Você está na página 1de 44

PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.

1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida


20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
ADVOCACIA ALTAMIRO ALVES DOS SANTOS
FELIPE FAUSTO DE ALMEIDA
Rua Treze de Maio nº 336, conj. 61 – Centro - Curitiba - Paraná - CEP 80.020-270

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


e-mail: altamiroalves@terra.com.br - 041 – 3010-6650

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA__SECRETARIA


DA FAZENDA PÚBLICA DO FORO REGIONAL DE PIRAQUARA DA
COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – PARANÁ.

ANA CLAUDIA GAIO DE OLIVEIRA,


Servidora Pública do Município de Piraquara, Matrícula nº 322631, Casada,
portadora do RG nº 4.899.188-2 e do CPF nº 865.157.489-49, residente na rua
Estanislau Mazepa, 317 - Vila Juliana, no Município de Piraquara, CEP 83306-
060, Piraquara, por seus procuradores, Advogados inscritos na OAB/PR sob
número 22.025 e 48.991, instrumento de mandato incluso (doc. 3), que ao final
subscrevem, com escritório profissional sito à Rua Treze de Maio, nº 336, sala
61, em Curitiba, vem, com o devido acato, a presença de V. Excia., com
fundamento no inciso LXIX, do artigo 5º, da Constituição Federal, Lei 12.016 de
07.08.2009, e demais dispositivos legais aplicáveis, impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA
contra ato coator do

Exmo. Prefeito Municipal de


Piraquara, Marcus Mauricio de Souza Tesserolli, representante do Município
de Piraquara, pessoa Jurídica de Direito Público, com sede na Av. Getúlio
Vargas, 1990 Centro, Piraquara, PR, CEP 83301-010, inscrita no CNPJ sob o
número 76.105.675/0001-67, praticado no âmbito da Sindicância nº 22/2016
e materializado no Decreto nº 5944/2017, pelas razões de fato e de direito a
seguir aduzidas:

I. Dos Fatos

Inicialmente, cumpre registrar que a Servidora


exerce função pública na Prefeitura Municipal de Piraquara à muitos anos, como
espelha sua CTPS (doc. 4 anexo) desempenhando, idônea e integralmente,
todos seus deveres funcionais, especialmente cumprindo as ordens emanadas
de seus superiores hierárquicos, não existindo, em sua ficha funcional, registro
de qualquer falta ou desvio.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
A servidora foi admitido em decorrência de
aprovação em Concurso Público, promovido pela P.M. de Piraquara, regido por

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


Edital e Decreto próprio.

Em 6.04.1999 a servidora, por determinação


da Municipalidade, passou a exercer a função de Assistente Administrativo,
conforme anotação inserida na sua Carteira de Trabalho e Previdência Social.

No dia 3 de junho de 2016 foi instaurada pela


Procuradoria Geral do Município, Superintendência de Processos
Administrativos, a sindicância nº 22/2016, pela portaria 8914 (doc. 5)
posteriormente revogada (doc. 6) sendo nomeado como sindicante o Procurador
Municipal Thiago Carraro, nos seguintes termos, segundo consta do relatório
final:

“MUNICÍPIO DE PIRAQUARA
PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO DE PIRAQUARA
SUPERINTENDÊNCIA DE PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS
RELATÓRIO FINAL
I. INTRODUÇÃO
A presente sindicância foi instaurada, por determinação do Sr. Igor Renato
Lorenz Spinardi Pinto, Procurador-Geral do Município, mediante a
Portaria n. 8914/2016, de 03 de junho de 2016, para apurar possível
irregularidade na promoção vertical de servidores públicos sem a prévia
realização de concurso público, narrado no Processo Administrativo n.
11.195/2016,m decorrentes do Memorando n. 283/2016-PGM, da
Procuradora geral do Município, conforme documento de fls. 06/10, tendo
como sindicante o Procurador Municipal Thiago Carraro.”

Em de novembro de 2016, a impetrante


recebeu intimação, acompanhada de um “resumo da sindicância” (doc. 7),
datado de 27.10.2016, ambos documentos emanados da d. Procuradoria-Geral
do Município e referentes à Sindicância 22/2016.

Consoante os termos da referida intimação, a


servidora foi assim, in verbis, intimado para defender-se no prazo de 10 dias:

Fica Vossa Senhoria INTIMADO para, no prazo de 10 (dez) dias para


que, se quiser, exerça o direito constitucional da ampla defesa e
contraditório acerca do que consta nos autos (trecho do Relatório Final) e
do conteúdo da Solução Final exarada na Sindicância em epígrafe, sob
pena da confissão tácita e concordância ao que se pôs no conteúdo desta
sindicância, conforme documentos em anexo, sendo-lhe permitido vistas
dos autos na Procuradoria-Geral. A resposta deverá ser endereçada a este
Procurador, lotado na Procuradoria-Geral, na Prefeitura Municipal de
Piraquara, situada na Av. Getúlio Vargas, 1990, Centro Piraquara.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Relatório Final:
Constam dos autos que:

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


“Ana Claudia Gaio (fls. 608/614): foi aprovada em concurso em
24 de janeiro de 1991 (Decreto n 895/1991) para Professora. Em
6 de abril de 1999, conforme documento de fls. 608-verso, alçou
ao cargo de Assistente Administrativo (transformado em Cargo
Profissional de Nível Médio, função Técnico Administrativo – Lei
n. 864/2006). Para esse último não houve aprovação em
concurso público. O Decreto n. 1810/2000 revela que a servidora
foi beneficiada por PROMOÇÃO VERTICAL, a ser contada no
doa 6 de abril de 1999. Os documentos de fls. 610 e 611 revelam
que a servidora, em 31 de março de 1999, requereu a mudança de
cargo de Professor para o cargo de Assistente Administrativo, ou
seja, não houve concurso público. Ainda, o TCE-PR (fls. 1161)
possui registro do novo cargo.
Conclusão:
Em face do exposto e que dos autos consta, chega-se à conclusão,
conforme conjunto probatório já analisado na parte expositiva da
presente sindicância e com fundamento na Súmula Vinculante 43,
que as mudanças de cargo, reenquadramentos e “promoção
vertical” afrontam o art. 37, II da Constituição da República,
padecendo de inconstitucionalidade, razão pela qual opino para
que a Administração municipal promova o retorno de todos os
servidores que abaixo seguem aos cargos de origem, bem como
promova o calculado do montante recebido indevidamente,
acrescido de juros e correção monetária, par fins de restituição.
... omissis ...”

No Relatório Final da Sindicância consta que,


posteriormente a investidura, a servidora “alçou” a outro cargo, porém cumpre
registrar que a servidora não “alçou” mas foi alçada pela Administração, ou seja,
foi a Municipalidade que, por iniciativa própria, determinou que a servidora
passasse a desempenhar as atividades inerentes a cargo distinto do inicial.

Esta diferenciação - de alçou para foi alçada -


não se faz por mero pedantismo ou com intuito de admoestação, mas é
necessária para que reste claro que foi a Administração que, buscando suprir
suas necessidades, determinou que a servidora passasse a desempenhar as
atividades de cargo distinto do inicial.

A servidora não requereu que o Município


promovesse seu reenquadramento nem que efetivasse promoção funcional, o
ato administrativo de nomeá-lo para cargo diverso daquele que incialmente foi
investido partiu a Administração Municipal.

Portanto, patente a boa-fé da servidora, pois


simplesmente cumpriu ordens emanadas de superior hierárquico para que
passasse a desempenhar as atividades inerentes a função diversa da qual foi
investido incialmente.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
O ato administrativo do reenquadramento e/ou
promoção funcional da servidora foi praticado por Autoridade que detinha, à

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


época dos fatos, competência para tanto, bem como seguiu as formalidades
legais exigidas, portanto não havia nenhuma razão para que a Servidora
questionasse tal ato ou mesmo se recusasse a desempenhar as atividades
inerentes a nova função, conquanto havia presunção de legalidade do referido
ato.

Registre-se que a Servidora atendia, à época


dos fatos, as qualificações e exigências constantes da legislação municipal para
o exercício do cargo/função a que foi promovido.

Veja-se que o longo decurso de tempo entre o


ato administrativo, que determinou que a Servidora passasse a desempenhar
outro cargo, e presente Sindicância, impõe a convalidação do ato, somente
agora inquinado de viciado, em respeito ao princípio da segurança jurídica.

Enfim, os fatos comprovam que a Servidora


não perpetrou dano ao Município, agiu de boa-fé, havia presunção de
legalidade do ato administrativo, devendo-se, com base no princípio da
segurança jurídica, convalidar o ato mantendo-se a Servidora no seu cargo
atual, inexistindo razão para promover seu retorno ao cargo de origem.

Inicialmente a Servidora foi intimado para


apresentar defesa escrita no prazo de 10 (dez) dias, porém o Exmo. Procurador
Geral do Município, consoante manifestação datada de 09.11.2016, que foi
publicada no Diário Oficial dos Municípios do Paraná nº 1125, de 10.11.2016,
houve por bem em reconsiderar o prazo incialmente concedido para resposta,
determinando “a dilação do prazo para eventual apresentação de resposta para
30 dias úteis, a partir da intimação individual”.

Foram constituídos advogados e apresentada


a defesa no prazo concedido, insurgindo-se contra diversos pontos da
sindicância e da alegada Solução Final a ser adotada pelo Município, que segue
em anexo (doc. 8).

Em março de 2017, sem a devida intimação


dos seus advogados previamente constituídos, a Servidora recebeu intimação
(doc. 9 em anexo) acerca da decisão do Sr. Prefeito que, com a devida vênia,
muito embora elenque alguns dos argumentos levantados pela defesa, não os
acolheu e tampouco os afastou, para adotar a “solução final” apresentada pelo
Procurador do Município com o retorno dos servidores ao cargo de origem e
alteração da remuneração.

Tal decisão, muito embora pretendesse


encerrar a sindicância, não possibilitou o recurso, prejudicando a defesa.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Assim, logo em seguida foi realizado um
pedido de esclarecimentos (doc. 10), questionando contradições e obscuridades,
especialmente quanto aos itens 3.2.1, 3.2.8 e 4.2 daquela decisão, e ainda a

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


forma que as alterações ocorreriam, se haveria nova intimação dando conta do
cargo a ser exercido, nova função e atividade, local de trabalho e remuneração
e se seria concedido prazo para eventual recurso.

Deste Pedido de Esclarecimentos, não houve


qualquer resposta pelo Sr. Prefeito.

Em maio de 2017, os servidores receberam


uma notificação informando que sobre decisão proferida em Processo
Administrativo que desconhecem, que recebeu a numeração nº 11195/2016, ou
seja, ao qual a Servidora não teve acesso, não foi intimado e tão pouco foi
oportunizado o direito à ampla defesa, e extrato da decisão na sindicância nº
22/2016 informando seu novo reenquadramento, nível na carreira, vencimento e
quinquênio, concedendo prazo de 10 dias do recebimento para Recurso (doc. 11
em anexo). Novamente, após requerimento, o prazo foi dilatado para 30 dias.

Em junho de 2017, foi interposto recurso


administrativo, que segue em anexo, questionando a superficialidade da
sindicância que não observou diversos critérios para a ampla defesa, todos
alegados em sede de defesa, questionando ainda a interpretação diversa à
sumula vinculante nº 43 do STF, que fundamenta a sindicância, decadência e a
falta de fundamentação afastando os argumentos arguidos na defesa
caracterizando ofensa ao princípio do contraditório em ampla defesa.

Do Recurso Administrativo não houve qualquer


resposta do Sr. Prefeito.

Em 5 de julho de 2017, foi publicado no Diário


Oficial do Município o Decreto nº 5944/2017 (doc. 13 em anexo) determinando
“o retorno ao cargo de ingresso e incidência dos valores recebidos conforme
relação abaixo”, no qual foram listados os nomes de vários servidores
municipais, dentre eles, a impetrante.

DECRETO 5944/2017
PREFEITO MUNICIPAL DE PIRAQUARA, Estado do Paraná, no uso de suas
atribuições legais, considerando a decisão proferida na sindicância 22/2016, autuado
com o N°11195/2016, publicados no Diário Oficial dos Municípios do Paraná, dia 21
de Março de 2017, DECRETA:
Art.1° O retorno ao cargo de ingresso e incidência dos valores recebidos conforme
relação abaixo:
Servidor Cargo Atual Reenquadramento Lei 864/2006 RETORNO AO CARGO:
... Omissis ...
Art. 2° - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Palácio 29 de Janeiro, Prédio Prefeito Antonio Alceu Zielonka, em 05 de julho de
2017.

Portanto, como o nome da impetrante constou


na relação do referido decreto, o Município pretende fazer com que ele, após
mais de vinte anos de exercício de sua função/cargo atual, retorne ao cargo de
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
ingresso no serviço público municipal, com redução de seus vencimentos, sendo
que, com o devido respeito, tal ato mostra-se eivado de ilegalidade e
abusividade, conforme se adiante se demonstrará.

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


Sendo assim, a impetrante se vale da estreita
via do writ para se insurgir contra a ilegalidade e abuso de poder praticados pela
autoridade coatora em sede da Sindicância nº 22/2016 e Decreto nº 5944/2017.

II. Preliminarmente

II.A- A Decisão do Município Viola o Prazo


Decadencial Estatuído no Art. 54, da Lei nº 9.784/99

A Lei nº 9.748 de 29.01.1999 regula o processo


administrativo no âmbito da Administração Pública Federal tem aplicação
subsidiária aos processos administrativos de outros entes federados, inclusive
os Municípios, assim, in verbis, estabelece em seu art. 54:

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos


de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em
cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé.

Este dispositivo legal, aplicável aos Estados e


aos Municípios, consubstancia o reconhecimento do princípio da segurança
jurídica, também chamado de princípio da estabilidade das relações jurídicas.

Rafael Valim, na sua obra O Princípio da


Segurança Jurídica no Direito Administrativo Brasileiro, editora Malheiros, 2010,
às pg. 104, assim assevera sobre a matéria:

Como já foi sublinhado em estudos modernos sobre o tema, o


princípio em tela comporta dois vetores básicos quanto às
perspectivas do cidadão. De um lado, a perspectiva de certeza, que
Indicava o conhecimento seguro das normas e atividades jurídicas,
e, de outro, a perspectiva de estabilidade, mediante a qual se difunde
a ideia de consolidação das ações administrativas e se oferece a
criação de novos mecanismos de defesa por parte do administrado,
inclusive alguns deles, como o direito adquirido e o ato jurídico
perfeito, de uso mais constante no direito privado.

Não se deve olvidar da necessidade de que o


administrado deve ter a certeza e a garantia de que os atos da Administração
permanecerão hígidos ao longo do tempo, pois não se pode deixa-lo com a
insegurança jurídica de que os atos administrativos poderão, a qualquer tempo
serem revistos e alterados.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
No caso vertente, os atos administrativos que
foram inquinados de ilegalidade e inconstitucionalidade pela Administração,

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


ocorreram há muito mais de cinco anos, sendo que à época em que foram
praticados gozavam de presunção de legalidade, e não havia, nem há, quaisquer
indícios de que tenham sido praticados de má-fé, ou seja, foram praticados com
extrema boa-fé.

A regra do art. 54, da Lei 9.784/99, visa


estabilizar as relações jurídicas pela convalidação dos atos administrativos,
respeitando também o chamado princípio do fato consumado.

O e. STF já reconheceu que o prazo


decadencial de cinco anos, estatuído no art. 54 da Lei 9784/99, também se aplica
para o caso de ascensão funcional de servidor público, conforme julgamento do
Mandado de Segurança 31.300, Distrito Federal, ocorrido em 16.10.2012, tendo
como Relatora a Ministra Cármen Lúcia, onde foram analisados casos de
progressão funcional de servidores do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª
Região, decidindo que o longo decurso de tempo impedia o retorno dos
servidores ao cargo de ingresso.

Pedimos licença para transcrevermos


segmentos do v. acórdão, relatado pela Ministra Cármen Lúcia, como segue:

... omissis ...

Precedentes jurisprudenciais que tratem da questão do


provimento derivado de cargos públicos não impõem nem justificam
a invalidação automática de atos administrativos praticados, pois
outras circunstâncias podem evidenciar a necessidade de sua
manutenção.

Nesse sentido, Sérgio Ferraz e Adilson de Abreu Dallari


destacam:

“O dever processual de anular os atos ilegais de regra preclui


quando haja de incidir sobre etapas já percorridas. (…)
Estando, contudo, o processo findo, o dever (…) de anular
passa a ser metrificado à luz do princípio da segurança
jurídica (...) Aqui, o interesse público e a paz social
determinam que, transcorrido certo tempo, ditado em
obediência ao princípio da razoabilidade, se tenha por
imutável o ato. (...) É dizer, o fluxo do tempo (…) tem efeito
saneador, só por si, do ato originariamente ilegal, sem
necessidade de declaração expressa nesse sentido” (Processo
administrativo. 2 ed. São Paulo: Malheiros, p. 249-250).

Na mesma linha, José dos Santos Carvalho Filho pondera:


PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
“A correção do ato administrativo através da anulação
não fica sempre a critério da Administração. Há certas

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


situações fáticas que produzem obstáculos ou barreiras à
anulação. Uma delas consiste na consolidação de
determinada situação decorrente do ato viciado: se os efeitos
desse ato já acarretaram muitas alterações no mundo
jurídico, consolidando certa situação de fato, a subsistência
do ato, mesmo inquinado de irregularidade, atende mais ao
interesse público do que seu desfazimento pela anulação.
Trata-se, todavia, de hipóteses de exceção, mas que, na
verdade, podem ocorrer e já ocorreram na prática. A outra
barreira é o decurso do tempo. Ultrapassados determinados
períodos de tempo fixados em lei, fica extinta a pretensão ou
o direito potestativo, tanto de terceiros em relação à
Administração, quanto da Administração em relação a si
própria (…)
De fato, no caso de ter havido efeitos em favor do
administrado, o decurso do tempo acaba por criar situação
jurídica de tutela que o beneficia, e assim não pode a
Administração, após o período de cinco anos, corrigir o ato
através da anulação. A consequência é a de que o ato
administrativo, conquanto inquinado de vício de legalidade,
subsiste no mundo jurídico o prossegue irradiando seus
regulares efeitos em favor do titular” (Processo
administrativo federal. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p.
271-273, grifos nossos).

4. O limite temporal para a anulação dos atos administrativos


praticados em desconformidade com o direito foi fixado na Lei n.
9.784/1999, que estabelece:

“Art. 54. O direito da Administração de anular os atos


administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que
foram praticados, salvo comprovada má-fé” (grifos nossos).

... omissis ...

6. Entre a data da promulgação da Lei n. 9.784 (1º.2.1999) e a data


em que, por determinação contida no item 9.3 do Acórdão 232/2005,
foi instaurado o Processo TCU n. 12.377 (13.7.2005) passaram-se 6
anos 5meses e 11 dias. Assim, é forçoso concluir pela decadência
do direito da Administração de anular os atos de ascensão que
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
beneficiaram os servidores do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª
Região.

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


... omissis ...

Na mesma linha, reconhecendo a decadência do direito da


Administração Pública de rever atos de ascensão funcional
praticados há mais de cinco anos, são precedentes as seguintes
decisões do Plenário deste Supremo Tribunal Federal: MS 26.393,
de minha relatoria, DJe 19.2.2010; MS 26.404/DF, de minha
relatoria, DJe 19.2.2010; MS 26.117, Rel. Min. Eros Grau, DJe
6.11.2009; MS 26.353, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe 7.3.2008; MS
26.406, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe 19.12.2008; MS
26.628/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe 22.8.2008; MS 26.405/DF,
Rel. Min. Cezar Peluso, DJe 22.8.2008; MS 26.790/DF, Rel. Min.
Cezar Peluso, DJe 30.5.2008.

... omissis ...

9. Importa destacar, por fim, que os substituídos da impetrante vêm


recebendo as vantagens decorrentes das ascensões funcionais
questionadas desde 1996, ou seja, há mais de doze anos, não havendo
razão que justifique seu retorno aos cargos anteriormente ocupados
após o decurso de período tão abrangente.

Portanto, consoante o entendimento pacificado


do e. STF de que a Administração tem prazo de decadencial de cinco anos para
rever seus atos que resultaram na progressão e ascensão funcional de seus
servidores, a r. decisão do Município de Piraquara de promover o retorno da
Servidora ao cargo de origem deve ser reformada, mantendo-o no seu cargo
atual, haja vista que entre o ato administrativo de sua progressão funcional e a
instauração da Sindicância verificou o decurso de muito mais de cinco anos.

II.B- Prescrição

A Servidora entende que não merece nenhuma


punição, porém admitindo-se que as punições preconizadas pela Procuradoria-
Geral seriam possíveis, ainda assim não poderiam ser aplicadas pois estariam
fulminadas pela prescrição.

Considerando-se que a d. Procuradoria-Geral


propugna pela aplicação de verdadeiras punições aos servidores (retorno ao
cargo de origem e restituição de valores), tem-se que a efetivação de tais
punições somente pode ser efetuada mediante ação disciplinar, a qual, com o
devido respeito encontra-se fulminada pela prescrição, nos exatos termos do art.
156, da Lei Municipal nº 863/2006 (doc. 14).
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
O art. 156 da Lei Municipal nº 863/2006 (em
anexo), assim, in verbis, estabelece:

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


Art. 156 A ação disciplinar prescreverá:
I - Em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação
de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
II - Em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
III - Em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.
IV - ...

A legislação municipal estabelece como maior


prazo prescricional o interregno de cinco anos, que se aplica para os casos de
demissão e destituição de cargo, dentre outros.

A legislação municipal estabelece que “o prazo


de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido”,
consoante redação do § 1º, do art. 156, da Lei 863/2006.

A investidura da Servidora no cargo atual


ocorreu através de ato administrativo, que foi devidamente publicado (em anexo
diversos decretos e lei municipais que demonstram a clareza e objetividade dos
reenquadramentos), porém ainda que não tivesse sido publicado ainda assim
tratar-se-ia de fato público e notório, conquanto é de conhecimento de toda a
Administração, especialmente de seus superiores hierárquicos, que ela exerce
as atividades e desempenha os trabalhos inerentes ao seu cargo atual.

Como já decorreram bem mais de cinco anos,


desde que a Servidora assumiu o cargo que atualmente exerce, eventual
pretensão punitiva da Administração encontra-se fulminada pela prescrição.

Sendo assim, desde logo requer-se seja


reconhecida a prescrição da pretensão da Administração de aplicar as punições
de retorno ao cargo de origem e restituição de valores, isentando a Servidora de
qualquer sanção.

III. Cerceamento de Defesa

III. A. Impossibilidade de Produção de Prova


em Sede de Sindicância

O inciso LV, do art. 5º, da Constituição Federal,


expressamente estabelece que “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.

A Constituição Federal ao garantir a todos o


direito à ampla defesa e ao contraditório, tratou também de garantir que sejam
implementados e realizados os meios e recursos inerentes.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Para que se assegure a plenitude da ampla
defesa e do contraditório é necessário que também se assegure o exercício dos

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


meios e recursos necessários para a sua efetivação e realização.

A produção de provas materializa os meios e


recursos para o exercício da ampla defesa e do contraditório.

Não basta permitir aos litigantes que se


manifestem e exponham seus argumentos, sem que lhes seja permitido produzir
provas.

O contraditório e a ampla defesa não se


efetivam na sua plenitude sem que se possibilite a produção de provas.

No caso vertente, até mesmo em razão de se


tratar de Sindicância, não foi permitido à Servidora produzir qualquer tipo de
prova, porém a Procuradoria-Geral propugna pela aplicação de sanções a todos.

A d. Procuradoria-Geral limitou o exercício da


ampla defesa e do contraditório à apresentação de resposta escrita, porém sem
possibilitar que a Servidora produzisse prova.

A apresentação de resposta escrita integra o


exercício do direito constitucional à ampla defesa e ao contraditório, porém não
consubstancia sua plenitude, a qual somente será alcança com a possibilidade
de produção de prova por parte dos servidores.

Veja-se que a Lei Municipal 863/2006, em seu


art. 186, estabelece que “é assegurado ao Servidor o direito de acompanhar o
processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e reinquirir
testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular quesitos, quando se
tratar de prova pericial”.

A legislação municipal, albergando em sua


plenitude o princípio constitucional da ampla defesa e do contraditório, assegura
aos servidores o direito de acompanhar a produção das provas, bem como de
produzir as que entender necessárias.

Somente facultar à Servidora a apresentação


de resposta escrita, sem lhe permitir a possibilidade de produzir provas, não lhe
possibilita exercitar em sua plenitude o princípio do contraditório bem como
materializa violação do princípio da ampla defesa.

Flagrante o cerceamento de defesa perpetrado


à Servidora, pois se pretende aplicar-lhes sanções da mais alta gravidade, sem
que lhe seja oportunizada a produção de prova.

Sendo assim, ante a violação do disposto no


art. 5, LV, da CF/88 e no art. 186, da Lei Municipal nº 863/2006, desde logo
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
requer-se seja reconhecido cerceamento de defesa e decretado a nulidade dos
atos praticados na Sindicância, abstendo-se a Administração de aplicar à
Servidora as sanções sugeridas pela d. Procuradoria-Geral.

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


III. B. Falta de Fundamentação (Não
Refutado os Argumentos expendido na Resposta)

As razões expendidas na defesa administrativa


não foram consideradas quando do julgamento da sindicância, não sendo
analisadas e muito menos refutadas uma a uma, carecendo de fundamentação
a decisão administrativa.

A garantia ao exercício do contraditório e da


ampla defesa não se esgota em assegurar à Servidora o direito de recorrer; é
preciso que ele se conjugue com a fundamentação dos julgamentos.

Se a lei assegura o direito ao recurso


administrativo é imprescindível que a decisão que sobre este versar deve ser
substancialmente fundamentada, afastando os argumentos nele arguidos, sob
pena de configuração do cerceamento de defesa.

O Recurso e a Defesa Administrativa quando


não tem seus argumentos sequer analisados pela administração deixa de ser um
recurso da defesa pois perde sua essência contraditória e mitiga o direito à ampla
defesa.

A Lei nº 9.784, de 29 de Janeiro de 1999 que


regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal e
aplica-se subsidiariamente ao âmbito Municipal exige que a administração
fundamente sua decisão, permitindo aos administrados que formulem suas
alegações que serão obrigatoriamente objeto de consideração pela
Administração:

Art. 3º O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração,


sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:
...
III - formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os
quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; (grifamos)

Nesse sentindo o nosso Tribunal de Justiça


assim já decidiu:

Processo: 1405017-4 Relator(a): Adalberto Jorge Xisto Pereira Órgão


Julgador: 5ª Câmara Cível Comarca: São José dos Pinhais Data do
Julgamento: 20/07/2015 17:33:00 Fonte/Data da Publicação: DJ: 1615
28/07/2015 Decisão AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO
ANULATÓRIA. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.
SERVIDORA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE TIJUCAS DO SUL. PENA
DE DEMISSÃO IMPOSTA. PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA.
LIMINAR DEFERINDO A REINTEGRAÇÃO NO CARGO. DECISÃO
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
ESCORREITA. PLAUSIBILIDADE DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO
CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA E DE SER NULA A
RESPECTIVA DECISÃO CONDENATÓRIA POR AUSÊNCIA DE

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


FUNDAMENTAÇÃO. RISCO NA DEMORA PRESENTE DIANTE DA
NATUREZA ALIMENTAR DA VERBA SALARIAL. RECURSO
MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. SEGUIMENTO NEGADO.
VISTOS e examinados estes autos de AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º
1.405.017-4, da Vara da Fazenda Pública do Foro Regional de São José dos
Pinhais da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, em que figuram
como agravante MUNICÍPIO DE TIJUCAS DO SUL e agravada DANIELE
DO ROCIO SANTOS. (grifamos)

Sendo assim, a impetrante requer a nulidade


da decisão administrativa que não atentou para os argumentos e razões que
foram expendidas na Defesa da Servidora, refutando-as ou as acolhendo,
caracterizando além da falta de fundamentação, verdadeiro cerceamento de
defesa.

IV. Nulidade da Sindicância - Inobservância


da Exigência do Disposto no Art. 171, I, da lei Municipal 863/2006.

A sindicância foi instaurada por Portaria nº


8914 exarada em 03.06.2016, pelo Exmo. Sr. Procurador Geral do Município, Dr.
Igor Renato Lorenz Spinardi Pinto, que nomeou como Sindicante o Procurador
Municipal Dr. Thiago Carraro, o qual conduziu os trabalhos e elaborou a proposta
de providências denominada “Solução Final”.

A Lei Municipal nº 863/2006 estabelece que a


apuração de eventual irregularidade se fará através de três procedimentos, a
saber: i) processo administrativo; ii) de modo sumário e iii) mediante sindicância,
conforme, respectivamente, estabelecido nos incisos I, II, e III, do seu art 168.

O art. 179, da Lei Municipal nº 863/2006,


estabelece que “processo disciplinar será conduzido por comissão composta de
três servidores estáveis, designados pela autoridade competente”.

Por seu turno o art. 171, da Lei Municipal nº


863/2006, assim, in verbis, reza:

Art. 171 O procedimento sumário se desenvolverá nas seguintes fases:


I - Instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão, a ser
composta por dois servidores estáveis, e simultaneamente indicar a
autoria e a materialidade da transgressão objeto da apuração;
II - Instrução sumária, que compreende indicação, defesa e relatório;
III - Julgamento. (grifo nosso)

A Lei Municipal nº 863/2006 não estabelece


para a Sindicância regra definindo se os trabalhos serão efetuados por uma
comissão ou apenas por uma pessoa.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Os Servidores entendem que no caso vertente,
ante a possibilidade de aplicação de sanção/punição, deve ser respeitada a regra

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


da legislação municipal para o processo administrativo ou senão para o
procedimento sumário.

Portanto, por analogia, deveria ter sido


respeitada, ao menos, a regra do art. 171, I, da Lei Municipal nº 863/2006, que
preconiza que os trabalhos devem ser realizados por uma comissão composta
por dois servidores estáveis.

No caso vertente, nem o Exmo. Sr. Procurador


Geral do Município nem o i. Procurador Municipal nomeado como Sindicante
ostentavam, na época da instauração da presente Sindicância, a condição de
servidores estáveis.

O Sr. Procurador Geral do Município foi


investido no cargo público em 18.03.2015, conforme informação constante no
“site” da P.M. de Piraquara, logo em 03.06.2016 não havia se verificado o lapso
temporal de três anos do estágio probatório, requisito essencial para ser
considerada Servidora estável.

O Sr. Procurador Municipal nomeado como


Sindicante foi investido no cargo público em 23.09.2013, conforme informação
constante no ‘site” da P.M. de Piraquara, logo em 03.06.2016 não havia se
verificado o lapso temporal de três anos do estágio probatório, requisito essencial
para ser considerada Servidora estável.

Portanto, não restou respeitada a regra do art.


171, I, da Lei Municipal 863/2006, pois nem a autoridade que determinou a
instauração da Sindicância em tela nem o Sindicante eram, a época da
expedição da Portaria, ou seja, em 03.06.2016, servidores estáveis do Município
de Piraquara.

Sendo assim, ante a violação do disposto no art. 171,


I, da Lei Municipal 863/2006, desde logo, requer-se seja declarada a nulidade
da Sindicância, por conseguinte, a nulidade do Decreto 5944/2017.

V. Inobservância do Devido Processo Legal


- Impossibilidade de Aplicação de Sanções em Sede de Sindicância.

É princípio fundamental em nosso


ordenamento jurídico que “ninguém será privado da liberdade ou de seus
bens sem o devido processo legal”, consoante expresso comando do inciso
LIV, do art. 5º, da Nossa Lei Maior.

Tal comando constitucional consubstancia o


chamado princípio do devido processo legal, conquista do Estado Democrático
de Direito, sendo que tal princípio é integrado pelos princípios constitucionais da
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
presunção de inocência, estampado no inciso LVII, do art. 5º, da CF/88, e o da
ampla defesa e do contraditório, inserto no inciso LV, do mesmo artigo.

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


O inciso LVII, do art. 5º, da Nossa Carta Magna
preconiza “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatório”, sendo que tal preceito pode ser,
analogicamente, aplicado ao processo administrativo quando se pretende aplicar
sanção à Servidora Público.

Sabido que “aos litigantes, em processo


judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”,
consoante expresso comando do inciso LV, do art. 5º, da Nossa Lei Maior.
De outra banda, a Administração Pública
Municipal deve respeitar os princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência, consoante expressa regra do caput do art.
37, da CF/88, que assim reza:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

O princípio da legalidade materializa-se no


estrito cumprimento às disposições normativas, ou seja, todo ato administrativo
deverá, necessariamente, respeitar os ditames legais.

Tais dispositivos constitucionais impõem, tanto


na esfera judicial como na administrativa, a prevalência do princípio do devido
processo legal, com a observância dos princípios integradores e correlatos,
garantindo a todos o respeito à Lei e aos procedimentos legais.

A Procuradoria-Geral, acolhendo o
posicionamento do Sindicante, entendeu que “em que pese a gravidade dos
fatos”, não seria o caso “para abertura de procedimento administrativos”, “razão
pela qual afasta-se tal possibilidade”.

No entanto, a Procuradoria-Geral, novamente


acolhendo o posicionamento do Sindicante, posiciona-se no sentido de que a
“Administração municipal promova o retorno de todos os servidores aos cargos
de origem” e, ainda, que seja “calculado o montante recebido indevidamente,
acrescido de juros e correção monetária, par fins de restituição”.

Portanto, em síntese, a d. Procuradoria-Geral


entende que não há razão para instaurar processos administrativos contra os 62
servidores municipais, porém propugna, como conclusão da Sindicância, que a
Municipalidade promova o retorno dos servidores aos cargos originais e que
calcule e cobre destes o montante das diferenças das remunerações dos cargos.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Ora, com o devido respeito, promover o retorno
da Servidora ao cargo de origem e ainda lhe exigir que restitua aos cofres

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


municipais a diferença entre as remunerações consubstanciam verdadeiras
punições, as quais somente podem efetivar-se em sede de procedimento
administrativo, ainda que posteriormente tenha desistido de cobrar a devolução
das diferenças salariais dos servidores.

Punir a Servidora com o retorno ao cargo de


origem e restituição de valores em sede de Sindicância materializa violação do
princípio constitucional do devido processo legal, haja vista que ela será privada
de um conjunto de bens e direitos, tanto de ordem patrimonial como moral, v. g.:
cargo que ocupa, patrimônio, reconhecimento, respeito e inserção social, direito
à aposentadoria, etc.

A Lei Municipal nº 863/2006, dispõe sobre o


regime jurídico dos servidores públicos civis do Município de Piraquara, e dá
outras providências, estabelece como deve ser apurada eventual de eventual
irregularidade, sendo que seu art. 168, assim, in verbis, reza:

Art. 168 A apuração poderá ser efetuada:


I - Por meio de processo administrativo, sem preliminar, quando a falta for
confessada, documentalmente provada ou manifestamente evidente.
II - De modo sumário, quando a falta for confessada, documentalmente
provada ou manifestamente evidente, e o caso seja configurado como
Acumulação de Remuneração de Cargos Públicos, da Inassiduidade
Habitual e do Abandono de Cargo, ou ainda para aplicação das penalidades
previstas nos incisos I e II do art. 143.
III - Mediante sindicância, como condição de imposição de penalidade, ou
como condição preliminar à instauração de processo administrativo, desde
que não ocorra qualquer das hipóteses formuladas no inciso I deste artigo.

Portanto, consoante a regra do inciso III, do art.


168, da Lei 863/2006, a sindicância é condição preliminar à instauração de
processo administrativo, que vise a imposição de penalidade à Servidora.

No caso vertente hialino que a Procuradoria-


Geral pugna pela aplicação de penalidade à Servidora, consistente no retorno
ao cargo de origem e na restituição de valores, logo a Sindicância em tela deve
ser considerada como condição preliminar à instauração de processo
administrativo, e não como meio processual para aplicar sanção à Servidora.

A sindicância é procedimento distinto do


processo administrativo, sendo que têm natureza diversa e se prestam à
diferentes finalidades, sendo que a Lei Municipal nº 863/2006 cuidou de
diferencia-los.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Os art. 175 e 176, da Lei 863/2006, assim, in
verbis, estabelecem:

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


Art. 175 Da sindicância poderá resultar:
I - Arquivamento do processo;
II - Aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30 (trinta)
dias;
III - Instauração de processo administrativo disciplinar.

Art. 176 Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a imposição
de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão,
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo em
comissão, será obrigatória a instauração de processo administrativo
disciplinar.

Portanto, nos exatos termos do art. 175, da Lei


Municipal nº 863/2006, a sindicância pode resultar somente, e tão somente, no
arquivamento do processo, na aplicação de penalidade de advertência ou
suspensão até trinta dias, e na instauração de processo administrativo
disciplinar.
Sendo assim nos exatos termos do art. 175, da
Lei Municipal nº 863/2006, a Sindicância em tela não pode resultar no retorno da
Servidora ao cargo anterior e nem na restituição de valores recebidos.

Muito embora a Sindicância tenha concluído


que a Servidora não praticou nenhum ato ilícito, a Procuradoria-Geral pugna pela
aplicação de penalidade de retorno ao cargo de origem e restituição de valores
recebidos, equiparando-se, portanto, à penalidade de destituição de cargo que
impõe a abertura de processo administrativo.

Com o devido respeito, a “Solução Final”


proposta pela d. Procuradoria-Geral, consistente no retorno da Servidora ao
cargo de origem e restituição de valores recebidos em sede da presente
Sindicância fulmina de morte o princípio do devido processo legal, da presunção
de inocência e da ampla defesa e do contraditório, violando a um só tempo os
incisos LIV, LV e LVII, todos do art. 5º da Constituição Federal, bem como
diversas disposições da Lei Municipal nº 863/2006.

Enfim, as punições que a Procuradoria-Geral


pretende que a Municipalidade aplique à Servidora somente poderiam ser
efetivadas em sede de processo administrativo.

Sendo assim, por estes motivos, requer-se a


anulação da Sindicância e do Decreto 5944/2017, e de quaisquer atos
consistentes ao retorno da Servidora ao cargo de origem.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
VI. A Decisão do Município Consubstancia
Aplicação da Súmula Vinculante 43 do STF de Forma Diversa da que é lhe
dado pelo próprio e. STF

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


Com o devido respeito à Procuradoria Jurídica
do Município de Piraquara e ao Prefeito, a r. decisão tomada pela municipalidade
não se coaduna com o entendimento que o excelso Supremo Tribunal Federal
tem dado a casos similares.

A decisão do Município de promover o retorno


da Servidora ao cargo de ingresso, lastreou-se, basicamente, na Súmula
Vinculante 43 do STF, porém a própria Suprema Corte não aplica a referida
súmula indistintamente a todos os casos que lhe são apresentados para julgar.

O STF tem por princípio sopesar as


particularidades de cada caso, sendo que já pacificou, mediante provimento
derivado da Súmula Vinculante 43, o entendimento de subsistência dos atos
ocorridos entre 1987 a 1992, conforme consta na sua página da internet no
campo relativo à referida súmula vinculante.

A seguir transcrevemos o conteúdo emanado


do STF:

Aplicação das Súmulas no STF


Súmula Vinculante 43
É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao
servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público
destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na
qual anteriormente investido.

... omissis ...

Provimento derivado: subsistência dos atos ocorridos entre 1987 a


1992

“1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de


ser inconstitucional toda forma de provimento derivado após a
Constituição Federal de 1988, sendo necessária a prévia aprovação
em concurso de provas ou de provas e títulos para ingresso em cargos
públicos. 2. Contudo, no julgamento da medida cautelar na ADI nº
837, Relator o Ministro Moreira Alves, DJ de 17/2/93, suspendeu,
com efeitos ex nunc, a eficácia dos arts. 8º, III, e das expressões
‘acesso e ascensão’, do art. 13, parágrafo 4º, ‘ou ascensão’ e ‘ou
ascender’, do art. 17, e do inciso IV do art. 33, todos da lei nº 8.112,
de 1990. 3. Posteriormente, com fundamento na referida ADI, cujo
mérito foi julgado em 27/9/98 (DJ de 25/6/99), a Segunda Turma
da Corte, ao examinar o RE nº 442.683/RS, concluiu pela
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
subsistência de atos administrativos de provimentos derivados
ocorridos entre 1987 a 1992, em respeito aos postulados da boa-
fé e da segurança jurídica. Consignou-se que, à época dos fatos,

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


o entendimento a respeito do tema não era pacífico, o que teria
ocorrido somente em 17/02/93 (data da publicação da decisão
proferida na medida cautelar).” (RE 605762 AgR-AgR, Relator
Ministro Dias Toffoli, Segunda Turma, julgamento em 24.5.2016,
DJe de 9.6.2015) - grifamos

Portanto, com o devido respeito, o Município


aplica a Súmula Vinculante 43 do e. STF para caso que o próprio excelso pretório
não a aplica.

O STF, sem olvidar da legalidade, porém, em


respeito e homenagem aos princípios da boa-fé e da segurança jurídica, opta
por posicionar-se pela subsistência dos atos administrativos que geraram a
ascensão funcional, desde que ocorridos no interregno compreendido entre 1987
e 1992, haja vista que neste período não havia se consolidado o entendimento
acerca da matéria.

Portanto, como a ascensão funcional da


Servidora ocorreu de boa-fé e em decorrência de atos administrativos praticados
antes de pacificar-se o entendimento sobre a questão, a decisão de retorno ao
cargo em que ingressou no serviço público municipal deve, necessariamente,
ser reformada, mantendo-se a Servidora no seu cargo atual, respeitando-se,
desta forma, o entendimento do e. STF.

VII. Aplicação Analógica da Súmula nº 05 e


da Uniformização De Jurisprudência nº 04, ambas do Tribunal de Contas
do Estado do Paraná

A Constituição Federal de 1988 atribuiu aos


Tribunais de Contas a obrigação de registrar e analisar a legalidade das
contratações de pessoal da Administração Pública Estadual e Municipal inciso
LV, do art. 5º, da Constituição, bem como os processos de aposentadoria dos
funcionários públicos de tais esferas da Administração.

O Tribunal de Constas do Estado do Paraná já


tem posicionamento, solidificado em inúmeros julgamentos, acerca da legalidade
da admissão de pessoal aos quadros da Administração Municipal, conforme sua
Súmula 05 (doc. 15), que assim, in verbis, reza:

São legais para fins de registro as admissões de pessoal, estaduais e


municipais, anteriores ao ano de 2000, inclusive as relativas ao artigo 70
da Lei Estadual nº 10.219/92, em decorrência dos princípios da
segurança jurídica e da boa fé. (Grifos nossos)

Portanto, se o TCE-PR entende que em,


homenagem e respeito, aos princípios da segurança jurídica e da boa-fé, são
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
perfeitamente legais as admissões efetivadas pelas Administrações Municipais
anteriores ao ano de 2000, por corolário, também devem ser consideradas legais
as promoções funcionais e reenquadramentos efetivados pelo Município de

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


Piraquara anteriormente ao ano de 2.000, pois quem pode o mais também pode
o menos.

Ora, se Administração Pública Municipal,


anteriormente ao ano de 2000, poderia admitir pessoal, na forma da legislação
vigente à época, então o Município de Piraquara, anteriormente ao ano de 2.000,
poderia promover o reenquadramento de seu pessoal, mediante Lei Municipal,
ou a promoção funcional de seus quadros.

O Tribunal de Constas do Estado do Paraná,


após inúmeros julgamentos, firmou posicionamento de que a Servidora Pública
Estadual ou Municipal, ainda que tenha ingressado de forma irregular, ainda
assim deve ter efetivado o registrado de sua contratação.

A Uniformização de Jurisprudência nº 04 (doc.


16), do TCE-PR, assim, in verbis, reza:

EMENTA: UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA – QUESTÕES


RELACIONADAS A AUSÊNCIA DE REGISTRO DE ADMISSÕES DE
PESSOAL NESTA CORTE – ENTENDIMENTOS DIVERSOS –
NEGANDO REGISTRO AO ATO DE INATIVAÇÃO, EM FACE DO
IRREGULAR INGRESSO – ADMITINDO, COM FUNDAMENTO NA
SEGURANÇA JURÍDICA – CONSIDERANDO OS CASOS
EXISTENTES VERIFICA-SE A COLISÃO DE PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS – PONDERAÇÃO DE VALORES NO CASO
CONCRETO – ADMISSÕES RELATIVAS AO ART. 70 DA LEI
ESTADUAL Nº 10.219/92 E AS ADMISSÕES ANTERIORES À LEI
COMPLEMENTAR 113/05 E ENCAMINHADAS
EXTEMPORANEAMENTE DEVEM SER REGISTRADAS EM FACE
DOS PRINCÍPIOS DA BOA-FÉ E DA SEGURANÇA JURÍDICA.

Registre-se, pois essencial, a Servidora não


ingressou no Serviço Público Municipal de forma irregular.

O TCE-PR, órgão encarregado de fiscalizar a


legalidade das contratações de pessoal pelos Municípios Paranaenses, firmou
entendimento e posição de que, mesmo que o ingresso da Servidora tenha sido
irregular, ainda assim a contratação deve ser registrada, de modo a garantir
respeito aos princípios da Boa-fé e da Segurança Jurídica.

Ora, se o TCE-PR entende que mesmo uma


contratação irregular deve ser registrada e portanto convalidada, com base nos
princípios da Boa-fé e da Segurança Jurídica, então, com mais razão e com
fulcro nos mesmo princípios, não há que se inquinar de irregular e ilegal o
reenquadramento funcional e a progressão funcional efetivadas pelo Município
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
de Piraquara em relação à Servidora, não havendo que se falar em promover o
seu retorno ao cargo de origem.

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


A convalidação de atos administrativos em
decorrência do decurso do tempo é, em última análise, uma forma, correta e
aceita, de materialização da segurança jurídica, especialmente quando os atos
foram praticados de boa-fé e não causaram danos à Administração.

A proposta de Uniformização de
Jurisprudência nº 04, do TCE-PR, teve como Relator o Exmo. Conselheiro
Fernando Augusto Mello Guimarães, sendo que pedimos vênia para transcrever
trechos do Acórdão nº 1411/06, onde o relator fundamenta brilhantemente a
questão da convalidação dos atos administrativos e a impossibilidade de se
penalizar a Servidora, assim, in verbis, asseverando:

Em diversas manifestações acatadas pela Câmara e pelo Plenário desta


Casa, tenho afirmado o entendimento de que o servidor não pode arcar, anos
depois, com o ônus de ser exonerado por qualquer falha que não tenha dado causa,
em face dos princípios da boa-fé (do administrado), sendo este princípio uma
atenuação da rigidez do princípio da legalidade e o da Presunção de Legalidade,
no qual a Administração Pública se submete à lei, presume-se, até prova em
contrário, que todos seus atos sejam verdadeiros e praticados em observância das
normas legais pertinentes.

Neste sentido leciona Weida ZANCANER:

... o princípio da boa-fé assume importância capital no Direito


Administrativo, em razão da presunção de legitimidade dos atos
administrativos, presunção esta que só cessa quando esses atos são
contestados, o que coloca a Administração Pública em posição
sobranceira com relação aos administrados.

Continua a renomada autora:

Com efeito, atos inválidos geram consequências jurídicas, pois se


não gerassem não haveria qualquer razão para nos preocupar com
eles. Com base em tais atos certas situações terão sido instauradas
e na dinâmica da realidade podem converter-se em situações
merecedoras de proteção, seja porque encontrarão em seu apoio
alguma regra específica, seja porque estarão abrigadas por algum
princípio de Direito. Estes fatos posteriores à constituição da
relação inválida, aliados ao tempo, podem transformar o contexto
em que esta se originou, de modo a que fique vedado à
Administração Pública o exercício do dever de invalidar, pois fazê-
lo causaria ainda maiores agravos ao Direito, por afrontar à
segurança à segurança jurídica e a boa-fé.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Há que se atentar para o dever que a Administração Pública tem de
restaurar a ordem jurídica quando violada, em virtude da emanação de atos
viciados.

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


Ora, sabe-se que esta restauração visa reparar o próprio princípio da
legalidade afrontado quando a administração expediu um ato em desconformidade
com ditames legais. Este restabelecimento pode se dar através da convalidação ou
da invalidação dos atos viciados.

A convalidação consiste, em síntese, na possibilidade do ato viciado ser


reproduzido validamente na atualidade, resguardando os efeitos desde a data da
criação do ato. Este ato de tornar válido um procedimento viciado pode se dar pela
ratificação, pela retificação, pela confirmação, saneando-se o defeito. Acrescente-
se que os atos viciados ainda podem ter seus defeitos expurgados pelo decurso do
tempo, embora não haja consenso doutrinário e jurisprudencial quanto ao
“quantum” de tempo.

E, ainda que tenha havido uma falha na nomeação de determinados


servidores, compreendo que é na exata medida do transcurso do tempo que, in
casu, a convalidação se deu, pois o decurso do tempo constitui uma das formas de
estabilização das relações, e é capa, portanto, de forma indireta, de validar atos
viciados.

A Servidora foi promovida ao cargo atual por


ato administrativo praticado pelo Município, sem que nenhuma provocação ou
requisição para a prática tenha partido de sua parte.

O ato administrativo de promoção funcional


visou atender aos interesses e necessidades da Municipalidade.

A Servidora sempre agiu de boa-fé, assim


como também agiu de boa-fé o Administrador Público que praticou o ato,
somente agora, em sede desta Sindicância, inquinado de viciado e eivado de
ilegalidade.

A Servidora encontra-se amparada, não só


pela sua boa-fé, mas pela presunção de legalidade do ato administrativo de seu
reenquadramento e promoção funcional, haja vista que praticado por Autoridade
que detinha competência para tanto, registrando-se que não havia nenhuma
razão para a Servidora imaginar que o ato estaria viciado ou maculado.

Ademais, o longo decurso do tempo verificado


entre a prática do ato administrativo de promoção funcional da Servidora e a
presente contestação de sua validade e/ou legalidade, consistente em mais de
15 anos, milita no sentido de convalidação do ato, refutando-se sua invalidação,
mormente em razão dos nefastos danos que causaria à Administração e a
Servidora.

Sabido que o Direito não é estático, pelo contrário é


dinâmico, sofrendo, no curso do tempo, constantes alterações e mutações, tanto
no ordenamento positivado como no entendimento dado ao regramento legal.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
O princípio da segurança jurídica tem por escopo
proteger o cidadão de eventuais mutações do Direito no decurso do tempo, pois

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


inadmissível que um entendimento posterior venha a alterar uma situação fática
anterior.

No caso vertente, com o devido respeito,


insubsistente querer-se aplicar o entendimento atual ao ato administrativo
pretérito que resultou na promoção funcional da Servidora.

Sabido que a analogia é uma das fontes do Direito,


sendo possível a aplicação analógica de uma determinada regra, ou
posicionamento jurisprudencial, a um caso análogo àquele que é objeto
especifico da regra ou da formação jurisprudencial.

A Súmula nº 05 e a Uniformização de Jurisprudência


nº 04, ambas do TCE-PR, tratam de registro de admissões no serviço público
Estadual e Municipal, porém o entendimento nelas consubstanciadas pode, e
deve, ser aplicado à situação funcional da Servidora.
Em nosso Direito é aceito que o caso maior
engloba o menor, bem como que o que pode o mais também pode o menos,
assim, mutatis mutandis, a Súmula nº 05 e a Uniformização de Jurisprudência
nº 04, ambas do TCE-PR, devem ser aplicadas ao caso vertente, pois tratam do
registro da admissão em cargo público e na presente Sindicância discute-se o
reenquadramento e a progressão funcional da Servidora.

Sendo assim, respeitando-se aos princípios da


segurança jurídica e da boa-fé, desde logo, requer-se seja aplicado, por
analogia, o entendimento do TCE-PR, materializado na Súmula nº 05 e na
Uniformização de Jurisprudência nº 04, convalidando o ato administrativo de
reenquadramento e promoção funcional da Servidora, e, por conseguinte, não
seja acolhida a proposta da d. Procuradoria-Geral de que seja promovido o
retorno da Servidora ao cargo de origem, declarando nulo o decreto nº
5944/2017.

VIII. A Decisão do Município é Contrária a


Jurisprudência do e. STF

Com o devido respeito, a decisão de promover


o retorno da Servidora ao cargo de origem não se coaduna com a jurisprudência
do e. STF.

Após o advento da Constituição Federal de


1988, vários casos análogos ao tratado nesta Sindicância foram submetidos à
apreciação do Poder Judiciário e chegaram a última instância, sendo que o e.
STF já julgou inúmeros processos, consolidando jurisprudência acerca da
matéria.

O e. STF, respeitando os princípios da boa-fé


e da segurança jurídica e com base no fato de que antes de 17.02.1993 o
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
entendimento a respeito do tema não era pacífico, já proferiu inúmeras decisões
no sentido de que não se deve promover o retorno de servidor ao cargo de
ingresso, consoante esposado nos seguintes julgados:

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


MS 26.117/DF, Rel. Min, Eros Grau, Tribunal Pleno;
MS 28.953/DF, Relª. Minª. Cármen Lúcia, 1ª Turma;
RE 442.683/RS, Rel. Carlos Velloso, 2ª Turma, DJ 24/3/03;
RE 605.762/PE-AgR, 2ª Turma, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe 9/6/16;
RE 706.698/ES-AgR, 1ª Turma, Relª. Minª. Rosa Weber, DJe 9/3/15;
RE 600.955/DF-AgR, 2ª Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe
13/8/14;
RE 872.254/DF AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe 29/0/15; e
RE 660.812/PE, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 19/12/11.

A guisa de ilustrar o entendimento firmado do


e. STF no sentido de que devem subsistir os atos administrativos de transposição
ou ascensão funcional praticados enquanto não havia entendimento formado
acerca de sua inconstitucionalidade, citamos dois recentes julgados da nossa
Suprema Corte, realizados no mês de fevereiro de 2017.
No julgamento do Recurso Extraordinário com
Agravo, ARE 8223.985/MG, em teve como Relator o Ministro Roberto Barroso,
realizado em 10.02.2017, cujo resultado foi publicado no DJe de 17/02/2017, foi
analisado caso de servidor da Universidade Federal de Viçosa, em situação
análoga aos dos servidores do Município de Piraquara, tratada nesta
Sindicância, tendo o STF decidido pela subsistência dos atos administrativos que
resultaram na ascensão funcional.

Pedimos licença para transcrevermos


segmentos do v. acórdão, relatado pelo Ministro Roberto Barroso, como segue:

... omissis ...

A parte recorrente alega violação ao art. 5º da Constituição,


sustentando a legalidade e a constitucionalidade de provimento
derivado de servidor, por meio de ascensão funcional, após a
vigência da Constituição Federal de 1988. Afirma que o ato
administrativo em questão se baseia em lei vigente à época de sua
prática, e foi editado em data anterior à referida ADIN nº 837, de
1993, julgada pelo STF não se deve desconsiderar o fato de que a
situação jurídica decorrente do ato encontra-se hoje estabilizada pelo
tempo . O recurso deve ser provido. Isso porque o Supremo
Tribunal Federal, em algumas oportunidades, e sempre ponderando
as particularidades de cada caso, já reconheceu a subsistência dos
atos administrativos de provimento derivado de cargos públicos
aperfeiçoados antes da pacificação da matéria neste Tribunal, em
homenagem ao princípio da segurança jurídica.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
... omissis ...

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


Acontece que, à época dos fatos 1987 a 1992, o entendimento a
respeito do tema não era pacífico, certo que, apenas em 17.02.1993,
é que o Supremo Tribunal Federal suspendeu, com efeito ex nunc, a
eficácia do art. 8º, III; art. 10, parágrafo único; art. 13, § 4º; art. 17 e
art. 33, IV, da Lei 8.112, de 1990, dispositivos esses que foram
declarados inconstitucionais em 27.8.1998: ADI 837/DF, Relator o
Ministro Moreira Alves, DJ de 25.6.1999. II. - Os princípios da boa-
fé e da segurança jurídica autorizam a adoção do efeito ex nunc para
a decisão que decreta a inconstitucionalidade. Ademais, os prejuízos
que adviriam para a Administração seriam maiores que eventuais
vantagens do desfazimento dos atos administrativos. Nota-se, assim,
que o servidor teve sua ascensão funcional determinada por ato
administrativo editado anteriormente ao julgamento da medida
cautelar da ADI 837/DF, ocorrido em 17.02.1993. Nesse contexto, o
reconhecimento administrativo da ascensão funcional do servidor
José Rubens Reis Raposo ocorreu no período em que era
controvertido o entendimento desta Corte acerca da
constitucionalidade das hipóteses de provimento derivado, nos
termos da jurisprudência acima citada. A decisão do Tribunal de
origem, na qual houve a desconstituição dos atos de ascensão
funcional, importa violação aos princípios da segurança jurídica e da
proteção da confiança da legítima. Como se sabe, o princípio da
segurança jurídica, em um enfoque objetivo, veda a retroação da lei,
tutelando o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
Em sua perspectiva subjetiva, a segurança jurídica protege a
confiança legítima, procurando preservar fatos pretéritos de
eventuais modificações na interpretação jurídica, bem como
resguardando efeitos jurídicos de atos considerados inválidos por
qualquer razão. Em última análise, o princípio da confiança
legítima destina-se precipuamente a proteger expectativas
legitimamente criadas em indivíduos por atos estatais. A
aplicação do princípio da proteção da confiança, portanto, pressupõe
a adoção de atos contraditórios pelo Estado que frustrem legítimas
expectativas nutridas por indivíduos de boa-fé. Naturalmente, tais
expectativas podem ser frustradas não apenas por decisões
administrativas contraditórias, mas também por decisões judiciais
dessa natureza. Nada obstante a potencial reversibilidade de decisões
judiciais não transitadas em julgado, não parece razoável restringir a
aplicação do princípio da proteção da confiança ao âmbito da
Administração Pública, pois a invalidação da ascensão em cargo
público ocorrida há anos pode, presentes determinadas condições,
frustrar expectativas legítimas criadas pelo ato estatal pretérito,
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
causando, portanto, forte abalo à segurança jurídica. Diante desse
cenário, a anulação da Portaria nº 1.023, de 26.12.89, representa clara
violação aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima,

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


ainda mais quando se verifica que, à época dos fatos, havia ampla
divergência sobre a compatibilidade do provimento derivado com a
Constituição de 1988.

No julgamento dos Embargos de Declaração


no Agravo Regimental no Agravo de Instrumento 859.766 Amapá, em teve como
Relator o Ministro Dias Toffoli, realizado em 23.02.2017, foi julgada Ação Civil
Pública que questionava ato administrativo que possibilitou a realização de
processo seletivo interno de ascensão funcional de servidores do Estado do
Amapá, ou seja, situação análoga aos dos servidores do Município de Piraquara,
tratada nesta Sindicância, tendo o STF decidido pela subsistência dos atos
administrativos que resultaram na ascensão funcional.

No referido julgamento, foi dado provimento ao


recurso e julgada improcedente a Ação Civil Pública, decidindo o e. STF pela
subsistência dos atos de ascensão funcional de servidores em decorrência de
processo seletivo interno realizado quando ainda não havia sido pacificado o
entendimento de inconstitucionalidade de tal procedimento.

Enfim, com o devido respeito, a decisão de


promover o retorno da Servidora ao seu cargo de ingresso no Serviço Público
Municipal se mostra contrária ao entendimento do e. STF.

IX. Obediência aos Princípios da


Administração Pública

De Plácido e Silva, na sua lapidar obra


Vocabulário Jurídico, 15ª edição, 1998, atualizada por Nagib Salibi Filho e
Geraldo Magela Alves, Editora Forense, às pág. 639, assim leciona:

PRINCÍPIOS. No sentido, notadamente no plural, significa as normas


elementares ou os requisitos primordiais instituídos como base, como
alicerce de alguma coisa.
E, assim, princípios revelam o conjunto de regras ou preceitos, que se
fixam para servir de norma a toda espécie de ação jurídica, traçando, assim,
a conduta a ser tida em qualquer operação jurídica.
Desse modo, exprimem sentido mais relevante que o da própria norma ou
regra jurídica. Mostram-se a própria razão fundamental de ser das coisas
jurídicas, convertendo-as em perfeitos axiomas.
Princípios jurídicos, sem dúvida, significam os pontos básicos, que servem
de ponto de partida ou de elementos vitais do próprio Direito. Indicam o
alicerce do Direito.

Sabido que no âmbito da União o processo


administrativo é regido pela Lei nº 9.784, de 29.01.1999, sendo que tal diploma
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
legal elenca os princípios que devem reger os processos administrativos, sendo
que tais princípios também devem ser aplicados nos processos administrativos
de Municípios e Estados.

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


O artigo segundo da Lei nº 9.784/99, assim, in
verbis, reza:

Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos


princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência. Grifos nosso

Com o devido respeito, a proposta pelo


Sindicante de que a “Administração municipal promova o retorno de todos os
servidores aos cargos de origem” e, ainda, que seja “calculado o montante
recebido indevidamente, acrescido de juros e correção monetária, par fins de
restituição”, viola vários princípios da Administração Pública, devendo ser
rechaçada de plano a aplicação das penalidades preconizadas.

O ato administrativo da promoção funcional e


reenquadramento da Servidora foi efetivado em estrita consonância com a
Legislação Municipal vigente à época dos fatos, logo respeitado o princípio da
legalidade.

O ato administrativo da promoção funcional e


reenquadramento da Servidora foi efetivado para atender ás necessidades da
Administração logo consubstancia a materialização do princípio da finalidade.

O retorno da Servidora ao seu cargo de origem


não se mostra razoável, conquanto haveria perda tanto para ela como para a
Administração, então para que se respeite o princípio da razoabilidade deve se
mantê-la no cargo atual.

Com o devido respeito, a de punição da


Servidora, com seu retorno ao cargo de origem e a redução dos vencimentos
não é, maneira alguma, proporcional a sua conduta e participação efetiva que
teve nos eventos.

O retorno da Servidora ao cargo de origem e a


redução dos vencimentos fulmina de morte o princípio da segurança jurídica,
pois o longo decurso do tempo e a inexistência de dano à Municipalidade
convalidam o ato administrativo de sua progressão funcional.

Ademais, a Servidora deve ser amparada pelo


princípio da segurança jurídica, conquanto sempre acreditou que sua progressão
funcional fora feita dentro da mais estrita legalidade, pois praticada por
Autoridade competente e em conformidade com formalidades exigíveis.

O princípio do interesse público se


materializará na manutenção da Servidora no cargo atual, conquanto ele
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
continuará exercendo as atividades que exerce Há muito tempo, as quais já
domina e executa com perfeição e produtividade, ou seja, desta forma restaram
atendidas as necessidades da Municipalidade.

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


A remoção da Servidora do seu cargo atual
para o seu cargo de origem obrigaria a Municipalidade a designar outra Servidora
para exercer as atividades que ele exerce atualmente, sendo que este novo
Servidor certamente não teria a mesma eficiência na realização das tarefas que
a Servidora, logo não se atenderia ao princípio da eficiência.

Em suma, promover-se o retorno da Servidora


ao seu cargo de origem viola diversos princípios que devem nortear a
Administração Pública.

No caput do art. 2º, da Lei nº 9.784/99, estão


elencados os princípios norteadores da administração Pública, sendo que nos
incisos do seu parágrafo único estão arrolados os critérios a serem observados
nos processos administrativos, senão vejamos:

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios


da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse
público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre
outros, os critérios de:
I - atuação conforme a lei e o Direito;
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial
de poderes ou competências, salvo autorização em lei;
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção
pessoal de agentes ou autoridades;
IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses
de sigilo previstas na Constituição;
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações,
restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias
ao atendimento do interesse público;
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a
decisão;
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos
administrados;
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau
de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados;
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações
finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de
que possam resultar sanções e nas situações de litígio;
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as
previstas em lei;
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da
atuação dos interessados;
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta
o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa
de nova interpretação.

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


Com o devido respeito, o desenvolvimento dos
trabalhos da Sindicância em apreço e a “solução Final” proposta, além de
violarem diversos princípios da Administração Pública, deixaram de observar os
critérios elencados nos incisos do § único do art. 2º da Lei nº 9.784/99.

Sendo assim, ante a violação dos princípios da


Administração Pública, elencados no art. 2º da Lei nº 9.784/99, bem como por
não terem sido observados os critérios do procedimento administrativo,
arrolados nos incisos do § único, do mesmo dispositivo legal, desde logo, requer-
se seja declarada a nulidade da Sindicância bem como do decreto nº
5944/2017.

X. Dos Atos Administrativos

No Relatório Final consta que a Servidora,


inicialmente, foi aprovada em concurso público para um determinado cargo e
que, posteriormente, “alçou” ao cargo atual.

Porém, com o devido respeito, a Servidora não


“alçou”, mas sim foi “alçada” pela Municipalidade ao cargo atual, registre-se que
não se trata de mera questão semântica, mas sim de expressar a realidade dos
fatos.

A Servidora não requereu ao Município a


modificação da investidura original, pelo contrário, a iniciativa partiu de alocar
aquela para o exercício de um novo cargo partiu deste.

Foi o Município que determinou que a


Servidora passasse a exercer as atividades inerentes ao novo cargo, sendo que
os atos administrativos inerentes à modificação do cargo emanaram da
Administração e foram por esta praticados sem nenhuma ingerência ou atuação
da Servidora.

O servidor do Município de Piraquara deve


obediência ao superior hierárquico, devendo cumprir as ordens que dele recebe,
conforme expressa previsão do art. 135, IV, da Lei Municipal 863/2006, portanto,
no caso vertente, a Servidora obedeceu ao comando que lhe foi dado de passar
a desempenhar as atividades inerentes ao novo cargo.

Ademais, os atos administrativos gozam da


presunção de legalidade, sendo que no caso vertente foram realizados pela
Autoridade competente e na época em que foram praticados estavam em
harmonia com a legislação vigente, sendo que ainda não havia discussão jurídica
acerca de eventual ilegalidade.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
A guisa de ilustração, veja-se que as
jurisprudências citadas no Relatório Final pelo i. Sindicante são posteriores aos
Atos Administrativos que resultaram a “promoção” da Servidora para o exercício

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


do cargo atual.

Na época dos fatos a Administração Municipal


entendia que poderia designar a Servidora para o exercício de outro cargo,
registrando-se que esta atendia às exigências previstas na Legislação Municipal
para desempenhar as funções inerentes ao novo cargo.

Os atos administrativos estavam respaldados


pela legislação municipal, não foram objeto de questionamento pelos órgãos
fiscalizadores do Município, ou seja, nem pelo Poder Legislativo Municipal e nem
pelo Tribunal de Contas do Estado, sendo que tais atos administrativos
integraram a prestação de contas dos respectivos anos e receberam a devida
publicidade, com a publicação de Decretos Municipais.

Ademais, o longo decurso do tempo havido


entre a prática dos Atos Administrativos e o seu atual questionamento milita em
favor da sua convalidação, de modo a garantir-se o princípio da segurança
jurídica.

XI. Da Manutenção no Cargo Atual

A Servidora foi alçada à função que atualmente


ocupa por força do Decreto editado há mais de 15 anos, com presunção de
legalidade, passando então a exercer a atividade à qual foi “reenquadrado”,
realizando com correção e denodo todos os serviços em grau de complexidade
condizentes com a função assumida.

Os atos que resultaram na ascensão


funcional da Servidora ocorreram há muitos anos, tendo sido feitos de boa-fé, e
devido ao avançado transcurso do tempo, a situação de fato se consolidou,
fazendo-se necessário a adoção da teoria do fato consumado.

A chamada Teoria do Fato Consumado,


aplicada em diversos ramos do Direito, inclusive o Administrativo, preconiza que
as situações consolidadas pelo decurso do tempo devem ser respeitadas sob
pena de causar prejuízo excessivo aos envolvidos e gerar insegurança jurídica.

Além do longo decurso do tempo, outra


condição para aplicação da Teoria do Fato Consumado é a inexistência de
premeditação da conduta inquinada como antijurídica.

O caso vertente comporta a aplicação


da Teoria do Fato Consumado, pois:

- a uma, verificou-se um longo decurso de tempo entre o


reenquadramento da Servidora e o questionamento, ou seja, a situação de fato
perdurou por mais de quinze anos;
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
- a duas, a Servidora confiou na legitimamente e legalidade do ato
administrativo que promoveu seu reenquadramento funcional, a qual, frise-se, foi

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


efetivada por vontade da Administração sem que tive havido qualquer solicitação
da Servidora;
- a três, não houve premeditação da Servidora, nem da Administração,
com intuito de burlar ou fraudar a legislação.

Sendo assim, com o devido respeito,


deve ser aplicado no caso em tela a Teoria do Fato Consumado deixando a
Administração de promover o retorno da Servidora ao cargo de origem.

O ato administrativo encontra-se sob o


manto da legalidade, e retirar a Servidora do exercício das funções que
atualmente exerce consubstanciaria verdadeira afronta ao princípio da
segurança jurídica, alicerce do nosso ordenamento jurídico e que deve
preponderar sobre eventual ilegalidade no ato administrativo, que diga-se não
existia à época de sua realização.
Neste caso, o princípio constitucional da
segurança jurídica deve ser resguardado de forma plena, tanto em seu aspecto
objetivo, sob a ótica da estabilidade das relações jurídicas, como em seu aspecto
subjetivo, da proteção à confiança, devendo prevalecer sobre à regra da livre
revogação dos atos administrativos ilícitos.

Ademais, não se pode olvidar que o


desiderato das normas jurídicas é a realização da Justiça, devendo-se, na
aplicação da Lei, atentar-se para a finalidade social a que ela se destina e ainda
ao bem comum.

O art. 5º da Lei de Introdução ao Código


Civil, que foi recepcionada pela Constituição Federal de 1998, que é considerado
o diploma legal que traça as linhas mestras de aplicação das normas do Direito
Brasileiro é categórico ao definir o critério de sopesamento na aplicação da lei,
impondo que esta ocorra de acordo com os fins sociais e as exigências do bem
comum.

Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se
dirige e às exigências do bem comum.

O longo decurso do tempo torna a


situação irreversível devendo serem convalidados os atos administrativos, nesse
sentido, cabe reconhecer que o longo interregno temporal verificado entre a
prática do ato e a sua impugnação gerou uma situação de fato, já consolidada,
tanto para a Servidora como para a Administração, que deve ser mantida sob
pena de causar enormes e injustos prejuízos a ambos.

Eventual reversão da situação fática


atual com o retorno da Servidora ao cargo de origem, causará consequências
injustas à Servidora e nefastas à Administração, aquelas consubstanciadas na
perda de longo período de vida dedicada ao atendimento das necessidades da
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Administração no cargo atual, e estas materializadas no desmonte do seu quadro
funcional.

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


Para que não se perpetre dano ao bem
comum, representado pela prestação de serviços à comunidade pela
Administração Municipal, bem como para que se respeite a finalidade social que
foi alcançada com o atual quadro de servidores municipais, impõe-se a
manutenção da atual situação, com o afastamento da nulidade do ato
administrativo de reenquadramento funcional da Servidora.

Frise-se, pois essencial, o retorno da


Servidora ao cargo de origem, além de lhe causar enormes prejuízos, não só de
ordem econômica, mas também de ordem social e psicológica, pois este veria
ruir os longos anos de sua vida que dedicou ao desempenho de seu cargo atual,
acarretaria maior prejuízo à Administração que teria de, uma hora para outra,
desmontada toda sua estrutura de prestação de serviços à comunidade, além de
que seria obrigada a promover uma série de atos administrativos para seleção e
preenchimento da vaga, e, especialmente, treinar novo servidor para substituir o
atual, o que seria extremamente custoso e difícil.

A Servidora já angariou experiência e técnica


no exercício de suas atividades atuais, que foram aprimoradas ao longo de vários
anos de exercício na função.

Ademais, caso implementado o retorno da


Servidora ao seu cargo de origem, a Administração ainda estaria obrigada a
rever os efeitos de todos os atos por ele praticados no cargo atual, o que
certamente traria enormes prejuízos.

Nesse sentido, lançamos como luz decisão


emanada do e. Tribunal Regional Federal da 1ª Região que ao enfrentar, sem
melindres e fetiches jurídicos, em situação praticamente idêntica ao caso
vertente, decidiu pela permanência de servidores federais nos cargos, conforme
consignado no Acordão abaixo transcrito:

“CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


SERVIDORES PÚBLICOS AUTÁRQUICOS. CONCURSOS
INTERNOS REALIZADOS A PARTIR DE 1989. ASCENSÃO
FUNCIONAL. PROVIMENTO DOS CARGOS RESPECTIVOS POR
SERVIDORES SUBMETIDOS A CONCURSO PÚBLICO.
PREPONDERÂNCIA DO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA
SOBRE A LEGALIDADE. MANUTENÇÃO DOS ATOS
ADMINISTRATIVOS.
1. Pretende o MPF a decretação da nulidade dos atos administrativos
que concederam ascensão funcional em favor dos demais réus,
ocorrida em virtude de terem se submetido a concursos internos, após
a Constituição Federal de 1988, bem como a reversão destes aos
cargos que ocupavam anteriormente, sob a alegação de ofensa aos
princípios norteadores da Administração Pública, tais como o da
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
moralidade, da exigibilidade erga omnes de concurso público e da
isonomia.
2. A ação civil pública é via processual adequada à proteção dos

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


interesses coletivos e difusos, prevista no art. 129, inciso III da
Constituição Federal, quando, entre as funções atribuídas ao
Ministério Público dispõe sobre a de "promover o inquérito civil e a
ação civil publica, para a proteção do patrimônio público e social, do
meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos". No caso, é
firme o entendimento jurisprudencial desta Corte de que é possível a
interposição da ação civil pública para declarar a nulidade de atos
administrativos que, por serem ilegais, causam prejuízo ao patrimônio
público. Precedente (AC 1997.32.00.005033-6/AM, Rel. Juiz Federal
Itelmar Raydan Evangelista, Primeira Turma, DJ de 03/12/2007, p.15).
3. A Constituição Federal de 1967, com redação dada pela Emenda
Constitucional n. 01, de 17 de outubro de 1969, exigia a aprovação do
concurso público apenas como "primeira investidura" em cargo
público, permitindo as hipóteses de "provimentos derivados". Com o
advento da Constituição Federal de 1988, não obstante a
obrigatoriedade de aprovação em concurso público para primeira
investidura em cargo ou emprego público, passou-se a exigir concurso
público para as demais investiduras eventualmente sobrevindas no
decorrer da vida funcional do servidor, para cargo diferente daquele
no qual fora investido.
4. Art. 37, II, CF/88: "II - A investidura em cargo ou emprego público
depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de
provas e títulos, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração;" (redação original).
5. Súmula n. 685 do STF: "É inconstitucional toda modalidade de
provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação
em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não
integra a carreira na qual anteriormente investido".
6. A Universidade Federal de Uberlândia determinou a ascensão
funcional dos réus arrolados na inicial, habilitados em concursos
internos realizados entre maio de 1989 e Julho de 1991,
aproximadamente, através de Portarias editadas a partir de 18/09/89,
ou seja, já sob a égide da Constituição Federal de 1988. Assim sendo,
numa primeira abordagem, tem razão o MPF, pois o acesso a cargo
inicial de carreira hierarquicamente superior, mediante transposição
ou ascensão funcional foi abolido pela Constituição Federal de 1988,
desde a sua vigência, a partir de 05 de outubro de 1988.
7. Entretanto, a pura e simples aplicação da lei pode ter conseqüências
danosas para a sociedade, causando, quando menos, indignação e
perplexidade, não sendo por outra razão que se faz necessário, muitas
vezes, abrandar o rigor da lei, ou mesmo deixar de aplicá-la, em prol
de outros valores supremos que regem as relações humanas e, por isso
mesmo, também permeiam o ordenamento jurídico. A decretação da
nulidade dos atos administrativos da Universidade Federal de
Uberlândia que concederam ascensão funcional em favor dos réus,
ocorrida em virtude de terem se submetido a concursos internos, após
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
a Constituição Federal de 1988, bem como a reversão destes aos
cargos que ocupavam anteriormente, traria evidentes transtornos para
a Administração e para os servidores, a começar pelos efeitos

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


produzidos por anos de atos praticados e salários percebidos. De outro
lado, o próprio Representante do Ministério Público Federal em suas
alegações finais (fls. 1287/1293), com inteira propriedade, reconheceu,
quanto aos servidores que se submeteram a concurso público para
provimento dos cargos, que caberia à Administração, que em última
análise deu causa à ilegalidade, promover as devidas adequações
internas para mantê-los nos seus devidos cargos, em atendimento à
razoabilidade, ao inegável interesse público e à segurança das relações
jurídicas, albergados pela Constituição da República, o que atenderia
à finalidade social da lei, nos termos do art. 5º da Lei de Introdução ao
Código Civil ("Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a
que ela se dirige e às exigências do bem comum"). Não obstante, como
determinar a reversão dos servidores que obtiveram a ascensão
funcional e ao mesmo tempo reconhecer que a nulidade dos atos que a
concederam nenhum efeito deva produzir sobre aqueles que se
encontram sobre o manto da legalidade e se submeteram a concurso
público para provimento dos respectivos cargos antes ocupados?
Como adotar a estrita legalidade para alguns e negar seus efeitos para
outros, em atos tão intrinsecamente ligados? Conclui-se, portanto, que
a melhor solução nesse caso concreto, em caráter excepcional, é
manter os atos administrativos em questão, em nome da segurança
jurídica e da paz social. Com efeito, solução contrária provocaria
verdadeiro caos na Administração e perplexidade no seio da sociedade.
8. "(...). 10. Nomeação feita sem concurso é nula, mas pode de forma
excepcionalíssima sem mantida em atenção ao princípio da segurança
das relações jurídicas, quando em casos extremos a declaração de
nulidade possa gerar injustiça que não se coaduna com o espírito de
paz, ordem e segurança do nosso Ordenamento Jurídico. 11. Nulificar
procedimento se seleção interna pelo qual os Réus tomaram posse em
novos empregos que exercem há DEZESSEIS ANOS é absolutamente
fora de qualquer mínima idéia de respeito à segurança jurídica,
devendo nesse caso excepcional o referido princípio preponderar sobre
o da legalidade.(...)." (AC 2002.01.00.007644-8/DF, Rel. Juiz Federal
César Augusto Bearsi, Quinta Turma,e-DJF1 p.114 de 12/09/2008)
9. "(...). 3. A infringência à legalidade por um ato administrativo, sob
o ponto de vista abstrato, sempre será prejudicial ao interesse público;
por outro lado, quando analisada em face das circunstâncias do caso
concreto, nem sempre sua anulação será a melhor solução. Em face da
dinâmica das relações jurídicas sociais, haverá casos em que o próprio
interesse da coletividade será melhor atendido com a subsistência do
ato nascido de forma irregular. 4. O poder da Administração, dest'arte,
não é absoluto, de forma que a recomposição da ordem jurídica violada
está condicionada primordialmente ao interesse público. O decurso do
tempo, em certos casos, é capaz de tornar a anulação de um ato ilegal
claramente prejudicial ao interesse público, finalidade precípua da
atividade exercida pela Administração. 5. Cumprir a lei nem que o
mundo pereça é uma atitude que não tem mais o abono da Ciência
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Jurídica, neste tempo em que o espírito da justiça se apóia nos direitos
fundamentais da pessoa humana, apontando que a razoabilidade é a
medida sempre preferível para se mensurar o acerto ou desacerto de

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


uma solução jurídica. 6. Os atos que efetivaram os ora recorrentes no
serviço público da Assembléia Legislativa da Paraíba, sem a prévia
aprovação em concurso público e após a vigência da norma prevista
no art. 37, II da Constituição Federal, é induvidosamente ilegal, no
entanto, o transcurso de quase vinte anos tornou a situação
irreversível, convalidando os seus efeitos, em apreço ao postulado da
segurança jurídica, máxime se considerando, como neste caso, que
alguns dos nomeados até já se aposentaram (4), tendo sido os atos
respectivos aprovados pela Corte de Contas Paraibana." (RMS
25652/PB, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, 5ª Turma,
julgado em 16/09/2008, DJe 13/10/2008)
10. Apelação do Ministério Público Federal a que se nega provimento.
Sentença mantida por fundamento diverso.” (AC 2003.01.00.000733-
0/MG, Rel. Juíza Federal Sônia Diniz Viana (conv), Primeira Turma,e-
DJF1 p.23 de 13/01/2009) (grifamos)

Constatado que não houve prejuízo nem à


Servidora, tampouco à Administração, pelo contrário, que só haverá prejuízo se
o ato não for convalidado, é caso então da aplicação do postulado pas de nullité
sans grief - não há nulidade sem dano.

Veja-se que na Sindicância não há indicação


de que tenha sido perpetrado, por qualquer um dos 62 servidores, algum dano à
Municipalidade.

O festejado professor Marçal Justen Filho, em


sua obra Curso de Direito Administrativo. 4ª Ed. Saraiva, 2009, também defende
a convalidação de alguns tipos de atos administrativos, como o caso em tela,
nos seguintes termos:

A nulidade deriva da incompatibilidade do ato concreto com valores


jurídicos relevantes. Se certo ato concreto realiza os valores, ainda que
por vias indiretas, não pode receber tratamento jurídico equivalente ao
reservado para atos reprováveis. Se um ato, apesar de não ser o
adequado, realizar as finalidades legítimas, não pode ser equiparado a
um ato cuja prática reprovável deve ser banida.
A nulidade consiste num defeito complexo, formado pela (a)
discordância formal com um modelo normativo e que é (b) instrumento
de infração aos valores consagrados pelo direito. De modo que, se não
houver a consumação do efeito (lesão a um interesse protegido
juridicamente), não se configurará invalidade jurídica.
Aliás, a doutrina do direito administrativo intuiu essa necessidade,
afirmando o postulado de pas de nullité sans grief (não há nulidade sem
dano)
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
A pretensão de anulação do ato administrativo
de reenquadramento visa a perda de toda dedicação direcionada à carreira
pública em que confiava estar legal e legitimamente investido, de modo que

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


eventual reversão da Servidora ao cargo que ocupava há mais 15 anos, revela
afronta a dignidade da pessoa humana e desconsideração pelo valor social
do trabalho, ambos fundamentos do República Federativa do Brasil, consoante
expressa disposição dos incisos III e IV, do art. 1º, da Constituição Federal.

Repita-se, pois essencial, promover o retorno


da Servidora ao cargo de origem violaria os incisos III e IV, do art. 1º, da CF/88,
pois atingiria a dignidade de pessoa humana da Servidora e retiraria o valor
social de seu trabalho desenvolvido por longos anos.

Em suma, com o devido respeito, a Servidora


deve ser mantido no seu cargo atual, pois:

1º- há que se reconhecer e prestigiar a consolidação da situação de fato,


aplicando-se a Teoria do Fato Consumado;

2º- a remoção da Servidora ao cargo de origem atentaria contra a


segurança jurídica;

3º- o reenquadramento da Servidora encontra-se amparado pelo manto


da legalidade;

4º- a Servidora e a Administração agiram de boa-fé;

5º- o retorno da Servidora ao cargo de origem causaria transtorno e


prejuízos à Administração, podendo até mesmo gerar um caos administrativo;

6º- o caso vertente comporta, não só um abrandamento na aplicação de


alguns dispositivos legais, como a escolha de aplicação de dispositivos legais
mais favoráveis à Administração e à Servidora;

7º- o retorno da Servidora ao cargo de origem consubstanciaria violação


e negativa de vigência ao art. 5º, da LICC, que estabelece que “na aplicação da
lei, o juiz atentará aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem
comum”;

8º- o retorno da Servidora ao cargo de origem materializaria violação e


negativa de vigência a dois dos fundamentos da República Brasileira, pois
deixariam de ser respeitados, a um só tempo, as disposições dos incisos III e IV,
do art. 1º, da CF/88, conquanto restariam atingidas a dignidade da pessoa
humana da Servidora e o valor social de seu trabalho;

9º- a remoção ao cargo de origem causará danos de ordem econômica,


social e psicológica à Servidora

10º- o longo decurso do tempo torna a situação irreversível convalidando


os atos administrativos;
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
11º- o Município não sofreu nenhum dano ou prejuízo decorrente do
trabalho da Servidora no seu cargo atual, devendo-se aplicar o entendimento

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


consubstanciado no postulado jurídico pas de nullité sans grief - não há nulidade
sem dano.

Enfim, senão por todos, ao menos por um dos


argumentos fáticos e jurídicos acima expostos, desde logo, requer-se não seja
aplicada nenhuma sanção à Servidora, mantendo-o no seu cargo atual, por ser
tal medida a materialização, não só do Direito, mas principalmente da Justiça ao
caso concreto.

XII. Da Irredutibilidade do Salário

Na remotíssima hipótese de retorno da


Servidora ao seu cargo de origem, o que em absoluto não se espera e admite-
se apenas para argumentar, ainda assim deve ser mantida sua remuneração
atual, de modo a respeitar-se o princípio constitucional da irredutibilidade do
salário, inserto no inciso VI, do art. 7º, da Constituição Federal.

Todos os preceitos constitucionais estão no


mesmo patamar, não se possível admitir-se a prevalência ou preponderância de
um sobre outro.

A Procuradoria-Geral invoca dispositivos


constitucionais para propugnar que a Administração promova o retorno da
Servidora ao cargo de origem, então, da mesma forma, a Servidora socorre de
dispositivo constitucional que veda a redução de salário.

O retorno da Servidora ao cargo de origem,


ainda que insubsistente, seria possível juridicamente, porém sem a redução do
seu salário, pois se isto ocorrer se violará o disposto no art. 7º, VI, da CF/88.

Portanto, desde logo, requer-se caso seja


promovido o retorno da Servidora à sua função de origem, o que em absoluto
não se espera, então seja mantida sua remuneração atual.

XIII. Das Diferenças das Contribuições


Previdenciárias Recolhidas

Caso subsista o retorno dos servidores ao


cargo/função de ingresso, verificar-se-á que foram descontados das
remunerações dos servidores valores de contribuições previdenciárias em
excesso, pois tiveram como base de cálculo o valor da remuneração percebida.

Com o retorno dos servidores ao cargo/função


de ingresso, os valores das contribuições previdenciária não lhe aproveitarão
para o valor da aposentadoria, conquanto se aposentarão percebendo no
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
máximo o valor da última remuneração do cargo/função que estiverem
ocupando.

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


Frise-se, os servidores, caso retornem ao
cargo/função de ingresso, terão sofrido um desconto de contribuições
previdenciárias que não será levada em consideração para o cálculo do valor de
sua aposentadoria.

Portanto, os servidores fazem jus ao


recebimento das diferenças dos valores das contribuições previdenciárias, ou
seja, da diferença do valor entre o que efetivamente lhes foi descontado dos
salários, e o valor da contribuição previdenciária para o cargo/função de
ingresso.
Sendo assim, desde logo, se requer que, antes
de se promover o retorno dos servidores ao cargo/função de ingresso, sejam
calculados os montantes, das diferenças das contribuições previdenciárias,
devidamente corrigidas, restituindo-se a cada servidor tal valor

XIV. Da Jurisprudência do Tribunal de


Contas do Estado do Paraná

Muito embora já tenhamos nos referido ao


entendimento consolidado do TCE-PR sobre a questão, consubstanciado na
Súmula nº 05 e na Uniformização de Jurisprudência nº 04, tomamos a liberdade
de chamar em nosso socorro a jurisprudência da mesma Corte de Contas,
manifestada em alguns julgamentos paradigmáticos.

O Pleno do TCE-PR, em sede do Processo nº


185618/08, conheceu e julgou denúncia de pretensa irregularidade em
ascensões funcionais de servidores públicos, ocupantes de cargos na Guarda
Municipal, do Município de Foz do Iguaçu. O julgamento deste processo gerou o
Acórdão nº 483/09-Pleno, publicado em 29.05.2009, que assim foi ementado:

DENÚNCIA – POSSÍVEIS IRREGULARIDADES EM ASCENSÕES,


TESTE ASCENCIONAL PARA PROMOÇÃO E CONCESSÃO DE
REFERÊNCIAS COMO INCENTIVO À CONCLUSÃO DE CURSO
SUPERIOR PARA GUARDA MUNICIPAIS – INOCORRÊNCIA –
COMPROVAÇÃO DE REGULARIDADE – IMPROCEDÊNCIA.

Conforme consignado no acórdão, o Ministério


Público de Contas do Estado do Paraná pugnou pela improcedência da
denúncia.

O TCE-PR julgou improcedente a denúncia,


pois entendeu que não ocorreu irregularidade na promoção funcional de
Guardas Municipais da P.M. de Foz do Iguaçu, mormente em razão de que
estavam amparadas por legislação municipal.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
A Primeira Câmara do TCE-PR, em sede do
Processo nº 538911/03, conheceu e julgou questão referente a progressão de
servidores do magistério do Município de Curitiba mediante concurso interno. O

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


julgamento deste processo gerou o Acórdão nº 1769/08-Primeira Câmara,
publicado em 19.12.2008, que assim foi ementado:

Admissão de Pessoal. Procedimento para transição da parte Especial para


a Parte Permanente do Magistério do Município de Curitiba. Lei Municipal
nº 101901/01. Realização de concurso interno, restrito àqueles que já
integravam a parte Especial do magistério municipal. Proposta da
Diretoria Jurídica pela negativa de registro das contratações efetuadas.
Manifestação do Ministério Público pela legalidade e registro das
admissões. Proposta do Relator pelo registro das admissões integrantes do
feito e pela instauração de incidente de inconstitucionalidade da lei
municipal que autoriza o procedimento observado. Acórdão do Tribunal
de Contas pelo registro das admissões e posterior instauração de incidente
de inconstitucionalidade sobre lei municipal que autoriza o procedimento
observado. (grifo nosso)

Conforme consignado no acórdão e na


ementa, o Ministério Público de Contas do Estado do Paraná pugnou pela
improcedência da denúncia. Defendeu a legalidade e registro das admissões
que foram objeto do processo.

O Exmo. Conselheiro Relator assim, in verbis,


asseverou no acórdão:

... omissis ...

Observo que os professores que integravam a parte temporária


efetivamente não haviam concluído curso superior. Tratava-se de
professores de nível médio que estavam cursando o nível superior. Após a
conclusão do curso, há então um procedimento chamado “procedimento
de transposição”, em que, apresentados os diplomas de graduação e
atendidas outras condições, é aplicada uma prova para promoção à parte
permanente.

A meu juízo, a lei municipal permite um concurso interno para


ascensão profissional, denominado “processo de transposição de cargo”.

Diante do exposto, proponho a instauração de um incidente


inconstitucionalidade tendo como objeto a lei Municipal nº 101901/01, de
modo que a apreciação da referida lei municipal seja levada a apreciação
plenária, a fim de que o Tribunal de Contas se pronuncie sobre a
constitucionalidade do procedimento previsto na referida lei.

Todavia, em virtude dos princípios da boa-fé e da segurança


jurídica, entendo que os casos concretos tratados no presente
expediente devem ser levados a registro, sem prejuízo de a
constitucionalidade da Lei Municipal nº 101901/01 ser submetida a
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
apreciação pelo plenário, em sede de incidente de
inconstitucionalidade. (grifo nosso)

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


O TCE-PR, muito embora entendesse que
deveria ser analisada a constitucionalidade da Lei Municipal, proferiu, com base
nos princípios da boa-fé e da segurança jurídica, julgamento favoravelmente ao
registro das promoções funcionais de professores do Municío de Curitiba.

A matéria tratada na presente Sindicância


guarda similitude, senão perfeita identidade, com a que foi objeto dos dois
julgamentos do TCE-PR, acima referenciados, pois:

- a uma, todos os atos administrativos que resultaram na progressão


funcional ou reenquadramento foram praticados com amparo na legislação
municipal (Leis e Decretos);

- a duas, tanto a Servidora como o Município de Piraquara agiram de boa-


fé quando da prática dos atos administrativos;

- a três, não é possível em sede desta Sindicância declarar-se a


inconstitucionalidade da legislação municipal (Leis e Decretos) que embasou a
progressão funcional e reenquadramento da Servidora.

Portanto, a Servidora deve ser mantido no seu


cargo atual.

Ad argumentandum, promover-se o retorno da


Servidora ao cargo de origem importaria em declarar inconstitucional todas as
leis e decretos municipais que ampararam e guarneceram a progressão e
reenquadramento da Servidora, o que não é admissível, nem possível
juridicamente, em seara de sindicância.

Ademais, sabido que o controle da


constitucionalidade das normas somente pode ser feito por quem detém
competência para tanto e mediante o devido procedimento, o que, com o devido
respeito, não é o caso desta Sindicância.

Enfim, roga-se que seja acolhido o


entendimento do TCE-PR consubstanciado nos julgamentos acima referidos, os
quais devem servir de paradigma ao caso vertente, de modo que não seja
aplicada nenhuma sanção à Servidora.

XV. Do Reenquadramento

Com o devido respeito, os reenquadramentos


comunicado à Servidora através da Notificação exarada pela Sra.
Superintendente de Gestão de Pessoas, doc. 11, ainda que se pudesse admiti-
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
lo, pois insubsistentes como acima demonstrado, não se mostraram corretos,
conquanto a Municipalidade, através do Departamento de Gestão de Pessoas,
não levou em consideração as particularidades de cada caso, senão vejamos:

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


- a uma, não foram considerados os títulos obtidos pelos servidores,
mormente a graduação em Cursos Superiores;

- a duas, não foram considerados as migrações de carreiras, mormente


os casos daqueles servidores que estavam lotados numa Secretaria e passaram
para outra, como é o caso de servidores lotados na Secretaria de Educação e
na Secretaria de Saúde e foram para a Secretaria de Administração;

- a três, no caso dos servidores que ingressaram na carreira do magistério


e detinham dois padrões, agora do reenquadramento não foi considerado o fato
de que quando migraram para funções administrativas foram compelidos pelo
Município a solicitarem a exoneração de um padrão, sendo que o
reenquadramento considerou apenas um padrão quando deve ser considerado
dois padrões.

Enfim, os servidores entendem que no caso de


subsistir o retorno ao cargo/função de admissão, o que em absoluto não se
espera, ainda assim o reenquadramento consignado na Notificação assinada
pela Sra. Superintendente de Gestão de Pessoas não deve prevalecer, devendo
ser revisto e definido com a participação da Servidora de sua Chefia imediata.

XVI. Da Concessão de Liminar inaudita


altera pars

Demonstrado que o decreto nº 5944/2017


editado pelo Sr. Prefeito representa verdadeira ilegalidade e abuso de poder,
que fulmina o direito líquido e certo da impetrante de se manter no cargo que a
anos ocupa, com sua respectiva remuneração, além de, por via transversa,
atingir o interesse público na medida que exigirá que a Administração remaneje
outros tantos servidores, com os custos para treinamentos, tanto para receber a
Servidora na nova função como para ocupar a função já exercida pela
impetrante, causando perda de eficiência nos trabalhos, tendo em vista que a
impetrante e a Administração, ao logo da carreira do impetrado, investiram na
formação para a função que atualmente exercem, desperdiçando recursos
humanos valiosos.

Além, os argumentos acima demonstram que


a sindicância e o decreto resultado da sindicância não atendeu ao preconizado
na Constituição Federal, na Jurisprudência dominante, na Lei nº 9784/1999, e
na Lei Municipal 863/2006 o que importa em sua nulidade.

Portanto, ante a ilegalidade e o abuso de poder


verificados, faz-se presente, no caso vertente, o fummus boni iure.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Caso não seja entregue uma pronta e imediata
prestação jurisdicional, visando a suspensão dos efeitos do Decreto º 5944/2017,
poderá resultar em prejuízos irreparáveis para a impetrante e sua família, que

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


terá sua renda substancialmente diminuída, e diminuição no rendimento tanto de
sua função, como na função que passará a integrar.

Logo, no caso vertente, também demonstrado


o periculum in mora.

A Lei 12.016, de 07.08.2009, novel diploma


legal regulador do instituto do Mandado de Segurança, assim estabelece, no seu
art. 7º, inciso III;

Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:


....
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando
houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a
ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo
facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o
objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.

No caso vertente, o fundamento apresentado é


relevante, bem como caso não se suspenda o ato coator, ora vergastado,
resultará ineficácia da medida pleiteada.

Sendo assim, verificada a hipótese do art. 7º,


III, da Lei 12.016/09, bem como fazem-se presentes os requisitos do fummus
boni iure e do periculum in mora, requer-se, desde logo, a concessão de liminar,
sem a ouvida do impetrado, com o fim de suspender os efeitos do Decreto nº
5944/2017, até final julgamento do presente writ.

O atual dispositivo legal que regula a


concessão de liminar em sede de mandado de segurança, art. 7º, III, da Lei
12.016/09, tem redação praticamente idêntica ao respectivo dispositivo legal da
Lei revogada, sendo assim, ante a pertinência e identidade, socorremo-nos das
lições do preclaro doutrinador Celso Antonio Bandeira de Mello, que em sua obra
Licitação, Editora RT, assim leciona:

A Lei 1.533 de 51, que regula o mandado de segurança, prevê no art. 7º


a possibilidade de suspender-se o ato impugnado no próprio início da
lide. A medida cabe quando forem relevantes os fundamentos do pedido
e a falta de suspensão do ato possa resultar na ineficácia da segurança.
A ocorrência de situação que enseje a medida liminar é extremamente
comum na licitação. Isto porque a ultrapassagem de uma fase para outra
neste certame torna impossível, em grande número de casos, a
recomposição da situação jurídica postulada pelo impetrante. Pág. 90.
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Em suma, no caso vertente, verifica-se a
concorrência da relevância do fundamento jurídico e do risco de ineficácia da
providência jurisdicional, requerida através do presente writ, caso não sejam

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


suspensos os atos e efeitos do referido Decreto Municipal.

Desta forma, com fulcro no art. 7º, inciso III, da


Lei nº 12.016/091, requer-se, desde logo, que V. Excia. conceda liminar inaudita
altera pars, determinando a suspensão os efeitos do Decreto nº 5944/2017, até
final julgamento do presente writ.

XVII. Requerimentos Finais

Ante o exposto e documentos acostados,


inicialmente, requer-se, com fundamento no art. 7º, III, da Lei 12.016/09, a
concessão de liminar para o fim de determinar a suspensão dos efeitos do
Decreto nº 5944/2017, mantendo-se a impetrante no seu cargo/função atual,
com o mesmo salário, até o final julgamento do presente mandamus.

Subsidiariamente, caso MM. Juízo entenda


pela não suspensão da implementação do Decreto nº 5944/2017, então requer-
se seja concedida liminar para que se mantenha a remuneração atual da
impetrante, ainda que o mesmo retorne ao cargo/função de origem, até o final
do julgamento do presente mandado de segurança.

Também se requer que o MM. Juízo determine


a notificação do impetrado no endereço citado no preâmbulo, para prestar, no
prazo de dez dias, as informações que tiver, na forma do inciso I, do art. 7º da
Lei 12.016/09, bem como seja dada ciência do presente feito ao impetrado, de
modo a cumprir o disposto no inciso II, do art. 7º da Lei 12.016/09.

Após, requer-se seja, ao final, concedida a


segurança requerida, tornando sem efeito o ato atacado, declarando nula a
Sindicância 22/2016 e o Decreto nº 5944/2017, por conseguinte, mantendo a
impetrante no seu cargo atual com sua respectiva remuneração.

Alternativamente e pelo Princípio da Primazia


do Julgamento do Mérito, consubstanciado no §2º do art. 282, caso Vossa
Excelência entenda que o julgamento do mérito aproveita à impetrante, em que
pese a nulidade alegada, ou ainda, que não é o caso de nulidade da Sindicância
e do Decreto guerreado, requer-se:

a. seja reconhecida a decadência pelo transcurso do prazo de cinco anos


para a municipalidade rever seus atos que resultaram na progressão e ascensão
funcional de seus servidores, mantendo-o no seu cargo e remuneração atual,
haja vista que entre o ato administrativo de sua progressão funcional e a
instauração da Sindicância verificou o decurso de muito mais de cinco anos;

b. seja reconhecida a prescrição da pretensão da Administração de


aplicar as punições de retorno ao cargo de origem, diminuição de vencimentos
e restituição de valores, isentando a Servidora de qualquer sanção;
PROJUDI - Processo: 0009179-39.2017.8.16.0034 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Felipe Fausto de Almeida
20/07/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
c. declaração de legalidade da ascensão funcional da Servidora, pois
ocorreu de boa-fé e em decorrência de atos administrativos considerados legais,

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJV4M 3QVMH 5TSVB KGYQY


mantendo-se a Servidora no seu cargo atual, respeitando-se, desta forma, o
entendimento do e. STF;

d. o reconhecimento da convalidação do ato administrativo de ascensão


funcional pelo longo decurso do tempo e nome do princípio da segurança
jurídica;

Subsidiariamente, caso entenda-se pelo


retorno da Servidora à sua função de origem, o que em absoluto não se espera,
requer-se então seja mantida sua remuneração atual, conforme o disposto no
art. 7º, VI, da CF/88, inclusive para fins previdenciários.

Por derradeiro e subsidiariamente, caso Vossa


Excelência não acolha nenhum dos argumentos acima despendidos, o que em
absoluto não se espera, requer-se s a instauração de processo administrativo
individual a fim de apurar-se a legalidade da progressão de cargo, as
remunerações e a remuneração e nível ao cargo de retorno, caso a caso, bem
como a restauração do 2º padrão, quando for o caso, restituição de verbas
previdenciárias, tudo a ser apurado em sede do processo administrativo próprio,
mantendo-se a impetrante no seu cargo/função bem como sua atual
remuneração, até o fim do processo administrativo a ser instaurado.

Atribui-se ao presente, apenas para efeitos de


alçada, o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Termos em que
Pede-se deferimento.
Curitiba 17 de julho de 2017.

Altamiro Alves dos Santos


OAB 22.025-PR.

Felipe Fausto de Almeida


OAB 48.991-PR

Você também pode gostar