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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

16/08/2023

Número: 1070282-60.2023.4.01.3400
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 1ª Vara Federal Cível da SJDF
Última distribuição : 24/07/2023
Valor da causa: R$ 10.000,00
Assuntos: Fies
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
AMANDA CAROLINA MOURA SILVA (AUTOR) MARCOS DOUGLAS PIRES DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
UNIÃO FEDERAL (REU)
CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF (REU)
IREP SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR, MEDIO E
FUNDAMENTAL LTDA. (REU)
FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA
EDUCACAO (REU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
17543 10/08/2023 10:03 Decisão Decisão
71047
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária do Distrito Federal
1ª Vara Federal Cível da SJDF

PROCESSO: 1070282-60.2023.4.01.3400
CLASSE: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL (7)
POLO ATIVO: AMANDA CAROLINA MOURA SILVA
REPRESENTANTES POLO ATIVO: MARCOS DOUGLAS PIRES DE OLIVEIRA - PE33226
POLO PASSIVO:FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCACAO e outros

DECISÃO

Trata-se de ação de procedimento comum, em que figuram como parte as acima


indicadas, e na qual foi requerida tutela provisória de urgência com a finalidade de
obrigar o(s) Requerido(s) a conceder(em) Financiamento Estudantil – FIES em
favor da Requerente.
Inicial instruída com procuração e documentos. Requerida a gratuidade da justiça.
É o relato necessário.
DECIDO.
Prevê o art. 300, do CPC:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.
§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir
caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa
vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação
prévia.
§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando
houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

Neste momento de cognição sumária, não vislumbro a presença de tais requisitos.


O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES), de acordo com o disposto na Lei n.
10.260/2001, é destinado à concessão de financiamento a estudantes regularmente
matriculados em cursos superiores não gratuitos e com avaliação positiva nos
processos conduzidos pelo MEC.
Ocorre que a Lei nº 10.260/2001 estabeleceu, no art. 3º, que caberia ao MEC, na
qualidade de formulador da política de oferta de financiamento e de supervisor da

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Número do documento: 23081009470385500001735675764
execução das operações do Fundo, editar regulamento para dispor sobre as regras
de seleção de estudantes a serem financiados pelo FIES (art. 3º, §1º).
Nesse sentido, “a concessão de financiamento estudantil em instituição de ensino
superior não constitui direito absoluto - porquanto sujeito a limitações de ordem
financeira e orçamentária” (MS 20.169/DF, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/08/2014, DJe 23/09/2014).
E o Plenário do STF, apreciando a previsão, em norma infralegal, de novos
requisitos para o FIES, a exemplo de pontuação mínima no ENEM, limitou-se a
reconhecer possível violação à segurança jurídica apenas quanto à aplicação
retroativa das regras. “Já no que respeita ao segundo grupo de estudantes,
correspondente àqueles que ainda não têm contrato com o FIES e que pleiteiam
seu ingresso no sistema, entendo ausente a plausibilidade do direito invocado. Não
há que se falar em direito adquirido à obtenção de financiamento, com base em
regime jurídico anterior sobre os requisitos a serem preenchidos para acesso ao
FIES. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é pacífica no sentido de não
reconhecer o direito adquirido a regime jurídico. Tampouco há ato jurídico perfeito
se os contratos de financiamento ainda não foram celebrados. 5. Não bastasse
isso, trata-se, no caso, de regulação discricionária, constante de atos normativos de
natureza secundária, editados pela Administração Pública à luz de suas
disponibilidades orçamentárias e financeiras, mutáveis por natureza” (ADPF 341
MC-Ref, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 27/05/2015,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-156 DIVULG 07-08-2015 PUBLIC 10-08-2015,
trecho do voto do relator).
O Eg. TRF-1 também reconhece a inexistência de irregularidade na previsão de
nota mínima do ENEM para fins de concessão do FIES:
ENSINO SUPERIOR. FIES. PORTARIA NORMATIVA MEC Nº 21, DE 16.12.2014.
CONTRATO CELEBRADO APÓS 29.03.2015. APLICAÇÃO. DESCUMPRIMENTO
DE REQUISITO. NOTA NO ENEM. SENTENÇA CONFIRMADA. 1. Trata-se de
apelação da sentença que indeferiu o pedido objetivando a concessão do
Financiamento Estudantil (FIES) à autora, bem como pagamento de indenização
por danos morais. Considerou-se que: a) pelas informações prestadas fls. 80/85,
bem como da Nota técnica n.º 352/2018 (fls. 86/99), a recusa para inscrição da
candidata se deu por descumprimento de requisitos, quais sejam, in verbis `Em
relação à autora, a Diretoria de Tecnologia da Informação, órgão vinculado à
Secretaria Executiva do MEC (DTI/SE/MEC), por meio do Sistema Integrado de
Monitoramento, Execução e Controle do Ministério da Educação (SIMEC),
(Documento 1 - 1097880) informou que a autora não possui nota no Enem, por isso
o sistema não permitiu sua inscrição, conforme melhor esclarecido na Nota Técnica
n° 352/2018, anexa; b) não há que se falar em negativa de financiamento com
negativa genérica, como decorrência de cadastros internos, quando, em verdade, o
que falta é o preenchimento de todos os requisitos legais necessários à inscrição no
programa. 2. Negada a participação da autora no processo seletivo para o FIES
e P-FIES, no primeiro semestre de 2018, sob o fundamento de que a candidata
não possui nota no Enem, por isso o sistema não permitiu sua inscrição. 3.
De acordo com a jurisprudência deste Tribunal, em caso semelhante: 1. O
artigo 3º da Portaria Normativa MEC nº 21/2014, que trouxe significativas
alterações ao art. 19 da Portaria Normativa MEC nº 10/2010, introduziu novas
exigências para admissão ao FIES, reputadas plenamente aplicáveis aos
contratos celebrados a partir de 29 de março de 2015. Precedente do Supremo
Tribunal Federal na ADPF nº 341-MC/DF. 2. Não se constitui ofensa a direito
adquirido ou a segurança jurídica a instituição de novas regras, pertinente à
pontuação média de 450 pontos e nota superior a zero em redação, referente ao
ENEM, como critério condicionante para obtenção do financiamento estudantil. 3.
Afasta-se a aplicação das condicionantes às solicitações de inscrição ao FIES
formuladas até a entrada em vigor da Portaria Normativa nº 21/2014, em 30 de
março de 2015, bem como para os casos de renovação contratual (TRF1, AC
0014892-06.2015.4.01.3400, Rel. Desembargadora Federal Daniele Maranhão

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Costa, 5T, e-DJF1 30/04/2018). 4. Negado provimento à apelação. 5. Majorada a
condenação da apelante, em honorários advocatícios, de 10% (dez por cento) para
12% (doze por cento), sobre o valor atualizado da causa, nos termos do art. 85, §
11, do Código de Processo Civil, ficando suspensa a exigibilidade em razão do
deferimento do pedido de justiça gratuita (CPC, art. 98, § 3º). (AC 1008341-
85.2018.4.01.3400, JUIZ FEDERAL GLAUCIO MACIEL, TRF1 - SEXTA TURMA,
PJe 06/04/2021)
Ante o exposto, INDEFIRO a tutela provisória.
Defiro a gratuidade da justiça requerida.
Intime-se.
Cite(m)-se.
Brasília/DF.
MARCELO GENTIL MONTEIRO
Juiz Federal Substituto da 1ª Vara – SJ/DF

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