datada de 1824, haviam
previsões expressas de que nenhuma prisão poderia ser realizada sem decisão
escrita por autoridade legítima e que nos casos de flagrante delito, a
comunicação ao juiz deveria ocorrer em até 24h. Somente em nossa
Constituição de 1934 que o termo relaxamento de prisão foi mencionado
assegurando assim a inviolabilidade dos direitos a liberdade (AB, 2020).
Neste contexto, é importante fazer menção a época da Ditadura Militar
que conforme menciona Natália Rodrigues (2020), no ano de 1970, uma carta
enviada pelos presos políticos, denunciava as torturas ocorridas nas prisões
realizadas na cidade de Salvador (BA). Este documento denunciava os
tratamentos desumanos nos cárceres do Regime Militar. Além disso, nesse
período manteve-se o direito quanto ao relaxamento da prisão ilegal e, após o
fim do período ditatorial, que violou direitos e garantias fundamentais, surgiu a
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Constituição Cidadã consolidando o Estado Democrático de Direito e


reforçando o comprometimento do Estado com a defesa da liberdade (AB,
2020).
Conforme o relatório elaborado pelo IDDD (Instituto de Defesa do Direito
de Defesa), em 2017, que traz um panorama nacional do primeiro ano de
implementação das Audiências de Custódia, verifica-se que dentre as decisões
de concessão de liberdade, aquelas que se referiam à soltura imediata por
violação a legalidade da prisão, representavam quase 3% em Brasília,
Pernambuco e Rio de Janeiro e 14% das decisões em São Paulo, número
considerado expressivo (AB, 2020).

3. DESENVOLVIMENTO

3.1 Material e Métodos

Este estudo se caracteriza por uma revisão da literatura com abordagem


qualitativa. Com isso, torna-se possível coletar diversas informações
atualizadas sobre um determinado contexto, permitindo aos pesquisadores
atualizarem-se e realizarem inferências pertinentes para a comunidade
científica (GONÇALVES, 2019).
Nesse processo tratou-se da busca de pesquisas relacionadas à
temática sobre as modificações no comportamento do consumidor antes e
durante o contexto pandêmico. Ademais, essa ação foi realizada por meio de
plataformas científicas, bibliotecas e bases de dados diversas, como por
exemplo: Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Google Scholar,
Scopus Elsiever, Cochcrane Library, Web of Science.

3.2 Metodologia

De acordo com Lakatos (1998), a pesquisa foi desenvolvida e


classificada de forma que fosse possível atingir o objetivo da pesquisa de forma
mais eficiente. Para mais, a revisão da literatura, originou-se a partir da
necessidade que pesquisadores encontravam para desenvolver métodos
lineares de pesquisa, com rigor metodológico claramente definido e, acima de
tudo, com descrição de etapas que pudessem ser seguidas por outros
pesquisadores, ou seja, que seus métodos fossem de fácil replicação ou
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adaptação ao contexto mais próximo àquele que pesquisa (GONÇALVES,


2019).
A revisão de literatura, contribui para que os pesquisadores identifiquem
como o campo de pesquisa tem se posicionado acerca de determinada
temática, possibilitando que a partir do levantamento dos resultados apontados
em diversos estudos, convirjam em um ponto de singularidade englobando a
visão de todos os estudiosos, formulando conceitos, sentidos e contextos
amplos sobre diversos temas (CARVALHO, 2020).
Visto isso, ela segue a premissa de uma abordagem qualitativa dos
estudos selecionados, pois, detém-se a qualidade das informações retratadas,
independente da metodologia utilizada por esses estudos, pois, tanto estudos
quantitativos, quanto estudos qualitativos, contribuem para que os
pesquisadores analisem o contexto que se detém e, assim, concretizem seu
posicionamento sobre a temática pesquisada (GALVÃO; RICARTE, 2019).

3.3 Sistema Judiciário no Brasil

Existem muitas estatísticas conflitantes sobre prisões, diferentes órgãos


governamentais e entidades da sociedade civil apresentaram números
divergentes. Todas as partes concordaram, no entanto, com as características
comuns dos presos: eram tipicamente jovens, negros e com baixa
escolaridade. Além disso, os participantes do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública reclamaram da falta de transparência nas informações do Depen, do
Conselho Nacional de Justiça e dos secretários estaduais (PORTAL CÂMRA
DOS DEPUTADOS, 2021).
De acordo com a Agência Depen — uma subdivisão do Ministério da
Justiça — 811 mil presos foram mantidos em 1.381 unidades prisionais.
Apenas 363 dessas unidades estavam vagas, apesar de 997 unidades
prisionais estarem mais de 100% ocupadas e 276 estarem mais de 200%
ocupadas. (PORTAL CÂMRA DOS DEPUTADOS, 2021).
Depen é a sigla brasileira para Departamento do Sistema Penitenciário.
Ela se reporta ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, e seu comissário é
Cristiano Torquato. Torquato informou que o governo federal investiu US$ 368
milhões em políticas públicas prisionais. Além disso, 24 acordos foram firmados
entre o governo federal e estados individuais para monitorar criminosos usando
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tornozeleiras eletrônicas. Segundo Torquato, esses recursos foram usados


para implementar medidas específicas para presos pertencentes a
determinadas demografias. Entre eles, mulheres, indígenas, estrangeiros e
presos LGBTQI+ (PORTAL CÂMRA DOS DEPUTADOS, 2021).
Thandara Santos é a representante do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública. Ela compartilhou dados sobre as condições de encarceramento no
Brasil durante uma apresentação. Ela revelou que apenas 16% dos presídios
têm vagas para gestantes e lactantes. Além disso, 12% dos presos estudavam,
13% trabalhavam na prisão e 32% estavam detidos como presos provisórios.
Além disso, apenas 3% de todos os presos tinham suas próprias celas
(PORTAL CÂMRA DOS DEPUTADOS, 2021).
Durante o período entre abril de 2020 e maio daquele ano, ocorreram
eventos violentos nos presídios de São Paulo. Isso incluiu agressão física,
agressão verbal e ameaças em 31,4% dos presos do sexo masculino e 19,7%
das presas. Nesse período, 85% dos presídios tinham racionamento de água,
95% estavam superlotados e 30% não tinham médico em suas instalações.
Ao coordenar o núcleo especializado em Situação Carcerária da
Defensoria Pública de São Paulo, Mateus Moro apresentou um quadro nefasto
da violência carcerária no estado. Mais de um terço de todos os presos no
Brasil são mantidos lá – o que é cerca de 1.000 vezes o número que deveria
ser mantido de acordo com os padrões estabelecidos pelas Nações Unidas
(PORTAL CÂMRA DOS DEPUTADOS, 2021).
Foi realizado um levantamento específico sobre a população LGBTQI+
nos presídios de São Paulo. 2.747 pessoas foram entrevistadas; 42% gays e
lésbicas, 30% bissexuais, 17% travestis e 6,7% mulheres trans. Em relação a
esses participantes, verificou-se que 90% deles foram obrigados a ficarem nus
na frente de outros presos. Além disso, 90% dos participantes compartilhavam
talheres e 80% não eram referidos pelo nome social. Além disso, 32% dos
participantes revelaram ter pensamentos suicidas (PORTAL CÂMARA DOS
DEPUTADOS, 2021).
Desde 2015, cerca de 700 mil audiências de custódia foram realizadas
pelo Judiciário. Isso contribuiu para uma diminuição de 11% nas prisões em
prisão provisória. Além disso, mais de 280 mil pessoas deixaram o sistema
prisional como resultado dessas audiências. Isso teria economizado ao país
16

cerca de R$ 13,8 bilhões. Além disso, mais 27 processos estão atualmente


sendo tratados pelo Conselho Nacional de Justiça (PORTAL CÂMARA DOS
DEPUTADOS, 2021).
Erros fazem parte da natureza humana, portanto o sistema judiciário,
como qualquer outro órgão jurídico, está sujeito a erros em suas atividades
judiciais. No entanto, esses erros trazem consequências negativas para o ser
humano, principalmente quando estão relacionados à privação de liberdade
(ROZAS LB, 2018).
Embora isso tenha sido um problema desde os tempos antigos, os casos
injustos continuam até hoje. Isso confirma que, na esfera jurídica, os
representantes continuam errando, a despeito de leis que amparam o dever do
judiciário de garantir direitos constitucionais (SILVA G, 2021).
Silva G (2021) ainda aponta em seu estudo que atribuir erros judiciários
a um conceito preciso é tarefa extremamente complexa, mas defende que isso
está indiscutivelmente em consonância com o texto constitucional do art. O
artigo LXXV do artigo 5º da Carta Magna estabelece: “O Estado indenizará as
pessoas condenadas por erro de justiça”. Dessa forma, o termo “erros
judiciários” elaborado pelos legisladores constitucionais configura uma
afirmação de que o judiciário é de fato passivo em seus erros que resultam na
condenação de inocentes.
Marmelstein G (2019) entende por denegação de justiça toda e qualquer
atividade meramente desleal praticada durante o exercício de funções
judiciárias, em desacordo com diversos decretos constitucionais e legais, ou
seja, qualquer dano que ocorra durante o exercício de funções judiciárias é erro
judiciário
Para Almeida VL (2020), os erros judiciários podem ocorrer não apenas
na esfera criminal, mas também em outras áreas onde se desenvolvem
atividades judiciárias, mas cabe ressaltar que na esfera penal há prisão injusta
e liberdade para os culpados.
Outra forma de conceituar erro judiciário é relacioná-lo a toda e qualquer
consequência da interpretação errônea dos fatos, ou seja, qualquer violação de
normas existentes, sejam elas substantivas ou processuais, também conhecido
como erro de direito (CARVALHO Fujian, 2017). (2020) cita os seguintes
fatores como causa do erro judiciário: condenação dolosa, falha na avaliação
17

das provas, omissão de certos fatos, negligência, imprudência, abandono


processual do dever, confissão, confissão falsa do acusado, prova de tortura
para extrair uma confissão, relutância em verificar provas em investigações e
decisões sob pressão social. Segundo estudo recente divulgado pela Comissão
Criminal da Escola Nacional de Defensores Públicos Gerais, na cidade do Rio
de Janeiro em 2020, 88 pessoas foram condenadas injustamente por erro de
fotoidentificação, o que demonstra claramente a violação do artigo II, Artigo 226
do Código de Processo Penal (SILVA NCP e outros, 2020). Ainda de acordo
com Brasil (1988): "Quando uma pessoa precisar ser identificada, o seguinte
procedimento será realizado: I- A pessoa que deve ser identificada será
Convidado a indicar a pessoa que deverá ser reconhecida; II - essa
pessoa se o quereis, será colocado, se possível, junto a outros que tenham
alguma semelhança com ele, e aqueles que devem fiscalizar são convidados a
indicá-lo" (BRASIL, 1988). ações e podem ser classificadas em: erro no
processo ou erro no judiciando (VENOSA SS, 2020).
De acordo com a classificação dos erros judiciais, o contencioso refere-
se a erros cometidos pelo não cumprimento de determinadas regras
processuais. O erro no judiciando, por outro lado, é um erro no cumprimento do
conteúdo do programa, seja fazendo cumprir ativamente uma lei que não pode
ser cumprida; ou negativamente, não aplicando mal a lei correta (BARBOSA
MLL, 2019).
Em resumo, os erros judiciários são o resultado de jurisdições que não
cumprem as normas processuais, e às vezes ocorrem irregularidades,
causando sérios danos às vítimas. No entanto, pode-se dizer que o erro de
julgamento é impossível de eliminar porque o ser humano é falho e nunca pode
errar (GONÇALVES MR, 2020).

3.4 Indenização do erro judiciário e prisão indevida

Não há como sua vida mudar depois de ser vítima de uma condenação
injusta por um erro que não cometeu. Porém, em meio a tanto sofrimento,
miséria e consequências, o Estado tem uma responsabilidade definitiva,
mesmo sabendo que nenhuma quantia pode pagar por todo o trauma sofrido
(FLORENTINO TF, 2020). que são causa de condenações injustas e injustas
contra o sistema judiciário, e quando ocorrem na prática, não há dúvida de que
18

há prejuízos e consequências como: lesões graves, perda de dignidade, danos


econômicos, psicológicos e emocionais, que, ou seja, tudo aquilo que fere a
alma humana e pode ser considerado dano moral (SIQUEIRA FG, 2017).
Para Theodoro JH (2016), o dano moral é considerado como qualquer
atitude que fere a pessoa, de alguma forma, ofende a moralidade e a dignidade
da pessoa, sendo passível de reparação. Portanto, leve em consideração que
reparar esses danos não é uma tarefa fácil, já que no Brasil o valor da
indenização é irrisório.
Da mesma forma, Gonçalves MR (2020) define dano moral como a
perda dos direitos da personalidade humana, tais como: paz, tranquilidade
mental, liberdade e integridade corporal, honra, ou seja, tudo o que causa dor
humana e sofrimento de caráter. Desta forma, pode-se entender que o dano
mental é causa de completo constrangimento. Tendo em vista a injusta
privação da liberdade pessoal, a violação da segurança, dos sentimentos e da
honra pessoais, sua restauração é realizada nos termos da lei, embora essa
restauração não tenha nenhum efeito compensatório., sim, compensatório
(ALMEIDA VL, 2016).
Almeida VL (2020) também afirma que o dano moral é juridicamente
recuperável em primeiro lugar, uma vez que também prejudica o valor
extrapatrimonial da vítima, mas deve-se enfatizar que apenas a pessoa cujos
direitos foram violados pode reivindicar tal indenização, enquanto Não são
necessárias testemunhas ou documentos.
Ainda segundo Brasil (1988): “A inviolabilidade da intimidade, da vida
privada, da honra e da imagem humana assegura o direito à indenização pelo
dano material ou moral causado pela violação; a própria privação de liberdade
demonstra que ela ocorreu” (Brasil, 1988). Nos demais casos, entende-se por
dano moral o resultado de uma lesão, sempre atestando o sofrimento do sujeito
de direito, obrigado por lei a ser indenizado sem necessidade de comprovação
de dor, dor e constrangimento, pois estes são a alma humana, e agressão
contra resposta da sociedade, assim nos ensina (THEODORO JH, 2016).
Ainda de acordo com Brasil (1988): "O Estado indenizará os condenados por
erros da justiça, e os presos por tempo superior ao estipulado na sentença; o
tribunal poderá, a requerimento do interessado, reconhecer os direitos"
(BRASIL, 1988).
19

No entanto, pode-se dizer que a indenização por erro judiciário é


reconhecida pela legislação pátria, independentemente de haver prisão ou não,
o erro de julgamento é suficiente para exigir indenização por danos
(CARVALHO FJS, 2017). Os prejuízos sofridos pela vítima, bem como o seu
direito a indemnização por condenação injusta, são legalizados pelos tribunais
ao abrigo do n.º 1, conforme infra. Artigo 630 do Código de Processo Penal
(BARBOSA MLL, 2019). Ainda de acordo com Brasil (1988): "Art.630 Os
tribunais poderão reconhecer o direito à reparação equitativa do dano sofrido,
se solicitado pelo interessado. § 1º Para a reparação a ser dirimida na esfera
cível, se a sentença for proferida pelo Distrito Federal ou Juiz do Território, ou
do Estado, se a sentença tiver sido proferida pelo respectivo Juiz, responderá a
União. § 2º A reparação não será devida: a) Se o ilícito ou injustiça da
condenação tiver sido decorrente de atos ou culpas do próprio autor, como
confessar ou ocultar as provas de que disponha; b) se a acusação for
meramente privada” (Brasil, 1988).
A legislação, assim, explicita claramente as obrigações de
responsabilidade civil do Estado pelo direito à indenização por erros e mal-
entendidos causados por condenações injustas, tendo em vista os danos que
as vítimas podem sofrer em decorrência do descumprimento da condenação
(BARBOSA MLL, 2019).
Segundo a ideia de Sorgatto MM et al. (2016) O dano mental, além das
reparações complexas, é o mais danoso, pois a imagem do criminoso inocente
é prejudicada, fazendo com que suas consequências sejam imensuráveis, e
sua imagem perante a sociedade nunca mais será a mesma.
Trata-se da hipótese de indenização por danos aos direitos da
personalidade, liberdades inerentes à própria existência humana; in casu, os
direitos da personalidade estão na esfera cível e os direitos fundamentais na
esfera constitucional.
Os direitos da personalidade são absolutos, universalmente aplicáveis e
subjetivos, ou seja, de acordo com o Art. Artigo 12 da Lei 13.105/2015.

3.5 Sobre Prisão decorrente de erro judiciário – TJDFT

A responsabilidade civil objetiva do Estado fundamenta-se na teoria do


risco administrativo (art. 37, § 6º, da Constituição Federal) e aplica-se tanto aos
20

atos praticados pelo Estado quanto aos atos decorrentes de negligência. No


caso da inação estatal, o nexo causal decorre da verificação da inação e do
dano sofrido pelo indivíduo no contexto da obrigação legal do Estado e da
possibilidade efetiva de agir para evitar resultados danosos.
A definição de protocolos médicos como ferramenta de padronização da
conduta clínica hospitalar não deve ser utilizada como motivo para
desconsiderar a obrigação do Estado de prestar assistência médica irrestrita
aos pacientes, observando seu estado pessoal e sintomático, condições típicas
de saúde (BARBOSA MLL, 2019).
É contundente reconhecer o choque intenso que as grávidas sofrem
durante a sua peregrinação injustificada para encontrar cuidados de saúde
públicos adequados à sua gravidez, e foi uma omissão específica na consulta
inicial que levou ao argumento da perda de um filho. está acontecendo está
nascendo e está para nascer" (MM ET AL. 2016).

3.6 Responsabilidades civil do estado por prisão ilegal

A questão da responsabilidade estatal frente aos erros judiciários tem


sido amplamente discutida, pois são muitos os posicionamentos que justificam
a obrigação do Estado de arcar com os danos causados por suas atividades
lesivas por ser indiretamente responsável pelos erros judiciários. erros, porém,
permanecem hesitantes quanto à efetiva compensação (ALMEIDA VL, 2016).
Desta forma, Costa DFV (2020) afirma que o Estado é responsável diante de
todos os erros judiciários, pois é uma instituição pública que tem como missão
proteger os direitos sociais e zelar pelo respeito e dignidade da pessoa
humana. Assim, pode-se entender que a responsabilidade do Estado nada
mais é do que o dever de reparar os danos causados pela conduta ilícita de
seus agentes. No entanto, essa obrigação de reparar os danos causados não
está relacionada apenas a erros, mas também a violações de direitos
(PEREIRA CMS, 2018).
Segundo Di Pietro MSZ (2018), os elementos constitutivos da
responsabilidade civil estão relacionados à conduta, representada por
comissões ou omissões, danos inclusive causados a terceiros, e o nexo causal
entre o ato e a lesão. Para Rozas LB (2018), a responsabilidade do Estado
corresponde ao ato de reparar o dano causado pelas ações lesivas do agente
21

público no desempenho de suas funções, mas para isso é necessário


estabelecer o nexo de causalidade entre o poder público atos do agente e o
dano. Portanto, essa responsabilidade está prevista no artigo 37, § 6º da
Constituição Federal de 1988. Também de acordo com o Brasil
(1988): "As pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas
prestadoras de serviços públicos de direito privado responderão pelos danos
causados a terceiros por seus prepostos nessa qualidade, assegurado o direito
de regresso dos responsáveis em caso de dolo ou negligência" (Brasil, 1988).
Copola G (2017) destaca que o Estado deve ser responsabilizado
civilmente por erro judiciário apenas quando houver culpa do administrador,
devendo, portanto, ser comprovada a culpa para obter a indenização. Segundo
Di Pietro MSZ (2018), a responsabilidade do Estado independe do tipo de
sentença ou decisão ou revisão criminal, ou seja, nenhuma delas implica em
decisão judicial. Na verdade, ainda existem dois lados da decisão; tanto para o
vencedor quanto para o perdedor, mantendo-se assim em contato com os
efeitos da coisa julgada.
Com base nesse pressuposto, vale ressaltar que o Estado só pode
compensar o dano alegado mediante a demonstração de sua existência, sob
pena de não se cogitar a obrigação de ressarcir. Em outras palavras, podemos
dizer que o dano é um elemento essencial que caracteriza a obrigação de
reparar (COPOLA G, 2017).
Na mesma linha, Knoerr VS e Eduardo FV (2016) manifestam seu
entendimento de que a responsabilidade do Estado pela falha judicial é
questão de ordem jurídica, e que para um voto seguro sua atuação deve ser
realizada de forma eficiente e não pode causar prejuízo a terceiros.
Florentino TF (2020) enfatiza a obrigação do Estado de indenizar um
indivíduo em caso de condenação injusta pelos danos sofridos que violaram
sua personalidade profissional e social. Dessa forma, acredita-se que o dever
do Estado não é denegrir os cidadãos, mas respeitar plenamente seus direitos.
Por fim, fica claro que o Estado é de fato responsável pelos atos ilícitos
de seus representantes no desempenho de suas funções jurisdicionais, bem
como pelos danos causados às vítimas, ainda que sejam apenas danos morais
(Almeida VL, 2016).
22

3.7 Cárcere privado, Prisão por queixa ou denúncia falsa e de má fé e a


prisão ilegal

Ressalte-se que o Código Civil de 1916 aplica os critérios para


determinação do dano material nos casos de violação da liberdade pessoal,
seja por cárcere privado, denúncias ou denúncias falsas e maliciosas, seja por
prisão ilegal. O atual Código Civil (artigo 186), além de reconhecer
expressamente a existência do dano moral, desconsidera os critérios de
fixação do valor, tendo em vista que nos casos em que não se comprove o
dano material, a indenização será multa em dobro a pena máxima
correspondente (somente Seção 1547, Código Civil, 1916).
Conforme articulado na jurisprudência elaborada por Cianci, em
excelente tratado sobre o tema (op. cit., p. 170-178). O mesmo autor, ao
determinar o valor indenizável do dano moral sofrido, acrescenta que, além dos
critérios gerais de determinação aplicáveis à espécie, a jurisprudência sobre
violações da liberdade pessoal leva em consideração especial "o valor será
baseado no tempo decorrido qual a classificação ofendida”, que levou a um
julgamento de salário mínimo de 20 a 300 (ibid., pp. 111-112).

3.8 Estudos de casos passados

3.9 Ações configuradoras do abuso de autoridade na prisão indevida.

A Lei 4.898/65, que pune o abuso de autoridade, completaria 57 anos


em 2022. Segundo o STJ (2015). A lei regula o direito de representação e o
processo de responsabilidade administrativa, civil e penal contra autoridades
que cometem abusos no exercício de suas funções. A lei ressalta que, será
caracterizado o abuso quando o ato, comprovadamente, tiver, a intenção de
beneficiar o autor ou prejudicar outra pessoa. Por si só, a mera divergência
interpretativa de fatos e normas legais não configura conduta criminosa
(ARAÚJO, 2022).
Conforme dados trazidos pela Procuradoria Geral do Estado (2020),
em 3 de janeiro de 2020, após o transcurso da vacatio legis (publicação da lei
e o início de sua vigência) a lei nº 4.898/65 foi editada sob a visão de
proteção constitucional, visto que sua redação sofria críticas por ser genérica
23

e ultrapassada para os dias atuais. Desta forma, foi editada a nova lei de
abuso de autoridade, Lei nº 13.869/201 (CABREIRA, 2019; NUCCI, 2022)
Guilherme Nucci (2019) traz sua argumentação relatando que a nova Lei
de Abuso de Autoridade foi editada em um momento equivocado pois pareceu
uma resposta vingativa do Parlamento contra a Operação Lava Jato. Quanto a
essência da matéria técnica é possível identificar como sendo uma lei
absolutamente regular e sem nenhum vício de inconstitucionalidade. Embora
existam atualmente sete ações questionando sua constitucionalidade perante o
STF (NUCCI, 2022).
De acordo com o parecer referido acima, são inconstitucionais (material
e formalmente) os seguintes dispositivos da lei (ALVES, 2022):

Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta


desconformidade com as hipóteses legais;
Art. 10º Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado
manifestamente descabida ou sem prévia intimação de
comparecimento ao juízo
Art. 20º Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do
preso com seu advogado;
Art. 25º Proceder à obtenção de prova, em procedimento de
investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito;
Art. 30º Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou
administrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe
inocente: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa;
Art. 38º Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de
comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de
concluídas as apurações e formalizada a acusação: Pena - detenção,
de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Diante dos artigos expostos, podemos verificar situações que evidenciam


um culpado antes mesmo das investigações sobre um crime serem
encerradas. Dentro do Estado Democrático de Direito, quem pode defender
que um promotor de justiça denuncie uma pessoa que ele sabe ser inocente e
isto não seja considerado abuso de autoridade? Antecipa-se a culpa e coloca-
se no palco da mídia a figura de um culpado, não preservando a figura do réu
quanto ao sigilo. E se a pessoa for absolvida? Quem retira da mente das
pessoas a culpa divulgada em rede social ou em canais abertos? É preciso
responsabilidade para exercer suas atribuições como agente estatal. Não se
pode mediocrizar a reputação alheia elegendo um alvo para perseguir, por
mais culpado que ele possa parecer ser (BERGAMIM, 2020).
24

Segundo Rogério Greco e Rogério Sanches Cunha, é possível extrair do


Artigo 4º, I da Lei 13.869/19, que (CABREIRA, 2019):

Embora sejam independentes as esferas cível e penal, a sentença


penal condenatória com trânsito em julgado evidencia, quando
possível, o dano causado pelo agente mediante a prática de sua
conduta típica, ilícita e culpável, gerando, pois, para a vítima, um título
executivo de natureza judicial (GRECO; CUNHA, 2020, p. 37).

Portanto, a prática do delito em questão resulta, não somente, no dever


de indenizar a vítima, considerando a sentença transitada em julgado como
título executivo, além da necessidade de o ofendido requerer a fixação do valor
da indenização devida com o objetivo de reparar os danos causados
(FRANCO, 2022).
Por outro lado, o Supremo Tribunal de Justiça possui o seguinte
posicionamento (FRANCO, 2022):

Este Tribunal sufragou o entendimento de que deve haver pedido


expresso e formal, feito pelo parquet ou pelo ofendido, para que seja
fixado na sentença o valor mínimo de reparação dos danos causados
à vítima, a fim de que seja oportunizado ao réu o contraditório e sob
pena de violação ao princípio da ampla defesa. (STJ – AgRg no
AREsp 389234-DF, Rel. Maria Thereza de Assis Moura, j. em
08.10.2013, DJe 17.10.2013).

A esse respeito, o condenado pelo crime de abuso de autoridade pode


ainda sofrer, conforme Artigo 4º, II e III da Lei 13.869/19: “II - a inabilitação para
o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5
(cinco) anos; III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública”.
(BRASIL, 2019; CABREIRA, 2019).
Necessário se faz o esclarecimento de que os efeitos elencados nos
incisos II e III do Artigo 4º da Lei “são condicionados à ocorrência de
reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo
ser declarados motivadamente na sentença” (BRASIL, 2019), é o que dispõe
seu parágrafo único.
Seguindo a análise, Gabriela Marques e Ivan Marques, estes afirmam
que: “mesmo um agente público sendo reincidente em crime de abuso de
autoridade, pode o magistrado entender que não aplicará para ele o efeito da
25

condenação de perda do cargo, mandato ou da função pública, caso não


encontre fundamentação idônea para fazê-lo” (GRECO; CUNHA, 2020, p.43)
Como afirmado anteriormente, a nova Lei trouxe as mais variáveis
desavenças obtendo opiniões favoráveis e contrárias, sobretudo pelo contexto
em que foi promulgada, período em que o Brasil passava pela denominada
operação “Lava Jato”. Outro aspecto positivo sobre a reformulação da lei de
abuso de autoridade, seria conseguir preservar a investigação dos acusados,
impedindo que se ocorra a justiça midiática, como destacado em exemplo, o
caso do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos
Cancellier de Olivo, preso na data de 14 de setembro de 2017:

Se tornou o símbolo de um esquema de corrupção milionário


dentro da universidade. Um escândalo noticiado pelos maiores jornais
do Brasil, com sua imagem usando o uniforme laranja de presidiário
viralizada nacionalmente. Posteriormente a Polícia Federal informou
que a sua prisão se deu sob acusação de suposta obstrução a
investigação, não diretamente implicada no suposto desvio de
milhões de reais, mas a essa altura o estrago a sua imagem já seria
irreversível. O então reitor sempre negou todas as acusações, e no
dia 02 de outubro de 2017 se jogou do alto de uma escada rolante no
Beiramar Shopping de Florianópolis, vindo a óbito no próprio local.
Seu suicídio como protesto inflamou o debate sobre os supostos
excessos nos métodos aplicados pela Polícia Federal, Ministério
Público e juízes nas investigações e operações contra corrupção,
com críticas a divulgação prévia das imagens, de dados, e
informações à mídia com o objetivo de espetacularizar as ações. A
diretoria do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), à época, emitiu nota criticando essa espetacularização do
processo penal. Já na OAB estadual de Santa Catarina, o então
presidente Paulo Marcondes Brincas frisou que as reputações
construídas duramente, ao longo de anos de trabalho e sacrifícios,
podem ser completamente destruídas numa única manchete de
jornal. Apesar de todas as acusações de que o ex-reitor estaria no
comando de uma organização criminal, o Jornal Folha de São Paulo e
a revista Veja, após analisarem, junto a especialistas, as 817 folhas
do inquérito já finalizado, afirmam que o relatório não apresenta
quaisquer provas de que o mesmo teria se beneficiado
financeiramente. Questionada, a PF apenas informou que a
investigação estava finalizada. (CASSIANO; FABRI, 2020, p.8).

Desta forma, se faz importante demonstrar também os dados da


Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo, que atestaram que “o número de
denúncias de abusos de autoridade cometidos por policiais militares no estado
de São Paulo cresceu 74% entre os anos de 2017 e 2019”. Resta claro que a
novidade legislativa trouxe avanços, principalmente devido ao crescente
número de casos de abuso de autoridade pelos quais os cidadãos brasileiros
26

vivenciam, cabendo ressalvar que determinadas classes são mais


desfavorecidas que outras (BERGAMIM, 2020).

4. DISCUSSÃO

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos fatos expostos, determina-se que o erro de julgamento é ato


ilícito de seus representantes no exercício da jurisdição, mas os danos
causados por seus atos devem ser arcados pelo Estado, cabendo-lhe reparar
seus erros, pois as consequências deixadas pela condenação injusta durarão
para sempre permanecerá na vida humana. É compreensível, portanto, que o
presente trabalho traga importantes contribuições teóricas que ajudarão a
formar novos estudiosos no currículo do direito e a despertar novas reflexões
sobre o tema no meio acadêmico.
Nos casos de erro judiciário nas condenações penais, o Estado deve
conceder uma indemnização. Para o efeito, são observados os requisitos
descritos no artigo 1.º do Código de Processo Penal. 630 § 1º, ou seja, o
tribunal poderá reconhecer o direito à justa indenização pelo dano sofrido, se o
interessado assim o solicitar. A liga também será responsável por essa
compensação, pois o objetivo deste trabalho é analisar decisões proferidas
pelos tribunais distritais e distritais. Uma vez que a Commonwealth deve
manter possíveis condenações injustas, os Tribunais Federais terão o poder de
processar e conceder ações de indenização de acordo com a Seção 1. 109, I
da Constituição Federal.
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal, para apurar todos os casos que
envolvem esta discussão, acabou não estabelecendo nenhum padrão objetivo
para regular decisões envolvendo erros judiciários, não podendo, portanto,
indicar quando um erro será definitivamente reconhecido pelo judiciário,
devendo sempre o caso concreto ser analisado. Nenhum dos 96 veredictos
concedeu compensação justa, levando à conclusão de que as decisões de
responsabilidade devem ser fundamentadas caso a caso e não podem ser
declaradas gerais.
Nas decisões proferidas pelos juízes analisados, deve haver argumentos
e razões fortes capazes de criar segurança jurídica para as decisões. As
27

decisões não podem ser tomadas com base em descrições de julgamentos


anteriores que não se apliquem ao caso analisado. Deve haver dispositivos
legais no julgamento para garantir que a decisão tomada pelo juiz após o uso
de certos argumentos não possa ser uma decisão pessoal.
Da mesma forma, é plausível a possibilidade de mecanismos mais
comuns como audiências públicas e amicus curiae, além de outros meios de
engajamento da comunidade na jurisdição. Este mecanismo permite tanto a
participação direta dos cidadãos nos momentos de tomada de decisão quanto
uma maior justificação da tomada de decisão. Portanto, quanto mais pessoas
houver, maiores serão as chances de ser favorecido pela sentença.
Porém, afasta-se a ideia de que o Estado, assim como a administração
pública, seja responsável pela responsabilidade subjetiva decorrente de seus
atos, pois isso nos remete à culpabilização, ou seja, apenas a responsabilidade
de indenizar agentes e servidores públicos pela possibilidade de gestão,
negligência, imprudência ou incapacidade para o desempenho das suas
funções, constituem um sentimento de culpa. Sabe-se que atualmente
A administração pública responderá ao configurar a responsabilidade
objetiva, em que o Estado é obrigado a pagar nos casos de denegação de
justiça se os requisitos do procedimento processual forem atendidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Brasil, 2020. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-
06/ministerio-explica-dados-sobre-violencia-policial-registrada-pelo-disque-
100#:~:text=Dados%20foram%20apresentados%20hoje%20por
%20videoconfer%C3%AAncia HYPERLINK
"https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-06/ministerio-explica-
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28

ABNT. NBR 6023: Informação e documentação: referências: elaboração.


VERSÃO CORRIGIDA ATUALIZADA: ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS. Rio de Janeiro, 2002.

ABNT. NBR 6028: resumo: elaboração. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE


NORMAS TÉCNICAS. Rio de Janeiro, 2002.

ALMEIDA VL. Responsabilidade civil do Estado decorrente do exercício da


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