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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região

Mandado de Segurança Cível


0000577-76.2020.5.10.0000

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 05/08/2020


Valor da causa: $100,000.00

Partes:
IMPETRANTE: Ministério Público do Trabalho
AUTORIDADE COATORA: Juízo da 6ª Vara do Trabalho de Brasília-DF
AUTORIDADE COATORA: DISTRITO FEDERAL
CUSTOS LEGIS: Ministério Público do Trabalho
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
______________________________________________________________________
1912pet20 – OSS
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR
PEDRO LUÍS VICENTIN FOLTRAN, DA 2ª SEÇÃO ESPECIALIZADA
DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 10ª REGIÃO

Ref. Proc. MSCiv nº 0000577-76.2020.5.10.0000


Impetrante: Ministério Público do Trabalho
Impetrado: Distrito Federal
Autoridade Coatora: Juízo da 6ª Vara do Trabalho de Brasília-DF

SINDICATO DOS ESTABELECIMENTOS


PARTICULARES DE ENSINO DO DISTRITO FEDERAL –
SINEPE/DF, pessoa jurídica de direito privado, CNPJ nº 00.721.019/0001-
27, situado no SEPS EQ 714/914, Conjunto A, Salas 401/413, 4º Andar,
Edifício Porto Alegre, Brasília/DF, CEP: 70297-400, por seu representante
legal ÁLVARO MOREIRA DOMINGUES JÚNIOR, nos termos de seu
estatuto social, por intermédio de seus procuradores, vem respeitosamente à
presença de V. Exa., na qualidade de terceiro interessado prejudicado, com
fulcro no art. 214, I, do Regimento Interno do TRT da 10ª Região e art. 996
do CPC interpor o presente

AGRAVO REGIMENTAL

contra decisão do D. Relator Desembargador Pedro Luís Vicentin Foltran,


que deferiu liminar no Mandado de Segurança, requerendo
preliminarmente seu ingresso no feito na qualidade de substituto
processual como terceiro interessado prejudicado e a
reconsideração da decisão, em caráter sucessivo, o seu recebimento,
processamento e remessa para julgamento.

Nestes termos, pede deferimento.

Brasília/DF, 8 de agosto de 2020.

Oneide Soterio da Silva Valério Alvarenga Monteiro de Castro


OAB/DF 24.739 OAB/DF 13.398

SHIS, QL 02 – Conj. 02 – Casa 02 – Brasília – DF - PABX (61) 3346 5008 FAX (61) 3346 5520
CEP 71.610-025 - RS/OAB/DF/373/96 - www.scmf.adv.br

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Número do processo: 0000577-76.2020.5.10.0000
Número do documento: 20081020040032800000009555239
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 10ª REGIÃO

MSCiv nº 0000577-76.2020.5.10.0000
Agravante: SINEPE-DF
Agravado: Ministério Público do Trabalho
Agravado: Distrito Federal

Egrégio Tribunal,
Doutos Julgadores,

PRELIMINAR

I — DO INGRESSO DO SINEPE-DF COMO TERCEIRO


INTERESSADO: DA ASSISTÊNCIA LISTICONSORCIAL E DO
RECURSO DE TERCEIRO PREJUDICADO

1. Versam os autos principais e Mandado de Segurança


sobre a suspensão das atividades educacionais presenciais das escolas de
educação básica do Distrito Federal, face a pandemia causada pela Covid-19.
Entende o Ministério Público do Trabalho — MPT que as atividades
presenciais implicam risco de contaminação dos professores e alunos, de
modo a causar-lhes morte. Ainda, que para o desempenho das atribuições
com segurança seria necessário equiparar os calendários de retorno da rede
pública e privada de ensino, como também a necessária regulamentação das
normas de segurança por ele indicada nas petições iniciais. Pata tanto,
requereu, em caráter cogente, ao juízo que o Governo do Distrito Federal
editasse novo Decreto contemplando as medidas listadas na exordial.

2. Como se observa, embora as ações tenham sido ajuizadas


em face do Governo do Distrito Federal o interesse direto e legitimo sobre o
resultado das ações recaem nas escolas particulares do Distrito Federal,
uma vez que serão elas diretamente atingidas pelo resultado dos processos,
seja com as liminares já deferidas de suspensão de suas atividades
presenciais, seja com a imposição de novas medidas de segurança.

3. No entanto, em que pese a existência de interesse


jurídico das instituições de ensino, o requerente, como legítimo
representante e substituto processual das escolas particulares de ensino do
Distrito Federal, não foi incluído no polo passivo das ações de modo a lhe
possibilitar o direito ao contraditório e ampla defesa, especialmente o
concernente a adoção das medidas de Saúde, Segurança e Medicina do
Trabalho.

4. O art. 119 do CPC estabelece que, “pendendo causa entre


2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a

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sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-
la”, dispondo seu parágrafo único que “a assistência será admitida em
qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o
assistente o processo no estado em que se encontre”.

5. O parágrafo único do artigo 996 do CPC, a seu turno,


preceitua que “cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão
sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de
que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto
processual”.

6. Nesse contexto, resta inegável o interesse jurídico do


Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal –
SINEPE/DF, particularmente se se considerar o rol de pedidos do autor, os
quais impõem diversas obrigações de fazer e não fazer às escolas
particulares de ensino do Distrito Federal, sem sopesar as diversas medidas
até então adotadas. A presunção que sobressai quanto ao descumprimento
das normas editas pelo Governo local não possui nenhum amparo legal e
fere o princípio da boa-fé.

7. A admissão do SINEPE-DF como assistente


listiconsorcial, como prevê o art. 124 do CPC, não encontra óbice processual,
podendo neste caso atuar em prol de seu interesse jurídico, face ao direito
discutido nos autos da Ação Civil Publica e no presente Mandado de
Segurança, pois são as escolas diretamente afetadas pelas decisões
proferidas nas referidas ações, as quais, repita-se não foi resguardado o
direito de defesa quanto aos fatos alegados pelo autor.

8. A assistência nos moldes aqui requeridos não encontra


óbice aos preceitos estabelecidos nas regras processuais trabalhistas, uma
vez que são de aplicação subsidiária e suplementar ao Processo do Trabalho.
Não se afigura, portanto, nenhuma incompatibilidade, tampouco tumulto
processual.

9. No caso sob exame, tendo sido determinada a suspensão


das atividades letivas presenciais nas escolas particulares no Distrito
Federal, ante a falta de comprovação da adoção das medidas e protocolos
estabelecidos para contenção da Covid-19, sem a necessária dilação
probatória sobre os fatos alegados pelo autor, exsurge a legitimidade do
terceiro interessado, SINEPE-DF, representante e substituto processual da
escolas particulares de ensino.

10. Isso porque, a decisão liminar determinou a suspensão


das aulas presenciais até o julgamento da ACP. Porém, já há prazo de 10
dias úteis para emenda à inicial. Após isso, seguindo o rito processual, serão
mais 15 úteis (em dobro) para contestação. Sucedidos por mais 15 úteis para
especificação de provas, todos esses prazos já deferidos pelo plantonista e
reafirmados na decisão do juízo da 6ª Vara do Trabalho. Somado aos prazos

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necessários para efetiva instrução processual e sentença, a definição sobre o
retorno efetivo das aulas será levado para dezembro ou até mesmo após
2020, o que acarretará severos prejuízos ao setor educacional do Distrito
Federal. Ademais, o pedido de imposição de medidas na ACP é claramente
inconstitucional, como será melhor detalhado abaixo. Portanto, inegável o
interesse jurídico do SINEPE-DF.

11. Nesse trilhar, a jurisprudência trabalhista entende ser


cabível o ingresso de terceiro, ainda que não seja parte originária na relação
processual, conforme arestos abaixo.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. RECURSO


INTERPOSTO PELO PATRONO. LEGITIMIDADE AUTÔNOMA
DO ADVOGADO PARA RECORRER. TERCEIRO INTERESSADO.
Tanto a parte quanto o advogado, em nome próprio, possuem
legitimidade para recorrer da sentença no tocante ao capítulo da
sentença que fixa os honorários advocatícios. Inteligência dos artigos
85, § 14, do CPC, art. 23 da Lei nº 8.904/94 e art. 966 do CPC.
Precedentes do STJ. (TRT -17 -AIRO: 0000545-29.2018.5.17.0132,
Relator: Wanda Lúcia Costa Leite França Decuzzi, Data de
Julgamento: 11/06/2019, Data Publicação: 03/07/2019)

AGRAVO DE INTRUMENTO. UNIÃO. TERCEIRA


INTERESSADA. LEGITIMIDADE PARA RECORRER.
Muito embora não seja parte originária na relação processual, possui
a União legitimidade para recorrer de decisão proferida na fase de
execução que determinou a restituição de valores pela Receita
Federal no Brasil referentes a descontos de imposto de renda sobre
juros moratórios, porquanto é lídimo o interesse jurídico da União.
Agravo de instrumento a que se dá provimento, para o fim de
desobstruir o agravo de petição interposto pela União. (...). (TRT-14-
AIAP:1055RO0001055-83.2010.5.14.0101, Relator: Desembargador
Carlos Augusto Gomes Lôbo, Data de Julgamento: 11/02/2011, 2ª
Turma, Data Publicação: DETRT14, 14/02/2011)

PERITO. TERCEIRO INTERESSADO. LEGITIMIDADE PARA


RECORRER. O perito judicial que atuou no feito tem legitimidade
para interpor recurso ordinário, buscando a revisão do valor
arbitrado aos honorários, na condição de terceiro interessado, nos
termos do art. 499 do CPC. (PROCESSO TRT – RO – 00570-2008-
102-18-00-8. Relator: Des. Platon Teixeira de Azevedo Filho.
Publicado no DJE em 12/05/2009)

12. Com efeito, mostra-se inegável a legitimidade do


SINEPE-DF para em nome próprio, como substituto processual, recorrer da
decisão liminar proferida no presente Mandado de Segurança, o que fica
requerido.

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MÉRITO

I — DOS FATOS

13. Trata-se de agravo regimental interposto contra decisão


proferida em análise de tutela de urgência (liminar) em Mandado de
Segurança, no qual o I. Desembargador Relator concedeu a segurança
pretendida pelo impetrante.

14. No primeiro grau, o juízo de plantão, concedeu a liminar


com suspensão das atividades letivas presenciais nas escolas por 10 dias.
Além disso, determinou ao autor, no prazo de 10 dias, a emenda a inicial.

15. O recorrente, por sua vez, requereu seu ingresso no feito


como amicus curiae, o qual foi deferido pelo juízo da 6ª Vara do Trabalho.

16. Foi designada audiência de conciliação entre as partes,


que após longos debates sobre os procedimentos, competência do Executivo
para editar normas de políticas públicas, situação do estado de Manaus
cujas aulas presenciais já retornaram sem aumentos de casos da Covid-19,
situação das escolas particulares no DF, e por fim, datas para um retorno
gradual, chegou-se a uma proposta de acordo apresentada pelo juízo que
atendia tão somente aos interesses do Ministério Público e Sindicato dos
Professores.

17. A proposta foi encaminhada ao Governo do Distrito


Federal, que ao analisa-la entendeu pela rejeição.

18. Diante disso, os autos foram conclusos para decisão,


sendo, então, revogada a liminar outrora deferida e restabelecido os termos
do Decreto nº 40.939/2020, que autoriza o retorno facultativo das atividades
educacionais presenciais. A decisão foi proferida no dia 6/8/2020, data em
que vencia o prazo de suspensão determinado na decisão proferida pelo
magistrado de plantão e de forma bem fundamentada assim entendeu.

(...)Feitas essas considerações, ressalvo que não se pode negar ao


Judiciário o poder de apreciar demandas sobre validade de atos e leis
emanadas pela autoridade administrativa competente, sendo
impertinentes as críticas nesse sentido. No entanto, essa análise é
restrita e deve se lastrear nos limites de sua competência.
Em termos específicos ao que aqui se analisa, pode-se afirmar que ao
Judiciário é vedado entrar na competência legislativa para definir
regras e parâmetros para flexibilização do isolamento social, em
especial, no que tange a abertura das escolas particulares.
Ao Judiciário caberá apenas a averiguação da observância dos
princípios constitucionais assegurados ao cidadão trabalhador,
analisando se a norma editada pelo Governador para reabertura das
escolas particulares atende ao comando exarado na Constituição
Suprema de proteção à saúde do trabalhador e resguardo do direito a
um ambiente laboral protegido contra riscos.

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Não por outro motivo, o Excelso Supremo Tribunal Federal
estabeleceu, na análise da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
634, que há competência concorrente da União, dos Estados e dos
Municípios para estabelecer atos legislativos e criar políticas
públicas para o controle da pandemia em curso no país. Esta decisão
foi proferida após tensão política entre o Chefe do Executivo Federal
e governadores no tangente ao isolamento social como medida
preventiva no combate ao coronavírus.
O poder regulamentar é exercido pelo Chefe do Poder Executivo e
cabe a ele editar atos administrativos normativos que assumem a
forma de decreto. “Essa competência está prevista no inciso IV do
art. 84 da Constituição Federal para o Presidente da República,
sendo atribuída, por simetria, aos Chefes do Poder Executivo dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios, pelas respectivas
Constituições e Leis Orgânicas “(Marcelo Alexandrino e Vicente
Paulo, Direito Administrativo; Editora Método, 28ª edição, pág. 277).
(...)
Não cabe ao judiciário se imiscuir no mérito das decisões
administrativas, fazendo-se substituir ao administrador público para
impor condições de atuação ou mesmo analisar quais as melhores
medidas a serem tomadas para a população.
Por fim, convém registrar que não há como fazer comparação entre o
prazo para abertura das escolas públicas e escolas particulares, em
razão da diversidade entre as duas realidades.
(...)
Por todo o exposto, REVOGO a decisão liminar concedida em
plantão judiciário, no que tange a suspensão para retorno das
atividades de ensino presencial na rede particular de ensino do
Distrito Federal.
INDEFIRO a tutela de urgência requerida pelo Ministério Público
do Trabalho para que seja suspensa a permissão prevista no Anexo
Único, letra “F”, item 2, do Decreto nº 40.939 de 02 de julho de 2020,
de retorno das aulas presenciais nas escolas particulares do Distrito
Federal a partir de 27.07.2020.
AUTORIZO a imediata reabertura das atividades presenciais na
rede de ensino particular do Distrito Federal, exceto dos
estabelecimentos abrangidos pela decisão judicial proferida na Ação
Civil Pública 254-50-2020.5.10.0007.
MANTENHO NA ÍNTEGRA o Decreto nº 40.939 de 02 de julho de
2020, bem como os poderes do Exmo. Sr. Governador do Distrito
Federal na gestão das medidas de enfrentamento da pandemia do
novo coronavírus na área de educação (...).

19. Inconformado com tal decisão, o agravado impetrou o


Mandado de Segurança e obteve a seguinte decisão, transcrita nos seus
trechos nucleares:

(...) No caso em tela, a possibilidade de risco à saúde dos


trabalhadores nas escolas particulares do Distrito Federal com o
retorno das atividades escolares, sem que seja estabelecido
previamente os protocolos de segurança a serem adotadas
por todas as escolas particulares do Distrito Federal, em
momento em que não apenas nosso país, mas todas as nações
vivem situação crítica de indefinição social e econômica em
razão da pandemia por todos nós enfrentada, parece-me
temerária. [GN]

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Isto porque, a despeito dos protocolos já adotados por várias das
instituições de ensino particular do Distrito Federal, conforme
noticiado pelo SINEPE/DF, na condição de amicus curiae, se
mostram, em juízo precário, bastante para assegurarem a
saúde dos profissionais da educação no retorno das aulas
presenciais. [GN]
Contudo, não há como se ignorar que são associadas ao aludido
Sindicato apenas 180 das cerca de 400 escolas particulares do
Distrito Federal, o que não se mostra suficiente para garantir a
segurança necessária para o retorno das aulas presenciais neste
momento.
Caso as escolas particulares implementem de imediato o retorno
anunciado, quem corre maior perigo de dano são os trabalhadores.
Ao contrário, aguardar a dilação probatória nos autos principais - de
maneira a se verificar com clareza se os protocolos de segurança
adotados pelas empregadoras são bastante para garantir a
segurança dos trabalhadores - mostra-se a atitude mais prudente,
por ser menos danosa.
Assim, a liminar requerida para suspender as atividades DEFIRO
presenciais na rede de ensino particular do Distrito Federal, como
medida extraordinária em face da pandemia de coronavírus (COVID-
19), até que seja proferida sentença na ação civil pública
correspondente.

20. Apesar da decisão aqui agravada ser respeitável, o


sindicato patronal é obrigado a recorrer, pois tal liminar foi baseada em
equívocos trazidos na petição inicial, como se verá melhor adiante

III — DA INADEQUAÇÃO DO MANDADO DE SEGURANÇA

21. Em que pese se tratar de decisão interlocutória proferida


pelo juízo da 6ª Vara do Trabalho, o que, em tese, somente seria impugnável
pela via mandamental, ainda assim, faz-se necessário atender aos seus
pressupostos.

22. Observa-se que o mandado de segurança impetrado não


visa à análise da constitucionalidade, em tese, do ato administrativo, mas à
proteção do alegado direito líquido e certo que o impetrante alega ter justo
receio de ser violado com o retorno das aulas presenciais.

23. A Lei nº 12.016/2009, prevê no caput do art. 1º “conceder-


se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou
com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou
houver justo receio de sofrê-lo por parte de autoridade, seja de que categoria
for e sejam quais forem as funções que exerça”.

24. A via estreita do mandado de segurança pressupõe prova


pré-constituída do direito líquido e certo alegado na exordial. Para tanto, os
fatos devem ser revestidos dos atributos da certeza e liquidez, emergindo da
afirmação inequívoca, incontestável, ou seja, impugnável.

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25. Por essa razão, inegável que a situação fática narrada na
inicial demanda dilação probatória, mormente quando a impetrante não
juntou aos autos nenhuma prova de que as medidas e protocolos de saúde e
segurança elencados no item F do Decreto nº 40.939/2020 somados aos
indicados pelo SINEPE-DF são insuficientes para resguardar a saúde dos
trabalhadores dos estabelecimentos de ensino da educação básica do Distrito
Federal. Igualmente, que as escolas não estão cumprindo a norma publicada
pelo Governo local. Como se vê, tudo está amparo no campo das meras
alegações, pois o impetrante pressupõe que o jurisdicionado descumprirá a
norma.

26. Dessa maneira, incabível a dilação probatória no


mandado de segurança, ação de rito célere e cognição sumária, cuja prova
documental pré-constituída deve ser suficiente para que o julgador tenha
certeza dos fatos e do direito vindicado.

27. O impetrante afirma ter justo receio de que haja


contaminação dos professores, alunos e familiares com o retorno das aulas
presenciais, pois as escolas não estariam preparadas para garantir o
ambiente de trabalho seguro, sendo necessário determinar ao Governador a
edição de novo decreto para contemplar as 66 medidas elencadas na inicial
como adequadas. Contudo, os fatos narrados não são incontroversos e os
elementos dos autos trazem dúvida razoável acerca de sua atuação para
auxiliar as escolas neste momento delicado.

28. Ainda que o impetrante tenha direito líquido e certo na


defesa dos interesses difusos e individuais homogêneos, a situação retratada
nos autos não evidencia a inobservância das escolas às normas de saúde,
segurança no trabalho. Portanto, consiste em fato controvertido, cuja
instrução probatória deve ser procedida na ação em curso, como salientado
na decisão liminar na presente ação mandamental, sendo inadequada a via
mandamental.

29. Não fosse por isso, a pretensão do autor atrai a


incidência do entendimento concentrado na Orientação Jurisprudencial 144
da SDI-2 do TST, segundo a qual “o mandado de segurança não se presta à
obtenção de uma sentença genérica, aplicável a eventos futuros, cuja
ocorrência é incerta”.

30. Dessa maneira, forte nestes argumentos pugna pela


reforma da decisão liminar, para indeferir a petição inicial, em face da
ausência dos requisitos legais mínimos exigidos, com base nos arts. 10,
caput¸ da Lei nº 12.016/2009 c/c art. 485, I, do CPC.

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IV — DA AUSÊNCIA DE OMISSÃO DO GOVERNO DO DISTRITO
FEDERAL EM EDITAR NORMAS DE PROTEÇÃO E PREVENÇÃO
PARA AS ESCOLAS PARTICULARES

31. Entendeu o Relator, na análise dos elementos dos autos


que houve omissão por parte do Poder Executivo em editar norma de
prevenção e proteção às escolas para autorizá-las a retornar com as
atividades presenciais.

32. Contudo, não houve omissão. As normas estão todas


previstas no Decreto nº 40.939/20201, art. 5º e item F de seu anexo único, são
elas:

Art. 5º Em todos os estabelecimentos que se mantiverem abertos,


impõe-se a observância de todos os protocolos e medidas de
segurança recomendados pelas autoridades sanitárias, inclusive:
I - garantir a distância mínima de dois metros entre as pessoas;
II - utilização de equipamentos de proteção individual, a serem
fornecidos pelo estabelecimento, por todos os empregados,
colaboradores, terceirizados e prestadores de serviço;
III - organizar uma escala de revezamento de dia ou horário de
trabalho entre os empregados, colaboradores, terceirizados e
prestadores de serviço;
IV - proibir a participação nas equipes de trabalho de pessoas
consideradas do grupo de risco, tais como idosos, gestantes e pessoas
com comorbidades consideradas essas conforme descrito no Plano de
Contingencia da Secretaria de Estado de Saúde através do sítio:
http://www.saude.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2020/02/Plano-de-
Continge%CC%82ncia-V.6..pdf;
V - priorizar, no atendimento aos clientes, o agendamento prévio ou
a adoção de outro meio que evite aglomerações;
VI - disponibilizar álcool em gel 70% a todos os clientes e
frequentadores;
VII - manter os banheiros e demais locais do estabelecimento
higienizados e com suprimentos suficientes para possibilitar a
higiene pessoal dos empregados, colaboradores, terceirizados,
prestadores de serviço e consumidores;
VIII - utilizar máscaras de proteção facial conforme o disposto na Lei
nº 6.559, de 23 de abril de 2020, e o Decreto nº 40.648, de 23 de abril
de 2020.
IX - aferir a temperatura de todos consumidores;
X - aferir e registrar, ao longo do expediente, incluída a chegada e a
saída, a temperatura dos empregados, colaboradores, terceirizados e
prestadores de serviço, devendo ser registrado em planilha, na qual
conste nome do funcionário, função, data, horário e temperatura, que
deve estar disponível para conhecimento das autoridades de
fiscalização;
§ 1º Quando constatado febre ou estado gripal do consumidor,
empregado, colaborador, terceirizado e prestador de serviço, deverá

1Disponívelem:
http://www.sinj.df.gov.br/sinj/Norma/5bfb368868304acb9d085094acb909dd/Decreto_40939_
02_07_2020.html. Acesso em: 8.8.2020

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Número do documento: 20081020040032800000009555239
ser impedida a sua entrada no estabelecimento, orientando-o a
procurar o sistema de saúde.
§ 2º A febre de que trata o § 1º deste artigo é caracterizado pela
temperatura igual ou superior a 37,8ºC.
§ 3º O empregado, colaborador, terceirizado e prestador de serviço,
que apresentar sintomas da COVID-19, deverá ser orientado a
permanecer em isolamento domiciliar, pelo período de quatorze dias,
exceto se apresentar resultado de exame laboratorial que comprove
ausência de infecção pelo novo Coronavirus.
§ 4º Na falta de regulamentação específica da atividade no Anexo
Único deste Decreto, valem as regras estabelecidas neste artigo.
Seção III - Protocolos e medidas de segurança específicos
(...)
F) Escolas, universidades e faculdades, da rede de ensino
privada [GN]
1. Cumprimento dos protocolos e medidas de segurança gerais
estabelecidos no art. 5º deste Decreto.
2. Autorizado a funcionar a partir de 27 de julho de 2020.
3. Higienizar as cadeiras e mesas de uso coletivo regularmente.
4. Disposição das carteiras, cadeiras e mesas a uma distância de 1,5
metro uma das outras.
5. Proibido o funcionamento dos bebedouros.
6. Privilegiar a ventilação natural do ambiente. No caso do uso de ar-
condicionado, realizar manutenção e limpeza dos filtros diariamente.
7. Priorizar reuniões e eventos a distância.
8. Suspensão da utilização de catracas e pontos eletrônicos cuja
utilização ocorra mediante biometria, especialmente de impressão
digital, para alunos e colaboradores.
9. Readequação dos espaços físicos, respeitando o distanciamento
mínimo de 1,5 metros por estudante.
10. Delimitação, por meio de sinalização, da capacidade máxima de
pessoas nas salas de aula, bibliotecas, ambientes compartilhados e
elevadores, respeitando o distanciamento mínimo obrigatório.
11. Organização dos fluxos de circulação de pessoas nos corredores e
espaços abertos evitando contato e respeitando o distanciamento
mínimo.
12. Escalonamento de horários de intervalo, refeições, saída e
entrada de salas de aula, bem como de horários de utilização de
ginásios, bibliotecas, pátios etc, a fim de preservar o distanciamento
mínimo obrigatório entre pessoas e evitar a aglomeração de alunos e
trabalhadores nas áreas comuns.
13. Modificar as atividades esportivas de forma que sejam realizadas
ao ar livre ou em ambientes ventilados.
14. Limpeza geral e desinfecção das instalações antes da reabertura
da escola.
15. Testagem para Covid-19 dos profissionais da educação, na forma
do protocolo da Secretaria de Estado de Saúde.
16. Fornecimento de instalações de água, de saneamento e de
gerenciamento de resíduos.
17. Disponibilização de locais para a lavagem das mãos com sabão e
toalhas de papel descartáveis ou disponibilização de dispenser com
álcool em gel.
18. Janelas e portas dos ambientes escolares (sala de aula, sala dos
professores, banheiros, cozinha etc.) devem permanecer totalmente
abertas durante as aulas.
19. As turmas devem ser reorganizadas de modo a reduzir o número
de estudantes em sala de aula promovendo a alternância entre o
ensino presencial e o ensino mediado por tecnologias.

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20. Devem ser evitadas aglomerações de pais/responsáveis e
estudantes em frente à escola estabelecendo-se escalonamento para
a entrada e saída dos estudantes.
21. Jogos recreativos, esportivos e outros eventos que criem
condições de aglomeração devem ser cancelados.
22. Estudantes e professores que se enquadram no grupo de risco
atuarão exclusivamente por meio do ensino mediado por tecnologias.
23. Deve-se restringir o uso de objetos que possam ser
compartilhados pelos estudantes.
24. Limpeza e sanitização dos ambientes escolares com maior
frequência.
25. As Escolas Privadas deverão envidar esforços para que o retorno
às aulas se dê de modo gradativo.
26. As escolas deverão adotar programas de conscientização do uso
de máscara, do distanciamento e das demais medidas de prevenção
ao novo Coronavírus.

33. Além das 40 medidas listas acima, ainda foi publicada a


Nota Técnica de nº 34/2020 da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito
Federal, em atendimento às determinações do Decreto nº 40.939/2020, com
normas específicas para as escolas, com mais 37 normas de saúde e
segurança, visando resguardar o ambiente escolar. Também foi produzido e
publicado, pela Secretaria de Educação, um guia de retorno às aulas,
contemplando as normas de segurança para contenção da Covid-19 no
ambiente escolar.

34. Afora todas as medidas determinadas pelo poder público,


o SINEPE-DF editou e publicou o guia de retorno às aulas, para, somando
às normas do Governo, garantir a segurança do ambiente escolas e todos os
profissionais e alunos.

35. Portanto, diferente do que entendeu o i. Relator não


existe omissão do Executivo local quanto a edição das medidas de segurança
e proteção dos trabalhadores. Ao todo, considerando as duas normas, são 77
medidas de prevenção e proteção que devem ser seguidas por todas as
escolas do Distrito Federal, públicas e particulares.

36. Com isso, diverso do entendimento sedimentado na


liminar proferida, foram, sim, estabelecidos previamente, em 02 de julho de
2020, os protocolos de segurança a serem adotados por todas as escolas
particulares do Distrito Federal, como condição para a retomada das aulas
presenciais.

37. Convém ressaltar ainda que o Decreto nº 40.939/2020


prevê duras penalidades para quem o descumprir, desde a aplicação de
multa, interdição total ou parcial do estabelecimento e até a suspensão do
alvará de funcionamento.

38. Com isso, tem-se que foram expedidas normas de


segurança, com a previsão das respectivas penalidades, não isentando as

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escolas das respectivas responsabilidades como quis fazer crer o recorrido
em suas razões, as quais fatalmente levaram o i. Relator ao erro.

39. Por essa razão, não se sustentam os argumentos do


impetrante, como também seu pedido para suspensão das aulas presenciais.
De igual maneira, não se mostra crível que de todos os normativos aqui
citados haja necessidade de se estabelecer as 66 normas indicadas pelo
recorrido em sua inicial, até porque boa parte delas já estão previstas nas
normas editadas pelo Executivo, fato devidamente observado pelo juízo da 6ª
Vara do Trabalho de Brasília/DF.

40. Ainda, há de se considerar que objetiva o recorrido impor


ao Poder Executivo a obrigação de editar novo Decreto para estabelecer, por
meio desse, os 66 protocolos de segurança por ele recomendado, com
fundamento de que a inobservância a tais medidas acarretará o contágio dos
professores, o que, em tese, atrai a incidência do entendimento concentrado
na Orientação Jurisprudencial 144 da SDI-2 do TST, segundo a qual “o
mandado de segurança não se presta à obtenção de uma sentença genérica,
aplicável a eventos futuros, cuja ocorrência é incerta”.

41. Ademais, a decisão liminar ao impor a suspensão das


atividades letivas até o julgamento da ação principal, está marcada pelo
perigo e incerteza de irreversibilidade de seus efeitos. Fato que caracteriza o
tumulto processual e a violação da regra de que “a tutela de urgência de
natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão”.

42. Isso porque, as escolas se prepararam para o retorno,


tiveram que arcar com custos elevados para adaptação dos espaços, com
testagens dos profissionais, cursos de capacitação, etc. Além disso, o
afastamento das crianças do ambiente escolar por longo período já traz
danos psicológicos, conforme aponta estudo da UNESCO sobre o assunto.

43. Para os organismos internacionais a retomada das


atividades educacionais é fundamental, para resguardar os direitos das
crianças e adolescentes no contexto da pandemia. Isso porque, segundo a
ONU, “o fechamento prolongado das escolas pode aumentar as
desigualdades, aprofundar a crise de aprendizagem e expor as crianças mais
vulneráveis a um maior risco de exploração2”.

44. No artigo, a Organização enfatiza os efeitos nefastos da


interrupção das atividades letivas para a vida das crianças e jovens,
vejamos:

Como se poderia esperar, quanto mais tempo durar a interrupção


da educação escolar, maior será a perda de aprendizado. Assim,

2 ONU, Reabrir as escolas: quando, onde e como? Disponível: https://nacoesunidas.org/artigo-reabrir-

as-escolas-quando-onde-e-como/. Acesso em: 25.jul.2020

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quanto mais cedo as escolas puderem reabrir, menores serão os
riscos de ocorrerem danos de longo prazo nas jornadas de
aprendizagem e no bem-estar de milhões de crianças. Preocupa-nos
o fato de que o fechamento prolongado das escolas exacerbe as
desigualdades, aprofunde a crise de aprendizagem e exponha as
crianças mais vulneráveis a um maior risco de exploração. Devido
a outras crises, nós sabemos que, quanto mais tempo as crianças
vulneráveis estiverem fora da escola, menor será a probabilidade
de elas voltarem a frequentá-la. Após a crise do ebola na África
Ocidental, vimos um aumento nas taxas de exploração sexual e de
gravidez na adolescência, o que demonstra como as meninas
correm maiores riscos durante o fechamento das escolas.

45. Ainda, destaca o papel das escolas, não só na


aprendizagem dos alunos, mas também na proteção social, apoio emocional
fornecidos às crianças e adolescentes.

As escolas não são apenas locais de aprendizagem. Elas fornecem


proteção social, alimentação, saúde e apoio emocional, elementos
que são uma garantia de vida para os mais desfavorecidos, e isso se
aplica a todos os países, aos de baixa e aos de alta renda. O
Programa Alimentar Mundial (WFP) estima que 370 milhões de
crianças não estão recebendo refeições devido ao fechamento das
escolas. Como metade dos estudantes de todo o mundo não têm
acesso a um computador em casa, a chance de haver perda de
aprendizagem durante este período é quase inevitável. O tamanho
dessa perda dependerá da eficácia de canais alternativos que estão
sendo amplamente utilizados. Porém, de qualquer modo, ela nunca
será totalmente recuperada. Acrescente-se a isso o isolamento
social de amigos e professores, a ansiedade, o deslocamento
e, nos piores casos, as possíveis mortes de entes queridos.
Com tudo isso, a cada dia que passa aumentam os danos
psicológicos causados pelo fechamento das escolas3. [GN]

46. Como se observa do estudo acima, os danos causados aos


alunos no período de isolamento social, mesmo com atividades educacionais
remotas, são grandes. As crianças e jovens têm no ambiente escolar o
acolhimento dos profissionais e amigos. Esses fatores sempre foram
considerando pelas escolas nos estudos voltados a retomada das atividades
presenciais. O Governo do Distrito Federal determinou o fechamento das
escolas no dia 12 de maço de 2020, portanto, são quase 5 meses sem
atividades educacionais presenciais, no qual os alunos foram privados do
convívio escolar.

47. Além disso, para o retorno, as escolas particulares


fizeram ampla pesquisa na comunidade escolar, para possibilitar a
retomadas das atividades presenciais em consenso com os pais dos alunos.
Por meio dela, constatou-se que 30% dos responsáveis desejam a volta das
aulas presenciais. Com esses dados foi possível às escolas elaborarem

3 ONU. Reabrir as escolas: quando, onde e como? Disponível: https://nacoesunidas.org/artigo-reabrir-

as-escolas-quando-onde-e-como/. Acesso em: 25.jul.2020

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protocolos de retorno em total atenção aos cuidados necessários com alunos
e profissionais.

48. Para reforçar os argumentos do agravante, cita-se o


Estado de Manaus, onde as aulas da rede particular de ensino retornaram
com a adoção dos mesmos protocolos de segurança adotados pelo Decreto nº
40.9396/2020 e não houve proliferação da Covid-19. O Estado está em
declínio4 de casos da pandemia, situação que evidencia que as medidas
adotadas são eficazes para a contenção da Covid-19 e que o ambiente escolar
não é insalubre ou altamente contaminante.

49. Além disso, no único dia em que foram permitidas as


aulas presenciais, diversas reportagens5 veiculadas na mídia evidenciaram a
adoção de medidas severas de prevenção e proteção dos professores e alunos,
como aferição da temperatura, desinfecção dos locais, distanciamento das
carteiras, protetores faciais, máscaras, quadras fechadas, etc. também ficou
comprovado que o número de estudantes presentes nas escolas foi muito
reduzido, o que contradiz o discurso do MPT. As imagens abaixo comprovam
as alegações do recorrente, vejamos.

4 Disponível em: Figura Erro! Apenas o documento principal. https://noticias.r7.com/jr-na-


tv/videos/pandemia-continua-em-declinio-em-manaus-apos-volta-das-aulas-em-escolas-particulares-
17072020. Acesso em 08.08/2020
5 Disponível em: https://globoplay.globo.com/v/8756531/programa/. Acesso em 08.08.2020

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50. Foi destacado o alto investimento das escolas
particulares para o retorno gradual e híbrido das atividades presenciais, que
restaram frustradas pela decisão recorrida6.

“Investimos mais de R$ 80 mil em testagem, equipamentos de


proteção individual (EPIs), material de limpeza e reorganização das
salas de aula. Havia, por exemplo, carteiras conjuntas e tivemos que
mudar para mesas individuais”, estima. “De todas as escolas que
conhecemos, com certeza passa de R$ 1 milhão investido. Metade
disso será perdido”, protesta.

51. Porém, esses dados não foram considerados pelo autor,


tampouco pela decisão liminar. É importante frisar que apenas 1/3 dos
alunos da rede de ensino do Distrito Federal estão nas escolas particulares.
Ainda assim, desse total, somente 30% informaram que retornariam às
aulas presenciais. Portanto, não existiria a alegada aglomeração de alunos
no ambiente escolar.

6Disponível em: https://www.metropoles.com/distrito-federal/pais-sobre-nova-suspensao-de-retorno-nas-


escolas-privadas-do-df-angustia. Acesso em: 08.08.2020

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52. Assim, sem proporcionalidade ou razoabilidade, sem a
oitiva do agravante e a determinação de cumprimento imediato, a decisão
monocrática concedeu tutela plenamente satisfativa e irreversível, em
violação ao art. 300, § 3º do CPC. Com isso, restaram violados o art. 5º, inc.
XXXVI, XXXVII, LIII, LIV e LV da Constituição Federal.

53. Desse modo, já existindo uma política tanto do Governo


do Distrito Federal quanto do SINEPE-DF em relação aos protocolos de
segurança e prevenção à Covid-19 necessários para manter o ambiente
escolar seguro, todas as pretensões formuladas no mandado de segurança
são indevidas, de modo que a decisão monocrática viola, de forma direta, o
art. 5º, inciso II da Constituição Federal, além de diversos outros
dispositivos legais e constitucionais.

V — DA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO E DA


INSEGURANÇA JURÍDICA: SEPARAÇÃO DOS PODERES

54. Ainda que a ação verse sobre tema sensível, de


conhecimento notório, cujos reflexos são por todos sentido e, seja dotado de
proteção Constitucional, não se nega a importância da proteção ao meio
ambiente do trabalho e da saúde dos trabalhadores. Porém, há se destacar a
impossibilidade jurídica é uma forma de improcedência, salienta-se que o
pedido para que o Governo do Distrito seja condenado a cumprir obrigação
de fazer e não fazer deve ser rejeitado de plano.

55. Ao requerer a condenação do Poder Executivo em


obrigação de fazer consistente na edição de novo Decreto com as medidas
indicadas na exordial, tem-se que o pedido é incompatível com a natureza da
atividade jurisdicional, que não se destina a criar normas gerais de conduta
- tarefa exclusiva do legislador - mas sim a aplicar o direito ao caso concreto.

56. A decisão liminar causa evidente lesão à divisão dos Três


Poderes, eis que enseja a usurpação da competência do Poder Executivo pelo
Poder Judiciário, em evidente ofensa direta e literal ao art. 2º da
Constituição da República, o que desde já se suscita.

57. Isso porque, determinou a suspensão das aulas por


tempo indeterminado ao entendimento de que não foram estabelecidas
normas de prevenção e proteção pelo Poder Executivo. Poder conferido ao
chefe do Executivo, por ato normativo.

58. Não obstante a isso, não pode ser imposto às escolas


particulares obrigações que possuem até mesmo uma absoluta incerteza
quanto à forma de apuração do seu atendimento, tendo em vista que estão
proibidas de terem aulas presenciais por tempo indeterminado. Veja-se não
existe omissão do Executo quanto as medidas sanitárias. Não é possível,

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ademais, impor obrigações sem respaldo na lei, como deferido na liminar e
pretendido no mandado de segurança e ação principal.

59. A despeito de ser indiscutível de que o estado de


calamidade pública impõe a adoção de medidas para evitar o contágio da
Covid-19, nos autos estão as diversas medidas de segurança impostas pelo
Poder Executivo, como também os sinais de que as escolas estão cumprindo
as normas de segurança e proteção dos empregados. Aqui é conveniente
salientar que são obrigatórias para a retomada das atividades presenciais,
independentemente de serem filiadas ou não ao recorrente.

60. Essa circunstância já sinaliza, se não para uma


superficialidade da ação, com certeza para o atropelamento das garantias da
ampla defesa e do contraditório das escolas particulares, pois foram
privadas de exercer suas atividades sem ao menos ter a oportunidade de
comprovar que não atuam à margem da lei, sem a adoção dos protocolos
mínimos necessários para a garantia da segurança dos trabalhadores e
alunos.

61. Inegável, portanto, a competência do Governo do Distrito


Federal para disciplinar as normas de política pública relativas à contenção
da Covid-19, como também para determinar a abertura das atividades
econômicas com a adoção de todas as medidas de proteção. O exercício desta
competência não padece de vício, inconstitucionalidade ou ilegalidade, como
quer fazer crer o autor. No que concerne ao Direito do Trabalho, saúde e
segurança dos trabalhadores está inegavelmente prevista a proteção tanto
no Decreto 40.939/2020, Nota Técnica 34/2020 da Secretaria de Saúde e
Plano de Retorno da Secretaria de Educação do Distrito Federal. Além disso,
há as normas editadas pela União, como a Portaria nº 20/20207 do
Ministério da Economia, as próprias Normas Regulamentadoras voltadas à
proteção do empregado.

62. Dessa maneira, com a devida vênia, não cabe ao


Judiciário ou ao MPT ignorar ou mesmo direcionar as medidas de proteção
dispostas pelo Poder Executivo, com base na legislação supra. O que
pretende o autor é a adoção das mesmas medidas, salvo raras exceções, que
não encontram justificativa técnico/jurídicas, muito menos para sustentar o
pedido liminar, conforme quadro comparativo anexo. E, pede, ainda, de
forma inconstitucional, que as escolas da rede particular acompanhem o
calendário das escolas públicas, sob o fundamento de pico da pandemia,
neste último caso, há flagrante invasão da competência do Poder Executivo!

63. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 24


estabelece a competência concorrente entre a União, Estados e Municípios
para legislar sobre normas de proteção e defesa da saúde.

7Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-conjunta-n-20-de-18-de-junho-de-2020-

262408085. Acesso em: 08.08.2020

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64. No tocante à Covid-19 não é diferente, a competência é
concorrente e exclusiva do Poder Executivo para o controle da situação
epidemiológica, a qual tem ocorrido por meio de Decretos para estabelecer o
funcionamento de atividades econômicas, medidas de cunho sanitário e até
mesmo a imposição de equipamentos de proteção. Situação já chancelada
pelo Supremo Tribunal Federal, na ADIN nº 6341 e ADPF nº 672,
sendo nessa última assim decidido.

Trata-se de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental


proposta pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
em face de atos omissivos e comissivos do Poder Executivo federal,
praticados no contexto da crise de saúde pública decorrente da
pandemia do COVID-19 (Coronavírus).
(...) Em momentos de acentuada crise, o fortalecimento da união e
a ampliação de cooperação entre os três poderes, no âmbito de
todos os entes federativos, são instrumentos essenciais e
imprescindíveis a serem utilizados pelas diversas lideranças em
defesa do interesse público, sempre com o absoluto respeito aos
mecanismos constitucionais de equilíbrio institucional e
manutenção da harmonia e independência entre os poderes, que
devem ser cada vez mais valorizados, evitando-se o exacerbamento
de quaisquer personalismos prejudiciais à condução das políticas
públicas essenciais ao combate da pandemia de COVID-19. (...) A
fiel observância à Separação de Poderes e ao Federalismo –
cláusulas pétreas de nossa Constituição Federal e limitadoras de
eventual exercício arbitrário de poder é essencial (...).
Nas últimas semanas, várias questões relacionadas ao
enfrentamento da pandemia chegaram, em sede de Jurisdição
Constitucional, ao conhecimento da CORTE, tendo sido proferidas
inúmeras decisões, nas quais se reconhece a grandeza dos efeitos
que podem se originar da pandemia e a extrema necessidade de
coordenação na destinação prioritária de recursos e esforços para a
saúde pública, no sentido de minimizar seus reflexos nefastos.
A presente arguição de descumprimento de preceito fundamental
deve ser analisada sob a ótica da efetiva aplicação dos princípios e
regras de Separação de Poderes e do Federalismo na interpretação
da Lei 13.979/20, afastando-se, preventivamente, desnecessários
conflitos federativos, que somente iriam ampliar a gravidade da
crise no País.
Em respeito à Separação de Poderes, ao Presidente da República,
como força motriz na condução do Estado nos regimes
presidencialistas, compete à chefia da administração pública
federal no planejamento e na execução de políticas públicas de
âmbito nacional, visando a atenuação dos efeitos sociais e
econômicos da pandemia.
(...) Assim sendo, em juízo de cognição inicial, incabível o pedido da
requerente de medida cautelar para que o Judiciário substitua o
juízo discricionário do Executivo e determine ao Presidente da
República a realização de medidas administrativas específicas. (...)
Não compete ao Poder Judiciário substituir o juízo de conveniência
e oportunidade realizado pelo Presidente da República no exercício
de suas competências constitucionais, porém é seu dever
constitucional exercer o juízo de verificação da exatidão do
exercício dessa discricionariedade executiva perante a
constitucionalidade das medidas tomadas, verificando a realidade
dos fatos e também a coerência lógica da decisão com as situações

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concretas. Se ausente a coerência, as medidas estarão viciadas por
infringência ao ordenamento jurídico constitucional e, mais
especificamente, ao princípio da proibição da arbitrariedade dos
poderes públicos que impede o extravasamento dos limites
razoáveis da discricionariedade, evitando que se converta em causa
de decisões desprovidas de justificação fática e, consequentemente,
arbitrárias.

65. Neste sentido, ressaltou o Desembargador Eustáquio de


Castro do TJDFT, no julgamento do Agravo de Instrumento nº 0722106-
45.2020.8.07.0000 a “impossibilidade de o Poder Judiciário interferir no
mérito da abertura das atividades econômicas e demais medidas para
criação de isolamento social, cabendo ao Chefe do Executivo sobre elas
decidir, arcando com as suas responsabilidades.”

66. Ainda que se trate de matéria de saúde pública, é de se


destacar a competência do Poder Executivo para estabelecer os mecanismos
necessários para contenção da pandemia. Como bem pontuado pelo
Desembargador Eustáquio de Castro “a interferência judicial provoca
insegurança jurídica, desorientação na população e, embora fundada na
alegação de atendimento ao bem comum, pode justamente feri-lo”.

67. É oportuno destacar, no Decreto nº 40.939/2020 várias


atividades econômicas foram autorizadas a funcionar, porém, nenhuma
delas foi tão duramente criticada e atacada como as escolas particulares.
Saliente-se que as escolas foram as primeiras a serem afetadas por decretos
de suspensão das atividades presenciais, desde então têm envidado esforços
para assegurar o retorno seguro e com menor impacto à comunidade escolas.
No entanto, o que se observa é que somente contra elas é que houve ação
para impedir a continuidade de suas atividades.

68. Dessa maneira, a r. decisão liminar afronta, diretamente,


o princípio legalidade, assegurado pelo artigo 5º, II, da Constituição Federal,
e o princípio da livre iniciativa, insculpido no artigo 170, caput, da CF, eis
que impõe às escolas obrigação não prevista em lei e em quebra de isonomia
com todas as demais empresas que tiveram suas atividades suspensa como
forma de contenção da Covid-19.

69. Assim, resta devidamente demonstrada a


impossibilidade jurídica dos pedidos da inicial e a violação à Separação dos
Poderes proporcionada pela decisão agravada, espera que seja ela cassada,
com a denegação da segurança pretendida.

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Número do processo: 0000577-76.2020.5.10.0000
Número do documento: 20081020040032800000009555239
VI — DOS PEDIDOS

70. Por todo exposto, o agravante requer:

a) preliminarmente seja acolhido seu pedido para ingresso como terceiro


interessado, na qualidade de assistente litisconsorcial, nos termos dos arts.
119, 124 e 966 do CPC.

b) seja realizado o juízo de retratação pelo i. Relator, com a revogação da


liminar deferida.

c) na ausência da reconsideração, seja o agravo regimental recebido, com


a intimação do recorrido para contrarrazoar o recurso, se entender
necessário, pautando o recurso para julgamento de forma tão célere quanto
possível, objetivando que a 2ª Seção Especializada proceda à reforma da
decisão que deferiu a liminar no presente Mandado de Segurança.

d) por fim, que seja negada a segurança pretendida pelo agravado.

Nestes termos, pede deferimento.

Brasília/DF, 9 de agosto de 2020.

Oneide Soterio da Silva Valério Alvarenga Monteiro de Castro


OAB/DF 24.739 OAB/DF 13.398

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Número do processo: 0000577-76.2020.5.10.0000
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